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Geovana Sanches, TXXIV LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA DEFINIÇÃO E FISIOPATOLOGIA A leucemia linfocítica crônica é uma neoplasia hematológica indolente cuja célula neoplásica é um linfócito B maduro. Esse linfócito B está bloqueado e não há a última fase de maturação, de forma que não são produzidos plasmócitos (não há, portanto, produção de imunoglobulinas, de forma que há manifestações imunológicas na doença). Além disso, é uma doença de acúmulo, tendo em vista que não há apoptose dessas células. Na LLC também ocorre hiperativação dda via Tirosino Quinase de Bruton (BTK). Essa hiper- expressão causa aumento da proliferação celular e principalmente escape do mecanismo de apoptose. EPIDEMIOLOGIA • Doença predominantemente de idosos o Há dúvidas se há acometimento ou não de crianças • Faixa etária média de 64 a 70 anos o No Brasil, a média é um pouco mais baixa, entre 50 a 65 anos • Incidência em indivíduos > 65 anos em torno de 20,6 casos/100.000 • Dentre as leucemias é a de melhor sobrevida CLÍNICA • Maioria dos pacientes é assintomático • Adenomegalia múltipla: podem ser pequenas ou grandes, formando conglomerados • Esplenomegalia: em geral é pequena, mas algumas LLC mais expressivas podem cursar com aumentos maiores • Alterações no hemograma: anemia e plaquetopenia o Podem ser decorrentes da progressão da doença, quando os linfócitos B ocupam a medula e como consequência o espaço de produção de hemácias e plaquetas § Quadro leve o Ou, eventualmente, o linfócito B pode produzir auto-anticorpos direcionados para a hemácia ou plaqueta. • Sintomas autoimunes: sua presença não indica tratamento da LLC, mas sim da complicação, a qual normalmente responde bem ao corticoide. o Anemia hemolítica autoimune (AHAI) o Púrpura trombocitopênica imune (PTI) QUANDO DESCONFIAR? A suspeita diagnóstica se inicia ao encontrarmos no hemograma uma linfocitose acima de 5.000 células, que se prolongue por mais de 3 meses. Alguns tipos de linfomas podem ser confundidos com isso, mas faz-se a diferenciação através da imunofenotipagem. Um importante diagnóstico diferencial é a linfocitose monoclonal de significado indeterminado, doença na qual não se sabe o porque há essa linfocitose monoclonal. Geovana Sanches, TXXIV DIAGNÓSTICO • Clínica compatível o Paciente assintomático ou com múltiplas linfonodomegalias (normalmente pequenas, mas que podem ser grandes e formar conglomerados), esplenomegalia, anemia e plaquetopenia. • Hemograma com linfocitose mantida (três meses acima de 5000) o Critério utilizado para os pacientes em que a investigação não será imediata o Nos casos em que a linfocitose supera os 200.000 linfócitos, não é necessário repetir o exame. o Não é necessário realizar mielograma, pois as células estão no sangue periférico. • Imunofenotipagem por citometria de fluxo de sangue periférico. o Identifica as células pelo CD o Além dos marcadores clássifocs do linfócito B (CD-19, CD-20, entre outros), as células neoplásicas apresentam CD5 em sua superfície. • Citogenética quando disponível o A citogenética tem implicações terapêuticas e de prognósticos. o Em geral ela é boa para verificar mutações que predizem se o tratamento inicial terá ou não efeito naquele paciente. o Eventualmente, o exame não é feito pois as mutações são pequenas e não identificáveis na citogenética convencional. o Há dificuldade para realização de citogenética na LLC e, pois para fazer o cariótipo, a célula deve estar em metáfase. Sendo assim, para realizá-la é necessário o PCR ou FISH, mas estas técnicas são muito caras e pouco disponíveis para LLC, sendo o diagnóstico citogenético deixado um pouco de lado. Esfregaço de sangue periférico No esfregaço de sangue periférico de paciente com LLC, é possível visualizar linfócitos B maduros acumulados, com núcleo mais sólido e grosseiro (núcleo em terra batida). Além disso, é possível ver as Manchas de Gumprecht, também denominadas células fantasmas. Essas manchas não existem na doença em si, sendo secundárias ao esfregaço (quando o faz, a célula estoura, adquirindo essa característica). ESTADIAMENTO O estadiamento da LLC é feito através das classificações Rai e Binet. A partir disso, indica-se se há ou não necessidade de tratamento. A classificação Rai leva em conta achados clínicos e laboratoriais associadamente, sendo necessário pelo menos um Rai II (linfocitose + linfoadenomegalia + esplenomegalia) para indicar o tratamento. A classificação de Binet, por sua vez, leva em conta apenas achados laboratoriais, sendo necessário pelo menos um Binet B (mais de 3 áreas acometidas) para indicar o tratamento. Geovana Sanches, TXXIV Sendo assim, temos que nem toda LLC precisa ser tratada imediatamente e, algumas delas, jamais precisarão de tratamento. TRATAMENTO Indicações • RAI-0 e Binet A: não é necessário tratar o Estratégia “watch and wait” • RAI I ou II e Binet A: em geral não faz o tratamento, mas pode-se considerar • RAI III ou IV e Binet B ou C: faz-se necessário o tratamento O tratamento não é indicado para todos os casos pois, já tiveram diversos trabalhos que demonstraram que pacientes tratados muito precocemente apresentam maior risco de vida devido a complicações do tratamento quimioterápico do que com a doença em si. Modalidades Há dois tipos de tratamento possíveis: quimioterapia e anticorpos monoclonais (não são utilizados em monoterapia). O rituximabe se liga ao CD-20 e ativa o sistema imunológico, induzindo a apoptose por diversos mecanismos. Sendo assim, ela reverte o bloqueio da apoptose, mas como a doença não se baseia apenas nisso, faz-se necessário a associação com a quimioterapia. Novas terapias para LLC Uma nova terapia para LLC são os inibidores da tirosino quinase de Bruton, os quais são administrados via oral em monoterapia. O representante é o Imbruvica (ibrutinib). Esse tratamento evita os efeitos os efeitos colaterais da quimioterapia (pode ocasionar um pouco de fibrilação atrial) e tem desempenho superior ao esquema clássico de quimioimunoterapia. O medicamento promove remissão da doença, mas ela não tem cura (pode voltar a se ativar). Em geral, a resposta é muito boa, constituindo uma ótima opção (não age em alguns pacientes, mas em geral é muito efeito). Seu uso não é tão disseminado devido ao alto custo. RESUMIDAMENTE... • Epidemiologia: idosos • Fisiopatologia: proliferação clonal de linfócitos B com mecanismo de escape de apoptose e bloqueio no último estágio de maturação (não vira plasmócito) • Clínica o Maioria assintomático o Sintomas: anemia, plaquetopenia e linfadenopatia o Fenômenos autoimunes • Diagnóstico: imunofenotipagem de sangue periférico com CD5+ • Tratamento: o Importância do estadiamento de Rai e Binet o Maioria não trata o Ribuximab + quimioterapia OU ibrutinibe COMENTÁRIOS ADICIONAIS • Com a progressão da doença, os pacientes começam a ter anemia e plaquetopenia acentuados, com aumento de linfonodos. Com isso, há o processo de caquexia do câncer em si, podendo levar a morte. • Geralmente ninguém morre sem tratar a LLC, mas de acordo com a progressão, ela se torna intensa como um linfoma • A evolução para LLA é extremamente raro, ou seja, tem alguns relatos de caso apenas. É mais comum que ela evolua para um linfoma B agressivo.
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