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Aula 10

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GESTÃO DE CONTRATOS
CONTRATOS ELETRÔNICOS
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Analisar alguns dos conceitos acerca do que vem a ser o contrato eletrônico.
2. Saber as classificações dos contratos eletrônicos, como, por exemplo, contratos intersistêmicos, os
interpessoais e os interativos.
3. Conhecer os princípios que norteiam a contratação eletrônica, a saber: o da equivalência funcional em relação
aos contratos tradicionais, o da neutralidade e perenidade das normas reguladoras do ambiente digital e o da
conservação e aplicação das normas jurídicas existentes.
4. Refletir sobre a importância do princípio da boa-fé objetiva quando nos referimos a contratos eletrônicos.
Introdução
O desenvolvimento do comércio eletrônico é uma realidade indubitável nos dias atuais, mas ele traz consigo uma
série de situações que, do ponto de vista jurídico, devem ser observadas com muito cuidado, uma vez que ainda
não existe uma lei específica para regulá-lo em nosso país. Os contratos firmados por meio da Internet têm os
mesmos efeitos e criam as mesmas obrigações dos contratos tradicionais.
Apesar de já existirem alguns projetos de lei para regulá-los em nosso país, por enquanto, os princípios que o
regem são, por meio da analogia e integração, os mencionados no Código Civil, e, quando o negócio jurídico se
referir a contrato de consumo, aplicam-se as normas do Código de Defesa do Consumidor.
Como sua utilização é cada vez mais frequente, e como alguns riscos que possam vir a prejudicar qualquer das
partes contratantes são possíveis nesse tipo de contratação, vemos que o princípio da boa-fé objetiva tem cada
vez mais importância nessa esfera jurídica, portanto, sua observação e estudo devem ser uma constante quando
nos referimos a contratos eletrônicos.
Conceituação
Você sabe qual o conceito de contrato eletrônico?
As opiniões são unânimes:
Oliver Iteanu
Diz que o contrato eletrônico é o encontro de uma oferta de bens ou serviços que se
exprime de modo audiovisual através de uma rede internacional de telecomunicações e de
uma aceitação suscetível de manifestar-se por meio da interatividade.
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Semy Glanz
Se refere àquele que é celebrado por meio de programas de computador ou de aparelhos
com tais programas, e que dispensam assinatura ou exigem assinatura codificada ou senha.
Sheila Leal
Para ela, eletrônico é o meio utilizado pelas partes para formalizar o contrato dito
eletrônico, no qual o computador é utilizado como meio de manifestação e de
instrumentalização da vontade das partes.
Pare e pense: e se o inverso acontecer?
No caso do inverso acontecer, isso não ocorre. Se a parte toma conhecimento de determinada oferta através da
Internet (correio eletrônico ou página da web), mas manifesta sua vontade de contratar, através de forma
escrita, em suporte de papel, não há que se falar de contrato eletrônico.
Outra consideração importante a ser feita diz respeito aos elementos subjetivos de validade dos contratos:
• Consentimento válido;
• Princípio da função social do contrato;
• Capacidade das partes;
• Boa fé objetiva (visa coibir abusos e injustiças quando se estuda contratação de serviços ou produtos);
• Equilíbrio contratual (estes princípios estão presentes nos contratos ditos tradicionais).
Todos eles são válidos para os contratos eletrônicos, os quais seguem a regulamentação básica que rege
os contratos em geral
Contratos eletrônicos e contratos informáticos (ou derivados da informática) são a mesma coisa?
O que você acha?
A resposta é NÃO. Os contratos informáticos se referem àqueles que possuem objeto contratual voltado ao
ambiente digital, tais como os contratos de fornecimento de conteúdos a website, assim como também os
contratos de desenvolvimento de website, os contratos de criação e veiculação de anúncios publicitários em
Internet, os contratos de hot-sites (que se destinam a desenvolver websites temporários para o lançamento de
novas marcas, produtos e promoções) e os contratos de compra e venda de domínios da Internet.
E qual a distinção entre contratos concluídos por computador e contratos executados por computador?
• Contratos concluídos
De acordo com LEAL, nos contratos concluídos por computador, este atua corno mecanismo que
intervém no processo de formação e manifestação da vontade negocial, mediante a elaboração de dados
que são fornecidos pelas partes como etapa do processo de desenvolvimento da relação jurídica de
natureza contratual.
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Contratos executados
Nos contratos executados por computador, este serve apenas para sua execução, ajustes ou
implementação de acordo já previamente aperfeiçoado, o qual não se dá por meio eletrônico. Todas as
fases de formação do contrato são percorridas pelo meio tradicional. Eles só serão classificados como
eletrônicos se as partes contratantes manifestarem sua vontade através de veiculação de mensagens
eletrônicas.
O que são contratos eletrônicos em sentido estrito?
São aqueles que, de acordo com o que nos ensina Ruperto Pinochet Olave, são escritos em suporte eletrônico e
que são firmados digitalmente pelas partes.
Para esse autor, a denominação contratos eletrônicos, em sentido amplo, envolve todos aqueles que são
eletronicamente consentidos, e que tal consentimento tenha se dado por meios eletrônicos que não precisam ser
necessariamente o computador, mas que também incluem aqueles realizados através de telefone, fax e telégrafo.
Atenção
Nos países onde já existe legislação específica para regulamentar o comércio eletrônico e as assinaturas
eletrônicas, tais contratos se revestem da mesma força probatória dos contratos escritos e firmados em meio
físico.
Classificação
Vamos ver agora como se classificam os contratos.
Como, até o momento, não existe ainda uma legislação própria que regule o contrato eletrônico em nosso país,
podemos afirmar que eles incluem-se na categoria de contratos atípicos e de forma livre. Não obstante, o seu
conteúdo poder estar disciplinado em lei. Um bom exemplo é a locação ou a compra e venda.
No entanto, há uma outra classificação sistemática desse tipo de contrato que considera o grau de interação
entre o homem e a máquina, e que foi proposta por Pereira dos Santos e Marisa Delapieve Rossi.
De acordo com esses estudiosos do Direito, os contratos eletrônicos podem ser classificados:
Intersistêmicos
Os são aqueles utilizados entre empresas para as relações comerciais decontratos eletrônicos intersistêmicos
atacado, caracterizando-se pelo fato de a comunicação entre as partes operar-se em redes fechadas de
comunicação, através de sistemas aplicativos previamente programados.
Nesse tipo de contratação há a utilização do sistema EDI – Electronic Data Interchange – que permite a
comunicação entre os diferentes equipamentos de computação das empresas, por meio de protocolos, mediante
os quais serão processadas e enviadas as informações.
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As empresas que utilizam o EDI disciplinam e detalham os direitos e obrigações, assim com também as
atribuições de cada parte contratante antes do inicio das operações comerciais eletrônicas. Após a programação
de tais programas aplicativos não há mais manifestação de vontade humana. As máquinas operam
automaticamente, sem qualquer intervenção do homem.
Alguns estudiosos do Direito discutem o fato de que, em tal tipo de contratação a teoria geral dos contratos
tradicionais não dá conta de solucionar possíveis problemas nele ocorridos, pois pode ocorrer de os sujeitos
ignorarem a conclusão dos contratos que é feita por máquinas, e, assim sendo, é de se indagar em que momento
se consideraria externada a vontade humana psicológica, elemento essencial à formação do negócio jurídico.
Interpessoais
Os são aqueles em que a comunicação entre as partes contratantes,contratos eletrônicos interpessoais
pessoas físicas ou jurídicas, se dá através de computador, tanto no momento da proposta, como também no
momento da aceitação e instrumentalizaçãodo acordo. Tal contratação é feita por correio eletrônico,
videoconferência ou salas de conversação (chats).
Como as mensagens transitam na rede e percorrem diferentes caminhos até chegarem ao destinatário final, tais
contratos são considerados como contratos a distância e equiparados a contratos por carta.
As salas de conversação, ou chats, permitem a comunicação direta entre as partes, em tempo real, e por isso são
comparáveis à contratação via telefone.
Érica Barbagalo, no que concerne o contrato eletrônico interpessoal, sugere uma distinção entre contratos
simultâneos, quando celebrados em tempo real online, e que propiciam interação imediata das vontades das
partes, e que, por isso, podem ser considerados como contratos entre presentes, assim como também há os não
simultâneos, quando há um espaço mais ou menos longo de tempo entre a manifestação de vontade de uma das
partes e a aceitação pela outra parte. Os contratos por correio eletrônico são exemplos de tal categoria e são
equiparados aos contratos entre ausentes.
Interativos
Há também os contratos eletrônicos interativos, também conhecidos como contratos por clique ou clickwrap,
forma mais comum no mercado de consumo, nos quais a comunicação entre as partes se dá por meio da
interação entre uma pessoa e um sistema aplicativo previamente programado.
Exemplo
Exemplos desse tipo de contrato são aqueles realizados quando se acessa um site, ou loja virtual, o qual mantém
de forma permanente no ambiente digital a oferta de produtos, serviços e informações. No momento em que a
oferta é feita ao público, considera-se manifestada a vontade do fornecedor. Já no momento em que o
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consumidor acessa o sistema aplicativo e com ele interage, preenchendo os campos eletrônicos e confirmando
seus dados, considera-se manifestada e concluída a sua aceitação.
O teor das cláusulas e condições desse tipo de contrato é pré-estabelecido unilateralmente pelo fornecedor, e o
consumidor simplesmente as aceita ou não. Por essa característica, tal tipo de contrato é considerado como
sendo um contrato de adesão.
Os contratos interativos se equiparam aos contratos a distância uma vez que são realizados com intermediação
do computador sem que as partes contratantes estejam presentes no momento de sua conclusão, e que por isso,
fazem uso das normas de contratação a distância, inclusive as que se referem à proteção dos direitos do
consumidor.
Temos ainda um outro tipo de classificação que tem como base o meio eletrônico usado para a
instrumentalização do acordo de vontades das partes contratantes.
São considerados:
Contratos em rede aberta
Realizados via internet
Contratos em rede fechada
Realizados por intranet, como por exemplo o EDI, os quais só podem ser acessados por aqueles que dispeem de
habilitacào prévia específica para tal.
Princípios
Princípios da contratação eletrônica
Todos os princípios aplicáveis ao Direito dos Contratos tradicional são aplicáveis aos contratos eletrônicos.
No entanto, existem alguns princípios que se referem exclusivamente a estes últimos, e que foram propostos
pela regulamentação norte-americana de 1996, conhecida como Lei Modelo da Uncitral – United Nations
Commission on International Trade Law. As normas por ela sugeridas devem ser seguidas pelos países que
utilizam tal tipo de comércio, e visa ela a criação de um ambiente internacional propício para o desenvolvimento
dos negócios virtuais.
Sobre os princípios, são eles:
• Equivalência funcional
• Neutralidade e perenidade das normas reguladoras do ambiente digital
• Conservação e aplicação das normas jurídicas existentes
• Boa fé objetiva
Clique nos links para ver o conceito de cada princípio:
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_equivalenciafuncional.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_neutralidadeeperenidade.pdf
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http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_equivalenciafuncional.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_neutralidadeeperenidade.pdf
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http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_conservaplicacaonormas.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_boafeobjetiva.pdf
Jorge José Lawand nos lembra que a Internet não cria um espaço livre que seja alheio ao Direito tradicional.
As normas vigentes aplicam-se ao contrato eletrônico como a quaisquer outros negócios jurídicos, logo, os
preceitos encontrados no Código Civil Brasileiro continuam sendo aplicados e no caso de se tratar de contrato
referente à relação de consumo, o diploma legal a ser observado é o Código de Defesa do Consumidor.
Leal nos ensina que, mesmo após a regulamentação específica por lei da contratação por meio eletrônico, em
razão do princípio da conservação, as normas e os princípios gerais reguladores do direito contratual
continuarão sendo aplicados aos contratos eletrônicos.
O que vem na próxima aula
Nesta aula você estudou, de forma resumida, acerca de contrato bancário, além das características de seus
principais tipos.
Na próxima aula estudaremos os contratos eletrônicos, seu conceito, classificação e princípios da contratação
eletrônica.
Até lá!
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• viu o conceito acerca do que é o contrato eletrônico, que tem muitas interpretações possíveis, 
dependendo do autor que estejamos estudando, mas todos são unânimes em reconhecer que o contrato 
eletrônico gera as mesmas obrigações para as partes contratantes e deve seguir os mesmos princípios 
Saiba mais
• LEAL, S. R. C. S. Contratos Eletrônicos: validade jurídica dos contratos via 
internet. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2007. – páginas 78 a 97; Anexo A – 
Projeto de Lei número 1.589, de 1999 (páginas 183-198) e Anexo B – Projeto de 
Lei número 4.906, de 2001, páginas 199-215.
• Código de Defesa Do Consumidor, Lei 8.078 / 1990.
• Novo Código Civil (2002).
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http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_conservaplicacaonormas.pdf
http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/DIS014/doc/07GC_aula10_boafeobjetiva.pdf
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dependendo do autor que estejamos estudando, mas todos são unânimes em reconhecer que o contrato 
eletrônico gera as mesmas obrigações para as partes contratantes e deve seguir os mesmos princípios 
adotados nos contratos tradicionais.
• aprendeu, por meio da analogia e da integração, que temos que seguir as recomendações dispostas no 
Código de Defesa do Consumidor e no atual Código Civil para compor os possíveis problemas advindos de 
negócios jurídicos realizados através de meio eletrônico, enquanto não se tem uma lei específica para 
regulá-los. Vimos também que já há, no país, vários projetos de lei em trâmite, no Congresso Nacional, 
voltados à disciplina jurídica do comércio eletrônico, com destaque para o Projeto 1.589/99, da OAB do 
Brasil, seccional de São Paulo, e também o Projeto 4.906 / 2001.
• percebeu a importância que o princípio da boa-fé objetiva exerce, no concernente a contratos 
eletrônicos, principalmente porque através deles são possíveis de ocorrer fraudes e outras situações que 
podem vir a prejudicar seus contratantes.
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	Olá!
	
	Contratos concluídos
	Contratos executados
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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