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2008_SanchesLebraoDuarte_Violencia contra idosos.pdf

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Resumo
O envelhecimento da população mundial é um fato
concreto e de conhecimento público. O Brasil inicia
seu processo de transição demográfica seguindo o
padrão mundial: o aumento do número de idosos com
possibilidade de atingir elevadas faixas etárias, o que
traz a necessidade de pesquisas nesse campo, devido
à demanda apresentada por essa nova parcela da po-
pulação. A questão da violência doméstica contra ido-
sos tem se ampliado e sugere necessidade de maior
campo de investigação nessa área, dado o risco supos-
to ao qual essa população mais idosa está submetida.
O objetivo deste artigo é verificar os estudos relacio-
nados ao tema já realizados no Brasil e em diferentes
países, com enfoque epidemiológico. O trabalho apre-
senta diversos pontos de abordagem da violência con-
tra idosos, considerando questões relacionadas à cul-
tura do envelhecimento, ações de políticas públicas,
atuação de equipes de saúde, definição do termo abor-
dado, aspectos legais e éticos da violência contra o
idoso. Tal estudo permite ao pesquisador analisar os
diferentes aspectos que envolvem a temática, demons-
trando a necessidade de pesquisas específicas direci-
onadas ao tema.
Palavras-chave: Epidemiologia; Envelhecimento; Vio-
lência doméstica.
Ana Paula R. Amadio Sanches
Psicóloga. Mestre em Saúde Pública.
Endereço: Av. Dr. Arnaldo 715, CEP 01246-904, São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: apsanches@usp.br
Maria Lúcia Lebrão
Professora Titular do Departamento de Epidemiologia da Faculda-
de de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Endereço: Av. Dr. Arnaldo 715, CEP 01246-904, São Paulo, SP, Brasil.
E-mail: mllebr@usp.br
Yeda Aparecida de Oliveira Duarte
Professora Livre Docente do Departamento de Enfermagem Médico-
Cirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.
Endereço: Rua Alves Guimaraes, 461, apto 32, CEP 05410-000, São
Paulo, SP, Brasil.
E-mail: yedaenf@usp.br
Violência Contra Idosos: uma questão nova?
Violence Against Aged People: a new issue?
90 Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008
Abstract
The world population is getting older and this is a
very well known fact. The demographic transition of
the Brazilian population is just beginning, and follo-
ws the world pattern: an increase in the number of
older persons with an actual chance of reaching hi-
gher ages. As a consequence, there is the need of new
studies to supply data about this new aspect of the
population demands. Household violence against old
persons has been growing and this strongly recom-
mends that special research studies should be con-
ducted, in view of the risk to which these individuals
are exposed. The objective of this study is to list and
analyze Brazilian and international studies related to
aged persons, in light of an epidemiological point of
view. The article presents many ways of approaching
violence against old people, considering the culture
of aging, actions of public policies, the practice of
health teams, and legal and ethical aspects of violen-
ce against aged people. Such a study allows the rese-
archer to analyze different aspects of the theme, sho-
wing the need of specific research on the elderly.
Keywords: Epidemiology; Aging; Domestic Violence.
O Envelhecimento nos Diferentes
Contextos Sociais
Ao estudar o envelhecimento humano verificam-se
questões relativas à violência contra idosos desde épo-
cas antigas. Segundo Hudson (1999), isso ocorre desde
os primórdios da humanidade, variando conforme a
sociedade estudada. Não há clareza, no entanto, das
causas e consequências de tais situações.
Tanto quanto a violência, o próprio envelhecimen-
to é tratado de forma diferenciada de acordo com a
sociedade analisada. Historicamente, envelhecer era
sinônimo de vida abastada, pois os pobres raramente
chegavam à velhice. Os esquimós, por exemplo, traba-
lhavam até não conseguirem mais manter, sozinhos, a
própria sobrevivência e, nesse momento, cometiam
suicídio, pois, nessas sociedades, pessoas incapacita-
das para se auto-proverem deveriam desaparecer
(Sousa, 2004).
No Himalaia, as famílias são patriarcais, respeita-
das, possuem papéis multigeracionais bem definidos
e zelam por seus idosos, sobrevivem de seu trabalho
na lavoura e sabem ler. No entanto, os idosos sem fi-
lhos e analfabetos são desprezados pela sociedade,
contando apenas com o apoio dos parentes consangü-
íneos para sobreviver (Sousa, 2004).
No Panamá, entre os cunas, o marido da irmã mais
velha atua como chefe de família, mantido enquanto
tiver capacidade para tal, pois o fator idade não pro-
porciona nenhum posto de autoridade ou benefícios
diferenciados entre os membros da família. A inteli-
gência e a experiência são os determinantes primor-
diais (Sousa, 2004).
Entre os índios Caiapós, no Brasil, o Conselho dos
Velhos, identificado pelo uso do botoque (disco labial
de madeira), tem como principal tarefa estabelecer
regras para o comportamento político e social da co-
munidade (Sousa, 2004).
Os Incas permaneciam ativos até os 50 anos, po-
dendo ser recrutados para o exército ou serviços co-
munitários. A partir dos 80 anos, passavam a execu-
tar tarefas de pequeno porte, mas continuavam a ser
temidos e obedecidos por todos, tendo poder, inclusi-
ve, para castigar crianças desobedientes. Cabia ao
Estado fornecer-lhes gratuitamente comida, roupa,
remédios e moradia até a sua morte, além de não lhes
cobrar impostos. As famílias dos Vikings eram trige-
Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008 91
racionais, conviviam em grupos e se ajudavam mutua-
mente. No entanto, em situações de crise, idosos e
recém-nascidos eram abandonados, pois os provimen-
tos existentes eram destinados aos mais jovens e sau-
dáveis, mantenedores dos grupos (Sousa, 2004).
Entre os balineses os papéis eram bem definidos,
mas com o passar do tempo, as tarefas dos idosos au-
mentavam devido ao respeito e a experiência que acu-
mulavam: as mulheres cuidavam da família, os homens
não exerciam trabalhos físicos, mas assumiam papel
de médico e contador de histórias, eram sacerdotes
honorários dos templos e opinavam sobre o rumo da
aldeia (Sousa, 2004).
Entre os russos, o provérbio “onde estão os cabelos
brancos está a razão” direcionava a comunidade ao res-
peito e obediência aos anciãos, chefes das famílias. Os
homens eram responsáveis pela assistência aos pais
idosos e, por essa razão, somente eles tinham direito à
herança paterna. As mulheres idosas, sem qualquer
direito à herança, dirigiam as tarefas domésticas e as
dividiam com as mais jovens. Os árabes idosos da civi-
lização islâmica eram respeitados como mestres por
sua consciência, alto padrão moral e conhecimento pro-
fundo dos assuntos da sociedade (Sousa, 2004).
Confúcio, filósofo da Antiga China, já dizia da im-
portância do elemento mais idoso nas famílias, valori-
zando sua experiência e sabedoria, pois em algumas
sociedades tradicionais do passado, a harmonia em
família era reforçada pela tradição. Na sociedade chi-
nesa a “reverência era incutida por um sistema de va-
lores que ressaltava a piedade filial”, sendo desconhe-
cidos atos de violência contra os idosos naquela época.
Já entre os japoneses, o idoso fazia parte de um grupo
superior, pelo bem estar de quem todos deveriam ser
sacrificados (OMS, 2002). Nos dias atuais, no entanto,
essa situação não é mais verídica. Atualmente, até a
sociedade japonesa não mais vê seus idosos dessa for-
ma, tendo sucumbido aos atos de violência contra os
mesmos (Kalache, 2005).
Estudo antropológico desenvolvido por Uchoa
(2003) mostra que o grupo Bambara do Mali considera
a velhice um ganho, uma fase da vida a ser conquista-
da que traz enobrecimento ao ser humano. Em outras
situações, continua o autor, a aceitação do envelheci-
mento é controversa. Entre os membros do grupo Inuit
(esquimós), por exemplo, ao mesmo tempo em que
demonstram carinho e afeição pelos mais velhos, po-
dem abandoná-los ou auxiliá-losa cometer suicídio
por afogamento ou estrangulamento. Na sociedade
Cuiva, os idosos são tratados como se a velhice não
existisse, buscando evitar um processo de ruptura
social causado pelo envelhecimento.
As mulheres idosas de comunidades negras, em
distritos municipais da África, constituem subgrupo
de alto risco para violência interpessoal e abuso. Isso
é ainda mais agravado quando se considera a questão
da bruxaria, algo muito valorizado entre eles, pois,
quando condenadas, têm sua pele queimada com o
objetivo de serem identificadas como bruxas. Na Áfri-
ca subsaariana, as idosas acusadas de bruxaria são
expulsas de seus lares e condenadas a viver na pobre-
za em áreas urbanas. Isso também ocorre na República
Unida da Tanzânia, onde, todos os anos, cerca de 500
mulheres idosas são assassinadas por esse motivo
(OPS, 2004). Em outras sociedades da África e da Ín-
dia, as viúvas idosas são abandonadas e suas proprie-
dades são tomadas ou lhe são infligidas práticas de
casamento forçado, violência sexual e expulsão de
seus lares (OMS, 2002). Keikelame e Ferreira (2000)
ressaltam a necessidade de aumentar o poder pessoal
e político dessas mulheres e sua capacidade para auto-
proteção individual e coletiva.
Violência e Idosos: do que se fala?
Outra questão que se apresenta é a definição do termo
a ser utilizado ao tratar da violência contra o idoso.
Bernal e Gutièrrez (2005), no estudo que resultou no
Guia de Atuação Contra os Maus Tratos aos Idosos,
discutem essa dificuldade, demonstrando que o uso
dos termos abuso ou mau trato, no singular, limitam
sua abrangência nos estudos e no diagnóstico pelos
profissionais de saúde. Sugerem o uso do termo maus
tratos, por representar toda uma ação, com diferentes
tipos e categorias, assim como na Declaração de To-
ronto (OMS, 2002).
Tão importante quanto a definição do termo, é a
dificuldade em estudá-lo nos moldes propostos pela
saúde até então. Nos estudos epidemiológicos, a ques-
tão da violência está incluída em causas externas,
porém, segundo Minayo (2004), essas duas expres-
sões (violência e causas externas) não se equivalem.
Para a autora, violência é uma noção referente aos pro-
cessos e às relações sociais interpessoais, de grupos,
92 Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008
de classes, de gênero, ou objetivadas em instituições,
quando empregam diferentes formas, métodos e meios
de aniquilamento de outrem ou de sua coação direta
ou indireta, causando-lhes danos físicos, mentais e
morais, sendo o termo “mau trato” sinônimo de “abuso”.
A OMS (2002) define violência contra o idoso como
um ato de acometimento ou omissão, que pode ser tan-
to intencional como involuntário. O abuso pode ser de
natureza física ou psicológica ou pode envolver maus
tratos de ordem financeira ou material. Qualquer que
seja o tipo de abuso, certamente resultará em sofri-
mento desnecessário, lesão ou dor, perda ou violação
dos direitos humanos e uma redução na qualidade de
vida do idoso. Essa definição também foi detalhada
pela instituição Action on Elder Abuse, no Reino Uni-
do, e adotada pela INPEA (International Network for
the Prevention of Elder Abuse) em 2002.
O Ministério da Saúde, em 2001, validou o termo
“maus tratos contra idosos” como ações únicas ou re-
petidas que causam sofrimento ou angústia, ou ainda,
a ausência de ações que são devidas, que ocorrem numa
relação em que haja expectativa de confiança, confor-
me proposto em Action of Elder Abuse e INPEA.
Tatara e colaboradores (1998) relatam ter enfren-
tado impedimento inicial para uniformizar o termo
abuso ao idoso, sendo necessário um processo de sele-
ção, discussão e estudo do termo, uma vez que a maio-
ria das definições utilizadas não permite compara-
ções entre si. Ainda segundo os autores, várias eta-
pas foram cumpridas: análise das leis estatais para
verificação dos termos mais comuns utilizados, dis-
cussão em mesas-redondas de profissionais da área,
discussão com a comunidade e encontros para avalia-
ção por peritos mais experientes. Ao final, os termos
definidos podem ser assim descritos:
• Abuso Físico: uso de força física que pode resultar
completamente em dano, dor ou prejuízo físico.
• Abuso Sexual: contato sexual não-consensual de qual-
quer pessoa com um idoso.
• Abuso Emocional ou Psicológico: definido como
inflição de angústia ou dor emocional.
• Exploração Financeira ou Material: uso ilegal ou im-
próprio dos bens/ativos de idosos.
• Abandono: deserção do idoso por um indivíduo que
teve custódia física ou tinha assumido responsabili-
dade por prover cuidado pelo mesmo.
• Negligência: recusa ou fracasso em cumprir obriga-
ções ou deveres para com um idoso.
• Auto-negligência: caracterizada como o comportamen-
to de um idoso que ameace sua própria saúde ou segu-
rança. A definição de auto-negligência exclui uma situ-
ação na qual uma pessoa mais velha mentalmente com-
petente (que entende as consequências de suas deci-
sões) toma uma decisão consciente e voluntária de se
ocupar de atos que ameaçam sua saúde ou segurança.
Em 1992, um seminário sobre abuso de idosos, reali-
zado na África do Sul, estabeleceu a diferença entre
maus tratos e abuso, com intuito de tentar classificar
a violência contra idosos num país emergente, com
base num modelo ocidental, mas considerando fatores
relevantes para a população nativa. Dessa forma, man-
teve a classificação citada, incluindo (Uchoa, 2003):
• Acusações de bruxaria: estigma e ostracismo.
• Abuso proveniente dos sistemas: o tratamento desu-
mano a que todos os idosos estão sujeitos nas clínicas
de saúde e repartições encarregadas das pensões e
marginalização pelo governo.
Zolotow (2005) chama a atenção para a violência
implícita, pois acomete os idosos de maneira velada,
quando os mesmos são, supostamente, preservados
de situações com as quais teriam condições cognitivas
e emocionais de lidar. Alguns pesquisadores relacio-
nam tal fato à infantilização do idoso, que acaba por
privá-lo de um direito de participação e decisão.
Idosos, Violência e Legislação
Sousa (2004) ressalta a importância do desenvolvi-
mento de leis que atendam às necessidades e garan-
tam os direitos dessa população que está se amplian-
do. É dever do Estado e da família, continua a autora,
colaborar para a conquista de uma velhice digna, pre-
ferencialmente no âmbito familiar. A família deve ser
conscientizada de seu papel em relação à tutela jurí-
dica e amparo desses idosos, uma vez que o Estado
não poderá, sozinho, oferecer tal condição.
À parte toda a complexidade da questão, é coloca-
do no artigo 230 da Constituição Federal que: “a famí-
lia, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as
pessoas idosas, assegurando sua participação na co-
munidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida” (Brasil, 1998).
Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008 93
Ainda em termos legais, fica explícito na Lei nº.
8.842, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e
cria o Conselho Nacional do Idoso, em seu capítulo IV,
§ 3º, o dever, de todo cidadão, de denunciar qualquer
forma de negligência e maus tratos ao idoso (Brasil,
1996). Ainda sobre essa lei, Malagutti (2000) atenta
para o artigo 10, inciso IV, que esclarece o papel da
Justiça no trato com o idoso: promover e defender os
direitos da pessoa idosa, zelar pela aplicação das nor-
mas sobre o idoso, determinar ações para evitar abu-
sos e lesões a seus direitos.
A criação do Estatuto do Idoso (Brasil, 2003), em-
bora ainda passível de análise e aperfeiçoamento, foi
a mais nova conquista desse grupo, tendo o intuito de
regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 60 anos.
Em São Paulo, embora existente desde 1991, foi
somente a partir do Estatuto, em 2004, mais de uma
década depois, que os atendimentos da Delegacia do
Idoso foram intensificados (Iwasso, 2004). As queixas
ou busca de orientações estavam relacionadas, princi-palmente, a denúncias de maus-tratos, abandono, ame-
aça ou apropriação indevida de bens materiais. Verifi-
cou-se, ainda, que em 90% das denúncias mais graves
os responsáveis eram familiares próximos, como os
filhos, fazendo, muitas vezes, com que os idosos, em-
bora conhecedores de seus direitos, retirassem a quei-
xa para auto-proteção ou proteção da família.
Diferentemente de São Paulo e Rio de Janeiro,
Brasília criou, por meio de lei, seções especiais para
os idosos nas delegacias já existentes, oferecendo
condições de atendimento especializado, facilitando
o acesso e economizando na implantação de serviços
específicos (Malagutti, 2000).
Embora as leis existam, ainda há muito que se ela-
borar neste iceberg da violência contra a pessoa idosa,
pois considerando que, na maioria das vezes, os
agressores são os elementos familiares, pode ser mui-
to angustiante para o idoso denunciá-los.
A família é uma criação do ser humano que requer
a manutenção de uma relação profunda de plena reci-
procidade entre os diferentes elementos e gerações.
Isso, porém, nem sempre está presente. O idoso, mui-
tas vezes, não consegue desempenhar um papel de
relevância na sua vida familiar (Costa e Chaves, 2008).
O artigo 99 do Estatuto do Idoso esclarece as im-
plicações legais a quem praticar violência contra ido-
sos: expor a integridade física ou psíquica do idoso a
perigo resulta em pena reclusão de dois meses a um
ano e multa, com benefício da suspensão condicional.
Se a violência relacionar-se a lesão corporal de natu-
reza grave, então a pena será de reclusão de um a qua-
tro anos, mas se resultar em morte, a reclusão será de
quatro a 12 anos sendo que, nesse caso, não há benefí-
cio da suspensão condicional do processo. Ainda se-
gundo o artigo 57, o profissional da área de saúde pode
ser penalizado por não denunciar situação de violên-
cia identificada: para a falta de comunicação de cri-
me, há a pena de multa que varia de R$ 500,00 a R$
3.000,00, podendo ser dobrada se existir reincidência
(Siqueira, 2004).
A questão da denúncia do agressor familiar, no
entanto, continua não sendo abordada em todas as
suas facetas. São muitos os casos de omissão ou negli-
gência que ocorrem pela exclusiva falta de orientação
adequada dos familiares. Nesses casos, punir com re-
clusão pode, muitas vezes, significar o afastamento
da única pessoa que pode cuidar desse idoso, desde
que adequadamente orientada.
Diferentes autores sugerem separar os termos abu-
so e negligência, pois acreditam que nessas situações
fala-se de agressores e riscos diferenciados e, portanto,
passíveis de tratamentos distintos (Hudson, 1999).
Violência Contra Idosos: um
panorama
Estudo norte-americano sobre a incidência nacional
de violência contra o idoso encontrou, aproximada-
mente, 450.000 idosos submetidos a situações de abu-
so ou negligência em ambiente doméstico, durante o
ano de 1996. Em quase 90% dos casos o agressor era
um parente próximo e em 2/3 eram os filhos ou cônju-
ges. Os principais agredidos eram as mulheres com
80 anos ou mais, submetidas à negligência duas a
três vezes mais do que toda a população idosa. Tais
pessoas apresentavam-se, normalmente, deprimidas,
confusas ou extremamente fragilizadas (Tatara e col.,
1998). O estudo ressalta, ainda, a difícil identificação
desses casos e as barreiras encontradas para que as
pessoas envolvidas colaborassem com a denúncia, uma
vez que teriam de se responsabilizar pelo idoso em
questão. Isso mostra as dificuldades em abordar dire-
tamente esse tema, mesmo nos países desenvolvidos.
94 Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008
Em seu trabalho sobre violência e envelhecimento,
Herrera (2004) ressalta a relação de invisibilidade
estabelecida com o idoso por seus familiares que, des-
conhecendo o seu ser, ter e sentir, faltam com o reco-
nhecimento social, político e pessoal, desrespeitando
sua individualidade, capacidade de decisão, partici-
pação e exigência de seus direitos.
Segundo pesquisa realizada pela OMS e pelo INPEA
(WHO, 2002) sobre a ocorrência de violência contra os
idosos no Brasil, algumas das queixas relatadas por
eles, em relação a envelhecer, foram o sentimento de
“fossilização” - quando são excluídos da participação
social, infantilizados pelos seus familiares e inutiliza-
dos pela aposentadoria; a diminuição de seu padrão de
vida devido à baixa renda e o desrespeito de seus direi-
tos, estabelecidos apenas por serem “velhos”. Ter tra-
balhado toda uma vida e conquistado o direito de enve-
lhecer com respeito e dignidade não foi valorizado.
Em editorial no ano de 2004, a revista The Lancet,
para apresentar a pesquisa de Lachs e Pillemer (2004),
discutiu a importância desse tema com a seguinte
pergunta: “Como você gostaria de ser tratado quando
tiver 75?”. Segundo essa pesquisa, o risco de um idoso
submetido à violência morrer num período de três anos
é maior quando comparado aos idosos que não sofre-
ram tal situação. Discute, ainda, a importância do tema
e a necessidade de maiores estudos, uma vez que esse
assunto, apesar de não ser novo, somente começou a
ser pesquisado após 30 anos de estudos sobre a vio-
lência infantil.
Wolf (1997a), em revisão de estudos sobre a violên-
cia contra o idoso, mostra que, há uma década, os Es-
tados Unidos ainda buscavam uma forma de prevenir,
identificar e cuidar da violência contra o idoso, situa-
ção que perdura até hoje. Em Boston, continua a auto-
ra, 32 em cada 1.000 pessoas de 65 anos ou mais foram
abusadas física ou verbalmente ou, ainda, sofreram
negligência. No Canadá, em cada 1.000 idosos, 40 so-
freram algum tipo de violência física ou verbal e 25
foram vítimas de exploração financeira.
Estudo desenvolvido no Reino Unido incluía vári-
as perguntas sobre abuso aplicadas a 2.000 adultos.
Pessoas com 60 anos e mais foram questionadas se
um familiar ou parente os tinha assustado recente-
mente gritando, insultando ou falando asperamente
(abuso verbal); se os tinha empurrado, esbofeteado ou
agredido fisicamente (abuso físico) ou, ainda, se apro-
priado, sem consentimento, de seu dinheiro ou propri-
edade (abuso financeiro). Verificou-se uma taxa de 53,9
por 1.000 idosos para abuso verbal e 15,2 por 1.000
idosos tanto para abuso físico como para abuso finan-
ceiro (Wolf, 1997a).
Outro aspecto da violência contra idosos é ressal-
tado nas pesquisas de Phillips (2000), que atenta para
a questão da violência contra as mulheres, em especial
as que já sofriam violência doméstica antes de enve-
lhecerem ou as que cuidam de cônjuges ou familiares
mais idosos e são agredidas por estes. Com esse estu-
do, a autora chama a atenção para a vulnerabilidade
da mulher em todas as faixas etárias e sua maior
suscetibilidade para a violência.
Schraiber e colaboradores (2002), em estudo desen-
volvido em São Paulo, verificou que 29% das mulhe-
res, com idade entre 15 e 49 anos, foram vítimas de
violência física e sexual em seus lares, sendo uma em
cada dez mulheres vítima de violência sexual pelo seu
próprio parceiro, panorama esse que tende a se manter
ou se agravar cronicamente com o envelhecimento.
A questão da violência envolve não só o idoso viti-
mizado, mas sua família, os profissionais que cuidam
dele e, numa perspectiva um pouco mais distante, o
sistema de saúde, que tratará desse idoso e das conse-
quências dessa situação.
Em suas pesquisas sobre violência, Mello Jorge
(2002) enfatiza que tal situação onera o sistema de
saúde com suas consequências, elevando os níveis de
mortalidade, reduzindo anos de vida produtiva, au-
mentando os gastos com cuidados hospitalares e po-
dendo, ainda, ocasionar sequelas irreversíveis para as
pessoas. Segundo Wolf (1997b) há um índice elevado
de quadros depressivos como conseqüência de situa-
ções de violência, assim como estresse pós-traumáti-
co, com quadros de excessivo medo, vergonha e alie-
nação. Torna-se necessário, assim, o desenvolvimento
de estudos sobreas sequelas que os idosos, vítimas
de violência, apresentam no decorrer dos anos subse-
quentes à(s) agressão(ões). O conhecimento de tais
alterações pode auxiliar no diagnóstico de ocorrência
de violência (Mello Jorge, 2002).
Muitos autores referem a questão da violência como
a ponta de um iceberg a ser estudado, pois envolve o
tipo de violência perpetrada, fatores de risco para
vulnerabilidade e as características do agressor. Mina-
yo (2004) relaciona esse iceberg à cultura relacional
Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008 95
de dominação, de conflitos intergeracionais e às ne-
gligências familiares e institucionais.
O Mapa da Violência, divulgado pela OMS (2002),
identifica algumas características como fatores de
risco: relações familiares desgastadas, idosos depen-
dentes, dificuldades financeiras, isolamento social,
fatores culturais e socioeconômicos, distribuição de
heranças e migração dos jovens (deixando idosos so-
zinhos). Esses mesmos riscos foram identificados pelo
INPEA (Daichaman e col., 2005) e por Alonso (s/d), sen-
do sugeridos quadros indicativos para facilitação do
trabalho da equipe multidisciplinar.
Wolf (1997a) mostra, em seus relatos, a dificulda-
de em se estabelecer esses fatores de risco para iden-
tificação do agressor e do idoso vulnerável à violên-
cia. Relata, ainda, pequena evidência empírica de even-
tos de vida estressantes e histórias de violência, tais
como vitimização infantil e violência conjugal, como
possíveis desencadeadores do abuso contra o idoso,
demonstrando um ciclo de desenvolvimento da vio-
lência dentro do núcleo familiar: a criança vitimizada
hoje por um parente próximo pode, no futuro, ser a
agressora desse parente que se tornará um idoso, como
se verifica nos resultados de alguns estudos atuais.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Investi-
gações Criminais (IBICRIM), na análise de 1.500 pro-
cessos envolvendo idosos, 40% das queixas são con-
tra os filhos, netos e cônjuges e 7% contra familiares
por questões de abuso financeiro (Néri, 2003).
Em Bogotá, as denúncias relatadas por Herrera
(2004) mostram, no ano de 1996, 177 lesões não fatais
em idosos causadas por familiares, sendo os filhos
responsáveis por 47% dos casos. No Canadá, em 1991,
foram investidos 136 milhões de dólares canadenses
na parceria com a população para eliminar a violência
familiar e o abuso ao idoso, demonstrando a gravidade
do problema identificado no ambiente doméstico des-
ses idosos (Scott, 1994).
Alguns estudos sugerem um padrão de identifica-
ção do agressor familiar. Por ordem de freqüência es-
tão, primeiramente, os filhos, seguidos das filhas,
noras, genros e esposos (Minayo, 2003). Depender de
outra pessoa significa estar em poder dela. A condi-
ção de dependência cria uma relação íntima de reci-
procidade com a agressão (Menezes, 1999).
A instalação de quadros de maior dependência ou
a perda do cônjuge pode levar muitos idosos a terem
de residir com outros parentes. Devido às transforma-
ções na estrutura familiar vivenciadas hoje pela socie-
dade, muitas vezes o espaço físico das residências
não comporta mais esse idoso que acaba restrito a um
quarto na residência. Há situações em que o idoso é
dependente fisicamente de cuidados e não há quem
possa ajudá-lo, já que, atualmente, muitos não têm
filhos ou esses estudam ou trabalham e suas espo-
sas, filhas e noras, antes cuidadoras, agora também
são atuantes no mercado profissional e, portanto,
indisponíveis para auxiliá-los (Veras e col., 1987; Al-
vares, 2005).
Independente dos locais de realização dos estu-
dos sobre a violência contra o idoso, quase sempre há
indícios do envolvimento familiar na situação. Consi-
derando que a população que está envelhecendo terá
parcela dependente por doenças crônicas e degenera-
tivas e suas sequelas incapacitantes, ela demandará
mais cuidados e, possivelmente, um cuidador domici-
liar, atual tendência (Karsch, 2003; Caldas, 2003). Por-
tanto, os vínculos familiares devem ser repensados,
com o intuito de prevenir a ocorrência de situações de
violência contra esses idosos.
Com isso, a linha divisória entre a dificuldade de
cuidar do idoso e a violência torna-se frágil e tênue,
principalmente se forem considerados o abuso psico-
lógico e a negligência, mostrando a necessidade de
delimitação clara de tais condições, opinião reforçada
por Herrera (2004).
O abuso financeiro que, antigamente, era restrito
às famílias de muitas posses, hoje atinge, cada vez
mais, camadas menos privilegiadas da população e
traz consequências desastrosas para os idosos. É co-
mum o surgimento de pessoas que, dizendo ter a in-
tenção de auxiliar o idoso nas questões previdenciá-
rias, lhes tomam o pouco dinheiro de que dispõem.
Outros e, em muitos casos, os próprios familiares, for-
çam-nos ou os induzem a realizar empréstimos con-
signados com descontos em folha de recebimento de
aposentadoria que, às vezes, não condizem com a ren-
da do contratado (Medeiros, 2005).
Nessas situações, além da violência financeira,
deve-se pensar na questão psicológica, já que o idoso,
diante de tal fato, muitas vezes abate-se com a impo-
tência da situação, criando uma avalanche de perdas:
financeiras, psíquicas e até físicas, muitas vezes
irreversíveis.
96 Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008
Numa tentativa de coletar maiores informações so-
bre esse tema em nossa sociedade, Gaioli (2004) desen-
volveu estudo, em Ribeirão Preto, no qual encontrou
maior incidência de maus tratos no domicílio entre ido-
sos do sexo masculino (58,6%), com idade média de 75
anos e casados (45,2%). Sofreram agressões por famili-
ares como genros, noras, filhos e netos (47,1%), sendo
que 57,4% deles não buscaram auxílio médico.
Conforme relato de Minayo (2004), o Sistema de
Informações Hospitalares do Ministério da Saúde do
Brasil (SIH/SUS) aponta, em 2000, 92.796 internações
de idosos por violências e acidentes, sendo 52,1% cor-
respondentes a quedas, com taxa de letalidade de 25%.
Cabe ressaltar que a reincidência de quedas no mesmo
idoso pode ser indicativa da presença de maus tratos.
A idéia de desenvolvimento de protocolos para aten-
dimento desses casos leva alguns pesquisadores como
Reis (1998) e Ahmad e Lachs (2002) a estudarem esca-
las de rastreio para identificação rápida de indicadores
de abuso, a fim de que equipes de saúde possam ter
acesso a possíveis casos de maus tratos de maneira
rápida e eficaz.
Ahmad e Lachs (2002) propõem o uso do Indicators
of Abuse Screen (IOA), que avalia idoso e seu cuidador
por meio de um “check list” não invasivo em relação a
situações e comportamentos de risco para maus tra-
tos. Referem, ainda, a importância de o profissional
da saúde ter consciência da necessidade da notificação
desses casos, pois embora as leis variem de país para
país, a omissão é crime. O’Brien (1996) considera que,
nas próprias unidades de atendimento de saúde, as
equipes poderiam dar o encaminhamento correto nes-
sas situações, considerando a necessidade de incluir
a família nessa abordagem.
Em 2002, a OMS iniciou estudo em dez países, entre
eles o Brasil, para investigar como vivem os idosos,
incluindo as situações de violência. Nesse mesmo ano,
a OMS publicou uma declaração para prevenção de
maus tratos e abusos contra idosos, esclarecendo os
tópicos a serem considerados nos estudos, enfatizando
a falta, com frequência, de marcos legais de identifi-
cação de maus tratos.
O documento ressalta, ainda, a necessidade da par-
ticipação de múltiplos setores da sociedade em campa-
nhas de prevenção, paralelamente ao desenvolvimento
e treinamento dos profissionais de atenção primária
da saúde; a educação e informação através de setores
formais (escolas e universidades), mas também pelos
meios de comunicação; e, principalmente, a necessi-
dade da conscientização de que violência contra o ido-
so é um fato mundial que acomete tanto os países em
desenvolvimentoquanto os países desenvolvidos e,
portanto, deveria ser passível de uma investigação de
prevalência mundial.
Lachs e Pillemer (2004) sugerem um protocolo de
identificação de violência por profissionais da saúde
utilizando como critério alguns dos fatores propostos
pela OMS, como abuso financeiro, portadores de de-
mência, cuidadores estressados, portadores de doen-
ça mental ou alcoolistas, isolamento social, relações
de dependência financeira e co-residência com o
agressor.
Dessa forma, um dos possíveis pontos de partida
para uma campanha de orientação e prevenção, consi-
derando a realidade brasileira, poderia contar com o
apoio dos agentes comunitários do Programa Saúde
da Família. Devido às características de suas atribui-
ções, os agentes têm acesso e contato com os idosos
dentro de seu ambiente familiar, o que possibilitaria
a identificação da violência contra o idoso – ou de seu
risco – e permitiria o acompanhamento da situação
(Silvestre, 2003).
Considerações Finais
Antigamente, em quase todas as sociedades, o idoso trans-
mitia o conhecimento aos mais jovens. Mas, hoje, com o
desenvolvimento tecnológico e a globalização das infor-
mações, esses têm acesso a informações que nem sem-
pre são atingidas pelos idosos, tornando-se difícil iden-
tificar quem ensina e quem aprende (Sousa, 2004).
A conscientização sobre a violência pode modificar
uma estrutura que está se formando de maneira frágil.
Torna-se necessário conscientizar a sociedade em ge-
ral, iniciando-se pelos mais jovens, da possível, im-
portante e rica relação de troca que pode e deve ser
estabelecida com os mais idosos, de forma a evitar
que as pessoas mais velhas sejam vistas como parte
desprezível da sociedade. Esse poderia ser, talvez, o
início de uma campanha de prevenção de maus tratos
partindo-se do princípio de que a aprendizagem sobre
o envelhecimento inicia-se nas idades mais precoces.
Os estudos até então realizados enfatizam a ne-
cessidade de desenvolvimento de outras pesquisas,
Saúde Soc. São Paulo, v.17, n.3, p.90-100, 2008 97
mais específicas, enfocando em especial a adequação
das políticas de saúde pública para a abordagem do
tema; a capacitação da equipe interdisciplinar para
identificação de sinais de violência em idosos; o estu-
do da cultura de cada local, permitindo a definição
clara e objetiva do limiar tênue existente entre a violên-
cia e as relações estabelecidas com o idoso nas dife-
rentes sociedades (Wolf, 1997a; Machado e col., 2004;
Sethi e col., 2002; Costa e Chaves, 2008; Minayo, 2003;
Jogerst e col., 2003; Hightower, 2004; Gaioli, 2004).
A violência tornou-se uma epidemia e é, atualmen-
te, considerada um problema de saúde pública, provo-
cando efeitos na saúde física e mental da população,
uma vez que debilita a saúde e atinge o potencial de
desenvolvimento humano de um país (Menezes,1999).
A violência contra os idosos, se ignorada, provocará o
fim das histórias passadas e a prospecção de um triste
futuro para o envelhecimento mundial.
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