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GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS DE SAÚDE Professor Fulano 1 Gestão dos processos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os pressupostos básicos da gestão de processos. Identificar os principais elementos associados à gestão de processos. Descrever ações de enfermagem que podem influenciar na gestão dos processos. Introdução A busca de melhorias nos serviços de saúde remete a questões de utilização eficiente de recursos e processos disponíveis a fim de gerar resultados positivos para a assistência e cuidado prestado à população. Desse modo, o maior desafio, em qualquer país, consiste em aumentar a coerência entre os recursos, os serviços e as necessidades da sociedade. Com esse intuito, a gestão de processos precisa eliminar os desequilíbrios prioritários (colocar os serviços onde estão as necessidades), numéricos (excesso de médicos, falta de enfermeiros) e organizacionais (falta de serviços básicos, abundância de serviços hospitalares). Diante deste contexto, o presente capítulo descreve de forma am- pla e sistematizada os pressupostos e elementos básicos da gestão de processos para promover a qualidade na área da saúde, bem como as ações de enfermagem que auxiliam nesse objetivo. Pressupostos básicos da gestão de processos a partir de teorias da administração Todas as organizações têm a capacidade de se adaptar a inovações, e essa capacidade está diretamente vinculada à sua produtividade no mercado. Há algumas décadas, teóricos passaram a investigar e estudar as possibilidades de se implantar programas de mudança de forma planejada que reduzissem seus impactos e refl exos negativos na organização. Diante disso, vejamos agora os principais pressupostos de gestão de processos a partir da análise de teóricos da administração (LIKER, 2016). Teoria da Burocracia: Propõe que todas as organizações sejam iden- tificadas por autoridades e responsabilidades bem definidas, através de uma estrutura formalizada, donde vem seu o nome, cujo sentido era positivo, pois preconizava de que a partir dessa burocracia a organização teria mais eficiência. Administração científica do trabalho: Concretizada por Frederick Taylor, um engenheiro americano (1856–1915). Esta teoria tem como foco o processo de tarefas, com objetivo de aumentar sua eficiência. Está ligada aos princípios do planejamento de atividades, da prepara- ção dos trabalhadores, do controle das atividades e da execução com disciplina e responsabilidade. Taylor publicou sua obra “Princípios da Administração Científica” em 1911. Teoria Clássica da Administração: Criada por Henri Fayol, a Teoria Clássica da Administração visava a estrutura organizacional, e possui várias semelhanças com as teorias de Taylor. Estabeleceu 14 princípios básicos, dentre os quais: autoridade, disciplina, divisão do trabalho, organização e capacidade de execução. Fordismo: Henry Ford foi um engenheiro americano (1863–1947) que fundou em 1903 uma das maiores empresas do mundo, a Ford Motor Company. Foi inovador nos métodos de produção, e também nos mé- todos de gestão de pessoas, instituindo pagamentos acima da média, com redução da jornada de trabalho. Teoria das Relações Humanas: Criada como contraponto ao comporta- mento tipo máquina do empregado, proposto pela teoria Clássica, dando enfoque ao fator social e grupal. Sendo assim, essa teoria objetivou dar importância às pessoas e a suas necessidades emocionais, abrindo caminho para os estudos de relações humanas no campo de trabalho. Teoria Estruturalista: Surgiu na década de 1950, buscando conciliar e harmonizar as teses das teorias Clássica e das Relações Humanas. Seu enfoque recai na estrutura e ambiente, níveis hierárquicos, recompensas salariais e sociais. Teoria dos Sistemas: Surgiu na década de 1930, por inspiração do biólogo Ludwig von Bertalanffy. A Teoria Geral dos Sistemas propõe que cada organização seja um todo maior que a soma das suas par- tes, compondo assim um sistema, ou seja, um conjunto de elementos inter-relacionados. Gestão dos processos2 Teoria Contingencial: Surgiu a partir de uma série de estudos sobre modelos de estruturas organizacionais de empresas, cujos resultados mostravam que não havia modelos absolutos, mas sim estruturas diversas que funcionavam melhor em uma ou outra empresa. Teoria Neoclássica: Trata-se de um conjunto de teorias e pensamentos que surgiram na década de 1950, retomando alguns conceitos da Teoria Clássica da Administração, tanto de Fayol como de Taylor. Elementos associados à gestão de processos A globalização e as constantes modifi cações no campo dos processos de trabalho interferem diretamente no perfi l dos profi ssionais demandados pelo mercado, requerendo que estejam alinhados com os objetivos, metas e resul- tados organizacionais. Isso não é diferente para os profi ssionais do setor de prestação de serviços, o que inclui os serviços de saúde, também diretamente envolvidos com várias vertentes de gestão de processos. Todo processo de gestão é fundamental para aprimorar cada resolutivi- dade no campo da atenção em saúde. Cada gerente, seja municipal, estadual e municipal, desempenha papel central neste processo. Sabe-se que uma das dificuldades enfrentadas pelos gestores de saúde pública é realizar um planejamento em saúde conforme o número populacional, pois existe uma população flutuante que utiliza o SUS, mas que não é contabilizada para o repasse de recursos financeiros (TAMAKI et al., 2014). Desse modo, cada município da federação possui a incumbência e a res- ponsabilidade pela gestão do seu território e, para tanto, precisa controlar, planejar, estruturar, organizar, avaliar e executar a maioria dos serviços de saúde. Para fins de gestão, tais serviços podem ser considerados como proces- sos. Processos compreendem um conjunto ordenado de atividades de trabalho, no tempo e espaço, com início e fim, além de entradas e saídas bem definidas (MINISTÉRIO PÚBLICO, 2013). Nesse contexto, a gestão de processos é uma orientação conceitual que visualiza as funções de uma organização com base nas sequências de suas atividades, ao contrário da abordagem funcional tradicional, em que as or- ganizações estão separadas por área de atuação, altamente burocratizadas e sem visão sistêmica do trabalho que realizam. Toda gestão de processos é uma abordagem sistemática de gestão que trata de processos de negócios como ativos, que potencializam diretamente o desempenho da organização, primando pela excelência organizacional e 3Gestão dos processos agilidade nos negócios. Isso envolve a determinação de recursos necessários, monitoramento de desempenho, manutenção e gestão do ciclo de vida do processo. Fatores críticos de sucesso na gestão de processos estão relacionados a como mudar as atitudes das pessoas e ou as perspectivas de processos para avaliar o desempenho dos processos das organizações (SOUZA, 2001). Veja a seguir os princípios para gestão de processos organizacionais, segundo o “Manual de Gestão por processos” do Ministério Público (2013). Satisfação dos clientes: necessidades, perspectivas e requisitos dos clientes internos e externos devem ser conhecidos para que o processo seja projetado de modo a produzir resultados que satisfaçam suas necessidades. Gerência participativa: conhecer e avaliar a opinião dos seus colaboradores é um aspecto importante para que sejam discutidas as ideias e um melhor desempenho do processo seja alcançado. Desenvolvimento humano: para se chegar a melhor eficiência, eficácia e efetivi- dade da organização, é necessário o conhecimento, as habilidades, a criatividade, a motivação e a competência das pessoas. O sucesso das pessoas depende de oportu- nidades de aprendizado e de um ambiente favorável ao seu pleno desenvolvimento. Metodologia padronizada: para evitar desvios de interpretação e alcançar os resultados esperados,é importante seguir os padrões e a metodologia definida, que poderá ser constantemente melhorada. Melhoria contínua: o comprometimento com o aperfeiçoamento contínuo é o principal objetivo da gestão de processos, de modo a evitar retrabalhos, gargalos e garantir a qualidade do processo de trabalho. Ações de enfermagem que podem influenciar na gestão de processos O conceito de competência gerencial no campo da saúde advém de uma visão mais ampla e de quesitos que vão além do próprio conhecimento administra- tivo. A capacidade gerencial de um profi ssional na saúde é considerada rara, pois exige habilidades complexas como: capacidade analítica, de julgamento, de decisão, de liderança para enfrentar riscos e incertezas. Além disso, é preciso que os dirigentes atuais tenham a capacidade de realizar negociação Gestão dos processos4 dos interesses e demandas da organização de forma ambígua e diversifi cada (MENDES, 2015). Sendo assim, a gestão de processos de enfermagem precisa inicialmente considerar os profissionais envolvidos no sistema, que costumam trabalhar em equipes compostas por enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem. O técnico de enfermagem é uma categoria profissional do setor que existe desde quando foi criado o primeiro curso na Escola Ana Néri, em 1966, mas a regulamentação para o exercício profissional aconteceu efetivamente só em 1986, com a Lei nº 7.498/86, regulamentada pelo Decreto-Lei nº 94.406/87 4 (CRUZ; ALMEIDA, 2010). Cabe enfatizar que a qualificação profissional é atualmente uma exigência para o alcance de qualquer cargo almejado; na saúde, porém, pode-se afirmar que mais que uma exigência, isso é uma obrigação, uma vez que o enfermeiro lida com vidas e não com máquinas. Por isso, seu conhecimento sobre o ser humano, sobre os cuidados necessários e sobre a promoção da saúde devem ser constantemente aperfeiçoados (MENDES, 2015). O mapeamento de competências profissionais na enfermagem é um meio de identificar, sistematizar e evidenciar as competências organizacionais. Com base nele, é possível organizar toda a gestão de processos e identificar os pontos fortes e as lacunas da instituição, o que possibilita a tomada de decisões importantes. Nos últimos anos, a qualificação dos serviços de saúde tem ganhado espaço, passando por constantes construções conceituais e me- todológicas. Definir níveis de qualidade dos serviços de saúde envolve grande complexidade, dada à peculiaridade das instituições do setor, que possuem padrões de qualidade cada vez mais elevados, o que as fazem buscar meios para mensurar seus serviços (PENA, 2012). O link a seguir oferece uma análise do processo de trabalho na estratégia de saúde da família em relação à operacionalização dos Princípios Básicos do SUS. https://qrgo.page.link/45PqL E para acessar os desafios do processo de gestão em um centro de atenção psi- cossocial de um município do interior do nordeste brasileiro, entre no link a seguir. https://qrgo.page.link/1Uyko 5Gestão dos processos CRUZ, A. M. P.; ALMEIDA, M. A. Competências na formação de técnicos de enfermagem para implementar a sistematização da assistência de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 44, n. 4, p. 921−927, 2010. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/reeusp/v44n4/09.pdf. Acesso em: 8 jun. 2019. LIKER, J. K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. Porto Alegre: Bokman, 2016. MENDES, A. N. Financiamento, gasto e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS): a ges- tão descentralizada semiplena e plena do sistema municipal no Estado de São Paulo (1995-2001). 2005. Tese (Doutorado em Ciências Econômicas)- Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015. Disponível em: http://repo- sitorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/285934/1/Mendes_AquilasNogueira_D. pdf. Acesso em: 8 jun. 2019. PENA, M. M. Grau de satisfação de usuários de um hospital privado. Acta Paulista En- fermagem, v. 25, n. 2, p. 197−203, 2012. 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