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LICENCIAMENTO AMBIENTAL Ronei Stein Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Biológicas Professora de Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 S818l Stein, Ronei Tiago. Licenciamento ambiental / Ronei Tiago Stein ; [revisão técnica: Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2017. 265 p. : il ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-277-5 1. Ciências Biológicas. 2. Licenças ambientais. I. Título. CDU 502.13 Licenciamento_Ambiental_Book.indb 2 07/12/2017 16:18:40 Legislação ambiental pertinente Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os princípios constitucionais fundamentais em matéria ambiental. Apontar a natureza jurídica do licenciamento ambiental. Apresentar o novo Código Florestal. Introdução O licenciamento ambiental é uma excelente ferramenta para proteger o meio ambiente de impactos ambientais negativos, oriundos princi- palmente do desenvolvimento desenfreado do planeta. A sua função principal é orientar a atuação do legislador e dos poderes públicos na concretização e cristalização dos valores sociais relativos ao meio am- biente, harmonizar as normas do ordenamento ambiental, direcionar a sua interpretação e aplicação, e ressaltar a autonomia do Direito Ambiental. Baseado em legislações vigentes, o licenciamento ambiental é apli- cado a todos de modo igualitário, indiferentemente do poder aquisitivo, da magnitude da obra ou atividade, de ter conhecidos ou não no órgão ambiental, do beneficiamento ou não da sociedade — o meio ambiente é a principal preocupação do licenciamento ambiental. Portanto, é fun- damental que os profissionais estejam cientes de todas as legislações, pois cada estado ou município pode apresentar legislações específicas. Neste capítulo, você vai aprender sobre os distintos princípios que regem o licenciamento ambiental, a natureza jurídica do licenciamento ambiental e a importância do novo Código Florestal. Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 41 07/12/2017 10:16:24 Princípios constitucionais do licenciamento ambiental De acordo com o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (INSTITUTO BRASILEIRO DE SUSTENTABILIDADE, 2017), os princípios jurídicos são essenciais ao Direito, uma vez que as leis, a jurisprudência, a doutrina e os tratados e convenções internacionais são criados com base em princípios jurídicos que representam o topo do Direito em si e da própria acepção de justiça. Todo o ordenamento jurídico brasileiro tem princípios como base — na área ambiental, com o licenciamento, não é diferente. Os princípios são regras jurídicas bases de um sistema, que apontam o rumo a ser seguido e guiam a interpretação e a aplicação das demais normas jurídicas. Machado (2012) ressalta que as normas constitucionais são dotadas, ou seja, são apoiadas em diferentes graus de eficácia e que a sua existência e aplicação obedecem a uma hierarquia no sistema constitucional (União/estados/municípios). A estrutura da Constituição Federal é baseada em princípios fundamentais, sendo que nenhuma norma poderá violar os alicerces desse edifício jurídico: os princí- pios maiores ditam as diretrizes para os menores, harmonizando todo o sistema jurídico-constitucional. Struchel (2016) descreve que os princípios ambientais apresentam a função principal de orientar a atuação do legislador e dos poderes públicos na concretização e cristalização dos valores sociais relativos ao meio ambiente, harmonizando as normas do ordenamento ambiental, direcionando a sua interpretação e aplicação, e ressaltando a autonomia do Direito Ambiental. Os princípios do Direito Ambiental, portanto, relacionam-se com os do li- cenciamento ambiental. A seguir, são apresentados os princípios do licenciamento ambiental, conforme Struchel (2016): Legislação ambiental pertinente42 Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 42 07/12/2017 10:16:24 Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito funda- mental da pessoa humana — refere-se a intergerações, ou seja, parte-se da premissa de que o desenvolvimento é necessário, mas não a qualquer preço, sendo imprescindível a manutenção do meio ambiente para presentes e futuras gerações, o que se denomina desenvolvimento sustentável. Princípio da natureza — deve haver uma ordem pública ambiental, o que justifi ca certos limites impostos pelo Estado à propriedade, atividade ou empreendimento, como o de respeitar unidades de conservação (UCs), áreas de preservação permanente (APPs), etc. No momento em que a Constituição Federal elege o meio ambiente como bem pertencente a todos, extrai-se a sua natureza pública, principalmente porque o Estado tem o dever de proteger o ambiente para as presentes e futuras gerações. Princípio da consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento — a consagração desse princípio ocorreu com a constituição do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), em que os processos de desenvolvimento, principalmente os que utilizam recursos naturais, devem apresentar os passivos ambientais negativos. Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público — o órgão ambiental deverá assegurar o bem-estar da coletividade e a proteção dos bens ambientais para evitar a degradação da qualidade ambiental. De acordo com o art. 3º da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, entende-se por degradação ambiental atividades que, direta ou indiretamente: prejudicam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetam desfavoravelmente a biota; afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lançam materiais ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981). 43Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 43 07/12/2017 10:16:25 Princípio da prevenção — consiste na atuação antecipada para evitar danos que, na maioria dos casos, são irreversíveis, mas previsíveis pelo atual estado da técnica. Esse princípio procura evitar que o dano ambiental ocorra por meio de mecanismos judiciais e extrajudiciais. Princípio da precaução — toda vez que houver incerteza científi ca sobre se determinado ato pode prejudicar os bens ambientais ou o ser humano, esse princípio deverá ser levado em conta. O objetivo é minimizar os riscos, protegendo o meio ambiente pela redução da extensão ou incerteza do dano. Princípio da proporcionalidade — encontra as suas bases nos direitos fun- damentais, indicando o equilíbrio entre o sacrifício imposto ao interesse de alguns (particular ou corporativo) e a vantagem geral obtida (coletiva), de modo a não tornar excessivamente onerosa a prestação. Princípio da informação — a informação propicia o controle e a parti- cipação da sociedade nos processos de licenciamento ambiental, seja por meio da Lei de Acesso à Informação, seja por meio de conselhos de meio ambiente, audiências públicas e tutelas jurídicas como direito de petição, ação popular e ação civil pública. Cabe ao Estado, por meio do órgão público, repassar todas as informações sobre o meio ambiente e formas de preservação. Princípio da educação ambiental — visando à preservação ambiental, as questões devem ser estudadas por crianças e adultos em todos os níveis de ensino, formal e informal, inclusive primando pela sua conscientização com o apoio e incentivo estatal. Princípio da participação comunitária — consiste na atuação popular na preservação ambiental, seja administrativa, seja judicialmente. Como o meio ambiente equilibrado é um direito de todos, deve ser preservado não apenas pelo Estado, mas por toda a sociedade. Legislação ambiental pertinente44 Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 44 07/12/2017 10:16:25 Além dos princípios já citados, podemos mencionar também estes: Princípio da prevenção — efeitosadversos conhecidos oriundos de atividades antrópicas devem ser prevenidos. Princípio da legalidade — basear-se integralmente na legislação vigente. Princípio da impessoalidade — neutralidade dos atos. Não se deve prejudicar ou privilegiar quem quer que seja. Princípio da moralidade — agir com probidade. Princípio da publicidade — transparência dos atos. Princípio da eficiência — manter ou ampliar a qualidade dos serviços. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade — a administração pública está proibida de atuar ou ir além do necessário para o alcance do interesse público. Princípio do devido processo legal — necessidade formal de submeter as atividades potencialmente poluidoras a um processo rígido composto, resultando, ou não, na emissão da Licença Ambiental. Princípio do contraditório e da ampla defesa — assegura-se o direito do requerente de pleitear reavaliação de uma decisão negativa. Princípio da onerosidade — recolhimento de recursos financeiros por meio das taxas de licenciamento ambiental. Princípio da tempestividade — cumprimento dos prazos legais. Princípio da celeridade — manter o processo de licenciamento rápido, eficiente e seguro. Princípio da formalidade — necessidade de documentação na constituição dos autos do processo. Natureza jurídica do licenciamento ambiental Apesar de tímidas, as primeiras leis de proteção ambiental apresentam al- gumas preocupações de âmbito de preservação dos recursos naturais, como a aplicação de penas fi scais e criminais em caso de destruição de fl orestas de preservação permanente, previstas no Código Florestal, e o controle da poluição no Código da Pesca. 45Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 45 07/12/2017 10:16:25 A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA, Lei nº. 6.938/1981) foi o marco inicial do licenciamento ambiental no País. Além de estabelecer os direcionamentos necessários para o desenvolvimento econômico sustentável, criou instrumentos para aplicar a medida como: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a avaliação de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras; as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras dos recursos ambientais; instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros (BRASIL, 1981). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é fundamental em relação ao licenciamento ambiental. Entre as várias resoluções estabelecidas pelo CONAMA, destacam-se: a Resolução CONAMA 001, de 23 de janeiro de 1986, que dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental; a Resolução CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997, que regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na PNMA. Não há como mencionar todas as legislações ambientais atuais, pois estas variam principalmente de acordo com os estados e os municípios, que apre- sentam legislações específicas. A seguir estão as principais portarias federais que apresentam diretrizes para o licenciamento ambiental: Portaria nº. 13, de 12 de janeiro de 2010 — Diário Oficial da União (DOU) de 13/01/2010; Portaria nº. 14, de 12 de janeiro de 2010 — DOU de 13/01/2010; Portaria nº. 18, de 12 de janeiro de 2010 — DOU de 13/01/2010; Portaria nº. 371, de 30 de setembro de 2010 — DOU de 01/10/2010; Legislação ambiental pertinente46 Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 46 07/12/2017 10:16:25 Portaria nº. 372, de 30 de setembro de 2010 — DOU de 01/10/2010; Retificação da Portaria nº. 372, de 30 de setembro de 2010 — DOU de 29/10/2012; Portaria nº. 480, de 14 de dezembro de 2011 — DOU de 15/12/2011; Portaria nº. 481, de 14 de dezembro de 2011 — DOU de 15/12/2011; Portaria nº. 482, de 14 de dezembro de 2011 — DOU de 15/12/2011. Sempre que for preciso realizar um licenciamento ambiental, os profissionais da área ambiental devem procurar o órgão competente, porque os estados e os municípios podem apresentar restrições maiores se comparadas às leis federais. Nesses casos, o órgão ambiental deve fornecer formulários e informar quais são os estudos ambientais necessários para obter a licença ambiental. Caso o órgão ambiental não tenha formulá- rios específicos, deverá indicar algum modelo em que os profissionais possam se basear. Uma das legislações mais importante em relação ao licenciamento am- biental é o Código Florestal (Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012), cujo art. 1º estabelece normas gerais sobre (BRASIL, 2012): a proteção da vegetação; Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas de Reserva Legal; a exploração florestal; o suprimento de matéria-prima florestal; o controle da origem dos produtos florestais; o controle e a prevenção dos incêndios florestais. Prevê ainda instrumentos econômicos e financeiros para o alcance desses objetivos. Mas você sabe qual é a diferença entre APP e Reserva Legal? As APPs, conforme os arts. 2º e 3º do Código Florestal, são espaços territoriais especialmente protegidos, definidos como área coberta ou não por vegetação nativa. As APPs têm a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Mesmo em área urbana, a faixa de APP deve ser respeitada, não importando se se encontra 47Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 47 07/12/2017 10:16:25 em propriedade pública ou particular. Nos termos do art. 4º do Código Florestal, a supressão de vegetação em APP somente pode ser autorizada em casos de utilidade pública ou interesse social, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento, ou em casos de supressão eventual e de baixo impacto ambiental. Já a Reserva Legal é definida como a “área localizada dentro de uma pro- priedade ou posse rural necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas”, conforme art. 3º do Código Florestal (BRASIL, 1998). Quando essas áreas não são respeitadas, conforme previsto nos arts. 38, 39 e 48 da Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, tem-se a ocorrência de um crime ambiental. Porém, essa lei não se aplica apenas às APPs e Reservas Legais. Qualquer impacto ambiental negativo, interferência na biodiversidade, comércio de fauna e flora silvestres, entre outros, são considerados crimes ambientais. As leis que tratam do meio ambiente no Brasil estão entre as mais completas e avançadas do mundo (PORTAL BRASIL, 2017). De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº. 9.605/1998), existem seis diferentes tipos de crimes ambientais: Crimes contra a fauna — agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória. Crimes contra a flora — destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-la em desacordo com as normas de proteção. Poluição e outros crimes ambientais — a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural — construção em áreas de preservação ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. Crimes contra a administração ambiental — afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental. Infrações administrativas —ações ou omissão que violem regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação domeio ambiente. Novo Código Florestal A Lei de Proteção da Vegetação Nativa, popularmente conhecida como novo Código Florestal, é uma das legislações ambientais mais importantes no Brasil, implantada pela Lei nº. 12.651/2012. Antes de 2012, no entanto, o País já tinha um Legislação ambiental pertinente48 Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 48 07/12/2017 10:16:25 Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15 de novembro de 1965). No entanto, como havia sido elaborado nos anos 1960, precisou ser revisto e atualizado para os dias atuais. A Lei nº. 12.651/2012 é umas das provas da democracia existente nos últimos tempos. A discussão envolveu forças políticas no Congresso Nacional, mobilizou inúmeros setores organizados da sociedade e gerou um intenso debate em torno do uso dos recursos naturais dos diferentes biomas do País. Segundo Jaguszewski, Gotuzzo e Condorelli (2014), o novo Código Florestal brasileiro inova ao estabelecer regramento diferenciado para áreas de interesse ambiental onde ainda existam remanescentes de vegetação nativa e para áreas onde o exercício de atividades humanas tenha se iniciado no passado. Para isso, a lei apresenta: regras gerais, aplicadas para as áreas de interesse ecológico onde ainda existam remanescentes de vegetação nativa; regras transitórias, que buscam dar enquadramento para as situações de estabelecimento de atividades humanas iniciadas no passado. Porém, vários pesquisadores afirmam que, na verdade, o novo Código Florestal prejudicou principalmente as matas ciliares, definidas como forma- ção vegetal localizada nas margens dos córregos, lagos, represas e nascentes. Antes, a área definida como APP era contada a partir da vazão cheia do rio, o que mudou com o novo Código Florestal. As matas ciliares são legalmente protegidas, pois estão inseridas em APPs. Essas áreas, cobertas ou não com vegetação, possuem a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade. Além de facilitar o fluxo gênico da fauna e da flora, protegem o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, de acordo com o Inciso II do art. 3º da Lei nº. 12.651/2012. 49Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 49 07/12/2017 10:16:25 As matas ciliares devem apresentar áreas mínimas de preservação que podem variar de acordo com a largura do rio, sendo: cursos de até 10 metros (incluindo nascentes) — APP mínima de 30 metros; cursos de 10 metros a 50 metros — APP mínima de 50 metros; cursos de 50 metros a 200 metros — APP mínima de 100 metros; cursos de 200 metros a 600 metros — APP mínima de 200 metros; cursos acima de 600 metros — APP mínima de 500 metros. Para facilitar o entendimento de como ocorre a delimitação de APP, confira a Figura 1. Figura 1. Delimitação de APP. Fonte: Áreas... [(200-?)]. Apesar de a metragem se manter (30 m para um rio com largura de até 10 metros), o cálculo é diferente. Agora conta-se a partir da borda do leito regular, ou seja, a contagem é feita a partir de um rio mais baixo. A mudança gera a diminuição de cerca de dois a cinco metros de APP, dependendo da região, conforme pode ser observado na Figura 2. Legislação ambiental pertinente50 Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 50 07/12/2017 10:16:25 Figura 2. Cálculo de APP de acordo com a Lei nº. 12.651/2012. Fonte: Soares (2012). Além disso, o novo Código Florestal define que, em Áreas Rurais Consolidas, ou seja, áreas ocupadas com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvi- pastoris, antes de 22 de julho de 2008, as faixas de APP caem (Figura 3) para: Figura 3. Recomposição de APP de rios, riachos e ribei- rões em Áreas Rurais Consolidadas. Fonte: Áreas... [(200-?)]. 51Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 51 07/12/2017 10:16:26 O módulo fiscal, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- pecuária (2012), é definido como unidade de medida, em hectares, cujo valor é fixado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para cada Município. Leva em conta: o tipo de exploração predominante no município (hortifrutigranjeira, cultura permanente, cultura temporária, pecuária ou florestal); a renda obtida no tipo de exploração predominante; outras explorações existentes no Município que, embora não predomi- nantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada e o conceito de “propriedade familiar”. A dimensão de um módulo fiscal varia de acordo com o município onde está localizada a propriedade. O valor do módulo fiscal no Brasil varia de 5 a 110 hectares. 1. Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação ao novo Código Florestal (Lei nº. 12.651/2012)? a) Define que todas as propriedades rurais que se encontram no País devem possuir 25% de vegetação nativa. Esse espaço recebe o nome de Reserva Legal. b) Todas as propriedades rurais devem respeitar as distâncias mínimas de mata ciliar/galeria, de acordo com a largura do recurso hídrico, variando de 30 até 500 metros. c) Todos os lagos e lagoas naturais devem apresentar, no mínimo, 15 metros de APP com uma vegetação nativa do local. d) Pelo novo Código Florestal, a APP às margens de um rio começa a contar a partir do nível mais alto. e) São considerados a APP, além dos recursos hídricos, as áreas com inclinações acima de 45°, os topos de morro, as bordas de tabuleiros e os campos de altitude. 2. Com relação aos princípios constitucionais do licenciamento ambiental, assinale a alternativa correta. a) O princípio da proporcionalidade objetiva minimizar os riscos, protegendo o meio ambiente e reduzindo a extensão ou incerteza do dano. b) Os conselhos do meio ambiente têm extrema importância, pois fornecem informações a respeito das questões relacionadas ao meio ambiente para a população. Dessa forma, o conselho busca o princípio da informação. Legislação ambiental pertinente52 Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 52 07/12/2017 10:16:27 c) O princípio da legalidade objetiva privilegiar atividades/ empreendimentos que busquem aumentar a economia do País. d) O princípio da celeridade ressalta que o licenciamento ambiental deverá ser rápido, para evitar prejuízos ao empreendimento ou atividade que se busca exercer. e) O princípio da publicidade ressalta que o Poder Público deverá estar ciente de todos as atividades que possam envolver prejuízos ambientais. 3. A PNMA (Lei nº. 6.938/1981) foi o marco inicial do licenciamento ambiental no País, tendo criado alguns instrumentos visando ao desenvolvimento sustentável. Como exemplo desses instrumentos, podemos citar o zoneamento ambiental, o qual é definido como: a) um instrumento de organização territorial e planejamento eficiente do uso do solo e da gestão ambiental, compreendendo o estabelecimento de zonas diferenciadas de uso e ocupação do solo. b) espaços naturais protegidos principalmente em função da capacidade estabilizadora do solo propiciada pelas matas ciliares e outras vegetações. c) área de imóvel rural com ocupação antrópica (resultante da ação humana) preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, nesse último caso, a adoção do regime de pousio (descanso dado a uma terra cultivada por um ou mais anos). d) áreas do imóvel rural que deve ser coberta por vegetação natural e que pode ser explorada com o manejo florestal sustentável. e) parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 habitantes por hectare e malha viária implantada. 4. Das alternativas a seguir, qual está correta em relação à Lei de Crimes Ambientais? a) É considerado crime contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural construir em áreas de preservação ambiental sem autorização do órgão ambiental competente. b) É considerado crime contra a flora somente quando houver fabricação, venda ou lançamentode balões em florestas. c) É considerado crime contra a fauna qualquer tipo de criação de animais em cativeiro. d) É considerado crime contra a flora destruir ou danificar a vegetação primária, ou seja, vegetação caracterizada como de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos. e) A Lei de Crimes Ambientais é regida pela Lei nº. 6.938/1981. 5. Estima-se que o território nacional tenha cerca de 5,2 milhões de proprietários de imóveis rurais no Brasil. Porém, sabemos pouco a respeito dessas propriedades. Para resolver o problema, a Lei nº. 12.651/2012 criou o cadastro ambiental rural (CAR). Em relação a esse cadastro, assinale a alternativa correta. a) É um registro eletrônico, 53Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 53 07/12/2017 10:16:27 obrigatório para todos os imóveis rurais. b) O CAR deverá contemplar uma planta georreferenciada, contendo principalmente as Áreas Rurais Consolidadas. c) Propriedades rurais sob posse de pessoa jurídica não são obrigadas a realizar o CAR. d) O CAR não apresenta ligação com o licenciamento ambiental. e) O CAR deverá ser feito exclusivamente por profissionais da área ambiental. ÁREAS de Preservação Permanente. [200-?]. Disponível em: <http://www.ciflorestas. com.br/cartilha/APP-localizacao-e-limites_protecao-conservacao-dos-recursos- -hidricos-dos-ecossistemas-aquaticos.html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L9605.htm>. 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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 001, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. html>. Acesso em: 22 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o novo Código Florestal. 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4771.htm>. Acesso em: 22 nov. 2017. 55Legislação ambiental pertinente Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 55 07/12/2017 10:16:29 https://www.inbs.com.br/principais-leis-ambientais-brasileiras/ http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2010/10/legislacao http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2012/04/professores- http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797. http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4771.htm Cap3_Licenciamento_Ambiental.indd 56 07/12/2017 10:16:29 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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