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Caso 1: Poucas crises acontecem em momentos convenientes. A Carlsberg Tetley descobriu sua crise no final do dia de uma sexta-feira, que antecede um feriado na segunda-feira e no momento em que o presidente da empresa havia saído de férias. Alguma coisa parecia ter dado errado com o dispositivo de uma das latas de cerveja (esse dispositivo na base da lata de algumas cervejas dá a elas sua característica cremosa). Um consumidor tomou um gole de uma lata de cerveja e encontrou um pedaço de plástico em sua boca. Ele reclamou com a autoridade de saúde ambiental que então contatou a empresa. O procedimento planejado de gestão de crise da empresa imediatamente entrou em ação. Um grupo de controle de crise de 12 membros com especialistas em seguro, questões legais, controle de qualidade e relações públicas assumiu o controle. Esse grupo possui o número de telefone de todos os funcionários da empresa, portanto qualquer pessoa relevante da empresa pode ser contatada. Também possui uma sala de controle em um local da empresa equipada com fax e linhas de telefone sempre disponíveis para o uso exclusivo da equipe de crise. Durante o final de semana, a equipe investigou o problema e na terça-feira seguinte liberou um comunicado à imprensa oferecendo um número de telefone para contato e tomando a decisão da veiculação de um anúncio nacional convocando para um recall. Mesmo com o problema tendo ocorrido em apenas uma de suas seis marcas, a empresa decidiu pelo recall de todas elas – um total de 1 milhão de latas. A linha de telefone para contato recebeu 500 chamadas durante a primeira semana da operação e toda a produção que usou o dispositivo suspeito foi interrompida. Linda Bain, a porta-voz da empresa explicou: “Estamos muito contentes com nosso procedimento de recall e com a eficácia da equipe de controle. Tudo saiu conforme o plano. Em termo de relações públicas, a cobertura que ganhamos na mídia foi positiva, factual e atualizada, indicando que a empresa foi tão honesta e confiável quanto possível”. Mesmo tendo a empresa conseguido contornar a situação, a equipe 2 gestora do setor de manutenção de equipamentos, alerta às próximas possíveis falhas que, porventura, viessem acontecer, intensificou as medidas e padrões de KPI’s (Keys Performance Indicators) como a Frequência de Falhas; o Tempo Médio de Reparo (TMR) e o Tempo Médio Entre Falhas (TMEF). 1 De acordo com o caso exposto e com os conhecimentos adquiridos durante as aulas da disciplina, responda: 1. Para esse acontecimento você considera que a Carlsberg Tetley tinha um Planejamento e Controle de Manutenção (PCM) bem definido? Se sim, como as etapas (planejamento, programação e controle) auxiliaram na resolução? Se não, como as etapas (planejamento, programação e controle) poderiam ter auxiliado para evitar o transtorno? A Carlsberg Tetley não tinha um Planejamento e Controle de Manutenção (PCM) bem definido. O que foi identificado com base no caso foi o plano de emergência da empresa, ou seja, os procedimentos de ações corretivas que a mesma tomou diante da crise, como o recall que foi a retirada dos lotes da cerveja do mercado e reparo dos equipamentos. Sendo o PCM responsável por planejar as atividades de manutenção e programar a sua execução, o ideal seria ter realizado um planejamento de ações de manutenção preventiva, com as datas definidas de acordo com a necessidade do equipamento em momentos apropriados. Poderia ter sido feito o Plano de Manutenção dos Equipamentos e Instalações, que é um documento que contém um conjunto de ações coordenadas e tarefas de manutenção por meio do checklist ou também o ciclo PDCA, a fim de promover uma melhoria contínua através das suas etapas, fazendo inspeções, trocas de peças necessárias, necessidade de reformas/troca do equipamento e ações corretivas. 2. Entre as ações que a empresa deve ter para evitar ou tratar as falhas estão a i) Detecção e análise; ii) Melhoria do sistema e; iii) Recuperação. a. Considerando a fase de Detecção e Análise de falha, relate, brevemente, como podem ser feitas utilizando o FMEA e o FTA. Com base na Análise de Modo e Efeito de Falha (FMEA): a empresa poderia usar o FMEA do Produto, a fim de analisar as possíveis falhas nas especificações do produto ou seu processo do projeto, bem como analisar esses os dados em sua ocorrência, que é a frequência na qual acontece a falha, uma vez que quanto maior a frequência, maior o risco da falha. A detecção, para saber o grau de dificuldade de detecção da falha, pois quanto maior a detecção, menor o risco. E a severidade, que através do índice de gravidade, facilita a visualização da consequência da falha para o cliente e para a empresa, quanto tempo o sistema vai ficar parado. Tendo esses três índices, é calculado o Número de prioridade de risco (NPR), obtido pela fórmula S x O x D. Com o resultado, elabora o MCC, para selecionar a estratégia mais 2 adequada de manutenção. Com base na árvore de falhas (FTA): Com o FTA poderia ser feita a análise dedutiva que descreve um caminho visual da falha, dessa forma identificando e detectando todas as possíveis causas. A árvore de falhas auxilia a priorizar o que precisa ser resolvido com urgência e a encontrar as origens das mesmas. Ao analisar todos os problemas do equipamento, fica claro a identificação das causas e efeitos das falhas, pois o FTA além de analisar o funcionamento do dispositivo, leva em consideração o fator humano. Quando essas fases são aplicadas, pode-se assim documentar os efeitos e causas das falhas que ocorreram no dispositivo da lata de cerveja, aumentando a confiabilidade do produto. b. Considerando a fase de Melhoria do sistema, os indicadores poderão auxiliar na melhoria do processo. Como e qual a relação entre os indicadores sugeridos pela empresa? Depois da ocorrência da falha do dispositivo, a empresa intensificou suas medidas e padrões de KPI’s, como a Frequência de Falhas, o Tempo Médio de Reparo (TMR) e o Tempo Médio Entre Falhas (TMEF). Esses indicadores são meios aplicados para mensurar e controlar as ações de manutenção para auxiliar na identificação de possíveis melhorias. Na Frequência de Falhas é verificada a sua repetição, quanto maior a frequência, maior o seu risco. O Tempo Médio de Reparo (TMR) calcula o tempo médio em que o ativo fica suspenso para que os reparos sejam efetuados, quanto menor o índice do indicador em relação ao tempo, melhor para o andamento da manutenção e menos intervenções de ações corretivas. O Tempo Médio entre Falhas (TMEF) refere-se ao tempo médio de um equipamento entre uma falha e outra, observando o seu comportamento. Quanto maior o TMEF, menor o número de ações corretivas e maior as horas disponíveis do equipamento. c. Considerando a fase de recuperação de falhas, quais elementos parecem ter sido essenciais para essa recuperação bem-sucedida? A recuperação de falhas se torna importante principalmente porque quando as falhas ocorrem, essa é a fase em que as empresas transformam clientes zangados, frustrados, em clientes leais. Quando o cliente percebeu o plástico na lata de cerveja e reportou para autoridade ambiental, a empresa foi contatada e descobriu o problema, assim não ignorou o fato de que mais cervejas do mesmo lote poderiam estar com o mesmo erro. Assim, devido a empresa ter sido transparente com os clientes e ter atuado com a situação de maneira eficiente e prática, é considerada uma boa recuperação de falhas. Ter assumido os custos diante do recall e ter ressarcido consumidores e fornecedores, fez com que a empresa tivesse repercussão positiva diante a mídia. O plano de gerenciamento de crises foi fundamental para que essa ação 3 corretiva fosse realizada de maneira confiável e segura. Por intensificar as medidas e padrões de KPI 's, mostra que a empresa aprendeu sobre as falhas e como evitá-la. 4
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