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Pedro e Joana têm 16 anos. Assim como você, eles têm interesses, preferências, dúvidas, medos e desejos. Desafio você a ler a história deles e, com seu grupo, localizar e interpretar as pistas espalhadas ao longo do texto para entender melhor quem eles são. O enigma de Pedro e Joana Pedro nasceu na periferia do município mais violento do Brasil. Sua mãe e seu pai têm os nomes mais comuns entre brasileiros, e o número de irmãos de Pedro é igual à taxa de fecundidade brasileira no ano em que ele nasceu. A família de Pedro sempre tirou seu sustento da atividade econômica mais abundante do Estado onde vive, porém, desde que seu avô materno se mudou do campo para a cidade, a renda mensal da família diminuiu e hoje equivale à média do rendimento domiciliar per capita dos brasileiros. Quando Pedro tinha 10 anos, seu pai saiu de casa e jamais retornou, deixando toda a responsabilidade pela família a cargo de sua mãe. Outro dia, Pedro teve de preencher um formulário com dados cadastrais e declarou sua cor de pele, que equivale a uma das mais citadas pelos brasileiros no último Censo Demográfico. Ele é descendente da mistura entre um povo nativo brasileiro e outro trazido de outro continente durante o século XVIII, vindo em embarcações, para que seus integrantes fossem comercializados. No mesmo formulário, Pedro teve que responder se estuda ou trabalha atualmente. Ele assinalou a opção que equivale à situação de cerca de 15% dos jovens brasileiros e 17% dos jovens da América Latina e do Caribe. Aos sábados, Pedro se reúne com os amigos para ouvir e criar músicas juntos. O estilo mais apreciado por ele é composto de rimas e poesias e surgiu no final do século XX nos Estados Unidos. Em suas músicas, ele fala sobre sua vida, sua comunidade, seus valores e crenças. Aos domingos, ele costuma ir ao centro religioso ajudar sua avó, que trabalha como voluntária por lá. Essa religião foi a que mais cresceu no Brasil nos últimos trinta anos. Além da música, Pedro se interessa pelas Ciências Humanas e, quando concluir o Ensino Médio, tem a intenção de se tornar um profissional habilitado a prestar assistência em assuntos jurídicos, defendendo judicial ou extrajudicialmente os interesses de seus futuros clientes. Seu maior desejo é combater injustiças, principalmente as cometidas contra pessoas menos favorecidas. Ele ouviu dizer que a Universidade Federal de seu Estado está entre as melhores do país em sua área de estudos. Ele sabe que, se obtiver a pontuação necessária no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para cursar a faculdade, terá de mudar de cidade e precisa juntar dinheiro. Para isso, Pedro faz como 15% dos jovens brasileiros, que decidem entre trabalhar ou estudar. Apesar de seus esforços, ele teme que a violência em sua cidade o impeça de concretizar seus planos para o futuro. Joana nasceu e vive no município mais populoso do Estado e com o maior Produto Interno Bruto (PIB) do país. Seus pais são empresários do ramo alimentício e têm um estabelecimento que serve refeições originárias da região dos avós paternos de Joana, imigrantes do país que historicamente trouxe a maior quantidade de estrangeiros para povoar o Brasil no início do século XX. Todos os sábados, ela leva as amigas para almoçar no estabelecimento de sua família, enquanto escutam histórias contadas por sua avó sobre as aventuras de sua juventude. Após o almoço, ela chama um motorista por aplicativo para levá-las ao shopping center mais antigo do país, inaugurado em novembro de 1966. Seu passatempo preferido é olhar vitrines e comprar peças e acessórios de diferentes épocas para combiná-los em looks inusitados, tendo uma preferência especial pelo estilo da década marcada pela juventude simbolizada pela filosofia “paz e amor”. Ela acredita que isso poderá se transformar em sua profissão futuramente, embora seus pais desejem que ela siga a tradição da família e dê continuidade aos negócios, que geram uma renda anual equivalente a 30 vezes o rendimento médio dos brasileiros. Como esse assunto sempre é motivo de discussões em casa, Joana percebeu que, para realizar seu sonho, precisará provar aos pais que tem talento para empreender no mundo da moda. Determinada, iniciou um videoblog para expor e vender suas criações pela internet e já conquistou um número de seguidores que, de acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, totaliza 2% dos brasileiros que acessam a internet. Joana usa o dinheiro obtido com as vendas para comprar novas peças e gastar com sua paixão desde a infância: bichos de pelúcia. Apesar de estudar na escola com a maior pontuação no Enem de seu Estado, Joana não é muito chegada aos estudos e, desde o início da vida escolar, passa de ano por pouco. Isso não parece incomodar muito seus pais, que não chegaram a completar o ensino superior e não têm muito tempo para acompanhar o desempenho da filha nos estudos. Recentemente, Joana começou a namorar, para alegria de sua avó, que sonha em vê-la de véu e grinalda, celebrando seu casamento conforme manda a tradição religiosa de sua família, que coincide com a crença praticada pela maior parte dos brasileiros. Mas essa ideia nem passa pela cabeça de Joana ou de seu crush. Por enquanto, eles só querem aproveitar a vida sem se preocupar tanto com o futuro.