Buscar

APx1 - BRAS V - LETRAS - NFR

Prévia do material em texto

APx1 - MARIA EDUARDA CORDEIRO PAGANINI - LIT BRAS V - LETRAS - NFR
Questão 01
Murilo Mendes foi um autor modernista cujas obras caracterizam-se pela riqueza
temática, estética, vocabular e ideológica. Como o próprio autor coloca, há a criação de
“regras e leis próprias” (MENDES apud CEDERJ), além de figuras de linguagem como
metáfora, elipse, antíteses, entre outras, a fim de enriquecer mais suas obras e tentar fazer
com que o leitor coloque-se em uma posição desconfortável, precisando de fato interpretar
o texto. Além disso, Murilo, como todo autor modernista, critica a tradição, questionando-a.
Entretanto, suas características pessoais não permitem uma ruptura completa com a
tradição, por exemplo, pelo fato de Murilo ser católico e referenciar a religião em alguma de
suas obras. Por isso, a dicotomia existe quando Murilo passa a questionar a própria tradição
modernista enquanto questionadora das tradições anteriores, temendo que ela se torne tão
engessada quanto as outras. Por fim, veremos as influências surrealistas que a obra de
Mendes sofreu.
No poema “Exergo” (CEDERJ p 114) podemos ver claramente o que Murilo quis
dizer quando enfatizou o desejo de ruptura entre o autor e o leitor das obras. A
interpretação do poema não é simples, requer conhecimentos prévios (como saber o que é
um exergo e quem foi Orfeu, além de gramática do Português). Só a partir desse repertório
de conhecimento que um leitor poderia interpretar o que Mendes quis dizer. Além disso,
neste poema, Murilo, como os modernistas de uma maneira geral, cria palavras a partir do
prefixo “Orf”, brincando com a gramática portuguesa e, apesar de pertencer a um
movimento que busca romper com a tradição, faz referência a uma mitologia clássica.
O fato de Murilo Mendes ser católico influenciou bastante suas obras. Apesar de os
modernistas terem um pensamento mais anárquico, criticarem as tradições (e as religiões
clássicas também) e buscarem criar obras mais racionais, Mendes não se sente impelido a
ocultar suas crenças em suas obras. No poema que fala sobre a morte de sua mãe, por
exemplo, há uma clara referência à mãe indo ao ceu, que é o paraíso cristão (“Uma noite
abriu as asas / Cansada de tanto som, / Equilibrou-se no azul (...)” (MENDES apud
CEDERJ p 120). Assim, Murilo expressa que seu ideal de morte é ir ao céu, seguindo a
influência da igreja.
Estes fatos por si só expressam quão original foi a obra que, apesar de pertencer a
um movimento de ruptura, rompe com ele mesmo, pondo-o sob crítica a partir da influência
de movimentos anteriores.
Por fim, podemos ver a forte influência do surrealismo nas obras de Mendes,
especialmente a partir da construção imagética surreal que seus poemas têm. Um exemplo
disso é o poema “Cantiga de Malazarte”, onde vale destacar o trecho: “Toco nas flores, nas
almas, nos sons, nos movimentos, / destelho as casas penduradas na terra,/ tiro o cheiro
dos corpos das meninas sonhando.” (MENDES apud CEDERJ, p 121)
Questão 02
Haroldo Campos referencia e concorda com Marx quando este coloca que a
consciência e a linguagem são produtos sociais. Portanto, podemos dizer que é a partir da
consciência e tendo consequências na Linguagem que possuímos consciências coletivas
semelhantes e a linguagem, porque social, surge como um “imperativo”, ou seja, uma
maneira de impor aquilo que a consciência coletiva supõe como certo/errado,
verdadeiro/falso, bom/mau.
Neste sentido, Haroldo Campos também define a poesia de Oswald de Andrade
como uma ruptura - ou seja, uma força capaz de penetrar a consciência social e romper
com ela pela sua linha de frente imperativa: a linguagem.
Como consequência disso, a obra de Oswald de Andrade, ao penetrar a consciência social
coletiva, permite questionamentos, indagações e re-pensamentos (críticos) acerca daquilo
que até então estava enraizado nos subconscientes dos indivíduos que participam daquela
sociedade.
A paródia que Oswald faz da Canção do Exílio de Gonçalves Dias é um ótimo
exemplo de como a linguagem poética interpela a consciência coletiva a fim de modificá-la.
Ao parodiar uma obra tão nacionalista, tão característica e importante para o Brasil, Oswald
rompe com o sentimento nacionalista do romantismo do Brasil Colônia. Uma referência à
escravidão como forma de crítica social sutil àqueles que os cometiam (em “Minha terra tem
palmares” no lugar de “minha terra tem palmeiras) e uma quebra de expectativa ao colocar
São Paulo como o lugar de que se tem falta são elementos essenciais para efervescer no
consciente coletivo uma sensação de crítica necessária à tudo que se tem estabelecido
como padrão, o que reflete sempre na linguagem e nas produções linguísticas.
Referência Bibliográfica
CEDERJ, Literatura Brasileira V. Caderno Didático, Aula 05.
CEDERJ, Literatura Brasileira V. Caderno Didático, Aula 06.

Continue navegando