Procedimento Ordinário - Uso de documento falso

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL CRIMINAL BARRA FUNDA
9ª VARA CRIMINAL
AVENIDA DR. ABRAHÃO RIBEIRO, Nº 313, São Paulo - SP - CEP 
01133-020
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min
 
0037058-57.2018.8.26.0050 - lauda 1
SENTENÇA
Processo Digital nº: 0037058-57.2018.8.26.0050
Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Uso de documento falso
Autor: Justiça Pública
Réu: SOLANGE FRANCINETE LUCINDO BEZERRA e outro
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Lilian Lage Humes
Vistos.
Solange Francinete Lucindo Bezerra e Elisabete Aparecida da Silva, 
qualificadas nos autos, foram denunciados como incursas no artigo 297, caput, e artigo 171 c.c. o 
artigo 14, inciso II, todos do Código Penal, porque, em data anterior a 19 de abril de 2018, em 
local e horário incertos, agindo em concurso e previamente ajustadas, falsificaram documento 
público consistente em um documento de identidade em nome de Silvia Mara Diogo Martins, e 
porque, previamente ajustadas e agindo com unidade de desígnios, no dia 19 de abril de 2018, na 
Avenida São Miguel, nº 8998, São Miguel, nesta cidade e comarca da Capital, tentaram obter para 
si, mediante meio fraudulento, vantagem ilícita em prejuízo da “BV Financeira”, não consumando 
o intento por circunstâncias alheias às suas vontades.
Solange Francinete Lucindo Bezerra, foi denunciada, ainda, como incursa 
no artigo 304 c.c. o artigo 297, ambos do Código Penal, porque, em dia 26 de abril de 2018, por 
volta das 15h30min, na Avenida São Miguel, nº 8998, São Miguel, nesta cidade e comarca da 
Capital, fez uso de documento público falso consistente em um documento de identidade em nome 
de Silvia Mara Diogo Martins.
 
A denúncia foi recebida em 21 de junho de 2018 (fls. 129) e o processo 
seguiu seu regular trâmite.
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É o relatório.
Fundamento e decido.
O processo está em ordem, com as partes legítimas e bem representadas.
Considerando o acima exposto, a pretensão punitiva do Estado foi 
irremediavelmente atingida pela prescrição.
De fato, compulsando os autos, verifico que as rés são primárias (fls.194 e 
200) e que nada justificaria a fixação das penas privativas de liberdade e das sanções pecuniárias 
acima dos patamares mínimos legais e, a considerar as penas que seriam em tese aplicadas ao final 
da ação, o reconhecimento da prescrição é inevitável, uma vez que as penas de cada crime 
prescrevem individualmente e que nenhuma delas ultrapassaria o patamar de dois anos de 
reclusão, operando-se a prescrição, portanto, em quatro anos (art. 109, inciso V, do Código Penal), 
já decorridos da data do recebimento da denúncia.
Saliento que a prescrição pode e deve ser reconhecida em primeiro grau, por 
se tratar de matéria de ordem pública, conforme preceitua o artigo 61 do Código de Processo 
Penal.
Acrescente-se que a pandemia do COVID-19 em muito prejudicou a 
realização de audiências e, diante do enorme número de feitos em trâmite nesta Vara Judicial, 
injustificável o excessivo apego ao formalismo, quando se sabe, de antemão, que a persecução 
penal irá desaguar em decreto de prescrição. Nesse sentido: “De nenhum efeito a persecução 
penal, com dispêndio de tempo e desgaste do prestígio da Justiça Pública, se, considerando-se a 
pena em perspectiva, diante das circunstâncias do caso concreto, se antevê o reconhecimento da 
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prescrição retroativa na eventualidade de futura condenação. Falta, na hipótese, o interesse 
teleológico de agir, a justificar a concessão de ofício de habeas corpus para trancar a ação penal” 
(RT 669/314)”
Desta forma, é inegável a economia processual, diante do acúmulo de 
processos nos dias atuais, evitando-se assim uma condenação ineficaz.
Diante do exposto, RECONHEÇO A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
PUNITIVA e JULGO EXTINTA A PUNIBILIDADE de Solange Francinete Lucindo 
Bezerra e Elisabete Aparecida da Silva, qualificadas nos autos, em relação aos crimes que lhes 
foram imputados na denúncia, e o faço com fundamento no artigo 107, inciso IV, c.c. o art. 109 do 
Código Penal.
As rés poderão apelar em liberdade.
Custas na forma da lei.
Providencie a Serventia as anotações e comunicações de praxe e, após o 
trânsito em julgado, arquivem-se os autos.
P.R.I.
São Paulo. 3 de setembro de 2022.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, 
CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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