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Geografia Agrária e Sustentabilidade

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FACULDADE ÚNICA
DE IPATINGA
Rodrigo César de Vasconcelos dos Santos
Graduado em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade Federal de Lavras
(UFLA) (2016), Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pelo Centro
Universitário de Lavras (UNILAVRAS) (2016), Mestre em Engenharia Agrícola pela
Universidade Federal de Lavras (UFLA) (2016) e Doutor em Recursos Hídricos pela
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (2020). Atualmente é bolsista de pesquisa no
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) atuando no mapeamento e diagnóstico
do setor de mineração brasileiro. Participa como membro do Núcleo de Estudos em
Educação de Valores Humanos – Pelotas/RS.
PESQUISA E PRÁTICA INTERDISCIPLINAR:
GEOGRAFIA DO BRASIL AGRÁRIA, MEIO
AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
1ª edição
Ipatinga – MG
2021
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Diretor Geral: Valdir Henrique Valério
Diretor Executivo: William José Ferreira
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Carla Jordânia G. de Souza
Rubens Henrique L. de Oliveira
Design: Brayan Lazarino Santos
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Luiza Filgueiras
© 2021, Faculdade Única.
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.
‘
Teodoro, Jorge Benedito de Freitas, 1986 - .
Introdução à filosofia / Jorge Benedito de Freitas Teodoro. – 1. ed. Ipatinga, MG:
Editora Única, 2020.
113 p. il.
Inclui referências.
ISBN: 978-65-990786-0-6
1. Filosofia. 2. Racionalidade. I. Teodoro, Jorge Benedito de Freitas. II. Título.
CDD: 100
CDU: 101
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
Menu de Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos.Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
São sugestões de links para vídeos, documentos
científico (artigos, monografias, dissertações e teses),
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo
abordado.
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações
importantes nas quais você deve ter um maior grau de
atenção!
São exercícios de fixação do conteúdo abordado em
cada unidade do livro.
São para o esclarecimento do significado de
determinados termos/palavras mostradas ao longo do
livro.
Este espaço é destinado para a reflexão sobre
questões citadas em cada unidade, associando-o a
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu
cotidiano.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA AGRÁRIA ................................................. 9
1.1 FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA AGRÁRIA ....................................................... 9
1.2 MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS DO CAMPO PARA A CIDADE.......................... 10
1.3 TRANSFORMAÇÕES EM CURSO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO ............................................................................................ 12
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 14
MOVIMENTOS SOCIAIS, CONFLITOS PELA TERRA E REVOLUÇÕES NA
AMERICA LATINA ................................................................................... 19
2.1 MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO ................................................................ 19
2.2 CONFLITOS MARCANTES PELA TERRA NO BRASIL............................................ 24
2.3 REVOLUÇÕES NA AMÉRICA LATINA................................................................. 26
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 29
GEOGRAFIA AGRÁRIA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS ...................... 34
3.1 CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL......................................................... 36
3.2 REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA....................................................................... 37
3.3 MOVIMENTOS SOCIAIS CAMPONESES EM MINAS GERAIS............................. 40
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 46
AGRICULTURA SOB DIFERENTES MODOS DE PRODUÇÃO ..................... 51
4.1 AGRICULTURA CONVENCIONAL ...................................................................... 52
4.2 AGRICULTURA FAMILIAR ................................................................................... 53
4.3 AGRICULTURA ORGÂNICA................................................................................ 54
4.4 AGRICULTURA AGROECOLÓGICA ................................................................... 55
4.5 PECUÁRIA........................................................................................................... 57
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 59
AGRO 4.0 E AGRONEGÓCIO ................................................................ 65
5.1 TECNOLOGIAS ADOTADAS NA AGRICULTURA 4.0 .......................................... 65
5.2 AGRICULTURA DE PRECISÃO............................................................................. 67
5.3 PECUÁRIA 4.0 ..................................................................................................... 68
5.4 AGRO 5.0: O PRÓXIMO PASSO? ...................................................................... 69
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 69
TÓPICOS IMPORTANTES EM GEOGRAFIA AGRÁRIA ............................. 74
6.1 AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE...................................................................... 75
6.2 REVOLUÇÃO VERDE........................................................................................... 78
6.3 DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL DO RURAL BRASILEIRO .................................. 81
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................... 83
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................... 89
REFERÊNCIAS........................................................................................... 90
UNIDADE
01
UNIDADE
02
UNIDADE
03
UNIDADE
04
UNIDADE
05
UNIDADE
06
7
CONFIRA NO LIVRO
A Unidade 01 introduz a geografia agrária, trazendo conceitos
básicos sobre o tema. Brevemente mostra alguns problemas
ocorridos no campo, os quais acarretaram em movimentos do
campo para a cidade. Também retrata as transformações da
geografia agrária no mundo contemporâneo.
A Unidade 02 Explora os movimentos sociais no campo, de seus
surgimentos até suas diversas lutas em prol da posse de terras no
Brasil e em outras localidades da América Latina.
A Unidade 03 mostra a problemática da concentração e divisão de
terras no Brasil e em contrapartida um dos caminhos para uma
maior igualdade, onde trata da Reforma Agrária de forma crítica.
Também mostra alguns movimentos camponeses de Minas Gerais.
A Unidade 04 apresenta de forma geral agricultura sob diferentes
modos de produção, como a convencional, familiar, orgânica, e faz
um apanhado sobre a agroecologia e também da pecuária.
A Unidade 05 trata do agronegócio e também das tecnologias que
vem sendo desenvolvida e utilizadas para aumento da quantidade
e qualidade da produção no campo. Portanto, fala do agro 4.0, da
pecuária 4.0 e do avanço da agricultura 4.0 para a tão almejada
5.0.
A Unidade 06 traz diversos temas importantes relacionados à
geografia agrária, comoo cuidado com o meio ambiente que os
produtores rurais devem tomar, a revolução ver e algumas de suas
implicações e das mudanças social e cultural das atividades
agrícolas e dos camponeses.
8
INTRODUÇÃO
Este livro agrupa estudos e pesquisas que envolvem as diversas abordagens
temáticas e regionais no âmbito da Geografia Agrária brasileira. Dessa forma, o autor
analisa ao longo das Unidades de Aprendizagem, diversos contextos, conflitos,
disputas e alternativas territoriais existentes no campo brasileiro desde a antiguidade
até os tempos atuais.
Nesse sentido, este livro está organizado em seis unidades: introdução à
geografia agrária; movimentos sociais, conflitos pela terra e revoluções na América
Latina; geografia agrária no Brasil e em minas gerais; agricultura sob diferentes modos
de produção; agro 4.0 e agronegócio e tópicos importantes em geografia agrária.
Com o propósito de tornar o aluno mais preparado para dissertar, comentar e lidar
com temáticas de elevada importância para a área de conhecimento.
Este livro apresenta conteúdos básicos, com links, figuras e tabelas que lhe
auxiliaram na compreensão dos itens. Há sugestões de material para aprofundar seus
conhecimentos, fique atento às dicas.
BONS ESTUDOS!
9
INTRODUÇÃO À GEOGRAFIA
AGRÁRIA
O aumento populacional e o processo de urbanização propiciam vários
problemas, especialmente agrários, como a aumento da produção de alimentos em
um mundo desigual e faminto, o que exige expansão territorial do agronegócio frente
a um cenário mundial de crise ambiental e à escassez de recursos (solo, água,
energia). Isso acarreta conflitos de terras, o que leva a expulsão das comunidades
rurais tradicionais de seus territórios e não em raras ocasiões levam muitas pessoas a
óbito por meio da violência.
Mesmo um tema tão necessário e contemporâneo, como é o caso das
questões agrárias, muitas pessoas, principalmente os jovens, demonstram muita falta
de interesse, visto que, estão cada vez mais envoltos à cultura urbana. Dessa forma,
se torna imprescindível analisar o processo histórico da realidade.
FUNDAMENTOS DA GEOGRAFIA AGRÁRIA
A geografia agrária é um dos ramos da ciência que estuda as relações sociais,
econômicas e ambientais do campo visando o desenvolvimento da agricultura. A
Geografia Agrária brasileira tem passado por um processo de transformação no qual
UNIDADE
01
10
a tecnologia é a grande precursora das mudanças.
Jovens e adolescentes estão cada vez mais envolvidos em uma cultura
essencialmente urbana, há uma falta de interesse sobre a questão agrária. Torna-se
imprescindível o envolvimento dos jovens e adolescentes em temas que retratam a
vida no campo.
Tem ocorrido a expansão do capitalismo no campo, onde quem tem maior
poder aquisitivo compram as pequenas parcelas de terras dos agricultores familiares.
Isso favorece a concentração de terra nas mãos de poucos e proporciona a ida de
muitas pessoas para as cidades. Com isso, cada vez menos pessoas no campo. Isso
ainda causa um agravo social nas cidades, pois muitas dessas pessoas que saem do
campo e vão para a cidade acabam tendo sub empregos, moradias precárias e
sofrem problemas dos mais diversos.
Agravo ocorre com a grande mídia televisiva sempre mostrando que o
agronegócio é vantajoso, a qual até tem o slogan “Agro é tech. Agro é pop. Agro é
tudo”.
MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS DO CAMPO PARA A CIDADE
Podemos notar na Imagem 1, um aumento expressivo da população urbana,
na década de 1872 era de 9.930.478 pulando para 94.508.583 na década de 1970 e
190.755.799 nos anos de 2010. Uma considerável transformação social e mudanças
de dinâmica populacionais importantíssimas, fazendo com que as cidades brasileiras
cresçam de maneira desordenada.
11
Figura 1: Urbanização da década de 1872 até 2010.
Disponível em: https://bit.ly/39M2zAt . Acesso em: 05 mar. 2021.
No ano de 2010, dos 190 milhões de brasileiros, apenas 29,8 milhões estão no
meio rural, ou seja, apenas 15,6% da população brasileira (IBGE, 2010).
Segundo dados do IBGE, 2010, entre os anos 2000 e 2010, o êxodo rural diminuiu
muito, tanto em número de migrante como em termos de sua influência na
urbanização. Pela baixa renda e pelo tamanho de sua população, o Nordeste é a
região que tem grande potencial migratório. De maneira, geral o nordeste é a região
do Brasil, onde mais pessoas migram do campo para as cidades.
É complexo avaliar as circunstancias e decisões individuais para a migração
de famílias do rural para o urbano, de maneira geral, esse deslocamento ocorre em
busca de oportunidades para melhorar suas condições de vida. A seca, falta de
terras férteis, falta de empregos no meio rural e pressões por dividas são fatores que
auxiliam a explicar tal fenômeno.
12
TRANSFORMAÇÕES EM CURSO DA GEOGRAFIA AGRÁRIA NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
As atividades agrícolas vêm sofrendo grandes alterados, a cada dia uma nova
tecnologia é desenvolvida e assim, contribui para a melhora da qualidade de vida
no meio rural. A manutenção dos jovens no campo é de sua importância para a
sociedade, para que esse jovem queira lá permanecer, tecnologias, atrações e
incentivos devem chegar até ele.
Atualmente, com o avanço da internet no meio rural, e com os equipamentos
eletrônicos cada vez mais potentes e populações, a juventude rural, está conectada
diretamente com os acontecimentos na cidade. Se o campo não ofertar qualidade
de vida, tecnologias, escolas de qualidade, saúde e lazer, esses jovens irão atrás de
oportunidades nas grandes cidades. Com isso, continuaram inchando as periferias.
O trabalho no campo é de fundamental importância para a manutenção dos
alimentos nas cidades e também para a garantia dos recursos naturais ao longo do
tempo, quando praticada uma agricultura com foco na sustentabilidade
econômica, social e ambiental. Quando um jovem decide permanecer no campo,
uma nova oportunidade se abre, com novos pensamentos, novos conceitos e uma
visão diferente daquela praticada pelo seu antecessor.
A manutenção desse jovem no meio rural é uma importante maneira de
fomentar o desenvolvimento social e econômico do país. Pois, o envelhecimento da
mão de obra no campo faz com que as atividades fiquem prejudicadas,
naturalmente pela falta de energia dos adultos com idade mais avançadas.
A união entre a experiência, daqueles que passaram por grandes dificuldades
no passado para produzir alimentos, sobreviver e dar manutenção a sua família com
a juventude e vitalidade, dos sucessores pode ser a chave para o desenvolvimento
sustentável das atividades agrícolas.
13
14
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Nos países industrializados, a migração campo-cidade tem como causa
fundamental a
a) carência de melhores condições sociais no campo.
b) baixa produtividade agrícola.
c) pressão demográfica no campo.
d) dificuldade de aquisição de terras.
e) substituição de mão de obra pela mecanização.
2. Nas regiões subdesenvolvidas ocorrem dois tipos de êxodo rural:
I – aquele provocado pela modernização da agricultura e consequente liberação
da mão de obra.
II – aquele provocado pela manutenção de formas antiquadas de produção, que
detêm como consequência o empobrecimento geral da população.
A respeito dos dois tipos de emigração, pode-se dizer que:
a) No segundo tipo predomina uma agricultura comercial especulativa que
emprega numerosa mão de obra.
b) No primeiro tipo há perda de população, mas a produtividade agrícola se eleva.
c) Tanto o primeiro como o segundo tipo resultam de processos de inovação da
agricultura.
d) Só ocorre imigração rural quando as condições de vida da população atingem
níveis de pobreza absoluta.
e) Tanto um tipo quanto o outro são provocados pelo impacto da industrialização
ao atingir a agricultura.
3. Em 2011, cerca de 52,1% da população mundial vivia em áreas urbanas, em 2030
serão 59,9% e em 2050, 67,2%. Nas áreas mais pobres, a população rural é superior
a população urbana, sendo que, nas áreas mais ricas e desenvolvidas ocorreo
inverso. (SILVA A. C.; OLIC N.B.; LOZANO R. Geografia contextos e redes. V. 2.São
15
Paulo: E. Moderna p.182, 2013).
De acordo com o tema em destaque e fatores relacionados ao mesmo, marque (V)
para verdadeiro ou (F) para falso, e em seguida, assinale a alternativa que apresenta
a sequência correta.
( ) O Brasil como um país emergente e apresentando cidades povoadas como
São Paulo e Rio de Janeiro, caminha para ser um país urbano.
( ) No Paraná é comum observarmos o fenômeno da conurbação, situação típica
das regiões metropolitanas de Curitiba, Maringá e Londrina.
( ) A tendência é que as cidades mais populosas do mundo tenham como área
de ocorrência os países pobres e emergentes, onde nem sempre se
tem investimentos disponíveis.
( ) O crescimento desordenado das cidades aumenta os problemas urbanos
ligados a pouca ou a falta de infraestrutura contribuindo para piorar a vida de
grande parte dos seus habitantes.
( ) O crescimento urbano sem planejamento é o principal culpado dos problemas
de mobilidade urbana vivido nas grandes cidades brasileiras. as cidades médias
são as melhores para se morar no século XXI por não apresentarem tal
problemática.
a) V, V, V, V, V.
b) V, F, F, V, V.
c) F, V, V, V, V.
d) V, V, F, V, F.
e) F, V, V, V, F.
4. O gráfico representa a relação entre o tamanho e a totalidade dos imóveis rurais no Brasil.
Que característica da estrutura fundiária brasileira está evidenciada no gráfico
apresentado?
16
a) A concentração de terras nas mãos de poucos.
b) A existência de poucas terras agricultáveis.
c) O domínio territorial dos minifúndios.
d) A primazia da agricultura familiar.
e) A debilidade dos plantations modernos.
5. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)
estuda a criação de uma rede em torno da cadeia produtiva de alimentos no
Brasil para conter o desperdício. O país é considerado um dos dez que mais
desperdiçam comida em todo o mundo, com cerca de 30% da produção
praticamente jogados fora na fase pós-colheita.
Uma ação capaz de solucionar o problema apresentado no texto é
a) a diminuição da produção de culturas.
b) o melhoramento da rede de distribuição.
c) o investimento no comércio externo.
d) a redução do consumo interno.
e) aumentar a área de plantio.
6. Leia abaixo o trecho:
17
“Nosso sítio era pequeno
Pelas grandes fazendas cercado
Precisamos vender a propriedade
Para um grande criador de gado
E partimos para a cidade grande
A saudade partiu ao meu lado
A lavoura virou colonião
E acabou-se o meu reino encantado”
REIS, V.; MACHADO, V. P. Meu reino encantado.
São Paulo: Warner Music Brasil, 2000 (fragmento)
O processo evidenciado na canção traz como consequência para o campo, no
Brasil, o(a)
a) declínio da pecuária leiteira.
b) ampliação dos créditos rurais.
c) redução das áreas de monocultura.
d) aumento da concentração de terras.
e) ampliação da agricultura familiar.
7. Na agricultura, as máquinas, os insumos e as novas técnicas de produção elevam
a produtividade do trabalho, permitindo que um número cada vez menor de
pessoas produzam a mesma (ou maior) quantidade de mercadorias. A utilização
desses recursos tecnológicos na atividade descrita tem como uma de suas
consequências a redução do(a)
a) quantidade de empregos no campo.
b) taxa de lucratividade dos produtos.
c) mercado consumidor interno.
d) carga horária de trabalho.
e) exportação de produtos agrícolas.
8. A modernização do campo, proposta no regime militar, elevou as expectativas
de vida e trabalho da sociedade brasileira. Dentre as consequências dessa
18
modernização, é correto afirmar que houve o aumento do/de
a) aualidade de vida.
b) salário mínimo.
c) êxodo rural.
d) distribuição de terras.
e) exportação de petróleo.
19
MOVIMENTOS SOCIAIS, CONFLITOS
PELA TERRA E REVOLUÇÕES NA
AMERICA LATINA
A questão da má distribuição da terra é motivadora de questões de conflito
no campo. Por não haver uma reforma agrária realmente efetiva, muitas famílias
prejudicadas no processo, resolvem se unir a movimentos de reivindicações por
terras. Nesta unidade serão trabalhados os movimentos sociais no Brasil, alguns
conflitos marcantes e históricos pela terra no Brasil e algumas revoluções no campo
na América Latina.
Os confrontos pela terra são inesgotáveis, e denotam um despreparo das
políticas públicas, governos e judiciário nessa temática. Vários países do mundo
fizeram suas reformas agrárias há muito tempo, porém no Brasil esse assunto se arrasta
por décadas, ao passo que indica muito mais medidas para beneficiar alguns
interesses do que realmente, uma política séria de distribuição mais justa das terras.
Com a finalidade de diminuir a desigualdade social no país e estabelecer condições
de vida mais dignas para famílias sem-terra.
MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO
Começo este texto com uma frase de José de Souza Martins, exemplificando
de maneira muito peculiar e emblemática o contexto dos escritores de obras, textos
e casos à cerca do assunto. O autor exemplifica que muitas obras a respeito desse
relevante tema que não são escritas por quem realmente vivenciou a realidade das
lutas no campo e sentiu na pele as dores da injustiça social e econômica que nascem
juntamente com o Brasil, desde seus primeiros dias de exploração colonial europeia.
E sim, por pessoas que vivem a realidade urbana, mesmo aqueles simpatizantes e
defensores ferrenhos das causas camponesas.
“A história brasileira, mesmo aquela cultivada por alguns setores de esquerda,
é uma história urbana — uma história dos que mandam e particularmente uma
história dos que participam do pacto político.” (MARTINS, 1981, p. 26)
A recuperação das lutas dos camponeses ainda é um grande desafio nos dias
UNIDADE
02
20
atuais. São poucos os registros, sendo que boa parte deles se encontra dispersa e em
fragmentos. A própria trajetória desses camponeses, os quais são explorados e
subordinados politicamente aos grandes proprietários de terras e muitas vezes
excluídos de direitos políticos e sociais essenciais, dificulta a preservação de sua
memória social. A imagem que se tem hoje em dia dos trabalhadores rurais é uma
versão construída pelos vencedores deste processo histórico. Desse modo, por longos
períodos, somos levados a pensar os camponeses sendo passiveis, submissos e
incapazes de formular seus próprios interesses e de lutar por eles.
Ainda assim, algumas revoltas contra determinados acontecimentos que
prejudicavam suas condições de existência ou mesmo suas lutas em busca de
melhores condições de vida e trabalho digno foram registrados ao longo de nossa
história.
No período compreendido entre 1945 a 1964, surgiram diversos conflitos no
campo e com isso se procurou, pela primeira vez, dar-lhes uma articulação maior,
através de bandeiras de luta comuns. Nesse período, a sociedade brasileira viveu seu
primeiro ensaio democrático, embora marcado por restrições à liberdade de
organização partidária, pela presença de um sindicalismo vinculado ao Estado, por
sucessivas crises políticas e principalmente pela negação aos trabalhadores do
campo do direito de organização e de direitos sociais já há algum tempo
conquistados pelos trabalhadores urbanos. Nessa época o país estava vivendo uma
grande industrialização, e portanto, foram colocados em discussão, por diferentes
forças sociais, projetos de desenvolvimento para o país, onde tinha lugar de destaque
o debate sobre o lugar de uma agricultura considerada atrasada e pouco capaz de
responder às necessidades que a indústria colocava. E nesse quadro que as lutas
emergiram, politizando determinadas bandeiras e impondo a necessidade do
reconhecimento político dos trabalhadores do campo (MEDEIROS, 1989).
Ainda de acordo com Medeiros (1989), várias organizações apareceram com
várias reivindicações e conquistaram alguns direitos trabalhistas e colocou-se a
questão da reforma agrária na ordem do dia. Estes movimentos tiveram como
objetivo a extensãodos direitos trabalhistas conquistados na cidade para o campo,
cuja vitória foi alcançada no ano de 1963, com o Estatuto do Trabalhador Rural.
Esse período, de grande efervescência social e política, encerrou-se com o
golpe militar de 1964. O golpe militar de 1964 é um marco importante na luta pela
terra, muitos movimentos sociais no campo haviam tomado força nos anos que
21
antecederam o golpe. Com a tomada do poder pelos militares, esses movimentos
são fortemente coibidos e combatidos, tornando a luta ainda mais difícil e desigual.
A partir dos anos de 1970-80, há o ressurgimento dos novos movimentos sociais,
entre os movimentos que surgiram neste período, muitos ainda estão atuantes até
hoje, e o que mais se destaca é o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem-
terra). Estes movimentos sociais passaram também a acontecer nas cidades, o que
demonstrava o final dos tempos de repressão e uma maior articulação entre os
movimentos rurais e urbanos em defesa da luta pelos direitos dos trabalhadores. As
organizações sociais retomaram pelas grandes transformações que ocorreram na
forma e nas relações de produção.
No campo, consolidou-se uma agricultura moderna, a qual foi responsável
pela integração do setor rural na economia internacional. Nisso, os movimentos
sociais camponeses contestaram fortemente o processo de modernização da
agricultura, bem como e sugeriram diferentes práticas e ações agrícolas, um novo
modelo de produção, que os tirassem da marginalidade e possibilitasse sua
permanência no campo e reconhecimento social (MARTINS, 2020).
A constituição Federal de 1988 trouxe muitos benefícios políticos e sociais para
os brasileiros. Porém, muitos desses benefícios ainda permaneciam no papel e seria
necessária uma luta incansável para assegurar tais direitos políticos e sociais na
prática das pessoas que historicamente foram excluídas. Com isto, aumenta-se as
reivindicações dos trabalhadores rurais, querendo mais do que a terra, salário e
moradias, mas também exigindo educação, saúde, lazer e cultura.
No Brasil, os movimentos camponeses formaram por meio de duas frentes
principais, sendo elas: as Ligas Camponesas, entre as décadas de 1940 e 1960, e o
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), criado na década de 1980. Tais
movimentos foram fortemente afrontados durante o período militar, porém voltaram-
22
se com durante o processo de redemocratização, voltando às lutas camponesas e
reivindicando uma reforma agrária para todo o território brasileiro. Dessa forma, no
ano 1984, em Cascavel no Paraná PR, diversos camponeses e trabalhadores rurais se
uniram e deram início ao MST.
Então, a partir da década de 1980 muitos outros movimentos se
estabeleceram no campo e lutaram em prol da reforma agrária e pelos direitos da
população camponesa. Dentre os mais notáveis, pode-se citar: o Movimento das
Mulheres Camponesas, o Movimento Camponês Popular e o Movimento dos
Pequenos Agricultores. Também tiveram-se os movimentos pautados na religião, tais
como a Caritas Brasileira, o Conselho Indigenista Missionário e a Comissão Pastoral da
Terra. Tiveram também os movimentos com viés de trabalho e sindicalismo rural, a
exemplo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e da
Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar
do Brasil. O Movimento dos Atingidos por Barragens e a Articulação dos Povos
Indígenas do Brasil também estão na luta reivindicando seus direitos.
Atualmente o principal movimento social relacionado as questões agrárias é o
MST, representado em todos as regiões brasileiras e com importantes exemplos de
atuação no campo, como podemos citar o arroz Terra Livre, no quadro abaixo:
Figura 2: Trabalhador Rural Sem-Terra em atividade de colheita da cultura do arroz.
23
Disponível em: https://bit.ly/3fMeiTy . Acesso em: 05 mar. 2021.
Figura 3 : Frente da primeira Marcha das Margaridas, em 2000.
24
Disponível em: https://bit.ly/3cVNf6u . Acesso em 17 mar. 2021.
CONFLITOS MARCANTES PELA TERRA NO BRASIL
No dia 17 de abril de 1996, aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás,
onde foram assassinados 21 trabalhadores rurais. Nas Figuras 3 e 4, podem-se observar
o tamanho do ocorrido. Alguns meses antes deste triste e violento massacre,
aproximadamente 3.500 famílias prepararam seus acampamentos às margens da
Rodovia PA-150, na cidade de Eldorado dos Carajás, sudeste do estado Pará. Nas
proximidades da Fazenda Macaxeira, os trabalhadores demandavam aquelas
terras, as quais eram consideradas como improdutivas pelos fazendeiros.
Depois desse massacre, o dia 17 de abril passou a ser considerado o Dia
Mundial da Luta pela Terra e ocorreu a desapropriação da fazenda Macaxeira, a
qual se tornou o assentamento 17 de Abril. Hoje, o palco deste massacre passou a ser
sagrado pelo movimento dos trabalhadores.
Figura 4: Velório das vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás em 1996.
25
Disponível em: https://bit.ly/3mp6gkK . Acesso em: 10 mar. 2021.
Figura 5: Notícia vinculada ao jornal do Brasil, referente ao Massacre de Eldorado de
Carajás.
Disponível em: https://bit.ly/3ukP8iK . Acesso em: 10 mar. 2021.
Na madrugada do dia 09 de agosto de 1995, ocorreu o massacre dos
camponeses em Corumbiara, no estado de Rondônia. Conforme Mesquita (2002),
centenas de famílias de camponeses ocuparam uma pequena parcela da fazenda
Santa Elina no município de Corumbiara. Os camponeses, durante 25 dias,
permaneceram esperançosos com a terra prometida, porém, repentinamente se
depararam com uma violência descomunal, onde homens foram assassinados a
sangue frio, mulheres foram usadas como escudos humanos por policiais e por
jagunços; pessoas foram torturadas por muitas horas e o acampamento foi destruído
26
e incendiado.
Segundo a CPT (2000), foram constatados pela perícia execuções entre os
mortos e de espancamento entre as pessoas que conseguiram sobreviver. Narrativas
dos camponeses mostram que as pessoas foram arrastadas, pisoteadas e torturadas
além de receberem tiros na orelha e em outras partes do corpo, até mesmo as
pessoas que apresentavam necessidades especiais. Até o final da década, foram
intensas as mobilizações pelo julgamento e para que o massacre de Corumbiara não
fosse esquecido.
Figura 6: Missionária Irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005.
Disponível em: https://bit.ly/2PVGxnQ . Acesso em: 11 mar. 2020.
REVOLUÇÕES NA AMÉRICA LATINA
27
A história da América Latina e Caribe, arrasada através do memoricídio,
genocídio e etnocídio, tomada pelos colonizadores e mais tarde construída em
muitas fases de exploração e espoliação, nos nega uma aproximação real à
complexidade presente ao longo do processo histórico (BAEZ, 2010). Nesse item da
unidade, iremos abordar basicamente, a revolução Mexicana e a revolução
Cubana, ambas não são totalmente camponesas, mas utilizam de seu apoio para
serem levadas adiante.
Em 1910, o México sendo comandado politicamente por Porfírio Díaz, que teria
instituído uma ditadura militar no México entre os anos 1876 e 1880 e também 1884 a
1911, ficando portanto por mais de 30 anos no poder. A revolução Mexicana ocorreu
no ano de 1910, iniciada no sul do México e oi liderada pelo Exército Libertador do
Sul contra os latifundiários que monopolizavam as terras e os recursos hídricos para
produção da cana-de-açúcar.
Foi liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa líderes revolucionários
mexicanos e até hoje considerados heróis para muitas pessoas do México. O
zapatismo chamou muita atenção e despertou solidariedade dos operários, dos
grupos revolucionários, dos sindicalistas, dos anarcosindicalistas e dos socialistas, que
inclusive viviam fora das fronteiras do México.
A Revolução Mexicana venceu a hegemonia da oligarquia, sucedendo-a por
uma burguesia agrária, proporcionando mudanças relevantes na economia, na
política, na diplomacia, nos campos social e cultural e nas relações entre Estado e
Igreja. Dessa maneira, o alcanceda Revolução Mexicana ultrapassou, de longe, as
suas fronteiras físicas.
Figura 7: Emiliano Zapata, vestindo seu traje típico.
28
Disponível em: https://bit.ly/2Ram6nQ . Acesso em: 11 mar. 2021.
O significado da Revolução Cubana para a América Latina tem sido avaliado
das mais diferentes formas. É evidente que o impacto da revolução incidiu de
maneira mais direta nos segmentos sociais de esquerda, sobretudo entre os
comunistas. Entretanto, o fato do exemplo de Cuba ter adquirido grande
notabilidade no interior dos círculos marxistas latino-americanos não implica em dizer
que foi apenas nesses meios de esquerda que incorreram os desdobramentos do
processo revolucionário cubano (FERREIRA, 2009).
A Revolução Cubana, ocorrida em 1959, foi um movimento guerrilheiro que
derrubou o governo ditatorial de Batista. Implementou em Cuba o regime
socialista e vinculou a ilha caribenha política e economicamente à União Soviética.
Fidel Castro estava no México, quando organizou um grupo de guerrilheiros, com o
apoio de revolucionários como: Ernesto “Che” Guevara, Camilo Cienfuegos e do seu
irmão Raul Castro.
29
A revolução cubana modificou o cenário agrário de Cuba, 150 mil famílias
tornaram-se proprietárias com a Reforma Agrária, proclamada por Fidel em 17 de
maio de 1959.
A partir de Cuba alinhou ao modelo socialista, diversas intervenções foram
feitas no âmbito da saúde e da educação do país, as quais são consideradas
referências hoje em dia. Mas o modelo cubano também sofre de muitas críticas pela
falta de liberdade de expressão e pelas condições de pobreza que muitos cubanos
estão submetidos.
FIXANDO O CONTEÚDO
Pronunciamento de Fidel Castro em 1962:
“Não pretendemos que A História me absolverá seja uma obra clássica do marxismo. Ela
é expressão de um pensamento avançado, de um pensamento revolucionário ainda em
evolução. Não é manifestação de um marxista, mas de um jovem que se encaminha
para o marxismo e começa a atuar como marxista. Mais do que o valor teórico, tanto do
ponto de vista econômico como político, seu valor permanente reside na denúncia viva
de todos os horrores e crimes da tirania, em ter posto a nu o regime de Batista, cruel e
covarde, tirânico e assassino” (CASTRO, 1986).
30
1. “Trabalhadores rurais ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (Contag) e à Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da
Agricultura Familiar (Fetraf) fazem umamanifestação na Esplanada dos Ministérios
desde as 9h30 desta quarta-feira (20). Eles reivindicam a implementação da
reforma agrária e de melhorias no campo. (…)
O secretário de formação e organização social da Contag, Jurassi Souto,
afirmou que os trabalhadores rurais lutam também pela segurança no trabalho, pela
geração de emprego no campo e a fiscalização nas empresas. "A reforma agrária
no Brasil é fundamental para a geração de empregos e na venda e produção de
alimentos", disse. "Precisamos avançar e não retroceder."
G1 – Distrito Federal, 20 mai. 2015. Adaptado
O argumento em favor da reforma agrária associa a sua implementação ao
aumento da produção de alimentos por intermédio
a) da ocupação de latifúndios não produtivos.
b) do controle do Estado sobre a produção agrícola.
c) da redução da produção para o mercado externo.
d) da obrigatoriedade em produzir grãos em terras doadas.
e) do combate ao desperdício em propriedades rurais.
2. Sabemos que a Reforma Agrária no Brasil tem sido alvo de grandes manifestações
a favor de agricultores desprovidos de terras para plantar. Entre essas
manifestações, muitas delas são promovidas por movimentos que se agrupam
para reivindicar terras ao Governo. Assinale a alternativa abaixo que indica um
movimento criado com o propósito de reivindicar terras para agricultores que não
tem onde plantar.
a) Movimento dos Sem Teto.
b) Movimento dos Sem Terras.
c) Movimento dos Sem Emprego.
d) Movimento de Libertação dos Sem Terras.
e) Movimento dos Agricultores Aposentados.
31
3. Sobre concentração fundiária, reforma agrária e lutas sociais no campo brasileiro,
analise as assertivas abaixo:
I. Os camponeses se organizam como uma forma de resposta à expansão
capitalista sobre o seu território.
II. Os sem-terra surgem como um novo sujeito social e organizado.
III. A luta pela terra desemboca na ocupação de minifúndios.
IV. A emergência dos conflitos no campo brasileiro indica que os camponeses não
estão inseridos nas políticas governamentais.
V. A luta pela terra e a criação de assentamentos de sem-terra interferem na
organização espacial e na reconfiguração regional.
Quais estão corretas?
a) Apenas I e II.
b) Apenas IV e V.
c) Apenas I, II e V.
d) Apenas II, III, IV e V.
e) I, II, III, IV e V.
4. Acerca do Movimento dos Sem-Terra (MST) e da Reforma Agrária no Brasil, é
CORRETO afirmar que
a) o MST não recebe o apoio da Igreja e da Pastoral da Terra por invadir e destruir
laboratórios de pesquisa de empresas reflorestadoras e áreas produtivas.
b) organismos de países capitalistas avançados se opõem ao financiamento das
marchas do MST em função dos interesses ligados ao Fundo Monetário
Internacional.
c) a imprensa e a mídia brasileira em geral não divulgam as invasões, confrontos e
mortes ligados à luta pela terra, temendo alarmar o público.
d) a Constituição de 1988 estabeleceu ser obrigação do governo realizar a reforma
agrária e, diante da inoperância governamental, o MST articulou ações de
ocupação de terras.
32
e) De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, cabe a população realizar a
reforma agrária
5. Visualize com atenção a imagem do chargista Latuff, e analise as proposições.
Disponível em: https://bit.ly/3dCEFIN . Acesso em: 16 dez. 2020.
I. A igualdade de forças entre os dois personagens da imagem está bem
demarcada pela enxada na mão da mulher e a arma de fogo apontada pelo
jagunço.
II. A presença da balança na mão do atirador representa de que lado a justiça
pende diante dos confrontos entre latifundiários e movimentos sociais de luta pela
terra.
III. A presença feminina, na charge, faz jus à histórica participação das mulheres
nos movimentos sociais de ocupação pela terra.
IV. A justiça está representada com uma venda no olho, indicando sua
imparcialidade diante dos problemas de disputas de terra no Brasil; ela atua
sempre do lado da legalidade, nesse caso, a favor da concentração de riqueza
e de propriedade nas mãos de uns poucos.
V. O chapéu representando o latifúndio simboliza os movimentos sociais que
incluíram a questão da terra como pauta de luta.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
b) Todas as afirmativas são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
33
d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
6. (ESA) Quanto aos trabalhadores do campo, os posseiros são ocupantes de terras
a) devolutas ou propriedades inexploradas.
b) de outros mediante o pagamento de uma renda em dinheiro.
c) de outros mediante o pagamento de uma renda em produto.
d) das quais são proprietários formais.
e) pertencentes ao Governo Federal e que são exploradas mediante contratos com
o Ministério da Agricultura.
7. (UFRB 2014) Os movimentos sociais se manifestaram/manifestam em diversos
espaços e escalas, seja no campo ou na cidade, seja nos pequenos grupos locais
ou nas grandes articulações sociais. Os movimentos sociais, enquanto sujeitos
políticos coletivos, buscam nas suas atuais formas de atuação:
a) Agir como forma de resistência à exclusão historicamente imposta, buscando em
suas lutas a inclusão social em sua diversidade e a construção de outro projeto de
sociedade.
b) Colaborar com o sistema capitalista, defendendo a construção de projeto
políticos excludentes e concentradores.
c) Agir de forma individualista, em prol dos interesses de particulares.
d) Contribuir para a degradação do meio ambiente, com atividades e ações
consideradasnão sustentáveis.
e) No caso dos movimentos sociais do campo, estes têm agido como forma de
aumentar a invisibilidade histórica que lhes negou o acesso à terra, a educação,
a saúde, os meios de trabalho etc.
8. (UFRB 2014) A Educação do Campo nasceu no âmbito da luta dos movimentos
sociais pela terra e pela Reforma Agrária. Trata-se de uma política de campo e
de educação na qual as escolas, além de situadas no campo, possam se
constituir enquanto projetos pensados, construídos e executados pelos
camponeses. A luta pela Educação do Campo configura a luta desses
34
movimentos sociais pelos territórios materiais e imateriais, ao qual foram
historicamente excluídos. São caracterizadas enquanto ações da Educação do
Campo:
a) Desvalorização da cultura camponesa.
b) Escolas criadas seguindo os padrões urbanos, com currículos e atividades
voltadas à vida na cidade.
c) A construção de projetos políticos pedagógicos coerentes com a realidade das
discussões realizadas e necessárias ao campo.
d) Incentivo ao fechamento das escolas do campo e deslocamento dos
camponeses às escolas situadas na cidade.
e) Desenvolvimento de uma formação escolar voltada à formação de mão de obra
para o agronegócio.
GEOGRAFIA AGRÁRIA NO BRASIL E
35
EM MINAS GERAIS
O estuda da geografia, não está limitado ao estudo do espaço entendido
como o local de atuação da sociedade, mas também com a conotação temporal,
que imprime uma configuração diferenciada, no decorrer do tempo, a cada evento
geográfico, seja ele um rio, uma fábrica, uma propriedade agrícola, uma cidade.
Entender e caracterizar os eventos geográficos também variou no tempo e as
mudanças nas formas de interpretar o espaço e as distribuições espaciais
determinaram conjuntos de procedimentos e de temáticas distintos (FERREIRA, 2001).
Dessa forma, a geografia agrária possui uma história muito característica no
que se refere ao no da geografia, como: entender a superfície terrestre e identificar
as formas de sua exploração (cultivos, técnicas, tecnologias e etc.) surge como a
primeira forma de explorar a agricultura. Conceituada como uma atividade
econômica que é praticada pelo homem e que tem o intuito de produzir alimentos
e matéria-prima. Da mesma forma que o extrativismo vegetal e a pesca, a
agricultura é tema muito longevo e comum da geografia.
Existem muitas polêmicas quanto o assunto é concentração de terras no Brasil,
reforma agrária brasileira, desigualdades sociais no campo, conflitos agrários,
movimentos sociais no campo, etc. Quando trabalhados na educação básica,
costumam gerar discussões mais acirradas, julgamentos com apropriação de causa
e por muitas vezes sem nenhuma também, críticas embasadas e sem embasamento
algum, seja os ânimos podem ser alterados de acordo com uma vertente ideologia
ou outra.
Como futuro(a) professor(a), você poderá ser alvo de crítica e julgamentos ao
tratar de temas como esses, visto que estarás na linha de frente na construção do
conhecimento e de argumentos à cerca destes assuntos. Alunos, responsáveis pelos
alunos e colegas de trabalho, munidos de informações infundadas como as que
podem ser veiculadas em jornais, revistas, sites com algum viés político de uma ou
outra corrente ideológica, podem dificultar a abordagem em sala de aula, visto que
algumas mensagens de ordem não científica ou até mesmo com veracidade
duvidosa podem tornar a discussão argumentativa entre os alunos, em uma troca de
farpas de viés ideológico e com pouca abordagem com base em fatos histórico,
UNIDADE
03
36
dados e ciência. Porém, o debate, mesmo que difícil, deve ser conduzido da melhor
forma possível, buscando informações à respeito da história brasileira, impactos
sociais de uma ou outra tomada de decisão, desigualdades sócias e econômicas,
buscando a construção do conhecimento coletivo, com argumentações variadas,
respeitando as opiniões e os posicionamentos individuais.
CONCENTRAÇÃO DE TERRAS NO BRASIL
A problemática de divisão de terras no Brasil é histórica, perturbada e
marcada por infinitos conflitos, no âmbito político, social, ambiental e jurídico,
inclusive com inúmeros crimes e assassinatos. A conquista, disputa e luta pela terra,
evidencia um cenário de terror, despreparo e denota falta de tomada de decisões
históricas à cerca do assunto no território brasileiro. Não é exagerado dizer que o país
apresenta uma das mais injustas estruturas fundiárias do mundo. Áreas de grandes
extensões estão nas mãos de poucas pessoas, especialmente nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste do país.
Em resumo, grande quantidade de terras e os objetivos da colonização
definiram a forma de adaptação de uma legislação feita para a metrópole para ser
aplicada à colônia e levaram ao estabelecimento de grandes unidades produtivas
e grandes latifúndios improdutivos na forma de posses ou sesmarias. Mesmo com uma
cláusula explícita de cultivo, proporcionar à administração colonial os poderes de
retomar as terras incultas apropriadas, a parte da legislação que coibia o latifúndio
improdutivo nunca foi cumprida. Ainda que possuindo suas origens no sistema
sesmarial, seria injusto responsabilizar a ele a causa da persistência do latifúndio
improdutivo em épocas subsequente. Ao finalizar aquele período, somente uma
parcela pequena do território nacional estava apropriada e restavam grandes
quantidades de terras devolutas (SILVA, 1997).
37
A ausência de uma legislação que normalizasse o acesso à terra durante o
tempo que decorreu até 1850 e a continuidade do padrão de exploração colonial
(agricultura predatória e trabalho escravo) resultou na frutificação, sem qualquer
controle, do apossamento e multiplicaram-se os latifúndios improdutivos. Em 1850
surgiu a Lei de Terras, após muitos anos sem nenhuma legislação de acesso à terra.
Foi estabelecido com a Lei que a aquisição de terras no Brasil seria possível somente
por intermédio da compra. Importante ressaltar que essa lei foi elaborada pelos
grandes latifundiários da época, com o objetivo de dificultar o acesso à terras pelos
negros e pelos imigrantes. Esse fato refletiu não somente no período em questão, mas
em todo o contexto atual do Brasil.
Em resumo, a apropriação da terra no Brasil, parte integrante do processo de
formação do território brasileiro, teve como fato marcante a delimitação das
capitanias hereditárias e a demarcação de sesmarias, das quais, mais tarde,
formaram-se os latifúndios.
REFORMA AGRÁRIA BRASILEIRA
O Brasil é um país cuja história é marcada pela desigualdade na distribuição
de recursos produtivos. Os altos índices de concentração de terras refletem a
estrutura agrária criada pela Corte portuguesa e a orientação das políticas dos
governos brasileiros, que optaram pela modernização conservadora da agricultura
ao invés de realizar um amplo programa de reestruturação fundiária como estratégia
de desenvolvimento rural (NEUMANN; DALBIANCO, 2012).
De acordo com o Estatuto da Terra, a Reforma Agrária é o conjunto de
38
medidas conduzidas pelo Poder Público com o intuito de propiciar a distribuição de
terras entre trabalhadores rurais por meio de alterações no regime de posse e uso,
atendendo aos princípios de justiça social e aumento da produtividade, conforme
preconiza a Lei nº 4.504/64.
O governo de Castelo Branco criou em 1970, o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), ligado ao Ministério da Agricultura. Um dos
objetivos buscados com a criação do Incra foi o de estimular a consolidação de
unidades de produção por meio da organização social e econômicas das
comunidades. Com essas medidas o governo pretendia integrar as populações
marginalizadas ao processo de desenvolvimento em curso, utilizando nesse processo
da assistência técnica e extensão rural.
Para Pimentel (2007), embora fossem criadas instituições de apoio à reforma
agrária e estabelecidas orientações normativas para sua atuação, o serviço de
assistência técnica preconizado para os assentadosdurante os governos militares
não saiu do papel, tendo ficado restrito a ações pontuais, muitas vezes
desarticuladas e executadas pelas entidades locais ou regionais.
Na década de 1980, com o fortalecimento da organização popular e com a
criação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), voltaram à pautas
as reivindicações de políticas públicas destinadas a atender os agricultores(as) sem-
terra e os assentados que já viviam em assentamentos da reforma agrária, embora
não tenha sido realizada uma reforma agrária de fato (NEUMANN; DALBIANCO,
2012).
No ano de 1985, no auge da abertura democrática do país, foi substituído o
presidente da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater)
e as novas orientações propostas pareciam contemplar as reivindicações dos sem-
terra e assentados. Porém, essa proposta de mudança de orientação das políticas
governamentais de assistência técnica e extensão rural tiveram poucas repercussões.
A partir das crises econômicas e políticas do governo Sarney e da extinção da
Embrater em 1990, pelo governo de Fernando Collor de Mello, a responsabilidade
pela oferta dos serviços de assistência técnica e extensão rural aos agricultores foram
repassadas aos governos estaduais e municipais e às empresas privadas.
39
Figura 8: Charge ilustrativa da concentração de terras no Brasil e ausente de Reforma
Agrária.
Disponível em: https://bit.ly/3mnTsuU Acesso em: 17 dez. 2020.
A luta pela reforma agrária é de grande relevância para a soberania alimentar
e para o acesso ao trabalho, da mesma forma que tem o propósito de estender a
40
agricultura familiar, com desígnios à efetivação de serviços e direitos sociais ao povo
do camponês (SPERB, 2017).
MOVIMENTOS SOCIAIS CAMPONESES EM MINAS GERAIS
A redemocratização do brasileira no ano de 1945 foi acompanhada por
referências mais organizadas, na imprensa, a lutas no campo e com o início de uma
organização dos camponeses. Tem-se dificuldades em certificar se é nesse processo
que as lutas perduraram ou se em consequência de uma conjuntura política mais
favorável que elas tornaram-se mais populares e então aumentaram suas
possibilidades. A realidade é que no meio da década dos anos 40 apareceram
algumas entidades de representação camponesa nos estado Pernambuco, São
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (MEDEIROS, 1989).
Por meio de esforços contrário aos aumentos das taxas de arrendamento que
nasceram as primeiras ligas camponesas nos estados de Goiás e também no
Triângulo Mineiro. O primeiro confronto mais sério relacionado à essas questões que
se tem notícias foram na década de 1950, na cidade de Orizona, estado goiano.
Resguardados de dispositivo da Constituição do Estado que determinava o limite da
taxa de arrendamento em 20%, os trabalhadores rejeitaram-se a pagar os 50% até
então estabelecido pelos donos das propriedades rurais e acabaram saindo
vitoriosos.
No ano sequente, os proprietários das terras se organizaram e, no período de
plantar, recusaram em dar trabalho aos que teriam participado do movimento.
Ainda nos anos de 1950, foi verificada uma luta com características parecidas em
Canápolis (MG), na fazenda do Frigorífico Anglo. Logo após foi a vez da fazenda
Gariroba, em Américo de Campos, São Paulo, envolvendo 400 famílias de
arrendatários. Nessas ocasiões, as lutas contrárias à expulsão se tornaram lutas pela
posse da terra. Porém, o que todas tem em comum é que houveram intensas
repressões.
Se o Congresso de Belo Horizonte é considerado um divisor de águas entre as
correntes que disputavam a hegemonia da condução das lutas dos trabalhadores
rurais, ele guarda outros significados também. Antes de mais nada, ele marcou como
nenhum outro evento o reconhecimento social e político da categoria “camponês”,
sintetizando um conjunto de forças heterogêneas que lutavam no campo. A
41
presença no encontro de personalidades como o governador de Minas Gerais,
Magalhães Pinto, do primeiro-ministro Tancredo Neves e do próprio presidente da
República, João Goulart, o destaque que recebeu em toda a imprensa, são
indicadores de que ele se constituiu num fato político de relevo e um termômetro da
gravidade que a questão agrária assumia. A representatividade das delegações, a
diversidade de situações representadas, o caráter das reivindicações levantadas e o
clima do encontro indicavam que não era mais possível tratar a questão agrária com
medidas locais, seja de caráter repressivo, seja através de soluções parciais
negociadas. Realizar transformações profundas na estrutura agrária aparecia como
uma questão essencial do desenvolvimento nacional. Por outro lado, ele deu um
novo impulso às lutas no meio rural (MEDEIROS, 1989).
Se houve um fortalecimento das organizações dos trabalhadores, o período
também assistiu a uma revitalização das entidades representativas dos interesses dos
proprietários de terra. Multiplicaram-se as associações de nível municipal, as
federações estaduais e já no início dos anos 50 surgiu a Confederação Rural Brasileira.
Essas agremiações, longe de ter um papel decorativo, constituíram-se, pelo menos
em alguns estados, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, em pólos de
debate e de geração de propostas para a agricultura, procurando contestar a
imagem de atraso que era atribuída a seus associados.
42
Figura 9: Capa do Jornal Novos Rumos, noticiando em destaque o Congresso de Belo
Horizonte, ano de 1961.
Disponível em: https://bit.ly/3sYySUg . Acesso em: 17 mar. 2021.
Participaram um total de 1.600 delegados, de diversos pontos do país, para discutir os
seguintes temas, propostos pela entidade que organizou o encontro: soluções para o
problema da propriedade e do uso da terra no Brasil; medidas imediatas e parciais de
reforma agrária; formas de arrendamento e parceria; direitos dos pequenos e médios
proprietários rurais; ajuda aos cultivadores agrícolas, assalariados e semi-assalariados
rurais; organização das massas trabalhadoras do campo; e reivindicações democráticas
e sociais. No geral, os estudos sobre os movimentos camponeses nos anos 50/60
consideram o Congresso de Belo Horizonte como um marco das lutas, ressaltando dois
aspectos principais: a proposta de reforma agrária radical, “na lei ou na marra” e as
divergências entre Francisco Julião e o Partido Comunista Brasileiro, em torno da validade
da luta por medidas parciais de reforma agrária.
43
Já em 1980 surgiram outras experiências de greves, mais localizadas, como foi
o caso dos apanhadores de café da Bahia e dos canavieiros de Passos, em Minas
Gerais. Mas foi nas áreas de cana do Nordeste que se concentraram os esforços no
sentido de aplicar o modelo que se constituía em Pernambuco.
Em outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais a
movimentação dos trabalhadores ultrapassou os passos legais e, em algumas
situações, adiantou-se aos próprios sindicatos. No interior do sindicalismo criavam-se,
assim, novos fatos políticos, que levavam ao questionamento de um modelo que
muitos viam como ritualizador e burocratizador das greves. Com eles, surgiram
padrões distintos de ação sindical que, mais do que uma adaptação local de um
modelo geral, constituíram-se em uma nova concepção sobre o que significava a
luta sindical.
A partir de agora iremos trabalhar alguns dados sobre os movimentos
socioterritoriais no estado de Minas Gerais. Vamos entender por movimentos
socioterritoriais, aqueles movimentos produtores e construtores de espaços e
transformadores de espaços em territórios (FERNANDES, 2005).
Na tabela 2, podemos observar em ordem crescente, os movimentos sociais
mais atuantes no período de 2000 a 2007, no estado de Minas Gerais, totalizando 319
ocupações, com mais de 36 mil famílias envolvidas em 164 municípios. O movimento
mais atuante foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com 172
ocupações, equivalendo a 54% do total de ocupações, seguido pela Confederação
Nacional dosTrabalhadores na Agricultura (CONTAG) com, 64 ocupações e o
Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), com 21 ocupações.
Figura 10: Movimentos socioterritoriais mais atuantes em Minas Gerais por número de
ocupações entre 2000 e 2007.
Fonte: GONZAGA (2009).
44
A luta e, principalmente, o que tange suas espacializações. Os dois
movimentos com mais ocupações de terras, o MST e a CONTAG, possuíram atuações
concentradas em mais de três mesorregiões mineiras, demonstrando a força quanto
a sua representatividade e potencial de mobilização (Figura 9).
Podemos observar que na região sul de Minas Gerais, apresenta menores
números de ocupações, ao passo que a região Norte e Noroeste, apresentam maior
número de ocupações, com ampla atuação do MST e CONTAG, evidenciando a
força desses movimentos organizados em relação à totalidade de movimentos
atuantes no estado.
Figura 11: Minas Gerais: Espacialização municipal dos movimentos socioterritoriais com mais
ocupações de 2000 a 2007.
Fonte: GONZAGA (2009).
No que tange a realidade espacial das ocupações de terra, Minas Gerais é
considerado um dos maiores estados da federação em número de ocupações de
terras e, evidentemente, apresenta elevada atuação dos movimentos
socioterritoriais, tanto que, de 1988 a 2007, o estado foi o 4º colocado com maior
número de ocupações, diante dos outros estados brasileiros (Figura 10), ficando atrás
de São Paulo, Pernambuco e Paraná.
45
Figura 12: Os 10 maiores estados em ocupações de terra entre os anos de 1988 e 2007.
Fonte: GONZAGA (2009).
46
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Leia o trecho abaixo:
“Não queremos viver na escravidão
Nem deixar o campo onde nascemos
Pela terra, pela paz e pelo pão:
Companheiros, unidos venceremos.
Hoje somos milhões de oprimidos
Sob o peso terrível do cambão
Lutando, nós seremos redimidos.
A Reforma Agrária é a solução”.
Hino do Camponês, fins da década de 1950, apud MEDEIROS, Leonilde Sérvolo de.
História dos movimentos sociais no campo. Rio de Janeiro: FASE, 1989, p. 70.
Art. 16. Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem,
a propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso
e o bem-estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país, com a
gradual extinção do minifúndio e do latifúndio. Parágrafo único. O Instituto Brasileiro
de Reforma Agrária será o órgão competente para promover e coordenar a
execução dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei e do seu
regulamento. Lei no 4.504, Estatuto da Terra, de 30 de novembro de 1964.
Considerando as duas fontes, analise as afirmações a seguir:
I - A política de redistribuição de terras, definida no Estatuto da Terra, equacionou
os conflitos no mundo rural.
II - O Estatuto da Terra era um projeto de Estado, que compartilhava a
responsabilidade sobre a reforma agrária com os atores do campo.
III - A luta pela reforma agrária, entre os anos 1940 e 1960, contribuiu para a
afirmação do trabalhador rural como ator político.
IV - O Hino do Camponês expressa a luta contra o domínio dos latifundiários,
caracterizado pela superexploração do trabalho no campo.
Estão corretas APENAS as afirmações
47
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) III e IV.
e) I, II e IV.
2. Sobre o conceito de reforma agrária, é correto afirmar que
a) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades produtivas de
um determinado país ou região.
b) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades rurais
improdutivas para camponeses que não possuem terras.
c) é uma política de incentivo à produção agrária vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
d) a reforma agrária é o processo de redistribuição das propriedades rurais
improdutivas que só atende que tem condições para produzir na terra.
e) a reforma agrária é o processo de doação de terras para o Governo, que
produzirá alimentos para os mais carentes. Muitos fazendeiros realizam essa
prática em troca de isenção de impostos.
3. “Não deixa de causar certo desconforto, entre aqueles que têm se dedicado ao
estudo das transformações no mundo rural, estarmos aqui reunidos, em pleno
século XXI, para falar de reforma agrária, uma questão que já deveria ter sido
resolvida no Brasil desde a segunda metade do século XIX. Entretanto, por fazer
parte da realidade atual, como uma questão importante a ser tratada – embora,
muitos dos que a defendiam no passado recente não mais pensem assim – não
podemos e nem temos o direito de ignorá-la, pelo significado que ela encerra,
seja do ponto de vista sócio-econômico, seja da dimensão política que lhe é
inerente”.
(LOPES, E. S. A. A Reforma Agrária no Brasil: um velho problema, esperando uma
solução que nunca chega? Fundação Joaquim Nabuco. Acesso em: 22 maio de 2015.)
A justificativa principal para a defesa da reforma agrária no Brasil assenta-se
na existência, no espaço rural do país,
48
a) da defasagem dos impostos rurais.
b) do declínio no êxodo rural atual.
c) da concentração fundiária.
d) do decréscimo produtivo agrícola.
e) da importância dos movimentos sociais do campo.
4. Entre os efeitos de uma eventual realização da reforma agrária no espaço
geográfico brasileiro, podemos assinalar corretamente
a) concentração das posses rurais.
b) favorecimento do êxodo rural.
c) aumento da agricultura familiar.
d) extinção dos minifúndios.
e) cultivo de monocultura.
5. No que se refere à desapropriação para reforma agrária pelo interesse social,
pode-se afirmar que
a) haverá prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão.
b) cabe a lei ordinária estabelecer procedimento contraditório especial, de rito
sumário, para o processo judicial de desapropriação.
c) não estão isentas de impostos federais as operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária.
d) as benfeitorias necessária serão indenizadas em dinheiro, ao passo que as úteis
não serão indenizadas.
e) haverá orçamento semestral para fixar o volume total de títulos da dívida agrária,
assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma
agraria no exercício.
6. Baseando-se em seus conhecimentos sobre a questão agrária no Brasil, leia
atentamente as afirmações a seguir:
49
I. Os movimentos pela reforma agrária ganham força no Brasil a partir dos anos de
1950, com a formação das Ligas Camponesas.
II. A reforma agrária é uma política de reestruturação fundiária, ou seja, de
definição de regras para a posse da terra, com a finalidade de atender sua
função social.
III. No Brasil, os latifúndios (grandes propriedades rurais) são heranças das
plantations do Brasil colônia.
Podemos considerar corretas a(s) afirmativa(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas l e lll
e) Todas estão corretas.
7. A Constituição Federal de 1988 legitimou a realização da reforma agrária no Brasil.
Porém, essa determinação gerou muitos conflitos em virtude da
a) falha no artigo da Constituição ao não determinar o que é considerado
propriedade improdutiva, dando margem para diversas interpretações, tanto a
favor da reforma agrária quanto contra.
b) falha na execução da lei, uma vez que muitas propriedades produtivas são
redistribuídas para os camponeses.
c) falha na execução da lei, já que muitas propriedades improdutivas são
redistribuídas para grandes latifundiários em vez de serem repassadas para
trabalhadores sem-terra.
d) falha no artigo da Constituição, que determina que todas as propriedades
agrárias estão sujeitas a serem redistribuídas de acordo com a vontade do poder
público.
e) falha na execução da lei, que não prevê indenizações para os proprietários das
terras desapropriadas, causando, assim, muitos conflitos.
50
8. No Brasil, a reforma agrária nunca foi plenamente realizada. Um dos principais
fatores que impedema sua realização no país é
a) a falta de interesse dos camponeses em adquirir propriedades, já que o Brasil
possui diversas propriedades disponíveis para a redistribuição de terras.
b) o baixo preço pago pelo Governo pelas propriedades desapropriadas
desincentiva os fazendeiros a entregarem suas terras para a redistribuição
promovida pela reforma agrária.
c) a grande corrupção dos movimentos que lutam em prol da reforma agrária, o
que acaba resultando na não redistribuição das terras conquistadas.
d) O custo de manutenção dos assentados, pois, mais do que apenas desapropriar
e redistribuir terras, a reforma agrária tem que dar condições para o camponês
produzir nas terras adquiridas.
e) O pequeno número de terras improdutivas no país faz com que não seja possível
realizar nenhuma redistribuição, já que, segundo a constituição de 1988, somente
as terras improdutivas podem ser redistribuídas.
51
AGRICULTURA SOB DIFERENTES
MODOS DE PRODUÇÃO
O Brasil com sua dimensão continental, influenciado por diferentes povos e
culturas, se torna um país heterogênio na sua constituição básicas dos conceitos de
produção rural de alimentos, produtos não-alimentícios e pecuária no campo. A
ideia de produtor rural varia de pessoa para pessoa, nas diferentes regiões do país.
O campo brasileiro é diversificado em pensamentos, ideias, construção coletiva ou
individual, culturais e econômicas e todos esses aspectos influenciam no sistema de
produção adotado pelos produtores(as) rurais, trabalhadores(as) rurais, homens e
mulheres do campo.
Do Arroio Chuí, no extremo Sul do Rio Grande do Sul, ao Monte Caburai em
Roraima no extremo Norte do Brasil passando pela Serra da Contamana no Acre,
extremo Oeste e pela Ponta do Seixas na Paraiba, ponto mais extremo ao Leste.
Observamos povos com diferentes influencias culturais, econômicas, de saberes e
princípios, não podemos colocar tudo isso no mesmo bolo e padronizar a agricultura
e as formas de viver no campo, criando um modelo de produtor(a) rural. Devemos
respeitar suas peculiaridades e trabalhar a agricultura e a pecuária nessas diferentes
abordagens.
No mercado tem se notado um aumento na procura por alimentos com
menos cargas de agrotóxicos por parte do consumidor final, pensando
principalmente na sua saúde, meio ambiente e estilo de vida. Com isso, muitos
produtores(as) tem-se mostrado disposto à produzir de maneira menos agressiva ao
meio ambiente, lembrando que a motivação dos agricultores(as) para ingressar
nesse processo podem ser outros como: vontade pessoal, insatisfação com o modelo
convencional, saúde da família envolvida na produção, qualidade de vida,
manutenção da natureza, não depender de insumos externos, maior autonomia de
gestão e produtiva, atender a um público do mercado, não perder clientes,
qualidade nutricional do alimento e etc.
Levando em consideração os aspectos abordados acima, podemos citar
algumas abordagens, modelos, formas e maneiras de fazer e viver a agricultura:
agricultura convencional, agricultura orgânica, agroecologia, agricultura
UNIDADE
04
52
biodinâmica, agricultura natural, extrativismo, pecuária convencional, pecuária
orgânica, entre outros. Obviamente, que existem algumas que sobressaem em
termos de área e número de pessoas envolvidas e outras que estão ganhando
espaço nas últimas décadas.
AGRICULTURA CONVENCIONAL
Terminada a segunda guerra mundial a indústria mundial tem em mãos muitos
produtos que sobraram e novos produtos descobertos no período. O que fazer com
tais produtos? Com isso, começam a ser utilizados e testados na agricultura,
culminando assim no que chamamos de “Revolução verde”. Teve início no México
na década de 1950 e é o termo adotado para contemplar o conjunto de práticas,
eventos e tecnologias que modificaram o panorama e contexto da agricultura
mundial, elevando drasticamente seus níveis de produtividade para patamares
jamais vistos até então.
É o modelo de agricultura predominante no país, a grande maioria dos
produtos agropecuários nacional é produzida nesta forma, logo a maior parte dos
alimentos que chegam à mesa das famílias brasileiras também são produzidos desta
maneira. Está relacionado principalmente com produções de larga escala, levando
em consideração primária a produtividade do sistema, e para isso, se faz uso de
fertilizantes químicos, agrotóxicos, sementes transgênicas, máquinas agrícolas de
diferentes tecnologias e tamanhos, de maneira geral a preocupação ambiental se
torna baixa ou secundária nesse processo.
Ela se baseia no aumento da sua produção à medida em que se incrementa
tecnologias. Isso nos conduz ao importante conceito de produtividade agrícola,
relação entre a produção total e a área cultivada. Por exemplo, se produzimos 350
toneladas de soja em 100 hectares, a produtividade do nosso empreendimento
agrícola é de 3.500 kg/ha. A produtividade está sempre relacionada à uma unidade
de área. Quando falamos de produção agrícola, podemos aumentar a
produtividade sem aumentar a área plantada, logo, teremos uma produção total
maior. Tornando a área utilizada mais rentável, pensando sempre se as tecnologias
implantadas não ultrapassem o valor final de venda do produto. Não podemos
esquecer que implantar novas tecnologias, grande maioria das vezes, requer
investimento de capital.
53
De maneira geral, esse tipo de agricultura é capitalizada, baseada em
grandes investimentos, porém existem muitos produtores familiares que também
produzem se baseando nesses conceitos. Por esse motivo, a forma mais palpável de
se falar em geografia agrária moderna é por meio dos notáveis complexos
agroindustriais. Há uma incessante troca entre a indústria tecnológica e a
agropecuária, sendo que a primeira fornece tecnologia e a segunda oferece o
capital. Finalmente, ainda tem-se o sistema financeiro, o qual é responsável por
financiar toda essa cadeia produtiva.
AGRICULTURA FAMILIAR
No Brasil a agricultura familiar já recebeu diferentes nomes, mesmo sendo um
termo utilizado há décadas. Devido à heterogeneidade dos processos agrícolas se
torna complexo a definição de agricultura familiar. Sendo a agricultura familiar a
principal responsável pela produção de alimentos que chegam à mesa dos
brasileiros.
Conforme, Gasson e Errigton, (1993), na agricultura familiar a gestão é
realizada pelos proprietários da terra, como o nome mesmo sugere, os responsáveis
pelo empreendimento estão ligados entre si por laços de parentesco. A mão-de-obra
é fundamentalmente familiar e o conjunto de bens de produção de produção, os
valores à pagar, valores à receber são pertencentes a família. Os membros da família
vivem no mesmo local em que produzem e seus bens são transferidos de geração
em geração dentro do núcleo familiar.
[...] o Decreto nº 9.064, de 31 de maio de 2017, dispõe sobre a Unidade
Familiar de Produção Agrária, institui o Cadastro Nacional da
Agricultura Familiar e regulamenta a Lei nº 11.326, de 24 de julho de
2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e empreendimentos familiares rurais
(Brasil, 2017).
54
Segundo o IBGE (2017), 73% das pessoas que produzem no meio rural
apresentam laço de parentesco com o produtor e 27% não apresentam laço de
parentesco com o produtor, indicando uma importante característica do cenário
agrícola brasileiro.
A agricultura familiar pode apresentar diferentes formas de produzir seus
produtos, podendo ser convencional, orgânica, agroecológica, biodinâmica,
extrativista e até mesmo, sistemas de transição (por exemplo, sistema convencional
sendo substituído pelo sistema de produção orgânico). Não há regra quanto ao
sistema de produção, embora muitas vezes sejam ligadas a produção de alimentos
com menos agrotóxicos de forma intuitiva, mas para essa afirmação ser correta, irá
depender de como é a forma de produção da propriedade rural familiar que
produziu aquele produto. Portanto, conhecer a origem do produto se tornafundamental para saber sua real procedência.
AGRICULTURA ORGÂNICA
Se fizermos uma retrospectiva ampla para esse termo, vamos perceber que a
agricultura orgânica é uma forma de fazer agricultura que sempre existiu na história
humana. Quando nasce a agricultura, nasce consigo a agricultura orgânica. Sua
forma de produção busca respeitar os princípios da vida humana e da natureza, por
meio de um sistema de produção menos agressivo ao ambiente natural.
O termo agricultura orgânica é utilizado para todas as formas, maneiras e
modelos alternativos de produção que não utilizam produtos químicos artificiais.
Nesses moldes alternativos de agricultura, tem-se: agricultura orgânica, agricultura
biodinâmica, agricultura biológica e permacultura. Existe também a agroecologia, a
qual envolve em suas reflexões as questões sociais (BONILLA, 1992).
Você já notou que nas embalagens de produtos orgânicos, há um selo? Pois
é, se trata da sua certificação. É uma garantia para o consumidor final de que aquele
produto passou por uma regulamentação e fiscalização para ser comercializado
como orgânico e está de acordo com as normas estabelecidas pela legislação
brasileira para produtos orgânicos.
Segundo dados do IPEA (2020) a área destinada a produção brasileira de
orgânicos no ano de 2007 eram de 932.120 ha, alcançando a marca de 1.136.857 ha
no ano de 2017, ou seja, um aumento de 204.737 ha, que representa uma taxa de
55
crescimento anual de 2,0% em relação ás áreas destinadas à produção de alimentos
orgânicos no país.
Houve um crescimento importante na área no que tange a área de
destinadas à agricultura orgânica. Mas, para que haja uma expansão contínua
dessas áreas ao longo do tempo, dependerá da superação de alguns desafios, tais
como: a necessidade de progressivos incrementos nas áreas de solo cultivável de
manejo orgânico para atender ao consumo crescente, grande concentração da
demanda mundial e padronização dos critérios de certificação (WILLER; LERNOUD,
2018).
AGRICULTURA AGROECOLÓGICA
Aqueles que não acreditam no futuro da agricultura conforme os métodos
convencionais praticados com o uso de fertilizantes químicos, inseticidas, fungicidas
e herbicidas químicos procuram outros métodos de produção no campo, com a
motivação de maior equilíbrio e sustentabilidade do agroecossistema local aliado a
fatores sociais (o que difere da produção de orgânico), essa maneira de produção
e organização chamamos de agroecologia. Importante ressaltar que muitas vezes os
alimentos agroecológicos são tratados como alimentos orgânicos pelo consumidor
final, por falta dessa conceituação básica do entendimento do envolvimento social
no sistema de produção, ou seja, todo alimento agroecológico é orgânico, mas nem
todo alimento orgânico é agroecológico.
A Agroecologia tem sido ratificada como um campo do conhecimento com
características multidisciplinares, apresentando uma série de princípios, conceitos e
metodologias que nos permitem dirigir, estudar, desenhar, analisar e avaliar
agroecossistemas. Os agroecossistemas são considerados as unidades fundamentais
para o planejamento das intervenções humanas com interesse no desenvolvimento
rural sustentável (CAPORAL; COSTABEBER, 2002).
Diferentes autores conceituam o termo Agroecologia, sob uma perspectiva
56
mais ampla do tema podemos considerar que, a Agroecologia agrega ideias
ambientalmente adequadas e sentimento social a respeito da agricultura, com
características normativa ou prescritiva que transcendem os limites da agricultura
propriamente dita (HECHT, 1989).
Conforme ressalta Altieri (1995), a Agroecologia proporciona as bases
científicas para apoiar o processo de transição a estilos de agricultura sustentável nas
suas mais variadas manifestações ou denominações. Sob esta perspectiva, não
podemos confundir a Agroecologia, com uma tecnologia ou pratica agrícola, um
sistema de produção ou um estilo de agricultura.
57
Figura 13: Ana Maria Primavesi.
Disponível em: https://bit.ly/3mmNevg Acesso em: 15 mar. 2021.
PECUÁRIA
A pecuária é a atividade que envolve a domesticação de animais na
agricultura, para fins de criação, obtenção de produtos, venda e/ou abate. As
produções mais comuns são as de bovinos, suínos, ave, ovinos e caprinos. O Brasil
ocupa um papel de destaque na produção pecuária mundial. Segundo o IBGE
(2015), o maior rebanho nacional é o de galinhas, seguido por bovinos, suínos,
codornas, ovinos, caprinos, equinos e bubalinos.
Cada espécie animal produzida tem-se por característica primária uma
maneira de conduzir os sistemas de produções. Por exemplo, gado bovino, de
maneira geral a produção é feita de forma extensiva no Brasil, que consiste em deixar
o gado pastar solto, limitado apenas com cercas laterais (divisórias de propriedades
e/ou de lotes), geralmente adotado em grandes extensões de terras, mas produtores
familiares também adotam esse sistema, em porções de menores de terras. Já em
outro extremo a produção de aves de corte, basicamente se dá em um sistema
intensivo de confinamento dos animais.
Com os avanços tecnológicos em pastagens mais adaptadas aos diferentes
climas e regiões brasileiras, genética dos animais, nutrição e sistemas de manejo, tem-
se mostrado como fatores determinantes para o aumento da produção de produtos
da pecuária brasileira.
Em relação a pecuária bovina, principalmente temos a produção de carne e
58
leite, com caracterizas socioeconômicas gerais muito distintas, enquanto que a
produção leiteira basicamente é realizada por produtores com área de produção
menores, para atender principalmente o mercado local de determinada região. Em
contrapartida, temos a produção de carne como características gerais é
predominante em áreas maiores e com a finalidade de atender o comercio local e
internacional, sendo a exportação de carne uma atividade muito atrativa para os
produtores, devido sua alta rentabilidade.
A cadeia de produção de frangos de corte brasileira possui vantagens
competitivas pelo fato do ciclo de produtividade do frango ser curto, além de possuir
uma estrutura organizacional verticalizada e de ser uma proteína barata, o que atrai
consumidores de todas as classes sociais (RECK; SCHULTZ, 2016).
59
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), no Brasil 70% dos alimentos
que chegam à mesa da população provêm da agricultura familiar. A Lei nº
11.326/2006, define agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que
pratica atividades desenvolvidas no meio rural, com mão de obra da própria
família e renda vinculada ao estabelecimento e gerenciamento do
empreendimento. Entram nesta classificação silvicultores, aquicultores,
extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.
Sobre o espaço agrário brasileiro, marque a opção VERDADEIRA.
a) As Ligas Camponesas, Movimento dos Trabalhadores Rurais, Comissão Pastoral da
Terra e União Democrática Ruralista, são movimentos que lutam pelo processo de
distribuição igualitária da terra através da reforma agrária para o
desenvolvimento da agricultura familiar.
b) Desde as suas origens, notadamente na distribuição da terra em sesmarias e com
a Lei de Terras de 1850, a concentração da propriedade fundiária no Brasil é uma
realidade. Essa por sua vez, atualmente, faz parte dos projetos políticos que
buscam contemplar a distribuição equitativa das terras entre os trabalhadores do
campo.
c) O reconhecimento da agricultura familiar no Brasil é relativamente recente e
contou com o apoio do movimento sindical, após o fim da ditadura militar; maior
debate sobre o tema iniciado na década de 1990 e ao desenvolvimento de
políticas públicas a partir da criação do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF).
d) O capital e seus proprietários capitalistas, representados pelos grandes
proprietários de terra, bancos, empresas nacionais e transnacionais, estão em
crise e observa-se uma diminuição

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