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Comércio Eletrônico, Internacional e Transgênicos

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1 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 
UNIDADE 2 – DIREITO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................................... 4 
2.1 INTERNET............................................................................................................. 4 
2.2 COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................................................................................ 6 
2.2.1 Deveres dos Provedores frente aos Consumidores Virtuais ..................... 11 
2.3 LEGISLAÇÃO PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................................................ 13 
2.4 PRIVACIDADE E SEGURANÇA ................................................................................ 15 
2.5 DOCUMENTO ELETRÔNICO E SUA PROVA ............................................................... 19 
2.6 CONTRATOS ELETRÔNICOS.................................................................................. 21 
2.7 PRINCÍPIOS JURÍDICOS APLICADOS AO COMÉRCIO ELETRÔNICO ............................... 25 
2.8 PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NO COMÉRCIO ELETRÔNICO....................................... 27 
UNIDADE 3 – DIREITO INTERNACIONAL .............................................................. 30 
3.1 INICIATIVAS INTERNACIONAIS RELATIVAS AO COMÉRCIO ELETRÔNICO ....................... 31 
UNIDADE 4 – PRODUTOS TRANSGÊNICOS E OS DIREITOS DOS 
CONSUMIDORES ..................................................................................................... 43 
4.1 BIOTECNOLOGIA E PRODUTOS TRANSGÊNICOS OU ALIMENTOS GENETICAMENTE 
MODIFICADOS (OGM) ............................................................................................... 47 
4.2 BIOÉTICA E BIODIREITO ....................................................................................... 49 
4.3 LEI DE BIOSSEGURANÇA NO BRASIL ..................................................................... 56 
4.4 RELAÇÕES DOS TRANSGÊNICOS E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR ........................... 61 
4.5 SEGURANÇA ALIMENTAR E RESPONSABILIDADE CIVIL .............................................. 65 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 
 
2 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
O comércio eletrônico é tão novo e revolucionário que até o momento, não 
se sabe ao certo qual seu impacto real na economia, seja a nível local ou nível 
nacional e internacional, mas certo é que como as demais relações entre os seres 
humanos, quer sejam sociais ou econômicas, este tipo de comércio necessita de 
regulamentação. 
Os participantes desse novo tipo de comércio não podem ficar indiferentes e 
precisam se posicionar, investindo em equipamentos, programas, treinamento de 
pessoal, assim como o operador do direito deve tomar uma posição quanto a ele, 
tem que acompanhar, ou pelo menos, tentar acompanhar a velocidade deste meio 
de comunicação que é, na verdade, uma terceira evolução social revolucionária 
(grosso modo, podemos dizer que a invenção da roda poderia ser a primeira e a 
revolução industrial a segunda evolução social mais importante para o ser humano). 
Propriedade intelectual, direitos autorais, aspectos tributários, privacidade 
nas transações e proteção ao consumidor são apenas alguns dos aspectos que 
dizem respeito ao comércio eletrônico. Cada um, claro, com sua devida importância 
e que merece uma correta formulação e dimensionamento do assunto. 
Focaremos a proteção ao consumidor, foco deste curso, o que passa por 
conceitos, definições, além de discussões sobre os contratos, as provas, a 
privacidade e a legislação obviamente. 
Outros dois tópicos a serem discutidos são as iniciativas internacionais 
relativas ao comércio eletrônico, afinal de contas, via internet, as barreiras se 
esvaem; e, a questão polêmica dos alimentos transgênicos, a rotulagem e a 
legislação via Código de Defesa do Consumidor, visto que na área jurídica, os 
operadores do direito devem estar preparados para lidarem com as situações em 
que se encontra a sociedade, ou seja, sem informações verdadeiras e reais a 
respeito dessa tecnologia dos alimentos transgênicos. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
3 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
inúmeras outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de 
todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao 
longo dos estudos. 
4 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
UNIDADE 2 – DIREITO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO 
 
Devido a realização do comércio eletrônico (via internet), utilizar-se da 
comunicação, é área que se aproxima do Direito das Telecomunicações; igualmente 
por minimizar as distâncias e muitas vezes através da internet serem realizados 
negócios internacionais, se aproxima do Direito Internacional; mas decorre da 
própria expressão “comércio eletrônico” que seu núcleo é o vocábulo comércio, 
portanto, inquestionável que o ramo do Direito que disciplina o comércio é o Direito 
Comercial. Quando ocasiona infrações penais, como normalmente é o caso da 
invasão de privacidade, difamação, calúnia, o Direito Penal será cabível para dirimir 
os conflitos. Como não se restringe à compra e venda de mercadorias, mas também 
aquisição de serviços por via eletrônica, sua relação é regrada pelo Direito Civil, ou 
quando estiver presente, uma relação de consumo, pelo Direito do Consumidor. 
Como se vê, o comércio eletrônico se aproxima de vários ramos do Direito, 
cada um deles, sendo invocado quando necessário. 
O que nós buscaremos é entender o comércio eletrônico como uma 
realidade econômica e jurídica passível de trazer mudanças sociais, culturais, 
comportamentais, inclusive, no consumo do comércio e circulação de produtos e 
serviços locais, repercutindo na melhoria da qualidade de vida, na busca do pleno 
emprego e na construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária conforme 
art. 3º, I da CF/88. 
 
2.1 Internet 
O desenvolvimento da Internet (redes de comunicações em escala mundial 
que utiliza as novas tecnologias através de computadores interligados por 
protocolos, permitindo acesso e transferência de dados) e a sua exploração 
comercial parecem criar mudanças sociais tão contundentes quanto as vivenciadas 
durante a RevoluçãoIndustrial, só que de maneira mais rápida. 
A linguagem universal de hoje é eletrônica! Gira em torno de bytes, 
megabytes, gigabytes, terabytes! 
Via internet, as pessoas se conhecem, sem se encontrarem fisicamente; 
fazem negócios, adquirem produtos e serviços com uma praticidade nunca antes 
imaginada. Assim como aprendem novas matérias e adquirem novos conhecimentos 
5 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
ao explorar as inúmeras possibilidades oferecidas pelos mais diversos sites, isto é, 
pelo conjunto de páginas da web, onde temos hipertextos acessíveis. 
Como diz MARIA EUGÊNIA FINKELSTEIN (2010, p. 6) “o mais assustador 
de tudo isso é que na maior parte das vezes essas atividades são desenvolvidas 
sem que as pessoas cheguem a se encontrar”. 
Em relação ao comércio que acontece via internet, informações do Comitê 
Executivo de Comércio eletrônico no Brasil, órgão da Secretaria de Tecnologia 
Industrial vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 
mostra a evolução nos últimos anos, conforme gráfico abaixo: 
 
Fonte: Vidonho Junior et al (2010). 
 
É importante ressaltar que nem todos os produtos encontram ampla 
aceitação de venda em sites de comércio eletrônico, e as pesquisas de viabilidade 
do negócio são imprescindíveis do ponto de vista empresarial para que se não tenha 
insucessos nas vendas, muito embora os produtos e serviços procurados na web se 
diversificam a cada dia. Por exemplo, não nos parece economicamente viável a 
venda de materiais de construção via web. Dentre as categorias de produtos mais 
vendidos em 2009, os livros e assinaturas de revistas e jornais ocupa o primeiro 
lugar, seguido pelo setor de saúde, beleza e medicamentos. Em terceiro lugar temos 
os eletrodomésticos, informática em 4º e eletrônicos em 5º. 
Essas são justificativas mais que suficientes para que os pesquisadores e os 
pensadores, dentre outros, se debrucem sobre a matéria com propósitos de 
conhecer profundamente esses caminhos que ainda são escuros, mas que 
aprimoram e se modificam quase na velocidade da luz, e regulamentar esse meio, 
6 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
uma vez que, pensando no ser humano, no consumidor, este está à mercê e precisa 
ser protegido. 
 
2.2 Comércio eletrônico 
Numa acepção bem simples, entende-se comércio eletrônico como a 
compra e venda de produtos ou prestação de serviços, realizados em 
estabelecimento virtual. 
Os negócios eletrônicos (e-business), entre os quais temos o comércio 
eletrônico (e-commerce), são hoje fundamentais para a modernização do setor 
produtivo, pois permitem ampliar e diversificar mercados e aperfeiçoar as atividades 
de negócios. O comércio eletrônico apresenta taxas de crescimento sem paralelo, 
tanto nas transações entre empresas e consumidores, como nos negócios entre 
empresas, que é onde atualmente se realiza o mais alto nível de geração de receita. 
Entretanto, atuar no ambiente dos negócios e comércio eletrônico requer que tanto 
produtores de bens e serviços quanto consumidores estejam conectados às redes 
digitais e capacitados para operá-las adequadamente. Para isso, é preciso ampliar, 
facilitar e baratear o acesso às redes de comunicação e proporcionar as informações 
e os meios necessários para que pessoas e empresas sejam capazes de operar nas 
novas modalidades de negócios e comércio (BRASIL, 2000). 
Para LUIZ ALBERTO ALBERTIN (1999), por comércio eletrônico, pode-se 
entender a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num 
ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação 
e de realizados de forma completa ou parcial, incluindo as transações negócio-a-
negócio, negócio-a-consumidor e intraorganizacional, numa infraestrutura 
predominantemente pública de fácil e livre acesso e baixo custo. 
Segundo FÁBIO ULHOA COELHO (2000), “a circunstância de a venda ter se 
realizado num estabelecimento físico ou virtual em nada altera os direitos dos 
consumidores”. 
Já no entendimento de MARCO AURÉLIO GRECO (2000), o uso termo 
“comércio”, na expressão “comércio eletrônico”, revela-se equivocado, uma vez que 
o vocábulo vem sendo empregado para designar dois tipos distintos de atividades. O 
primeiro, tipicamente de intermediação comercial, compreende negócios que têm 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
por objeto bens corpóreos e que implicam no impulsionamento de mercadorias em 
direção ao consumo. Já o segundo tipo não corresponderia exatamente a uma 
atividade mercantil ou comercial, porquanto compreenderia também prestações de 
serviço realizadas num ambiente eletrônico. 
Comércio eletrônico é a venda de produtos (virtuais ou físicos) ou a 
prestação de serviços realizados em estabelecimento virtual. A oferta e contrato são 
feitos por transmissão e recepção eletrônica de dados. O comércio eletrônico pode 
realizar-se através da rede mundial de computadores (comércio internáutico) ou fora 
dela (COELHO, 2010, p. 32). 
Para MARIA EUGÊNIA REIS FINKELSTEIN (2004, p. 52), várias são as 
definições de comércio eletrônico. Alguns o definem como uma forma de EDI 
(Eletronic Data Interchange), ou seja, uma troca de dados por computadores e 
outros equipamentos eletrônicos sem que se recorra à produção de um suporte de 
papel. Outros, como a venda de quaisquer produtos ou serviços mediante a 
utilização da Internet. 
A autora prefere, no entanto, a definição de Gilberto Marques Bruno, 
segundo a qual o comércio eletrônico nada mais é do que uma modalidade de 
compra a distância, consistente na aquisição de bens e/ou serviços, através de 
equipamentos eletrônicos de tratamento e armazenamento de dados, nos quais são 
transmitidas e recebidas as informações. 
CLÁUDIA LIMA MARQUES (2004), considerando a definição de 
comunicações comerciais trazida pelo art. 2º da Diretiva 2000/31/CE (União 
Europeia), faz a distinção entre comércio eletrônico stricto sensu e comércio 
eletrônico lato sensu. 
Podemos definir comércio eletrônico de uma maneira estrita, como sendo 
uma das modalidades de contratação não presencial ou a distância para a aquisição 
de produtos e serviços através do meio eletrônico ou via eletrônica. De maneira 
ampla, podemos visualizar o comércio eletrônico como um novo método de fazer 
negócios através de sistemas e redes eletrônicas (RIBEIRO, 2009). 
A visão ampla, ou seja, o comércio eletrônico lato sensu, abrange toda forma 
de transação ou troca de informação comercial, consequentemente, torna-se 
possível a existência de todas as formas contratuais (os de envio de bens materiais, 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.os de envio de bens imateriais e os de serviços) e todas as fases do negócio jurídico 
realizado entre o fornecedor e o consumidor (MARQUES, 2004, p. 40). 
No mesmo sentido, RICARDO LORENZETTI (2004) assevera que como 
consequência lógica das atividades oriundas do comércio eletrônico lato sensu há 
diversas relações jurídicas que se classificam nas quatro modalidades (empresários 
e empresários – B2B; empresários e consumidores – B2C; empresários e governo – 
B2G; consumidores e governo – C2G). 
Dentro desse conceito amplo de consumo, ou mais especificamente contrato 
de consumo via transferência de dados eletrônicos que faz circular produtos e 
serviços no mercado local, regional e mundial, observam-se várias relações 
contratuais, tendo em vista inclusive a informação como produto de comércio. 
Segundo JAMES A. O’BRIEN (2004), definimos como e-commerce a compra 
e venda por meios digitais. E-business além de abranger o e-commerce, 
compreende aplicativos de escritório, tanto os internos como os de relacionamentos 
externos, que compõem o motor da empresa moderna. E-business não é apenas o 
conjunto de transações de e-commerce é uma redefinição do velho modelo de 
empresa com a ajuda da tecnologia para maximizar o valor para o cliente. 
O e-commerce engloba a realização de negócios por meio da Internet 
incluindo a venda, não só de produtos e serviços físicos, entregues off-line: isto é, 
por meios tradicionais, mas também de produtos como software, que podem ser 
digitalizados e entregues online por meio da Internet nos segmentos de mercado 
business-to-business (B2B), que envolve mercados eletrônicos e ligações diretas 
entre empresas. No seminário “mercado B2B.com.br – negócios entre empresa via 
Internet” constatou-se que as empresas instaladas no Brasil estão buscando cada 
vez mais a automação de seus negócios. O Brasil se destaca no setor bancário, em 
que as transações financeiras pela Internet já são quase tão populares quanto nos 
Estados Unidos (LIMEIRA, 2003). 
A filosofia Business to Business ganhou espaço a partir do final dos anos 90. 
Com isso aumentou a competição pela concorrência. Hoje, praticamente, toda 
empresa idônea tem seu site para se conectar com o mundo. Muitas empresas 
oferecem a seus clientes Websites seguros de catálogos de e-commerce na Internet 
ou extranet. São também muito importantes os portais de e-commerce B2B que 
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oferecem leilões e mercados de trocas para empresas. Outras podem contar com 
Intercâmbio Eletrônicos de Dados (EDI) pela Internet ou extranets para a troca, de 
computador a computador, de documentos e de e-commerce com seus maiores 
clientes e fornecedores. Já o business-to-consumer (B2C) é aquele que as 
empresas precisam desenvolver praças de mercado eletrônicos atraentes para 
seduzir seus consumidores e vender produtos e serviços a eles. Muitas empresas, 
por exemplo, oferecem Websites de e-commerce que fornecem fachadas de lojas 
virtuais e catálogos multimídia, processamento interativo de pedidos, sistemas 
seguros de pagamento eletrônicos e suporte online ao cliente (O’BRIEN, 2004). 
Assim, relações contratuais de comércio eletrônico envolvem o cidadão 
(conssumer – C), o empresário (business – B) e o governo (governament – G) 
conforme o esquema abaixo: 
 
Fonte: Brasil (2000) – Livro Verde 
 
Abaixo temos explicações mais detalhadas sobre a doutrina que reconhece 
algumas formas de relações jurídico-contratuais entre os estabelecimentos 
eletrônicos, quais sejam: 
a) B2B – (business to business) – os internautas ou usuários de redes de 
computadores compradores são também empresários, assim a relação se dá 
através de contrato de consumo ou aquisição entre duas empresas, por exemplo, 
americanas.com adquire via compra em website de material de expediente de outra 
empresa de comércio eletrônico; 
O B2B envolve relações comerciais entre empresas quanto à 
comercialização de produtos e prestação de serviços entre produtores, fabricantes, 
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fornecedores e importadores, sem a participação direta do consumidor final. As 
mercadorias adquiridas pelo B2B normalmente são produtos, insumos e suprimentos 
por parte das empresas, com a Internet integrando as partes (FENKELSTEIN, 2010). 
b) B2C – (business to consumer) – os internautas são consumidores (CDC – 
art. 2º) que adquirem os produtos das empresas através de meios digitais, ou mais 
comumente denominados de home pages (ex.: www.americanas.com.br); 
O B2C é ditado por relações de consumo do tipo fornecedor-consumidor. 
Neste sentido, mediante a utilização da Internet, as empresas, na qualidade de 
produtoras e/ou fabricantes e/ou distribuidoras, vendem seus produtos ao 
consumidor final. É o chamado varejo eletrônico (FENKELSTEIN, 2010). 
c) C2C – (consumer to consumer) – negócios feitos entre os próprios 
consumidores, indivíduos que ofertam algum produto ou serviço e de outro lado 
outro indivíduo adquire cabendo ao empresário apenas intermediar tais contratos 
disponibilizando meios como o espaço virtual como é o caso dos sites de leilões 
virtuais como www.ebay.com ou o mais popular www.mercadolivre.com.br; 
d) No nível governamental tem-se ainda o G2C (government to citizen - o 
governo se relacionando através de fornecimento de produtos e serviços ao cidadão, 
como é o caso das certidões digitais, o processo eletrônico, pagamento via internet), 
G2B (government to business – o governo se relaciona com os empresários 
fornecedores de produtos ou serviços através das licitações e o pregão virtual, por 
exemplo) e G2G (government to government – relacionamento entre agências 
governamentais) (VIDONHO JUNIOR et al, 2010). 
Temos ainda: C2B (consumer-to-business), B2G (business-to-government), 
G2C (government-to-consumer), C2G (consumer-to-government). 
Os provedores são aqueles que disponibilizam ao público em geral, usuário 
da internet, através de suas home pages, uma variedade de informações, bens e 
serviços, muitas vezes em caráter gratuito, mas que geralmente exigem do 
interessado o pagamento de uma taxa de subscrição ou uma compensação de 
natureza econômica (DELPUPO, 2006). 
A atuação dos provedores, de um lado, e dos usuários, de outro, caracteriza 
a existência de uma típica relação de consumo. Com efeito, tanto o provedor de 
acesso quanto o provedor de conteúdo (bens e serviços) estabelecem com o usuário 
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da internet um contrato de consumo. Senão vejamos: o provedor de acesso obriga-
se a prestar serviços de conexão e transmissão de informações, através dos quais 
disponibiliza ele: 
1) acesso aos sites e home pages e fornece atividades complementares, 
como a comunicação interpessoal (correio eletrônico e chats), a transmissão de 
dados, etc.; 
2) o provedor de conteúdo (bens e serviços), oferta e comercializa bens e 
serviços, que são fornecidos à medida em que ousuário, aceitando a oferta de 
contratação eletrônica, adere aos termos e condições de fornecimento contidos na 
oferta (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 118). 
A diferença entre as duas atividades é que, enquanto o provedor de acesso 
assume uma obrigação de prestação tipicamente de execução continuada, o 
segundo nem sempre estabelece uma relação jurídica duradoura (ROSSI; SANTOS, 
2000, p. 118). 
 
2.2.1 Deveres dos Provedores frente aos Consumidores Virtuais 
O art. 30 do Código de Defesa do Consumidor reza que toda informação ou 
publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de 
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga 
o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser 
celebrado. 
Segundo o art. 31 do CDC, a oferta e a apresentação de produtos ou 
serviços devem assegurar aos consumidores informações, corretas, claras, 
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, 
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros 
dados (SCHOUERI, 2001, p. 105). 
O site destinado ao comércio eletrônico deve trazer informações claras e 
precisas acerca dos produtos e serviços que estão sendo comercializados, sendo 
que qualquer problema advindo da ausência de informações necessárias poderá 
representar grande infortúnio ao fornecedor (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 109). 
Verifica-se nos arts. 18 e 20 do CDC, que consideram-se viciados (qualidade 
ou quantidade) os produtos ou serviços que apresentarem disparidade com as 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo inclusive o 
consumidor exigir: a) a substituição do produto; b) a restituição imediata da quantia 
paga ou; c) o abatimento proporcional do preço (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 110). 
As informações e indicações divulgadas pelo estabelecimento virtual devem 
ser claras, e, sobretudo, verdadeiras, sob pena de restar configurado vício de 
fornecimento, ensejando a verificação das hipóteses acima descritas, em favor do 
consumidor prejudicado (LUCCA; SIMÃO FILHO, 2001). 
Os sites também se constituem importante mídia publicitária, como 
instrumento de estímulo de consumo, e sujeita, por conseguinte, às regras traçadas 
pela legislação consumerista (CORRÊA, 2000). 
Toda a publicidade enganosa e/ou abusiva, veiculada via internet, e desde 
que demonstrado o seu beneficiário, autor e titular, deverá ser reprimida, de acordo 
com o art. 36 a 38 do Código de Defesa do Consumidor (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 
116). 
Essa responsabilidade (civil, penal e administrativa) é adstrita unicamente ao 
anunciante, tal qual ocorre com o canal de televisão, com o jornal impresso, com o 
rádio, etc. 
Quando o titular do site é apenas o veiculador do informe publicitário, 
disponibilizando o respectivo espaço, não responde por publicidade enganosa ou 
abusiva, que ocorre apenas quando anuncia seus próprios produtos ou serviços 
(SCHOUERI, 2001). 
Importante salientar que todas as disposições constantes no Código de 
Defesa do Consumidor a respeito das cláusulas abusivas têm plena aplicação ao 
comércio eletrônico, devendo ser consideradas nulas de pleno direito, entre outras, 
as cláusulas contratuais arroladas pelos arts. 51 a 53 do Código de Defesa do 
Consumidor. Por exemplo, são consideradas abusivas: a) cláusula que exonerem ou 
atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza; b) que 
subtraiam o consumidor a opção de reembolso da quantia já paga; c) que transfiram 
responsabilidades a terceiros; d) que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, 
abusivas, ou que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, etc. 
(SCHOUERI, 2001). 
 
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2.3 Legislação para o comércio eletrônico 
Segundo estudos de AMADEU DOS ANJOS VIDONHO JUNIOR et al 
(2010), no Brasil não há legislação específica sobre comércio eletrônico, embora 
existam muitos projetos de lei a respeito na Câmara dos Deputados e no Senado 
Federal. As políticas públicas são fomentadas pelo Comitê Executivo do Comércio 
Eletrônico, órgão da Secretaria de Tecnologia Industrial que compõe o Ministério do 
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 
No âmbito interno, o Brasil conta com a legislação vigente para os contratos, 
sobretudo, o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90 que nos casos de 
aquisição de produto ou serviço através de comércio eletrônico, em regra por 
contrato de adesão, impõe: a proteção do consumidor em razão de danos morais e 
materiais (art. 6°); qualidade do produto e do serviço (art. 4°); segurança (art.14, § 
1°); regulamentação da oferta e publicidade (arts. 30-38); responsabilidades do 
fornecedor (arts.12-14); prazo para a devolução do produto ou desistência do 
contrato (art. 49); prazos de garantia em razão de defeitos do produto ou do serviço 
(arts. 26-27, 50); práticas e cláusulas abusivas (arts. 39, 51); defesa individual e 
coletiva do consumidor em juízo (arts. 81-104) de forma geral (VIDONHO JUNIOR et 
al, 2010). 
Outras áreas que sofreram influência da cultura eletrônica e do advento da 
Internet também já possuem estudos legislativos em trâmite. Exemplo disso é a 
existência de projetos de lei penal que criam novos tipos de crimes que só podem 
ser perpetrados via Internet. Há um grande número de projetos de lei em curso que 
versam sobre essa nova tecnologia. 
MARIA EUGÊNIA REIS FINKELSTEIN (2011), com muita atenção e 
propriedade, lembra que seria no mínimo inadequado deixarmos de dar um enfoque 
especial ao Código Civil de 2002, uma vez que este é o grande inovador de toda a 
temática relativa ao Direito Privado no Brasil. 
Com a unificação do Direito Comercial e do Direito Civil, fica claro que o 
Código Civil de 2002 ocupa lugar de destaque na vida de todos nós. 
O Código Civil de 2002 teve uma longa tramitação no Congresso Nacional. 
Foi em 1975 que o Presidente Costa e Silva submeteu à apreciação da Câmara dos 
Deputados o Projeto de Lei nº 634-D. Seus organizadores foram Miguel Reale, José 
14 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Carlos Moreira Alves, Agostinho Alvim, Sílvio Marcondes, Erbert Chamoun, Clóvis de 
Couto e Silva e Torquato Castro. 
Note-se que pelo próprio fato de o projeto inicial datar de 1975 e a 
exploração comercial da Internet ter-se iniciado em 1993, impossível pareceria, à 
primeira vista, que o Código Civil de 2002 tratasse, de alguma forma, do comércio 
eletrônico. 
É de lembrar, no entanto, que durante sua longa tramitação, o projeto 
recebeu sucessivas emendas e recebeu inúmeras contribuições, inclusive após 
1993. Assim, permanecem as questões: por que o comércio eletrônico não foi objeto 
de normas específicas no Código Civil de 2002? Este fato determinaria a velhice 
precoce do Código Civil de 2002? Essas questões são aqui transcritas posto que por 
inúmerasvezes foram efetivadas em voz alta nos meios acadêmicos e empresariais. 
Assim, passa ela a responder a essas questões. Os organizadores do 
Código Civil de 2002 optaram por traçar normas gerais para regular a relação entre 
os homens comuns. Ademais, nos poucos países dos quais se tem notícia, o 
comércio eletrônico foi tratado em legislação específica, como veremos adiante. As 
tecnicidades do comércio eletrônico extrapolam o campo do Direito Civil ou mesmo 
do Direito Comercial, o que não quer dizer, no entanto, que as normas do Código 
Civil de 2002 não possam e não devam ser aplicadas ao comércio eletrônico. 
O legislador deve traçar normas gerais que não se desatualizam ante 
inovações tecnológicas! E isso foi feito pelo Código Civil de 2002, que optou por 
obedecer a princípios gerais como os da eticidade, socialidade e operabilidade. 
Aliás, este último visa justamente a estabelecer soluções normativas de modo a 
facilitar sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito (FINKELSTEIN, 
2011). 
Chegamos dessa forma à resposta à segunda pergunta. O Código Civil de 
2002 não é precocemente velho, como seria se fosse um mero clone do Código Civil 
de 1916. Não! Ele é extremamente moderno e inovador, sendo que o objetivo de 
superar o manifesto caráter individualista do Código Civil de 1916 é fator 
determinante desta afirmação (FINKELSTEIN, 2011). 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Não se quer, com isso, dizer que o Código Civil de 2002 é perfeito, pois, 
obra humana que é, está sujeito a falhas. Dentre essas falhas, é de mencionar as 
formalidades complicadas de que se revestiram as sociedades limitadas. 
Quer-se dizer, apenas, que não consideramos necessário que o Código Civil 
de 2002, se tivesse preocupado com as tecnicalidades inerentes ao comércio 
eletrônico, uma vez que se esforçou em traçar normas gerais que podem ser 
aplicadas a ele (FINKELSTEIN, 2011). 
 
2.4 Privacidade e segurança 
De difícil definição, a privacidade é um direito protegido pela CF/88, 
assegurado pelos Códigos Civil, Penal, de Defesa do Consumidor e Comercial, além 
de ser protegido por leis esparsas. Grosso modo, podemos definir como intimidade, 
particular, que não é público. 
Segundo RAFAEL FELIX CORREA et al (2006), o conceito de privacidade 
varia de pessoa para pessoa, e também entre os governos. Tanto que, os países, 
alguns mais a frente, outros menos, já abordam discussões sobre como determinar 
e garantir a privacidade da informação. 
Conforme ADRIANA GAERTNER e HELENA SILVA (2006), a privacidade 
está ligada ao direito de controlarmos nossas informações pessoais e ainda ao 
direito de escolha de se permanecer no anonimato, pois uma vez que as 
informações façam parte de um banco de dados, elas podem ser usadas de alguma 
forma. Portanto, é preciso que se encontre um equilíbrio entre controle, segurança e 
privacidade. 
A concorrência entre as organizações baseia-se em sua capacidade de 
adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz. A utilização de 
comércios eletrônicos permite que as empresas consigam informações, como por 
exemplo, os sites acessados pelo cliente, o tipo de máquina, entre outras, 
conseguindo assim verificar a melhor maneira de “atacar” o cliente. Dessa forma, 
três premissas devem ser consideradas quando se trata da segurança de 
transações e documentos eletrônicos (BRUNO, 2006): 
1º. autenticidade – a correspondência entre o autor aparente e o autor real do 
documento firmado é facilmente comprovada por meio da sua assinatura; 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
2º. integridade – consistente na sua preservação contra eventuais alterações que 
possam lhe modificar o conteúdo dos documentos eletrônicos, inserindo-os 
em arquivos protegidos; 
3º. confidencialidade – prevenção contra o acesso de pessoas não autorizadas, 
cuja técnica mais difundida na atualidade decorre da criptografia. 
Embora o crescimento do faturamento do comércio eletrônico esteja 
aumentando cada vez mais, é nítido que estes sites não se preocupam com a 
privacidade das informações. O ideal seria os sites terem uma política para informar 
o usuário sobre como suas informações serão protegidas e quais delas serão 
obtidas, mas isso não ocorre na maioria dos casos. Deveria existir a possibilidade de 
após uma compra ter sido concluída, o usuário excluir suas informações 
definitivamente do banco de dados, mas os interesses das empresas não permitem 
que isso ocorra. Existe uma certificação para que, quando obtida, o usuário perceba 
se o site esta dentro das normas de privacidade, porém, até o momento, nenhum 
site de comércio eletrônico possui o mesmo (GAERTNER e SILVA, 2006). 
Lawrence Lessig (doutrinador em matéria de Direito Informático, professor 
da Universidade de Stanford – EUA) define como privacidade tudo o que é 
resultante da subtração, de todos os aspectos da vida social, de tudo que é 
monitorado e de tudo que é investigado. Produto de uma relação entre tudo aquilo 
que pode ser monitorado ou investigado, de um lado, e todas as proteções legais e 
estruturas utilizadas para dificultar este monitoramente e/ou investigação, de outro. 
A era atual é caracterizada pela maior extensão do que é transitório e pela grande 
abrangência do que é permanente, diferentemente do que era observado no 
passado (FINKELSTEIN, 2011). 
Ainda segundo Lessig, a extensão da privacidade, que é justamente o 
resultado da relação entre o que pode ser monitorado e/ou investigado e proteções 
contra este monitoramento e/ou investigação, depende da tecnologia disponível em 
determinado tempo. 
MARIA EUGÊNIA REIS FENKELSTEIN (2011) exemplifica com maestria o 
monitoramento como elemento de invasão de privacidade. Via de regra, referido 
fator é caracterizado pela sua transitoriedade – se somos observados ao andar pela 
rua, se não estivermos fazendo nada fora do comum, seremos esquecidos em 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
seguida. Assim, em relação à investigação – que é de caráter permanente – o 
monitoramento é considerado elemento menos relevante de invasão da privacidade, 
porém, caso surja uma tecnologia que elimine o caráter de transitoriedade do 
monitoramento, seu efeito sobre a privacidade será mais relevante. 
O legislador do Código Civil de 2002 também não se olvidou da questão 
atinente à privacidade, ainda que de forma genérica. O Livro I, das pessoas, trata do 
tema, destacando a proteção da divulgação de escritos, da transmissão da palavra, 
e da exposição ou utilização da imagem das pessoas físicas ou jurídicas que 
poderão ser proibidas de imediato, inclusive se o intuito for apenas comercial, sem 
falar em prejuízo no tocante à fama, honra e respeitabilidade, questões também 
protegidas pelas normas citadas. Essa disposição pode ser aplicada, de imediato, a 
invasões de privacidade ocasionadas no ambiente eletrônico, especialmente por 
meio dos chamados cookies (GAZETA MERCANTIL,2003 apud FENKELSTEIN, 
2011). 
No Brasil, a proteção da privacidade é princípio constitucional previsto pelos 
incisos X, XI e XII, do art. 5º da CF. 
Ressalte-se que o estudo da privacidade do usuário da Rede é uma das 
matérias que se inserem entre as mais importantes da sociedade da informação e 
que acaba estando relacionada ao Comércio Eletrônico, uma vez que são os sites 
de Comércio Eletrônico os principais coletores de informações na Rede. 
Dentro do tema privacidade na Internet, são 3 (três) os pontos que merecem 
destaque: 
a) a privacidade do usuário invadida pela montanha de junk mails ou spams 
que um usuário recebe sem pedir nem desejar; 
b) a privacidade do usuário garantida pela CF, que determina invioláveis a 
intimidade, a casa e o sigilo da correspondência das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas salvo por ordem judicial; 
c) a privacidade do usuário, em si, pois que por vezes seus dados pessoais 
e hábitos de consumo são comercializados. 
Outra questão relevante à privacidade diz respeito ao monitoramento de 
equipamentos de funcionários que acessam, por exemplo, sites de pornografia 
durante o expediente. O mau uso da internet por funcionários de empresas justifica a 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
existência de um monitoramento pelo empregador, mesmo porque o equipamento 
utilizado é de propriedade deste. Já existem no Brasil, casos de demissão por justa 
causa em face do acesso a sites de pornografia em horários de trabalho, como por 
exemplo, caso da GM do Brasil que demitiu 11 funcionários e advertiu outros 84 pelo 
uso indevido do e-mail em maio de 2002, conforme informação disponibilizada em 
www.carreiras.emprego.com.br , em 21 de agosto de 2002. 
Quanto aos spams, modalidade de abuso no uso do correio eletrônico, 
geralmente associada a informes publicitários que não se identificam como tal, ou 
seja, envio de mensagem eletrônica não autorizada, há unanimidade que o spam 
prejudica o usuário da Rede de forma direta ou indireta. 
Dentre os vários projetos de lei acerca de spams que tramitam perante o 
Congresso Nacional temos o PL nº 4187/08; PL nº 3095/08; PL nº 1227/07; PL nº 
169/07 e outros. 
Dentre as técnicas de segurança digital que buscam garantir a segurança 
das relações estabelecidas no meio informático, temos aquelas que possuem 
finalidade de confirmar a autenticidade e integridade garantindo assim confiabilidade 
as provas nascidas ou convertidas ao meio eletrônico (CASTRO; SANTOS, 2011). 
Dentre as técnicas podemos citar a criptografia (simétrica e assimétrica) que 
tem a finalidade de esconder os dados tornando-os indecifráveis, de tal maneira que 
só os interlocutores podem ter acesso ao conteúdo da informação, garantindo a sua 
integridade (veracidade). Tal técnica associada à assinatura digital garante também 
a autenticidade (autoria) da informação transmitida. 
A partir dessa questão, surgiram modos ou técnicas de cifrar e decifrar as 
mensagens, de forma que apenas o remetente e o destinatário possam ter acesso 
ao conteúdo dos documentos envolvidos, através de um suporte técnico pessoal, 
que garante o sucesso da relação (MARQUES, 2010, p. 151). 
Tem também a certificação digital que através da autoridade certificadora, 
que é uma terceira entidade de confiança das partes, tem como finalidade garantir a 
certeza e confiança na identificação do remetente e integridade do conteúdo do 
documento digital (CASTRO; SANTOS, 2011). 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
2.5 Documento eletrônico e sua prova 
Segundo PONTES DE MIRANDA (1974), o documento como meio de prova, 
é toda a coisa que expressa, por meio de sinais, o pensamento. Este seria o sentido 
restrito e técnico, que suporia o conteúdo intelectual como elemento definidor do 
documento. 
No mesmo sentido, FRANCESCO CARNELUTTI (1947 apud 
FENKELSTEIN, 2011) afirma que não basta a manifestação do pensamento para 
caracterizar a existência de um documento, e lembra que existem objetos que 
contêm uma manifestação do pensamento e, ainda assim, não poderiam ser 
caracterizadas como documentos. É o caso de uma carta que contenha apenas 
palavras como “cordiais saudações”. 
Enfim, para o Direito, documento é qualquer registro que expresse um 
pensamento capaz de influenciar a cognição do juízo acerca de um dado fato em um 
determinado processo (GICO JUNIOR, 2000 apud FENKELSTEIN, 2011). 
É regra basilar no nosso Código Processual Civil que o autor é quem está 
incumbido de provar o fato constitutivo do seu direito alegado e o réu o de provar o 
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Destarte, quando o autor 
alega determinado fato ou ato jurídico, tem o direito e a faculdade de prová-lo. Prova 
se quiser e puder, não provando arca com ônus da sua omissão, sob pena de perder 
a demanda. De certo que a mesma regra se aplica ao réu, que deve provar a 
existência do fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito da parte autora. 
No mundo das provas, “cada uma das partes conta a sua versão sobre o 
que aconteceu. A versão mais bem provada, aquela que vier a convencer o julgador, 
tem tudo para ser a vencedora” (DIDIER; BRAGA; OLIVEIRA, 2009, p. 24). 
No módulo processual de conhecimento, para que o juiz possa formar seu 
convencimento e decidir o objeto do processo, faz-se fundamental a colheitas das 
provas que se façam necessárias, e que serão o material com base em que o juiz 
formará seu juízo de valor acerca dos fatos da causa. 
Este é, pois, o momento de se passar ao exame das normas e princípios 
que regem a prova, conjunto esse que recebe de alguns doutrinadores o nome de 
direito probatório (CÂMARA, 2009, p. 89). 
20 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
O direito a prova é considerado um direito fundamental, uma vez que se 
deriva do contraditório e do acesso a justiça, estruturas basilares da tutela 
jurisdicional. Todos possuem o direito a provar aquilo que relatam, assim como 
possuem o direito a discutir a respeito das provas apresentadas por outros, ainda 
que incontestáveis. 
As provas acabam por tomar forma à medida que convencem o julgador, 
seja pelo grau de confiabilidade a que possuem, ou até mesmo, pelo seu encaixe 
em um quebra-cabeça formado por uma variedade de provas entrelaçadas. 
Destarte, devem-se utilizar todos os meios probatórios legalmente possíveis para a 
confirmação dos fatos, sob pena de suprimir o contraditório e prejudicar a tutela 
jurisdicional (FINKELSTEIN, 2011). 
Com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento da internet, novas formas 
de relações são criadas, onde a presença é indiferente na formação de conflitos. 
Deste modo, nasce uma nova demanda de conflitos que precisam ser dirimidos. É 
nesse contexto que nasce um novo gênero probatório, chamado de prova digital, 
onde existem muitas espécies como: o documento eletrônico; depoimento 
testemunhal online; interrogatório de réu preso via videoconferência;imagens 
digitais; mensagens eletrônicas; arquivo de áudios e gravações, entre outras. 
O projeto de Lei brasileiro nº 4.906/01, em seu artigo 2º, inciso I, define o 
que seria documento eletrônico como: “a informação gerada, enviada, recebida, 
armazenada ou comunicada por meios eletrônicos, ópticos, opto-eletrônicos ou 
similares”. 
Assim, não apenas os escritos em papel são considerados como 
documento, pois uma gravação, uma imagem, um vídeo, um contrato eletrônico e 
muitas outras formas digitais podem ser consideradas documentos, uma vez que 
documentam um fato ou ato da vida social. Se essa documentação registrada, é 
digital e como tal se utiliza de alguma técnica atual com a criptografia assimétrica, 
permitindo assim a inalterabilidade do registro, não há como não chamá-lo de 
documento. 
Importante que se diga que o Código de Processo Civil é claro em não 
estabelecer um rol taxativo (numerus clausus) de documentos para a produção de 
provas: 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
Art. 383 – qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, 
cinematográfica, fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas 
representadas, se aquele contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade. 
Parágrafo único – impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o 
juiz ordenará a realização de exame pericial. 
Deste modo, percebe-se que não haveria uma diferença substancial entre o 
documento tradicional e o documento digital, pois tanto um quanto outro, seria um 
meio para registrar um determinado acontecimento. Logo, ontologicamente, não 
haveria nenhuma diferente, pois a única diferença está na estrutura da sua forma. 
Assim, a Prova digital ou eletrônica é toda prova produzida em meio digital, 
onde a sua validade jurídica e eficácia probatória sejam reconhecidas e garantidas 
pelas técnicas de segurança digital (CASTRO; SANTOS, 2011). 
Igualmente uma fotografia a qual ninguém discute se deve ter ou não 
validade em juízo como meio de prova, apesar de ser uma reprodução mecânica de 
um processo fotográfico, a reprodução mecânica do documento eletrônico, uma vez 
que o documento tenha sido devidamente autenticado através da assinatura digital, 
também não deve ser levada a discussões acerca de sua veracidade. 
O documento eletrônico pode e deve ser aceito como meio de prova em 
juízo, mesmo sabendo que o meio eletrônico é um meio que facilita a modificação de 
documentos, sem que seja viável para pessoas comuns comprovar a existência de 
adulterações realizadas (FENKELSTEIN, 2011). 
Ao contrato eletrônico aplicam-se integralmente os arts. 368 do CPC e 219 
do CC de 2002, ambos preceituando que a expressão da vontade exteriorizada e 
materializada em documento escrito particular é verdadeira em relação aos 
signatários. A fim de legitimar o documento eletrônico como um meio de prova, 
deve-se analisar, primeiro, o art. 332 do CPC brasileiro e o inciso II do art. 212 do 
CC/02. Também devem ser analisados os arts. 334, 335 e 339 do CPC. 
 
2.6 Contratos eletrônicos 
Contratos eletrônicos são os negócios jurídicos bilaterais que utilizam o 
computador como mecanismo responsável pela formação e instrumentalização do 
vínculo contratual (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 108). 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
O contrato eletrônico é caracterizado por empregar meios eletrônicos para 
sua celebração. Apresenta quanto à capacidade, objeto, causa e efeitos das 
mesmas regras a serem aplicadas aos contratos celebrados por meio físico. 
A declaração da vontade de uma das partes é emitida por meio de um 
computador que, obviamente, não é um sujeito independente. Tanto o hardware 
como o software cumprem uma função meramente instrumental. A declaração de 
vontade é imputável ao sujeito a cuja esfera de interesses pertencem o hardware e o 
software. Ocorre que nem sempre a declaração emitida por meio de um computador 
coincide com a intenção do suposto sujeito. Este pode alegar, por exemplo, que o 
programa não obedeceu às suas instruções ou que sua suposta declaração foi feita 
por um terceiro. 
Para evitar este tipo de problema, as partes podem determinar, por meio de 
cláusulas contratuais, a exata forma como irão direcionar suas mensagens 
eletrônicas. Assim, podem estabelecer que somente as mensagens que apresentem 
firma digital deverão ser levadas em consideração para efeito de transações 
eletronicamente celebradas (FENKELSTEIN, 2011). 
Com relação aos contratos eletrônicos a distância deve-se considerar quanto 
ao momento de conclusão do contrato, se a contratação efetivou-se entre presentes 
ou se a contratação efetivou-se entre ausentes. 
Considerar-se-á a contratação eletrônica entre presentes quando a proposta 
e a aceitação realizar-se de forma imediata (online), aplicando neste caso o art. 
1.081, I do CC de 2002. Já a contratação eletrônica entre ausentes ocorrerá quando 
a proposta e a aceitação forem mediante correios eletrônicos (e-mails) desde que 
não estejam conectados online, aplicando neste caso o art. 1086 do CC (DELPUPO, 
2006). 
Os contratos eletrônicos podem ser subdivididos em formais e informais. Os 
contratos eletrônicos formais são aqueles celebrados com a utilização de 
assinaturas digitais que conferem certeza quanto à identidade das partes e o objeto 
do contrato, cujas informações sejam irremovíveis sem que se perca a assinatura 
digital dos contratantes. 
Os contratos eletrônicos informais são aqueles realizados sem a utilização 
de mecanismos que possibilitem um aceitável grau de confiabilidade a um 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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determinado documento eletrônico em que estejam presentes todas as condições 
essenciais da avença (FERNANDES, 2006). 
A existência de tais contratos é comprovada através de indícios, como 
impressão de telas, comprovantes de pedido, pagamento, entrega, dados pessoais 
dos contratantes, e-mails, dentre outros, e por isso se aproximam dos contratos 
verbais. 
Os contratos celebrados sem as formalidades previstas na Medida 
Provisória nº 2.200/2001, embora não tenham a sua validade jurídica expressamente 
reconhecida por norma especial, também podem ser considerados válidos. 
No Brasil vige a regra geral da liberdade quanto aos meios de expressar 
manifestação de vontade (art. 107 do CC). 
Ademais, embora não disponham de um instrumento único que seja dotado 
de plena confiabilidade e que contenha todos os elementos da contratação, é certo 
que a prova do negócio jurídico pode ser realizada por diversos meios 
(FERNANDES, 2006). 
Outra classificação dos contratos eletrônicos é obtida através da análise da 
formação do contrato e da forma como o computador é empregado. Assim, os 
contratos eletrônicos podem ser classificados em: intersistêmicos, interpessoais e 
interativos (SILVA, 2012). 
Contratos eletrônicos intersistêmicos são aqueles nos quais o computador 
serve apenas como um instrumento de comunicação entre as partes,como ocorre 
na contratação através do telefone e do fax, por exemplo, tendo em vista que o 
contrato é celebrado da maneira tradicional e o computador serve somente para 
transmissão da vontade das partes, a qual é preexistente (LIMA, 2008). 
Nos contratos eletrônicos interpessoais, por outro lado, o computador não 
tem apenas a função de comunicação entre as partes, uma vez que interfere 
diretamente na formação da vontade dos contratantes. 
Este tipo de contrato pode ser formado de forma simultânea – quando as 
partes estão conectadas à rede ao mesmo tempo – como acontece, por exemplo, 
nos contratos firmados através de chats ou pode, ainda, ser não simultâneo, como 
ocorre nos casos onde há um espaço de tempo entre a declaração e a recepção da 
manifestação de vontade do contratante. 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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Por fim, contratos eletrônicos interativos são aqueles formados entre uma 
pessoa e um sistema eletrônico de informações, sendo o mais conhecido modo de 
contratação desta forma os contratos firmados na internet através de websites, nos 
quais os produtos ou serviços são colocados à disposição do consumidor e o 
contrato possui cláusulas preestabelecidas unilateralmente pelo fornecedor (LIMA, 
2008). 
Assim sendo, ROGÉRIO MONTAI DE LIMA (2008) considera os contratos 
eletrônicos interativos “contratos por computador stricto sensu, posto que o 
computador age diretamente na formação da vontade das partes”. 
No que tange à forma de execução dos contratos eletrônicos, eles podem 
ser diretos ou indiretos. Nos primeiros, a execução é realizada no próprio ambiente 
virtual e, nestes últimos, ocorre quando o bem é de natureza tangível e sua 
execução no ambiente virtual é impossível (LIMA, 2008). 
A diferença entre um contrato tradicional e um contrato eletrônico está na 
sua forma. O segundo não possui um texto escrito físico, o que é incomum, e é 
consequência de uma revolução cultural sem precedentes no Brasil e no mundo, 
uma vez que o texto escrito físico remonta à própria História da Humanidade. 
Como problemas a serem superados nos contratos eletrônicos temos: 
a) cláusulas abusivas em face da normal falta de negociação; 
b) o fato de a maioria dos contratos eletrônicos caracterizar contrato de adesão; 
c) a falta de segurança acarreta riscos à privacidade do usuário; 
d) a questão da assinatura digital e da autoridade certificadora. 
 
MARCO AURÉLIO GRECO (2000) lembra outro problema relevante que diz 
respeito a manter o documento eletrônico íntegro, livre de adulterações, uma vez 
que o mesmo é facilmente alterável, não deixando no processo vestígios visíveis, 
como ocorre no documento em papel. 
Enfim, são vários os problemas que merecem atenção da comunidade 
jurídica e também para determinar se o atual arcabouço jurídico consegue dirimir 
todos os possíveis conflitos (FENKELSTEIN, 2011). 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
 
2.7 Princípios jurídicos aplicados ao comércio eletrônico 
Os princípios são, na sua essência, enunciados amplos que permitem 
solucionar um problema e orientam comportamentos, resultando em um esquema 
abstrato, mediante um procedimento de redução a uma unidade diante da 
multiplicidade de fatos que oferece a vida real. 
Levando em consideração a especificidade dos contratos eletrônicos, 
JORGE JOSÉ LAWAND (2003, p. 41 e seguintes) levantou os seguintes princípios 
jurídicos aplicáveis ao comércio eletrônico: 
 
I) Princípio da equivalência funcional dos atos jurídicos produzidos por meios 
eletrônicos com os atos jurídicos tradicionais 
Este princípio veda qualquer espécie de diferenciação entre os contratos 
clássicos, produzidos em papel e reconhecida a sua legitimidade e os contratos 
efetivados através dos meios eletrônicos, em especial a Internet. 
RICARDO LUIZ LORENZETTI (2004, p. 86) trata deste princípio como o da 
não discriminação do meio digital, dizendo que o Estado deve manter sua 
neutralidade e não discriminar o sujeito no que tange a não utilização de instrumento 
escrito para a formalização de um negócio. 
A equivalência implica a não discriminação das mensagens de dados 
eletrônicos, desde que garantida, através de certificação digital, a sua procedência, 
em comparação às produzidas tradicionalmente (declarações de vontade, verbais ou 
escritas); 
II) Princípio da neutralidade tecnológica das disposições reguladoras do 
comércio eletrônico 
De acordo com este princípio, as normas disciplinadoras do comércio 
eletrônico devem abarcar não somente a tecnologia do momento da promulgação da 
lei, mas também as tecnologias futuras sem a necessidade de ser submetida a 
alguma espécie de modificação (LAWAND, 2003). 
A importância deste princípio reside no fato de que, com a imposição de um 
determinado ordenamento jurídico, este não se constituirá um obstáculo para o 
desenvolvimento continuado de novas tecnologias, as quais tornem mais fáceis os 
negócios efetivados eletronicamente; 
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III) Princípio da inalterabilidade do direito existente sobre obrigações e 
contratos 
A inalterabilidade do direito existente sobre obrigações e contratos 
corresponde ao fato de que as normas jurídicas introduzidas para disciplinar o 
comércio eletrônico, não implicarão uma modificação substancial do direito vigente e 
disciplinador das obrigações e contratos, tanto em âmbito nacional como 
internacional (LAWAND, 2003). 
Assim, tanto os elementos essenciais do negócio jurídico (consentimento e 
objeto) como suas manifestações e defeitos, além da própria tipologia contratual 
preexistente não sofrem alteração significativa quando o vínculo jurídico é 
estabelecido na esfera do comércio eletrônico, mesmo sendo este vínculo 
internacional. Sobre tal assunto, ANA PAULA GAMBOGI CARVALHO (2009) 
discorre que a internet não cria um espaço livre, alheio do Direito. Ao contrário, as 
normas legais dos contratos vigentes aplicam-se aos contratos eletrônicos 
basicamente da mesma forma que a quaisquer outros negócios jurídicos. A 
celebração de contratos via internet sujeita-se, portanto, a todos os preceitos 
pertinentes do Código Civil Brasileiro. Tratando-se de contratos de consumo, são 
também aplicáveis as normas do Código de Defesa do Consumidor (CDC); 
 
IV) Princípio da boa-fé objetiva nos contratos em geral 
No processo de estabelecimento de um contrato, as partes devem agir de 
forma correta antes, durante e depois do cumprimento do mesmo. Caso ocorra 
descumprimento do contrato, o juiz deve analisar se este ocorreu de boa ou má-fé. 
Para SILVIO DE SALVO VENOSA (2004), tanto nas tratativas como na 
execução, bem como na fase posterior de rescaldo do contrato já cumprido 
(responsabilidade pós-obrigacional ou pós-contratual), a boa-fé objetiva é fator 
basilar de interpretação. Desta forma, avalia-se sob a boa-fé objetiva tanto a 
responsabilidade pré-contratual como a responsabilidade contratual e a pós-
contratual.Em todas essas situações sobreleva-se a atividade do juiz na aplicação 
do direito ao caso concreto. 
No Código Civil, o art. 421 faz referência à boa-fé objetiva, a qual se 
relaciona a uma regra de conduta, seja esta o dever de agir dentro de padrões 
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sociais aceitos e estabelecidos para o homem médio. É importante distinguir esta da 
boa-fé subjetiva, onde o manifestante de vontade acredita que sua conduta seja 
correta, pois leva em consideração o grau de conhecimento que tem do negócio 
jurídico. 
Aliada a esta ideia de boa-fé, a qual se insere no mundo dos fatos, devemos 
considerar também a necessidade do estabelecimento de relações jurídicas de 
confiança, dada a desmaterialização do contexto contratual. Deve-se assim balizar 
as condutas no meio eletrônico por meio da confiança. 
No Código de Defesa do Consumidor, o princípio da boa-fé é basilar de toda 
conduta contratual que traga a ideia de cooperação, respeito e fidelidade nas 
relações contratuais. A cláusula contratual que fere a lealdade do contratante é 
considerada, assim, abusiva. Isso porque o artigo 51, XV do Código de Defesa do 
Consumidor diz serem abusivas as cláusulas que “estejam em desacordo com o 
sistema de proteção do consumidor”, dentro do qual se insere tal princípio por 
expressa disposição do artigo 4º, caput e inciso III, deste mesmo Código; 
 
V) Princípio da autonomia privada (ou da liberdade convencional) 
Este princípio caracteriza-se na ampla liberdade de contratar, sendo livres as 
regras de contratação desde que não sejam contrárias à ordem pública. Faculta-se, 
portanto, a liberdade convencional aos contratantes a fim de que concluam o seu 
negócio jurídico (LAWAND, 2003). 
O código civil traz no art. 421 a previsão expressa do princípio da liberdade 
contratual, nos seguintes termos: “A liberdade de contratar será exercida em razão e 
nos limites da função social do contrato”. 
 
2.8 Proteção do consumidor no comércio eletrônico 
Ainda que o Código Civil não conte com alguma parte específica tratando do 
comércio eletrônico, algumas disposições são diretamente aplicáveis às questões 
jurídicas nesse meio, como o Art. 422, que trata da cláusula geral de boa-fé, 
mencionando também o princípio da probidade ou lealdade no tráfico jurídico 
(RIBEIRO, 2009). 
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Transparência e confiança andam juntas. Alcançar maior transparência nas 
condições gerais contratuais e nas informações sobre preços parece ser o grande 
desafio do comércio eletrônico hoje. 
Não basta ao consumidor uma lei que assegure de forma plena a segurança 
nas contratações no comércio eletrônico, se na prática essa mesma lei não for 
efetiva. Se há um espaço novo de comércio no mundo, que é a internet, as redes 
eletrônicas e de telecomunicação em massa (LIMA, 2004, p. 33), a pergunta a ser 
feita é como conquistar a confiança dos consumidores neste novo instrumento 
comercial e proteger a suas expectativas normativas e legítimas. 
Os esforços a serem realizados devem caminhar no sentido de alcançar 
maior segurança e confiabilidade no comércio eletrônico e no uso dos meios 
eletrônicos em geral, como os instrumentos de verificação da integridade da 
mensagem, a segurança da comunicação, a reserva e tutela dos dados pessoais 
informados no meio eletrônico, etc. (RIBEIRO, 2009). 
Segundo ANA PAULA MENNA BARRETO (2010), o Departamento de 
Proteção e Defesa do Consumidor – órgão do Ministério da Justiça – divulgou 
diretrizes para o comércio eletrônico. O documento foi elaborado pelo Sistema 
Nacional de Defesa do Consumidor, durante a oficina “Desafios da Sociedade da 
Informação: comércio eletrônico e proteção de dados pessoais” (em anexo). 
Considerando que a vulnerabilidade do consumidor se agrava no ambiente 
eletrônico, o documento reafirma a aplicação integral do Código de Defesa do 
Consumidor nas relações de consumo online, a necessidade imperiosa da proteção 
da confiança, assim como a aplicação do Decreto 5903/2006. 
Como os problemas nos sites de comércio eletrônico ocorrem no pós-venda, 
busca-se assegurar aos consumidores do comércio eletrônico proteção transparente 
e eficaz, que facilitem o exercício do direito de arrependimento. 
As diretrizes elencam a proteção contra práticas abusivas, publicidade 
enganosa, direito de acesso a informações claras e precisas, acesso prévio às 
condições gerais da contratação, acesso facilitado ao exercício do direito de 
arrependimento e proteção da privacidade, intimidade e de seus dados pessoais. 
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Cabe às administradoras de cartão de crédito facilitar e acelerar o 
cancelamento da cobrança solicitado pelo consumidor nos casos de 
descumprimento contratual pelo fornecedor. 
A página inicial do fornecedor deve indicar seu endereço físico e eletrônico e 
CNPJ, provendo o consumidor com informações claras e ágeis para resolução de 
eventuais conflitos. Devem ainda estabelecer mecanismos eficientes para prevenção 
e resolução direta de demandas dos consumidores, não sendo aplicável o instituto 
da arbitragem para elidir direitos e garantias previstos no CDC. 
A responsabilidade dos fornecedores se baseia no reconhecimento do 
desconhecimento da técnica e na consequente vulnerabilidade do consumidor na 
plataforma digital. 
Obriga-se aos fornecedores de produtos implantarem mecanismos de 
registro de pedidos que possibilite o armazenamento pelo consumidor, assim como 
ostentar a descrição detalhada do produto, a existência de custos adicionais da 
transação, as condições de entrega, as restrições associadas à compra, detalhes 
sobre troca e reembolso. 
O processo de confirmação da compra deve assegurar ao consumidor o 
acesso a informações relativas à transação pactuada, assim como disponibilizar 
mecanismo de cancelamento, antes da conclusão da compra. 
Portanto, os sites de comércio eletrônico devem promover a adaptação legal 
de suas práticas comerciais às novas diretrizes estabelecidas pelo Ministério da 
Justiça. 
Espera-se que tais medidas sejam eficientes para se alcançar a 
indispensável segurança jurídica nas compras realizadas no comércio eletrônico, 
principalmente quanto à sedimentação de jurisprudência pacificadora no que tange a 
responsabilidade dos fornecedores (BARRETO, 2010). 
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UNIDADE 3 – DIREITO INTERNACIONAL 
 
Não há dúvidas que o comércio eletrônico tem um aspecto peculiar que é 
ser internacional, característica esta decorrente principalmente do surgimento das 
novas tecnologias de informação e da internet.Por conseguinte, vimos refletir sobre 
o ordenamento jurídico, seja nacional quanto internacional, impactando sobre os 
vários direitos. 
Em virtude desse aspecto internacional, várias entidades paraestatais vêm 
se empenhando em traçar diretivas relacionadas a esta modalidade de comércio e 
às assinaturas digitais, diretivas estas que no entendimento de MARIA EUGÊNIA 
REIS FINKELSTEIN (2011) deverão ser adotadas por países que legislarem sobre o 
comércio eletrônico e que provavelmente não irão conflitar entre si. 
De todo modo, como as iniciativas estão ainda engatinhando, sendo poucos 
os países que já possuem uma legislação sobre o comércio eletrônico, vamos dar 
apenas um panorama do que vem acontecendo, falando inicialmente da UNCITRAL. 
No nível internacional de legislação sobre o Comércio Eletrônico temos a 
Resolução nº 51/162 da Assembleia Geral das Nações Unidas de 16 de dezembro 
de 1996, ou mais especificamente denominada de Lei Modelo do Comércio 
Eletrônico – publicada pela Comissão das Nações Unidas sobre Direito Internacional 
Comercial – UNCITRAL (United Nations Commission on International Trade Law). 
Trata-se de uma normatização padrão que consiste em uma iniciativa para que os 
países internalizem o modelo sugerido a fim de que seja elaborada uma 
regulamentação uniforme que possa levar a um direito comum e, portanto, maior 
segurança jurídica a nível internacional inclusive para os consumidores (VIDONHO 
JUNIOR et al, 2010). 
Notadamente, verifica-se que há preocupação com a regulamentação do 
comércio eletrônico, sobretudo, pela Organização Mundial do Comércio — OMC – 
que em 20 de maio de 1998, em Genebra, editou a Declaração Mundial sobre o 
Comércio Eletrônico e entre os objetivos, ao menos preliminarmente, estavam o de 
os países não aplicarem o controle aduaneiro nessas exportações e importações até 
a elaboração de uma regulamentação específica para o setor. 
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3.1 Iniciativas internacionais relativas ao comércio eletrônico 
COMISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DIREITO COMERCIAL 
INTERNACIONAL – UNCITRAL 
A Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional 
(UNCITRAL) vem desde a década de 1970 demonstrando preocupações acerca das 
transações eletrônicas, tanto que a Lei Modelo, de 1996, é uma das principais bases 
para as legislações sobre a matéria que vêm sendo criadas ao redor do mundo. Há 
que se ressaltar que embora seja apenas um modelo, é uma iniciativa pioneira que 
tem servido de inspiração para os países que já se aventuraram em legislar sobre o 
comércio eletrônico, apesar de as orientações da Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE) também virem influenciando a comunidade 
internacional. 
Dentre os pontos mais importantes da Lei Modelo da UNCITRAL para o 
comércio eletrônico, temos a definição de vários conceitos, incluindo o de 
mensagem eletrônica; a regulação das formalidades legais para as mensagens 
eletrônicas e, a regulamentação da comunicação via mensagem eletrônica. 
Uma de suas grandes contribuições diz respeito aos direitos do consumidor, 
uma vez que a nota 2 da lei diz que esta Lei não se sobrepõe a nenhuma regra geral 
que se destine à proteção do consumidor. 
Não é interesse desse trabalho da UNCITRAL alterar as leis dos países, 
mas elaborar regulamentos que respeitem as ordenações jurídicas locais, sendo 
esta apenas um modelo para os países das Nações Unidas. No caso do Brasil, por 
exemplo, todos os avanços já conquistados pelo direito do consumidor não conflitam 
com o modelo supracitado (MOREIRA, 2010). 
A motivação do trabalho vem do convencimento de que, com o 
estabelecimento de um modelo comum que seja aceitável para as diferentes 
realidades jurídicas dos países, possa ocorrer uma significativa contribuição para um 
desenvolvimento harmônico das relações econômicas internacionais. 
A Lei Modelo subdivide-se em duas partes: comércio eletrônico em geral e 
comércio eletrônico em áreas específicas. 
Na primeira parte, ficam definidas: provisões gerais; aplicações dos 
requisitos legais às mensagens eletrônicas e comunicação das mensagens de 
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dados. Já na segunda parte estão descritas as ações relacionadas ao transporte de 
produtos. 
As provisões gerais englobam a definição de vários conceitos, tal como o de 
mensagem eletrônica, como descrito no artigo 2º – a mensagem eletrônica significa 
a informação gerada, enviada, recebida ou armazenada por meios eletrônicos, 
ópticos ou similares, incluindo, mas não se limitando a, intercâmbio eletrônico de 
dados (EDI), correio eletrônico, telegrama, telex ou fax. 
O reconhecimento legal de mensagens eletrônicas (artigo 5º); a informação 
escrita deve estar contida na mensagem eletrônica, sendo possível sua utilização 
subsequente (artigo 6º); identificação fidedigna da pessoa (assinatura via mensagem 
eletrônica – artigo 7º); garantia de originalidade da proposta (artigo 8º). Formação e 
validade contratual (artigo 11); reconhecimento das partes das mensagens 
eletrônicas (artigo 12); características da mensagem relativas ao originador 
(expedidor) desta e o destinatário ou recebedor (artigo 13); confirmação de 
recebimento de mensagens eletrônicas (artigo 14); tempo e lugar de envio e 
recebimento de mensagens eletrônicas (artigo 15). 
Para ARMANDO ALVARES GARCIA JÚNIOR (2007), a finalidade desta lei é 
a criação de um meio eletrônico seguro (através de um conjunto de regras) que 
possibilite o fim de alguns entraves jurídicos. 
Esta lei pode ser entendida como um suporte comum que auxilia aos 
usuários de comércio eletrônico a encontrarem um meio para dirimir obstáculos 
legais relativos à utilização deste tipo de comércio. 
Ao incorporar ao seu direito interno os procedimentos prescritos pela Lei 
Modelo para toda hipótese em que as partes optem por empregar meios eletrônicos 
de comunicação, um Estado estará criando um perfil legal neutro para todo meio 
tecnicamente viável de comunicação comercial (GARCIA JUNIOR, 2007, p. 312). 
A adoção da Lei Modelo por parte de Estados, no que tange ao comércio 
eletrônico e suas regras de interpretação, proporciona um meio de reconhecimento 
da validade contratual, dirimindo entraves ao estabelecimento desta modalidade de 
comércio. 
Os objetivos da Lei Modelo são permitir ou facilitar o uso do comércio 
eletrônico, fornecendo um tratamento igualitário tanto aos contratantes 
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convencionais (contratos impressos) quantos aqueles que contratam via mensagem 
eletrônica certificada (MOREIRA, 2010). 
 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO – OMC 
À época da Rodada do Uruguai1, que redundou na criação da OMC, o tema 
comércio eletrônico estava apenas emergindo, sendo novo demais para ser 
colocado em pauta nas negociações comerciais multilaterais. As questões 
diretamente relacionadas ao comércio eletrônico foram tratadas

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