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RESUMO 4p - ANTROPOLOGIA

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ANTROPOLOGIA:
· ANTROPOLOGIA – Antropologia é o estudo do homem. É o estudo da diversidade humana, desde as grandes diferenças culturais entre países até as diferenças culturais de um mesmo grupo, numa mesma sociedade. As diferenças no campo cultural, moral, religiões, gênero, sexualidade, classes sociais e etc são campo de estudo da antropologia. Então a antropologia vai pesquisar como é que vai se formando essa diversidade social num plano concreto. A antropologia estuda a realidade concreta, faz trabalho de campo e a partir daí reflete sobre as diferenças sociais.
· ANTROPOLOGIA E SERVIÇO SOCIAL – É importante estudar sociologia no serviço social porque a gente lida o tempo inteiro com essa diversidade seja num bairro, região ou localidade. Então a antropologia vai nos ajudar a ter um olhar mais técnico, um olhar mais acadêmico, mais científico em relação a essas realidades.
· ANTROPOLOGIA NO INÍCIO:
· EVOLUCIONISMO – Os estudos de Darwin e a teoria da evolução das espécies teve um grande impacto no mundo científico no século XIX. Surge então o evolucionismo e nele se tem a idéia de que as culturas passam por um processo evolutivo, uma evolução cultural e social. Sendo assim, se entendia que existiam algumas sociedades mais atrasadas em termos sociais e culturais do que outras. As sociedades mais atrasadas eram chamadas de selvagens (da selva) ou primitivas (primeiros homens). No auge da evolução estavam as sociedades consideradas civilizadas que era a sociedade européia, a sociedade industrializada, a sociedade monoteísta e cristã. Então no evolucionismo você tem uma única cultura em diferentes estágios de evolução em todo planeta. Então na perspectiva do evolucionismo a sociedade está em diferentes estágios de evolução e esses diferentes estágios são medidos por algumas características. Se essa sociedade tem agricultura ou não, se domestica animais ou não, se tem magia ou religião, sem alguma característica científica e etc. Surge na escola de pensamento evolucionista uma característica central chamada ETNOCENTRISMO.
· ETNOCENTRISMO – É um conceito que se refere a idéia de que a sua cultura, o seu grupo étnico está no centro do universo. É um sentimento, uma sensação, um pensamento que coloca o meu modo de pensar, a minha visão de mundo, a minha moralidade, os meus valores, como o verdadeiro, o único correto. Porque isso acontece? Porque a gente naturaliza o nosso modo de vida, afinal de contas nasceu ali, foi recebendo todas essas concepções, então toma isso como a melhor maneira de viver, a melhor comida, a melhor religião. Os europeus tinham esse pensamento porque acreditavam que todas as outras culturas que não a deles eram inferiores e menos completas, achavam que estavam no auge do desenvolvimento. A música deles tinha vários instrumentos, outros povos têm só tambor. Então comparam determinados elementos culturais e se acham superiores. O contrário do ETNOCENTRISMO seria o RELATIVISMO CULTURAL. Os principais autores do evolucionismo são: Morgan, Frezen, Taylor. As informações que esses autores tem de outras culturas é vinda de viajantes, exploradores, colonizadores que relatavam o que viam nas suas viagens.
· FRANS BOAS E O CULTURALISMO – Quem vai questionar com mais ênfase o evolucionismo e o etnocentrismo é o americano FRANZ BOAS e com isso inaugura essa escola de pensamento que traz um olhar mais RELATIVISTA, ou seja, a cultura não é vista como única, existem culturas diferentes cada qual com sua própria história. Não existem culturas mais ou menos evoluídas, é preciso olhar cada cultura e entendê-la nos seus próprios termos, ou seja, tenta compreender a sua complexidade sem comparar com outras culturas porque cada sociedade tem suas características. O relativismo cultural se contrapõe ao evolucionismo.
· ANTROPOLOGIA CULTURAL – A Antropologia cultural é uma linha de pesquisa que surge nos Estados Unidos, junto às primeiras pesquisas antropológicas realizadas no país. Seu foco está na relação estabelecida entre os sujeitos e a cultura, portanto, volta-se à observação do comportamento e personalidade dos indivíduos moldados pelas relações sociais. Possui uma perspectiva relativista e flerta com outras disciplinas, como a Geografia e a Psicologia.
· DETERMINISMO CULTURAL – Tudo é da cultura, é como se nós individualmente não tivéssemos nenhuma possibilidade de pensar diferente daquilo que a nossa cultura nos impõe. Aquilo que a gente acredita a gente aprendeu ao longo da vida e outras pessoas aprenderam coisas diferentes. Na antropologia que se faz hoje, acredita-se que nós também somos sujeitos capazes de ter consciência daquilo que estamos inseridos. Embora haja uma forte influência da cultura, não somos completamente alienados, temos condições de pensar sobre nossa própria vida e sociedade. O Determinismo Cultural era muito forte na antropologia cultura de BOAS e de duas autoras importantes chamadas: MARGARETH MID e RUTH BENEDIT, alunas de Boas que fundaram uma escola chamada CULTURA E PERSONALIDADE. Pra esses a cultura determina tudo, estamos acorrentados aos grilhões da cultura.
· O CULTURALISMO CONTEMPORÂNEO ganha força no período pós-guerra. A cultura não é mais entendida como elemento principal que explicaria, por si mesmo, os modos de agir e pensar dos indivíduos. Ao conceito de cultura, somam-se as forças econômicas, políticas, as instituições sociais, os processos biológicos, históricos, como fatores que determinam a ação e o pensamento dos sujeitos. Ainda assim, a ênfase na variação cultural e a consideração de cada cultura possuem suas próprias normas, valores e sentidos, permanece como traço característico desta abordagem, expressando a tradição intelectual herdada por seus principais autores no campo da Antropologia americana.
· CLIFFORD GEERTZ (1926 – 2006)
A INTERPRETAÇAÕ DAS CULTURAS – “O conceito de cultura que eu defendo [...] é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência INTERPRETATIVA, à procura do significado. É justamente uma explicação que eu procuro, ao construir expressões sociais enigmáticas na sua superfície” (Geertz, 2008, p. 4). Na nossa vida social há diversas coisas que vão se encontrando: a religião, a política, gênero, sexualidade, classes sociais, são muitas coisas que estão entrelaçadas na nossa vida e vão formando o que nós somos. Para Geertz essa teia é a cultura. Ele vê a cultura como teia de significados. Geertz diz que quando se chega numa nova cultura e se quer entender essa cultura, é preciso compreender o significado das expressões, dos gestos, dos comportamentos e etc. É isso que ele procura, fazer uma interpretação.
A ANTROPOLOGIA PARA GEERTZ – Uma CIÊNCIA INTERPRETATIVA à procura do significado que tem as instituições, ações, costumes, eventos, para os atores sociais. A cultura é interpretada pela observação de símbolos e da relação entre eles; a relação entre o poder, o comportamento, as instituições. O antropólogo procura entender o significado que as pessoas dão a determinado tema, a determinado assunto. Não é o que eu acho, mas o que as pessoas daquele grupo pensam. Por exemplo, se num bairro há muita violência é preciso saber o que significa violência para as pessoas que fazem parte daquele lugar, pode não ser o mesmo que a violência significa pra mim. 
A CULTURA PARA GEERTZ – “A cultura de um povo é um conjunto de textos, eles mesmos conjuntos, que o antropólogo tenta ler por sobre os ombros daqueles a quem eles pertencem [...] as sociedades, como as vidas, contêm suas próprias interpretações. É preciso apenas descobrir o acesso a elas” (GEERTZ, 2008, p. 212). Para ele a cultura é como se fosse um texto cheio de significados, é preciso saber interpretar. O que o antropólogo faz a interpretação da interpretação, ou seja, ele interpreta aquilo que os sujeitos interpretam da sua realidade (“sobreos ombros dos nativos”).
A ETNOGRAFIA PARA GEERTZ – Para o autor, etnografia é uma “DESCRIÇÃO DENSA”. Ela é feita a partir da observação atenta dos sujeitos sociais ao longo do trabalho de campo. O trabalho de campo é essa imersão que o antropólogo faz em determinada realidade pra fazer sua análise. Fazer etnografia é como interpretar um texto; a cultura seria esse texto, e sua interpretação é a análise, busca-se ler nas entrelinhas; os indivíduos também fazem suas próprias interpretações de sua cultura. Para Geertz, a “descrição densa” é a pesquisa etnográfica, ou seja, o convívio com os sujeitos de determinado contexto; a lógica que cada sujeito imprime à vida social. É por meio da ação (dos indivíduos) que as formas culturais encontram articulação. A análise das formas simbólicas é relacionada aos acontecimentos sociais e ocasiões concretas.
INTERSUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE – A intersubjetividade é, portanto, um traço marcante de sua antropologia, na medida em que ele não afirma que a pesquisa deva tratar da subjetividade do antropólogo, ou na subjetividade do nativo, mas, sim, pautar-se na mediação entre duas. A objetividade da pesquisa antropológica estaria, justamente, na construção desta relação intersubjetiva, que leva em conta os horizontes do interprete e do interpretado.
· MARSHAL SAHLINS – (1930 – ainda vivo)
ANTROPOLOGIA DE SAHLINS – Em seu início foi influenciado pelo neo-evolucionismo de Leslie White (1900-1975); Passou para um certo determinismo cultural; Depois aproximou-se do estruturalismo francês, mas buscou incluir a dimensão diacrônica na abordagem das culturas desenvolvendo uma teoria da cultura a partir de sua expressão prática e de seus desdobramentos ao longo da história. Sahlins refletiu sobre o capitalismo, e como o capitalismo impacta as sociedades não capitalistas. Naquela época muitos diziam que as culturas exóticas, aldeias, tribos, estavam em extinção. Diziam que o capitalismo ia se expandir, tomar conta do mundo inteiro e todos iam ser mais ou menos a mesma coisa com pequenas diferenças, todos com a lógica capitalista. Para muitos o objeto estaria condenado. As culturas exóticas estariam se desintegrando por “aculturação”, sob a influência da ordem capitalista mundial. Nada mais restaria, em termos de diversidade cultural, a não ser versões locais da “civilização” ocidental.” Essa vida de caça, coleta, rituais, tudo isso iria acabar. Sahlins se interessa em analisar isso e chega a algumas conclusões interessantes:
As “SOCIEDADES TRADICIONAIS, INDÍGENAS OU DE CAÇA E COLETA” não seriam determinadas pela escassez ou incapacidade técnica, mas, sim, pela abundância. Muitos pensavam assim, que essas sociedades viviam na escassez, mas na verdade, as sociedades de caça e coleta viviam na abundância, só que a abundância deles era definida em termos de valores como a liberdade de movimento e a fartura no consumo alimentar, fundamental às relações pessoais.
O acúmulo de posses não seria vantajoso para sociedades nômades, ou que migravam de acordo com as estações climáticas, pois restringiria a liberdade de movimento. Assim, as sociedades de caça e coleta teriam poucas posses, mas não seriam pobres, já que a relação entre escassez e pobreza é produto das desigualdades impostas pela revolução agrícola na cultura ocidental. Escassez e pobreza não é a mesma coisa pra todo mundo. Você pensa que os índios são pobres, mas muitas vezes não são, são sociedades que tem muitos recursos para seu modo de vida e sua cultura. 
INDIGENIZAÇÃO DA MODERNIDADE – Sahlins usa esse termo pra falar do momento em que se pega elementos da modernidade, elementos que são de fora, que são da cultura industrial e capitalista e faz-se uma leitura a partir de um olhar nativo, indígena. O indígena não vê as coisas da mesma forma que nós, pra mim uma tampinha de garrafa é lixo, eu jogo fora, para o indígena se transforma em um adorno, em adereço.
DESENVOLVIMENTO VS TRADIÇÃO – O desenvolvimento é um conceito amplo nas sociedades indígenas, mas que é avaliado sobretudo em termos de bens materiais, avaliação realizada e simbolizada através do dinheiro. O dinheiro vivo tem várias utilidades, é claro: abrir lojas comerciais, comprar carros, gado, bens de consumo, pagar taxas escolares ou impostos, apostar em jogos de azar etc, mas seu maior significado para os Anganen deriva da proeminência nas trocas cerimoniais. Para os Kewa, desenvolvimento é: “levantar” ou “despertar a aldeia”. É construir casas. É matar porcos.
RESIGNIFICAÇÃO CULTURAL – Marx dizia, nos “Grundrisse”, que as relações comunitárias arcaicas são destruídas pelo dinheiro, pois o dinheiro se torna a comunidade. É claro que ele não conhecia os povos da Nova Guiné, que fetichizam ritualmente notas novas de 20 kina como bens de troca. Incorporando a força masculina, essa é a espécie usada pelos Anganen nas trocas rituais interclânicas, em oposição às moedas de metal, associadas às mulheres e ao consumo diário. O dinheiro permanece aqui sendo o servo do costume, em vez de seu senhor. Isso é resignificação do dinheiro.
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ANTROPOLOGIA SOCIAL
· FUNCIONALISMO – A Antropologia Social se construiu no contexto europeu e foi muito influenciada pelo funcionalismo. O principal representante do funcionalismo é EMILE DURKHEIM, que vai entender a sociedade como um todo e as instituições dessa sociedade estariam sempre agindo de maneira interligada e inter-relacionada. Ele diz que a sociedade é como um organismo vivo, como um corpo, que tem muitos membros e órgãos que precisam funcionar bem para que o todo esteja saudável. Da mesma forma é precisa que todas as intuições: religião, família, política, educação, e etc, funcionem bem para que a sociedade seja coesa e harmônica. Outro autor importante nesse período é MARCEL MAUSS, sobrinho de Durkheim. A diferença principal entre eles é que Mauss fala da importância do empirismo, a necessidade de se olhar a sociedade a partir dos atos concretos de seus indivíduos no cotidiano. É através da relação entre as pessoas no cotidiano que a antropologia social faz suas reflexões.
· MARCEL MAUSS
O projeto científico de Mauss e Durkheim é que as explicações dos fenômenos sociais façam-se a partir do método comparativo. Neste caso, a comparação não é entre conteúdos culturais – como acontece no Evolucionismo –, mas focado nos mecanismos, nas formas, nas estruturas sociais. “Parte-se do particular, do concreto, para construir reflexões acerca do homem de maneira ampla. A busca é por uma compreensão universal da vida social.” No evolucionismo você parte de uma idéia, a idéia de que a cultura está em constante evolução rumo a civilização, e daí busca exemplos, casos concretos para demonstrar, para confirmar a idéia. No caso você já tem a idéia e as coisas concretas servem para confirmar a idéia. Para Mauss primeiro vamos para o concreto, as coisas práticas da vida, a maneira como estão interagindo para, a partir daí, construir as idéias de forma mais abrangente.
FATO SOCIAL TOTAL – Refere-se à integração das instituições com o total, ou seja, o fato, para ser total, deve poder ser apreendido na experiência individual, na concretude dos atos de um indivíduo. O fato social total aponta ao mesmo tempo para aspectos físicos, fisiológicos, psíquicos e sociológicos das condutas sociais. Eu preciso, com bastante treinamento, identificar determinadas características culturais, sociais, desde as práticas individuais. Mauss pela marcha de um soldado identificava de que país ele era, porque o inglês marcha diferente do italiano, do francês e etc. Pelas vestimentas pode-se identificar uma característica da sociedade. A maneira de realizar casamento fala muito de uma sociedade, cada sociedade pode ter sua própria maneira de casar: só com membros da família, arranjados por família e etc. O jeito de falar, as expressões, o jeito de tratar a mulher, também são fatos sociais totais, mostram como vamos incorporando no nosso corpo, no nosso jeito as questões sociais que vivenciamos.
· ANTROPOLOGIASOCIAL BRITÂNICA – A Antropologia social britânica constitui-se num período de conflitos coloniais, este quadro político mais amplo foi, na maioria das vezes, ignorado pelos autores do começo do século XX. As análises do período ressaltam:
· EMPIRISMO – Quer dizer concreto, prático, real, a pessoa mergulha naquela cultura e vivencia ali. A grande influência para a antropologia realizar um trabalho empírico, um trabalho de campo, veio de MALINOWSKI. Ele vai criar a OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE. Esse olhar é fundamental pra que você não reproduza olhar etnocêntrico, preconceituoso para uma cultura. Para praticar a OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA você precisa: 1º) Deve sempre ficar um longo período entre os nativos olhando e participando. A medida que vai conhecendo, vai naturalizando, vai percebendo a lógica e vencendo o preconceito. 2º) Deve aprender a língua nativa. Isso é importante para evitar a figura do informante, aqueles que vão trazer informações do que viu de acordo com suas crenças. Você precisa se comunicar com aquelas pessoas. 3º) Deve registrar tudo diariamente num diário de campo. Você pode fazer registros, quantas pessoas vivem, onde moram, como elas moram, De que maneira a sociedade está organizada, quem realiza qual atividade, quem pode casar com quem, qual a função dos mais velhos e dos mais jovens e etc.? Quem é parente? Hoje se diz que cunhado não é parente... e aí?
 
- Bastava o entendimento da maneira como as esferas sociais interagem no presente para compreender a maneira como a sociedade funciona e organiza-se. 
· ESTRUTURALISMO – CLAUDE LÉVI STRAUSS
O principal representante do estruturalismo na Antropologia é um francês chamado CLAUDE LÉVI STRAUSS. O autor é um UNIVERSALISTA, ou seja, busca o que há de comum em todas as sociedades humanas. O termo Estruturalismo remete a idéia de que há uma estrutura comum na maneira como o pensamento humano ordena o mundo.
LÉVI-STRAUSS – 1908 – 2006 – Escreveu o livro “O Pensamento Selvagem”. No livro tem um capítulo intitulado: “A Ciência do Concreto”, onde ele vai discutir o pensamento selvagem e fazer uma comparação com o pensamento científico. Ele faz uma crítica à idéia do utilitarismo do pensamento selvagem, ou seja, os selvagens se preocupam EME conhecer as coisas que eles precisam usar, não há interesse em conhecer mais. Ele critica essa idéia e diz: “Essa ânsia de conhecimento objetivo constitui um dos aspectos mais negados do pensamento daqueles que chamamos “primitivos”. Se ele é raramente dirigido para realidades do mesmo nível daquelas às quais a ciência moderna está ligada, implica diligências intelectuais e métodos de observação semelhantes. Nos dois casos, o universo é o objeto de pensamento, pelo menos como meio de satisfazer a necessidades.” (Lévi-Strauss, p. 17) Ele argumenta que os povos indígenas conhecem as coisas, espécies animais e vegetais, e outros tantos elementos do cosmos, não pela sua utilidade. A utilidade ou interesse das coisas se dão, porque são primeiro conhecidas. Ou seja, o que impulsiona a busca do conhecimento é a própria necessidade do conhecimento e a partir daí você pode encontrar várias utilidades para aquilo. Por exemplo: Ao buscarem o conhecimento das plantas descobriram que ela tem utilidade como remédio. Então há uma similaridade fundamental entre o pensamento selvagem e o pensamento científico, é a necessidade de ordenar e classificar as coisas. “Ora, essa exigência de ordem constitui a base do pensamento que denominamos primitivo, mas unicamente pelo fato de que constitui a base de todo pensamento, pois é sob o ângulo das propriedades comuns que chegamos mais facilmente às formas de pensamento que nos parecem muito estranha”.
LÉVI-STRAUS E A HISTÓRIA – Lévi-Strauss criou polêmica no meio intelectual ao dizer que existem sociedades “quentes” e “frias”, no que se refere à história; Análise estruturalista é intelectualista;
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ANTROPOLOGIA SOCIAL
· ESTRUTURAL – FUNCIONALISMO
Entre as décadas de 1930 e 1940 as expedições e pesquisas britânicas migram da região do Pacífico para África. Surge um novo contexto de análise com sociedades em grande escala e de difícil demarcação geográfica, constituídas por instituições políticas bastante complexas. O trabalho de campo continua sendo feito aos moldes da observação participante de Malinowski, mas a realidade é outra e isso traz novas perguntas, novos conceitos na antropologia, surge assim o ESTRUTURAL FUNCIONALISMO. Os autores de Estrutural Funcionalismo são: RADCLIFFE BROWN e EVANS-PRITCHARD. Ambos da antropologia social, vindos da observação participante de Malinowski
· RADCLIFFE BROWN (1881- 1955)
Numa linha mais próxima a de Durkheim, Radcliffe Brown adota em suas obras a idéia de procurar princípios estruturais abstratos e mecanismos sociais de integração independente dos indivíduos, mas ele valoriza a observação participante de Malinowski, apontando que somente o pesquisador de campo pode descobrir os significados dos elementos da cultura.
- DIACRONIA E SINCRONIA – Radcliffe-Brown (1978) também chama a atenção para esse problema:
- SINCRONIA: Seria preciso primeiro tentar entender a natureza da cultura e da vida social, o que é universal em qualquer sociedade. Eu analiso aquela sociedade no tempo que dura a pesquisa, então não tenho análises históricas, de mudanças sociais. É o abandono da análise histórica, vive o momento. Esse deve ser o primeiro passo de uma análise, depois vem a diacronia.
- DIACRONIA: Um segundo plano da análise: a mudança social. Quando tento fazer uma análise também do passado, uma análise histórica pra saber como aquela sociedade chegou a ser o que é.
- MÉTODO EM RADCLIFFE-BROWN – O autor seguiu as seguintes regras para encontrar o significado de cerimônias ou ritos (casamento, passagem para vida adulta) entre os nativos das Ilhas Andaman: 
1) É preciso ouvir as explicações nativas sobre o costume e as razões para segui-lo;
2) Identificou que quando um mesmo costume é praticado em diferentes ocasiões ele tem o mesmo significado, ou similar, em todas elas;
3) Percebeu que, quando costumes diferentes são praticados em uma mesma ocasião, há um elemento comum em todos;
4) Indicou que deveria se evitar comparar costumes andamaneses com costumes similares de povos diferentes.
· EVANS-PRITCHARD (1902 – 1973)
As análises do autor estabeleciam a relação entre ESTRUTURA, SISTEMAS POLÍTICOS e de PARENTESCO (LINHAGEM). “Kuper demonstra que os administradores coloniais estavam preocupados com os métodos de administração dos povos africanos, pois alguns grupos não se organizavam a partir de instituições políticas centralizadas. Os estudos voltam-se, então, para os sistemas políticos e as formas de controle social. Essa guinada de interesse trouxe contribuições importantes para as ciências sociais e para a filosofia política”.
OS NUER – Essa preocupação aparece no livro Os Nuer, publicado por Evans-Pritchard em 1940. “Os Nuers estavam justamente se recuperando de brutal programa de ‘pacificação’, o qual incluíra o bombardeio de seus rebanhos e o enforcamento de seus profetas – e não estavam por isso no melhor dos ânimos para propiciar uma acolhida hospitaleira a visitantes brancos” Mesmo assim, Evans Pritchard fez uma série de visitas aos nuer na década de 1930, na ocasião a população nuer era de aproximadamente 200.000 pessoas, vivendo num território de 78.000 Km² no Sudão Meridional. Para compreender os nuer é preciso entender a ecologia do povo, a maneira como se relacionam com seu território, seus meios de sobrevivência, sua distribuição em relação ao meio ambiente que os cerca.
 
- Os Nuer têm sua vida intrinsicamente ligada ao gado. Se uma mulher vai casar o dote é pago em gado, se um homem mata outro, a compensação é paga a família do morto em gado, enfim, o gado era muito importante. 
- A maior rivalidade dos Nuer é contra os Dinka, um outro povo muito parecido fisicamente, com a mesma organização social e também muito ligados ao gado. A rivalidade envolve incursões a território estrangeiro,roubo de gado e raptos de pessoas. O conflito se estende até hoje. Eles atribuem esse conflito a um mito de origem, segundo narram os Nuer, no início do tempo os Dinka roubaram seu gado, e então receberam do Criador, a tarefa de atacar os Dinka para sempre.
- O ano divide-se em duas estações de igual duração, o tempo de chuva e o de seca, isto influencia fortemente em suas relações sociais porque nas chuvas eles vivem em aldeias nas partes mais altas, e as terras baixas ficam inundadas, impedindo a agricultura. Já na seca, eles deixam as aldeias e passam a viver em pequenos acampamentos mais próximos aos rios e onde há melhores condições para caça e pesca. Essa mudança muda as relações sociais, pois na aldeia se convive basicamente com as mesmas pessoas, nos acampamentos eles encontravam outros grupos sociais.
- Uma aldeia Nuer pode ser composta por 50 pessoas a várias centenas de pessoas. Um distrito é composto por várias aldeias. Eles acampam juntos durante a seca e com isso assistem a casamentos e participam de cerimônias uns dos outros, casam-se entre si e acabam criando muitas relações. Por isso muda a estrutura política por influência da divisão sazonal.
- É possível comparar esse tipo de divisão social e política com a nossa própria sociedade, pois nós também temos uma divisão de classes sociais e também uma divisão geográfica em cidade, bairro e família.
- O autor analisa as relações entre grupos e não entre indivíduos porque são as relações entre os grupos que formam o sistema social. A sociedade Nuer é segmentária com forte importância das linhagens. Eles conseguem se organizar mesmo sem a presença do Estado porque o poder está diluído entre os muitos grupos, nenhum grupo se impões sobre os demais, não há a centralização do poder, assim a sociedade Nuer acaba se equilibrando.
- O autor analisou crenças como magia e bruxaria, mostrando a lógica racional deste sistema de crenças. Sua utilidade é prática e serve para explicar a vida.
· ANTROPOLOGIA SOCIAL (1950 e 1980)
· TEORIA DA AÇÃO: 
A “TEORIA DA AÇÃO” preocupa-se em apreender os processos sociais e as ações individuais. As sociedades estão sempre em movimento e em constante fluxo. Os teóricos da ação integram à análise ETNOGRÁFICA, a PERSPECTIVA HISTÓRICA e a ANÁLISE DE DADOS DOCUMENTAIS. Até aqui a antropologia não tinha análise documentas nem análises históricas, trabalhavam com uma perspectiva sincrônica, ou seja, está limitada ao trabalho de campo daqueles autores. 
ANÁLISES MICRO E MACRO – Conforme Feldman-Bianco (1987), a antropologia inglesa passou a refletir em como articular o nível micro com o nível macro da análise. O NÍVEL MICRO é o nível da observação participante, é o nível empírico, aquilo que eu estou conseguindo observar com a minha presença. O NÍVEL MACRO é o nível mais sociológico, mais amplo. Este é um momento de reelaboração dos princípios da Antropologia social.
· CRITICA AO FUNCIONALISMO
- Criticaram o Funcionalismo sobre a idéia de que sociedades de pequeno porte são fundamentadas, predominantemente, em parentesco, são sempre simples e homogêneas. Esses autores começaram a olhar o trabalho de Malinowskia e outros autores da década de 20 e acham estranho porque ele não fala de conflitos, como se aquela cultura vivessem em perfeita harmonia, como se não estivessem sofrendo com a imposição colonial. Eles acham um absurdo que esses antropólogos na época do funcionalismo não observaram isso. Criticam o Funcionalismo por não levar em conta o capitalismo; por não inserir a análise em contextos sociais, políticos e econômicos mais amplos. Quando esses autores falavam de mudança social era muito enfatizado o seu papel aculturador, esses estudos, como vimos em Malinowski, eram fundamentados em um enfoque sincrônico e atemporal.
· CRÍTICA AO ESTRUTURAL-FUNCIONALISMO
O Estrutural-funcionalismo é mais duramente questionado a partir da Segunda Guerra Mundial e com a chegada do pós-colonialismo, quando essas sociedades passam por processos acelerados de mudança social, e os instrumentais metodológicos passam a ter que dar conta de analisar o conflito, a contradição e o fluxo social por meio de análises micro.
· A TEORIA DA AÇÃO E A ANÁLISE DA MUDANÇA SOCIAL – A partir do contexto descrito, temos uma mudança importante, em vez de perguntar, como fariam os funcionalistas: como a sociedade se mantém? A ‘teoria da ação’ vai questionar: como a sociedade transforma-se?
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PESSOA, INDIVÍDUO E CORPORALIDADE: 
· NOÇÕES DE PESSOA E DE CORPORALIDADE NA ANTROPOLOGIA – Tendemos a tomar como natural a concepção do indivíduo por vários motivos, mas principalmente porque todos temos um corpo biológico e, portanto, nos vemos como únicos, ninguém é igual a mim. Contudo, ao estudar mas a gente começa a perceber que existem aspectos simbólicos que formam nossa consciência corporal; dessa forma, o indivíduo é uma concepção de pessoa moderna, ocidental, não podendo ser universalizável. Existem outras concepções de pessoa que não trazem as mesmas características que a gente atribui as pessoas na nossa sociedade. Então existem concepções diferentes de pessoas, do corpo, do que é ser gente, da dignidade humana e etc. Um exemplo disso é a concepção de pessoa e do corpo na cultura indígena, que faz pintura corporal, usa alargadores, brincos para mostrar a posição social.
· O CORPO PARA MAUSS (funcionalismo) – Marcel Mauss analisa a noção de pessoa e procura mostrar que o indivíduo é uma categoria social, que se formou historicamente na nossa sociedade. Em relação ao corpo ele vai dizer que em todas as sociedades os homens utilizam seu corpo seguindo tradições. A gente tem exigências tradicionais do que é uma corporalidade, um corpo, uma aparência ideal para os indivíduos. Uma aparência que traz pra gente um certo prestígio por parte dos indivíduos da nossa sociedade. Sendo assim Mauss diz que nós utilizamos do nosso corpo seguindo as tradições da nossa sociedade, ou seja, o corpo nunca é algo biológico somente, ele sempre vai sofrer influência de questões sociais. [...] “a criança, como o adulto, imita atos bem sucedidos que ela viu serem efetuados por pessoas nas quais confia e que têm autoridade sobre ela. O ato se impõe de fora, do alto, mesmo um ato exclusivamente biológico, relativo ao corpo. O indivíduo assimila a série de movimentos de que é composto o ato executado diante dele ou com ele pelos outros.” Por exemplo: os italianos falam gesticulando, falam alto, parece que está brigando quando falam, essas questões que estão no físico dessas pessoas foi alimentado desde a infância pelo convício social. O que a gente considera masculino ou feminino na sociedade, determinados gestos: “Menina não sente assim! Menino não anda assim!” Quando falamos assim estamos manifestando uma expectativa social do que se espera para o menino ou menina. Isso são expectativas sociais e quando o indivíduo sai do que se espera a sociedade começa a coagir, a excluir. A reação aos diferentes em geral é bastante agressiva, há uma repressão as mudanças.
· PRESTÍGIO SOCIAL – Muito do que a gente faz, da maneira como a gente se apresenta, tem a ver com a idéia de prestígio. O imitador (consciente ou não) tem como referência exemplos que ele considere bem sucedidos. Dificilmente eu vou reproduzir um jeito de ser, uma corporalidade que considere negativa. Se há muito informação na sociedade dizendo que aquilo não é bom, é possível que esses atos não sejam repetidos. A análise da corporalidade está associada a situações e contextos específicos, mas revela questões universais presentes nas relações entre indivíduo e sociedade. Os nuer, por exemplo, criaram uma posição para descansar as pernas e isso vai se reproduzindo naquela cultura específica. Perceba então que a nossa identidade, a nossa subjetividade e os nossos comportamentos vão sendo formandos desde a infância no contexto social. 
· O PROCESSO DE INDIVIDUALIZAÇÃO NAS SOCIEDADES MODERNAS – A noção do indivíduo se dá como sujeito empírico, pois temos um corpo, umacorporalidade, mas também como sujeito moral. O indivíduo moral traz algumas características que foram sendo construídas ao longo da nossa história. Por exemplo: noção de Independência da Sociedade, ou seja, não tenho que ser como todos os outros; Autônomo, dono da própria vida; Único, não há ninguém igual. O indivíduo é, assim, um valor supremo na sociedade individualista. Isso se exemplifica historicamente através da construção dos DIREITOS CIVIS. As sociedades igualitárias (que pregam que todos são iguais perante a lei) dão maior valor ao indivíduo. No individualismo o indivíduo se sobrepõe à sociedade.
Porém, há uma variedade de noções do que é o homem e esta variedade é tão grande quanto a variedade de culturas e contextos sociais. Nem sempre há essa noção de que o indivíduo é único, autônomo, independente e deve ter seus direitos individuais garantidos. Na sociedade de castas da Índia, por exemplo, temos uma base hierárquica (inverso da base igualitária das sociedades ocidentais). Nela o indivíduo está subordinado à sociedade em sua totalidade. 
· MODIFICAÇÕES CORPORAIS – Em 1950 o francês Marcel Mauss já mostrava que pensar nas técnicas corporais, incluindo os ornamentos corporais, pode ser revelador de aspectos importantes de uma cultura e da construção da pessoa. São muitos os registros de sociedades tradicionais, até pouco tempo chamadas de “primitivas”, que mantinham, ou mantêm, diversos ritos de passagem nos quais os indivíduos mudam seu status social a partir dessas modificações. As marcas podem indicar a idade do indivíduo, podem indicar a tribo que pertence, pode significar se a mulher é casada ou soleira, se é mais ou menos importante e assim por diante. Então essas marcas comunica algo, significam algo. Os índios usam alargadores labial para aumentar a capacidade da fala, os que falam em nome do grupo tem esse alargador, simboliza que são bons oradores no grupo. Tem um sentido naquilo, não é algo puramente estético.
· RITUAL DE PASSAGEM – Transposição do jovem para a vida adulta. Quase sempre estes ritos iniciativos utilizam mudanças no corpo do indivíduo para inscrever nele a vida social e religiosa da comunidade. O corpo passa a conter o sinal de um tempo, de uma passagem, de um destino. Portanto, um homem iniciado nas sociedades indígenas ou africanas é um homem marcado. O Objetivo da iniciação, em seu momento de tortura, é marcar o corpo. No ritual iniciático, a sociedade imprime sua marca no corpo dos jovens. […] A marca é um obstáculo ao esquecimento, você não esquece mais que faz parte de um grupo, sempre que olhar para as marcas no corpo você vai ver impresso em si os sulcos da cultura. O corpo é uma memória.
· AS MARCAS NA SOCIEDADE OCIDENTAL – Le Breton (2004) fala do corpo, em nossas sociedades, como um acessório de encenação de si mesmo, como uma construção pessoal. Se o mundo cada vez mais nos escapa, o corpo é tomado como um lugar de pleno domínio do indivíduo. Para este autor, a tatuagem, ao menos entre os jovens, em grande medida deixou de ser uma maneira de dissidência, delinquência ou signo de marginalidade, como já foi em um passado recente. Haveria hoje um sentido maior de embelezar o corpo. Mas não é só isso, é também uma maneira de escrever na carne momentos importantes da vida (a gente pode perceber tatuagens com nomes próprios: filho, mãe, pai etc.). O corpo torna-se simultaneamente arquivo de si e decoração. O sinal é a memória de um acontecimento, da abertura pessoal duma passagem da existência, da qual o indivíduo não quer perder a lembrança.
· PIERCING E MODIFICAÇÕES CORPORAIS – Vitor Sérgio Ferreira (2006) propõe duas maneiras de se pensar as marcas corporais contemporâneas: 1º) um universo experiencial que remete a essas manifestações como um ato lúdico, impulsivo e momentâneo, a partir de valores mais estéticos ou de influência do universo da moda, com referência à “sensualidade”, “originalidade”, à “juventude”; 2º) e um outro grupo que tem nessas marcas um projeto longo e durável, que extrapola a expressão estética, aqui existe um projeto de expressão de uma subjetividade que se constrói como diferente.” É o extremo, é o sujeito que entra na construção de um outro corpo, ele tatua toda a pele, ele faz modificações na busca de se destacar de todos os outros que existem e assim inventa um corpo que não é natural.
· O QUE É UM RITUAL? O conceito de ritual hoje deve se fundamentar nos seguintes termos:
1º) Em primeiro lugar a definição do que é um ritual deve ser situacional e contextual. O que isso quer dizer? Que a compreensão do que é um ritual deve ser etnográfica, devemos atentar para as definições nativas dos eventos que são considerados especiais.
2º) A definição do que é ritual não tem tanto a ver com a natureza do evento, mas com a sua forma. O ritual deve ter um certo grau de convencionalidade, de redundância, deve combinar palavras e gestos. Os eventos podem ser profanos ou religiosos, festivos, formais ou informais, mais simples ou mais elaborados.
3º) O ritual não pode ser definido como falta de uma aparente racionalidade, ou por uma relação instrumental entre meios e fins, pois ele é um valor da nossa sociedade a medida em que acreditamos ser mais racionais e mais pragmáticos.
4º) O ritual é um fenômeno na sociedade que revela e ressalta representações e valores que estão presentes no dia a dia. Os rituais transmitem valores e conhecimentos, ajudam a resolver conflitos e reproduzir relações sociais.
5º) No ritual tudo que se faz tem algum comunicado implícito, ou seja, o modo de vestir, a maneira de se comportar à mesa, os lugares que escolhemos freqüentar, tudo isso comunica algo sobre nós, nossas preferências, nosso status, nossas opções. Nesse sentido não se separa fala de ação, falar e fazer têm eficácia e propósito.
A partir desses cinco pontos, Tambiah propõe a seguinte definição para ritual: O ritual é um sistema cultural de comunicação simbólica. É constituído de seqüências ordenadas e padronizadas de palavras e atos, em geral expressos por múltiplos meios. Estas seqüências têm conteúdo e arranjo caracterizados por graus variados de formalidade (convencionalidade), estereotipia (rigidez), condensação (fusão) e redundância.
A ação ritual nos seus traços constitutivos pode ser vista como “PERFORMATIVA” em três sentidos: 
1º) Nele dizer é também fazer alguma coisa como um ato convencional [como dizer “sim” num casamento]; 
2º) Participantes experimentam uma performance que utiliza vários meios de comunicação. Carnaval.
3º) Nele os valores são inferidos e criados pelos atores durante a performance. Exemplo, identificamos o time do Brasil como o time de futebol campeão do mundo.
· TRIÂNGULO RITUAL BRASILEIRO – Damatta chama assim o Carnaval, a Semana da Pátria e a Semana Santa. Uma festa de significação política, uma festa controlada pela Igreja e uma festa relacionado à vertente mais desorganizada da sociedade civil.
· RITOS DE PASSAGEM – Os ritos de passagem acompanham todas as mudanças pelos quais passam os indivíduos para indicar o contraste entre estado: mudança de lugar, de estado, de posição social, de idade e etc. Nos rituais de passagem temos três fases centrais: 
1º) SEPARAÇÃO – Relacionada ao comportamento simbólico de afastamento do indivíduo, ou de um grupo de indivíduos, da coletividade mais ampla. Essa separação é tanto relativa a um ponto específico (fixo) da estrutura social, quanto de um conjunto de condições culturais (que chamaríamos de um ‘estado’).
2º) LIMIAR – Fase marcada por ambiguidades, quando sujeito passa pelo ritual, “perde” todas, ou boa parte das características do passado e ainda não tem as do futuro. Dentre todas as fases, essa merece destaque. O termo usado para se referir ao momento de liminaridade, é COMMUNITAS ao invés de comunidade, para distinguir esta modalidade de relação social de uma “área de vida em comum”.
3º) REAGREGAÇÃO – Consagração da passagem, novamente o sujeito ritual passa a ter um estado relativamente estável.
· NATUREZA E CULTURA – A análise da relação natureza/culturafoi tão central para antropologia que forneceu instrumentos analíticos e fundamentos teóricos para pesquisas na vertente materialista e simbólica:
a) Na VERTENTE MATERIALISTA as instituições sociais e certos elementos culturais seriam basicamente respostas adaptativas, tanto em relação a aspectos genéticos, quanto reflexo de determinações ambientais.
b) Já a VERTENTE SIMBÓLICA tende a enquadrar a natureza como um domínio resultante de operações e distinções conceituais, relacionados a valores e significados socialmente construídos.
Na antropologia a natureza tem 3 concepções:
1ª) O MUNDO BIOFÍSICO EXTERNO E PREEXISTENTE AOS ORGANISMOS – Trata-se de uma estrutura que tem ação própria independente, podendo determinar a configuração das culturas.
2ª) A DIMENSÃO ORGÂNICA que nos caracteriza como espécie animal entre tantas outras e, sendo assim, como parte do mundo natural. Neste caso, a dicotomia entre o que é biológico e o que é cultural se dá no próprio corpo humano.
3ª) NATUREZA SOCIALMENTE CONSTRUÍDA, nesse caso a natureza não é uma realidade objetiva independente, mas está associada ao sentido social que lhe é atribuído. As concepções sobre natureza só podem ser pensadas em um contexto cultural e histórico.
· O QUE É O HOMEM? – É extremamente difícil, diferenciar aquilo que é natural, universal e constante no homem daquilo que é convencional, local e variável. A despeito das diversidades, o que há em comum nas análises é uma concepção “ESTRATIGRÁFICA”, das relações entre os fatores biológico, psicológico, social e cultural na vida humana. Nessa concepção o homem é entendido como parte da natureza, regido por leis imutáveis em toda e qualquer parte. Nesta visão, o homem é composto de níveis, cada um deles superposto aos inferiores e reforçando os que estão acima dele.
· MEIO AMBIENTE – Para a antropologia são os processos sociais e as atividades de uma determinada sociedade que definem qual é o seu ambiente. Tal definição só se faz ao longo de um processo histórico e cultural. Um dado ambiente é sempre resultado da história das atividades de organismos, humanos e não humanos, do presente e do passado. Esse ambiente pode ser natural, urbano, rural etc.
Disso podemos concluir que não devemos, desde uma perspectiva antropológica, considerar a natureza como algo externo à qual a sociedade se adapta, trata-se de um processo de COEVOLUÇÃO em que a atividade da sociedade humana implica numa dinâmica própria na natureza externa, ou seja, do mesmo modo que interferimos na natureza ela interfere na sociedade, falamos então, em um impacto da natureza na biologia das populações humanas. Assim, podemos concluir que as sociedades não industriais tendem tanto quanto as sociedades industriais ao desequilíbrio.
· QUAL O CAMINHO MAIS INTERESSANTE E EFICIENTE PARA A GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS? – "Costumamos fazer uma distinção entre um PENSAMENTO MODERNO (científico) e um PENSAMENTO TRADICIONAL (que seria atrasado). A antropologia social tem se debruçado na tentativa de ajudar a responder esse desafio propondo um diálogo entre esses dois modelos de pensamento, o tradicional e o científico, na busca de um modelo mais democrático para a gestão ambiental. Aponta-se para a necessidade de diálogo entre os especialistas (ciência) e praticantes (pensamento tradicional), o conhecimento prático se formou a partir de situações concretas que são flexíveis e mutáveis, por isso são importantes.

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