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ESTUDOS LEGISLATIVOS AULA 3 Prof. Luiz Domingos Costa 2 CONVERSA INICIAL Instâncias decisórias e poder de agenda na câmara dos deputados Entre as discussões políticas mais recorrentes no Brasil está aquela que problematiza a lógica de distribuição de cargos em troca de apoio político envolvendo o Executivo e o Legislativo. Quais são, portanto, as disputas e características legislativas que circundam esta lógica? Dada as disputas pela imposição de uma agenda, qual o papel desempenhado pelos partidos políticos brasileiros? Anteriormente vimos as tendências históricas e os aspectos gerais da organização das casas legislativas. Para dar continuidade, agora trataremos de aprofundar isso para o caso brasileiro. A presente aula traz especificamente (i) os aspectos organizacionais internos da Câmara de Deputados do Brasil e (ii) alguns dos mecanismos/instrumentos de atuação que a maioria legislativa e o próprio Executivo possuem para realizarem seus objetivos de agenda conforme as regras da Constituição de 1988. A Câmara dos Deputados é uma arena de deliberação coletiva e uma das casas legislativas da política brasileira. Como é de se esperar, disputas pelo poder de influenciar a agenda legislativa estão presentes no seu interior. Como vimos, o processo de centralização/racionalização do rito legislativo é uma tendência ao redor do mundo, dada a necessidade de superar a paralisia decisória e de legislar conforme as demandas derivadas das transformações socioeconômicas. Veremos a seguir que, no Brasil, a centralização decisória pode ser observada principalmente em três espaços da organização legislativa: i) na Mesa diretora da Câmara; ii) no Colégio de Líderes; iii) no Sistema de Comissões (permanentes e temporárias). TEMA 1 – AS INSTÂNCIAS DECISÓRIAS NA CÂMARA DOS DEPUTADOS: A MESA DIRETORA A Câmara de Deputados é, em algum grau, um espelho da sociedade brasileira, no qual estão também representadas as contradições, conflitos e disputas existentes na nação. Assim, a tarefa de organizar o processo de tomada de decisões e de mediação dos possíveis conflitos e divergências se torna um desafio. É esse, aliás, o papel básico da mesa: dirigir os trabalhos nas sessões 3 legislativas, definir as pautas, moderar potenciais desavenças e atuar como árbitra das discussões. O presidente da mesa, conhecido também como o presidente da Câmara, concentra em suas mãos a maior parte dos instrumentos organizacionais do processo decisório, o que acaba impactando no rumo de todo o processo legislativo. É o presidente que distribui as matérias legislativas às comissões, nomeia as Comissões Especiais, define a ordem do dia (pauta de discussões e votações da sessão), desempata as chamadas votações ostensivas e é responsável pelas questões de ordem, expressão técnica para descrever o cumprimento do regimento interno. Além desses instrumentos, é o presidente da mesa o principal representante da Câmara dos Deputados, cabendo a ele assumir a presidência do Brasil em caso de impedimento ou vacância do presidente e vice-presidente da República. Na sua sequência está o presidente do Senado e o presidente do Supremo Tribunal Federal. Além do presidente, a mesa é composta por dois vice-presidentes e quatro secretários, todos eleitos em escrutínio secreto para um mandato de dois anos, vedada a possibilidade de reeleição. A Constituição brasileira exige que na formação da mesa diretora esteja assegurada a representação proporcional dos partidos e blocos parlamentares. É por isso que os partidos são peças fundamentais na gestão da coalizão de apoio do Governo, a base governista. Por outro lado, são os partidos também os entes organizadores dos grupos de oposição, os oposicionistas. Como é de se esperar, dado o poder da presidência e dos membros da mesa, essas coalizões buscam obter as presidências da Mesa da Câmara dos Deputados e, também, do Senado Federal. No Brasil pós-1988, o padrão tem sido a presidência da Câmara ser ocupada por um deputado federal da base governista. Isso sugere a existência de negociações e coalizões entre os legisladores para costurar um apoio ao Poder Executivo, já que, como vimos anteriormente, o partido do presidente nunca alcança a maioria das cadeiras legislativas por si só. No entanto, duas ressalvas se fazem necessárias. Primeiro, no caso de se obter a presidência da mesa diretora, isso não se concretiza em nenhuma garantia de apoio incondicional, já que também foi comum, ao longo de nossa história, desavenças e divergências entre o presidente da República e da Câmara. Segundo, obter a presidência da câmara significa a capacidade de influenciar e condicionar o 4 processo, mas não garante a vitória no processo, cabendo aos votos dos 513 deputados, ou 81 senadores, a decisão de fato. TEMA 2 – AS INSTÂNCIAS DECISÓRIAS NA CÂMARA DOS DEPUTADOS: COLÉGIO DE LÍDERES Outro mecanismo de centralização do poder de agenda é o Colégio de Líderes. Pense em como seria organizar as disputas e conflitos de um grupo de 513 pessoas, divididas em grupos, partidos e blocos parlamentares. Se imperasse a regra popular de “cada um por si”, certamente não haveria a formação de maiorias e não se chegaria à aprovação das leis. Para coordenar as preferências e intermediar a relação dos parlamentares individuais com a mesa e com outras instâncias, surge o Colégio de Líderes. Ele reúne as lideranças das bancadas e dos blocos parlamentares, às quais são delegadas os interesses dos seus liderados. A imagem abaixo serve para exemplificar o plenário da Câmara dos Deputados. Cada ponto representa um deputado e as cores representam as bancadas dos partidos políticos. Assim, cada conjunto de pontos da mesma cor teria um líder para representá-los no Colégio de Líderes. Figura 1 - Visualização da composição partidária da Câmara dos Deputados – Brasil O Colégio de Líderes é composto pelos líderes partidários, líderes dos blocos parlamentares, do governo, da maioria e da minoria. A liderança partidária é selecionada pelo partido para representar a sua bancada na Câmara. De acordo com o Regimento Interno da CD, todo partido com ao menos cinco deputados tem direito de indicar seu próprio líder. Já um bloco parlamentar é formado por dois ou mais partidos que unem seus representantes para somar quantia superior aos mesmos 3% das cadeiras (o que equivale a 16 5 parlamentares) e que decidem agir como um único partido, por meio de um único líder de bloco parlamentar. A liderança do governo é exercida pelo deputado apontado pelo próprio presidente da República e que atua como porta-voz do governo na casa legislativa. Além destas representações, o Colégio ainda conta com um representante do bloco parlamentar detentor da maioria absoluta (com número de integrantes superior à metade), o líder da maioria, e por um representante da fração imediatamente inferior, o líder da minoria. Dada a composição do Colégio, quais são os papéis cumpridos por esse grupo de lideranças? Do ponto de vista geral, o Colégio é uma espécie de conselho da mesa diretora. Assim, assumem o papel de aconselhar o presidente da casa sobre a formação da agenda de discussão e votações do plenário. Nesse sentido, as lideranças do Colégio atuam como delegados de seus liderados e suas ações acabam por representar toda sua bancada, sem a necessidade prévia de se obter aprovação individual de cada deputado. Ainda, confere-se aos líderes do Colégio prerrogativas que são vedadas aos deputados individuais. A exemplo disso, os líderes detêm a possibilidade de chamar o encaminhamento da votação, um tipo de orientação aos liderados quanto à forma como eles devem votar quando qualquer matéria estiver em deliberação no plenário. Também é papel das lideranças registrar os deputados para concorreraos cargos da Mesa Diretora e indicar nomes para integrar o sistema de comissões, inclusive podendo trocá-los a qualquer tempo. Como é comum numa relação de representação, há motivos/incentivos para que os deputados liderados se mantenham fiéis aos seus líderes, já que o Colégio possui amplos poderes legislativos regimentalmente delegados e prerrogativas sobre indicações relevantes. Por outro lado, aos liderados se reserva o direito de destituir e indicar novas lideranças, o que se torna uma ferramenta de controle de seus representantes. Por fim, é importante ressaltar que o Colégio de Líderes como ferramenta de centralização de poder não está presente no Senado. De forma lógica, isso se deve também pelo número reduzido de senadores (81) em relação aos 513 deputados, o que torna menos necessária a canalização da ação individual em grupos de lideranças. Entretanto, o Senado tem estudado e preparado a criação do seu próprio Colégio de Líderes. 6 TEMA 3 – AS INTÂNCIAS DECISÓRIAS NA CÂMARA DOS DEPUTADOS: SISTEMA DE COMISSÕES É possível definir as comissões parlamentares como órgãos de caráter técnico-legislativo que possuem como principal função a de emitir pareceres sobre o mérito das matérias legislativas submetidas ao seu exame. O objetivo dessa fórmula é qualificar a decisão parlamentar posteriormente tomada ou correr com o chamado poder terminativo (também conhecido como conclusivo). Este é um instrumento apto para ser utilizado em situações específicas, nas quais as comissões possuem autonomia para concluir a apreciação de matérias, dispensando a manifestação do plenário, salvo recurso de um décimo (1/10) dos membros da Câmara. As comissões são compostas de membros titulares e suplentes, com a ressalva de que cada deputado só pode atuar como membro titular em uma única comissão permanente. O objetivo desse tipo de restrição é gerar uma divisão do trabalho que estimula e aprecia a especialização temática dos membros das comissões. Além disso, assim como é aplicado na definição da Mesa Diretora e do Colégio de Líderes, a composição das comissões também é feita de acordo com o critério de representação proporcional dos partidos e blocos partidários da casa. Uma única exceção é aplicada: a previsão de uma cadeira em cada comissão reservada sempre para um membro da minoria atuar como titular, mesmo que o critério da proporcionalidade não seja suficiente. O Sistema de Comissões se divide em duas modalidades básicas: as permanentes, que integram a estrutura institucional da câmara, e as temporárias, criadas conforme a necessidade de assuntos conjunturais e que se encerram ao término da legislatura ou quando alcançam a finalidade visada. Começando pelas comissões temporárias, estas se dividem em três subtipos: as especiais, de inquérito e as externas. As Comissões Especiais são constituídas para elaborarem pareceres para dois tipos especiais de legislação: para Propostas de Emenda à Constituição (PEC) e projetos de Código; e para proposições de natureza muito abrangente, que tratem de matéria em que se faz necessário o parecer de mais de três Comissões. Isso segundo o entendimento da Mesa Diretora, via requerimento do presidente da comissão interessada ou líder atuante na Casa. 7 Um segundo tipo são as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que são formadas à partir do consenso e aprovação de ao menos um terço (1/3) dos deputados da Câmara. Estas são encarregadas de solicitar a apuração de algum acontecimento relevante para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do país. Uma especificidade deste tipo de comissão é que, uma vez formadas, elas ficam investidas de poderes próprios de autoridades judiciais. O terceiro tipo de comissão temporária são as chamadas comissões externas. Estas podem ser criadas pelo presidente da Câmara dos Deputados ou por requerimento de qualquer deputado, diante da necessidade da casa ser representada em ato externo do seu recinto oficial, tanto no país como no exterior. Normalmente, esse tipo de comissão possui um caráter simbólico, com menor impacto legislativo. As comissões permanentes, ou seja, que não se encerram com o término da legislatura, são comissões formadas pelo mínimo de 18 integrantes e com o máximo de 62. Isso porque o número total de vagas dessas comissões não pode ultrapassar o número total de deputados (513), que por sua vez só podem ser membros titulares de uma única comissão permanente. A definição do número de membros efetivos, dado os parâmetros gerais, é fixada pela Mesa Diretora a cada biênio, levando-se em conta as recomendações do Colégio de Líderes. Além disso, as lideranças partidárias ou de blocos detêm a prerrogativa de indicar e substituir os membros titulares e suplentes, obedecendo o critério da proporcionalidade. Não é apenas pela proporcionalidade que o processo de indicação se dá. Isso porque o interesse de um deputado ocupar um lugar em determinada comissão pode ter relação com sua identidade política (pautas políticas defendidas), com suas credenciais técnicas ou com a centralidade da comissão. Por centralidade podemos entender a relevância que uma determinada comissão possui, já que sua área de atuação é ampla e permite aos seus membros emitir pareceres em diversos assuntos legislativos. A exemplo disso, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) é uma das comissões com mais disputas pela sua composição por ter atribuições de natureza diversa. Por fim, vimos até aqui por meio de quais instrumentos o processo de centralização/racionalização se manifesta no legislativo brasileiro. São essas as 8 principais instâncias decisórias da Câmara dos Deputados e elas estão organizadas no esquema abaixo. Figura 2 – Instâncias decisórias da Câmara dos Deputados Agora, nos resta entender como elas se articulam e pautam a agenda legislativa, condicionando as decisões políticas emitidas. Além disso, veremos quais ações legislativas são prerrogativas do Poder Executivo. TEMA 4 – INSTRUMENTOS DE ADOÇÃO DA AGENDA LEGISLATIVA: INSTRUMENTOS COMPARTILHADOS Dada a complexidade dos processos legislativos e das disputas travadas neste âmbito, existem mecanismos que garantem a implementação da agenda governamental? Há um consenso na literatura dedicada aos estudos no legislativo quanto à existência de dispositivos diretos e indiretos que contribuem para que agenda do governo seja implementada. De forma indireta, a base legislativa do governo possui em mãos requerimentos de urgência e a adoção do poder terminativo das comissões permanentes, que costumam ficar capturadas pela base governista. De forma direta, existe a possibilidade de utilizar Medidas Provisórias, a urgência constitucional e os vetos presidenciais, todas prerrogativas de natureza legislativa do Executivo. Veremos adiante cada um desses instrumentos. i) O requerimento de urgência Existem três regimes de tramitação das matérias legislativas: ordinário, prioritário e urgente. São conhecidos por ordinárias a matéria legislativa que cumpre todo o processo regimental. Normalmente, os projetos apresentados individualmente pelos deputados seguem esse tipo de regime. 9 Os projetos de iniciativa do Executivo, do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Mesa Diretora, das comissões permanentes ou especiais, do Senado Federal ou dos cidadãos são considerados matéria do regime prioritário. Nessa condição, dispensa-se o cumprimento de exigências regimentais prévias à discussão no plenário. Isso quer dizer que, sob regime de preferência sobre as matérias ordinárias, as prioritárias são conduzidas diretamente para a pauta de ordem do dia. Já os requerimentos de urgência são mecanismos cuja adoção é realizada por meio de trâmite mais flexível, que dispensa o cumprimento de exigências,interstícios e formalidades regimentais. Esse mecanismo não necessita de pareceres emitidos pelas comissões, no entanto, as próprias comissões podem abrir mão desse tipo de ferramenta sem um parecer escrito do relator e seguir direto para a avaliação do plenário. A exemplo de um requerimento de urgência é possível citar proposições legislativas necessárias em caso de guerra, intervenção federal ou iniciativa do presidente da República com solicitação de urgência. Estudos demonstram que 29% das leis aprovadas entre os anos de 1985-2006 tramitaram sobre regime de urgência (Figueiredo; Limongi, 1999, p. 66). ii) O poder terminativo das comissões Como já antecipado, o poder terminativo (ou conclusivo) é a possibilidade de as comissões emitirem uma decisão que dispensa manifestação do plenário. Já vimos que a distribuição das matérias às comissões é de responsabilidade do presidente da Câmara. A ele se reserva, também, a possibilidade de anunciar as matérias que as comissões analisarão com poder terminativo, salvo recurso do plenário. TEMA 5 – INSTRUMENTOS DE ADOÇÃO DA AGENDA LEGISLATIVA: INSTRUMENTOS EXCLUSIVOS DO PODER EXECUTIVO Assim como os requerimentos de urgência, o poder terminativo das comissões é instrumento capaz de favorecer a implementação da agenda governamental, cuja iniciativa não é prerrogativa do Poder Executivo, diferente dos três mecanismos apresentados a seguir, que são exclusivos da presidência da República. iii) As medidas provisórias 10 As Medidas Provisórias (MP) são uma prerrogativa legislativa do Poder Executivo e habilitam o presidente da República a legislar em caso de urgência. A MP tem força de lei imediatamente após ser publicada. Como sugere o nome, essas medidas possuem prazos para expirar (60 dias), com a possibilidade de uma única prorrogação (também de 60 dias). Apesar do seu caráter provisório, a MP pode se tornar posteriormente uma lei definitiva. Dentro de um prazo de 45 dias, o Congresso Nacional deve se manifestar e julgar a procedência da MP, via a avaliação feita por uma Comissão Mista formada por doze deputados e doze senadores. Essa comissão escolhe um relator que pode emitir um parecer de aprovação sem modificações, aprovação com alterações ou a rejeição da MP. Esse parecer segue para o plenário da Câmara, onde o critério de maioria simples é suficiente para a aprovação do texto. Em caso de rejeição da MP, ela é arquivada. Caso contrário, a MP se encaminha à apreciação do Senado Federal, que também delibera por maioria simples. Se aprovada pelas duas casas, a MP finalmente se converte em lei definitiva. Se for rejeitada, a MP deixa de valer sem que o Executivo possa recorrer. Caso o Congresso decida alterar o texto original, a MP passa a tramitar pelas vias ordinárias como Projetos de Leis de Conversão (PLV). Um estudo de Amorim Neto (2009) demonstrou que cerca de 19% das leis ordinárias aprovadas entre os anos de 1988 e 2006 provém de MPs. Além disso, como destaca Jacobsen (2016), apenas 16% das MPs não são aprovadas pelo Congresso Nacional, prevalecendo a aprovação com alteração do texto original (63%). É válido dizer que o processo de aprovação das MPs é um exemplo de intersecção entre os poderes Legislativo e Executivo. Essa característica é contrária ao entendimento de que a MP seria um instrumento arbitrário nas mãos do presidente da República. iv) A urgência constitucional O Poder Executivo possui o direito de solicitar urgência para a apreciação de projetos de iniciativa do presidente da República. Dada a solicitação, cada casa do Congresso Nacional possui o prazo de 45 dias para a apreciação da matéria. Caso não se manifestem a tempo, os trâmites legislativos ficarão trancados, com o sobrestamento de todas as demais deliberações de cada casa, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado. v) O poder de veto 11 Quando uma lei é aprovada no Congresso ela é enviada para o presidente da República, que possui 15 dias para reagir a ela. Uma resposta positiva, ou seja, sua concordância se dá por meio da sanção presidencial da lei. Por outro lado, se a resposta for negativa, estão disponíveis ao presidente a utilização do poder de veto parcial ou total da lei. O parcial é aquele no qual partes específicas do texto são vetadas. Já o veto total significa a rejeição na íntegra da lei por parte do Poder Executivo. No entanto, toda matéria vetada retorna ao Congresso Nacional, que pode deliberar pela derrubada do veto presidencial, via obtenção dos votos de uma maioria absoluta dos membros da Câmara e do Senado. Agora podemos sistematizar os instrumentos que permitem dar maior rapidez e que concentram poder político no interior da Câmara dos Deputados. Figura 3 – Instrumentos de adoção da agenda legislativa NA PRÁTICA Faça o download do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/regimento- interno-da-camara-dos-deputados. Acesso em: 6 abr. 2020. Em seguida, acesse o Capítulo IV e examine as disposições sobre o funcionamento do Colégio de Líderes. Perceba como as regras estão organizadas de acordo e em articulação com aquilo que prevê a Constituição Federal de 1988. Procure manusear esse Regimento para adquirir familiaridade com as regras que estruturam o trabalho 12 legislativo na Câmara. Procure fazer isso para a Assembleia de seu estado e para a Câmara de Vereadores de seu município. FINALIZANDO Em linhas gerais, vimos ao longo desta aula dois temas complementares. Primeiro, a forma como são organizados os trabalhos internos da Câmara dos Deputados. Por organização podemos entender a distribuição do poder de cada instância responsável por determinar o trabalho legislativo. No caso brasileiro, essa distribuição interna do poder se dá de forma centralizada. Isso porque vimos como a Mesa Diretora, e principalmente o presidente desta, possui o poder de condicionar a produção legislativa e de definir as prioridades da pauta do dia, por exemplo. No Colégio de Líderes e no processo de formação das Comissões a centralização se dá por meio das lideranças partidárias, que representam suas bancadas ao mesmo tempo que lutam por posições relevantes nas mais disputadas Comissões. Em seguida, demonstramos que, dada a complexidade das disputas pelo poder no âmbito legislativo, o Governo possui mecanismos que possibilitam a implementação de sua agenda: os requerimentos de urgência, o poder terminativo das comissões permanentes, as medidas provisórias, a urgência constitucional e os vetos presidenciais. Ao término desta aula, é importante a percepção de que a atividade legislativa envolve os poderes Executivo e Legislativo e representa um espaço de disputa entre partidos. A principal delas entre base parlamentar governista- oposicionista. Além disso, é relevante notar como a organização política brasileira possui mecanismos para garantir a governabilidade, contra o risco de paralisia decisória. Porém, vale ressaltar, que tais mecanismos são acompanhados por ferramentas de controle. A exemplo disso, o Poder Executivo pode ter sua Medida Provisória rejeitada pelo Legislativo ou, por outro lado, pode vetar uma matéria legislativa originada no Congresso.
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