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ºANO Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editora responsável: Marisa Martins Sanchez INTERDISCIPLINAR LÍNGUA PORTUGUESA E ARTE Tipo: Interdisciplinar Componentes curriculares: LÍNGUA PORTUGUESA E ARTE Componentes curriculares: LÍNGUA PORTUGUESA E ARTE 6 MANUAL DO PROFESSOR Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editora responsável: Marisa Martins Sanchez Licenciada em Letras pelas Faculdades São Judas Tadeu. Professora de Português em escolas públicas e particulares de São Paulo por 11 anos. Editora. 1a edição São Paulo, 2018 Tipo: Interdisciplinar Componentes curriculares: LÍNGUA PORTUGUESA E ARTE INTERDISCIPLINAR LÍNGUA PORTUGUESA E ARTE MANUAL DO PROFESSOR 6ºANO Edição de texto: Roberta Vaiano, Sueli Campopiano, Thaís Nori Cornetta, Mary Cristina Pereira da Silva, Daisy Pereira Daniel, Kelly Soares, Andréia Tenorio dos Santos, Leonilda Pereira Simões, Ligia Aparecida Ricetto, María Alicia Manzone Rossi Assistência editorial: Magda Reis Leitura crítica do material digital: Adriana Saporito Gerência de design e produção gráfica: Everson de Paula Coordenação de produção: Patricia Costa Suporte administrativo editorial: Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite Projeto gráfico: Adriano Moreno Barbosa, Daniel Messias, Otávio dos Santos Capa: Bruno Tonel, Daniel Messias, Mariza de Souza Porto Fotos: Cristiano Prim. Os gigantes da montanha, Grupo Galpão. Festival Isnard de Azevedo. Florianópolis (SC), 2014.. Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Renato de Araújo Florentino Áudio: Núcleo – Serviços Audiovisuais LTDA. – EPP (faixas: 01, 02, 03, 05, 06, 07, 08, 09, 12, 13, 14, 15 e 16) Editoração eletrônica: APIS design integrado Coordenação de revisão: Elaine C. del Nero Revisão: Alessandra Félix, Fernanda Guerriero, Renato da Rocha, Salete Brentan Coordenação de pesquisa iconográfica: Luciano Baneza Gabarron Pesquisa iconográfica: Camila Lago, Graciela Aráujo Coordenação de bureau: Rubens M. Rodrigues Tratamento de imagens: Ademir Baptista, Fernando Bertolo, Joel Aparecido, Luiz Carlos Costa, Marina M. Buzzinaro Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira, Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa Coordenação de produção industrial: Wendell Monteiro Impressão e acabamento: 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2018 Impresso no Brasil Elaboração de originais Marisa Martins Sanchez Licenciada em Letras pelas Faculdades São Judas Tadeu. Professora de Português em escolas públicas e particulares de São Paulo por 11 anos. Editora. Mônica Franco Jacintho Bacharel em Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Especialização em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Editora. Debora Silvestre Missias Alves Bacharel e licenciada em Letras pela Universidade de São Paulo. Editora. Edsel Rodrigues Teles Licenciado em Letras pela Universidade Estadual de Campinas. Revisor técnico. Glaucia Amaral de Lana Bacharel em Letras, com habilitação em tradutor (Francês), pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Editora. Pedro Paulo da Silva Bacharel e licenciado em Letras pela Universidade de São Paulo. Mestre em Filosofia (Estudos Culturais) pela Universidade de São Paulo. Editor. Denis Rafael Pereira Licenciado em História pela Faculdade de Ciências e Letras da Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança Paulista (SP). Licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. Especialização em Artes Visuais, Intermeios e Educação pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas. Foi assessor técnico- -pedagógico da Prefeitura de Itatiba (SP). Foi coordenador pedagógico da Prefeitura de Itatiba (SP) e da rede Sesi-SP. Editor. Ligia Aparecida Ricetto Licenciada em Pedagogia pela Universidade Paulista. Editora. Maria Lyra Licenciada em Teatro e mestra em Artes (modalidade: Teatro) pela Universidade Federal de Uberlândia (MG). Pesquisadora e professora de Teatro. Natalia Vianna Especialista em Educação Musical e Ensino de Artes pela Universidade Candido Mendes. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Nove de Julho. Licenciada em Arte-Teatro pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Professora de Arte na Prefeitura Municipal de Diadema. Nilza Ruth da Silva Licenciada em Educação Artística na modalidade de 1o grau, com habilitação em Artes Plásticas, pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Especialista em Arte e Educação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Professora de Arte da ETEC Getúlio Vargas (SP). Pâmella Mochiute Cruz Mestra em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Licenciada em Arte-Teatro pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Arte-educadora na rede pública municipal de São Paulo. Priscilla Vilas Boas Bacharela e licenciada em Dança pela Universidade Estadual de Campinas. Mestra em Educação (área: Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte) pela Universidade Estadual de Campinas. Artista-professora da Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) da Prefeitura Municipal de São Paulo (SP). Rafael Kashima Bacharel em Música pela Universidade Estadual de Campinas. Licenciado em Artes – Música pela Universidade Estadual de Campinas. Mestre em Música (área: Fundamentos Teóricos) pela Universidade Estadual de Campinas. Pesquisador e professor de Música. Silvia Cordeiro Nassif Bacharela em Música e doutora em Educação (área: Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte) pela Universidade Estadual de Campinas. Professora do Departamento de Música da Universidade Estadual de Campinas. Pesquisadora. Verônica Veloso Licenciada em Educação Artística, com habilitação em Artes Cênicas, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Mestra e doutora em Artes (área de concentração: Pedagogia do Teatro) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Atuou como professora universitária e na formação de atores. Artista de teatro e performer. Elaboração do material digital Cíntia Afarelli Bacharel e licenciada em Letras Português e Espanhol pela Universidade de São Paulo. Editora. Tradutora. Edna Ande Pós-graduada em Arte Terapia pela Universidade São Marcos. Licenciada em Educação Artística pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Editora de livros de Arte. Jaqueline Spinelli Especialista em Ensino de Espanhol para Brasileiros pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Bacharel e licenciada em Letras (Língua Portuguesa e Língua estrangeira: Espanhol) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus de Araraquara. Assistente editorial. Karine David Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Ceará. Licenciada em Letras área de habilitação Língua Portuguesa com suas respectivas literaturas pela Universidade Estadual do Ceará. Professora. Luciana Kool Modesto Sarra Licenciada em Pedagogia pela Universidade Luterana do Brasil. Professora. Pedro Paulo da Silva Bacharel e licenciado em Letras pela Universidade de São Paulo. Mestre em Filosofia (Estudos Culturais) pela Universidade de São Paulo. Editor. Sueli de Lemos Licenciada em Educação Artística na modalidade de 1o grau pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Autora de obras sobre História da Arte e Arte infantil. Susana Cardoso Allegretti Licenciada em Letras pela Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho. Especialista em Literatura e Língua Portuguesa pela Fundação Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho. Professora. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Araribá mais : interdisciplinar : língua portuguesa e arte : manual do professor / organizadora Editora Moderna ; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna ; editora responsável Marisa Martins Sanchez. – 1. ed. – São Paulo : Moderna, 2018. Componentes curriculares: Língua Portuguesa e Arte. Obra em 4 v. do 6o ao 9o ano. Bibliografia. 1. Arte (Ensino fundamental) 2. Português (Ensino fundamental) I. Sanchez, Marisa Martins. CDD-372.5 18-20084 -372.6 Índices para catálogo sistemático: 1. Arte : Ensino fundamental 372.5 2. Português : Ensino fundamental 372.6 Maria Alice Ferreira – Bibliotecária – CRB-8/7964 SUMÁRIO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA COLEÇÃO ........................................................................................IV • Interdisciplinaridade e integração curricular ................................................................................ IV Interdisciplinaridade: um conceito polissêmico .......................................................................................... IV • A interdisciplinaridade no contexto educacional brasileiro ..............................................................V • Possibilidades e desafios da interdisciplinaridade e integração curricular .................................. VII • A interdisciplinaridade nos anos finais do Ensino Fundamental .................................................... VIII Língua Portuguesa e Arte: uma abordagem interdisciplinar ......................................................................IX • A área de Linguagens .............................................................................................................................. IX • Concepção de linguagem em Língua Portuguesa ................................................................................ X A teoria da enunciação: como esta obra se apropria de alguns de seus princípios ................................... X Os agrupamentos de gêneros: uma proposta para viabilizar a progressão curricular ..............................XI Leitura e produção de texto ...................................................................................................................... XIII Oralidade ................................................................................................................................................... XIV Análise linguística/semiótica .................................................................................................................... XIV • Concepção de linguagem em Arte .......................................................................................................XV Matrizes das linguagens artísticas ........................................................................................................... XVI Linguagens artísticas nesta coleção ......................................................................................................... XVI • A avaliação ........................................................................................................................................... XVIII • Práticas pedagógicas .............................................................................................................................XX Competências da BNCC ................................................................................................................................LI ESTRUTURA DA COLEÇÃO ............................................................................................................... LIII LEITURAS COMPLEMENTARES ......................................................................................................... LV BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... LXXIX IV PRINCÍPIOS NORTEADORES DA COLEÇÃO Interdisciplinaridade e integração curricular Na área da Educação, o debate sobre os conteúdos que compõem o currículo escolar, bem como a organização desses conhecimentos, são discussões que estão longe de serem novas. A especialização das áreas de conhecimento, assim como o diálogo e a interação entre elas, é um aspecto que vem sendo discutido há muito tempo, em diferentes contextos socioculturais e político-econômicos. Com base nessa realidade, surgiram diversas críticas relacionadas à fragmentação do conhecimento nas práticas escolares e passaram a ganhar força as organizações de conteúdos que permitem trabalhar as relações entre as diferentes áreas de conhecimento. Nesse sentido, desde o início do século XX, a preocupação com a integração curricular ocorre no campo da Educação. Ideias sobre a necessidade de integrar o conhecimento à realidade dos indivíduos aparecem nas proposições de John Dewey (1859-1952) e, de forma geral, nas teorias progressistas da década de 1920. A partir de 1960, algumas questões sobre a inter-relação das disciplinas começam a ser discutidas mais intensamente e termos como interdisciplinaridade e transdisciplinaridade passam a ganhar força na área da Educação. Conforme aponta Hilton Japiassu1, nesse período as discussões sobre a especialização da produção científica do conhecimento e da diversificação das disciplinas estavam pautadas no papel da educação na perda de contato dos indivíduos com a realidade que, por sua vez, levava à alienação destes na socieda- de, deixando de ter um papel crítico e atuante nas mudanças sociais. E, ainda que coexistam diferentes pontos de vista e linhas de pesquisa sobre a interdisciplinaridade, é consensual a ideia de que o ensino e a aprendizagem baseados nos saberes parcelares não propiciam ao indivíduo o acesso ao conhecimento de maneira que possibilitem a resolução de problemas complexos e sua participação cidadã. Assim, nota-se que o desenvolvimento de uma teoria interdisciplinar está vinculado à necessidade de uma visão inter-relacionada do conhecimento, pressupondo que os fenômenos não se encaixam em uma única área do conhecimento ou disciplina. No entanto, está subjacente à ideia de interdisciplinaridade a existência de disciplinas e a relação entre elas. Nesse sentido, as especificidades disciplinares são essen- ciais para colocar em relação os conhecimentos de outras áreas. E o próprio processo de especialização das áreas do conhecimento está em constante mudança, produzindo horizontes novos no campo do conhecimento científico e gerando novas conexões entre áreas do saber. Destaca-se, ainda, que a escola é também um campo de produção de conhecimento que vem realizando reflexões aprofundadas sobre as concepções de interdisciplinaridade e propondo novos conceitos e práticas sobre essa temática. A partir da década de 1990, é possível perceber uma ampliação das discussões no sentido de estabe- lecer grandes áreas de conhecimento nos currículos escolares da educação básica. Interdisciplinaridade: um conceito polissêmico Desde a década de 1930, o conceito de interdisciplinaridade passou a ser utilizado na área da Educa- ção. Isso ocorreu em meio à discussão sobre a integração curricular para a educação básica nos Estados Unidos, que buscava uma abordagem da interdisciplinaridade, no sentido da “construção de pontes” entre os conteúdos das diferentes disciplinas. De acordo com Joe Garcia2, as discussões sobre interdis- ciplinaridade assumiram duas perspectivas: [...] Uma delas, mais relacionada à discussão epistemológica, produziu avanços ao explorar aquele conceito como um diálogo integrativo entre diferentes disciplinas, entendidas como campos do conhecimento. A outra perspectiva refere-se aos desenvolvimentos relacionados ao currículo da educação básica, na forma de estratégias para a integração entre disciplinas, aqui entendidas 1 JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. 2 GARCIA, J. A interdisciplinaridade segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais. Revista de Educação Pública, Cuiabá, v. 17, n. 35 (p. 363-378), p. 365, set.-dez. 2008. V como as matérias do currículo escolar. É importante destacar que, ao representar um princípio de integração das disciplinas escolares, a ideia de interdisciplinaridade vai estabelecer um modo de pensar e produzir o currículo escolar que contrasta com a tendência tradicional de recorte e especialização do conhecimento. [...] De acordo com Jurjo Torres Santomé3, as relações estabelecidas entre as disciplinas podem apresen- tar diferentes níveis de integração. Esse autor aponta que a classificação mais conhecida a respeito da integração entre as disciplinas foi proposta por Erich Jantsch, em 1979. Nela são utilizados os termos multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade para apresentar os níveis de integração entre as diferentes disciplinas. A respeito da multidisciplinaridade e da pluridisciplinaridade há uma coerência entre as definições propostas por diferentes autores. Assim, a multidisciplinaridade corresponderia a uma justaposição de disciplinas diferentes, sem que se manifestem explicitamente as relações entre elas. A pluridisciplinari- dade é semelhante à definição anterior, porém ocorrem relações complementares entre as disciplinas. Quanto ao termo transdisciplinaridade, notam-se algumas convergências entre as definições no que diz respeito ao grau de integração, que seria máximo neste caso. Além disso, as definições trazem a ideia de que na transdisciplinaridade as barreiras e as distinções entre as disciplinas deixariam de existir. Já a interdisciplinaridade é um conceito com diferentes definições. Na obra Interdisciplinaridade e patologia do saber, Hilton Japiassu4 define que a interdisciplinaridade “caracteriza-se pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de interação real das disciplinas”. A interação real entre as disciplinas, de acordo com Hilton Japiassu e Danilo Marcondes5, pode ocor- rer no nível dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização das disciplinas. Ainda que haja uma diversidade de significados, Juares Thiesen6 sugere que a interdisciplinaridade é uma proposta alternativa, bem como um movimento de resistência à abordagem disciplinar normalizadora, abrindo a possibilidade para a superação da fragmentação dos conhecimentos científicos e dos saberes parcelados. A interdisciplinaridade no contexto educacional brasileiro Assim como em outros países, os temas relacionados à integração curricular e interdisciplinaridade vêm sendo discutidos no Brasil desde a década de 1920. Uma das principais influências foi o movimento Escola Nova, que propunha uma renovação do sistema escolar e uma nova visão de educação. No início da década de 1930, Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando Azevedo publicaram o Mani- festo dos Pioneiros da Educação Nova (1932), no qual aparecem as ideias de John Dewey, um dos principais representantes do movimento escolanovista. Nas décadas de 1940 e 1950 houve algumas iniciativas de or- ganização dos conteúdos por centros de interesse nas séries iniciais das escolas. Nesse tipo de organização, a pretensão era integrar conhecimentos de interesse dos alunos com informações de diferentes disciplinas; assim, em cada centro de interesse eram trabalhados conjuntamente cálculo, leitura e escrita. Na década de 1960, a legislação federal relativa à educação enfatizava a formação dos indivíduos para o mundo do trabalho, privilegiando matérias específicas. Nessa legislação, é possível notar, de forma bastante desarticulada e inconsistente, a presença de ideias interdisciplinares. De acordo com Ivani Fazenda7, a pala- vra “integração” aparece nas leis desse período como sinônimo de concomitância, ordenação e articulação. Uma das primeiras iniciativas de integração curricular como proposta governamental, desse perío- do, diz respeito à disciplina de Estudos Sociais, que buscava integrar conteúdos de História, Geografia, Economia e Sociologia, proporcionando uma visão global da sociedade. 3 SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade. Porto Alegre: Artmed, 1998. 4 Interdisciplinaridade e patologia do saber... op. cit., p. 74. 5 JAPIASSU, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1991. 6 THIESEN, J. da S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, n. 39, p. 545-554, dez. 2008. 7 FAZENDA, I. C. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo: Loyola, 1979. VI Os estudos sobre interdisciplinaridade no Brasil dividem-se em três períodos: década de 1970, quando se inicia o processo de estruturação conceitual básica; década de 1980, marcada por um movimento que caminhou na busca de epistemologias que explicitassem o teórico e o abstrato, a partir do prático e do real; e a década de 1990, momento de definição de uma teoria da interdisciplinaridade. Ainda durante a década de 1980, houve uma retomada das disciplinas específicas e a reformulação curricular em diferentes estados. Foi nesse momento que os currículos de diferentes estados brasileiros passaram a adotar os eixos temáticos. Sem romper com a ideia disciplinar, os eixos temáticos tratavam de temas bastante amplos que permitiam aos professores a utilização de diversos recursos didáticos e a relação com conhecimentos de diferentes áreas. A partir da década de 1990, os documentos oficiais brasileiros passaram a focar na interdisciplina- ridade e na transversalidade, influenciados pela proposta de renovação pedagógica. Nesse sentido, foi possível notar uma ampliação dessas discussões a partir da publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394, em 1996, e da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1998. Além de organizar o ensino brasileiro da Educação Infantil até o Ensino Superior, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação8 dispõe, em seu primeiro artigo, que “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” e que, portanto, o ensino deve preparar tanto para a vida como para o trabalho. Os Parâmetros Curriculares Nacionais propuseram alguns temas para a prática escolar da educação básica que se relacionavam a problemáticas sociais e ambientais e abriram caminho para trabalhar va- lores. Esses temas são chamados transversais. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais9, os temas transversais ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual, trabalho e consumo são amplos e permitem uma diversidade de abordagens, abarcando questões em debate na sociedade e conteúdos relacionados à vida cotidiana dos alunos. Esses temas permitem um envolvimento de diferentes áreas do conhecimento, sendo pra- ticamente impossível trabalhá-los com a visão de apenas uma disciplina. Para alguns autores, os temas transversais são pontes que articulam o conhecimento de senso comum e o conhecimento científico. Nesse sentido, os temas transversais funcionariam como eixos a ser desenvolvidos, por exemplo, em projetos interdisciplinares. Ainda que haja ênfase na relação entre os conhecimentos e se explicitem formas de alcançá-la, os Parâmetros Curriculares Nacionais não adotaram um conceito específico do que é um currículo integrado ou interdisciplinar. Em parte, isso demonstra que esses termos não têm uma única concepção, apesar de ocorrerem muitos pontos de consenso entre eles. Outro aspecto essencial que vem sendo discutido desde o início do século XX é a questão dos conteú- dos curriculares estarem em consonância com a realidade dos alunos. No entanto, essa ideia está mais bem elaborada nos documentos mais recentes, mostrando a influência dos estudos multiculturais e das teorias pós-críticas do currículo. Assim, os conteúdos devem ter conexão e ser adequados ao universo dos alunos, propiciando que estes compreendam as diferentes culturas e a identidade brasileira. A aproximação do indivíduo com o mundo real, que aparece nos princípios da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, encontra na interdisciplinaridade as pos- sibilidades concretas de sua realização. De acordo com Ivani Fazenda10: [...] para o exercício da interdisciplinaridade é necessário pautarmo-nos no argumento do mundo real; [...] A vida, segundo esse argumento, é naturalmente interdisciplinar, portanto, a educação interdisciplinar reflete o mundo real de maneira mais eficiente do que a instrução tradicional [...]. Na recente publicação da Base Nacional Comum Curricular11, notamos também a ênfase ao trabalho interdisciplinar e a proximidade do ensino escolar com a realidade do aluno: 8 BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/96. Artigo 1o. Brasília: MEC, 1996. 9 Op. cit., p. 17. 10 FAZENDA, I. C. (Org.). Didática e interdisciplinaridade. 3. ed. Campinas: Papirus, 1998. p. 117. 11 Op. cit., p. 16. VII [...] BNCC e currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de ensino e das instituições escolares, como também o contexto e as características dos alunos. Essas decisões, que resultam de um processo de envolvimento e participação das famílias e da comunidade, referem-se, entre outras ações, a: [...] • decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortale- cer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem; [...] Assim, ao analisar os documentos oficiais relacionados à educação brasileira, percebe-se a preocupação com a condição humana e a formação integral, havendo uma clara referência à capacidade da Educação de transformar a realidade social e construir uma sociedade justa e solidária. Possibilidades e desafios da interdisciplinaridade e integração curricular A integração de conteúdos, ou integração curricular, tem sido relacionada à ideia de interdisciplina- ridade, sendo muitas vezes tratada como sinônimo. Na educação, muitos estudiosos das teorias do currículo defendem a conexão e a inter-relação entre as áreas do conhecimento. As críticas à organização disciplinar do currículo englobam questões sobre as limitações do processo de ensino-aprendizagem, as relações entre o indivíduo e seu meio e, de forma mais abrangente, as questões sobre democracia. Para Jurjo Torres Santomé12, os currículos disciplinares não valorizam os interesses dos alunos, a inter-relação entre professores e as problemáticas específicas dos meios sociocultural e ambiental dos alunos e dos docentes. Além disso, a estruturação escolar com tempos rigorosamente demarcados e a troca de disciplina desfavorecem a construção de conexões entre os conteúdos. Esse autor aponta ainda que o currículo escolar integrado pode propiciar que os alunos se reconheçam como sujeitos da histó- ria, estimulando o compromisso com a realidade e a participação ativa, responsável, crítica e eficiente. As discussões mais recentes sobre currículo integrado e interdisciplinaridade estão relacionadas às mudanças provocadas pelo processo de globalização. Dentro dessa perspectiva, parece fazer mais sentido um currículo em que os conhecimentos estejam interligados, valorizando uma visão mais abrangente dos fenômenos, da cultura, da história e da sociedade. Dessa maneira, destaca-se a necessidade de reflexão sobre as ideias de interdisciplinaridade, buscando ampliar a discussão para além da minimização das fronteiras entre as disciplinas. Michael Young13 propõe que os limites entre as disciplinas são produtos de ações e interesses humanos, em diferentes contextos históricos. Assim, precisamos entender o processo que levou a determinada organização disciplinar. Da mesma forma, é preciso ter um olhar crítico sobre os desafios e as possibilidades relaciona- dos à integração curricular. José Augusto Pacheco14 aponta para a necessidade de práticas didáticas flexíveis, que considerem diferentes possibilidades e experiências de aprendizagem, além de se ter clareza sobre a diversificação curricular propiciada pela integração. A integração curricular não pressupõe a inexistência da estrutura curricular por disciplinas, mas preserva a construção do campo de conhecimento que é resultante da confluência de diferentes conhecimentos disciplinares, sem fragmentá-los. Nesta perspectiva, não há que se falar em negação das disciplinas mas na busca de uma posição diferente de seu papel que secularmente foi apropriado. É justamente a diversidade de currículos e de orientações teóricas e práticas que tornam ainda mais complexas e necessárias as discussões sobre interdisciplinaridade. 12 Globalização e interdisciplinaridade... op. cit. 13 YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 101, p. 1.287-1.302, set.-dez. 2007. 14 PACHECO, J. A. (Org.). Políticas de integração curricular. Porto: Porto Editora, 2000. VIII Outra questão colocada por Ivani Fazenda15 é a necessidade de um professor com uma atitude interdis- ciplinar, que inclui um comprometimento diferenciado com o conhecimento, com os alunos e com o uso das tecnologias presentes no cotidiano. Assim, a mensagem interdisciplinar expressa pelo professor deve ser clara para o aluno. O trabalho interdisciplinar, de acordo com a autora, vai além de um trabalho coletivo, mas está assentado em mudanças de hábitos, recursos, métodos e práticas. Vale lembrar que estas podem ser justamente as barreiras enfrentadas atualmente para a integração curricular e a promoção da interdiscipli- naridade, visto que a formação docente se apoiou, sobretudo, em currículos organizados disciplinarmente. A interdisciplinaridade nos anos finais do Ensino Fundamental A interdisciplinaridade não deve ser entendida como um conceito único e inequívoco. De acordo com Ivani Fazenda16, ainda que o conceito seja polissêmico e que deva ser percebido no contexto de sua realização, a interdisciplinaridade viabiliza a desfragmentação dos saberes, no sentido de criar espaços de diálogo entre as disciplinas e, com isso, permitir identificar a unidade nos diferentes conhecimentos. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica17, na seção sobre o Ensino Fundamental de nove anos, a articulação entre as diferentes áreas do conhecimento é destacada como um dos pontos que devem ser promovidos nas práticas pedagógicas. A Base Nacional Comum Curricular18 reforça a questão do trabalho com temas que vão ao encontro dos anseios dos jovens. [...] A compreensão dos estudantes como sujeitos com histórias e saberes construídos nas interações com outras pessoas, tanto do entorno social mais próximo quanto do universo da cultura midiática e digital, fortalece o potencial da escola como espaço formador e orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa. Nessa direção, no Ensino Fundamental – Anos Finais, a escola pode contribuir para o deli- neamento do projeto de vida dos estudantes, ao estabelecer uma articulação não somente com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro, como também com a continuidade dos es- tudos no Ensino Médio. Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no futuro, e de planejamento de ações para construir esse futuro, pode representar mais uma possibilidade de desenvolvimento pessoal e social. Ela também coloca como objetivo desse trabalho a compreensão progressiva das temáticas por meio de “práticas mais sistematizadas de formulação de questionamentos, seleção, organização, análise e apresentação de descobertas e conclusões”19. O trabalho com temas contemporâneos, transversalidade e interdisciplinaridade também aparece em destaque na Base Nacional Comum Curricular20: [...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferen- cialmente de forma transversal e integradora. Entre esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente (Lei no 8.069/1990), educação para o trânsito (Lei no 9.503/1997), educação am- biental (Lei no 9.795/1999, Parecer CNE/CP no 14/2012 e Resolução CNE/CP no 2/2012), educação alimentar e nutricional (Lei no 11.947/2009), processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei no 10.741/2003), educação em direitos humanos (Decreto no 7.037/2009, Parecer CNE/CP no 8/2012 e Resolução CNE/CP no 1/2012), educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis no 10.639/2003 e 11.645/2008, Parecer CNE/CP no 3/2004 e Resolução CNE/CP no 1/2004), bem como saúde, vida familiar e social, educação para o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer CNE/CEB no 11/2010 e Resolução CNE/CEB no 7/2010). [...] 15 Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa... op. cit. 16 Didática e interdisciplinaridade... op. cit. 17 BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC/SEB/DICEI, 2013. 18 Op. cit., p. 60. 19 Op. cit., p. 62. 20 Op. cit., p. 19. IX Língua Portuguesa e Arte: uma abordagem interdisciplinar Com base nos fundamentos teóricos apresentados anteriormente, procuramos materializar nesta coleção o que depreendemos de uma abordagem interdisciplinar na área de Linguagens. Para isso, selecionamos temáticas do dia a dia que abordam questões relevantes para a formação dos jovens estudantes, como cidadania, legislação, direitos, sociedade, consumo, sustentabilidade, bullying, preconceito, respeito etc. Por meio delas, apresentamos a intersecção das linguagens no tratamento dos diferentes objetos de conhecimento a fim de alcançarmos as competências necessárias para o enfrenta- mento da realidade e para uma leitura de mundo mais conectada e interdependente. Além disso, a coleção também oferece um conjunto de materiais digitais constituídos de um plano de desenvolvimento, que apresenta uma visão geral de cada livro e orienta o trabalho do professor no sentido da gestão das aulas e no enfoque das habilidades essenciais para a continuidade do aprendiza- do; sequências didáticas com propostas de atividades interdisciplinares que complementam o trabalho desenvolvido em cada livro; avaliações que permitem acompanhar a aprendizagem dos estudantes; e objetos educacionais digitais (OEDs), que dispõem de forma dinâmica, interativa e atual a aplicação dos objetos de conhecimento tratados nos livros. A área de Linguagens As últimas tendências educacionais, expressas tanto em documentos internacionais quanto nacio- nais, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), destacam como prioridades para a Educação Básica o domínio da linguagem e da língua e a interação crítica com a complexidade do mundo como competências necessárias ao respeito às diferenças e ao diálogo intercultural, pluriétnico e plurilíngue, importantes para a construção da cidadania. Nesse sentido, a leitura proficiente e a produção competente de textos orais e escritos e a utilização de diferentes linguagens – verbal, corporal, visual, sonora e digital – para se expressar apresentam-se como requisitos básicos não só para o desenvolvimento pessoal, mas também para a participação efetiva na sociedade; e, portanto, devem ocupar um lugar prioritário em nossas metas educacionais. Considerando que o objeto de estudo dos componentes curriculares Língua Portuguesa e Arte são a linguagem e os conhecimentos, processos e técnicas produzidos e acumulados ao longo do tempo nas várias linguagens, incluindo as artísticas, a BNCC pretende que se organize o ensino de modo que o aluno possa desenvolver seus conhecimentos discursivos, linguísticos e artísticos, sabendo: • ler e escrever conforme seus propósitos e demandas sociais; • expressar-se apropriadamente em situações de interação oral diferentes daquelas próprias de seu universo imediato; • refletir sobre os fenômenos da linguagem, particularmente os ligados à questão da variedade lin- guística, combatendo a estigmatização, a discriminação e os preconceitos relativos ao uso da língua; • compreender as linguagens artísticas como construção humana, histórica, social e cultural; • explorar práticas de linguagens artísticas para ampliar sua participação na vida social e na cons- trução de uma sociedade democrática e inclusiva; • reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais. Em síntese, para a BNCC21: [...] a área de Linguagens é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e, no Ensino Fundamental – Anos Finais, Língua Inglesa. A finalidade é possibilitar aos estudantes participar de práticas de linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil. 21 Op. cit., p. 61; 203. X [...] Desse modo, espera-se que o componente Arte contribua com o aprofundamento das aprendizagens nas diferentes linguagens – e no diálogo entre elas e com as outras áreas do conhecimento –, com vistas a possibilitar aos estudantes maior autonomia nas experiências e vivências artísticas. Concepção de linguagem em Língua Portuguesa Tendo em vista os princípios que devem orientar o ensino da língua materna, é pressuposto que a concepção de linguagem que deve embasar o trabalho é a de linguagem como lugar e processo de interação, o que está de acordo com a visão apresentada na BNCC22: As atividades humanas realizam-se nas práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporanea- mente, digital. Por meio dessas práticas, as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais. Nessas interações, estão imbricados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais e éticos. A linguagem, nessa concepção, é vista como um processo essencialmente vinculado às atividades humanas. Sua função é propiciar as trocas entre os indivíduos e favorecer a interação social, a comuni- cação dialógica. Tal concepção é construída a partir da teoria enunciativo-discursiva, que tem como precursor Mikhail Bakhtin. Esse autor e os demais teóricos dedicados aos estudos dessa teoria entendem que o que importa no estudo da língua são os usos que os sujeitos fazem dela nas mais diversas situações sociais. Direta- mente ligada ao contexto no qual é produzida, a linguagem apresenta marcas que indicam a situação de enunciação: quem fala, para quem fala, o que fala, com que finalidade, em que situação e em que tempo. Portanto, nessa perspectiva, estudar a língua é entender como se dão os processos de interação para depois poder compreender seu produto final: os enunciados – entendidos como os textos, orais e escritos, resultantes de tais processos de interação. A teoria da enunciação: como esta obra se apropria de alguns de seus princípios Todas as situações sociais estão relacionadas ao uso de alguma linguagem e se realizam em diferen- tes esferas (de acordo com as diversas atividades humanas). Cada esfera elabora enunciados próprios e característicos dos tipos de trocas verbais que acontecem nas atividades realizadas, sejam orais ou escritas. Consequentemente, cada um desses enunciados organiza-se como um texto e, dependendo da esfera em que esses textos são produzidos e da finalidade comunicativa que têm, assume formas específicas a que a teoria da enunciação chama de gêneros do discurso. Assim, por exemplo, produzem-se textos na esfera escolar que se configuram como provas, redações escolares, resumos, diários de classe, fichas de matrícula, planos de ensino etc.; na esfera jornalística, os textos podem assumir a forma de notícia, editorial, artigo de opinião, reportagem etc.; na esfera literária, podem ser organizados como romances, crônicas, poemas, contos etc.; na esfera jurídica, elaboram-se textos como petições, alvarás, recursos, mandados de segurança etc. A BNCC23, como forma de organização do currículo, traz os campos de atuação, numa aproximação com as esferas discursivas. Nos anos finais do Ensino Fundamental, eles são quatro: campo artístico-lite- rário, campo das práticas de estudo e pesquisa, campo jornalístico midiático e campo de atuação na vida pública. Como se pode constatar pela nossa experiência na produção de textos nesses diferentes gêneros, todo texto produzido tem um autor – seja ele o falante (texto oral) ou quem escreve (texto escrito) –, um destinatário, uma finalidade e uma esfera de circulação – ou campo de atuação, podemos considerar. Esses diferentes textos são produzidos por nós em diferentes situações. Eles são, portanto, produtos da interação entre os falantes envolvidos. E entender o texto como produto de interação é pensá-lo, 22 Op. cit., p. 61. 23 Op. cit., p. 61; 203. XI então, como unidade real, concreta, da comunicação verbal. Para compreendê-lo, será importante recuperar, por um lado, os elementos verbais que compõem esse texto organizado em um determina- do gênero e, por outro, os elementos do contexto (sociopragmáticos) em que foi produzido (quem produziu, para quem, com que finalidade etc.), os quais possibilitam melhor compreensão dos sentidos possíveis. No trabalho com os diferentes textos, em muitos momentos procurou-se garantir que os dois ele- mentos – os verbais e os sociopragmáticos – sejam levados em conta, estabelecendo entre eles uma relação dialógica e promovendo reflexões que procuram associar as escolhas verbais com as finalidades e o leitor previsto, por exemplo. Os agrupamentos de gêneros: uma proposta para viabilizar a progressão curricular Uma vez que se tenha decidido tomar o texto como unidade central para o ensino-aprendizagem em Língua Portuguesa (em consonância com o que preconiza a BNCC24), e considerando que os gêneros de discurso possibilitam esse trabalho, surge um desafio: como articular essa opção com a necessidade de promover a progressão curricular ao longo dos níveis de escolaridade? Em um conhecido trabalho a esse respeito, Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz25 afirmam que, por sua diversidade, seu número muito grande e sua impossibilidade de sistematização, os gêneros não servem de base para pensarmos em uma progressão curricular. Nas palavras dos autores, “não há eixo de continuidade que permitiria pensar a construção de capacidades, senão aquele de dominar cada vez melhor um gênero, e outro, e outro e, por meio deles, a arte de escrever em geral” – o que representaria um retrocesso ao tempo em que o ensino era baseado em tipos textuais, e os alunos primeiro dominavam a descrição, depois a narração e, por fim, a dissertação, percorrendo uma linha supostamente ascendente de complexidade. Para superar esse impasse, os autores propõem aos professores de língua materna que optam pelo traba- lho com gêneros do discurso um enfoque de agrupamento de gêneros como instrumento para construir a progressão. De acordo com Schneuwly e Dolz, os agrupamentos de gêneros têm as seguintes vantagens: • correspondem às grandes finalidades sociais legadas ao ensino, que respondem às necessidades de linguagem em expressão escrita e oral, em domínios essenciais da comunicação em nossa sociedade (inclusive a escola); • retomam, de modo flexível, certas distinções tipológicas que já figuram em muitos manuais escolares e são bem conhecidas dos professores (como narração, argumentação, exposição); • são relativamente homogêneos quanto às capacidades de linguagem dominantes implicadas na mestria dos gêneros agrupados. Os autores enfatizam a importância desta última característica para a construção da progressão. Pense- mos, por exemplo, em um dos agrupamentos propostos por eles: o dos gêneros que circulam no domínio social da “discussão de problemas sociais controversos” e que, do ponto de vista tipológico, poderiam ser categorizados como “argumentativos”. Exemplos de gêneros orais e escritos nesse agrupamento são a carta de leitor, o debate regrado, a assembleia, a resenha crítica, o editorial e o ensaio. Ora, em todos esses gêneros, é exigida e exercida predominantemente a capacidade linguística de “sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição”. Poderíamos, portanto, estabelecer como objetivo didático que, ao fim do Ensino Fundamental, nossos alunos tivessem essa capacidade linguística suficientemente desenvolvida. Vale enfatizar que a progressão não é linear, ou seja, não se pretende construir a capacidade linguística dominante em certo agrupamento de gêneros, depois a capacidade dominante em outro, e assim por diante. Em vez disso, a proposta é abordar todos os agrupamentos (ou pelo menos boa parte deles) a cada nível de escolaridade, depois voltar a eles no nível seguinte de maneira mais aprofundada, e assim por diante até o fim do ciclo. Desse modo, teremos uma progressão em espiral, que se enriquece e ganha complexidade a cada volta que dá sobre si. 24 Op. cit., p. 65. 25 SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004. XII A proposta de agrupamento de gêneros de Schneuwly e Dolz está em consonância com a BNCC26, que, embora apresente nas habilidades estabelecidas a cada ano os gêneros que devem ser estudados, faz concessões: Por conta dessa natureza repertorial, é possível tratar de gêneros do discurso sugeridos em outros anos que não os indicados. Embora preveja certa progressão, a indicação no ano visa antes garantir uma distribuição adequada em termos de diversidades. Assim, se fizer mais sentido que um gênero mencionado e/ou habilidades a ele relacionadas no 9o ano sejam trabalhados no 8o, isso não configura um problema, desde que ao final do nível a diversidade indicada te- nha sido contemplada. Mesmo em relação à progressão das habilidades, seu desenvolvimento não se dá em curto espaço de tempo, podendo supor diferentes graus e ir se complexificando durante vários anos. Os agrupamentos de gêneros propostos por Schneuwly e Dolz são cinco, conforme descritos breve- mente no quadro a seguir. Domínios sociais de comunicação ASPECTOS TIPOLÓGICOS Capacidade de linguagem dominante Exemplos de gêneros orais e escritos Cultura literária ficcional NARRAR Mimesis da ação através da criação de intriga Conto maravilhoso, fábula, lenda, narrativa de aventura, narrativa de ficção científica, narrativa de enigma, novela fantástica, conto parodiado Documentação e memorização das ações humanas RELATAR Representação pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo Relato de experiência vivida, relato de viagem, testemunho, curriculum vitae, notícia, reportagem crônica esportiva, ensaio biográfico Discussão de problemas sociais controversos ARGUMENTAR Sustentação, refutação e negociação de tomadas de posição Texto de opinião, diálogo argumentativo, carta do leitor, carta de reclamação, deliberação informal, debate regrado, discurso de defesa (adv.), discurso de acusação (adv.) Transmissão e construção de saberes EXPOR Apresentação textual de diferentes formas dos saberes Seminário, conferência, artigo ou verbete de enciclopédia, entrevista de especialista, tomada de notas, resumo de textos “expositivos” ou explicativos, relatório científico, relato de experiência científica Instruções e prescrições DESCREVER AÇÕES Regulação mútua de comportamentos Instruções de montagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de uso, instruções Nesta coleção, buscou-se contemplar os agrupamentos relativos à cultura literária ficcional (esfera do narrar), à documentação e memorização das ações humanas (esfera do relatar), à discussão de problemas sociais controversos (esfera do argumentar) e à transmissão e construção de saberes (esfera do expor). A poesia, que, nas palavras dos autores mencionados, não foi incluída na classificação porque “não pode, absolutamente, ser tratada como agrupamento de gêneros” – e alguns gêneros especiais, que se ca- racterizam pelo aspecto multimidiático (histórias em quadrinhos, anúncios publicitários e infográficos), manifestado principalmente na integração entre linguagem verbal e não verbal, foram também explorados. Além disso, a coleção foi pensada de modo a acolher as propostas contidas nas habilidades da BNCC27 para esta etapa da escolarização e os pontos de vista expressos sobre a necessidade de serem trabalhados, cada vez mais, textos multimodais e multissemióticos, pois28: 26 Op. cit., p. 73-74. 27 Op. cit., p. 68. 28 Op. cit., p. 68. SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 60-61. XIII a BNCC procura contemplar a cultura digital, diferentes linguagens e diferentes letramentos, desde aqueles basicamente lineares, com baixo nível de hipertextualidade, até aqueles que envolvem a hipermídia. Com essa opção, espera-se proporcionar aos alunos oportunidades de, por um lado, reconhecer as particularidades da expressão poética, desenvolvendo sua sensibilidade e seu senso estético e, por outro, identificar as características e potencialidades dos gêneros multimidiáticos, cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Leitura e produção de texto Considerando a concepção de linguagem aqui assumida, a coleção parte do princípio de que leitura e produção de texto são processos de interação entre falantes e, como tais, constituem-se em processos de produção de sentidos: seja como leitores de textos que, no processo de compreensão e apreciação, relacionam seus conhecimentos e experiências anteriores com as ideias ou informações organizadas e apresentadas por um autor, seja como produtores de textos que se utilizam da língua para construir os sentidos desejados, levando em conta um determinado perfil de leitor. Para que esses processos de produção de sentidos se tornem cada vez mais eficientes, é fundamental o desenvolvimento da competência comunicativa que envolve a competência leitora e escritora do aluno. Consequentemente, para o desenvolvimento de tais competências, várias capacidades29 são requeridas, conforme disposto a seguir. • Capacidades de decodificação, que envolvem desde a compreensão da natureza alfabética do nosso sistema de escrita até a ampliação da sacada do olhar – de meras palavras para porções maiores de texto –, a fim de desenvolver a fluência e a rapidez de leitura. Essas capacidades já devem estar razoavelmente desenvolvidas ao final dos anos iniciais do Ensino Fundamental. • Capacidades de compreensão do que se lê, que envolvem: • ativar conhecimentos prévios a respeito do que será lido; • levantar hipóteses sobre conteúdos ou propriedades dos textos; • checar hipóteses durante a leitura; • localizar e/ou copiar informações na leitura; • comparar e generalizar informações; • produzir inferências. • Capacidades de compreensão do assunto sobre o qual se escreve, que envolvem: • ativar conhecimentos prévios a respeito do assunto que será abordado na produção escrita; • acessar os conhecimentos construídos no que respeita às propriedades dos tipos e gêneros tex- tuais para a produção; • acessar os procedimentos necessários para busca e seleção de informações e para o planejamento e execução da produção de um texto. • Capacidades de apreciação e réplica, tanto para a leitura quanto para a produção, que envolvem: • recuperar o contexto de produção do texto ou considerá-lo na produção de um texto; • ter claras as finalidades e as metas da atividade de leitura ou de escrita; • perceber ou criar relações de intertextualidade e de interdiscursividade; • perceber ou usar outras linguagens como elementos constitutivos para a construção dos sentidos dos textos; • elaborar apreciações estéticas e/ou afetivas a respeito do que lê ou sobre o assunto que escreve; • elaborar apreciações relativas a valores éticos e/ou políticos a respeito do que lê ou sobre o assunto que escreve. 29 A relação de capacidades apresentadas, voltadas para a leitura, está baseada em: ROJO, R. Letramento e capacidades de leitura para a cidada- nia. São Paulo: SEE/CENP, 2004. Texto apresentado em congresso realizado em maio de 2004. XIV Na BNCC30, é expressa a necessidade de articulação para o trabalho com leitura – e, a nosso ver, também com produção de texto: • da diversidade dos gêneros textuais escolhidos e das práticas consideradas em cada campo; • da complexidade textual que se concretiza pela temática, estruturação sintática, vocabulá- rio, recursos estilísticos utilizados, orquestração de vozes e linguagens presentes no texto; • do uso de habilidades de leitura que exigem processos mentais necessários e progressiva- mente mais demandantes, passando de processos de recuperação de informação (identifi- cação, reconhecimento, organização) a processos de compreensão (comparação, distinção, estabelecimento de relações e inferência) e de reflexão sobre o texto (justificação, análise, articulação, apreciação e valorações estéticas, éticas, políticas e ideológicas); • da consideração da cultura digital e das TDIC; • da consideração da diversidade cultural, de maneira a abranger produções e formas de expressão diversas, a literatura infantil e juvenil, o cânone, o culto, o popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, as culturas juvenis etc., de forma a garantir ampliação de repertório, além de interação e trato com o diferente. Por esse motivo, a preocupação com a formação de leitores e escritores proficientes, nesta coleção, está na base da formulação de um trabalho de leitura e de produção de texto que supõe um trabalho sistemático com diferentes tipos e gêneros. A coleção também se preocupa com a leitura e a escrita em situações de estudo ou pesquisa que en- volvem ensino e aprendizagem de procedimentos de busca e seleção e organização de informações. Os momentos privilegiados para isso estão nas criações apresentadas em cada um dos volumes. Também procuramos, sempre que possível e adequado ao gênero, sugerir que os textos produzidos pelos alunos sejam publicados e circulem em meio digital. Oralidade A BNCC31 enfatiza que [...] uma face do aprendizado da Língua Portuguesa decorre da efetiva atuação do estudante em práticas de linguagem que envolvem a leitura/escuta e a produção de textos orais, escritos e multissemióticos, situadas em campos de atuação específicos Nesta coleção, é proposto um trabalho consistente de escuta e, principalmente, produção de textos orais em contextos públicos, enfatizando os procedimentos de preparação prévia e monitoramento simultâneo da fala. Esse trabalho é realizado nas seções “Produção de texto” em que são trabalhados gêneros orais e “Criação em equipe” presentes em cada volume, conforme detalhado adiante. Análise linguística/semiótica O trabalho com os conhecimentos linguísticos procura apresentar a descrição do funcionamento da língua ou fornecer subsídios para o domínio das normas urbanas de prestígio; e propor uma prática reflexiva sobre a língua. Por meio da observação analítica e reflexiva da língua em seus diversos usos, em diferentes situações de comunicação, o aluno é levado a compreender as relações existentes entre elementos de ordem gramatical e seu papel na produção de sentido de textos. No entanto, ao comentar sobre esse eixo, a BNCC32 esclarece que: A separação dessas práticas (de uso e de análise) se dá apenas para fins de organização cur- ricular, já que em muitos casos (o que é comum e desejável), essas práticas se interpenetram e se retroalimentam. 30 Op. cit., p. 73. 31 Op. cit., p. 78. 32 Op. cit., p. 80. XV Nesta coleção, buscamos promover a análise linguística/semiótica de forma conectada com outros eixos na subseção “De olho na construção dos sentidos”, que faz parte de “Estudo do texto”, assim como em questões na subseção “Depois de ler”, na seção “Produção de texto”. Nelas são explorados os mecanismos linguísticos empregados para produzir sentidos no texto lido. Na seção “Estudo da língua” é feita a apresentação das classificações gramaticais e da nomen- clatura, seguida por questões de análise e reflexão sobre como os recursos ali apresentados podem contribuir para a construção dos sentidos do texto (ver mais a respeito desse tópico em “Estrutura da coleção”). Concepção de linguagem em Arte A Arte é uma manifestação de linguagem que possui funções de comunicação e de expressão. A partir de um conceito ou sentimento ainda sem forma ou nome, o artista manipula instrumentos e materiais na expectativa de conseguir dar forma ao conteúdo de suas ideias e, assim, provocar uma reação na pessoa que entrará em contato com sua obra. Não basta ter uma boa ideia: o artista precisa dominar os instrumentos e os códigos que concretizarão seu pensamento para poder se expressar. Segundo Mikhail Bakhtin33, [...] Expressão é tudo aquilo que, tendo se formado e determinado de alguma maneira no psiquismo do indivíduo, exterioriza-se objetivamente para outrem com a ajuda de algum código de signos exteriores. A expressão comporta, portanto, duas facetas: o conteúdo (interior) e sua objetivação exterior para outrem (ou também para si mesmo). Assim, toda obra de arte possui uma materialidade (visual e/ou sonora) e se constrói a partir de có- digos – como movimentos, notas, timbres, gestos, formas, linhas, cores etc. – carregados de conteúdos que serão interpretados pelo espectador. Nas linguagens artísticas – Artes visuais, Teatro, Dança e Música –, as obras de arte (materialidades) estão inseridas em determinados contextos sociais, assim como os sujeitos participantes do fenômeno artístico: os artistas e o público. E existem múltiplas formas de linguagem, algumas são verbais e outras são não verbais. Uma determinada linguagem artística pode apresentar elementos de outras linguagens. No teatro, por exemplo, podemos encontrar as linguagens visual, materializada nos corpos dos atores, no figurino, no cenário, na iluminação, nos objetos cênicos, na maquiagem etc.; sonora, representada pelos sons produzidos ou emitidos em cena, como canções e músicas; gestual; verbal, tanto oral quanto escrita (textos falados, cantados ou projetados ao longo do espetáculo); textos usados para divulgação do espetáculo, como cartazes, críticas, comentários, reportagens etc. E, por ser uma manifestação de linguagem, a Arte necessita que seus códigos e signos sejam aprendidos e treinados tanto pelos artistas quanto pelo público. Para Pierre Bourdieu e Alain Darbel34, a riqueza da percepção e apreciação de uma obra de arte depende da competência do público de entender o código da linguagem utilizada. Para eles: A obra de arte considerada enquanto bem simbólico não existe como tal a não ser para quem detenha os meios de apropriar-se dela, ou seja, de decifrá-la. O grau de competência artística de um agente é avaliado pelo grau de seu controle relativo ao conjunto dos instrumentos da apro- priação da obra de arte, disponíveis em determinado momento do tempo, ou seja, os esquemas de interpretação que são a condição da apropriação do capital artístico, ou, em outros termos, a condição da decifração das obras de arte oferecidas a determinada sociedade, em determinado momento do tempo [...]. Ainda sobre esse fato, Bourdieu e Darbel esclarecem que quando o espectador não domina o sistema de decifração estética deixa de perceber a obra em sua “integridade”35: 33 BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. 9. ed. São Paulo: Hucitec/Annablume, 2002, p. 111. 34 BOURDIEU, P.; DARBEL, A. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. São Paulo: Edusp/Zouk. 2003, p. 71. 35 Op. cit., p. 80. XVI Privados do “conhecimento do estilo” e da “teoria dos tipos” – únicos procedimentos capazes de corrigir, respectivamente, a decifração do sentido fenomenal e do sentido do significado –, os sujeitos menos cultos estão condenados a apreender as obras de arte em sua pura materialidade fenomenal, ou seja, à maneira de simples objetos de mundo; e se eles se sentem tão fortemente inclinados a procurar e exigir o realismo da representação é porque, entre outras razões, despro- vidos de categorias específicas de percepção, não podem aplicar às obras senão a “cifra” que lhes permite apreender os objetos de seu meio ambiente cotidiano como dotados de sentido. Portanto, não existe obra de arte universal, que será compreendida ou entendida por todas as pessoas da mesma forma. O que para nós é música, para povos de outras culturas pode ser simples “barulho”. Nesse sentido, cabe à escola fornecer esses meios de apropriação, uma vez que a origem dos alunos é diversa e, enquanto para alguns essa linguagem pode ser familiar, para a grande maioria pode não o ser. Matrizes das linguagens artísticas Cada linguagem artística, por sua vez, é formada por uma hibridação de matrizes, embora, geralmente, em cada uma delas seja possível identificar uma com destaque maior. Dessa forma, podemos dizer que nas artes visuais como pintura, escultura, fotografia, arquitetura destaca-se a matriz visual; já em obras cinéticas ou nas que marcam de algum modo o passar do tempo encontramos traços da matriz sonora. Na música destaca-se a matriz sonora, porém, quando ela é executada em um espetáculo, por exemplo, a matriz visual também está presente no corpo dos músicos e nos instrumentos musicais. Da literatura destaca-se a matriz verbal, mas também podemos ter a matriz visual presente tanto na imaginação do leitor quanto nas fotos e/ou ilustrações que acompanham o texto. O teatro e o cinema, além da matriz verbal do texto, apresentam as matrizes visual e sonora. Na dança, as matrizes que se destacam são a visual e a sonora. A discursividade está presente em todas as linguagens artísticas. Por exemplo, em teatro, ela se faz presente nos textos orais e escritos, nos figurinos, nos cenários, na passagem do tempo nas cenas, nas músicas etc. Na dança, ela é construída por um somatório de elementos, como gêneros e técnicas cor- porais, música, cenário, figurino, iluminação etc. Segundo Cássia Navas36, além desses elementos, Na dança afastada da intenção de comunicar conteúdos que não sejam aqueles de sua própria estrutura, está impresso o traço primordial, a grafia que cada bailarino escreve com sua presen- ça, simplesmente por estar em cena, grafia escrita em seus corpos, fruto de articulação entre o herdado e o adquirido, entre natureza e cultura. [...] Na música, a discursividade pode estar presente na temática empregada na letra de uma canção ou no que serviu de inspiração para a composição orquestral. Eduardo Seincman37 discorre sobre essa relação das músicas e canções com a comunicação humana, embora suas afirmações possam ser expandidas para todas as linguagens artísticas: Entendo comunicação musical como duas palavras inseparáveis por natureza, já que a mú- sica é escrita e interpretada em função de sua comunicabilidade, de sua interação com todos os agentes que a realizam enquanto fenômeno material – autores, obras, intérpretes, ouvintes – e imaterial – história, cultura, repertório, visão de mundo. Linguagens artísticas nesta coleção Artes visuais As Artes Visuais são formadas por diversas modalidades de expressão, como a pintura, o desenho, a escultura, a gravura, a arquitetura, o artesanato, a fotografia, as artes gráficas, o cinema e as linguagens tecnológicas oriundas da computação. 36 NAVAS, C. Dança: escritura, análise e dramaturgia. In: Anais do II Congresso da Abrace. Salvador: UFBA. 2002. 37 SEINCMAN, E. Estética da comunicação musical. São Paulo: Via Leterra, 2008, p. 69. XVII Os temas e as atividades propostas nesta coleção partem das recomendações da Base Nacional Co- mum Curricular de oferecer uma ampla possibilidade de experiências de criação, articulando percepção, imaginação, sensibilidade e produção artística, tanto individual quanto coletiva. Os conteúdos de Artes Visuais são propostos a partir de temas da arte e da cultura, procurando trazer à tona os mecanismos de produção de cada modalidade. Os conteúdos específicos que resultam dessas abordagens nunca são isolados nem encerram em si mesmos. A cada nova abordagem, eles são retoma- dos e ampliados, o que demanda a aplicação de competências e habilidades que o aluno vai adquirindo e aperfeiçoando ao longo do curso. Teatro O teatro é uma linguagem plural por excelência, já que, para existir, é necessário que haja no mínimo um intérprete e um espectador. É, portanto, uma rica oportunidade para promover o bom relacionamento, a colaboração, a solidariedade e o fortalecimento de laços entre os alunos. Na proposta de ensino de Arte desta coleção, o teatro é estruturado em seus três elementos básicos: ator, texto e público. Por meio de textos dramáticos, os alunos são instigados a tornar-se tanto intérpretes como espectadores. Por meio da apreciação das cenas e das dramatizações criadas pelos grupos, é possível discutir com os alunos os mecanismos da comunicação e apresentar os outros elementos da linguagem teatral − fi- gurinos, maquiagem, cenários, sonoplastia e iluminação. Alguns professores tendem a não valorizar essas manifestações, mas é importante lembrar que o teatro acontece de muitas formas. O importante é valorizar as ideias dos alunos, estimulando o debate, a criatividade e a imaginação. Dança A dança é uma excelente oportunidade para entrar em contato com as diversas tradições culturais da humanidade. Presente em todas as civilizações, ela sempre fez parte do trabalho, das religiões e do cotidiano de diferentes povos. Portanto, a relação da dança com a cultura popular é um meio de adentrar o universo dessa linguagem. O movimento está muito presente no cotidiano dos alunos e é associado ao prazer e à espontaneidade. Correr, pular, bater palmas e gesticular com ritmo são ações que devem estar integradas às atividades de dança, colaborando na aquisição de um vocabulário expressivo. As atividades relacionadas a essa linguagem não procuram ensinar uma técnica específica ou formar dançarinos, mas desenvolver nos alunos um entendimento de como seu corpo se movimenta, ajudan- do-os a percebê-lo como suporte expressivo e sensível. Para isso, é importante valorizar as atividades de improvisação e criação, a exploração dos movimentos e a consciência corporal. É importante também que, independentemente do ritmo ou da atividade prática proposta, o professor realize um aquecimento corporal com os alunos. Além de prepará-los para as exigências físicas, o aquecimento serve como estratégia de concentração e atenção. Após o término da ativi- dade de dança, é importante também encerrar a aula com exercícios que estimulem o relaxamento físico e emocional. Música A música talvez seja a linguagem artística mais presente na vida dos alunos. Em casa, no trajeto até a escola, em festas, eles estão constantemente em contato com esse tipo de manifestação. Na escola, porém, essa proximidade não é tão frequente. O ensino proposto nesta coleção oferece conteúdos ligados à percepção, à criatividade, à imaginação e às diversas capacidades que envolvem o universo sonoro. Uma das finalidades da linguagem musical é estabelecer pontos de contato entre o mundo exterior e o que se aprende em sala de aula. Nesse sentido, a percepção e a análise de diferentes paisagens sonoras, a valorização do silêncio como um elemento imprescindível para a prática musical, a reflexão sobre a excessiva contaminação acústica, e o estudo dos parâmetros do som e sua aplicação aos âmbitos não musicais incidem diretamente na aquisição desta competência. XVIII Assim, os alunos serão apresentados às propriedades dos sons, aos instrumentos musicais, às notações de sons e à dimensão poética da música. Essa linguagem oferece ainda a possibilidade de apresentar aos alunos a riqueza dos ritmos do Brasil e do mundo. Para que a aprendizagem dessa linguagem seja significativa, porém, deve-se dar aos alunos a oportunidade de participar como ouvintes, intérpretes e improvisadores em diversos espaços sociais, como público de espetáculos profissionais ou fazer parte de manifestações musicais. Trabalhar com música é, antes de mais nada, trabalhar com sons e silêncios. Os alunos têm grande capacidade de invenção. Criar sequências sonoras é natural para muitos deles. É comum vermos alunos que transformam tudo o que leem em música, inventando ou parodiando canções populares, brincando com os sons e os ritmos. É importante valorizar tais características. A im- provisação e a composição são muito importantes no processo de musicalização, e o engajamento desses alunos em pequenos grupos ou com a classe toda pode ajudar os colegas a desenvolver seus talentos nessa linguagem. Para finalizar, é importante que o professor não negligencie o repertório musical dos alunos. Acatar as propostas deles significa respeitá-las e valorizá-las. No entanto, acreditamos que é importante trabalhar também com um repertório novo, ampliando os conhecimentos dos alunos e contribuindo para que todos reconheçam a importância do contato com novas culturas e novas sonoridades. A avaliação Toda e qualquer atividade educativa escolar apresenta-se como uma atividade intencional: responde a algum objetivo previamente definido e pretende alcançar um resultado específico. Isso significa que, a cada atividade preparada e executada em sala de aula (ações que dizem respeito ao ensino), espera-se como resultado um certo aprendizado por parte do aluno. Sendo assim, faz parte do processo de ensino-aprendizagem verificar se a ação pedagógica corresponde às intenções, ou seja, se aquilo que foi definido como objetivo se concretizou nos resultados esperados pela ação pedagógica desenvolvida pelo professor. Entende-se, portanto, a avaliação como um processo contínuo de melhoria do ensino-aprendiza- gem por meio da identificação dos problemas e avanços que podem possibilitar redimensionamentos e continuidades do processo educativo. Partindo dessa premissa, a avaliação estaria desempenhando as funções apontadas por César Coll38: permitir ajustar a ajuda pedagógica às características individuais dos alunos, por meio de aproximações sucessivas; e permitir determinar o grau em que foram atingidas as intenções do Projeto Curricular. Essa concepção de avaliação parte do pressuposto de que as diferenças são positivas e fundamen- tais para o crescimento dos sujeitos no processo. Cada aluno que chega à escola traz consigo, além das características pessoais, diferentes experiências vividas, conforme o ambiente sociocultural e familiar em que vive. Cabe ao educador, portanto, conhecer tais diferenças para considerá-las e aproveitá-las no planejamento da ação pedagógica. Para esse conhecimento, a primeira necessidade do professor é tentar responder às seguintes pergun- tas: “Que sabem meus alunos em relação ao que quero ensinar?”, “Que experiências tiveram?”, “O que são capazes de aprender?”. Esse momento é entendido como o da avaliação diagnóstica, que deve ser realizada a cada nova fase de aprendizagem (a cada novo conteúdo). Ao longo do processo de ensino-aprendizagem, o professor poderá notar progressos, dificuldades e bloqueios que serão fundamentais para redimensionar o que foi planejado e adaptá-lo às novas neces- sidades que surgem. Esse processo contínuo de observação refere-se ao que César Coll classifica como a dimensão formativa da avaliação. Ao desenvolver as atividades previstas no livro didático, o professor poderá observar, por meio das produções de texto, da autoavaliação, da avaliação entre colegas etc., se os alunos estão respondendo às propostas e, a partir disso, planejar outras ações que possibilitem retomar as dificuldades observadas. 38 COLL, César. Psicologia e currículo. São Paulo: Ática, 1996. XIX Outro momento de avaliação corresponde à observação dos resultados obtidos ao final de uma fase de aprendizagem, quando o professor poderá verificar a relação entre os tipos e graus de aprendizagem construídos pelos alunos e os objetivos inicialmente definidos quanto aos conteúdos selecionados. Ao falar da avaliação formativa, o educador Antoni Zabala39 propõe outro momento de avaliação: a avaliação integradora, que tem como objetivo verificar o conhecimento e avaliar todo o percurso do aluno. Nesse momento, caberiam perguntas do tipo: “Fez as atividades no prazo determinado?”, “Estava preparado para a aula?”, “Refez os textos, encarando-os como uma nova oportunidade de aprendizagem?”, “Participou dos trabalhos em duplas e em equipe?”, “Empenhou-se nas atividades em classe?”. A avaliação em Arte também não deve ser generalizada, ou seja, ter as mesmas referências para to- dos os alunos, nem feita em um único momento. Por isso, como sugere Simone Selbach40, um eficiente sistema de avaliação em Arte deve ser realizado constantemente, em cada aula, em cada atividade e até fora da sala de aula. E é preciso levar em consideração o processo de cada aluno dentro do grupo todo. Em Arte, trabalha-se com técnicas e elementos subjetivos. Alguns alunos possuem facilidades e habilidades para determinadas linguagens, ao passo que outros apresentam dificuldade em relação a elas. Assim, não se pode avaliar um aluno a partir de um trabalho com pintura em que ele não utilizou a técnica proposta. É necessário avaliá-lo em seu processo criativo: “Houve empenho em realizar a pin- tura?”, “Desenvolveu habilidades que não tinha anteriormente?”, “Participou das discussões?”, “Expôs suas opiniões e sentimentos?”, “Respeitou o trabalho dos colegas?”, “Trabalhou de forma expressiva?”. Ocorre o mesmo nas outras linguagens artísticas: alguns alunos têm facilidades rítmicas; outros, timidez para interpretar. Alguns dançam com desenvoltura; outros ficam nervosos e têm seus movimentos tolhidos. Assim, não há sentido em avaliar os alunos de forma generalizadora, apenas observando se o resultado dos trabalhos é “bom”. O importante é avaliar o processo pelo qual cada aluno passa, sem fazer comparações entre eles. Cada aluno é único e sua avaliação deve refletir isso. E toda avaliação deve partir de critérios e orien- tações bem claras para todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. A clareza sobre os critérios de avaliação dos trabalhos impede que ela seja baseada na subjetividade do professor e em juízo de valor. Os critérios e as orientações de avaliação devem ser compartilhados com os alunos, para que eles possam acompanhar o percurso da própria aprendizagem. No livro do aluno, são propostas atividades ora individuais, ora em equipes, tanto em Língua Portuguesa quanto em Arte, para que os alunos desen- volvam a própria trajetória de criação, a capacidade de escuta e o compartilhamento de ideias e decisões. Para registrar todos os trabalhos criados a partir de suportes variados e que extrapolam o formato do livro, o professor poderá sugerir a produção de portfólios individuais. Neles constarão os trabalhos finalizados e os processos de criação ou as anotações importantes, como ideias discutidas em sala, dese- nhos esquemáticos, entre outros. Um cuidado que o professor deve ter nesses casos é o de, ao desmontar uma exposição de pinturas, de desenhos ou de textos afixados em um mural, devolvê-los a seus criadores para que os organizem no portfólio. O mesmo deve acontecer com trabalhos de escultura. Também há a opção de se criar um blog contendo fotos, reproduções dos textos e sons das atividades desenvolvidas. O professor também deve fazer uma autoavaliação, observando se a condução dos trabalhos funcionou, se as atividades foram pertinentes, se será necessário retomar algum tema etc., pois, segundo Murrie41: A avaliação não pode ser um instrumento de controle, de constatação pura e simples, mas um instrumento de aprendizagem e reorientação do planejamento das situações de ensino. [...] assim, ao avaliarem seus alunos, os professores avaliam a si mesmos também. Também é fundamental que o professor faça uma avaliação do grupo como um todo: “Como foi o processo de trabalho do grupo todo?”, “O que ainda é preciso trabalhar com ele?”, “Os alunos estão unidos? Participativos? Respeitando os trabalhos? Gostam das aulas?”. Por fim, é interessante pedir aos alunos uma autoavaliação. Eles devem refletir sobre seu processo: o que aprenderam, o que precisam melhorar, o que ficou registrado e como podem explorar suas poten- cialidades, entre outros temas. 39 ZABALA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre: Artmed. 1998. 40 SELBACH, Simone. (Coord.). Arte e didática. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 142. 41 MURRIE, Zuleika de Felice. Caderno do gestor: gestão do currículo na escola. V. 1. São Paulo: SEE, 2008, p. 37. XX Práticas pedagógicas A fim de alcançarmos uma abordagem interdisciplinar, alinhamos os objetos de conhecimento e as habilidades de Língua Portuguesa e de Arte de acordo com as práticas pedagógicas. (Continua) 1o bimestre Unidade 1 Práticas de linguagem/ Unidades temáticas Objetos de conhecimento Habilidades Práticas didático-pedagógicas Dança Contextos e práticas (EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas. De olho na imagem Observação e análise de uma fotografia que registra dançarinos de frevo. Conversa sobre frevo como manifestação cultural brasileira. Reflexão sobre as relações entre dança, música e as manifestações culturais nacionais. Leitura Adesão às práticas de leitura Estratégias de leitura Apreciação e réplica (EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor. (EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infanto- -juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-