Buscar

RESENHA Os descobrimentos que ampliaram o mundo (capítulo de História do Brasil Colônia, Mesgravis Laima)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

UMA INTRODUÇÃO E VÁRIAS DESCOBERTAS...
Leonardo Silveira
MESGRAVIS, Laima. Os descobrimentos que ampliaram o mundo. In: História do Brasil Colônia. São Paulo: Contexto, 2018. 176p. (pp. 09-19).
O capítulo de introdução que a autora Laima Mesgravis escreveu para o seu livro História do Brasil Colônia é um verdadeiro convite à leitura. Logo na primeira página tem-se uma explicação bastante esclarecida e sucinta do termo “colônia”, fazendo com que o público-alvo, estudantes universitários, compreenda imediatamente o “sentido de colonização” tanto apregoado por Caio Prado Júnior[footnoteRef:1], ideia essa que foi posteriormente dissecada e acrescida de mais perspectivas, através das obras de Fernando Novais[footnoteRef:2] e John Manuel Monteiro[footnoteRef:3]. [1: PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. 5ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1957.] [2: NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec, 1995.] [3: MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.] 
Mesgravis recua alguns anos antes do descobrimento do Brasil para contextualizar o início da história do nosso país. Assim, narra a viagem de Cristóvão Colombo e a sua descoberta de novas terras no ocidente. Na esteira das grandes navegações, os espanhóis lançaram-se aos mares bravios na desenfreada busca por ouro em terras até então desconhecidas pela Europa. Qual não foi, então, a grande surpresa dos navegadores ao depararem-se com incríveis civilizações nativas, como os astecas que habitavam a América Central. O sonho de encontrar o Eldorado, lugar onde haveria imensa quantidade de ouro, acendeu a ganância dos europeus, invadindo e destruindo a cultura e a vida dos povos autóctones. Ao fim da primeira parte, a autora conclui que “os achados dos espanhóis eram acompanhados com atenção pelos portugueses, que aspiravam ter a mesma sorte em seus domínios” (MESGRAVIS, 2018, p. 12).
Seguindo o capítulo, o único subtítulo que o divide chama-se “Os portugueses e os índios”, no qual Mesgravis vai tratar da relação entre os colonizadores e os colonizados. Por um desvio na rota das naus comandadas pelo português Pedro Alvares Cabral, que objetivava chegar às Índias, a terra que despontou ao horizonte não era nada semelhante a uma costa africana e muito menos oriental. Tratava-se de um novo oásis para a sede dos navegadores europeus. O que chama a atenção nessa parte é um box, cujo conteúdo abordado é a ideia da denominação do país no período colonial, que, a princípio, foi chamado de Ilha de Vera Cruz, depois Terra de Santa Cruz. Todavia, o termo “Brasil” já aparece em mapas do século XVI, provavelmente inspirado na madeira extraída de uma árvore nativa, o pau-brasil. Já a denominação América Portuguesa refere-se a uma distinção entre as possessões de Portugal e as da Espanha, que foram demarcadas através do Tratado de Tordesilhas, feito dois anos depois da descoberta de Colombo.
O encontro entre os portugueses e os povos indígenas, assim chamados pelos europeus que pensaram ter chegado às Índias, nas palavras de Mesgravis, “foi relatado de forma fascinante pelo escrivão Pero Vaz de Caminha em sua carta endereçada ao rei D. Manuel” (MESGRAVIS, 2018, p. 14).
Mas a autora não limitou-se a usar como documento histórico apenas a famosa carta. Usa também o registro de um piloto anônimo, ou seja, alguém que também estava presente naquele momento. Ampliar as fontes e as diferentes visões de um mesmo acontecido é um dos pontos altos do texto de Laima Mesgravis.
O choque entre culturas tão distintas fez com que os portugueses, aproveitando-se das guerras internas entre as tribos indígenas e seus costumes rudimentares, colocassem em prática o seu plano de colonização e exploração daquele novo território do qual eles logo se consideraram donos absolutos, “sem qualquer constrangimento” (MESGRAVIS, 2018, p. 15).
No começo a relação entre brancos e índios foi relativamente pacífica, pois estes trocavam o trabalho de extrair riquezas da terra por objetos curiosos daqueles. Entretanto, essa relação não perdurou muito tempo. Os nativos perderam o interesse pelas “quinquilharias” da Europa e muitos portugueses, querendo ocupar as novas terras, entraram em conflito com os antigos donos. A escravização forçada dos povos indígenas para que continuassem a extrair produtos de interesse comercial piorou ainda mais a relação. Além disso, as doenças trazidas pelos brancos europeus dizimaram tribos inteiras, pois os índios não tinham o organismo preparado para combater até então desconhecidas moléstias (MESGRAVIS, 2018, p. 16).
A estrutura do texto de Laima Mesgravis é simples, pois a sua narrativa traz todo o conhecimento que foi adquirindo ao longo da sua carreira de professora e historiadora. Mesgravis foi assistente de Sérgio Buarque de Holanda, um dos grandes nomes da historiografia brasileira, e o tema sobre o qual trabalhou muitas vezes é o do período colonial da nossa história. Portanto, trata-se de uma seara bastante familiar a autora, que demonstra em cada parágrafo a sua propriedade no assunto. A bibliografia que utiliza é apenas referencial, e diversas vezes Mesgravis lança mão de fontes primárias, como documentos de época, para ilustrar o conteúdo.
Sendo uma obra escrita para um público além da comunidade científica, voltada principalmente para aqueles que estão ingressando no curso superior, é difícil o leitor não ficar preso ao estilo simples, direto e crítico da autora. Portanto, o capítulo que abre o livro cumpre o seu papel de levar aquele que o lê para uma época bastante distante, mas, ao mesmo tempo, ainda muito próxima e elucidativa de nossa realidade nacional.

Continue navegando

Outros materiais