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Aula 3 Obtenção do enxofre Sólido não metálico insípido e inodoro (cheiro de enxofre: H2S); 15° elemento mais comum da crosta terrestre 9° elemento mais abundante do universo; Ocorre em depósitos sedimentares e regiões vulcânicas formado por atividade bacteriana sobre o H2S; Maiores reservas: EUA; Brasil: maior parte do enxofre produzido no Brasil vem da extração de petróleo; Encontrado na natureza puro ou em diferentes compostos; Formas de cristais amarelos que ocorrem em diversos minerais de sulfito e sulfato ou na sua forma pura em regiões vulcânicas; Principais minérios: ◦ Pirita (Fe2S) ◦ Blenda (ZnS) ◦ Galena (PbS) ◦ Gipsita (CaSO4⋅2H2O) Produção mundial 70 milhões de t/ano ◦ 15% na forma elementar ◦ 85% na recuperação de sulfetos e a partir do petróleo e do gás natural Maiores produtores: ◦ EUA (13%) ◦ Canadá (12%) ◦ China (12%) ◦ Rússia (10%) Brasil: ◦ Produção de 400 mil t/ano ◦ Produz somente 20% do enxofre consumido Aplicações industriais Principal: síntese de H2SO4 (85-90%) ; Outras aplicações da sua forma elementar: ◦ CS2 ◦ Papel e celulose (processo sulfito) ◦ Corantes e pigmentos (dióxido de titânio pelo processo sulfato) ◦ Borrachas (vulcanização) ◦ Inseticidas e fungicidas ◦ Farmacêuticos ◦ Cosméticos ◦ Agentes alvejantes ◦ Produtos têxteis e fibras Processo Frasch Obtenção de enxofre elementar com altíssimo grau de pureza a partir de calcários porosos; Empregado em países como EUA, Canadá, México, Irá, Polônia, etc.; Desenvolvido por Herman Frasch em 1891 Processo Frasch: Processo Frasch O processo consiste na fusão do enxofre no subsolo (150 a 750 m) e seu posterior bombeio até a superfície; Um único poço pode produzir até 300 t/d; Tubulações concêntricas: ◦ Mais externa (200 mm): injeção de água superaquecida para a fusão do enxofre ◦ Intermediária (100 mm): utilizada para transporte do enxofre fundido ◦ Mais interna (30 mm): injeção de ar comprimido para forçar a ascensão do enxofre fundido até a superfície Processo Frasch Condições operacionais da água: superaquecida a 160 °C Pelo contato com a água superaquecida, a rocha sulfurosa é aquecida a aproximadamente 120 °C para a fusão do enxofre (Tfusão = 115 °C); Como o enxofre é mais denso que a água, ocorre a sua sedimentação no fundo do poço; Injeção de ar comprimido: aproximadamente 3,0 Mpa a uma taxa de escoamento compatível para a produção de enxofre; Na superfície, o enxofre líquido é transportado por tubulações aquecidas a vapor até um separador de ar e então pode ser armazenado na forma líquida ou sólida Processo Frasch Vantagem do processo: obtenção de enxofre com alto grau de pureza (99,8%); Desvantagens: ◦ Alto consumo energético ◦ Alto consumo de água: 3 – 38 m3 de H2O (165 °C) por m 3 de enxofre produzido Processo Claus: O enxofre é obtido a partir do gás ácido com alto teor de H2S (60-75%) do resíduo do processamento de gás natural e petróleo; Remoção de H2S do gás natural a) Absorção em solventes físicos: a regeneração do solvente é mais fácil e não há problemas de corrosão; a desvantagem é que a seletividade é baixa; Solventes: metanol e dimetil éter de polietilenoglicol Processo Claus: b) Absorção em solventes químicos: são mais seletivos, o que permite menor taxa de recirculação e maior remoção de H2S; Solventes: aminas, MEA (monoetanolamina), DEA (dietanolamina) ou MDEA (metildietanolamina) ou K2CO3 a quente; MEA: menor custo, maior corrosividade e maior estabilidade de ligação com o H2S. Processo de absorção de H2S Processo Claus: Quando MEA é utilizada, CO2 também é absorvido e torna-se concorrente do H2S: 2 𝐻𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻2𝑁𝐻2 + 𝐻2𝑆 ⇌ 𝐻𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻2𝑁𝐻3 2𝑆 2 𝐻𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻2𝑁𝐻2 + 𝐶𝑂2 + 𝐻2𝑂 ⇌ 𝐻𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻2𝑁𝐻3 2𝐶𝑂3 O sal formado a partir do CO2 não é afetado pela alta temperatura, o que faz com que a concentração de MEA diminua e seja necessário adicionar solução fresca de MEA e fazer a purga da solução reciclada periodicamente. Processo Claus: A grande vantagem do uso de K2CO3 a quente é que necessita de menor quantidade de calor para fazer a regeneração: 𝐾2𝐶𝑂3 + 𝐻2𝑆 ⇌ 𝐾𝐻𝑆 + 𝐾𝐻𝐶𝑂3 𝐾2𝐶𝑂3 + 𝐶𝑂2 + 𝐻2𝑂 ⇌ 2 𝐾𝐻𝐶𝑂3 A grande desvantagem é a alta corrosividade ao aço carbono. Processo Claus: Criado em 1883 por Carl Friendrich Claus e utilizado em escala industrial a partir de 1950; O processo consiste em duas etapas: ◦ Térmica ◦ Catalítica Processo Claus: a) Etapa térmica (1/3 da carga): oxidação parcial do H2S em um forno a alta temperatura (1000 – 1400 °C) 𝐻2𝑆 𝑔 + 3 2 𝑂2(𝑎𝑟) ⇌ 𝑆𝑂2(𝑔) + 𝐻2𝑂 𝑔 ∆𝐻 = −519 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 (𝑟𝑒𝑎çã𝑜 1) Temperatura: ◦ Abaixo de 925 °C: reação muito lenta ◦ Acima de 1600 °C: formação de SO3 e NOx que podem causar corrosão no forno e desativar o catalisador na etapa seguinte Processo Claus: Os contaminantes também são oxidados e podem desativar o catalisador na etapa seguinte: 𝐻2𝑆 + 𝐶𝑂2 ⇌ 𝐻2𝑂 + 𝐶𝑂𝑆 𝐻2𝑆 + 𝐶𝑂𝑆 ⇌ 𝐻2𝑂 + 𝐶𝑆2 2 𝑆 + 2 𝐶𝑂 ⇌ 𝐶𝑂2 + 𝐶𝑆2 Para recuperar o Enxofre inertizado é feita uma hidrólise em um reator tubular a 230 °C antes da segunda etapa: 𝐶𝑂𝑆, 𝐶𝑆2 𝐻2𝑂 𝐻2𝑆 + 𝐶𝑂2 Processo Claus: b) Etapa catalítica (2/3 da carga): reação que ocorre a 200-300 °C em três leitos catalíticos consecutivos 2 𝐻2𝑆 𝑔 + 𝑆𝑂2(𝑔) ⇌ 3 𝑆(𝑙) + 2 𝐻2𝑂 𝑙 ∆𝐻 = −146,5 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 (𝑟𝑒𝑎çã𝑜 2) O fator de controle do processo é a seguinte relação: 𝐻2𝑆 𝑆𝑂2 ~2 Essa relação é controlada pela vazão de ar na primeira etapa do processo Processo Claus: Curva de equilíbrio do sistema de reações Processo Claus: A reação 2 (catalítica) pode ocorrer indesejavelmente durante a etapa térmica com rendimentos limitados a 60-70%; Na faixa de temperatura adequada, a reação 2 tem conversões na faixa de 95%; Para evitar a ocorrência da reação 2 no forno da etapa 1: ◦ Baixo tempo de residência no forno ◦ Operar com a máxima temperatura possível no forno para desfavorecer a reação 2 ◦ Já na saída do forno, fazer um rápido resfriamento para controlar a conversão de enxofre Processo Claus: Na saída do forno é colocada uma caldeira de recuperação de calor que pode produzir vapor saturado de média pressão a 900 °C; Na saída da caldeira, com a queda de temperatura da corrente reacional, parte do enxofre sofre condensação e deve ser coletado antes da etapa catalítica. Processo Claus: a partir de gases combustíveis Processo Claus: a partir de gases combustíveis Processo Claus: Eficiência de recuperação do enxofre: ◦ Dois estágios: 90-96% ◦ Três estágios: 95-98% ◦ Unidade de tratamento do gás residual: 99,9% Fatores envolvidos na eficiência de recuperação: ◦ Número de estágios catalíticos ◦ Concentração de H2S no gás de alimentação ◦ Método de reaquecimento do gás ◦ Extensão da hidrólise de COS e CS2 na primeira etapa ◦ Temperatura dos reatores catalíticos e dos condensadores Processo Claus: Catalisadores: o principal catalisador utilizado é a alumina (Al2O3) com alta área superficial e macroporosidade (dp = 0,1 µm); Promotores podem aumentar a atividade catalítica e reduzir a desativação; O uso de Fe2O3 reage prioritariamente com o excesso de O2 que formaria sulfato de alumínio e destruiria o catalisador: 𝐹𝑒2𝑂3 ՜ 𝑆 𝐹𝑒𝑆2 ՜ 𝑆 𝐹𝑒2𝑂3 Processo Claus: Desempenho do catalisador alumina promovido ou não pelo trióxido férrico: Processo Claus: Tratamento do gás residual 1) Tratamento em leito seco: a reação do processo Claus é estendida a temperaturas mais baixas em leito catalítico empacotado com a adsorção do enxofre no catalisador e sua posterior dessorção para regeneração do catalisador 2) Tratamento úmido: absorção do H2S em um solvente seletivo; essa técnica é mais eficiente, porém de maior custo Processo Claus: 1.a) Processo Sulfreen: Processo Claus: 1.a) Processo Sulfreen: Conversão do H2S e do SO2 residual a S em temperaturaspróximas ao ponto de orvalho do enxofre, utilizando alumina como adsorvente e catalisador; O gás residual do processo é diretamente alimentado ao reator à temperatura de 130-160 °C; Nessa condição, a conversão para S é praticamente 100%; Processo Claus: 1.a) Processo Sulfreen: Podem ser usados múltiplos leitos de alumina para o ciclo de adsorção/reação/dessorção do enxofre formado; A remoção do enxofre é feita pela passagem de gás quente a 260-290 °C. Processo Claus: 1.b) Processo CBA (Cold Bed Adsorption): O gás residual passa por um reator contendo alumina a 125-150 °C e a deposição do enxofre sobre o catalisador desloca o equilíbrio da reação Claus para maiores conversões; Também são associados múltiplos leitos para que enquanto ocorra a reação/adsorção em um reator, no outro ocorra a passagem dos gases quentes do primeiro conversor Claus para vaporizar o enxofre condensado e reativação do catalisador; A diferença do processo anterior é que nesse caso a regeneração está integrada ao processo Claus. Processo Claus: 1.c) Processo SFGD (Shell Flue-Gas Desulfurization): Adsorção do SO2 do gás residual após a incineração em leito de CuO/Al2O3 a 400 °C; O SO2 é dessorvido na mesma temperatura por gases quentes redutores e retorna ao início do processo. Processo Claus: 2.a) Processo SCOT (Shell Claus Off-Gas Treating): Processo que envolve duas etapas: ◦ Hidrogenação/hidrólise catalítica do gás residual ◦ Absorção do H2S em solução de amina Processo Claus: 2.a) Processo SCOT (Shell Claus Off-Gas Treating): Processo Claus: 2.a) Processo SCOT (Shell Claus Off-Gas Treating): Primeira etapa: o gás residual reage com um gás redutor em um leito catalítico de Co-Mo/Al2O3 a 280-300 °C: 𝑆𝑂2 + 3 𝐻2 ՜ 𝐻2𝑆 + 2 𝐻2𝑂 𝐶𝑂𝑆 + 𝐻2𝑂 ՜ 𝐶𝑂2 + 𝐻2𝑆 𝐶𝑆2 + 2 𝐻2𝑂 ՜ 𝐶𝑂2 + 2 𝐻2𝑆 Processo Claus: 2.a) Processo SCOT (Shell Claus Off-Gas Treating): Segunda etapa: o gás reduzido é absorvido em solução de MDEA que é regenerada por aquecimento e todo o H2S regenerado é reciclado para o processo Claus; São alcançadas eficiências de 99,9%, mas o custo pode ser bem alto. Processo Claus: 2.b) Processo Claupsol: Converte o H2S e o SO2 em enxofre elementar com a reação Claus ocorrendo a baixa temperatura em fase líquida; O solvente utilizado é o polietilenoglicol (PEG) que tem capacidade de solubilizar o SO2 quatro vezes mais que o H2S e baixa capacidade para solubilizar o enxofre; O catalisador utilizado é o salicilato de metila; Processo Claus: 2.b) Processo Claupsol: Processo Claus: 2.b) Processo Claupsol: A reação ocorre em fase homogênea líquida e os produtos são facilmente separados, pois a água é eliminada como vapor e o enxofre sedimenta como produto de fundo; 𝐻2𝑆 𝑆𝑂2 > 2 ⇒ 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑑𝑜 + 𝐻2𝑆 ՜ 𝑆 + 𝐻2𝑂 + 𝑠𝑎𝑙𝑖𝑐𝑖𝑙𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑡𝑖𝑙𝑎 𝐻2𝑆 𝑆𝑂2 < 2 ⇒ 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑜 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑑𝑜 + 𝑆𝑂2 ՜ 𝑆 + 𝑁𝑎2𝑆𝑂4 + 𝑠𝑎𝑙𝑖𝑐𝑖𝑙𝑎𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑒𝑡𝑖𝑙𝑎 O sulfato de sódio deposita-se no enchimento do reator, causando perda de carga e queda no rendimento Modificações do Processo Claus: 1) Processo SuperClaus: Ocorre a substituição do último estágio do processo convencional por um reator de oxidação seletiva do H2S a S: 𝐻2𝑆 + 1 2 𝑂2 ՜ 𝑆 + 𝐻2𝑂 O controle cinético da reação é muito importante: 𝐻2𝑆 ՜ 𝑘1 𝑆՜ 𝑘2 𝑆𝑂2 O objetivo é manter em um valores mínimos a razão 𝑘3 𝑘1 Modificações do Processo Claus: 1) Processo SuperClaus: Com esse objetivo, utiliza-se como catalisador uma mistura de óxidos de Fe e Cr em suporte de alumina, reduzindo as emissões de SO2 em mais de 50%: Modificações do Processo Claus: 1) Processo ProClaus (Parsons Redox Claus): Após a etapa térmica do processo Claus, são aplicadas três etapas catalíticas: Etapa 1: reação Claus convencional Etapa 2: redução seletiva do SO2 a S Modificações do Processo Claus: 1) Processo ProClaus (Parsons Redox Claus): 𝑆𝑂2 + 2 𝐻2 ՜ 𝑆 + 𝐻2𝑂 𝑆𝑂2 + 2 𝐶𝑂 ՜ 𝑆 + 2 𝐶𝑂2 Reações paralelas: 𝑆𝑂2 + 3 𝐻2 ՜ 𝐻2𝑆 + 2 𝐻2𝑂 𝑆𝑂2 + 3 𝐶𝑂 ՜ 𝐶𝑂𝑆 + 2 𝐶𝑂2 Modificações do Processo Claus: 1) Processo ProClaus (Parsons Redox Claus): Nessa segunda etapa, o catalisador deve ter alta atividade e alta seletividade; normalmente é utilizado Co-Mo/Al2O3 que apresenta rendimentos de 60-80%; Etapa 3: oxidação seletiva do H2S a S: 𝐻2𝑆 + 1 2 𝑂2 ՜ 𝑆 + 𝐻2𝑂 Catalisador: V/SiO2 que fornece rendimento de 95% em recuperação de S sem a presença de água a 225 °C. Modificações do Processo Claus: 1) Processo ProClaus (Parsons Redox Claus): Quando a relação O2/H2S aumenta, o grau de conversão também aumenta, mas a seletividade ao enxofre diminui, conforme a sequência de reações: 𝐻2𝑆 ՜ 𝑆 ՜ 𝑆𝑂2 Modificações do Processo Claus: 1) Processo ProClaus (Parsons Redox Claus): Vantagens desse processo: ◦ A performance não é afetada por varações na razão H2S/SO2, pois as quantidades adicionais desses componentes são convertidas nas etapas de redução e oxidação seletiva ◦ Não é necessário o fornecimento externo de H2 e CO, pois os gases são formados no próprio forno do processo Claus; ◦ Não é necessário a remoção de água, pois os catalisadores seletivos não são sensíveis à presença de água Comparação do processo Claus convencional e suas modificações Processo Eficiência (%S) Custo relativo Claus 98,0 1,00 Claus + Sulfreen 99,0 1,20 Claus + SCOT 99,9 1,70 SuperClaus 99,0 1,15 ProClaus 99,5 1,15 Métodos de obtenção: Oxidação do enxofre Ustulação de sulfetos metálicos Recuperação de gases de refugo de outras reações Aplicações: Grau comercial puro (%H2O < 0,05%): ◦ Produção de H2SO4 ◦ Agente alvejante nas indústrias têxteis e alimentícias ◦ Remoção de cloro no tratamento de águas e fibras têxteis ◦ Agente antimofo na secagem de frutas ◦ Agente desinfetante nos reservatórios da fábricas de cerveja ◦ Controle de fermentação na produção de vinho ◦ Tratamento de polpa de papel ◦ Refino de petróleo Grau muito puro (< 50 ppm de H2O) ◦ Refrigeração Processo através da oxidação do enxofre: Oxidação de enxofre Absorção Compressão e resfriamento (Peb = - 10°C) Armazenagem de SO2 liquefeito
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