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Disciplina: Pesquisa e Prática em Educação Aula 3: Conhecimento e ciência – tipos de conhecimento e método cientí�co Apresentação Como vimos na aula passada, ensinar não é simplesmente repassar conhecimentos, informações e conteúdos de uma pessoa para outras. Muito pelo contrário, o conhecimento atual está bastante vinculado ao ato de pesquisar e de colaborar com outras pessoas. A internet nos ensinou que aprender é, sobretudo, compartilhar informações e também produzir conteúdos. Não é assim que acontece no ciberespaço? Mas, nem tudo que está na internet é con�ável, não é mesmo? Por esse motivo temos que saber onde podemos coletar informações �dedignas e seguras para não repassarmos referências ou notícias falsas. Com a popularização da internet, a veiculação de notícias falsas tem sido um problema que atinge muitas pessoas e todos os setores sociais. Algumas empresas de Comunicação já criaram serviços para averiguar se uma matéria é falsa ou verdadeira com base na multiplicação de episódios de notícias irreais ou inventadas. Por essa razão, nesta aula vamos identi�car as características dos quatro tipos de conhecimentos: senso comum, religioso, �losó�co e cientí�co para entendermos melhor a base de cada um e qual deles devemos escolher em determinados momentos, situações ou instituições. Objetivos Reconhecer os tipos de conhecimentos cientí�cos; Diferenciar os critérios de cienti�cidade por meio do conhecimento cientí�co. Os tipos de conhecimentos Há vários tipos de conhecimentos, no entanto, aqui vamos tratar de quatro deles, em especial: Já tratamos na Aula 1 da diferença entre o senso comum e o cientí�co. Agora vamos ampliar essa discussão, incluindo os outros tipos. O conhecimento é algo produzido pelo ser humano. A realidade impulsiona as pessoas ao ato de conhecer, uma vez que precisamos entender o meio que nos cerca para transformá-lo e adaptá-lo ao nosso bem-estar. A partir da interação com os objetos, as coisas, os recursos da natureza e as outras pessoas, o homem entende sua realidade para tentar explicar os fenômenos que acontecem diariamente. Pessoas abraçadas (Fonte: Shutterstock) Nessa relação de tentativa de conhecer as pessoas, as coisas e os fenômenos, os seres humanos buscam inúmeras bases e fontes para entender o fato que está diante de si e explicá-lo. Por isso, sempre haverá no ato de conhecer algo (ou seja, um objeto) um ser que conhece (cognoscente) e um objeto que deve ser conhecido (cognoscível). Poderíamos elaborar uma equação representando esse ato, que �caria da seguinte maneira: Nesse processo de conhecimento, o sujeito, ou seja, o ser humano busca uma explicação e uma resposta para os fatos que observa, pesquisa, analisa (objeto). Essa busca leva o sujeito ao ato de conhecer. Mas, será que toda resposta decorrente desse processo de conhecimento é correta ou verdadeira? Mas, será que toda resposta decorrente desse processo de conhecimento é correta ou verdadeira? Observe a charge abaixo e pense um pouco sobre isso. Dialogo entre tartarugas (Fonte: https://bit.ly/2FRbmD8 <https://bit.ly/2FRbmD8> ) Popular As várias formas de observar e analisar o mundo e a realidade deu origem aos quatro tipos diferentes de conhecimentos. O conhecimento popular (empírico ou senso comum) aparece da relação espontânea das pessoas com a realidade, com o mundo. Todos nós, aos poucos, vamos aprendendo e nos apossando dos conhecimentos e das informações que veiculam ao nosso redor. Esse conhecimento espontâneo, fruto das sensações, intuições, que não busca uma resposta crítica, mais aprofundada é o do senso comum. Em outras palavras, um conhecimento habitual que nos deparamos todos os dias. São características do conhecimento popular: https://bit.ly/2FRbmD8 Billion Photos (Fonte: Shutterstock) Sombra de pessoas numa fila. Religioso Outra maneira de explicar o mundo e seus fenômenos é por meio do conhecimento religioso ou teológico. Esse tipo está voltado para as verdades ditas absolutas, ou seja, as verdades da fé. Pense em uma pessoa que foi desenganada pelos médicos porque está com uma doença incurável e tem poucos dias de vida. Algumas semanas passam e essa pessoa �ca completamente curada daquela doença que não tinha cura. Como explicar isso? Vangelis aragiannis (Fonte: Shutterstock). O senso comum não tem elementos para tal explicação, nem o �losó�co, tão pouco o cientí�co. A única explicação razoável está calcada na fé, não é mesmo? Houve uma cura pela fé. Assim, atua o conhecimento religioso. Algumas características são: Filosó�co Mais uma maneira de entender e explicar o mundo é mediante o conhecimento �losó�co, aquele que tem a base no processo racional, porque esse tipo está muito preocupado com as perguntas sobre os fatos, as pessoas, os fenômenos, os eventos, em suma, com tudo o que acontece na realidade. O conhecimento �losó�co é muito crítico, pois fundamenta-se no ato de perguntar, indagar, pensar, re�etir e está sempre em mudança, em transformação. O conhecimento �losó�co é muito crítico, pois fundamenta-se no ato de perguntar, indagar, pensar, re�etir e está sempre em mudança, em transformação. Podemos dizer que são suas características: Tirinha Socrates 2. (Fonte: https://bit.ly/2WfqpfB <https://bit.ly/2WfqpfB> Cientí�co O conhecimento cientí�co utiliza: Formas e maneiras diferentes para conhecer o mundo e seus processos (os fenômenos, os fatos, as coisas). A observação, a experiência e a comprovação para de�nir um resultado, ou seja, um método .1 https://bit.ly/2WfqpfB https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/ppe101/aula3.html Então, método diz respeito aos procedimentos, às técnicas, às formas e aos meios utilizados por uma pessoa para pesquisar, investigar, descobrir ou apresentar algo) que possa provar o que está sendo a�rmado pelo conhecimento cientí�co. Então, método diz respeito aos procedimentos, às técnicas, às formas e aos meios utilizados por uma pessoa para pesquisar, investigar, descobrir ou apresentar algo) que possa provar o que está sendo a�rmado pelo conhecimento cientí�co. Exemplo Observe a caixa do medicamento abaixo: Observou? Na embalagem diz que se você tomar esse medicamento �cará livre da dor de cabeça, dor nas costas ou dores musculares. Não é isso? Bom, para que o Laboratório Bayer a�rme que esse medicamento alivia essas dores é porque testes e estudos foram realizados e essas pesquisas demonstraram que o componente químico composto na Aspirina tira as dores se utilizado dentro de determinado padrão, esteja a pessoa no Brasil ou na Finlândia. Percebeu que o conhecimento cientí�co a�rma um fato que se mantém constante dentro de um parâmetro e pode ser con�rmado ou comprovado se estiver em condições idênticas àquelas na qual a pesquisa e os resultados foram conseguidos? Por essas razões, podemos enumerar algumas características do conhecimento cientí�co: é um processo organizado, sistemático e com uma trajetória lógica de pesquisa e descoberta para veri�car determinado fato ou objeto; também é exato e falível até ser superado. Por que falível e superado? Porque um conhecimento pode progredir de modo a �car obsoleto, desatualizado e ser suplantado por outro conhecimento mais moderno. Esse fato é chamado de falibilidade da ciência. Saiba mais Para saber mais acesse a leitura O princípio da falseabilidade e a noção de ciência de Karl Popper <https://brasilescola.uol.com.br/�loso�a/o-principio-falseabilidade-nocao-ciencia-karl-popper.htm> . Atividade 1. Analise a tirinha abaixo e em seguida, identi�que os tipos de conhecimentos que estão implícitos na cena. Critérios de cienti�cidade por meio do conhecimento cientí�co Para prosseguirmos em nossa aula, é necessário de�nir o que são critérios de cienti�cidade. Bom, critério é um parâmetro que utilizamos para fazer distinções, classi�cações e individualizar determinada situação ou fato. A Ciência possui critérios que as distingue de outro tipo de conhecimento, por exemplo.Mas, quais são esses critérios, esses padrões que o conhecimento cientí�co utiliza para determinar a cienti�cidade ou veracidade de uma informação ou conhecimento? Ou melhor, o que autoriza dizer que uma teoria é cientí�ca e outra não é? https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/o-principio-falseabilidade-nocao-ciencia-karl-popper.htm Um �lósofo respondeu a essas perguntas e chamou esse fato de demarcação da Ciência. O nome dele é Karl Popper. Popper também propôs que uma teoria precise passar pelo teste da veri�cação para que con�rme se aquela teoria é resistente o bastante a �m de não ser refutada, ou seja, negada. O interesse e a preocupação de Popper era provar que uma teoria era falsa e não verdadeira. Nossa, que pensamento complicado, você pode estar se indagando! Mas, é simples: Popper entendia que se um cientista não tenta provar que determinada teoria está errada, a Ciência não progride. Por isso, Popper percebia que nesse processo de tentativa de negar um conhecimento, outra maior surgia. Caso não surja uma nova teoria, essa que passou pelo teste da falseabilidade pode ser considerada comprovada. Para Popper, quando uma teoria passa pelo teste da falseabilidade é considerada verdadeira, isto é, está comprovada como ciência, por isso demarcada como um conhecimento cientí�co. Teoria que não passa pelo teste da falseabilidade é julgada, por Popper, como pseudociência. Saiba mais Leia mais sobre os critérios da ciência no artigo: O estatuto do conhecimento cientí�co <https://sites.google.com/site/fhilos11/resumos/o-conhecimento-e-a-racionalidae-cienti�ca-e-tecnologica/o-estatuto-do- conhecimento-cienti�co?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1> . Entenda mais sobre pseudociência lendo o artigo: A�nal, o que é pseudociência e qual é seu problema <https://climatologiageogra�ca.com/a�nal-o-que-e-pseudociencia-e-qual-e-seu-problema/> . https://sites.google.com/site/fhilos11/resumos/o-conhecimento-e-a-racionalidae-cientifica-e-tecnologica/o-estatuto-do-conhecimento-cientifico?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1 https://climatologiageografica.com/afinal-o-que-e-pseudociencia-e-qual-e-seu-problema/ Entenda que uma teoria considerada comprovada não quer dizer que ela é inquestionável. Muito pelo contrário. Uma das características da ciência é ser falível porque uma teoria pode ser superada por outra mais moderna, mais completa ou e�ciente, como vimos há pouco. Por isso, o conhecimento cientí�co questiona, quer saber sempre sobre os motivos, as causas e as consequências de um fato ou processo. Outro �lósofo que discute a questão da veracidade da Ciência é Thomas Kuhn. Esse �lósofo de�ne que a ciência precisa ter um padrão, ou seja, um paradigma. O conceito de paradigma da ciência de Kuhn diz respeito à maneira como a ciência é realizada e desenvolvida. Porque para ele, a ciência nada mais é do que uma tarefa complexa tendo como objetivo resolver questões difíceis e solucionar problemas por meio de uma metodologia especí�ca que ele denominou de paradigma. Veja na leitura “O estatuto do conhecimento cientí�co” <https://sites.google.com/site/fhilos11/resumos/o-conhecimento-e-a-racionalidae-cienti�ca-e- tecnologica/o-estatuto-do-conhecimento-cienti�co?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1> , página 10, o quadro onde Popper e Kuhn entendem os critérios de cienti�cidade. Filosofo da ciência Thomas Kuhn (Fonte: https://bit.ly/2TdcQLK <https://bit.ly/2TdcQLK> ) Um professor brasileiro chamado Pedro Demo (2000) diz, em um de seus livros, que o cientista ou o pesquisador é a pessoa que sempre duvida do que vê, do que é dito e nunca pode a�rmar algo com certeza absoluta. https://sites.google.com/site/fhilos11/resumos/o-conhecimento-e-a-racionalidae-cientifica-e-tecnologica/o-estatuto-do-conhecimento-cientifico?tmpl=%2Fsystem%2Fapp%2Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1 https://bit.ly/2TdcQLK Mas, por que Demo a�rma isso? Porque a Ciência produz fragilidades controladas, ao invés de certezas absolutas. As certezas absolutas são características dos conhecimentos popular e religioso. Nesse pensamento, podemos entender que, para Demo (2000), é considerado cientí�co somente aquilo que se pode questionar e discutir. Entendeu a diferença entre o conhecimento cientí�co e o senso comum, por exemplo? Demo (2000) estabelece alguns critérios de cienti�cidade: Clique nos botões para ver as informações. O objeto de estudo deve ser bem estabelecido e ter uma estrutura que possa passar pelo teste da experiência, isto é, ter um caráter empírico. Ter uma natureza ou caráter empírico é dizer que o que está sendo pesquisado deve poder ser delimitado e ter uma descrição objetiva dos fatos. Assista a este vídeo para entender melhor o que é empiria na Ciência: Como fazer um tornado luminoso <https://www.youtube.com/watch?v=XQQShzZXn_M> – experiência de Química e Física. Ser determinável e empírico Para descrever um fato cientí�co, o pesquisador não pode utilizar valores pessoais, opiniões porque são característica do senso comum, ideologias ou preconceitos, por exemplos. Se tais elementos entrarem na conclusão de uma pesquisa cientí�ca ela �ca contaminada e será uma pseudociência. Portanto, a objetividade da pesquisa ou da ciência tem a ver com a produção de um roteiro ou discurso lógico e que possa ser demonstrado. Objetividade De acordo com Demo (2000, p. 28), a Ciência precisa discutir seus conceitos na busca de modos diferentes de entendimento e, claro, para fundamentar todas as formas de demonstração desse conhecimento como um fato verdadeiro. Discutibilidade Essa etapa é fundamental no processo cientí�co porque exige controle na observação dos fenômenos para que as respostas advindas da observação tenham qualidade e veracidade. Observação Toda nova teoria ou conhecimento cientí�co precisa trazer uma inovação ou reconstruir um antigo conhecimento. Originalidade O discurso de apresentação de uma teoria precisa ser estruturado de maneira sistemática e lógica, sem margem para as contradições. Outra questão importante nesse critério é a linguagem utilizada. Seja ela escrita ou verbal precisa ser também lógica, formal, �uente e sem equívocos. Coerência A demonstração de uma teoria precisa ter um sistema lógico estruturado por meio de uma linguagem breve, direta e claramente exposta. A linguagem cientí�ca não pode conter termos que deem sentido dúbio à leitura ou à exposição oral. Sistematicidade Uma teoria precisa ter consistência teórica, um fundamento sólido com a capacidade de suportar as várias indagações e contra argumentações que podem vir sobre ela. Em suma, passar pelo texto da falseabilidade. Consistência https://www.youtube.com/watch?v=XQQShzZXn_M Notas Saiba mais Para fecharmos esta aula, assista ao vídeo: Como funciona a produção cientí�ca <https://www.youtube.com/watch? v=EbhNfd3tQtY> . 2. Para tentar explicar os fenômenos que acontecem diariamente, o conhecimento cientí�co se baseia no/na: a) Fé. b) Razão. c) Método. d) Experiência. e) Empiria. 3. Para tentar explicar os fenômenos que acontecem diariamente, o conhecimento religioso se baseia no/na: a) Fé. b) Metodologia. c) Razão. d) Religião. e) Experiência. 4. No processo de conhecimento existe uma relação que é composta por: I. Um sujeito que busca conhecer. II. Um objeto que será conhecido. III. Uma hipótese que será testada. Entre os itens anteriores, está(ão) corretos: a) I, II e III. b) I e II. c) I e III. d) Somente III. e) Somente II. Notas Método1 Vem da palavra methodos em grego que signi�ca “caminho”. Referências https://www.youtube.com/watch?v=EbhNfd3tQtY DEMO, P. Pesquisa social. São Paulo: Cortez, 2000. ______. Saber pensar. São Paulo: Cortez, 2001. Próxima aula Principais tipos de pesquisa quanto à natureza e à abordagem; Importância da escolha da metodologia em uma pesquisa básica ou aplicada. Explore mais Para aprimorar seus conhecimentos acesse:G1 - Portal de notícias da Globo. Fato ou Fake <https://g1.globo.com/fato-ou-fake/> . ______. Pesquisa e tomada de decisão. Brasília: INEP/MEC, 1987. Para entender melhor sobre os critérios de cienti�cidade em uma pesquisa cientí�ca, leia os artigo do professor: DEMO, Pedro. Cuidado metodológico <//www.scielo.br/pdf/se/v17n2/v17n2a07.pdf> – signo crucial da qualidade. Conheça e leia os livros sobre pesquisa. DEMO, P. Pesquisa participante – mito e realidade. Brasília: UnB/INEP, 1982. https://g1.globo.com/fato-ou-fake/ https://www.scielo.br/pdf/se/v17n2/v17n2a07.pdf
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