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1 SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 2 UNIDADE 2 – DIREITO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................................... 4 2.1 INTERNET............................................................................................................. 4 2.2 COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................................................................................ 6 2.2.1 Deveres dos Provedores frente aos Consumidores Virtuais ..................... 11 2.3 LEGISLAÇÃO PARA O COMÉRCIO ELETRÔNICO ........................................................ 13 2.4 PRIVACIDADE E SEGURANÇA ................................................................................ 15 2.5 DOCUMENTO ELETRÔNICO E SUA PROVA ............................................................... 19 2.6 CONTRATOS ELETRÔNICOS.................................................................................. 21 2.7 PRINCÍPIOS JURÍDICOS APLICADOS AO COMÉRCIO ELETRÔNICO ............................... 25 2.8 PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NO COMÉRCIO ELETRÔNICO....................................... 27 UNIDADE 3 – DIREITO INTERNACIONAL .............................................................. 30 3.1 INICIATIVAS INTERNACIONAIS RELATIVAS AO COMÉRCIO ELETRÔNICO ....................... 31 UNIDADE 4 – PRODUTOS TRANSGÊNICOS E OS DIREITOS DOS CONSUMIDORES ..................................................................................................... 43 4.1 BIOTECNOLOGIA E PRODUTOS TRANSGÊNICOS OU ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM) ............................................................................................... 47 4.2 BIOÉTICA E BIODIREITO ....................................................................................... 49 4.3 LEI DE BIOSSEGURANÇA NO BRASIL ..................................................................... 56 4.4 RELAÇÕES DOS TRANSGÊNICOS E OS DIREITOS DO CONSUMIDOR ........................... 61 4.5 SEGURANÇA ALIMENTAR E RESPONSABILIDADE CIVIL .............................................. 65 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 67 2 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO O comércio eletrônico é tão novo e revolucionário que até o momento, não se sabe ao certo qual seu impacto real na economia, seja a nível local ou nível nacional e internacional, mas certo é que como as demais relações entre os seres humanos, quer sejam sociais ou econômicas, este tipo de comércio necessita de regulamentação. Os participantes desse novo tipo de comércio não podem ficar indiferentes e precisam se posicionar, investindo em equipamentos, programas, treinamento de pessoal, assim como o operador do direito deve tomar uma posição quanto a ele, tem que acompanhar, ou pelo menos, tentar acompanhar a velocidade deste meio de comunicação que é, na verdade, uma terceira evolução social revolucionária (grosso modo, podemos dizer que a invenção da roda poderia ser a primeira e a revolução industrial a segunda evolução social mais importante para o ser humano). Propriedade intelectual, direitos autorais, aspectos tributários, privacidade nas transações e proteção ao consumidor são apenas alguns dos aspectos que dizem respeito ao comércio eletrônico. Cada um, claro, com sua devida importância e que merece uma correta formulação e dimensionamento do assunto. Focaremos a proteção ao consumidor, foco deste curso, o que passa por conceitos, definições, além de discussões sobre os contratos, as provas, a privacidade e a legislação obviamente. Outros dois tópicos a serem discutidos são as iniciativas internacionais relativas ao comércio eletrônico, afinal de contas, via internet, as barreiras se esvaem; e, a questão polêmica dos alimentos transgênicos, a rotulagem e a legislação via Código de Defesa do Consumidor, visto que na área jurídica, os operadores do direito devem estar preparados para lidarem com as situações em que se encontra a sociedade, ou seja, sem informações verdadeiras e reais a respeito dessa tecnologia dos alimentos transgênicos. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 3 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se inúmeras outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. 4 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 2 – DIREITO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO Devido a realização do comércio eletrônico (via internet), utilizar-se da comunicação, é área que se aproxima do Direito das Telecomunicações; igualmente por minimizar as distâncias e muitas vezes através da internet serem realizados negócios internacionais, se aproxima do Direito Internacional; mas decorre da própria expressão “comércio eletrônico” que seu núcleo é o vocábulo comércio, portanto, inquestionável que o ramo do Direito que disciplina o comércio é o Direito Comercial. Quando ocasiona infrações penais, como normalmente é o caso da invasão de privacidade, difamação, calúnia, o Direito Penal será cabível para dirimir os conflitos. Como não se restringe à compra e venda de mercadorias, mas também aquisição de serviços por via eletrônica, sua relação é regrada pelo Direito Civil, ou quando estiver presente, uma relação de consumo, pelo Direito do Consumidor. Como se vê, o comércio eletrônico se aproxima de vários ramos do Direito, cada um deles, sendo invocado quando necessário. O que nós buscaremos é entender o comércio eletrônico como uma realidade econômica e jurídica passível de trazer mudanças sociais, culturais, comportamentais, inclusive, no consumo do comércio e circulação de produtos e serviços locais, repercutindo na melhoria da qualidade de vida, na busca do pleno emprego e na construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária conforme art. 3º, I da CF/88. 2.1 Internet O desenvolvimento da Internet (redes de comunicações em escala mundial que utiliza as novas tecnologias através de computadores interligados por protocolos, permitindo acesso e transferência de dados) e a sua exploração comercial parecem criar mudanças sociais tão contundentes quanto as vivenciadas durante a RevoluçãoIndustrial, só que de maneira mais rápida. A linguagem universal de hoje é eletrônica! Gira em torno de bytes, megabytes, gigabytes, terabytes! Via internet, as pessoas se conhecem, sem se encontrarem fisicamente; fazem negócios, adquirem produtos e serviços com uma praticidade nunca antes imaginada. Assim como aprendem novas matérias e adquirem novos conhecimentos 5 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. ao explorar as inúmeras possibilidades oferecidas pelos mais diversos sites, isto é, pelo conjunto de páginas da web, onde temos hipertextos acessíveis. Como diz MARIA EUGÊNIA FINKELSTEIN (2010, p. 6) “o mais assustador de tudo isso é que na maior parte das vezes essas atividades são desenvolvidas sem que as pessoas cheguem a se encontrar”. Em relação ao comércio que acontece via internet, informações do Comitê Executivo de Comércio eletrônico no Brasil, órgão da Secretaria de Tecnologia Industrial vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostra a evolução nos últimos anos, conforme gráfico abaixo: Fonte: Vidonho Junior et al (2010). É importante ressaltar que nem todos os produtos encontram ampla aceitação de venda em sites de comércio eletrônico, e as pesquisas de viabilidade do negócio são imprescindíveis do ponto de vista empresarial para que se não tenha insucessos nas vendas, muito embora os produtos e serviços procurados na web se diversificam a cada dia. Por exemplo, não nos parece economicamente viável a venda de materiais de construção via web. Dentre as categorias de produtos mais vendidos em 2009, os livros e assinaturas de revistas e jornais ocupa o primeiro lugar, seguido pelo setor de saúde, beleza e medicamentos. Em terceiro lugar temos os eletrodomésticos, informática em 4º e eletrônicos em 5º. Essas são justificativas mais que suficientes para que os pesquisadores e os pensadores, dentre outros, se debrucem sobre a matéria com propósitos de conhecer profundamente esses caminhos que ainda são escuros, mas que aprimoram e se modificam quase na velocidade da luz, e regulamentar esse meio, 6 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. uma vez que, pensando no ser humano, no consumidor, este está à mercê e precisa ser protegido. 2.2 Comércio eletrônico Numa acepção bem simples, entende-se comércio eletrônico como a compra e venda de produtos ou prestação de serviços, realizados em estabelecimento virtual. Os negócios eletrônicos (e-business), entre os quais temos o comércio eletrônico (e-commerce), são hoje fundamentais para a modernização do setor produtivo, pois permitem ampliar e diversificar mercados e aperfeiçoar as atividades de negócios. O comércio eletrônico apresenta taxas de crescimento sem paralelo, tanto nas transações entre empresas e consumidores, como nos negócios entre empresas, que é onde atualmente se realiza o mais alto nível de geração de receita. Entretanto, atuar no ambiente dos negócios e comércio eletrônico requer que tanto produtores de bens e serviços quanto consumidores estejam conectados às redes digitais e capacitados para operá-las adequadamente. Para isso, é preciso ampliar, facilitar e baratear o acesso às redes de comunicação e proporcionar as informações e os meios necessários para que pessoas e empresas sejam capazes de operar nas novas modalidades de negócios e comércio (BRASIL, 2000). Para LUIZ ALBERTO ALBERTIN (1999), por comércio eletrônico, pode-se entender a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de realizados de forma completa ou parcial, incluindo as transações negócio-a- negócio, negócio-a-consumidor e intraorganizacional, numa infraestrutura predominantemente pública de fácil e livre acesso e baixo custo. Segundo FÁBIO ULHOA COELHO (2000), “a circunstância de a venda ter se realizado num estabelecimento físico ou virtual em nada altera os direitos dos consumidores”. Já no entendimento de MARCO AURÉLIO GRECO (2000), o uso termo “comércio”, na expressão “comércio eletrônico”, revela-se equivocado, uma vez que o vocábulo vem sendo empregado para designar dois tipos distintos de atividades. O primeiro, tipicamente de intermediação comercial, compreende negócios que têm 7 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. por objeto bens corpóreos e que implicam no impulsionamento de mercadorias em direção ao consumo. Já o segundo tipo não corresponderia exatamente a uma atividade mercantil ou comercial, porquanto compreenderia também prestações de serviço realizadas num ambiente eletrônico. Comércio eletrônico é a venda de produtos (virtuais ou físicos) ou a prestação de serviços realizados em estabelecimento virtual. A oferta e contrato são feitos por transmissão e recepção eletrônica de dados. O comércio eletrônico pode realizar-se através da rede mundial de computadores (comércio internáutico) ou fora dela (COELHO, 2010, p. 32). Para MARIA EUGÊNIA REIS FINKELSTEIN (2004, p. 52), várias são as definições de comércio eletrônico. Alguns o definem como uma forma de EDI (Eletronic Data Interchange), ou seja, uma troca de dados por computadores e outros equipamentos eletrônicos sem que se recorra à produção de um suporte de papel. Outros, como a venda de quaisquer produtos ou serviços mediante a utilização da Internet. A autora prefere, no entanto, a definição de Gilberto Marques Bruno, segundo a qual o comércio eletrônico nada mais é do que uma modalidade de compra a distância, consistente na aquisição de bens e/ou serviços, através de equipamentos eletrônicos de tratamento e armazenamento de dados, nos quais são transmitidas e recebidas as informações. CLÁUDIA LIMA MARQUES (2004), considerando a definição de comunicações comerciais trazida pelo art. 2º da Diretiva 2000/31/CE (União Europeia), faz a distinção entre comércio eletrônico stricto sensu e comércio eletrônico lato sensu. Podemos definir comércio eletrônico de uma maneira estrita, como sendo uma das modalidades de contratação não presencial ou a distância para a aquisição de produtos e serviços através do meio eletrônico ou via eletrônica. De maneira ampla, podemos visualizar o comércio eletrônico como um novo método de fazer negócios através de sistemas e redes eletrônicas (RIBEIRO, 2009). A visão ampla, ou seja, o comércio eletrônico lato sensu, abrange toda forma de transação ou troca de informação comercial, consequentemente, torna-se possível a existência de todas as formas contratuais (os de envio de bens materiais, 8 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.os de envio de bens imateriais e os de serviços) e todas as fases do negócio jurídico realizado entre o fornecedor e o consumidor (MARQUES, 2004, p. 40). No mesmo sentido, RICARDO LORENZETTI (2004) assevera que como consequência lógica das atividades oriundas do comércio eletrônico lato sensu há diversas relações jurídicas que se classificam nas quatro modalidades (empresários e empresários – B2B; empresários e consumidores – B2C; empresários e governo – B2G; consumidores e governo – C2G). Dentro desse conceito amplo de consumo, ou mais especificamente contrato de consumo via transferência de dados eletrônicos que faz circular produtos e serviços no mercado local, regional e mundial, observam-se várias relações contratuais, tendo em vista inclusive a informação como produto de comércio. Segundo JAMES A. O’BRIEN (2004), definimos como e-commerce a compra e venda por meios digitais. E-business além de abranger o e-commerce, compreende aplicativos de escritório, tanto os internos como os de relacionamentos externos, que compõem o motor da empresa moderna. E-business não é apenas o conjunto de transações de e-commerce é uma redefinição do velho modelo de empresa com a ajuda da tecnologia para maximizar o valor para o cliente. O e-commerce engloba a realização de negócios por meio da Internet incluindo a venda, não só de produtos e serviços físicos, entregues off-line: isto é, por meios tradicionais, mas também de produtos como software, que podem ser digitalizados e entregues online por meio da Internet nos segmentos de mercado business-to-business (B2B), que envolve mercados eletrônicos e ligações diretas entre empresas. No seminário “mercado B2B.com.br – negócios entre empresa via Internet” constatou-se que as empresas instaladas no Brasil estão buscando cada vez mais a automação de seus negócios. O Brasil se destaca no setor bancário, em que as transações financeiras pela Internet já são quase tão populares quanto nos Estados Unidos (LIMEIRA, 2003). A filosofia Business to Business ganhou espaço a partir do final dos anos 90. Com isso aumentou a competição pela concorrência. Hoje, praticamente, toda empresa idônea tem seu site para se conectar com o mundo. Muitas empresas oferecem a seus clientes Websites seguros de catálogos de e-commerce na Internet ou extranet. São também muito importantes os portais de e-commerce B2B que 9 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. oferecem leilões e mercados de trocas para empresas. Outras podem contar com Intercâmbio Eletrônicos de Dados (EDI) pela Internet ou extranets para a troca, de computador a computador, de documentos e de e-commerce com seus maiores clientes e fornecedores. Já o business-to-consumer (B2C) é aquele que as empresas precisam desenvolver praças de mercado eletrônicos atraentes para seduzir seus consumidores e vender produtos e serviços a eles. Muitas empresas, por exemplo, oferecem Websites de e-commerce que fornecem fachadas de lojas virtuais e catálogos multimídia, processamento interativo de pedidos, sistemas seguros de pagamento eletrônicos e suporte online ao cliente (O’BRIEN, 2004). Assim, relações contratuais de comércio eletrônico envolvem o cidadão (conssumer – C), o empresário (business – B) e o governo (governament – G) conforme o esquema abaixo: Fonte: Brasil (2000) – Livro Verde Abaixo temos explicações mais detalhadas sobre a doutrina que reconhece algumas formas de relações jurídico-contratuais entre os estabelecimentos eletrônicos, quais sejam: a) B2B – (business to business) – os internautas ou usuários de redes de computadores compradores são também empresários, assim a relação se dá através de contrato de consumo ou aquisição entre duas empresas, por exemplo, americanas.com adquire via compra em website de material de expediente de outra empresa de comércio eletrônico; O B2B envolve relações comerciais entre empresas quanto à comercialização de produtos e prestação de serviços entre produtores, fabricantes, 10 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. fornecedores e importadores, sem a participação direta do consumidor final. As mercadorias adquiridas pelo B2B normalmente são produtos, insumos e suprimentos por parte das empresas, com a Internet integrando as partes (FENKELSTEIN, 2010). b) B2C – (business to consumer) – os internautas são consumidores (CDC – art. 2º) que adquirem os produtos das empresas através de meios digitais, ou mais comumente denominados de home pages (ex.: www.americanas.com.br); O B2C é ditado por relações de consumo do tipo fornecedor-consumidor. Neste sentido, mediante a utilização da Internet, as empresas, na qualidade de produtoras e/ou fabricantes e/ou distribuidoras, vendem seus produtos ao consumidor final. É o chamado varejo eletrônico (FENKELSTEIN, 2010). c) C2C – (consumer to consumer) – negócios feitos entre os próprios consumidores, indivíduos que ofertam algum produto ou serviço e de outro lado outro indivíduo adquire cabendo ao empresário apenas intermediar tais contratos disponibilizando meios como o espaço virtual como é o caso dos sites de leilões virtuais como www.ebay.com ou o mais popular www.mercadolivre.com.br; d) No nível governamental tem-se ainda o G2C (government to citizen - o governo se relacionando através de fornecimento de produtos e serviços ao cidadão, como é o caso das certidões digitais, o processo eletrônico, pagamento via internet), G2B (government to business – o governo se relaciona com os empresários fornecedores de produtos ou serviços através das licitações e o pregão virtual, por exemplo) e G2G (government to government – relacionamento entre agências governamentais) (VIDONHO JUNIOR et al, 2010). Temos ainda: C2B (consumer-to-business), B2G (business-to-government), G2C (government-to-consumer), C2G (consumer-to-government). Os provedores são aqueles que disponibilizam ao público em geral, usuário da internet, através de suas home pages, uma variedade de informações, bens e serviços, muitas vezes em caráter gratuito, mas que geralmente exigem do interessado o pagamento de uma taxa de subscrição ou uma compensação de natureza econômica (DELPUPO, 2006). A atuação dos provedores, de um lado, e dos usuários, de outro, caracteriza a existência de uma típica relação de consumo. Com efeito, tanto o provedor de acesso quanto o provedor de conteúdo (bens e serviços) estabelecem com o usuário 11 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. da internet um contrato de consumo. Senão vejamos: o provedor de acesso obriga- se a prestar serviços de conexão e transmissão de informações, através dos quais disponibiliza ele: 1) acesso aos sites e home pages e fornece atividades complementares, como a comunicação interpessoal (correio eletrônico e chats), a transmissão de dados, etc.; 2) o provedor de conteúdo (bens e serviços), oferta e comercializa bens e serviços, que são fornecidos à medida em que ousuário, aceitando a oferta de contratação eletrônica, adere aos termos e condições de fornecimento contidos na oferta (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 118). A diferença entre as duas atividades é que, enquanto o provedor de acesso assume uma obrigação de prestação tipicamente de execução continuada, o segundo nem sempre estabelece uma relação jurídica duradoura (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 118). 2.2.1 Deveres dos Provedores frente aos Consumidores Virtuais O art. 30 do Código de Defesa do Consumidor reza que toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Segundo o art. 31 do CDC, a oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar aos consumidores informações, corretas, claras, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados (SCHOUERI, 2001, p. 105). O site destinado ao comércio eletrônico deve trazer informações claras e precisas acerca dos produtos e serviços que estão sendo comercializados, sendo que qualquer problema advindo da ausência de informações necessárias poderá representar grande infortúnio ao fornecedor (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 109). Verifica-se nos arts. 18 e 20 do CDC, que consideram-se viciados (qualidade ou quantidade) os produtos ou serviços que apresentarem disparidade com as 12 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo inclusive o consumidor exigir: a) a substituição do produto; b) a restituição imediata da quantia paga ou; c) o abatimento proporcional do preço (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 110). As informações e indicações divulgadas pelo estabelecimento virtual devem ser claras, e, sobretudo, verdadeiras, sob pena de restar configurado vício de fornecimento, ensejando a verificação das hipóteses acima descritas, em favor do consumidor prejudicado (LUCCA; SIMÃO FILHO, 2001). Os sites também se constituem importante mídia publicitária, como instrumento de estímulo de consumo, e sujeita, por conseguinte, às regras traçadas pela legislação consumerista (CORRÊA, 2000). Toda a publicidade enganosa e/ou abusiva, veiculada via internet, e desde que demonstrado o seu beneficiário, autor e titular, deverá ser reprimida, de acordo com o art. 36 a 38 do Código de Defesa do Consumidor (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 116). Essa responsabilidade (civil, penal e administrativa) é adstrita unicamente ao anunciante, tal qual ocorre com o canal de televisão, com o jornal impresso, com o rádio, etc. Quando o titular do site é apenas o veiculador do informe publicitário, disponibilizando o respectivo espaço, não responde por publicidade enganosa ou abusiva, que ocorre apenas quando anuncia seus próprios produtos ou serviços (SCHOUERI, 2001). Importante salientar que todas as disposições constantes no Código de Defesa do Consumidor a respeito das cláusulas abusivas têm plena aplicação ao comércio eletrônico, devendo ser consideradas nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais arroladas pelos arts. 51 a 53 do Código de Defesa do Consumidor. Por exemplo, são consideradas abusivas: a) cláusula que exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza; b) que subtraiam o consumidor a opção de reembolso da quantia já paga; c) que transfiram responsabilidades a terceiros; d) que estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, ou que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, etc. (SCHOUERI, 2001). 13 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2.3 Legislação para o comércio eletrônico Segundo estudos de AMADEU DOS ANJOS VIDONHO JUNIOR et al (2010), no Brasil não há legislação específica sobre comércio eletrônico, embora existam muitos projetos de lei a respeito na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. As políticas públicas são fomentadas pelo Comitê Executivo do Comércio Eletrônico, órgão da Secretaria de Tecnologia Industrial que compõe o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No âmbito interno, o Brasil conta com a legislação vigente para os contratos, sobretudo, o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90 que nos casos de aquisição de produto ou serviço através de comércio eletrônico, em regra por contrato de adesão, impõe: a proteção do consumidor em razão de danos morais e materiais (art. 6°); qualidade do produto e do serviço (art. 4°); segurança (art.14, § 1°); regulamentação da oferta e publicidade (arts. 30-38); responsabilidades do fornecedor (arts.12-14); prazo para a devolução do produto ou desistência do contrato (art. 49); prazos de garantia em razão de defeitos do produto ou do serviço (arts. 26-27, 50); práticas e cláusulas abusivas (arts. 39, 51); defesa individual e coletiva do consumidor em juízo (arts. 81-104) de forma geral (VIDONHO JUNIOR et al, 2010). Outras áreas que sofreram influência da cultura eletrônica e do advento da Internet também já possuem estudos legislativos em trâmite. Exemplo disso é a existência de projetos de lei penal que criam novos tipos de crimes que só podem ser perpetrados via Internet. Há um grande número de projetos de lei em curso que versam sobre essa nova tecnologia. MARIA EUGÊNIA REIS FINKELSTEIN (2011), com muita atenção e propriedade, lembra que seria no mínimo inadequado deixarmos de dar um enfoque especial ao Código Civil de 2002, uma vez que este é o grande inovador de toda a temática relativa ao Direito Privado no Brasil. Com a unificação do Direito Comercial e do Direito Civil, fica claro que o Código Civil de 2002 ocupa lugar de destaque na vida de todos nós. O Código Civil de 2002 teve uma longa tramitação no Congresso Nacional. Foi em 1975 que o Presidente Costa e Silva submeteu à apreciação da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 634-D. Seus organizadores foram Miguel Reale, José 14 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Carlos Moreira Alves, Agostinho Alvim, Sílvio Marcondes, Erbert Chamoun, Clóvis de Couto e Silva e Torquato Castro. Note-se que pelo próprio fato de o projeto inicial datar de 1975 e a exploração comercial da Internet ter-se iniciado em 1993, impossível pareceria, à primeira vista, que o Código Civil de 2002 tratasse, de alguma forma, do comércio eletrônico. É de lembrar, no entanto, que durante sua longa tramitação, o projeto recebeu sucessivas emendas e recebeu inúmeras contribuições, inclusive após 1993. Assim, permanecem as questões: por que o comércio eletrônico não foi objeto de normas específicas no Código Civil de 2002? Este fato determinaria a velhice precoce do Código Civil de 2002? Essas questões são aqui transcritas posto que por inúmerasvezes foram efetivadas em voz alta nos meios acadêmicos e empresariais. Assim, passa ela a responder a essas questões. Os organizadores do Código Civil de 2002 optaram por traçar normas gerais para regular a relação entre os homens comuns. Ademais, nos poucos países dos quais se tem notícia, o comércio eletrônico foi tratado em legislação específica, como veremos adiante. As tecnicidades do comércio eletrônico extrapolam o campo do Direito Civil ou mesmo do Direito Comercial, o que não quer dizer, no entanto, que as normas do Código Civil de 2002 não possam e não devam ser aplicadas ao comércio eletrônico. O legislador deve traçar normas gerais que não se desatualizam ante inovações tecnológicas! E isso foi feito pelo Código Civil de 2002, que optou por obedecer a princípios gerais como os da eticidade, socialidade e operabilidade. Aliás, este último visa justamente a estabelecer soluções normativas de modo a facilitar sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito (FINKELSTEIN, 2011). Chegamos dessa forma à resposta à segunda pergunta. O Código Civil de 2002 não é precocemente velho, como seria se fosse um mero clone do Código Civil de 1916. Não! Ele é extremamente moderno e inovador, sendo que o objetivo de superar o manifesto caráter individualista do Código Civil de 1916 é fator determinante desta afirmação (FINKELSTEIN, 2011). 15 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Não se quer, com isso, dizer que o Código Civil de 2002 é perfeito, pois, obra humana que é, está sujeito a falhas. Dentre essas falhas, é de mencionar as formalidades complicadas de que se revestiram as sociedades limitadas. Quer-se dizer, apenas, que não consideramos necessário que o Código Civil de 2002, se tivesse preocupado com as tecnicalidades inerentes ao comércio eletrônico, uma vez que se esforçou em traçar normas gerais que podem ser aplicadas a ele (FINKELSTEIN, 2011). 2.4 Privacidade e segurança De difícil definição, a privacidade é um direito protegido pela CF/88, assegurado pelos Códigos Civil, Penal, de Defesa do Consumidor e Comercial, além de ser protegido por leis esparsas. Grosso modo, podemos definir como intimidade, particular, que não é público. Segundo RAFAEL FELIX CORREA et al (2006), o conceito de privacidade varia de pessoa para pessoa, e também entre os governos. Tanto que, os países, alguns mais a frente, outros menos, já abordam discussões sobre como determinar e garantir a privacidade da informação. Conforme ADRIANA GAERTNER e HELENA SILVA (2006), a privacidade está ligada ao direito de controlarmos nossas informações pessoais e ainda ao direito de escolha de se permanecer no anonimato, pois uma vez que as informações façam parte de um banco de dados, elas podem ser usadas de alguma forma. Portanto, é preciso que se encontre um equilíbrio entre controle, segurança e privacidade. A concorrência entre as organizações baseia-se em sua capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz. A utilização de comércios eletrônicos permite que as empresas consigam informações, como por exemplo, os sites acessados pelo cliente, o tipo de máquina, entre outras, conseguindo assim verificar a melhor maneira de “atacar” o cliente. Dessa forma, três premissas devem ser consideradas quando se trata da segurança de transações e documentos eletrônicos (BRUNO, 2006): 1º. autenticidade – a correspondência entre o autor aparente e o autor real do documento firmado é facilmente comprovada por meio da sua assinatura; 16 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2º. integridade – consistente na sua preservação contra eventuais alterações que possam lhe modificar o conteúdo dos documentos eletrônicos, inserindo-os em arquivos protegidos; 3º. confidencialidade – prevenção contra o acesso de pessoas não autorizadas, cuja técnica mais difundida na atualidade decorre da criptografia. Embora o crescimento do faturamento do comércio eletrônico esteja aumentando cada vez mais, é nítido que estes sites não se preocupam com a privacidade das informações. O ideal seria os sites terem uma política para informar o usuário sobre como suas informações serão protegidas e quais delas serão obtidas, mas isso não ocorre na maioria dos casos. Deveria existir a possibilidade de após uma compra ter sido concluída, o usuário excluir suas informações definitivamente do banco de dados, mas os interesses das empresas não permitem que isso ocorra. Existe uma certificação para que, quando obtida, o usuário perceba se o site esta dentro das normas de privacidade, porém, até o momento, nenhum site de comércio eletrônico possui o mesmo (GAERTNER e SILVA, 2006). Lawrence Lessig (doutrinador em matéria de Direito Informático, professor da Universidade de Stanford – EUA) define como privacidade tudo o que é resultante da subtração, de todos os aspectos da vida social, de tudo que é monitorado e de tudo que é investigado. Produto de uma relação entre tudo aquilo que pode ser monitorado ou investigado, de um lado, e todas as proteções legais e estruturas utilizadas para dificultar este monitoramente e/ou investigação, de outro. A era atual é caracterizada pela maior extensão do que é transitório e pela grande abrangência do que é permanente, diferentemente do que era observado no passado (FINKELSTEIN, 2011). Ainda segundo Lessig, a extensão da privacidade, que é justamente o resultado da relação entre o que pode ser monitorado e/ou investigado e proteções contra este monitoramento e/ou investigação, depende da tecnologia disponível em determinado tempo. MARIA EUGÊNIA REIS FENKELSTEIN (2011) exemplifica com maestria o monitoramento como elemento de invasão de privacidade. Via de regra, referido fator é caracterizado pela sua transitoriedade – se somos observados ao andar pela rua, se não estivermos fazendo nada fora do comum, seremos esquecidos em 17 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. seguida. Assim, em relação à investigação – que é de caráter permanente – o monitoramento é considerado elemento menos relevante de invasão da privacidade, porém, caso surja uma tecnologia que elimine o caráter de transitoriedade do monitoramento, seu efeito sobre a privacidade será mais relevante. O legislador do Código Civil de 2002 também não se olvidou da questão atinente à privacidade, ainda que de forma genérica. O Livro I, das pessoas, trata do tema, destacando a proteção da divulgação de escritos, da transmissão da palavra, e da exposição ou utilização da imagem das pessoas físicas ou jurídicas que poderão ser proibidas de imediato, inclusive se o intuito for apenas comercial, sem falar em prejuízo no tocante à fama, honra e respeitabilidade, questões também protegidas pelas normas citadas. Essa disposição pode ser aplicada, de imediato, a invasões de privacidade ocasionadas no ambiente eletrônico, especialmente por meio dos chamados cookies (GAZETA MERCANTIL,2003 apud FENKELSTEIN, 2011). No Brasil, a proteção da privacidade é princípio constitucional previsto pelos incisos X, XI e XII, do art. 5º da CF. Ressalte-se que o estudo da privacidade do usuário da Rede é uma das matérias que se inserem entre as mais importantes da sociedade da informação e que acaba estando relacionada ao Comércio Eletrônico, uma vez que são os sites de Comércio Eletrônico os principais coletores de informações na Rede. Dentro do tema privacidade na Internet, são 3 (três) os pontos que merecem destaque: a) a privacidade do usuário invadida pela montanha de junk mails ou spams que um usuário recebe sem pedir nem desejar; b) a privacidade do usuário garantida pela CF, que determina invioláveis a intimidade, a casa e o sigilo da correspondência das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas salvo por ordem judicial; c) a privacidade do usuário, em si, pois que por vezes seus dados pessoais e hábitos de consumo são comercializados. Outra questão relevante à privacidade diz respeito ao monitoramento de equipamentos de funcionários que acessam, por exemplo, sites de pornografia durante o expediente. O mau uso da internet por funcionários de empresas justifica a 18 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. existência de um monitoramento pelo empregador, mesmo porque o equipamento utilizado é de propriedade deste. Já existem no Brasil, casos de demissão por justa causa em face do acesso a sites de pornografia em horários de trabalho, como por exemplo, caso da GM do Brasil que demitiu 11 funcionários e advertiu outros 84 pelo uso indevido do e-mail em maio de 2002, conforme informação disponibilizada em www.carreiras.emprego.com.br , em 21 de agosto de 2002. Quanto aos spams, modalidade de abuso no uso do correio eletrônico, geralmente associada a informes publicitários que não se identificam como tal, ou seja, envio de mensagem eletrônica não autorizada, há unanimidade que o spam prejudica o usuário da Rede de forma direta ou indireta. Dentre os vários projetos de lei acerca de spams que tramitam perante o Congresso Nacional temos o PL nº 4187/08; PL nº 3095/08; PL nº 1227/07; PL nº 169/07 e outros. Dentre as técnicas de segurança digital que buscam garantir a segurança das relações estabelecidas no meio informático, temos aquelas que possuem finalidade de confirmar a autenticidade e integridade garantindo assim confiabilidade as provas nascidas ou convertidas ao meio eletrônico (CASTRO; SANTOS, 2011). Dentre as técnicas podemos citar a criptografia (simétrica e assimétrica) que tem a finalidade de esconder os dados tornando-os indecifráveis, de tal maneira que só os interlocutores podem ter acesso ao conteúdo da informação, garantindo a sua integridade (veracidade). Tal técnica associada à assinatura digital garante também a autenticidade (autoria) da informação transmitida. A partir dessa questão, surgiram modos ou técnicas de cifrar e decifrar as mensagens, de forma que apenas o remetente e o destinatário possam ter acesso ao conteúdo dos documentos envolvidos, através de um suporte técnico pessoal, que garante o sucesso da relação (MARQUES, 2010, p. 151). Tem também a certificação digital que através da autoridade certificadora, que é uma terceira entidade de confiança das partes, tem como finalidade garantir a certeza e confiança na identificação do remetente e integridade do conteúdo do documento digital (CASTRO; SANTOS, 2011). 19 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2.5 Documento eletrônico e sua prova Segundo PONTES DE MIRANDA (1974), o documento como meio de prova, é toda a coisa que expressa, por meio de sinais, o pensamento. Este seria o sentido restrito e técnico, que suporia o conteúdo intelectual como elemento definidor do documento. No mesmo sentido, FRANCESCO CARNELUTTI (1947 apud FENKELSTEIN, 2011) afirma que não basta a manifestação do pensamento para caracterizar a existência de um documento, e lembra que existem objetos que contêm uma manifestação do pensamento e, ainda assim, não poderiam ser caracterizadas como documentos. É o caso de uma carta que contenha apenas palavras como “cordiais saudações”. Enfim, para o Direito, documento é qualquer registro que expresse um pensamento capaz de influenciar a cognição do juízo acerca de um dado fato em um determinado processo (GICO JUNIOR, 2000 apud FENKELSTEIN, 2011). É regra basilar no nosso Código Processual Civil que o autor é quem está incumbido de provar o fato constitutivo do seu direito alegado e o réu o de provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Destarte, quando o autor alega determinado fato ou ato jurídico, tem o direito e a faculdade de prová-lo. Prova se quiser e puder, não provando arca com ônus da sua omissão, sob pena de perder a demanda. De certo que a mesma regra se aplica ao réu, que deve provar a existência do fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito da parte autora. No mundo das provas, “cada uma das partes conta a sua versão sobre o que aconteceu. A versão mais bem provada, aquela que vier a convencer o julgador, tem tudo para ser a vencedora” (DIDIER; BRAGA; OLIVEIRA, 2009, p. 24). No módulo processual de conhecimento, para que o juiz possa formar seu convencimento e decidir o objeto do processo, faz-se fundamental a colheitas das provas que se façam necessárias, e que serão o material com base em que o juiz formará seu juízo de valor acerca dos fatos da causa. Este é, pois, o momento de se passar ao exame das normas e princípios que regem a prova, conjunto esse que recebe de alguns doutrinadores o nome de direito probatório (CÂMARA, 2009, p. 89). 20 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O direito a prova é considerado um direito fundamental, uma vez que se deriva do contraditório e do acesso a justiça, estruturas basilares da tutela jurisdicional. Todos possuem o direito a provar aquilo que relatam, assim como possuem o direito a discutir a respeito das provas apresentadas por outros, ainda que incontestáveis. As provas acabam por tomar forma à medida que convencem o julgador, seja pelo grau de confiabilidade a que possuem, ou até mesmo, pelo seu encaixe em um quebra-cabeça formado por uma variedade de provas entrelaçadas. Destarte, devem-se utilizar todos os meios probatórios legalmente possíveis para a confirmação dos fatos, sob pena de suprimir o contraditório e prejudicar a tutela jurisdicional (FINKELSTEIN, 2011). Com o avanço da tecnologia e o desenvolvimento da internet, novas formas de relações são criadas, onde a presença é indiferente na formação de conflitos. Deste modo, nasce uma nova demanda de conflitos que precisam ser dirimidos. É nesse contexto que nasce um novo gênero probatório, chamado de prova digital, onde existem muitas espécies como: o documento eletrônico; depoimento testemunhal online; interrogatório de réu preso via videoconferência;imagens digitais; mensagens eletrônicas; arquivo de áudios e gravações, entre outras. O projeto de Lei brasileiro nº 4.906/01, em seu artigo 2º, inciso I, define o que seria documento eletrônico como: “a informação gerada, enviada, recebida, armazenada ou comunicada por meios eletrônicos, ópticos, opto-eletrônicos ou similares”. Assim, não apenas os escritos em papel são considerados como documento, pois uma gravação, uma imagem, um vídeo, um contrato eletrônico e muitas outras formas digitais podem ser consideradas documentos, uma vez que documentam um fato ou ato da vida social. Se essa documentação registrada, é digital e como tal se utiliza de alguma técnica atual com a criptografia assimétrica, permitindo assim a inalterabilidade do registro, não há como não chamá-lo de documento. Importante que se diga que o Código de Processo Civil é claro em não estabelecer um rol taxativo (numerus clausus) de documentos para a produção de provas: 21 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Art. 383 – qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica, fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade. Parágrafo único – impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordenará a realização de exame pericial. Deste modo, percebe-se que não haveria uma diferença substancial entre o documento tradicional e o documento digital, pois tanto um quanto outro, seria um meio para registrar um determinado acontecimento. Logo, ontologicamente, não haveria nenhuma diferente, pois a única diferença está na estrutura da sua forma. Assim, a Prova digital ou eletrônica é toda prova produzida em meio digital, onde a sua validade jurídica e eficácia probatória sejam reconhecidas e garantidas pelas técnicas de segurança digital (CASTRO; SANTOS, 2011). Igualmente uma fotografia a qual ninguém discute se deve ter ou não validade em juízo como meio de prova, apesar de ser uma reprodução mecânica de um processo fotográfico, a reprodução mecânica do documento eletrônico, uma vez que o documento tenha sido devidamente autenticado através da assinatura digital, também não deve ser levada a discussões acerca de sua veracidade. O documento eletrônico pode e deve ser aceito como meio de prova em juízo, mesmo sabendo que o meio eletrônico é um meio que facilita a modificação de documentos, sem que seja viável para pessoas comuns comprovar a existência de adulterações realizadas (FENKELSTEIN, 2011). Ao contrato eletrônico aplicam-se integralmente os arts. 368 do CPC e 219 do CC de 2002, ambos preceituando que a expressão da vontade exteriorizada e materializada em documento escrito particular é verdadeira em relação aos signatários. A fim de legitimar o documento eletrônico como um meio de prova, deve-se analisar, primeiro, o art. 332 do CPC brasileiro e o inciso II do art. 212 do CC/02. Também devem ser analisados os arts. 334, 335 e 339 do CPC. 2.6 Contratos eletrônicos Contratos eletrônicos são os negócios jurídicos bilaterais que utilizam o computador como mecanismo responsável pela formação e instrumentalização do vínculo contratual (ROSSI; SANTOS, 2000, p. 108). 22 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O contrato eletrônico é caracterizado por empregar meios eletrônicos para sua celebração. Apresenta quanto à capacidade, objeto, causa e efeitos das mesmas regras a serem aplicadas aos contratos celebrados por meio físico. A declaração da vontade de uma das partes é emitida por meio de um computador que, obviamente, não é um sujeito independente. Tanto o hardware como o software cumprem uma função meramente instrumental. A declaração de vontade é imputável ao sujeito a cuja esfera de interesses pertencem o hardware e o software. Ocorre que nem sempre a declaração emitida por meio de um computador coincide com a intenção do suposto sujeito. Este pode alegar, por exemplo, que o programa não obedeceu às suas instruções ou que sua suposta declaração foi feita por um terceiro. Para evitar este tipo de problema, as partes podem determinar, por meio de cláusulas contratuais, a exata forma como irão direcionar suas mensagens eletrônicas. Assim, podem estabelecer que somente as mensagens que apresentem firma digital deverão ser levadas em consideração para efeito de transações eletronicamente celebradas (FENKELSTEIN, 2011). Com relação aos contratos eletrônicos a distância deve-se considerar quanto ao momento de conclusão do contrato, se a contratação efetivou-se entre presentes ou se a contratação efetivou-se entre ausentes. Considerar-se-á a contratação eletrônica entre presentes quando a proposta e a aceitação realizar-se de forma imediata (online), aplicando neste caso o art. 1.081, I do CC de 2002. Já a contratação eletrônica entre ausentes ocorrerá quando a proposta e a aceitação forem mediante correios eletrônicos (e-mails) desde que não estejam conectados online, aplicando neste caso o art. 1086 do CC (DELPUPO, 2006). Os contratos eletrônicos podem ser subdivididos em formais e informais. Os contratos eletrônicos formais são aqueles celebrados com a utilização de assinaturas digitais que conferem certeza quanto à identidade das partes e o objeto do contrato, cujas informações sejam irremovíveis sem que se perca a assinatura digital dos contratantes. Os contratos eletrônicos informais são aqueles realizados sem a utilização de mecanismos que possibilitem um aceitável grau de confiabilidade a um 23 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. determinado documento eletrônico em que estejam presentes todas as condições essenciais da avença (FERNANDES, 2006). A existência de tais contratos é comprovada através de indícios, como impressão de telas, comprovantes de pedido, pagamento, entrega, dados pessoais dos contratantes, e-mails, dentre outros, e por isso se aproximam dos contratos verbais. Os contratos celebrados sem as formalidades previstas na Medida Provisória nº 2.200/2001, embora não tenham a sua validade jurídica expressamente reconhecida por norma especial, também podem ser considerados válidos. No Brasil vige a regra geral da liberdade quanto aos meios de expressar manifestação de vontade (art. 107 do CC). Ademais, embora não disponham de um instrumento único que seja dotado de plena confiabilidade e que contenha todos os elementos da contratação, é certo que a prova do negócio jurídico pode ser realizada por diversos meios (FERNANDES, 2006). Outra classificação dos contratos eletrônicos é obtida através da análise da formação do contrato e da forma como o computador é empregado. Assim, os contratos eletrônicos podem ser classificados em: intersistêmicos, interpessoais e interativos (SILVA, 2012). Contratos eletrônicos intersistêmicos são aqueles nos quais o computador serve apenas como um instrumento de comunicação entre as partes,como ocorre na contratação através do telefone e do fax, por exemplo, tendo em vista que o contrato é celebrado da maneira tradicional e o computador serve somente para transmissão da vontade das partes, a qual é preexistente (LIMA, 2008). Nos contratos eletrônicos interpessoais, por outro lado, o computador não tem apenas a função de comunicação entre as partes, uma vez que interfere diretamente na formação da vontade dos contratantes. Este tipo de contrato pode ser formado de forma simultânea – quando as partes estão conectadas à rede ao mesmo tempo – como acontece, por exemplo, nos contratos firmados através de chats ou pode, ainda, ser não simultâneo, como ocorre nos casos onde há um espaço de tempo entre a declaração e a recepção da manifestação de vontade do contratante. 24 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Por fim, contratos eletrônicos interativos são aqueles formados entre uma pessoa e um sistema eletrônico de informações, sendo o mais conhecido modo de contratação desta forma os contratos firmados na internet através de websites, nos quais os produtos ou serviços são colocados à disposição do consumidor e o contrato possui cláusulas preestabelecidas unilateralmente pelo fornecedor (LIMA, 2008). Assim sendo, ROGÉRIO MONTAI DE LIMA (2008) considera os contratos eletrônicos interativos “contratos por computador stricto sensu, posto que o computador age diretamente na formação da vontade das partes”. No que tange à forma de execução dos contratos eletrônicos, eles podem ser diretos ou indiretos. Nos primeiros, a execução é realizada no próprio ambiente virtual e, nestes últimos, ocorre quando o bem é de natureza tangível e sua execução no ambiente virtual é impossível (LIMA, 2008). A diferença entre um contrato tradicional e um contrato eletrônico está na sua forma. O segundo não possui um texto escrito físico, o que é incomum, e é consequência de uma revolução cultural sem precedentes no Brasil e no mundo, uma vez que o texto escrito físico remonta à própria História da Humanidade. Como problemas a serem superados nos contratos eletrônicos temos: a) cláusulas abusivas em face da normal falta de negociação; b) o fato de a maioria dos contratos eletrônicos caracterizar contrato de adesão; c) a falta de segurança acarreta riscos à privacidade do usuário; d) a questão da assinatura digital e da autoridade certificadora. MARCO AURÉLIO GRECO (2000) lembra outro problema relevante que diz respeito a manter o documento eletrônico íntegro, livre de adulterações, uma vez que o mesmo é facilmente alterável, não deixando no processo vestígios visíveis, como ocorre no documento em papel. Enfim, são vários os problemas que merecem atenção da comunidade jurídica e também para determinar se o atual arcabouço jurídico consegue dirimir todos os possíveis conflitos (FENKELSTEIN, 2011). 25 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2.7 Princípios jurídicos aplicados ao comércio eletrônico Os princípios são, na sua essência, enunciados amplos que permitem solucionar um problema e orientam comportamentos, resultando em um esquema abstrato, mediante um procedimento de redução a uma unidade diante da multiplicidade de fatos que oferece a vida real. Levando em consideração a especificidade dos contratos eletrônicos, JORGE JOSÉ LAWAND (2003, p. 41 e seguintes) levantou os seguintes princípios jurídicos aplicáveis ao comércio eletrônico: I) Princípio da equivalência funcional dos atos jurídicos produzidos por meios eletrônicos com os atos jurídicos tradicionais Este princípio veda qualquer espécie de diferenciação entre os contratos clássicos, produzidos em papel e reconhecida a sua legitimidade e os contratos efetivados através dos meios eletrônicos, em especial a Internet. RICARDO LUIZ LORENZETTI (2004, p. 86) trata deste princípio como o da não discriminação do meio digital, dizendo que o Estado deve manter sua neutralidade e não discriminar o sujeito no que tange a não utilização de instrumento escrito para a formalização de um negócio. A equivalência implica a não discriminação das mensagens de dados eletrônicos, desde que garantida, através de certificação digital, a sua procedência, em comparação às produzidas tradicionalmente (declarações de vontade, verbais ou escritas); II) Princípio da neutralidade tecnológica das disposições reguladoras do comércio eletrônico De acordo com este princípio, as normas disciplinadoras do comércio eletrônico devem abarcar não somente a tecnologia do momento da promulgação da lei, mas também as tecnologias futuras sem a necessidade de ser submetida a alguma espécie de modificação (LAWAND, 2003). A importância deste princípio reside no fato de que, com a imposição de um determinado ordenamento jurídico, este não se constituirá um obstáculo para o desenvolvimento continuado de novas tecnologias, as quais tornem mais fáceis os negócios efetivados eletronicamente; 26 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. III) Princípio da inalterabilidade do direito existente sobre obrigações e contratos A inalterabilidade do direito existente sobre obrigações e contratos corresponde ao fato de que as normas jurídicas introduzidas para disciplinar o comércio eletrônico, não implicarão uma modificação substancial do direito vigente e disciplinador das obrigações e contratos, tanto em âmbito nacional como internacional (LAWAND, 2003). Assim, tanto os elementos essenciais do negócio jurídico (consentimento e objeto) como suas manifestações e defeitos, além da própria tipologia contratual preexistente não sofrem alteração significativa quando o vínculo jurídico é estabelecido na esfera do comércio eletrônico, mesmo sendo este vínculo internacional. Sobre tal assunto, ANA PAULA GAMBOGI CARVALHO (2009) discorre que a internet não cria um espaço livre, alheio do Direito. Ao contrário, as normas legais dos contratos vigentes aplicam-se aos contratos eletrônicos basicamente da mesma forma que a quaisquer outros negócios jurídicos. A celebração de contratos via internet sujeita-se, portanto, a todos os preceitos pertinentes do Código Civil Brasileiro. Tratando-se de contratos de consumo, são também aplicáveis as normas do Código de Defesa do Consumidor (CDC); IV) Princípio da boa-fé objetiva nos contratos em geral No processo de estabelecimento de um contrato, as partes devem agir de forma correta antes, durante e depois do cumprimento do mesmo. Caso ocorra descumprimento do contrato, o juiz deve analisar se este ocorreu de boa ou má-fé. Para SILVIO DE SALVO VENOSA (2004), tanto nas tratativas como na execução, bem como na fase posterior de rescaldo do contrato já cumprido (responsabilidade pós-obrigacional ou pós-contratual), a boa-fé objetiva é fator basilar de interpretação. Desta forma, avalia-se sob a boa-fé objetiva tanto a responsabilidade pré-contratual como a responsabilidade contratual e a pós- contratual.Em todas essas situações sobreleva-se a atividade do juiz na aplicação do direito ao caso concreto. No Código Civil, o art. 421 faz referência à boa-fé objetiva, a qual se relaciona a uma regra de conduta, seja esta o dever de agir dentro de padrões 27 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. sociais aceitos e estabelecidos para o homem médio. É importante distinguir esta da boa-fé subjetiva, onde o manifestante de vontade acredita que sua conduta seja correta, pois leva em consideração o grau de conhecimento que tem do negócio jurídico. Aliada a esta ideia de boa-fé, a qual se insere no mundo dos fatos, devemos considerar também a necessidade do estabelecimento de relações jurídicas de confiança, dada a desmaterialização do contexto contratual. Deve-se assim balizar as condutas no meio eletrônico por meio da confiança. No Código de Defesa do Consumidor, o princípio da boa-fé é basilar de toda conduta contratual que traga a ideia de cooperação, respeito e fidelidade nas relações contratuais. A cláusula contratual que fere a lealdade do contratante é considerada, assim, abusiva. Isso porque o artigo 51, XV do Código de Defesa do Consumidor diz serem abusivas as cláusulas que “estejam em desacordo com o sistema de proteção do consumidor”, dentro do qual se insere tal princípio por expressa disposição do artigo 4º, caput e inciso III, deste mesmo Código; V) Princípio da autonomia privada (ou da liberdade convencional) Este princípio caracteriza-se na ampla liberdade de contratar, sendo livres as regras de contratação desde que não sejam contrárias à ordem pública. Faculta-se, portanto, a liberdade convencional aos contratantes a fim de que concluam o seu negócio jurídico (LAWAND, 2003). O código civil traz no art. 421 a previsão expressa do princípio da liberdade contratual, nos seguintes termos: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. 2.8 Proteção do consumidor no comércio eletrônico Ainda que o Código Civil não conte com alguma parte específica tratando do comércio eletrônico, algumas disposições são diretamente aplicáveis às questões jurídicas nesse meio, como o Art. 422, que trata da cláusula geral de boa-fé, mencionando também o princípio da probidade ou lealdade no tráfico jurídico (RIBEIRO, 2009). 28 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Transparência e confiança andam juntas. Alcançar maior transparência nas condições gerais contratuais e nas informações sobre preços parece ser o grande desafio do comércio eletrônico hoje. Não basta ao consumidor uma lei que assegure de forma plena a segurança nas contratações no comércio eletrônico, se na prática essa mesma lei não for efetiva. Se há um espaço novo de comércio no mundo, que é a internet, as redes eletrônicas e de telecomunicação em massa (LIMA, 2004, p. 33), a pergunta a ser feita é como conquistar a confiança dos consumidores neste novo instrumento comercial e proteger a suas expectativas normativas e legítimas. Os esforços a serem realizados devem caminhar no sentido de alcançar maior segurança e confiabilidade no comércio eletrônico e no uso dos meios eletrônicos em geral, como os instrumentos de verificação da integridade da mensagem, a segurança da comunicação, a reserva e tutela dos dados pessoais informados no meio eletrônico, etc. (RIBEIRO, 2009). Segundo ANA PAULA MENNA BARRETO (2010), o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor – órgão do Ministério da Justiça – divulgou diretrizes para o comércio eletrônico. O documento foi elaborado pelo Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, durante a oficina “Desafios da Sociedade da Informação: comércio eletrônico e proteção de dados pessoais” (em anexo). Considerando que a vulnerabilidade do consumidor se agrava no ambiente eletrônico, o documento reafirma a aplicação integral do Código de Defesa do Consumidor nas relações de consumo online, a necessidade imperiosa da proteção da confiança, assim como a aplicação do Decreto 5903/2006. Como os problemas nos sites de comércio eletrônico ocorrem no pós-venda, busca-se assegurar aos consumidores do comércio eletrônico proteção transparente e eficaz, que facilitem o exercício do direito de arrependimento. As diretrizes elencam a proteção contra práticas abusivas, publicidade enganosa, direito de acesso a informações claras e precisas, acesso prévio às condições gerais da contratação, acesso facilitado ao exercício do direito de arrependimento e proteção da privacidade, intimidade e de seus dados pessoais. 29 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Cabe às administradoras de cartão de crédito facilitar e acelerar o cancelamento da cobrança solicitado pelo consumidor nos casos de descumprimento contratual pelo fornecedor. A página inicial do fornecedor deve indicar seu endereço físico e eletrônico e CNPJ, provendo o consumidor com informações claras e ágeis para resolução de eventuais conflitos. Devem ainda estabelecer mecanismos eficientes para prevenção e resolução direta de demandas dos consumidores, não sendo aplicável o instituto da arbitragem para elidir direitos e garantias previstos no CDC. A responsabilidade dos fornecedores se baseia no reconhecimento do desconhecimento da técnica e na consequente vulnerabilidade do consumidor na plataforma digital. Obriga-se aos fornecedores de produtos implantarem mecanismos de registro de pedidos que possibilite o armazenamento pelo consumidor, assim como ostentar a descrição detalhada do produto, a existência de custos adicionais da transação, as condições de entrega, as restrições associadas à compra, detalhes sobre troca e reembolso. O processo de confirmação da compra deve assegurar ao consumidor o acesso a informações relativas à transação pactuada, assim como disponibilizar mecanismo de cancelamento, antes da conclusão da compra. Portanto, os sites de comércio eletrônico devem promover a adaptação legal de suas práticas comerciais às novas diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Justiça. Espera-se que tais medidas sejam eficientes para se alcançar a indispensável segurança jurídica nas compras realizadas no comércio eletrônico, principalmente quanto à sedimentação de jurisprudência pacificadora no que tange a responsabilidade dos fornecedores (BARRETO, 2010). 30 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 3 – DIREITO INTERNACIONAL Não há dúvidas que o comércio eletrônico tem um aspecto peculiar que é ser internacional, característica esta decorrente principalmente do surgimento das novas tecnologias de informação e da internet.Por conseguinte, vimos refletir sobre o ordenamento jurídico, seja nacional quanto internacional, impactando sobre os vários direitos. Em virtude desse aspecto internacional, várias entidades paraestatais vêm se empenhando em traçar diretivas relacionadas a esta modalidade de comércio e às assinaturas digitais, diretivas estas que no entendimento de MARIA EUGÊNIA REIS FINKELSTEIN (2011) deverão ser adotadas por países que legislarem sobre o comércio eletrônico e que provavelmente não irão conflitar entre si. De todo modo, como as iniciativas estão ainda engatinhando, sendo poucos os países que já possuem uma legislação sobre o comércio eletrônico, vamos dar apenas um panorama do que vem acontecendo, falando inicialmente da UNCITRAL. No nível internacional de legislação sobre o Comércio Eletrônico temos a Resolução nº 51/162 da Assembleia Geral das Nações Unidas de 16 de dezembro de 1996, ou mais especificamente denominada de Lei Modelo do Comércio Eletrônico – publicada pela Comissão das Nações Unidas sobre Direito Internacional Comercial – UNCITRAL (United Nations Commission on International Trade Law). Trata-se de uma normatização padrão que consiste em uma iniciativa para que os países internalizem o modelo sugerido a fim de que seja elaborada uma regulamentação uniforme que possa levar a um direito comum e, portanto, maior segurança jurídica a nível internacional inclusive para os consumidores (VIDONHO JUNIOR et al, 2010). Notadamente, verifica-se que há preocupação com a regulamentação do comércio eletrônico, sobretudo, pela Organização Mundial do Comércio — OMC – que em 20 de maio de 1998, em Genebra, editou a Declaração Mundial sobre o Comércio Eletrônico e entre os objetivos, ao menos preliminarmente, estavam o de os países não aplicarem o controle aduaneiro nessas exportações e importações até a elaboração de uma regulamentação específica para o setor. 31 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3.1 Iniciativas internacionais relativas ao comércio eletrônico COMISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DIREITO COMERCIAL INTERNACIONAL – UNCITRAL A Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional (UNCITRAL) vem desde a década de 1970 demonstrando preocupações acerca das transações eletrônicas, tanto que a Lei Modelo, de 1996, é uma das principais bases para as legislações sobre a matéria que vêm sendo criadas ao redor do mundo. Há que se ressaltar que embora seja apenas um modelo, é uma iniciativa pioneira que tem servido de inspiração para os países que já se aventuraram em legislar sobre o comércio eletrônico, apesar de as orientações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também virem influenciando a comunidade internacional. Dentre os pontos mais importantes da Lei Modelo da UNCITRAL para o comércio eletrônico, temos a definição de vários conceitos, incluindo o de mensagem eletrônica; a regulação das formalidades legais para as mensagens eletrônicas e, a regulamentação da comunicação via mensagem eletrônica. Uma de suas grandes contribuições diz respeito aos direitos do consumidor, uma vez que a nota 2 da lei diz que esta Lei não se sobrepõe a nenhuma regra geral que se destine à proteção do consumidor. Não é interesse desse trabalho da UNCITRAL alterar as leis dos países, mas elaborar regulamentos que respeitem as ordenações jurídicas locais, sendo esta apenas um modelo para os países das Nações Unidas. No caso do Brasil, por exemplo, todos os avanços já conquistados pelo direito do consumidor não conflitam com o modelo supracitado (MOREIRA, 2010). A motivação do trabalho vem do convencimento de que, com o estabelecimento de um modelo comum que seja aceitável para as diferentes realidades jurídicas dos países, possa ocorrer uma significativa contribuição para um desenvolvimento harmônico das relações econômicas internacionais. A Lei Modelo subdivide-se em duas partes: comércio eletrônico em geral e comércio eletrônico em áreas específicas. Na primeira parte, ficam definidas: provisões gerais; aplicações dos requisitos legais às mensagens eletrônicas e comunicação das mensagens de 32 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. dados. Já na segunda parte estão descritas as ações relacionadas ao transporte de produtos. As provisões gerais englobam a definição de vários conceitos, tal como o de mensagem eletrônica, como descrito no artigo 2º – a mensagem eletrônica significa a informação gerada, enviada, recebida ou armazenada por meios eletrônicos, ópticos ou similares, incluindo, mas não se limitando a, intercâmbio eletrônico de dados (EDI), correio eletrônico, telegrama, telex ou fax. O reconhecimento legal de mensagens eletrônicas (artigo 5º); a informação escrita deve estar contida na mensagem eletrônica, sendo possível sua utilização subsequente (artigo 6º); identificação fidedigna da pessoa (assinatura via mensagem eletrônica – artigo 7º); garantia de originalidade da proposta (artigo 8º). Formação e validade contratual (artigo 11); reconhecimento das partes das mensagens eletrônicas (artigo 12); características da mensagem relativas ao originador (expedidor) desta e o destinatário ou recebedor (artigo 13); confirmação de recebimento de mensagens eletrônicas (artigo 14); tempo e lugar de envio e recebimento de mensagens eletrônicas (artigo 15). Para ARMANDO ALVARES GARCIA JÚNIOR (2007), a finalidade desta lei é a criação de um meio eletrônico seguro (através de um conjunto de regras) que possibilite o fim de alguns entraves jurídicos. Esta lei pode ser entendida como um suporte comum que auxilia aos usuários de comércio eletrônico a encontrarem um meio para dirimir obstáculos legais relativos à utilização deste tipo de comércio. Ao incorporar ao seu direito interno os procedimentos prescritos pela Lei Modelo para toda hipótese em que as partes optem por empregar meios eletrônicos de comunicação, um Estado estará criando um perfil legal neutro para todo meio tecnicamente viável de comunicação comercial (GARCIA JUNIOR, 2007, p. 312). A adoção da Lei Modelo por parte de Estados, no que tange ao comércio eletrônico e suas regras de interpretação, proporciona um meio de reconhecimento da validade contratual, dirimindo entraves ao estabelecimento desta modalidade de comércio. Os objetivos da Lei Modelo são permitir ou facilitar o uso do comércio eletrônico, fornecendo um tratamento igualitário tanto aos contratantes 33 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. convencionais (contratos impressos) quantos aqueles que contratam via mensagem eletrônica certificada (MOREIRA, 2010). ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO – OMC À época da Rodada do Uruguai1, que redundou na criação da OMC, o tema comércio eletrônico estava apenas emergindo, sendo novo demais para ser colocado em pauta nas negociações comerciais multilaterais. As questões diretamente relacionadas ao comércio eletrônico foram tratadas
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