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Cadernos de Educação | n. XX | mês./mês 201X | p.XX | NÃO PREENCHER Cadernos de Educação Faculdade de Educação | UFPel ISSN: 2178-079X Letramento Religioso: um Direito de Aprendizagem presente na BNCC e viável através do Ensino Religioso. Religious literacy: A right of learning present at BNCC and feasible through Religious Education. Alfabetización religiosa: un derecho de aprendizaje presente en el BNCC y factible a través de la Educación Religiosa. Dionísio Felipe Hatzenberger – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) Veronice Camargo da Silva – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) RESUMO O presente artigo discute o conceito de letramento religioso, defendendo que é todo tipo de prática de leitura e escrita (LAGE, 2014) que envolve a reflexão religiosa, a busca pelo transcendente e/ou os discursos religiosos formais e não formais em espaços diversos do dia a dia, podendo ocorrer em interações pessoais diretas ou midiáticas. Também é analisado o papel do letramento religioso dentro do espaço escolar, partindo de uma análise da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017), uma vez que este documento discute o Ensino Religioso como um espaço/lugar de letramento. Por fim, é apresentada uma análise de dados levantados em pesquisa quali/quantitativa com um grupo de 38 professores de Ensino Religioso de diferentes municípios da Região do Vale do Sinos no Rio Grande do Sul. Os dados apontam a fragilidade do trabalho pedagógico frente ao letramento religioso. Palavras-chave: Letramento Religioso; Ensino Religioso; Textos Sagrados; BNCC. ABSTRACT This article discusses the concept of religious literacy, arguing that it is every type of reading and writing practice (LAGE, 2014) that involves religious reflection, the search for the transcendent, and formal and non-formal religious discourses in different spaces of the day day, and may occur in direct personal or media interactions. We also analyze the role of religious literacy within the school space, starting from an analysis of the National Curricular Base (BNCC, 2017), where we find in Religious Education the place of this literacy. Finally, an analysis of data collected in qualitative / quantitative research is presented with a group of 38 teachers of Religious Education from different municipalities of the Vale do Sinos Region in Rio Grande do Sul, where the data point to the fragility of the pedagogical work in front of the literacy religious. Keywords: Religious Literacy; Religious Education; Sacred Texts; BNCC. RESUMEN Este artículo discute el concepto de alfabetización religiosa, defendiendo que es todo tipo de práctica de lectura y escritura (LAGE, 2014) que involucra la reflexión religiosa, la búsqueda de lo trascendente y/o discursos Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 2 religiosos formales y no formales en diferentes espacios del día a día, y puede ocurrir en interacciones personales directas o de medios. También se analiza el papel de la alfabetización religiosa dentro del espacio escolar, a partir de un análisis de la Base Nacional de Currículo Común (BNCC, 2017), ya que este documento discute la Educación Religiosa como un espacio/lugar de alfabetización religiosa. Por último, se presenta un análisis de los datos planteados en la investigación Quali/cuantitativa con un grupo de 38 docentes de Educación Religiosa de diferentes municipios de la región de Vale do Sinos, en Rio Grande do Sul, Brasil. Los datos indican la fragilidad del trabajo pedagógico frente a la alfabetización religiosa. Palabras-clave: Alfabetización Religiosa; Educación Religiosa; Textos Sagrados; BNCC. Introdução Sabemos que cada tradição religiosa possui e reproduz verdades de fé, mitos, ritos, narrativas, poesia, música e liturgias que são riquíssimos do ponto de vista linguístico, pois expressam, por meio de uma variedade de gêneros textuais escritos e orais, sua tradição. Cada grupo religioso possui uma espécie de glossário próprio, com termos que são construídos socialmente, e a utilização ou não destes podem significar a inclusão ou a exclusão em certos grupos sociais. Assim, os termos deste vocabulário religioso fazem parte do “kit identitário” (BAUMAN, 2007, p.31) de quem quer inserir-se ou transitar por certos espaços religiosos. Porém, não é apenas dentro destes espaços que a cultura religiosa manifesta-se, mas em toda a sociedade, por meio do senso comum. Neste contexto, conhecer o universo religioso e se letrar nesta linguagem pode ser considerada uma forma de inclusão cultural. Ao longo desta investigação são apresentados conceitos e informações que mostram onde e como estão presentes as práticas de letramento religioso (LAGE, 2014) na sociedade e até que ponto o Ensino Religioso pode contribuir para o enriquecimento cultural e linguístico de nossos estudantes. Para tanto, o objetivo principal desse artigo é discutir o letramento religioso a partir da Base Nacional Comum Curricular. Objetiva-se, também, analisar o papel do letramento religioso dentro do espaço escolar para sua efetiva realização no currículo e prática escolar; identificar em quais espaços, além dos espaços religiosos, ocorrem as práticas de letramento religioso e apontar como esse letramento se insere na vida dos sujeitos. Na última sessão, a análise recai sobre os dados obtidos na pesquisa qualitativa/quantitativa realizada com 38 professores de Ensino Religioso de várias cidades da Região do Vale do Sinos no Rio Grande do Sul. Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 3 Múltiplos letramentos Há uma polissemia quanto ao termo “letramento”, gerando, muitas vezes, uma má interpretação sobre seu significado, inclusive no meio acadêmico. Então, o que é letramento? Segundo Street: [...] o letramento não é simplesmente um conjunto de habilidades funcionais, como grande parte da escolarização moderna e muitas agências de letramento o representam, mas, ao contrário, é um conjunto de práticas sociais profundamente associadas à identidade e posição social. É a abordagem do letramento como prática social que fornece o modo de construir sentido sobre as variações nos usos e nos significados do letramento nesses contextos, e não há confiança nas noções vazias de habilidades, taxas e níveis de letramento que dominam o discurso contemporâneo sobre letramento (STREET, 2012, p.78). Portanto, letramento não é apenas saber decodificar o alfabeto, transformando símbolos em sons; para esse processo de decodificação chamamos “alfabetização”. Letramento é um processo social de significação, leitura, interpretação, escrita, ressignificação e, também, compreende a leitura do que não está escrito, o que há por de trás do texto ou não-texto. Todo letramento é social, pois a escrita e a comunicação só têm sentido em sociedade. Assim, o letramento é aquisição de cultura e compreensão de mundo, através de seus códigos, escritos ou não. Esta relação fica explícita no texto de Xavier: [...] para mim, sociedade e cultura se imbricam necessariamente. Então, quando eu digo que a língua é o lugar de interação dos membros de uma coletividade, são os membros de determinada cultura. Então é claro que língua, sociedade e cultura são intimamente ligadas [...] linguagem e pensamento são mutuamente constitutivos. E o pensamento humano é construído no interior da cultura em que se vive (KOCK apud. XAVIER, 2005, p.124). O letramento não ocorre apenas em meios formais, escolares ou escritos. O letramento está sempre ocorrendo, por meio da cultura, da mídia, nas relações interpessoais nos mais variados locais e meios. Marcuschi (2000, p. 19) escreve que “letramento não é o equivalente à aquisição da escrita. Existem “letramentos sociais” que surgem e se desenvolve à margem da escola, não precisando,por isso, serem depreciados[...].” Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 4 Há inúmeras formas e meios nos quais ocorrem letramentos. Nesse sentido, surge a definição de Letramentos Múltiplos (STREET, 2007), que está associada ao multiculturalismo, envolvendo discussões sobre língua, etnia, gênero e práticas sociais, como a religiosidade, por exemplo. Letramento Religioso Lage (2014) trabalha o conceito de letramento religioso e define o termo da seguinte forma: Assim, verifica-se a possibilidade de se considerar o letramento religioso quando as práticas de leitura e de escrita desenvolvem-se em um meio social, com a intencionalidade do desenvolvimento e fortalecimento de uma determinada vertente religiosa. Os múltiplos letramentos variam de acordo com o tempo e o espaço e estão articulados com as relações de poder. Para analisar o letramento como prática social, deve-se levar em consideração que as práticas são eventos mediados por textos escritos. Além disso, existem letramentos associados com diferentes domínios de vida e são padronizados pelas instituições sociais, têm propósitos e se encaixam em metas e práticas sociais mais amplas e devem ser historicamente situados (LAGE, 2014, p.109). Ou seja, se uma determinada prática de leitura e escrita está atrelada a uma intencionalidade confessional ou a alguma tradição religiosa, é considerada prática de letramento religioso. A autora afirma também que “o letramento religioso atinge metas sociais de manutenção da identidade de um determinado grupo” (LAGE, 2014, p.111) Portanto, seguindo o raciocínio de Lage (2014), é possível definir que toda prática social de leitura e escrita que serve para manutenção ou afirmação da identidade de um grupo religioso pode ser considerada como prática de letramento religioso. Porém, o letramento religioso não ocorre só pela leitura e escrita, mas também muito pela prática discursiva e pelas relações entre os membros do grupo religioso, com a mediação dos textos lidos. Para exemplificar essa temática vejamos um caso situado: para um cristão pentecostal, por exemplo, ao encontrar outro membro da mesma confissão e saudá- lo com “A paz do Senhor!” ou, simplesmente, “Paz!”, são formas de reforçar este pertencimento ao grupo religioso e também de lembrar o outro de suas obrigações para com o “irmão”. Há, neste meio específico, um vocabulário e um modus operandi todo próprio. Alguns chamam este conjunto linguístico e seus significados situados de “evangeliquês”. Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 5 Outro termo comum neste meio que, se usado em outro lugar e com outras pessoas, pode ter um significado totalmente diferente, é a expressão “graça”. No sentido bíblico significa o “favor não merecido de Deus”. Por vezes, questionado de como estaria um membro deste grupo religioso, o mesmo poderia responder “Tô na graça”, que, para o ouvinte pertencente ao mesmo grupo, significaria que ele está bem, que Deus o está favorecendo, ajudando-o, além do que merece. Qualquer membro que chegue a este grupo, tão logo decida por tornar-se parte, terá que aderir (e talvez faça isso sem nem dar-se conta) a este novo vocabulário. Para qualquer pessoa que queira transitar por este meio específico, com credibilidade, deverá, pelo menos, compreender o significado de tais termos. Este exemplo é um caso situado de “kit identitário” extremamente conectado com o letramento religioso de certo grupo. Pelo viés apresentado por Lage (2014) o letramento religioso apenas ocorreria dentro de estruturas religiosas mais rígidas e formais e que tais práticas estariam contidas apenas em espaços religiosos cerimoniosos ou relegadas à prática individual de leitura dos livros sagrados. No entanto, se assim fosse, esse tipo de letramento raramente seria viável, necessário ou eticamente possível num Estado Laico, no espaço das escolas públicas, no Ensino Religioso, por exemplo. Outros autores, como Droogers (1987) e Adam (2013), discutem em seus estudos que os saberes religiosos e o letramento religioso não ocorrem apenas em espaços religiosos e que os termos destes vocabulários estão bem mais espalhados no contexto social do que Lage (2014) descreve. Nesse sentido, o presente trabalho defende a ideia de que o letramento religioso está presente em outros contextos, ocupando lugar, inclusive, no senso comum. Foucault (2007) compara a cultura a uma teia, entendendo que o sujeito é constituído por um sistema de relações entre o espaço institucional e códigos de percepção; entre observações imediatas e informações já adquiridas, no contexto dos múltiplos papéis que se exerce nesse “espaço social”. Magalhães (2012, p. 15) escreve que “tal sistema de relações é determinado por uma prática discursiva específica, na qual os enunciados valem por sua concretude.” Assim, o religioso não tem sentido sem o não religioso e o sagrado perderia seu significado sem o profano. Portanto, os kits identitários de um determinado grupo religioso têm sentido em contraste com o mundo no qual ele está inserido. Negação, repúdio, sincretismo e aculturação são apenas algumas das formas nas quais essa relação ocorre. Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 6 A religião e a religiosidade não estão apenas contidas em espaços religiosos. Na verdade, os espaços religiosos e a religião oficial surgiram para organizar a religiosidade humana, que é algo intrínseco do ser humano. Adam (2013) fala sobre o conceito de Religião Vivida: Religião vivida nada mais é do que uma forma de perceber elementos, conteúdos e formas religiosas na esfera dita “profana”, ou seja, fora da instituição religiosa, fora do culto, fora da própria esfera sagrada e fora da religião. Nas manifestações da religião vivida diluem-se as próprias fronteiras entre sagrado e profano. Importa, sim, o uso que as pessoas fazem de seus conteúdos e formas e a função da religião vivida na vida concreta (ADAM, 2013, p.79). Nesse sentido, o discurso religioso não acontece apenas em meios oficiais das denominações religiosas. A religião vivida está muito próxima, presente e poderia dizer até que ela é um dos balizadores do senso comum. Droogers (1987) desenvolveu em suas pesquisas antropológicas na década de 1980 o conceito de Religiosidade Mínima Brasileira (RMB). Essa religiosidade, que seria uma expressão diluída e sincrética do sagrado no dia a dia e na cultura popular brasileira, pode ser assim descrita: Trata-se de uma religiosidade que se manifesta publicamente em contextos seculares, que é veiculada pelos meios de comunicação de massa, mas também pela linguagem cotidiana. Ela faz parte da cultura brasileira. [...] a RMB não é o acervo ou mesmo matéria-prima da qual as religiões tiram seu repertório. [...] não tem clero, a não ser as pessoas que são seus porta-vozes. Ela não tem escritura sagrada, a não ser os jornais e revistas. Rituais são raros, mas talk shows na televisão podem acabar se tornando cultos da RMB (DROOGERS, 1987, p.66). É possível dizer que a RMB é a religiosidade do senso comum brasileiro, presente em inúmeras expressões linguísticas do dia a dia e que ajuda a formar a cultura de um povo. Ela se afirma em muitos meios, quer na oralidade ou no texto escrito, quer nas redes sociais ou até mesmo na música popular. Alguns exemplos dessas expressões linguísticas podem ser listados, tais como quando o filho se aproxima do pai e diz “Bença, pai!”, ou quando você deseja “Muita luz!” a alguém que está felicitando. Com relação à música popular, há inúmeros exemplos de expressões que remetem a um “ideário” religioso comum. Luiz Gonzaga, em Asa Branca, canta: “Eu perguntei a Deus do céu, ai; Por que tamanha judiação”. Termos ligados ao divinoapresentam-se muito também no hip-hop, no sertanejo, no pop e em outras manifestações culturais brasileiras. Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 7 No entanto, a RMB vai muito além, pois é uma releitura da própria religião enquanto re-ligação, por meios midiáticos, misturando culto e vida cotidiana, sagrado e profano, nessa religião vivida, em que a mídia ganha lugar de transcendência, como expressa Adam: Como vemos, a religião vivida está incrivelmente relacionada direta e indiretamente, explícita ou implicitamente, com as diferentes mídias. No estudo da chamada religião vivida percebe-se que as mídias, em suas mais variadas formas e conteúdos, veiculam direta ou indiretamente, explícita ou implicitamente mensagens carregadas de símbolos, proporcionam ritos e recontam mitos que antes encontravam sua expressão na liturgia do culto dominical das igrejas, p. ex. Sacralizam, assim, o tempo e o espaço, virtual e real, cuidam do corpo e do espírito, imagens e hipertextos. As mídias orientam e dão sentido para a vida das pessoas, como uma verdadeira liturgia sendo “celebrada” e ritualizada nas telas dos dispositivos de tecnologia virtual, na vida cotidiana, na cultura pop (ADAM, 2013, p.81). O letramento religioso, então, não pode ser considerado apenas a expressão de práticas de leitura e escrita em contextos estritamente religiosos, mas também, é todo tipo de prática de leitura e escrita que envolve a reflexão religiosa, a busca pelo transcendente e os discursos religiosos não formais em espaços diversos do dia a dia, podendo ocorrer em interações pessoais diretas ou midiáticas. O Letramento Religioso na BNCC A normatização vigente da educação nacional traz subsídios para responder a questões como: o letramento religioso é um processo que deve ocorrer no contexto escolar? Há lugar para este tipo de letramento no currículo? Qual área do conhecimento deveria dedicar-se à prática deste letramento? Em 2017 foi promulgada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o documento introdutório deste documento afirma que: A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento [...] (BRASIL, BNCC, 2017). Assim, a contribuição do referido documento normativo é a busca por garantir “direitos de aprendizagem”, que são saberes mínimos dos quais os Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 8 estudantes não podem ser privados, para que não sejam vítimas de nenhum tipo de exclusão, que provém da ignorância. É dentro dessa visão que as áreas do conhecimento se articulam na BNCC. A área do Ensino Religioso apresenta seu objetivo: O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades. Trata-se de um espaço de aprendizagens, experiências pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam o acolhimento (sic) das identidades culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, direitos humanos e cultura da paz (BRASIL, BNCC, 2017). Percebe-se, portanto, uma vocação do Ensino Religioso para o estudo dos “conhecimentos religiosos”, sendo seu principal objeto de estudo. O “fenômeno religioso” é o nome dado pela antropologia ao objeto do qual se extraem os conhecimentos religiosos. A BNCC prevê um ensino sistemático e analítico do universo religioso que compreende toda a questão linguística relacionada a este fenômeno, conforme constatado no texto introdutório do referido documento: Esse conjunto de elementos originam narrativas religiosas que, de modo mais ou menos organizado, são preservadas e passadas de geração em geração pela oralidade. Desse modo, ao longo do tempo, cosmovisões, crenças, ideia(s) de divindade(s), histórias, narrativas e mitos sagrados constituíram tradições específicas, inicialmente orais. Em algumas culturas, o conteúdo dessa tradição foi registrado sob a forma de textos escritos. No processo de sistematização e transmissão dos textos sagrados, sejam eles orais, sejam eles escritos, certos grupos sociais acabaram por definir um conjunto de princípios e valores que configuraram doutrinas religiosas. Estas reúnem afirmações, dogmas e verdades que procuram atribuir sentidos e finalidades à existência, bem como orientar as formas de relacionamento com a(s) divindade(s) e com a natureza (BRASIL, BNCC, 2017). Dessa forma, é possível afirmar que o estudo de todas as questões linguísticas presentes nas narrativas religiosas, no ethos e na práxis, são temas do Ensino Religioso. Vejamos, como exemplo, duas habilidades que a BNCC estabelece para serem construídas pelos educandos do 6° ano em Ensino Religioso: “Discutir como o estudo e a interpretação dos textos religiosos influenciam os adeptos a vivenciarem os ensinamentos das tradições religiosas.” (EF06ER05) e “Reconhecer e valorizar a diversidade de textos religiosos escritos (textos do Budismo, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, entre outros).”(EF06ER02). Nestas duas habilidades citadas acima fica bem explícito que o letramento religioso está presente, uma vez que “reconhecer e valorizar”, “discutir” e Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 9 “interpretar” textos religiosos são práticas compreendidas dentro das discussões sobre letramento. Observa-se, como exemplo, na tabela abaixo na BNCC, do 6° ano, em Ensino Religioso, uma concentração dos saberes e estudos no que está relacionado à práticas de escrita e leitura nas mais diversas tradições religiosas. Tabela 1: Objetos de Conhecimento e Habilidades do Ensino Religioso no 6° ano – BNCC Fonte: BNCC, 2017. Portanto, o Ensino Religioso é a área do conhecimento atrelada à(s) Ciência(s) da(s) Religião(s), que pode e deve ser a guardiã do conhecimento religioso, oportunizando o letramento religioso nos espaços escolares. O conhecimento dos textos religiosos é, portanto, uma ferramenta indispensável para compreender a cultura religiosa e a forma de pensar e ser da sociedade. E, por inserir-se na BNCC, este conhecimento passa a ser considerado um “direito de aprendizagem” dos estudantes e, no sentido inverso, um dever de “ensinagem”, conforme o próprio MEC estabelece em um documento: Desta forma, é dever da escola garantir os direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento em cada uma das áreas e componentes, considerando-se que há direitos que são comuns a todas as crianças brasileiras. (BRASIL, 2012, p.28) Além disso, segundo André (1998), "A educação da dimensão religiosa do ser humano, como parte integrante do seu processo de socialização (...) é o único modo viável de compreender o esforço da humanidade na busca de sua autossuperação (ANDRÉ, 1998, p. 17).” Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 10 Sobre o papel do Ensino Religioso, o Conselho Nacional de Educação emitiu o Parecer n° 016/98, onde apresenta que: [...]o valor da Educação (do ensino) Religiosa, no âmbito da escola, não importa o seu nível, forma ou natureza. Aplica-se, portanto, a toda a humanidade, independentemente da forma ou rito pelo qual "adoram o seu deus". É chama acesa no coração de todo homem, o que é razão suficiente para que todas as autoridades e educadores se preocupem com o tema. Do homem de Neanderthal, a VIDA e a MORTE pairam como mistério, inevitavelmente, sobre a espécie humana, desde a sua origem. É dessa interlocução que a religiosidade se alimenta, e nesse lugar/local,a sacralidade humana é gradativamente construída (BRASIL, CNE, 1998, p.2). Percebe-se, então, um caráter filosófico e identitário que também é atribuído ao Ensino Religioso, enquanto lugar da significação da própria vida. Cabe ressaltar que ao não priorizar ou valorizar uma única experiência religiosa, a escola dá lugar à discussão e à visibilidade das múltiplas vivências e, naturalmente contribui na construção do letramento religioso no seu aluno. Caminhos Metodológicos Na busca em produzir dados para analisar a condição atual do conhecimento e da prática docente com relação ao letramento religioso na educação básica, o presente estudo definiu-se por uma pesquisa de campo quali/quantitativa de caráter exploratório com professores da região do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Objetivando trabalhar com uma amostragem da realidade educacional a partir do corpo docente de Ensino Religioso, optou-se por empreender a pesquisa com docentes da região do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, local em que um dos pesquisadores possui contato com os docentes pelo fato de fazer parte da Secretaria Municipal de Educação da cidade de Novo Hamburgo e na equipe do Referencial Curricular Gaúcho. Assim, delimitou-se aos professores que lecionam Ensino Religioso em escolas públicas na região selecionada. Para levantar os dados, foi produzido um questionário, aplicado por meio de formulário eletrônico1, cujo convite e o link foram enviados por e-mail em novembro de 2018, também, por grupos em redes sociais a desses professores. O universo de 1 O formulário utilizado foi o Google Forms, que permite compartilhamento com diversas pessoas, sem que os envolvidos vejam as respostas dos demais. Esse formulário foi compartilhado por e-mail e por meio de grupos nas redes sociais formados por professores de Ensino Religioso. Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 11 professores que recebeu o convite passou de 150, porém, apenas 38 professores responderam. As questões não eram obrigatórias de serem respondidas na sua totalidade, assim, alguns profissionais não responderam a todas as questões, em especial, destacam-se as discursivas que obtiveram poucas respostas. Letramento Religioso na Prática Docente Os professores participantes da pesquisa responderam a uma questão inicial na qual informavam em qual etapa/série/ano da educação básica lecionam ensino Religioso. No gráfico abaixo temos a organização das respostas: Gráfico 1: Questionário com professores Fonte: Autores. Percebe-se, então, que o grupo pesquisado é bastante representativo, pois leciona Ensino Religioso em diferentes etapas da educação básica, desde os anos iniciais até o ensino médio. A maior fatia leciona nos anos finais do Ensino Fundamental, justamente etapas nas quais a BNCC propõe que se desenvolvam habilidades relacionadas ao letramento religioso junto aos educandos. Vale informar que o Rio Grande do Sul é um dos poucos estados do Brasil no qual o Ensino Religioso compõe, também, o currículo do Ensino Médio. Isso é garantido na Constituição Estadual, conforme Zalamena: Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 12 A Constituição Federal e a LDBEN estabelecem a oferta obrigatória do Ensino Religioso na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, sob a justificativa de que esse componente é parte integrante da formação moral e cidadã do educando. A Constituição Federal do Rio Grande do Sul (1989), vai mais longe, e torna obrigatória a oferta de Ensino Religioso também no Ensino Médio. Deste modo, a oferta do componente nas escolas públicas do Rio Grande do Sul é obrigatória durante todo o Ensino Básico (ZALAMENA, 2017, p.447). Isso demonstra a importância da temática religiosa para a população e para os legisladores desse Estado. O Rio Grande do Sul foi formado por diversos processos migratórios e possui grande diversidade religiosa e cultural, que pode ser trabalhada e valorizada nas aulas de Ensino Religioso. Com relação ao conceito que o professor tem ou não tem sobre letramento religioso, o gráfico abaixo mostra as seguintes respostas: Gráfico 2: Questionário com professores Fonte: Autores. Como demonstra o gráfico acima, mais da metade dos profissionais sequer conhecem o conceito de Letramento Religioso. Certamente nunca ouviram falar desse conceito. Isso reforça a necessidade de uma formação específica para os professores de Ensino Religioso. Como é de público saber, na maior parte dos estabelecimentos não há pessoas concursadas ou contratadas especificamente para essa área do conhecimento, ficando a disciplina a cargo daquele professor a quem “sobrar carga horária” ou tiver “a boa vontade” de assumir esse desafio. Por Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 13 desconhecer o conceito de letramento religioso, certamente este profissional será incapaz de realizar este trabalho de letramento situado junto aos estudantes. A terceira questão pergunta “você considera o letramento religioso uma função da escola?”. As respostas à terceira questão podem trazer reflexões, pois apesar de a maioria desconhecer o conceito de Letramento Religioso (como vimos na pergunta anterior), quase sessenta por cento considera-o como uma função da escola. Veja o gráfico: Gráfico 3: Questionário com professores Fonte: Autores. Diante dessas respostas surgem duas inquietações. 1. Há uma parcela que desconhece o conceito de letramento religioso, porém o considera como função da escola. Como um profissional pode dizer que algo é ou não uma função da escola se ele nem sequer sabe do que se trata? Assim, a resposta desses profissionais aponta uma preocupação com relação à postura dos professores frente ao currículo. 2. Mais de um terço afirmou que letramento religioso não é função da escola. Assim, os dados vão contra o que prescreve a BNCC e os autores que fundamentam esse estudo. A postura desses profissionais frente à essa questão dá a compreender que deles não partirão iniciativas que oportunizem o Letramento Religioso dos educandos. Ao considerar que o Letramento Religioso ocorre na relação social com as práticas de leitura e escrita dos textos sagrados, questionou-se sobre o preparo do Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 14 professor para trabalhar em suas aulas os gêneros textuais/linguísticos presentes nos textos sagrados. O gráfico abaixo demonstra o resultado desta questão: Gráfico 4: Questionário com professores Fonte: Autores. Quase dois terços dos professores informaram que não se sentem preparados para trabalhar os gêneros textuais presentes na literatura religiosa. Ao pensar que esses gêneros não são muito diferentes dos presentes na literatura comum, isso preocupa bastante. Alguns professores certamente devem ter pensado que isso é algo que apenas professores da área da linguagem estariam preparados para lecionar. Porém, a interpretação de textos e o conhecimento dos gêneros textuais é conhecimento básico da formação superior de qualquer profissional da educação. Saber diferenciar uma narrativa de um poema, uma música de uma carta, um comunicado de um texto argumentativo são tarefas que não deveriam ser difíceis a qualquer profissional da educação. Entender o emprego de figuras de linguagem, analisar se um texto é literal ou metafórico, compreender a mensagem de uma parábola ou o sentimento expressado por uma canção também não deveriam ser coisas impossíveis. Pensar quem é o autor, a quem se dirigia o texto e quais seus possíveis objetivos. E, basicamente, é disso que se trata a interpretação de qualquer tipo de textos, dos quais não se excluia literatura sagrada. A literatura sagrada é o conjunto de textos a que se atribui valor religioso ou divino por qualquer uma das Tradições Religiosas. Esses textos são muito importantes, pois contam parte da história da humanidade e tratam de temas e Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 15 angústias bem humanas. Esses textos são frutos da humanidade em busca de suas mais profundas questões. Sobre os Textos Sagrados, Vasconcelos (2005) escreve: Uma dinâmica fundamental interfere no processo de gestação dos textos sagrados, a que articula a palavra e a redação. Na quase maioria dos casos, os textos reconhecidos como sagrados tiveram sua escrita antecedida de um decisivo processo de trabalho da memória. Esta, exercitada coletivamente, consolida tradições, estabelece mitos, explica costumes e sugere rituais. Educa as gerações seguintes, faz a coesão dos grupos e comunidades, seu conteúdo é cantado, narrado, declamado e recriado. De novo, a Bíblia judaica oferece inúmeros exemplos: provérbios familiares, emanados da lida cotidiana, atravessam os séculos e se tornam símbolo da expressão histórica; sagas dos antepassados são contadas para estimular as gerações seguintes; oráculos proféticos enfrentando reis e sacerdotes são conservados, contados e recontados. No Novo Testamento cristão não foi diferente: parábolas contadas por Jesus em função de situações específicas serão recontadas em novos contextos e ganharão novas significações. No islamismo, as tradições (hadiths) do profeta Maomé ganharam formas diferentes na diversificada transmissão que receberam (VASCONCELOS, 2005, p. 4). Pensando no valor dessa literatura sagrada para a formação do educando, é importante que o profissional da educação tenha também acesso a ela. Os textos sagrados, assim como as demais obras literárias, devem estar acessíveis aos alunos e professores. Exatamente em função dos motivos acima citados, buscamos saber em uma das questões específicas se as bibliotecas escolares possuem literatura que dê subsídio ao letramento religioso. Veja o resultado no gráfico abaixo: Gráfico 5: Questionário com professores Fonte: Autores. Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 16 Como é possível observar, aproximadamente 1/3 das bibliotecas escolares não possuem livros sagrados. Isso demonstra como o tema da Ciência das Religiões é periférico e, muitas vezes, até excluído de alguns espaços escolares, certamente como fruto da má interpretação da laicidade do Estado, por aqueles que a enxergam como anticlericalismo, uma forma de banir o religioso do espaço público. A Bíblia, bem como outros livros religiosos, pode e deve ocupar lugar nas bibliotecas escolares. Esses livros carregam consigo parte da história da humanidade e reflexões que são muito valiosas. Também foi perguntado aos professores se eles trabalhavam leitura e interpretação de textos sagrados com os alunos. Veja abaixo o resultado no gráfico: Gráfico 6: Questionário com professores Fonte: Autores. Essa questão revela a ação do professor frente aos textos sagrados. Mais de um terço desses profissionais informa que não usa esses textos nas aulas com seus alunos. Esse dado é bastante preocupante, principalmente tendo em vista que há uma legislação educacional vigente (BNCC) que prevê a exploração dos textos das Tradições Religiosas como forma de desenvolver o conhecimento religioso. Aos professores que informaram trabalhar com textos sagrados, solicitou-se que descrevessem quais gêneros textuais costumam utilizar com os alunos. Destaca- se que poucos professores responderam essa questão, o que se pode deduzir que alguns não compreendem o que é um gênero textual. Veja as respostas: Título Artigo – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 17 Gráfico 1: respostas dos professores à questão Quais gêneros textuais você utiliza? (tipos de texto) - 4 respostas Fábulas, tirinhas Poesias, músicas Poemas, contos, leis, estatutos Trabalho texto com valores Fonte: Autores. Observa-se que nem todos os gêneros textuais trabalhados são oriundos de textos sagrados e, claramente, o último deles demonstra como é tratado o Ensino Religioso em nossas escolas: “textos com valores”. Dos dados, infere-se o quão vago é o conceito de letramento religioso que os professores têm. Novamente parece que o Ensino Religioso recebe um pouco de tudo e um monte de nada na sua prática didática, constituindo-se, pela ação de muitos docentes, em um componente bastante vazio de sentido para os alunos, apesar dos documentos normativos, como a BNCC, proporem algo bem diferente. A análise desses dados fortalece a compreensão de que é urgente o investimento do poder público e das Instituições de Ensino Superior na formação e capacitação de professores de Ensino Religioso e que a temática do letramento religioso deve estar presente no ementário dessas formações. Considerações finais A partir de reflexões a respeito da amplitude da influência da religiosidade na vida das pessoas no dia a dia da sociedade, entendemos que Letramento Religioso é todo tipo de prática de leitura e escrita que envolve a reflexão religiosa, a busca pelo transcendente e/ou os discursos religiosos formais e não formais em espaços diversos do dia a dia, podendo ocorrer em interações pessoais diretas ou midiáticas. Por conviver em uma sociedade religiosa e secular ao mesmo tempo, o desenvolvimento do Letramento Religioso, enquanto um conjunto de “kits” identitários e de linguagem, pode ajudar o aluno a compreender a si mesmo e ao mundo pela ótica das diferentes religiões e suas linguagens. Além disso, o Letramento Religioso é uma forma de enriquecimento cultural que ajuda a incluir o educando como um indivíduo que pode transitar em diferentes mundos culturais. Nomes dos autores – NÃO PREENCHER Cadernos de Educação | n. 5X | mês./mês. 201X NÃO PREENCHER 18 O Ensino Religioso, segundo compreensão da BNCC, é a disciplina escolar que possui a responsabilidade de socializar o conhecimento religioso de forma a oportunizar o Letramento Religioso, que se constitui como um direito de aprendizagem, por estar inserido nesse documento normativo. Renegar este importante papel social do Ensino Religioso, reduzindo-o a uma aula moralizante e de conteúdos não bem definidos, deixando de trabalhar as culturas e textos religiosos, faz perder o sentido ao qual a disciplina foi proposta no currículo escolar e tornaria em descumprimento de um direito de aprendizagem. Além disso, esta pesquisa demonstrou que a prática pedagógica das aulas de Ensino Religioso no que diz respeito ao Letramento Religioso, previsto na BNCC, é muito frágil ou inexistente em alguns casos, tendo em vista que muitos docentes deixam a desejar por lhes faltar subsídios oriundos de sua formação ou atualização profissional. Assim, esse direito de aprendizagem figura apenas como uma teoria na maior parte das instituições de ensino pesquisadas. Resta o desafio ao poder público e às Instituições de Ensino Superior de oportunizar formações, cursos (em vários níveis), que oportunizem a qualificação do corpo docente - ou o surgimento de um corpo docente específico - para trabalhar, de forma eficiente, esses tão importantes saberes. Os sistemas de ensino podem e devem também se imbuir dessa tarefa de qualificar aqueles que já lecionam Ensino Religioso, oportunizando-lhes uma formação continuada que englobe também os saberes ligados ao Letramento Religioso. 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Aceito em: não preencher. Dionísio Felipe Hatzenberger Mestrando em Educação (UERGS), especialista em Filosofia e graduado em História. Atua como Assessor técnico-pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Novo Hamburgo e como Coordenador Adjunto da Pós graduação em Docência no Ensino Religioso da UERGS. Concentra suas pesquisas em Ensino Religioso, História das Religiões, Patrimônio e Identidade. Contato: dionisio-felipe@uergs.edu.br Veronice Camargo da Silva Doutora e mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Professora adjunta da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul/ Uergs. Docente no Mestrado Profissional em Educação/Uergs. Líder do grupo de Pesquisa e estudos integrados à educação: linguagens e letramentos. Contato: veronice-silva@uergs.edu.br mailto:dionisio-felipe@uergs.edu.br mailto:veronice-silva@uergs.edu.br
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