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FISIOTERAPIA X DOR LOMBAR 6/ 9 P. DE FISIOTERAPIA FUPAC-TO PROF. ANDRÉ VELANO “DOR LOMBAR” Problema de saúde pública no mundo Principal causa de incapacidade no mundo Consequências físicas, psicológicas, sociais e econômicas Nos EUA, os custos diretos variam entre 17 e 90 bilhões de dólares CONCEITO: Dor na região posterior do corpo, entre a margem inferior das últimas costelas e a dobra inferior glútea, que dura pelo menos um dia, com ou sem dor referida para a perna. FISIOTERAPIA SERVE PRA DOR LOMBAR? A Fisioterapia, enquanto ciência, necessita de tratamentos efetivos para a dor lombar. Quando aplicada de forma homogênea ( ou seja, usar o mesmo tratamento para todos os pacientes), mostrou-se ineficaz. No entanto, os pacientes com dor lombar não forma um grupo homogêneo. Deve-se saber, primeiramente, se o paciente está apto para a Fisioterapia. Num segundo momento, fazer uma melhor avaliação deste paciente (gravidade, tempo de sintomas, avaliação clínica), para, num terceiro momento traçar a melhor intervenção terapêutica. Hoje em dia a dor lombar é foco de milhares de estudos que estão sendo conduzidos nos mais diversos centros científicos no mundo. PRA REFLETIR (MÉDICO LEONARDO VIEIRA, DA INTERNET...) “Inicialmente, o trabalho do médico ao atender um usuário com dor lombar é o de tentar identificar os que apresentam sinais de alerta para doenças específicas. Os restantes devem ser tratados como dor lombar inespecífica”. • Analgésicos, antiinflamatórios, calor local e manter-se ativo são os tratamentos iniciais que apresentam melhor evidência na literatura atual. O uso de relaxantes musculares deve ser considerado para os casos de contratura muscular aparente. • Não há evidência que suporte o uso de outras terapias para dor lombar inespecífica e as evidências são contrárias ao uso de fisioterapia e repouso no leito. • Não há evidência que exames sejam inicialmente importantes após a exclusão de outras causas de dor lombar aguda, ou seja, após a definição de inespecífica. TRATAMENTOS HISTÓRICOS DOR LOMBAR E A FISIOTERAPIA A dor lombar é motivo primário de encaminhamentos à Fisioterapia. Quase 50% dos pacientes tratados em ambulatórios de Fisioterapia tem o diagnóstico de “lombalgia”. Muitos estudos revelaram que, de forma geral, as intervenções utilizadas pelos fisioterapeutas são ineficazes ou produziram efeito muito pequeno. A maioria dos estudos tratou de forma homogênea a dor lombar, usando o mesmo tratamento; porém, sabe-se que a dor lombar é uma condição heterogênea, e que tratar todos da mesma forma não faz sentido. O QUE A FISIOTERAPIA OFERECE? VOLTANDO À NOSSA REALIDADE 1- Possuímos evidência científica? 2- Somos referência para o público em geral? PESQUISA: QUEM VOCÊ PROCURA QUANDO TEM DOR LOMBAR ? 1- Massagista 2- Remédio 3-Ortopedista 4-Neurologista 5-Repouso . . . Fisioterapia EVIDÊNCIAS Pouca ou nenhuma: TENS, US, TRAÇÃO, TERMOTERAPIA, ACUPUNTURA, REPOUSO NO LEITO, ESCOLAS DE COLUNA, AINES NA DOR CRÔNICA Alguma evidência: EDUCAÇÃO, TERAPIA COMPORTAMENTAL, MANIPULAÇÃO (A CURTO PRAZO EM ALGUNS PACIENTES), EXERCÍCIOS O QUE TEMOS FEITO ??? Melhorou? Não melhorou? Piorou? CONCEITOS • Dor lombar aguda é aquela com duração menor do que seis semanas. É definida como subaguda quando dura de 6 a 12 semanas e crônica quanto mais do que 12 semanas. Alguns autores utilizam, respectivamente 1 mês, 2 a 3 , e mais de 3. • Lombalgia: dor localizada • Lombociatalgia: dor lombar com irradiação • Ciática: dor apenas no trajeto do n.isquiático • Centralizar a dor: dor que estava na periferia ir pra coluna (bom sinal) • Periferilizar: dor que estava mais central ir para as extremidades (ex: pé): mau sinal • Subluxação: quando uma vértebra sai do seu alinhamento normal CLASSIFICAÇÃO PELA DURAÇÃO DOS SINTOMAS Aguda: menos de 6 semanas Subaguda: ente 6 semanas e 3 meses Crônica: mais de 3 meses Recorrente: igual ou superior a 2 episódios no último ano, cada episódio durando ao menos 1 dia, período livre de dor entre os episódios maior que 1 mês BREVE REVISÃO FUNÇÕES: Eixo do corpo: sua rigidez viabiliza a postura ereta Proteção da medula e vísceras Possibilita movimento dos MMSS e MMII Absorção e dissipação de choques e pressão gravitacional REGIÕES 1. CERVICAL 2. TORÁCICA 3. LOMBAR 4. SACROCOCCÍGEA MOVIMENTOS PLANOS SAGITAL E FRONTAL DISCO INTERVERTEBRAL GENERALIDADES • 2 motivo mais frequente de consulta médica • 80-90% da população • 1 causa de incapacidade (< 50 anos) • Auto-limitada • Pode ser doença grave • FATORES DE RISCO: Ligada ao sedentarismo, obesidade, tabagismo, profissão (levantar peso, vibração, postura sentada, curvar muito, esporte), psico-social (stress, ansiedade), história de dor lombar prévia, satisfação no trabalho, etc NO BRASIL Segundo dados do IBGE, no Brasil, a dor nas costas é a terceira causa de aposentadoria e a segunda de licença ao trabalho. Estatísticas também indicam que 13% das consultas médicas são provenientes de queixas de dor na coluna vertebral e, em nosso país, já são mais de 5,3 milhões de pessoas com hérnia de disco (?) CAUSAS DE DO LOMBAR • A causa pode ser determinada em apenas 12- 15% dos pacientes extensamente investigados • Raramente traumática • Os mecanismos da dor lombar não são conhecidos exatamente • Influência de fatores psicossomáticos de difícil mensuração • Fatores de risco: diversos... CARGAS MECÂNICAS NA COLUNA - A pressão é menor quando deitado em supino (barriga para cima); - A pressão no disco na posição em pé é 4x maior que na posição deitado em supino; - Em pé curvando para frente aumenta a pressão em 50% se comparado a em pé ereto; - Curvar para a frente segurando um peso aumenta a pressão em mais de 100%; - A posição sentada exerce grande pressão sobre o disco, sendo que sentar curvando para a frente ou sentar por tempo prolongado aumentam ainda mais a pressão intra- discal. AVALIAÇÃO ANAMNESE: todos dados possíveis (importante a profissão, hábitos de vida, traumático x insidioso), o que piora, o que melhora, etc. Excluir RED FLAGS: dor noturna, febre, emagrecimento, história de doença neoplásica (continua no outro slide) OBS: Estabelecer vínculo de segurança e confiança para com o paciente durante toda a avaliação. Usar algum método que altere o comportamento cognitivo do paciente com relação à dor e que eduque o paciente sempre frente ao seu “problema”. Saber ouvir, porém; importante direcionar a avaliação. OBS: Exames pouco ou nada alteram conduta; salvo em situações traumáticas. RED FLAGS Por que precisamos saber? Nosso acesso direto ao paciente é garantido por lei; Responsabilidade na atenção primária; Necessidade de identificar a origem da queixa; A confiabilidade dos testes é baixa; A confiabilidade das bandeiras vermelhas é alta. EXEMPLOS DE BANDEIRAS VERMELHAS Síndrome da cauda equina (anestesia em sela, perda neurológica progressiva, retenção urinária); Câncer (dor constante, especialmente à noite perda inexplicável de peso, idade maior que 50 anos, não alivia ao repouso); Fraturas (mulher com mais de 50 anos, histórico de uso de esteróides, trauma significante ou acumulado, trauma banal em indivíduos com osteoporose); Doenças infecciosas e outras ( Infecção urinária, Diabetes); Doenças inflamatórias (rigidez matinal, limitação persistente dos movimentos, envolvimento de articulações periféricas); Dor torácica constante associada (TBC, Pneumonia, CA). EXAMES Degeneração Discal • 15-35 anos: 10% com alterações morfológicas • > 50 anos: 85% com alterações morfológicas• > 65 anos: 95% apresentam alterações morfológicas • > 60 anos: 98% com alterações à Ressonância (RM) IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO: gastos enormes com exames. Artigo ARTIGO Acute Low Back Pain and Radiculopathy: MR Imaging Findings and Their Prognostic Role and Effect on Outcome. Radiology (MODIC et al, 2005) In typical patients with LBP or radiculopathy, MR imaging does not appear to have measurable value in terms of planning conservative care. Patient knowledge of imaging findings does not alter outcome and is associated with a lesser sense of well-being Em indivíduos com dor lombar, a RM não parece ter valores para o manejo conservador. O conhecimento dos exames de imagem não altera os resultados e está associada com uma menor sensação de bem-estar ...................????? ARTROSE ESPONDILOLISTESE RM: HÉRNIA DISCAL RAIO X: RETIFICAÇÃO CERVICAL EXAME FÍSICO • Testes neurológicos: Lasegue, Sinal das pontas, etc. • ADM (flexão, extensão, inclinações laterais) • Força: Trendelemburg, Força abdominal, períneo, diafragma, etc • Flexibilidade geral (isquiotibiais, iliopsoas), etc • Reflexos e sensibilidade • Marcha • Postura sentada OBS: os testes ortopédicos possuem baixa confiabilidade. LASEGUE SINAL DAS PONTAS TRENDELEMBURG TESTE DE THOMAS- ILIOPSOAS REFLEXOS POSTURA SENTADA TRATAMENTO (PASSIVO PARA ATIVO) OBJETIVOS: 1- TRATAR SINTOMAS 2- EVITAR RECIDIVAS OU REDUZIR O NÚMERO DELAS 3- EDUCAR O PACIENTE NO FINAL, MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE FRENTE AO “PROBLEMA” CHAMADO DOR LOMBAR CONDUTA: NÃO HÁ RECEITA DE BOLO. PARA CADA PACIENTE, HAVERÁ UMA MELHOR CONDUTA, OU SEJA, A QUE SEJA MAIS EFICIENTE (RÁPIDA) NA RESOLUÇÃO SINTOMÁTICA. A FORMA COMO AS PESSOAS ADMINISTRAM O EPISÓDIO DE DOR LOMBAR PODE SER DETERMINADA POR: Gênero Estado geral de saúde Medo do movimento (cinesiofobia) Níveis de incapacidade e dor Lócus de controle da saúde externo (crença do indivíduo de que outras pessoas são responsáveis pela sua saúde) História prévia de dor lombar TRATAMENTOS Exercícios gerais, Pilates, MDT, ioga, exercícios de controle motor, correção da disfunção do movimento, terapia manual, massagem, calor, aconselhamento, acupuntura, laser, KT, terapia cognitivo comportamental, etc FLEXIBILIDADE Puppin et al (2011) TRIGGER POINTS Coelho et al (2014): Grande prevalência desta disfunção e sugere que a mesma merece atenção específica no tratamento da lombalgia em indivíduos com dor crônica FORTALECIMENTO (CORE) Searle et al (2015) • Força • Resistência • Coordenação • Estabilização IOGA: EFICAZ PARA A DOR LOMBAR CRÔNICA Cramer et al (2013) MANIPULAÇÕES Childs et al (2004): sintomas com menos de 16 dias e sem sintomas distais , Rubinstein (2012) ORIENTAÇÃO POSTURAL Prentice (2012) LASER: POUCA EVIDÊNCIA ACUPUNTURA: PODE AUXILIAR KINESIO TAPING: POUCA EVIDÊNCIA REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL Vanti et al (2007) ESTABILIZAÇÃO Lombalgia aguda x crônica: Ferreira et a (2009) TERAPIA MECÂNICA (MDT): REDUZ UTILIZAÇÃO DE RECURSOS DE SAÚDE NA DOR AGUDA Long e Donelson (2004) MASSAGEM: PODE SER BENÉFICA NA DOR SUBAGUDA E CRÔNICA Furlan et al (2008) PILATES : REDUZ DOR E INCAPACIDADE Wells et al (2014) EDUCAÇÃO (GUIA DE POSTURA) Heymans et al (2004) Só observo esse povo estudando sobre coluna........ TBC (TREATMENT BASED CLASSIFICATION) O paciente centraliza com movimentos repetidos na mesma direção: MDT (exercício específico) O paciente tem sintomas recenes com menos de 16 dias, sem dor irradia pra baixo joelho?: Manipulação O paciente tem SLR positivo, testes de estabilidade lombar em prono positivo e movimentos aberrantes na coluna? Estabilização Neste sistema, o paciente é alocado a um subgrupo específico, com maior probabilidade de melhora em dor e função Dellito et al (1995) pain. REABILITAÇÃO BIOPSICOSOCIAL MULTIDISCIPLINAR (KAMPER ET AL, 2015) Physical component and one or both of a psychological component or a social/work targeted component; Multidisciplinary rehabilitation is an umbrella term applied t programmes that adhere to the biopsychosocial conceptualisation of chronic pain and include more than just a physical treatment OBS: Questionário StartBack: Fatores psicossociais não são rotineiramente identificados na avaliação fisioterapêutica e podem influenciar o prognóstico de pacientes com dor lombar. O questionário “STarT Back Screening Tool” (SBST) auxilia na triagem desses pacientes em relação ao risco de mau prognóstico no tratamento primário, considerando fatores físicos e psicossociais, classificando-os em de baixo, médio e alto risco (PILZ et al, 2014) ABORDAGEM BPS X DOR LOMBAR CRÔNICA Multidisciplinary biopsychosocial rehabilitation interventions were more effective than usual care (moderate quality evidence) and physical treatments (low quality evidence) in decreasing pain and disability in people with chronic low back pain (KAMPER et al, 2005) CONSIDERAÇÕES FINAIS A dor lombar continua instigando profissionais e pesquisadores em todo o mundo, e sendo um fardo para quem a sofre a para a sociedade. Cabe ao profissional se capacitar para saber melhor avaliar o paciente para elaborar o melhor tratamento possível e disponível para cada paciente. Não há receita de bolo, tampouco protocolos estabelecidos no tratamento para a dor lombar e sim guidelines e ótimos artigos com grande número de pacientes que podem nos guiar numa prática clínica mais responsável, com o intuito de melhorarmos a qualidade de vida do indivíduo, já que tratamentos todo o indivíduo e não apenas a sua coluna vertebral. REFERÊNCIAS BRASIL et al. Diagnóstico e Tratamento das Lombalgias e Lombociatalgias. Projeto Diretrizes, 2001. CHILDS et al. A Clinical Prediction Rule To Identify Patients with Low Back Pain Most Likely To Benefit from Spinal Manipulation: A Validation Study. Ann Intern Med. 2004;141(12):920-928 COELHO et al. Prevalência da disfunção miofascial em indivíduos com dor lombar. Acta Fisiatr. 2014;21(2). FERREIRA, et al. Eficácia dos exercicios de controle motor na dor lombopélvica: uma revisão sistemática. Fisioterapia e Pesquisa .2009 Oct-Dec;16(4):374-379 GANN, Nancy. Ortopedia. Guia de consulta rápida para Fisioterapia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. GROSS, J.; FETTO, J.; ROSEN, E. Exame Musculoesquelético. 1ª ed. Artmed, Porto Alegre-RS, 2000 HEYMANS, et al . Back schools for non-specific low-back pain. Cochrane Database of Systematic Reviews 2004;I 4. KAMPER et al. Multidisciplinary biopsychosocial rehabilitation for chronic low back pain: Cochrane systematic review and meta-analysis. BMJ 2015;350:h444 KENDALL, FP; McCREARY EK; PROVANCE, PG. Músculos , Provas e Funções. 4ªedição, São Paulo: Manole,1995 LONG; DONELSON. Does it matter which exercise? A randomized control trial of exercise for low back pain. Spine. 2004 Dec 1;29(23):2593-602. REFERÊNCIAS MAGEE, DJ. Avaliação Musculoesquelética. 4 ed. São Paulo-SP: Manole, 2005 MODIC, et al. Acute Low Back Pain and Radiculopathy: MR Imaging Findings and Their Prognostic Role and Effect on Outcome. Radiology. Vol 237. N 2. 2005. OLIVEIRA, VC. Dor lombar idiopática. Ins: Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva. PROFISIO. Ciclo 3. Porto Alegre: Armed; 2014, p 61-105. PILZ, B. et al. The Brazilian version of STarT Back Screening Tool – translation, cross-cultural adaptation and reliability. Braz J Phys Ther. Disponível em: http://dx.doi.org/ 10.1590/bjpt-rbf.2014.0028. Acesso em 5.2.2015. PIVA, Sara R. Sistema Americanos de classificação para o tratamento conservador de pacientes com dorlombar. IN: Profisio. Esportiva e Traumato-ortopédica. Ciclo 3 V. 1. Artmed. 2013 PRENTICE, W. Fisioterapia na prática esportiva. 14 ed. Porto Alegre, Artmed, 2012 RUBINSTEIN, et al. Spinal manipulative therapy for acute low-back pain. Cochrane Database of Systematic Reviews 2012;Issue 2. SEARLE et al. Exercise interventions for the treatment of chronic low back pain: A systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Clinical Rehabilitation 1–13. 2015 VANTI et al. La rieducazione posturale globale nelle patologie muscolo-scheletriche: evidenze scientifiche e indicazioni cliniche. Reumatismo. 2007 Jul-Sep;59(3):192-201 WELLS, et al. The effectiveness of Pilates exercise in people with chronic low back pain: a systematic review. PLoS ONE 2014 Jul;9(7)
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