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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Nome: Ana Clara Machado Rosa Matrícula: 22116080006 Polo: Rio Bonito PRIMEIRA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA AD 1 - 2022.2 EDUCAÇÃO INFANTIL 1 COORDENAÇÃO: Profª Drª TANIA NHARY Esta avaliação tem valor total de 10,0 (dez) pontos Autores da atualidade, como Edgar Morin, nos mobilizam a refletir sobre como construímos conhecimento. Para este pensador, “o conhecimento requer autoconhecimento”, o que significa que antes de caminharmos rumo à apreensão de novos conhecimentos, precisamos conhecer a nós mesmos; conhecer a nossa história de vida, nossas escolhas e o que dela fazemos. Partimos da ideia de que o ato de narrar e contar uma história nos leva a ver a vida, a vida de professores, por um outro prisma, para além do patente, da norma, mas focando o latente, a vida. Diferentes autores comungam da ideia de Edgar Morin e destacam a importância de darmos atenção às ações dos professores lançando um olhar sobre a vida e a profissão docente. A ideia da realização desta atividade avaliativa parte da premissa de uma valorização do vivido e da possibilidade de (re) significá-lo, sobretudo no âmbito da docência. Então, a proposta é que você, aluno, elabore uma narrativa de modo a ampliar sua compreensão e sua percepção sobre o mundo infantil, de modo a: (re) significar a sua história de vida do período da infância; compreender a infância a partir de sua própria história vivida; identificar os conceitos/categorias/teorias abordadas nos textos das aulas; reconhecer, por meio da concepção de diferentes autores, a „singularidade da infância‟, da sua e de toda e qualquer criança. Para tal, elabore um texto com no mínimo 2 e no máximo 5 laudas (páginas), narrando como foi sua infância. Este texto deverá retratar o contexto sócio-cultural vivido; as brincadeiras vivenciadas; a educação e a influência do adulto; o ‘lugar’ ocupado no âmbito familiar, social e educacional; lembranças do período de escolarização, etc. Trata-se de um texto livre e sem necessidade de referências bibliográficas, no entanto é fundamental que fatos narrados sejam contados à luz dos conceitos estudados na disciplina, logo, seus estudos serão norteadores de sua narrativa. Pensar na infância talvez seja o ponto em que a maioria das pessoas tentam fugir nas sessões de terapia, afinal, acredito que a criança de hoje resultará no adulto de amanhã, podendo não ser com ações “ruins”, mas possuindo cicatrizes que sempre estarão lá, no mesmo lugar. Costumo dizer que as cicatrizes as vezes são presentes que recebemos, simboliza que aquela ferida não dói mais, entretanto, ainda possui uma marca ali para que a gente nunca se esqueça do que aconteceu. Partindo literalmente do princípio, escrevo esse texto contando que nasci em 2001, no início do novo século, onde as pessoas esperavam que andaríamos com carros voadores e acreditavam em marcianos, ou então, que o mundo fosse acabar na passagem de 1999 para 2000. Dizer que nasci no espaço rural do Rio de Janeiro em 2021 é também dizer que convivi com constantes mudanças tecnológicas e sociais e, ao mesmo, com a manutenção de fortes costumes e doutrinas. Afinal, ouvi por muito tempo meus pais falarem: “criança não falava e não se mete na conversa de adultos”, “criança tem só que obedecer” e dentre outras diversas falas que me marcaram e definiram a minha postura depois de crescida. Durante o meu crescimento, posso afirmar que obtive todos os privilégios que muitas crianças são privadas: eu cresci com os meus pais casados, com a forte presença da minha mãe para as atividades da família e com o meu pai provedor, mas não por machismo, e sim por decisão de ambos – que sempre foram muito estudiosos e trabalhadores, passando esses ensinamentos para mim e minhas irmãs. Materialmente nunca nos faltou nada, mas faltava acolhimento. Essa ideia de que criança é um “pingo de gente” (e não um ser humano completo) nos afastou e me privou de conhecer como é o mundo de verdade. Diante disso tudo, encontrei nos professores da minha formação um espaço de diálogo, assim como nos livros o conhecimento de mundo que me faltava. Ou seja, o equilíbrio entre a brincadeira e os estudos aconteceram com consciência desde a fase pré- escolar. Sempre reconheci a escola como a minha segunda casa e um ambiente de acolhimento e transformação. Recordo-me dos diversos bullyings sofridos, principalmente na família, apesar da ideia de “bullying” só ter se desenvolvido anos depois, e que hoje preciso aprender dia após dia sobre como superá-los. As brincadeiras de criança, em sua maioria, foram sozinhas, salvo nos anos onde mudamos para uma rua que a vizinha também tinha uma filha. Como a minha casa era mais alta, eu ia para a janela do quarto e assobiava para a colega ao lado, ela, da mesma forma, aparecia lá em baixo na janela do outro quarto e nós combinávamos qual brincadeira aconteceria no dia. Depois de tudo acertado, cada uma pegava os seus brinquedos, sentavamos na divisão entre a casa dela e a minha – naquele período ainda não havia muro entre as casa e a minha mãe, nem a dela, deixavam que saíssemos de casa -, era a solução. Com o passar dos meses, fui conhecendo as meninas que moravam na rua de baixo e passei a brincar com elas em todo final de tarde até ouvir as mães nos chamando. Foi uma infância leve nesse sentido, reconheço. Antes de ir para essa rua, as bricadeiras aconteciam no quintal da casa da minha avó materna, descendo o morro de velotrol, tomando banho na cisterna e brigando com a minha irmã mais velha – até porque, não faz sentido ter irmãos se não há discussão... eles também fazem parte do primeiro grupo onde temos contato, a intituição família. Voltando a falar sobre escola, iniciei os estudos no mesmo local onde hoje funciona o pólo CEDERJ em Rio Bonito. Um colégio público com educação infantil de qualidade, mas infelizmente com um ensino fundamental ainda precário. Essa situação deixou pendências em determinadas áreas que precisei encarar mais a frente, porém, quando criança, achava ótimo o professor faltar e poder sair mais cedo. Toda essa dinâmica mudou quando fui morar no nordeste apenas com os meus pais, sem a irmã mais velha e sem os amigos. Recomeçar a vida foi uma tarefa difícil e dolorosa, mas que hoje percebo ter sido necessário para conhecer uma outra cultura e estilo de vida, amandurecendo. Recordo-me da segunda tutoria a distância onde conversamos sobre a música “Saiba - Adriana Calcanhotto” e eu obtive a interpretação de que todo mundo passa por diversas situações na vida, os percalços não foram singularidades minha, e assim como construíram a marcante história de Moisés, Pelé e Simone de Beauvoir, também colaboraram para a construção da minha história.
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