Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DESCRIÇÃO O mercado de câmbio, sua organização e seu funcionamento, assim como a ligação dele com a política cambial e seus reflexos na economia do país. PROPÓSITO Compreender o funcionamento do mercado de câmbio, assim como seus agentes e sua ligação com a política cambial do país, para uma boa gestão de recursos financeiros em um mercado com reflexos significativos tanto na economia do país quanto em um mundo com um comércio global de importância crescente. PREPARAÇÃO Antes de iniciar este conteúdo, tenha à mão papel, caneta e uma calculadora científica, ou use a calculadora de seu smartphone ou computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever o funcionamento do mercado cambial MÓDULO 2 Aplicar as taxas de câmbio para conversão de valores monetários MÓDULO 3 Reconhecer os diferentes regimes cambiais MÓDULO 4 Descrever os principais derivativos cambiais INTRODUÇÃO Em um mundo cada vez mais globalizado, os agentes econômicos nacionais realizam constantemente transações com os agentes dos demais países. Essas transações usualmente se dão em moeda estrangeira (em geral, o dólar americano), mas podem ser realizadas em euros, yuans chineses, francos suíços ou ienes japoneses. O comércio eletrônico e o grande crescimento do turismo também tornam mais forte a demanda por transações em moedas estrangeiras. Ao longo deste conteúdo, descreveremos o funcionamento do mercado de câmbio, que trata da troca de divisas (moedas) entre diversos agentes. Veremos, em suma, como esse mercado é regulado, quem são as instituições que nele operam e como funcionam seus preços (as cotações de câmbio). Demonstraremos ainda de que forma os valores de uma moeda podem ser convertidos para os de outra. Em seguida, observaremos como a relação entre as diversas moedas afeta nosso dia a dia e de que forma os países desenvolvem suas políticas cambiais para fazer frente a esses efeitos. Por fim, estudaremos os diversos modelos de crises cambiais e descreveremos como é possível se proteger contra o risco cambial por meio de derivativos. MÓDULO 1 Descrever o funcionamento do mercado cambial PRIMEIRAS PALAVRAS Neste módulo, exploraremos o funcionamento do mercado de câmbio, destacando sua estrutura e seus principais agentes. Em seguida, apresentaremos o principal instrumento de formalização das operações: o contrato de câmbio. MERCADO CAMBIAL Trata-se de um mercado global no qual são trocadas moedas (ou divisas) entre diversos agentes econômicos que desejam realizar transações comerciais ou financeiras entre si. Devido à grande atividade gerada pelo comércio internacional, ele é considerado o maior mercado global em volume de negócios e liquidez. Seu volume diário de negociações gira na casa dos trilhões de dólares. Os objetos negociados no mercado de câmbio são as moedas dos diferentes países. Com isso, rúpias indianas podem ser trocadas por pesos mexicanos, assim como é possível fazer o mesmo processo na conversão de dólares australianos para libras esterlinas. Apesar de as trocas poderem se dar entre quaisquer moedas, algumas, como, por exemplo, o dólar americano, são consideradas as principais referências nesse mercado devido à sua maior liquidez e por serem vistas como moeda de reserva internacional, ou seja, uma moeda “segura”. No Brasil, o mercado de câmbio é regulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e monitorado pelo Banco Central do Brasil (BCB). Ambos obedecem a uma estrutura que descreveremos adiante. ESTRUTURA DO MERCADO DE CÂMBIO A figura a seguir a seguir ilustra o funcionamento do mercado de câmbio, que se divide em dois: mercado primário e mercado secundário. Imagem: Paulo Miller. A estrutura do mercado de câmbio no Brasil. MERCADO PRIMÁRIO No mercado primário, os agentes econômicos de uma nação – ou seja, pessoas e empresas – realizam transações comerciais e financeiras com os agentes estrangeiros, trocando, nesse processo, divisas entre si. Esse mercado sensibiliza o balanço de pagamentos do país, pois é nele que se forma o fluxo de entrada e saída de divisas da nossa economia, alterando seus estoques. Quando a quantidade de divisas estrangeiras enviada para o exterior é superior à recebida de lá, o balanço de pagamentos fica negativo e o estoque de moeda estrangeira do país diminui. Já quando a quantidade recebida é superior à que é enviada, esse balanço fica positivo e o estoque de moeda estrangeira da nação aumenta. BALANÇO DE PAGAMENTOS Trata-se da diferença entre a quantidade de divisas estrangeiras que entram no país e a que sai dele. javascript:void(0) MERCADO SECUNDÁRIO No mercado secundário, as moedas estrangeiras no país são negociadas entre os agentes de câmbios autorizados a operar pelo BCB. Por isso, ele também é chamado de mercado interbancário. As negociações nesse mercado não afetam o balanço de pagamentos; portanto, elas não alteram o estoque de divisas estrangeiras no país. Conheceremos agora alguns exemplos de como funcionam esses mercados. MERCADO PRIMÁRIO Suponha que um exportador venda mercadorias para o exterior e receba o pagamento em moeda estrangeira. Quando essas divisas chegam ao país, elas sensibilizam o balanço de pagamentos, aumentando o estoque da moeda estrangeira no Brasil. Um agente de câmbio então faz a conversão dessa moeda estrangeira para reais por meio de um contrato de câmbio, repassando o valor ao exportador. Como já frisamos, os contratos de câmbio efetuados pelos agentes de câmbio são o meio utilizado para se trocar moeda local e estrangeira com as empresas e as pessoas que realizam transações no mercado internacional de bens e serviços. MERCADO SECUNDÁRIO Suponha, por exemplo, que o Banco A esteja com um estoque baixo de dólares e deseje aumentá-lo. Ele negocia a compra de dólares com o Banco B, que conta com muitos exemplares dessa moeda estrangeira. Como o domicílio de ambos é o Brasil, não houve aumento nem redução da quantidade de dólares no país. Este é um exemplo do tipo de negociação efetuada no mercado interbancário (ou secundário). Outra razão para os bancos negociarem moeda estrangeira entre si é a melhor gestão de suas exposições ao risco cambial. Vamos entender o que isso significa. Neste vídeo, entenderemos melhor a estrutura do mercado de câmbio no Brasil. RISCO CAMBIAL O risco cambial é risco ao qual um agente econômico está exposto. Este tipo de risco é relativo a flutuações adversas da taxa de câmbio. Suponha que um importador tenha um milhão de dólares para receber daqui a uma semana por conta de um negócio fechado recentemente. Se, nesse período, o dólar sofrer uma depreciação frente ao real (ou, de forma equivalente, se o real se apreciar frente ao dólar), esse importador, quando o contrato de câmbio for fechado, não conseguirá a mesma quantidade de reais que conseguiria antes da depreciação da moeda americana. A mesma coisa acontece com um investidor que possua títulos nominados em dólar. Uma depreciação dessa moeda fará com que ele tenha um retorno menor em seu investimento após a conversão para reais. Por outro lado, se um exportador tiver uma dívida em dólares, seu risco será o oposto: a chance maior, neste caso, é que o dólar se aprecie, ou seja, sua cotação na moeda brasileira aumente, pois sua dívida em reais também aumentará. Foto: Shutterstock.com Para proteger-se contra estes tipos de riscos, os instrumentos que os agentes econômicos utilizam são os derivativos cambiais. Eles devem ser empregados quando um agente assume uma posição contrária àquela a que está exposto. Se o risco contra o qual ele queira se proteger for o de uma depreciação do dólar, o agente assumirá uma posição em derivativos que gere ganhos com essa depreciação. Se o risco for a subida do dólar, ele fará o contrário. Os principais derivativos cambiais são os contratos futuros de dólar, os contratos a termo, os swaps e as opções. COMENTÁRIO Os swaps e o termo são contratos no mercado de balcão (operações nas quais se conhece a contraparte) utilizados,na maioria das vezes, para proteção contra a variação cambial. As opções podem ser negociadas em Bolsa de Valores ou no mercado de balcão. Elas servem tanto para a proteção quanto para a especulação. Já o contrato futuro de dólar é transacionado na Bolsa de Valores, também servindo para ambos. No módulo 4, daremos mais detalhes desses derivativos. AGENTES DO MERCADO DE CÂMBIO O artigo 2º da Circular BCB nº 3.691, de 2013, determina que as pessoas físicas e jurídicas podem comprar e vender moeda estrangeira ou realizar transferências internacionais em reais de qualquer natureza, sem limitação de valor, sendo a contraparte da operação o agente autorizado a operar no mercado de câmbio. Ou seja, apesar de não haver limitações de volume de negociação para a compra e venda de moeda estrangeira, as pessoas físicas e jurídicas devem negociar com instituições autorizadas pelo Banco Central a operar câmbio, ou seja, os agentes de câmbio. Foto: Shutterstock.com O artigo 33 do mesmo normativo indica quem pode obter tal autorização junto ao Banco Central para operar como agente de câmbio: Bancos múltiplos; Bancos comerciais; Caixas econômicas; Bancos de investimento; Bancos de desenvolvimento; Bancos de câmbio; Agências de fomento; Sociedades de crédito, financiamento e investimento; Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários; Sociedades corretoras de câmbio. CONTRATO DE CÂMBIO A Circular nº 3.691 também estabelece que o contrato de câmbio é o instrumento por meio do qual se formalizam as operações cambiais, além de exigir que tais contratos sejam registrados no sistema de câmbio do Banco Central. Foto: Shutterstock.com Há dois os tipos de contrato de câmbio existentes: Imagem: Paulo Miller. O contrato de compra de moeda estrangeira. O CONTRATO DE COMPRA Ele é destinado a operações de compra de moeda estrangeira realizadas pelas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio. Imagem: Paulo Miller. O contrato de venda de moeda estrangeira. O CONTRATO DE VENDA Já este contrato é destinado às operações de venda de moeda estrangeira realizadas pelas instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio. O BCB utiliza as informações registradas no Sistema do Banco Central (Sisbacen) para controlar a exposição cambial dos bancos e monitorar a higidez do mercado. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A AFIRMATIVA CORRETA SOBRE O MERCADO DE CÂMBIO. A) O mercado primário de câmbio não sensibiliza o balanço de pagamentos do país, já que é onde os bancos negociam moedas estrangeiras entre si, não havendo fluxos de moeda estrangeira entrando ou saindo do território nacional. B) O mercado interbancário opera com agentes autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários. C) Apenas agentes autorizados pelo Banco Central do Brasil podem operar no mercado primário de câmbio. D) Os contratos de venda de moeda estrangeira devem ser registrados no sistema de câmbio do Banco Central, mas não é necessário registrar os contratos de compra. E) As exportações contribuem para aumentar o estoque de divisas estrangeiras no país; as importações, para reduzi-lo. 2. UM FUNDO DE PENSÃO COMPRA TÍTULOS DO TESOURO DOS ESTADOS UNIDOS. PARA ISSO, EFETUA UM CONTRATO DE CÂMBIO COM UM GRANDE BANCO NACIONAL, QUE, POR SUA VEZ, ENVIA OS DÓLARES NECESSÁRIOS À COMPRA PARA O EXTERIOR. ESTAMOS FALANDO DE QUE MERCADO? A) Mercado primário, pois há saída de divisas do país. B) Mercado primário, porque somente é possível efetuar essa operação por intermédio de uma instituição autorizada pelo Banco Central para operar câmbio. C) Mercado secundário, já que não há saída de divisas do país. D) Mercado secundário, uma vez que os dois agentes envolvidos são regulados pelo CMN. E) Mercado secundário; afinal, trata-se de uma operação de investimento, e não de bens e serviços. GABARITO 1. Assinale a afirmativa correta sobre o mercado de câmbio. A alternativa "E " está correta. Quando um bem ou serviço é exportado, os exportadores recebem seu pagamento em moeda estrangeira, aumentando o estoque de divisas estrangeiras. Nas importações, ocorre o contrário. O erro da letra A é que o mercado primário de câmbio efetivamente sensibiliza o balanço de pagamentos. É nele que os agentes econômicos nacionais realizam transações com os agentes econômicos estrangeiros. Já a opção B está errada, porque é o Banco Central o responsável por autorizar os agentes a operarem no mercado interbancário. O erro da letra C reside no fato de que o BCB autoriza a operação no mercado secundário de câmbio – e não no primário. Já a opção D não pode ser considerada correta, pois tanto os contratos de compra como de venda devem ser registrados. 2. Um fundo de pensão compra títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Para isso, efetua um contrato de câmbio com um grande banco nacional, que, por sua vez, envia os dólares necessários à compra para o exterior. Estamos falando de que mercado? A alternativa "A " está correta. Para poder comprar um título estrangeiro, é necessário haver uma remessa de divisas para o exterior, sensibilizando o balanço de pagamentos. Trata-se, portanto, de uma operação do mercado primário. MÓDULO 2 Aplicar as taxas de câmbio para conversão de valores monetários PRIMEIRAS PALAVRAS As taxas de câmbio representam os preços praticados no mercado cambial. Elas também são o instrumento utilizado para a conversão de moedas. Expressaremos neste módulo a importância de se ter um bom conhecimento do que essas taxas representam e de como elas são formadas tanto para operar nesse mercado quanto para entender os efeitos do câmbio na economia. TAXAS DE CÂMBIO Como vimos, a taxa de câmbio expressa o preço da moeda estrangeira no mercado cambial. É quanto se paga, portanto, na troca entre duas moedas. Poderemos compreender melhor esse conceito por meio de exemplos. EXEMPLO 1 Se a taxa de câmbio é de 5R$/US$, isso significa que, para se comprar um dólar americano, é preciso pagar R$5. Em outras palavras: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Da mesma forma, pode-se dividir cada lado da igualdade acima por 5 e verificar que: US $1 = R$5 =US $15 R$5 5 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ou seja, para se adquirir um real, são necessários vinte centavos de dólar. Dessa maneira, é possível expressar essa mesma taxa de câmbio como sendo 0,20 US$/R$. EXEMPLO 2 Suponha que eu queira converter 2.000 dólares em reais. O agente de câmbio me diz que a cotação é de 5,2R$/US$. Quantos reais posso obter com essa cotação? De início, devemos expressar a cotação do dólar como fizemos anteriormente. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como quero calcular o valor de dois mil dólares, devo multiplicar toda a expressão acima por 2.000, obtendo: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal EXEMPLO 3 Ainda desejo converter os mesmos 2.000 dólares; no entanto, a cotação agora está expressa de maneira diferente: 0,16US$/R$. Como devo proceder? Para começar, representaremos a cotação na forma vista anteriormente: US $0,20 = R$1 US $1 = R$5,20 US $2.000 = R$5,20 × 2.000 US $2.000 = R$10.400 US $0,16 = R$1 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Dividindo os dois lados da igualdade por 0,16, temos: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Recaímos no caso anterior. Podemos, portanto, multiplicar toda a igualdade por 2.000: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualizaçãocompleta da equação utilize a rolagem horizontal No primeiro caso, só multiplicamos o valor que queríamos converter pela cotação em R$/US$ ( ). No segundo, por outro lado, dividimos o valor que seria convertido pela cotação em US$/R$ ( ). ISO 4217:2015 Conforme destacamos, o objeto de negociação no mercado de câmbio são as moedas (ou divisas). Moedas de diversos países podem ser negociadas; ainda assim, muitas vezes, suas cotações são expressas em dólares americanos. = US $0,16 0,16 R$1 0,16 US $1 = R$6,25 US $2.000 = R$6,25 × 2.000 US $2.000 = R$12.500 2.000 × 5,2 = 10.400 2.000/0,16 = 12.500 Para facilitar a comunicação entre os agentes, a norma ISO 4217:2015 estabelece códigos para cada moeda e outras commodities, como o ouro. Há dois tipos de código: ALFABÉTICO NUMÉRICO ALFABÉTICO O código alfabético contém três letras: as duas primeiras são o código do país, enquanto a terceira – quando possível – corresponde à primeira letra da moeda. NUMÉRICO Já o código numérico foi desenvolvido principalmente para os países que não utilizam caracteres ocidentais com o propósito de facilitar seu uso em sistemas computadorizados. A tabela a seguir apresenta alguns desses códigos, com destaque para o real (BRL) e o dólar americano (USD): Moeda Código Alfabético Código Numérico Colón CRC 188 Dólar australiano AUD 036 Dólar americano USD 840 Dólar canadense CAD 124 Dólar de Hong Kong HKD 344 Euro EUR 978 Franco suíço CHF 756 Iene JPY 392 Libra egípcia EGP 818 Libra esterlina GBP 826 Peso argentino ARS 032 Peso mexicano MXN 484 Real BRL 986 Rublo RUB 643 Rúpia INR 356 Won KRW 410 Yuan Renminbi CNY 156 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Tabela: Códigos alfabéticos e numéricos das moedas. Adaptada de: ISO 4217:2015. Usaremos esses códigos com frequência a partir de agora. Podemos supor que conheçamos tanto a cotação do dólar canadense contra o americano (1,3408CAD/USD) quanto a do dólar americano contra a libra esterlina (1,2703USD/GBP). Como calculamos a cotação do dólar canadense contra a libra esterlina? A resposta para isso é bem simples: basta observar a forma como as cotações estão apresentadas. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Notem que, se multiplicarmos as duas frações acima, o dólar americano sumirá, restando apenas o canadense e a libra esterlina. Vejamos então como fica. Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Ou seja, cada libra esterlina equivale a 1,7032 dólares canadenses. Podemos usar esse procedimento sempre que precisarmos. e CAD USD USD GBP 1,3408 × 1,2703 = 1,7032CAD USD USD GBP CAD GBP Explicaremos neste vídeo como funciona a conversão de moedas de mesmo tipo. PTAX A PTAX é a cotação calculada pelo BCB para as moedas estrangeiras. Segundo informações disponíveis no site do Banco Central, o nome PTAX se origina de uma transação do Sisbacen muito utilizada no passado pelo público para consultar taxas de câmbio: a PTAX800. Apesar de essa transação ter sido desativada em setembro de 2014, o sistema que a substituiu conservou seu nome. Foto: Shutterstock.com Tal cotação é divulgada diariamente para todas as moedas, ainda que ela esteja comumente associada à do dólar americano. Seus valores estão disponíveis no site do Banco Central do Brasil. Esta tabela exibe um extrato da cotação da PTAX obtida no site do BCB para o dia 25 de setembro de 2020: Tabela: Cotações da PTAX em 19 de outubro de 2020. Adaptada de PTAX. Na coluna “Cod Moeda”, estão dispostos os códigos numéricos da norma ISO 4217 e, em “Moeda”, seus respectivos códigos alfabéticos. Observando respectivamente as colunas “Taxa Compra” e “Taxa Venda”, notamos que, no dia 25 de setembro de 2020, a cotação do dólar americano (código numérico 220 e código alfabético USD) era de R$5,5661 para compra e de R$ 5,5667 para venda. Há ainda três outras colunas na tabela. As colunas “Paridade Compra” e “Paridade Venda” nos permitem ver a cotação das moedas em relação ao dólar americano. Já a coluna “Tipo” indica como essa cotação é apresentada. Podemos dominar melhor tais conceitos mediante a análise de dois exemplos envolvendo tanto o dólar de Hong Kong (código numérico 205 e código alfabético HKD), que é uma moeda do tipo “A”, quanto o fijiano (200 e FJD), que é do tipo “B”. DÓLAR DE HONG KONG Neste caso, a leitura é a mesma feita para ler o valor em reais, pois a cotação informa quantas unidades da moeda analisada equivalem a um dólar americano. Desse modo, verificamos que, no dia 25 de setembro de 2020: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na compra (coluna “Paridade Compra”): Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na venda (coluna “Paridade Venda”). DÓLAR FIJIANO Já para o dólar fijiano, a leitura é inversa: a cotação agora informa quantos dólares equivalem a uma unidade da moeda analisada. Com isso, em 25 de setembro de 2020: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na compra (coluna “Paridade Compra”): Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 1 USD = 7,7500 HKD 1 USD = 7,7501 HKD 1 FJD = 0,4574 USD 1 FJD = 0,4744 USD Na venda (coluna “Paridade Venda”). Repare que a conversão das moedas deve ser feita, conforme destacamos, de maneiras distintas. Para converter valores de dólares americanos para os de Hong Kong, precisamos multiplicar o valor em dólares pela cotação HKD/USD. Por outro lado, para a conversão de dólares americanos para os fijianos, devemos dividir esse valor por outra cotação: USD/FJD. SPREAD DE COMPRA E VENDA Notem que as cotações apresentadas pelo Banco Central na PTAX se dão em dois valores: para compra e para venda. Reparem ainda que a cotação de compra é sempre menor que a de venda. Explicaremos agora o que isso significa. Imaginemos um banco que opere câmbio, ou seja, que tenha, na compra e venda de moeda estrangeira, um negócio. Sua remuneração por prestar esse serviço é dada pela diferença entre as duas cotações. Essa diferença é chamada de spread, que, em inglês, significa “margem”. Assim, para que o banco aufira algum lucro nessa operação, o valor pelo qual ele compra a moeda estrangeira (cotação de compra) deve ser menor que aquele pelo qual ele vende a mesma moeda (cotação de venda). COMENTÁRIO Podemos fazer agora um link com os dois contratos estudados anteriormente: o de compra (cuja taxa é a de compra) e o de venda (taxa de venda). Retomemos o exemplo do dólar americano em 25 de setembro de 2020: A cotação de venda é de: A cotação de compra é de: Se o banco, em determinado dia, comprar 1 milhão de dólares e o revender no mesmo dia, qual será seu lucro? Resposta: sua receita será dada pelo valor pelo qual ele vendeu esses dólares. 1 USD = 5,5667 BRL 1 USD = 5,5661 USD Ou seja: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Já a despesa dele será auferida pelo valor pelo qual ele comprou esses dólares: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal O lucro, portanto, será dado pela diferença entre receita e despesa: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Quando o banco realiza inúmeras operações diárias como as descritas acima, ele consegue administrar bem o seu risco cambial, permitindo reduzir esse spread. Quando essas negociações são menos abundantes, o spread tende a aumentar, já que o banco espera um retorno maior pelo risco adicional em que incorreu. Em outras palavras, pode-se dizer que um spread será tão menor quanto mais líquida for uma divisa. COMENTÁRIO As moedas com maior liquidez são, portanto, mais baratas para se operar no mercado internacional, já que elas possuem spreads menores, reduzindo os custos para importadorese exportadores. As moedas mais líquidas no cenário global são o dólar americano (USD), o euro (EUR), o iene (JPY) e a libra esterlina (GBP). COMO É CALCULADA A PTAX Até julho de 2011, a taxa PTAX era calculada como a taxa média ponderada pelo volume nas operações do mercado interbancário, havendo o expurgo de algumas operações específicas (outliers, operações intragrupo Receita = 1.000.000 × 5,5667 = R$5.566.700 Despesa = 1.000.000 × 5,5661 = R$5.566.100 Lucro = 5.566.700 − 5.566.100 = R$600 etc.) para que fossem evitadas possíveis distorções. Dessa média, diminuía-se 004 para a cotação de compra e somava-se 004 para a de venda. Com a maior participação do Brasil no comércio internacional, fez-se necessário alterar essa metodologia. Isso ocorreu com a edição da Circular BCB nº 3.506, de 23 de setembro de 2010. Desde então, a PTAX passou a ser calculada a partir de quatro consultas diárias do BCB aos operadores de câmbio. As duas maiores e as duas menores cotações são excluídas, calculando-se as médias simples de todas as cotações recebidas para compra e para venda. O BCB ainda verifica se essas taxas médias estão de acordo com as praticadas no mercado interbancário. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UM IMPORTADOR, QUE DESEJA ADQUIRIR MERCADORIAS DA CHINA NO VALOR DE 10 MILHÕES DE YUANS, CONSULTA O SITE DO BCB PARA SABER O VALOR DA COMPRA EM REAIS. DESSA FORMA, ELE OBTÉM A COTAÇÃO DE COMPRA IGUAL A 0,8155BRL/CNY E A DE VENDA, A 0,8160BRL/CNY. QUE VALOR EM REAIS SERÁ GASTO PELO IMPORTADOR SE ELE DECIDIR EFETUAR A COMPRA? A) R$8.155.000 B) R$8.160.000 C) R$12.262.415,69 D) R$12.254.910,96 E) R$10.815.500 2. UM BANCO OPERA NO MERCADO À VISTA DE DÓLAR COM UM SPREAD DE 05BRL/USD. SE ELE COMPRAR E VENDER 10 MILHÕES DE DÓLARES AMERICANOS EM UM SÓ DIA, QUAL SERÁ SEU LUCRO NESSA OPERAÇÃO? A) R$5.000 B) R$20.000 C) R$50.000 D) R$2.000 E) R$500.000.000 GABARITO 1. Um importador, que deseja adquirir mercadorias da China no valor de 10 milhões de yuans, consulta o site do BCB para saber o valor da compra em reais. Dessa forma, ele obtém a cotação de compra igual a 0,8155BRL/CNY e a de venda, a 0,8160BRL/CNY. Que valor em reais será gasto pelo importador se ele decidir efetuar a compra? A alternativa "B " está correta. Como o importador precisa comprar yuans, ele deve celebrar um contrato de venda de yuans com um agente de mercado (lembre-se de que, no contrato de venda, um agente de câmbio vende moeda estrangeira para sua contraparte). Por isso, deve-se utilizar a cotação de venda para efetuar a conversão. Desse modo, temos: Multiplicando-se os dois lados da igualdade acima por 10.000.000, obtemos: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal 2. Um banco opera no mercado à vista de dólar com um spread de 05BRL/USD. Se ele comprar e vender 10 milhões de dólares americanos em um só dia, qual será seu lucro nessa operação? A alternativa "C " está correta. Para cada dólar negociado, o banco aufere um lucro de 5 reais. Com isso, verificamos que o lucro total dele é de: 1 CNY = 0,8160 BRL 10.000.000 CNY = 8.160.000 BRL Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal MÓDULO 3 Reconhecer os diferentes regimes cambiais PRIMEIRAS PALAVRAS Alguns dos principais atores no mercado de câmbio são os governos nacionais. Como as flutuações das taxas de câmbio podem ter impactos na economia dos países, os governos atuam nesse mercado buscando alcançar maior estabilidade e um crescimento econômico. Neste módulo, delinearemos os diferentes tipos de políticas cambiais. Destacaremos ainda as crises cambiais que podem colocar em risco os objetivos – que foram apontados logo acima – de muitos países. POLÍTICA CAMBIAL Segundo o BCB, a política cambial “é o conjunto de medidas que define o regime de taxas de câmbio e regulamenta as operações de câmbio”. Fonte: (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020a) Essa política estabelece o funcionamento do mercado de câmbio e a gestão das reservas internacionais. Como vimos, a definição das regras de funcionamento do mercado de câmbio fica a cargo do Conselho Monetário Nacional (CMN). Entidade subordinada ao CMN, o Banco Central do Brasil (BCB) atua para garantir o cumprimento dessas regras. O BCB tem, portanto, papel fundamental na execução da política cambial, como veremos mais à frente. ATENÇÃO A política cambial e os movimentos das taxas de câmbio afetam diretamente a vida de todos os cidadãos. Muitos itens consumidos são afetados pelos valores do câmbio, desde o agronegócio, em que os preços de Lucro = 10.000.000 × 5 = 50.000 BRL alguns produtos e insumos são determinados pela moeda estrangeira, até a mineração e os produtos industrializados. Mesmo alguns bens produzidos no Brasil têm seu preço dependente de matéria-prima ou de peças adquiridas no exterior. Por outro lado, se uma taxa de câmbio muito apreciada (ou seja, com um Real forte) reduz a pressão externa nos preços de bens e serviços comercializados no país, ela tem o efeito de diminuir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, pois eles ficam mais caros em moeda estrangeira. A despeito do valor absoluto do câmbio, uma volatilidade muito grande nas taxas dificulta bastante a previsibilidade dos agentes econômicos, gerando incerteza e ineficiência na economia. REGIMES CAMBIAIS Por conta do que foi exposto anteriormente, uma das principais decisões tomadas pelo CMN é a definição do regime de câmbio a ser adotado no país. Esse regime pode ser fixo, flutuante ou administrado. REGIME DE CÂMBIO FIXO Como o próprio nome diz, a taxa de câmbio não se altera, sendo artificialmente mantida fixa pelo governo. Para manter essa taxa fixa, ele opera no mercado de câmbio, comprando e vendendo moeda estrangeira. Sua ação ocorre da seguinte forma: se a moeda estrangeira tende a se apreciar (ficar mais cara), o governo vende moeda estrangeira, aumentando sua oferta e reduzindo seu preço (cotação). Caso essa moeda se deprecie (fique mais barata), ele atua comprando-a, o que reduz sua oferta e aumenta sua cotação. Essas operações requerem a disponibilidade de grandes volumes de reservas para que o sistema funcione adequadamente. COMENTÁRIO O principal argumento para a utilização de câmbio fixo é o controle inflacionário. Segundo os defensores deste tipo de regime, atrelar o valor da moeda local a uma moeda estável pode evitar surtos de inflação. Seus críticos, por outro lado, argumentam que a manutenção artificial do câmbio em um valor fixo é de difícil sustentação em longo prazo, terminando inevitavelmente em uma crise cambial. Alguns países latino-americanos empregam atualmente este tipo de regime cambial, o que mantém suas moedas equiparadas ao dólar americano. Podemos citar como exemplos Equador, Panamá, El Salvador, Costa Rica, Haiti e Honduras. O regime de câmbio fixo foi adotado mais recentemente no Brasil na década de 1990 como forma de controlar a hiperinflação vivida pelo país até então. Essa estratégia foi bem sucedida desde então. Já na história econômica mundial, seu percurso é bastante interessante. PADRÃO-OURO Sistema monetário internacional utilizado entre 1870 e 1914, o padrão-ouro se baseava na teoria quantitativa da moeda elaborada por David Hume. Nesse sistema, cada banco era obrigado a converter as moedas em ouro sempre que houvesse o pedido para tal. O padrão-ouro consistia, portanto, em um regime cambial fixo com a moeda lastreada em determinada quantidade de ouro. Foto: Shutterstock.com Os países comprometiam-se a manter a paridade de suas moedas com o ouro, comprando-o e vendendo-o quando fosse necessário. Se o balanço de pagamentos de um país fosse deficitário, ele deveria vender ouro para manter a paridade monetária. Caso contrário, deveria importá-lo. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pôs um fim a esse sistema. BRETTON WOODS Em 1944, ainda durante a Segunda Grande Guerra, 44 países reuniram-se em Bretton Woods,localidade no estado de New Hampshire, para uma conferência. Foram definidas nela as regras de uma nova ordem monetária internacional. O acordo de Bretton Woods estabeleceu instituições que permanecem até os dias atuais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). COMENTÁRIO Com esse acordo, o dólar americano passou a estar vinculado ao ouro, em que cada onça troy (aproximadamente 28 gramas) correspondia a 35 dólares, enquanto os demais países comprometiam-se a manter suas moedas indexadas ao dólar. Os países podiam recorrer ao FMI para ajudá-los a manter essa indexação em situações mais difíceis. Em 1971, os Estados Unidos romperam o acordo, fazendo com que o dólar americano se tornasse a principal moeda de reserva internacional e que muitos países passassem a adotar o regime de câmbio flutuante. REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE Trata-se do regime cambial adotado atualmente no Brasil. No regime de câmbio flutuante, o valor das taxas de câmbio se dá livremente pelas condições de oferta e demanda do mercado. Se houver uma maior procura por moeda estrangeira, ela tenderá a se valorizar, depreciando a moeda local. Contudo, se a procura pela estrangeira for menor, sua tendência será a de se depreciar, valorizando a local. Vejamos um exemplo disso: Suponhamos que, em determinado momento, a taxa de câmbio entre reais (BRL) e dólares americanos (USD) seja tal que 1USD = 5BRL. Digamos agora que, devido a uma melhora no ambiente de negócios no Brasil e aos incentivos a grandes investimentos em infraestrutura, haja um grande fluxo de investidores estrangeiros em nossa economia. Neste caso, os dólares desses investidores serão convertidos em reais para poderem ser investidos nos projetos pelo Brasil. Isso fará com que a procura por reais aumente e ele se valorize frente ao dólar, ou seja, que este se deprecie frente àquele. Esse movimento gerará uma pressão na taxa de câmbio de tal forma que 1USD < 5BRL. Da mesma forma, se houver uma instabilidade política no país que afugente os investidores estrangeiros, eles converterão seus reais em dólares, ou seja, haverá um aumento na demanda por dólares, o que fará com que ele se valorize frente ao real. Desta vez, a pressão do mercado fará com que a taxa de câmbio seja tal que 1USD > 5BRL. A demanda e a oferta por moeda estrangeira decorrem das atividades econômicas, como, por exemplo, importações, exportações, turismo, investimentos estrangeiros no Brasil e de brasileiros no exterior, além de remessa de juros e amortizações a credores externos e de capitais e dividendos por empresas multinacionais. Com isso, a demanda e a oferta são bastante afetadas por problemas como inflação, taxas de juros, balanço de pagamentos, estabilidade política, segurança jurídica e perspectivas econômicas dos agentes. ATENÇÃO Um regime de câmbio flutuante não exclui o fato de que o governo, por meio do Banco Central, atua nesse mercado. Certamente, o BCB não fará isso com o objetivo de determinar a taxa de câmbio, que flutua livremente; contudo, sua atuação será fundamental para, como veremos adiante, manter a funcionalidade desse mercado. REGIME DE CÂMBIO ADMINISTRADO Esse regime também é chamado de regime de bandas cambiais, pois ele permite uma flutuação limitada da taxa de câmbio dentro de intervalos predeterminados (bandas cambiais). Dessa maneira, os governos estabelecem uma faixa cambial dentro da qual a taxa de câmbio pode flutuar livremente, intervindo apenas quando ela tende a sair do intervalo fixado. Imagem: Shutterstock.com CRISES CAMBIAIS Com o fim do acordo de Bretton Woods e a disseminação dos regimes de câmbio flutuante, observaram-se diversas crises cambiais no mundo, que passaram a ser o objeto de estudo de muitos economistas. Consideraremos crises do tipo os eventos em que a taxa de câmbio de determinado país sofre uma forte depreciação em curto espaço de tempo. Desenvolvidas após o estudo de diversos economistas, as três gerações de crises cambiais serão analisadas a seguir: CRISES CAMBIAIS DE 1ª GERAÇÃO Neste tipo de modelo, as crises cambiais são causadas pela conjugação de políticas internas que geram deficit fiscal e um regime de câmbio fixo. Como o deficit fiscal — quando o governo gasta mais do que arrecada — precisa ser financiado por emissão de dívida ou diminuição das reservas internacionais, os governos possuem um estoque limitado de reservas para manter o câmbio fixo. Essas políticas acabam por esgotar tais reservas, tornando impossível a manutenção do regime de câmbio fixo. Caso as reservas se esgotem, os países teriam de emitir mais moeda para financiar seu deficit, o que geraria uma desvalorização da moeda local. Nesse momento, passaria a ser mais vantajoso deter a moeda estrangeira: sua cotação aumentaria abruptamente. Na verdade, os agentes sabem que isso ocorrerá. Tão logo percebam que as reservas estão fadadas a esgotarem-se no futuro, eles se antecipam e convertem seus ativos de moeda local para moeda estrangeira, fazendo com que as reservas se esgotem imediatamente e a local tenha uma forte desvalorização. Esses modelos descrevem de certa forma as crises observadas no México e na Argentina na década de 1980. No entanto, eles não correspondem às vividas na Europa no início dos anos 1990. CRISES CAMBIAIS DE 2ª GERAÇÃO Os países que sofreram ataques especulativos na Europa, no início da década de 1990, não apresentavam as condições prévias descritas nos modelos de 1ª geração. Isso fez com fossem desenvolvidos os de 2ª geração. Enquanto as respostas dos governos eram automáticas nos de 1ª geração, os modelos de 2ª geração previam uma ponderação deles sobre os custos de se manter o regime de câmbio fixo, ainda que possuindo condições para tal. Esses custos estão relacionados a consequências, como, por exemplo, aumento do desemprego e das taxas de juros ou baixo crescimento (caso a opção seja manter o regime de câmbio fixo). Segundo esses modelos, haveria três situações de equilíbrio possíveis: Caso os fundamentos estejam deteriorados, a crise é inevitável; Caso eles estejam bons, não haverá crise; Caso sejam intermediários, qualquer desfecho é possível. No exemplo europeu, os países enquadravam-se no terceiro caso. Apesar de os fundamentos não estarem ruins, o alto desemprego gerava pressões políticas para a desvalorização cambial, o que favoreceu o ataque especulativo às moedas. CRISES CAMBIAIS DE 3ª GERAÇÃO No final da década de 1990, uma série de países asiáticos foi afetada por crises cambiais. Elas apresentavam características distintas, o que propiciou o desenvolvimento dos modelos de 3ª geração. A principal característica dessa crise foi seu ponto de origem: uma crise bancária. Ela suscitou o surgimento de outra crise, a cambial, a qual, por sua vez, agravou a crise bancária, gerando um círculo vicioso. Nesses modelos, a crise decorre do choque entre dois objetivos dos bancos centrais: manter o câmbio fixo ou garantir o bom funcionamento do sistema bancário. Como eles se tornem incompatíveis, o regime de câmbio fixo termina por ser abandonado. As crises asiáticas (1997), assim como a crise da Rússia (1998) e do México (1995), precipitaram o abandono do regime de câmbio fixo no Brasil em 1998. Neste vídeo, entenderemos melhor os modelos de crises cambiais de 1ª, 2ª e 3ª gerações. RESERVAS INTERNACIONAIS Vimos que, nos regimes de câmbio fixo e administrado, as reservas internacionais são fundamentais para permitir que seja mantida a cotação da moeda local fixa ou que ela permaneça dentro da banda cambial. No entanto, mesmo no regime de câmbio flutuante, as reservas internacionais desempenham um papel relevante. Podemos observar no site do BCB que as reservas internacionais são definidas como ativos em moeda estrangeira do Brasil, funcionando como uma espécie de seguro para o país fazer frente a suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, como, por exemplo, crises cambiais e interrupções nos fluxos de capitalpara o país. O site ainda traz a figura a seguir, que mostra o volume de reservas internacionais do Brasil desde setembro de 2010. Elas giram em torno de US$350 bilhões. Imagem: BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2020b Reservas internacionais brasileiras (out/2010 a out/2020). Com o regime de câmbio flutuante adotado pelo Brasil, as reservas internacionais permitem a manutenção do mercado de câmbio funcionando adequadamente com o Banco Central. O BCB administra essas reservas, podendo operar nesse mercado para atenuar oscilações bruscas do real frente ao dólar. Desse modo, em vez de tentar manter fixa a cotação da moeda, a entidade atua para atenuar a volatilidade excessiva do câmbio e manter a estabilidade sistêmica. Apesar de poder operar diretamente com as reservas, o Banco Central também usa outro expediente nesse trabalho de prover previsibilidade e segurança no câmbio: o swap cambial. Em inglês, o termo swap significa “troca”. Ele é um instrumento derivativo muito utilizado. A partir do contrato de swap cambial, o investidor recebe do BCB um valor correspondente à variação cambial do período, protegendo-se, assim, dessas variações do câmbio. Em troca, o investidor paga ao Banco Central a variação da taxa de juros brasileira: a taxa Selic. Como este tipo de contrato não exige desembolso inicial, o BCB consegue atuar no mercado cambial sem utilizar diretamente suas reservas internacionais. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DETERMINADO PAÍS TEM BAIXA INFLAÇÃO, DÍVIDA E BALANÇO DE PAGAMENTOS ESTABILIZADOS, ALÉM DE UM SIGNIFICATIVO ESTOQUE DE RESERVAS. MESMO ASSIM, ELE POSSUI ALTO DESEMPREGO E BAIXO CRESCIMENTO. APÓS SER ALVO DE UM ATAQUE ESPECULATIVO CONTRA SUA MOEDA, O PAÍS DECIDE ABANDONAR O REGIME DE CÂMBIO FIXO UTILIZADO ATÉ ENTÃO. QUAL MODELO DE CRISE CAMBIAL MELHOR DESCREVE ESSA SITUAÇÃO? A) Modelo de 1ª geração. B) Modelo de 2ª geração. C) Modelo de 3ª geração. D) Tanto o modelo de 1ª geração quanto o de 3ª explicam adequadamente a situação descrita no enunciado. E) Esta não é uma situação de crise cambial que possa ser explicada por modelos econômicos. 2. ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA. A) No regime de câmbio fixo, os governos atuam no mercado de câmbio para manter a taxa de câmbio artificialmente fixa. B) No regime de câmbio flutuante, a taxa de câmbio é determinada exclusivamente pela oferta e pela demanda por moeda local e estrangeira. C) O regime de câmbio administrado é um híbrido entre o câmbio fixo e o flutuante, com os governos definindo faixas em que a taxa de câmbio pode flutuar livremente. D) As reservas cambiais não são importantes no regime de câmbio fixo. E) O padrão-ouro pode ser considerado um sistema de câmbio fixo. GABARITO 1. Determinado país tem baixa inflação, dívida e balanço de pagamentos estabilizados, além de um significativo estoque de reservas. Mesmo assim, ele possui alto desemprego e baixo crescimento. Após ser alvo de um ataque especulativo contra sua moeda, o país decide abandonar o regime de câmbio fixo utilizado até então. Qual modelo de crise cambial melhor descreve essa situação? A alternativa "B " está correta. O modelo de 2ª geração prevê três equilíbrios possíveis: fundamentos deteriorados e colapso do regime cambial fixo; fundamentos sólidos e manutenção do regime; e, por fim, situação intermediária, em que o país decide abandonar (ou não) o regime de câmbio fixo graças aos custos envolvidos em sua manutenção. No enunciado, tais custos são o alto desemprego e o baixo crescimento. 2. Assinale a alternativa incorreta. A alternativa "D " está correta. Para um regime de câmbio fixo ser sustentável, é imperativo que os governos disponham de reservais cambiais adequadas para poderem operar no mercado de câmbio a fim de que a taxa de câmbio fixa seja mantida. MÓDULO 4 Descrever os principais derivativos cambiais DERIVATIVOS CAMBIAIS O que são derivativos? Os derivativos são ativos cujo valor “deriva”, no vencimento, do valor de outro ativo denominado ativo-objeto do derivativo. Os de câmbio são muito negociados pelo mundo, inclusive no Brasil. Os principais objetivos de um participante ao negociar no mercado de derivativos são: A especulação Apostar na alta ou na queda de um ativo-objeto. Ou O hedge Proteção contra a oscilação de preços do ativo-objeto. Os derivativos de dólar mais negociados no Brasil são o termo, o futuro, as opções e o swap cambial. MERCADO A TERMO DE DÓLAR O termo (forward , em inglês) é um derivativo que é negociado no mercado de balcão, ou seja, as contrapartes negociam diretamente sem que a transação passe por uma Bolsa de Valores. A compra do termo nada mais é do que a obrigação de comprar o dólar a uma determinada cotação em uma data futura. A venda do termo é o oposto: a obrigação de vender o dólar a uma cotação preestabelecida em uma data futura. NDF Sigla de Non-Deliverable Forward , o NDF é um contrato a termo em que não há a entrega do ativo- objeto COMENTÁRIO No Brasil, como o real tem curso forçado, as empresas não podem transacionar em dólar. Dessa forma, no mercado a termo, não existe a entrega dessa moeda. Tal mercado é classificado como um NDF. No Brasil, o mercado a termo é muito utilizado para as empresas se protegerem contra o risco cambial (cobertura cambial nas exportações e importações). Veremos em seguida como o contrato funciona com dois exemplos. EXEMPLO 1: Um importador tem um pagamento de US$1 milhão para daqui a um mês e quer garantir hoje o valor em reais do desembolso. Para se proteger, ele compra US$1 milhão a termo. A cotação contratada é de R$5,50/US$. Vamos supor as seguintes situações no vencimento: SITUAÇÃO 01 SITUAÇÃO 02 Dólar cotado a R$5,80 daqui a um mês: nesse caso, a empresa tem a obrigação de comprar por 5,50 algo que custa 5,80 e, dessa forma, recebe R$0,30 por dólar negociado (total de R$300 mil). A liquidação é feita em reais e é realizada pela diferença das cotações. Ao comprar os dólares para a importação, ela terá de pagar 1 milhão x 5,80: R$5,8 milhões. Como a empresa recebeu R$300 mil no termo, o desembolso final será de R$5,5 milhões (taxa de 5,50, que é a taxa do termo). Dólar cotado a R$5,30 daqui a um mês: a empresa tem a obrigação de comprar por 5,50 algo que custa 5,30, ou seja, tem que pagar R$0,20 por dólar negociado (total de -R$200 mil). Ao comprar os dólares para a importação, ela terá de desembolsar 1 milhão x 5,30: R$5,3 milhões. Como paga R$200 mil no NDF, o desembolso final dela também é de R$5,5 milhões. javascript:void(0) Conclusão: Independentemente da cotação daqui a um mês, o desembolso final líquido é de R$5,5 milhões, ou seja, agora o importador não tem mais risco cambial. EXEMPLO 2: Um exportador, que tem a receber US$2 milhões daqui a três meses, não quer correr risco cambial. Para se proteger, ele vende US$2 milhões a termo. A cotação contratada é R$5,50/US$. Vamos supor as seguintes situações no vencimento: SITUAÇÃO 01 SITUAÇÃO 02 Dólar cotado a R$5,80 daqui a três meses: nesse caso, a empresa tem a obrigação de vender por 5,50 algo que custa 5,80; assim, ela paga R$0,30 por dólar negociado (total de -R$300 mil). Ao vender os dólares recebidos na exportação, a empresa recebe 1 milhão x 5,80: R$5,8 milhões. Como pagou R$300 mil no termo, o recebimento líquido final dela será de R$5,5 milhões (taxa de 5,50, que é a taxa do termo). Dólar cotado a R$5,30 daqui a três meses: a empresa, nesse caso, tem a obrigação de vender por 5,50 algo que custa 5,30, recebendo R$0,20 por dólar negociado (total de R$200 mil). Ao vender os dólares da exportação, ela recebe 1 milhão x 5,30: R$5,3 milhões. Como a empresa recebeu R$200 mil no NDF, seu recebimento final também será de R$5,5 milhões. Conclusão: Qualquer que seja a cotação daqui a três meses, seu recebimento final líquido é de R$5,5 milhões, ou seja, o exportador agora mitiga seu risco cambial. LOGO No dia útil seguinte ao pregão da bolsa. MERCADO FUTURO DE DÓLAR Os contratos futuros são semelhantesaos a termo, mas possuem algumas diferenças importantes: por serem negociados em bolsa, eles são padronizados e possuem ajustes diários. O que é o ajuste diário? O ajuste diário é um mecanismo que a Bolsa utiliza para minimizar seu risco: a perdas e os ganhos diários que ocorrem devido à variação dos preços do ativo-objeto (no caso, o dólar) são logo pagos/recebidos. No mercado a termo, o fluxo de caixa só ocorre no vencimento. No Brasil, há dois mercados futuros de dólar: O mais tradicional, o dólar futuro, também chamado pelo mercado financeiro de “dólar futuro cheio”, cuja sigla é DOL. e Os minicontratos de dólar futuro, cuja sigla é WDO. Os minicontratos foram lançados pela Bolsa brasileira para estimular a participação de pessoas físicas no mercado. Eis algumas características do mercado de dólar futuro cheio: O objeto de negociação é a taxa de câmbio de reais por dólar dos Estados Unidos. Os contratos padrões são de US$50.000,00 (os minicontratos são de US$10.000,00). A data de vencimento é o primeiro dia útil (dia de pregão) do mês de vencimento do contrato. Os contratos são cotados em reais por US$1.000,00. javascript:void(0) O lote padrão é de 5 contratos (o dos minicontratos é 1 contrato). Apresentaremos a seguir um exemplo de especulação com contrato futuro de dólar cheio: Em uma segunda-feira, um investidor vendeu cinco contratos de dólar futuro a 5.208,300 para o próximo vencimento com o objetivo de apostar na queda do dólar. Ele saiu de sua posição na quarta-feira (compra de cinco contratos) a 5.185,600. Os preços de ajuste apurados pela Bolsa foram de 5.207,900 (segunda) e 5.195,400 (terça). Imagem: Shutterstock.com O valor do ajuste diário é calculado pela diferença das cotações multiplicado pelo tamanho do contrato (US$50.000) e pelo número de contratos. Dessa forma, os valores dos ajustes diários foram: AJUSTE REFERENTE À SEGUNDA: (5.208,300 - 5.207,900)/1.000 x 50.000 x 5 = R$100. AJUSTE REFERENTE À TERÇA: (5.207,900 - 5.195,400)/1.000 x 50.000 x 5 = R$3.125,00. AJUSTE DE SAÍDA (REFERENTE À QUARTA): (5.195,400 - 5.185,600)/1.000 x 50.000 x 5 = R$2.450,00. O ganho do investidor, sem contar com a taxa de juros de reinvestimento dos ajustes, é de R$5.675,00. Esse valor também poderia ser calculado apenas com as cotações de entrada e saída da operação. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Ganho total: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Devemos fazer algumas observações importantes sobre o exemplo acima: O investidor não precisa ficar até o vencimento no contrato futuro (diferentemente do que ocorre, na prática, no mercado a termo). O mercado futuro é bastante utilizado para as apostas na alta/queda do dólar. No exemplo acima, o especulador, vendido no dólar futuro, teve lucro pelo fato de esse derivativo ter caído. Entretanto, poderia ter tido prejuízo se ele subisse. OPÇÕES Qual a principal diferença entre as opções e os outros derivativos? O participante que possui a opção não tem a obrigação de exercer o contrato, e sim o direito de comprar ou vender o ativo em uma data futura. Exatamente por esse motivo, ela tem, ao contrário dos outros derivativos, um preço de negociação (denominado prêmio da opção). As opções podem ser de compra (call) ou de venda (put) . Quem possui uma opção de compra tem o direito de comprar o ativo-objeto na data de vencimento da opção (opção europeia) ou durante a vigência do contrato da opção (opção americana) por um valor combinado anteriormente. De maneira similar, quem possui uma opção de venda tem o direito de vender esse ativo. Vejamos agora um exemplo semelhante ao do importador no mercado a termo: Um importador tem um pagamento de US$1 milhão daqui a um mês e não quer correr risco cambial. Para se proteger, ele pode comprar US$1 milhão a termo por R$5,50/US$. Entretanto, ele não quer fechar esse (3. 208, 300 − 3. 185, 600)/1. 000 × 50. 000 × 5 = R$5. 675, 00. contrato, pois acha que o dólar valerá menos que R$5,30 no vencimento. A opção de comprar a moeda a R$5,60 pode ser comprada R$0,05. Imagem: Shutterstock.com O importador não compra o termo, pois ele não quer fechar a posição a R$5,50/$. Em vez disso, compra uma opção de comprar (call) cada dólar a R$5,60 por R$0,05. SITUAÇÃO 01 SITUAÇÃO 02 Dólar cotado a R$5,80 daqui a um mês: nesse caso, a empresa tem o direito de comprar por 5,60 algo que custa 5,80 e exerce seu direito. Dessa forma, ela recebe R$0,20 por dólar negociado (total de R$200 mil), mas paga R$0,05 de prêmio (desembolso de R$50.000). Ao comprar os dólares para a importação, a empresa tem de pagar 1 milhão x 5,80: R$5,8 milhões. Como, nessa opção, a empresa recebeu R$150 mil, o desembolso final será de R$5,65 milhões. Para qualquer valor maior ou igual a R$5,60/$ no vencimento, a empresa trava seu desembolso final em R$5,65 milhões. Dólar cotado a R$5,30 daqui a um mês: a empresa tem o direito de comprar por 5,60 algo que custa 5,30 e não exerce esse direito. A opção, nesse caso, não possui valor no vencimento. Ao comprar os dólares para a importação, a empresa precisa pagar 1 milhão x 5,30: R$5,3 milhões. Para qualquer valor menor que R$5,60/$ no vencimento, a empresa não exerce a opção e tem seu pagamento pela taxa de câmbio corrente. O fluxo de caixa líquido, nesses casos, é R$5,25 milhões, após se retirar o prêmio pago pela opção. Note que, na segunda situação, a empresa se beneficiou da queda do dólar (o fluxo de pagamento em um mês é menor do que no termo), e essa era a previsão dela pelo enunciado do exemplo. Assim, com tais opções, o importador apostou na queda do dólar ao mesmo tempo em que se protegeu quanto a uma grande alta dessa moeda. SWAP CAMBIAL Os swaps são trocas de fluxos de caixa em uma data futura com indexadores diferentes. No Brasil, os dois swaps que utilizam a variação cambial como indexador são o PRE x DOL e o DI x DOL. Como o swap DI x DOL tem muito mais transações, vamos nos fixar nele. O swap tem três características: o montante, que é o valor sobre o qual incidem os indexadores, os indexadores e o prazo. O swap DI x DOL entre a empresa A e o banco B tem o seguinte esquema: Imagem: Gustavo Araújo Em que M é o montante, enquanto cc é o cupom cambial (taxa de juros em dólar no Brasil), que é a taxa negociada entre A e B no swap . As setas mostram a direção do fluxo de caixa. Observemos um exemplo de hedge cambial com o swap DI x DOL: Uma empresa tem um recebimento de US$10 milhões daqui a um ano. A empresa é brasileira e não quer correr risco cambial. A taxa do swap é 2% a.a. e a cotação do câmbio, R$3,30/$. Observemos agora uma ilustração mostrando o swap : Imagem: Gustavo Araújo O prazo do swap coincide com o do recebimento do ativo da empresa: um ano. O montante escolhido para o swap é aquele que faz a empresa ficar sem risco cambial: US$10 milhões (trazidos a valor presente pela taxa do swap e transformado em reais). Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Note que, ao escolher esse montante, a empresa anula seus fluxos de caixa em dólar, uma vez que a ponta passiva do swap é igual ao ativo da empresa independentemente da cotação do dólar no vencimento. Dessa forma, já sabemos de antemão que o fluxo de caixa líquido da empresa é o montante do swap reajustado pela taxa DI do período e que a empresa não terá mais risco cambial. Suponha que, por exemplo, a taxa DI acumulada no momento da negociação até o vencimento tenha sido de 7,5% e que o dólar no vencimento seja de R$3,35/$ (portanto, a variação cambial foi de 1,5152%). Os fluxos de caixa da empresa (swap e exportação) são: Recebimento: 32.352.941,18 x (1+7,50%) = R$34.779.411,76 Pagamento = 32.352.941,18 x (1 + 1,5152%) x (1+2%) = R$33.500.000,00* Swap = R$1.279.411,76 Note ainda que a parte “pagamento” do swap é igual a US$10 milhões (para ver isso, basta dividir valor dorecebimento pelo dólar no vencimento) e, assim, anula o fluxo de caixa em dólar da exportação. OBSERVAÇÕES: *Se utilizarmos os valores mostrados, veremos que o valor será um pouco diferente de R$33.500.000,00, pois os números estão arredondados para apenas duas casas decimais. Coloque os valores em uma planilha: você verá que dá exatamente R$33.500.000,00. Isso vale para outros valores no exemplo também. O fluxo de caixa líquido (FCL) da empresa é o resultado do swap mais o seu ativo: Swap = R$1.279.411,76 Ativo = US$10 milhões x R$3,35/US$= R$33.500.000,00 FCL = R$34.779.411,76 Esse fluxo de caixa é exatamente o valor do montante do swap reajustado pela taxa DI acumulada no período. Esse fluxo não depende do dólar no vencimento; dessa forma, o exportador não corre mais risco cambial. Para qualquer outra variação cambial, o fluxo de caixa líquido é sempre o mesmo. M = × = R$32. 352. 941, 18$10MM 1+2% R$3,30 $ javascript:void(0) PRINCIPAIS DERIVATIVOS CAMBIAIS Neste vídeo, o especialista discorrerá sobre os principais derivativos cambiais negociados no mercado brasileiro. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE UMA DIFERENÇA ENTRE O CONTRATO DE DÓLAR FUTURO E O DE DÓLAR A TERMO. A) No futuro, as partes se conhecem; no termo, não. B) O futuro é negociado no mercado de balcão; o termo, na Bolsa. C) O futuro não tem garantia, enquanto o termo tem. D) O futuro é muito mais negociado no mundo que o termo. E) O futuro possui ajustes diários; o termo, não. 2. QUANTO VALE UMA OPÇÃO DE VENDA NO VENCIMENTO SE SEU PREÇO DE EXERCÍCIO É R$5,50/$ E SE O DÓLAR VALE R$5,70/$ NO VENCIMENTO DELA? A OPÇÃO DE VENDA CUSTOU R$0,03. A) R$0,20 B) R$0,17 C) Zero D) -R$0,17 E) -R$0,20 GABARITO 1. Assinale uma diferença entre o contrato de dólar futuro e o de dólar a termo. A alternativa "E " está correta. As três diferenças entre o mercado futuro e o mercado a termo são: a) o futuro é negociado em Bolsa; o mercado a termo, no mercado de balcão; b) o futuro é todo padronizado; o contrato a termo, não; c) o futuro tem ajustes diários, enquanto, no contrato a termo, o ajuste é realizado no vencimento. 2. Quanto vale uma opção de venda no vencimento se seu preço de exercício é R$5,50/$ e se o dólar vale R$5,70/$ no vencimento dela? A opção de venda custou R$0,03. A alternativa "C " está correta. Essa opção de venda fornece o direito de se vender por R$5,50 cada dólar. Entretanto, o dólar fechou a R$5,70 no vencimento. Esse direito não vale a pena ser exercido e vale zero no vencimento. Dessa forma, a opção não tem valor em seu vencimento. O prêmio de R$0,03 pago anteriormente não influencia no preço da opção em seu vencimento. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Discutimos vários aspectos do mercado de câmbio. Para isso, descrevemos sua estruturação e seus agentes, além de destacarmos a importância desse mercado para o comércio internacional. Vimos ainda como é feita a conversão de moedas. Em seguida, descrevemos a atuação do Banco Central no mercado cambial em duas frentes: no cálculo de diversas cotações (PTAX) ou na atuação para implantar o regime cambial definido pelo Conselho Monetário Internacional. Por fim, estudamos os modelos de crises cambiais recentes, ressaltando, com isso, a importância de se manter um sistema saudável para o bom funcionamento da economia e os principais derivativos de câmbio negociados no mercado brasileiro. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ARAUJO, G., LION, O.; BARBEDO, C. Mercado de derivativos no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Política cambial. Publicado em: 14 out. 2020a. Consultado na internet em: 31 maio 2021. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Reservas internacionais. Publicado em: 14 out. 2020b. Consultado na internet em: 31 maio 2021. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular nº 3.691, de 16 de dezembro de 2013. Regulamenta a Resolução nº 3.568, de 29 de maio de 2008, que dispõe sobre o mercado de câmbio e dá outras providências. Consultado na internet em: 31 maio 2021. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Circular nº 3.506, de 21 de setembro de 2010. Dispõe sobre a metodologia de apuração da taxa de câmbio real/dólar divulgada pelo Banco Central do Brasil (PTAX). Consultado na internet em: 31 maio 2021. EXPLORE+ Para saber mais sobre a PTAX, acesse o site do Banco Central e, em seguida, digite no campo de busca dele a seguinte frase: “A taxa de câmbio de referência Ptax”. Obtenha mais informações sobre a ISO 4217:2015 no site da ISO. Para tal, basta digitar “ISO 4217 currency codes” em seu campo de busca. CONTEUDISTA Paulo Miller CURRÍCULO LATTES Gustavo Araujo CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);
Compartilhar