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A RELIGIOSIDADE INDÍGENA Então, amigos, para iniciarmos a conversa, afirmamos que, de certa forma, a religiosidade indígena está intimamente ligada à própria cultura e, como tal, cada povo indígena tem sua forma particular de reverenciar o transcendente. Mas vejam bem, dentro da imensa variedade de crenças, mitos e ritos, nós temos um elemento em comum: a crença num Deus supremo, absoluto, mesmo que, entre os povos indígenas, este Deus tenha diversas concepções e denominações. É importante também salientar logo que a nossa divindade não se identifica e nem lhe atribuímos os mesmos poderes e qualidade do Deus da concepção judaico-cristã do ocidente. Nós também temos uma verdadeira teologia indígena que, está presente na vida e no cotidiano de nossas comunidades indígenas. Esta teologia não está escrita. Nós não temos um livro sagrado. Não temos uma “revelação”, um “iluminado”, um “profeta”. O nosso templo é o mundo em que vivemos. A nossa cultura e a nossa religiosidade são transmitidas de geração em geração pelos mais velhos, pelos quais temos um grande respeito e admiração. Faz parte da tradição indígena o ensino, que traz uma rica bagagem religiosa. É difícil separar o que é cultura e o que é religião indígena. QUEM É DEUS PARA O INDÍGENA? Para a comunidade indígena Deus é um grande mistério. Deus é o grande desconhecido. Na crença indígena, Deus está em tudo: na árvore, na pedra, no raio, no trovão. Nós acreditamos que toda natureza e seus fenômenos estão povoados por espíritos. As pessoas sempre nos perguntam se é verdade que adoramos a lua, o sol, ou os animais. Daí formou-se e difundiu-se a ideia de que o índio adora o sol porque não conhece a Deus. Isto não está certo, pois, para nós, Deus está além do sol, no entanto, a grande manifestação dele dá-se no sol. Se adoramos o sol, é no sentido de que Deus é tão grande que o sol pode ser um reflexo dele. A VIDA DO INDÍGENA ESTÁ IMPREGNADA DE RELIGIOSIDADE Nós temos também um calendário próprio em que comemoramos, por exemplo, a festa do milho e os rituais de iniciação das diversas fases que passamos – da infância para a adolescência, desta para a fase adulta e depois da adulta à fase da ancianidade. NOSSA MÃE TERRA A TERRA, para os índios, é espaço de vida, lugar para viver e viver bem. Os índios não veem a terra como algo a ser explorado e poluído, mas sim como um espaço a ser respeitado para viver. Por isso costumamos chama-la “MÃE- TERRA”. O PAPEL DO PAJÉ OU XAMÃ Nas comunidades indígenas, o pajé ou xamã é quem faz a ligação entre os seres sobrenaturais e os homens. Ele é o guia da comunidade, é responsabilidade pelos enfermos, pela organização dos rituais e preparação para a guerra. Acidentes e doenças podem ser atribuídos à magia negativa de feiticeiros, ou ocasionados pela ação de espíritos malévolos. A VIDA E A MORTE Para nós, indígenas, existe uma relação próxima entre a vida e a morte: viver bem ajuda a morrer bem. Para nós é de grande importância nos sentirmos livres diante de Deus, livre para ir aonde quisermos na hora em que quisermos. Assim, sentindo-nos livres, vivemos bem e morremos em paz. A grande maioria dos povos indígenas acredita na vida após a morte, seja pela transformação da alma em outro ser, seja pelo renascimento em outro membro da tribo. Ou ainda, que as almas não vão para o “céu”, mas que elas ficam na terra, nos lugares onde os corpos foram enterrados. PARA REFLETIR E RESPONDER 1. Qual o elemento comum na diversidade de crenças indígenas? 2. Cite algumas características da religiosidade indígena. 3. De que maneira são transmitidas a cultura e a religiosidade indígenas? 4. Como os indígenas pensam Deus? 5. É verdade que os indígenas adoram o sol? Explique. 6. Explique o calendário indígena. 7. O que pensam sobre a TERRA? Por que a chamam de “MÃE-TERRA”? 8. Qual a função do pajé ou xamã? 9. Os índios acreditam na vida após morte. Como acreditam?
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