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PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS

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Prévia do material em texto

PRÁTICAS CORPORAIS 
ALTERNATIVAS
PROFESSORA
Esp. Érica Fernanda Lopes 
Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo 
Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. 
O download do aplicativo está disponível nas plataformas:
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
Google Play App Store
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/823
2 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; 
LOPES, Érica Fernanda.
Práticas Corporais Alternativas. Érica Fernanda Lopes.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019.
132 p.
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Educação Física. 2. Yoga. 3. Tai Chi Chuan. 4. Meditação.
5. Biodança. EaD. I. Título.
CDD - 22ª Ed. 613.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-85-459-1925-4
Impresso por: 
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Minco�, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção 
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, 
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência 
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas, 
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecilia Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração 
Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Ana Claudia Salvadego, Revisão Textual Ariane Andrade 
Fabreti, Fotos Shutterstock.
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não 
somente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão 
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional 
e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de 
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil 
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa 
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, 
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. 
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais 
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos 
pelo MEC como uma instituição de excelência, com 
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 
maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educadores 
soluções inteligentes para as necessidades de todos. 
Para continuar relevante, a instituição de educação 
precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, 
coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
boas-vindas
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à 
Comunidade do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar 
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores 
e pela nossa sociedade. Porém, é importante 
destacar aqui que não estamos falando mais daquele 
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas 
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, 
atemporal, global, democratizado, transformado pelas 
tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, 
informações, da educação por meio da conectividade 
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares 
e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram 
a informação e a produção do conhecimento, que não 
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em 
segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber cada 
vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. 
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg 
modificou toda uma cultura e forma de conhecer, 
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, 
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa 
cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o 
conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância 
(EAD), significa possibilitar o contato com ambientes 
cativantes, ricos em informações e interatividade. É 
um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá 
as portas para melhores oportunidades. Como já disse 
Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. 
É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. 
Willian V. K. de Matos Silva
Pró-Reitor da Unicesumar EaD
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes 
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível 
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta 
pedagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, 
desenvolvendo competências e habilidades, e 
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, 
de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento 
e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos 
fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe 
uma equipe de professores e tutores que se encontra 
disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
boas-vindas
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Design Educacional
Janes Fidélis Tomelin
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Leonardo Spaine
Diretoria de Permanência
autora
Esp. Érica Fernanda Lopes 
Pós-graduada em Naturopatia pela Faculdade de Tecnologia em Saúde e Centro 
Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem (Cieph) em Florianópolis e Pós-gra-
duada em MedicinaTradicional Chinesa/Acupuntura pela Escola Brasileira de 
Medicina Chinesa (Ebramec) de São Paulo. Graduada em Educação Física pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atualmente, é Terapeuta Naturalista 
com experiência nas seguintes áreas: sociedade e construção social, lazer e 
recreação, brinquedo e brincar, educação física, holismo, integração holística 
entre o desenvolvimento físico, intelectual, espiritual e artístico na Educação 
Física escolar. 
http://lattes.cnpq.br/4259272002321663
apresentação do material
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS
Érica Fernanda Lopes 
Querido(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) às Práticas Corporais Alternativa e Com-
plementares (PACs)! Preparamos este material com o intuito de tecer um diálogo 
sobre o contexto das PACs no atual cenário da Educação Física e as contribuição 
delas para o desenvolvimento das potencialidades dos interagentes. 
A Educação Física oferece uma gama de experiências que enriquecem a capa-
cidade de criação, de expressão e de conhecimento do próprio corpo, o influencia 
a interação com o meio onde vivemos. Abordaremos as PACs como recurso es-
sencial nesse diálogo e nesse objetivo, contemplando a integralidade entre mente, 
espírito e materialidade. 
Aqui, ao ampliar os seus olhares para a concepção diferenciada do corpo, pro-
pomos diferentes possibilidades de trabalho que podem ser desenvolvidas nessa 
área, para que, diante das necessidades da atual sociedade, possamos construir 
sujeitos com melhor domínio da inteligência emocional na inter-relação entre si.
Dividimos o livro em cinco unidades e, em cada uma, estabeleceremos um 
diálogo sobre a configuração atual das práticas selecionadas: Yoga, Tai Chi Chuan, 
Meditação e Biodança. Você encontrará um leque de possibilidades de criação, 
pois dialogamos com a concepção de corpo sob a visão oriental, trazendo novos 
elementos para o nosso trabalho.
As práticas citadas são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por 
meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICs), 
possibilitando ampliar o nosso campo de atuação. 
Convidamos você a expandir a sua visão para além das práticas convencionais, 
a angariar valiosos conhecimentos sobre a corporeidade e a cultura corporal, além 
de conhecer outras formas de trabalho e enriquecer a sua intervenção. Vamos 
construir, juntos, uma Educação Física que vise o desenvolvimento do ser como um 
todo. Contamos com você! Faça bons estudos e tenha um ótimo curso, aproveite!
sumário
UNIDADE I
AS PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS NA EDUCAÇÃO 
FÍSICA
14 As Práticas Corporais Alternativas e a sua 
Configuração no Atual Cenário da Educação 
Física
18 As Práticas Corporais Convencionais e as 
Práticas Alternativas: Diálogo e Integração
22 O Corpo na Visão Oriental: Ampliando 
Conceitos
26 O Entrelaçamento entre a Cultura Oriental 
e Ocidental
28 Considerações Finais
34 Referências
34 Gabarito
UNIDADE II
YOGA
40 Os Princípios do Yoga
46 Yoga: Filosofia ou Ginástica?
50 O Yoga na Educação Física
57 Considerações Finais
62 Referências
64 Gabarito
UNIDADE III
TAI CHI CHUAN - A ARTE MILENAR 
70 Tai Chi Chuan: História e Filosofia
74 Tai Chi Chuan: Arte Marcial, Meditação e Saúde
78 A Prática do Tai Chi Chuan 
83 Considerações Finais
88 Referências
88 Gabarito
UNIDADE IV
A MEDITAÇÃO
94 A Meditação: os Caminhos para uma Prática 
Integral no Campo da Educação Física
100 O Corpo e a Mente: o Desafio da Integralidade
102 Como Meditar? O Desafio da Prática
104 Considerações Finais
109 Referências
109 Gabarito
UNIDADE V
BIODANÇA
114 Biodança: Origem e História
118 Definição e Prática da Biodança
122 Biodança e Educação Física: Aproximações e 
Complementaridades
124 Considerações Finais
130 Referências
131 Gabarito
132 CONCLUSÃO GERAL
Professora Esp. Érica Fernanda Lopes 
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• As Práticas Corporais Alternativas e a sua configuração no 
atual cenário da Educação Física
• As Práticas Corporais Alternativas e as Práticas 
Convencionais: diálogo e integração
• O corpo na visão oriental: ampliando conceitos
• O entrelaçamento entre as culturas oriental e ocidental
Objetivos de Aprendizagem
• Definir o conceito das Práticas Corporais Alternativas na 
Educação Física e dialogar sobre as abordagens atuais.
• Identificar as diferenças entre as PACs e as práticas 
convencionais.
• Dialogar sobre as diferenças entre as visões oriental 
e ocidental na construção do conceito de corpo e de 
movimento, bem como o reflexo desse conceito na 
construção do sujeito social mediante os seus aspectos 
culturais. 
• Discutir sobre a popularização das Práticas Corporais 
Alternativas no Brasil e a sua expansão no campo da 
Educação Física.
AS PRÁTICAS CORPORAIS 
ALTERNATIVAS NA 
EDUCAÇÃO FÍSICA
unidade 
I
INTRODUÇÃO
Olá! Seja bem-vindo(a), aluno(a)! 
Nesta unidade, falaremos sobre o conceito das Práticas Corporais 
Alternativas (PACs) e a sua configuração na Educação Física, tendo em 
vista que essa disciplina encontra as suas origens na concepção higienista 
médica, a qual visava a educação do corpo, o que promoveu uma visão 
dualista do sujeito, dividindo-o entre corpo e mente.
Vivemos, porém, em tempos em que essa visão já não mais se susten-
ta, ela necessita ser ampliada para moldes que acompanhem a evolução 
social, que contribuam com a vivência além dos moldes tradicionais e 
potencializem as capacidades inatas humanas em todos os seus aspectos. 
Para tanto, qual o papel da Educação Física nesse contexto? Como nós, 
profissionais da área, podemos contribuir nesta tão importante forma-
ção? Estando ela intimamente associada aos conceitos de corpo e movi-
mento, tornam-se essenciais determinados questionamentos, tais como: 
Qual a concepção de corpo? Como se dá a sua caracterização diante do 
meio onde vivemos? Sendo esse corpo físico dotado de sentimentos e 
emoções, seria possível uma prática que desvincule tais conceitos? 
As Práticas Corporais Alternativas buscam embasamentos nas filoso-
fias orientais, as quais possuem um aparato milenar e profundo que nos 
ajuda a elucidar esses questionamentos de forma diferenciada. Assim, 
buscamos vivências que evidenciem a capacidade de criação, de autodo-
mínio, de autopercepção, de compreensão das suas sensações corpóreas e 
o diálogo destas com as suas emoções e os seus sentimentos, expandindo 
tais aspectos para o convívio social. 
Além do que, o entrelaçar de culturas tão distintas, a oriental e a oci-
dental, pode apontar diferentes paradigmas na autoconstrução e na for-
mação de nossos alunos, de modo a enriquecer a sua cultura corporal. 
Por que não ousar, transformar a sua aula e enriquecer a vivência dos 
alunos e praticantes? Por que não buscar novas soluções para antigos pro-
blemas que abarcam a Educação Física e a sociedade em geral? Vamos 
dialogar sobre o assunto?
14 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Olá, querido(a) aluno(a)! 
Iniciaremos este tópico examinando como as 
Práticas Corporais Alternativas se inserem no con-
texto da Educação Física. Tendo em vista que esse 
termo é utilizado por várias áreas do conhecimento, 
como a Antropologia, a Sociologia e a Saúde, isto 
volta os nossos olhares para a complexidade dele, 
também pela possibilidade de diálogo que ele ense-
ja, uma vez que a Educação Física se insere tanto no 
campo da educação quanto no da saúde, o que nos 
dá a possibilidade de amplo e complexo diálogo. De 
acordo com Lazzarotti Filho et al. (2010, p. 6): 
No campo da Educação Física, o termo “prá-
ticas corporais” vem sendo valorizado pelos 
pesquisadores que estabelecem relação com 
as ciências humanas e sociais, pois aqueles 
que dialogam com as ciências biológicas e 
exatas, operam com o conceito de atividade 
física. 
A Educação Física, por ter o corpo humano como 
objeto de estudo, apropria-se desses conteúdos 
como complemento que enriquece as práticas con-
vencionais, tais elementos buscam levar as aulase 
vivências para além de sua utilidade pragmática, 
As Práticas Corporais Alternativas 
e a sua Configuração no Atual 
Cenário da Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 15
integralizando e agrupando as suas dimensões bá-
sicas (pensamento, sentimento, emoção, movimen-
to), que são parte da completude do ser, atribuindo 
sentido para o cotidiano dos praticantes, levando-os 
à reflexão sobre o seu modo de vida e os desdobra-
mentos dele em próprio corpo. 
Diante dessa possibilidade, abrimos o campo 
para a construção da sensibilidade do corpo como 
um todo, que interprete o sujeito na sua completu-
de, dotado de emoções, sentimentos e sensações. 
Ao aguçar os sentidos, estabelecemos uma relação 
mais humanizada e proporcionamos experiências 
mais ampliadas de autopercepção e de conexão 
com o meio. 
A experiência que prima por esses aspectos 
visa quebrar os paradigmas sociais dos relacio-
namentos humanos, do indivíduo com si e com o 
próximo de modo que o autoconhecimento leva à 
construção de um novo padrão mental de aceita-
ção, autorrespeito e amor próprio. Tais virtudes se 
estendem à convivência em sociedade, de modo 
que os sujeitos com maior potencial de autodomí-
nio têm mais empatia e tolerância com o próximo, 
interferindo na construção de ambientes mais sau-
dáveis ao seu redor. 
Nesse contexto, Freire (2003, p. 35) aponta-nos que 
o “desenvolvimento dos aspectos puramente intelec-
tuais é muito pouco para uma sociedade que, além 
de raciocínios lógicos, deveria se alimentar de soli-
dariedade, de cooperação e de amor”. 
É importante verificarmos que tais práticas não 
se contrapõem àquelas convencionais, mas pro-
põem diferentes objetivos, como o relaxamento, o 
autoconhecimento, a sensibilização, o contato con-
sigo e a sua natureza individual. Para isso, tivemos, 
no século XX, o Movimento da Contracultura, que 
serviu de parâmetro para questionarmos o modo de 
vida mecanicista desenvolvido pelo Ocidente com o 
alavanque tecnológico.
A esse respeito, Coldebella (apud IMPOLCETTO 
et al., 2013, p. 271) “indica que o movimento da con-
tracultura reivindica a liberdade e autonomia dos 
indivíduos, defendendo a espontaneidade, o resgate 
do habitat rústico, a vida em comunidade e a recon-
ciliação com o corpo”. 
O termo alternativo leva-nos a refletir sobre uma 
prática fora dos moldes preestabelecidos e nos faz 
observar aspectos mais complexos da nossa existên-
cia e do nosso papel na sociedade e nos coloca dian-
te de novas possibilidades de experiências e diálogos 
com culturas diferentes. Estamos convidados a sair 
do pensamento linear e a explorar novos campos.
De acordo com os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL, 2000, p. 1) “para viver de-
mocraticamente em uma sociedade plural é pre-
ciso respeitar os diferentes grupos e culturas que 
a constituem”, fato que possibilita a ampliação e 
a construção de novos conhecimentos e, assim, 
transformar as experiências com a prática da Edu-
cação Física, no decorrer da história, de acordo 
com a necessidade de cada tempo.
Como podemos trabalhar o desenvolvimento 
da autopercepção e do autoconhecimento 
para auxiliar no nosso crescimento e na nossa 
atuação consciente no mundo?
REFLITA
16 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Reflita comigo, querido(a) aluno(a): 
Se tais teorias indicam que há a necessidade de resgate da autonomia 
do corpo/indivíduo, é porque, em algum momento, ela foi sobrepujada. 
Desse modo, a Educação Física, em suas diferentes competências de 
atuação sobre o corpo, se configura como elemento de grande relevân-
cia na formação social dos indivíduos. Portanto, tais questionamentos 
se tornam fundamentais nesse meio.
Sendo a Educação Física a área de estudo responsá-
vel por tratar do movimento e da Cultura Corporal 
nos seus diferentes campos de atuação, considera-
mos que: 
[...] a área de Educação Física hoje contempla 
múltiplos conhecimentos produzidos e usufruí-
dos pela sociedade a respeito do corpo e do mo-
vimento. Entre eles, se consideram fundamen-
tais as atividades culturais de movimento com 
finalidades de lazer, expressão de sentimentos, 
afetos e emoções, e com possibilidades de pro-
moção, recuperação e manutenção da saúde 
(BRASIL, 1997, p. 23).
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 17
Diante disso, temos em nossas mãos grandes possibilidades de traba-
lho em um vasto campo de atuação, não é mesmo?
18 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Neste tópico, convidamos você à seguinte reflexão: 
Diante do escopo teórico/prático nas diferentes áre-
as de atuação que a Educação Física propõe-nos, de 
acordo com as bases nas quais ela foi fundada, como 
conciliaremos uma proposta nova e tão abrangente 
com um conhecimento há tanto tempo difundido, 
mas que necessita de reformulação condizente com 
o nosso contexto sociocultural? 
Primeiramente, consideramos que a Educação 
Física, dentre as suas atuações, tem a possibilida-
de explorar as diferentes manifestações da Cultura 
Corporal, sendo o termo cultura “entendido como 
produto da sociedade, da coletividade à qual os in-
divíduos pertencem, antecedendo-os e transcenden-
do-os” (BRASIL, 1997, p. 23). 
Isso implica no fato de que a cultura está em 
constante transformação e construção no fazer diá-
rio da sociedade, na manutenção da vida e dos hábi-
tos por ela desenvolvidos, o que nos leva a crer que 
a prática educacional que prima pela seleção de con-
As Práticas Corporais Convencionais 
e as Práticas Alternativas: 
Diálogo e Integração
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 19
teúdos relevantes e coerentes deve estar em conso-
nância com o dinamismo desse processo. De acordo 
com Soares et al. (1992, p. 33):
Educação Física é uma prática pedagógica que, 
no âmbito escolar, tematiza formas de ativida-
des expressivas corporais como: jogo, esporte, 
dança, ginástica, formas estas que configuram 
uma área de conhecimento que podemos cha-
mar de cultura corporal. 
Desse modo, podemos, então, admitir que o corpo é 
um meio de manifestação e expressão da nossa cul-
tura, ao passo que adquire também, na sua indivi-
dualidade, aspectos peculiares que interagem com a 
cultura de modo geral. 
Podemos, também, defini-la por sua interven-
ção nas práticas relacionadas à manutenção da saú-
de e à melhora da qualidade de vida, bem como nas 
atividades vinculadas ao lazer, ao tempo livre e à 
ludicidade. No que compete à saúde, o profissional 
da Educação Física tem a possibilidade de dialogar 
com demais áreas afins trabalhando na complemen-
taridade que abrange o conceito de saúde, dado pela 
OMS como “o estado de completo bem-estar físico, 
mental e social, e não apenas a ausência de doença” 
(BRASIL, 1993, p. 65).
Segundo esse conceito de saúde, podemos refle-
tir sobre a gama de atuação da Educação Física nesse 
contexto, tendo em vista que o profissional da área 
pode levar tais conhecimentos para diversas áreas, 
desde a formação educacional de base até a manu-
tenção e a promoção da saúde, do lazer e da qualida-
de de vida, sendo um importante interventor nesse 
processo. 
Cada vez mais nos deparamos com espaços de 
lazer e práticas de atividades voltadas para a manu-
tenção e a promoção da saúde, diante disso, o pro-
fessor e profissional da Educação Física destaca-se 
ao se deparar com maiores campos de atuação devi-
do à busca crescente por hábitos mais saudáveis, que 
incluem a prática de esportes, as ginásticas, as dan-
ças e uma gama de novas possibilidades que surgem 
em espaços privados ou públicos. 
Nesse contexto, pelo aprimoramento e pela bus-
ca por atividades diferenciadas, as PACs encontram 
forte campo de atuação, tendo em vista o crescente 
número de adeptos de atividades até pouco tempo 
desconhecidas. Diante do avanço da comunicação 
do mundo globalizado, é de fundamental importân-
cia considerar que as diferentes culturas dos dife-
rentes povos do globo estão em constante interação, 
que este fazer social e cultural ultrapassou as barrei-
ras geográficas e estabeleceu um constante e valioso 
diálogo entre as diferentes civilizações.Tal diálogo estabelecido trouxe nova visão do 
corpo e do modo de se expressar e interagir com 
o mundo, oportunizando o avanço em conteúdos 
além dos convencionais, avanço esse necessário para 
a evolução do ensino e para a construção de uma 
nova realidade educacional, de uma nova forma de 
se relacionar com o corpo e os seus meandros, e de 
práticas que abranjam aspectos além daqueles pura-
mente biológicos e que atendam às necessidades do 
momento atual. 
Soares et al. (1992) apontam que os exercícios 
físicos na forma cultural de jogos, ginástica, dança 
e equitação surgem na Europa, no final do século 
XVIII e início do século XIX. Este é o tempo e o es-
paço de formação dos sistemas nacionais de ensino, 
marcando a consolidação da Educação Física como 
disciplina obrigatória, seguindo os moldes sociais 
da época e as características da sociedade burguesa 
daquele período. Deve-se ter em vista que, de início, 
a Educação Física se fazia nos moldes higienistas: 
20 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
utilizada como ferramenta para a obtenção de um 
corpo saudável e forte para o trabalho no momento 
da Revolução Industrial. 
Com isso, observamos que, desde o princípio, 
essa disciplina surge pela necessidade social vigen-
te no momento histórico em que ela está inserida, a 
“construção” de um novo indivíduo para nova socie-
dade que surgia, com novas necessidades e deman-
das sociais, econômicas e morais. 
Querido(a) aluno(a), desde então, muito se pas-
sou, grandes transformações ocorreram em nossa 
sociedade. A Educação Física vem se transformando 
sob a influência de áreas do conhecimento, como a 
Antropologia, a Sociologia e a Psicologia, ampliando 
as suas possibilidades de atuação numa visão mais 
integralizada do ser, na tentativa de romper com a 
dicotomia corpo-mente até então estabelecida. 
Desde então, os novos rumos que a Educação 
Física tem buscado perpassam o âmbito da Cultu-
ra Corporal para, assim, encontrar uma definição 
que amplia a visão do corpo para além do desen-
volvimento exclusivo das habilidades físicas. Busca 
a visão integral do ser no âmbito psicológico-men-
tal, social, moral e também biológico, mas não so-
mente. 
Partimos do princípio de que o aprendizado é 
um fator inerente a cada indivíduo, assim como di-
fere para cada um as vivências corpóreo-sensoriais, 
o tempo de se apropriar do conhecimento e de de-
senvolver as potencialidades. 
Estamos de acordo que, de modo geral, o nosso 
corpo possui desenvolvimento semelhante na cone-
xão entre neurônios e formação de sinapses, porém, 
no trato de suas relações, o indivíduo se coloca à 
prova diante de suas emoções, e isso influencia di-
retamente a sua forma de aprender, de valorar, de se 
apropriar dos conteúdos adquiridos, de se expressar 
no mundo e de se relacionar com a sua saúde e o 
seu bem-estar, características estas que nos diferem 
e nos tornam únicos. 
Com isso, termos como cooperação, autoper-
cepção, autoconhecimento, autonomia física e 
mental, valorização das diferenças, liberdade, cria-
tividade, aceitação, holismo, visão global de saúde 
e bem-estar, serão comuns na literatura que abran-
ge essa nova prática, que tira a ênfase antes dada 
à competitividade, ao enaltecimento da técnica, 
ao higienismo, à racionalização e à instrumentali-
zação do movimento, uma vez que, quando pen-
samos no corpo, pensamos, simultaneamente, no 
indivíduo em si.
De certo modo, as PACs provocam a descons-
trução de um movimento pré-moldado, racionali-
zado, em que não existem ideais de perfeição nas 
performances, em que o fazer se encerra por si 
mesmo no sentido de não haver comparativos de 
resultados. O movimento torna-se a consequência 
da expressão da individualidade de cada corpo, 
dentro de suas proporções e possibilidades, de seus 
sentimentos e emoções, segundo os seus costumes, 
crenças e objetivos, na busca pelo prazer na execu-
ção, no relaxamento e na integralização do corpo e 
da mente.
A exemplo disso, temos práticas como a Yoga e 
o Tai Chi Chuan, que produzem movimentos com 
lentidão, leveza e introspecção, em que não há es-
tímulos competitivos ou comparativos, mas sim, 
expressões de si mesmo, do corpo e da mente fundi-
dos, formando o contexto único de cada praticante 
cujo grande desafio dá-se consigo mesmo. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 21
Nessas técnicas, temos a observação contínua de si 
mesmo, em que se mesclam os aspectos puramente 
físicos e emocionais, partindo do princípio de que 
o pensamento é a origem de tudo que nos acontece, 
assim, tais práticas direcionam-se para o controle da 
mente. De acordo com esses princípios, a mente si-
lenciosa é capaz de ouvir, perceber, captar a realida-
de de maneira mais eficiente e de nos ajudar a sentir 
de maneira mais precisa e a interagir com o meio 
de maneira mais equânime. A esse respeito, Marin 
(2010, p. 210) aponta que: 
Quando acalmamos nossa mente, liberamos 
mais energia para nossa vida emocional. Por 
mente entendo a mente racional, que resol-
ve problemas, justifica e julga, em oposição à 
mente como um todo, que abrange não somen-
te pensamentos, mas também sentimentos, in-
tuição, praticidade e sonhos. 
Assim, a visão do corpo estende-se para outras di-
mensões, a prática física ganha finalidades diferen-
ciadas e peculiares. A performance torna-se a resul-
tante, e não a causa primária da atividade, e a união 
entre esses dois aspectos pode resultar no maior 
aproveitamento do trabalho realizado, na autossatis-
fação e na realização pessoal.
22 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Para compreender a visão da cultura oriental so-
bre o corpo, é necessário compreender que este 
conhecimento e toda a sua filosofia derivam do 
modo de vida desenvolvido por essa cultura de 
acordo com a necessidade de cada geração. Nos 
primórdios das civilizações, segundo a visão 
oriental, a filosofia, a religião e a ciência provi-
nham da mesma fonte, não existindo separação 
entre elas de maneira holística. 
Era hábito dos antepassados orientais a cons-
tante observação da natureza, de maneira que as 
suas teorias provêm da interação com ela. É muito 
comum, principalmente na cultura chinesa, que os 
processos fisiológicos sejam comparados e equipa-
rados a fenômenos naturais. 
De acordo com as suas tradições, há uma ener-
gia que é fonte primária de todos os elementos e 
criações, tudo no universo está permeado de uma 
substância vital denominada Qi ou Prana, ou como 
é chamado no Ocidente, de Energia Vital. Segundo 
as tradições, essa substância é a causa primária de 
toda a vida. Sionneau (2014, p. 201) diz que
O Corpo na Visão Oriental: 
Ampliando Conceitos
Fonte: Thomas Barrat / Shutterstock
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 23
na China Antiga, o Qi é o sopro da vida, o dina-
mismo fundamental que dirige todas as mani-
festações do universo, incluindo os seres vivos. 
É ele que está na origem de todas as coisas, de 
todos os seres. É a força primordial que anima 
a criação.
O Qi é dinâmico e se transforma para dar forma 
aos diferentes estados da matéria. Sionneau (2014, 
p. 202) aponta que “ao se concentrar, ele se consti-
tui em matéria e gera a multiplicidade dos homens 
e das coisas”.
em que vive, o corpo influencia e sofre influência 
desse meio a todo momento, a interação com a na-
tureza, com os demais e consigo mesmo mesclam-se 
em um único ser.
Por isso, temos uma gama de atividades nessa 
área que primam pela auto-observação e pelo auto-
conhecimento, que buscam mais a superação de si 
mesmo do que a competição. A ideia é a de que se 
somos capazes de vencer os nossos próprios desa-
fios, podemos lidar melhor com os aspectos exterio-
res que nos cercam.
As suas práticas corporais utilizam a respiração 
como forma de concentração e tomada de consciên-
cia, fazem o uso correto da postura, do foco e da au-
topercepção, partindo do interior para o exterior. Os 
movimentos são mais lentos e ritmados, com foco 
na consciência de si mesmo, traçando, desse modo, 
a interação com o meio.
Aqui, caro(a) aluno(a), temos umavisão holista 
do corpo, que nos traz grandes reflexões sobre o tra-
balho de revalorizar conceitos e de reelaborar a vi-
são fragmentária que ainda nos marca. Para Ribeiro 
(apud CREMA; BRANDÃO, 1991, p. 137):
A ideia holística é aquela da integração harmo-
niosa parte-todo-parte. Quando se sai da ideia 
para a prática, da prática para a ideia, a educa-
ção acontece, porque parte e todo, todo e parte 
se integram e convergem dialeticamente na sín-
tese, na totalidade existencial.
Esse conceito holístico traz ao indivíduo uma visão 
mais harmoniosa do próprio corpo, levando em 
consideração a sua individualidade ao trabalhar a 
despadronização imposta pela mídia e pelo merca-
do, trazendo à luz da reflexão esse conceito de corpo 
materializado e objetificado em performances e for-
mas perfeitas. 
Temos, pois, nesses moldes, que o nosso corpo é 
formado e composto por Qi, em uma das diferen-
tes manifestações de sua forma, o que ultrapassa o 
conceito apenas médico do corpo, sendo também 
filosófico, sociológico e espiritual. 
Dentro da cultura oriental, o corpo humano é 
visto como parte integrante e atuante com o meio 
24 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Ao contrário disso, a prática das PACs, dentro dessa 
visão, propõe vivências que ampliam a criatividade 
e a expressividade de sentimentos e emoções, res-
significando o conceito de saúde ao abranger o ser 
como o todo que o compõe, tirando o foco do cará-
ter puramente estético e competitivo. 
Devemos ter como objetivo, aqui, trabalhar a 
ideia de que o nosso corpo é a “casa” onde habita-
mos, casa esta que alimentamos, cuidados, intera-
gimos, porém essa habitação repleta de potenciali-
dades também tem limitações dentro das diferentes 
particularidades que abrangem cada indivíduo, e 
estas, por sua vez, devem ser tratadas naturalmente, 
como parte da nossa humanidade, superando as ne-
gações e rejeições.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 25
26 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
O Entrelaçamento Entre a 
Cultura Oriental e Ocidental
Fonte: atiger/Shutterstock
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 27
Por outro lado, temos a sociedade ocidental, com 
método científico desenvolvido e pautado no prin-
cípio racionalista, em que o pensamento cartesia-
no teve grande influência ao dividir mente e corpo, 
atribuindo valores diferentes ao trabalho mental e 
ao trabalho manual, após a Idade Média. 
Em essência, a sociedade ocidental e a oriental 
são construções socioculturais de regiões diferentes 
do globo, porém isso não impede o diálogo e a inte-
ração entre elas, ao contrário, abre campo para a in-
tegração de conceitos e ideias, enriquecendo ambos 
os lados. As diferenças entre elas se encerram em as-
pectos religiosos, filosóficos e científicos, os quais de-
terminam as suas características sociais e vice-versa. 
Nesse sentido, nós o(a) convidamos a trazer o 
termo construção cultural para um movimento di-
nâmico entre o “fazer-se” e o “construir-se”, coletiva 
e individualmente, elaborado por suas experiências 
pessoais e/ou compartilhadas. “Afinal de contas, cul-
tura é - ou era - um valor considerado recomendável 
para todos os seres humanos, e ser culto significa 
exatamente ser cultivado” (SOUZA, 1998, p. 227). 
Pensamentos diferentes, porém ambos dentro das 
necessidades sociais do seu contexto e que, quando 
se inserem, hoje, em nossa realidade social, nos dão 
a possibilidade de utilizarmos ambos os conheci-
mentos para engendrar experiências significativas 
para o seu campo de atuação, caro(a) aluno(a).
Diante de tantas proposições diferentes, podemos 
nos perguntar: Como trazemos para a minha re-
alidade atividades tão diferenciadas em grau de 
complexidade e execução, bem como em princípios 
culturais?
Devemos ter em mente que nenhuma prática, 
seja ela educacional seja social, deve se contrapor. 
Ela faz parte do escopo de nossa construção cultural 
como um todo. Dessa forma, propomos, aqui, ca-
ro(a) aluno(a), a leitura atenta dessa proposta: captar 
os princípios e os direcionar para a nossa realidade. 
De um lado, temos a sociedade oriental e, aqui, 
neste material, enfatizamos o extremo Oriente, uma 
das mais antigas civilizações do globo, que possui 
medicina milenar. Os seus estudos foram, basica-
mente, postulados pelo método intuitivo, ligado às 
tradições da época e que perduram até os dias de 
hoje, por meio da observação da relação do indi-
víduo com o meio e a sua influência mútua. Nesse 
contexto, o corpo e a mente são indivisíveis no pen-
samento holístico. 
Qi é um termo bastante utilizado na expres-
são das práticas orientais, ele é a base de 
toda contextualização feita em Medicina 
Oriental. Porém o seu real conceito diverge: 
alguns textos antigos dizem que a definição 
do conceito do que é o Qi ainda está longe 
do nosso entendimento, que ele não pode 
ser definido, mas apenas sentido, em sua 
expressão mais pura, nas interações e cria-
ções da vida. Curioso, não? Como o termo 
mais utilizado pode não ter uma descrição 
devidamente definida? Vamos procurar sa-
ber mais sobre esse tal de Qi? 
Fonte: a autora. 
SAIBA MAIS
28 
considerações finais
Nesta unidade, tivemos o breve relato sobre as PACs, o seu conceito no âmbito 
da Educação Física, a diferença entre os seus objetivos e os das práticas conven-
cionais, bem como a visão oriental sobre corpo e movimento mediante os seus 
aspectos culturais, correlacionando-os com os aspectos ocidentais. 
Diante de tal discussão, lembre-se de que não estamos conferindo menor im-
portância aos conteúdos e às práticas convencionais, que são parte do currículo 
da Educação Física e das intervenções em saúde e lazer e têm extrema relevância. 
O que elas propõem é a ampliação das possibilidades das vivências do corpo e do 
movimento, sob outra perspectiva, devidamente correlacionada e adequada ao 
meio de atuação, segundo determinadas necessidades e especificidades.
Não podemos nos esquecer da miscigenação que compõe a nossa sociedade e 
a nossa capacidade de criação e adaptação. Vivemos num país com grande diver-
sidade, fruto da combinação de várias etnias, isto nos dá grandes possibilidades 
de ampliar o nosso campo investigativo, enriquecendo, assim, nossas vivências. 
Lembre-se sempre dessa diversidade e da potencialidade que ela pode pro-
mover. Quantos alunos diferentes podem se apresentar em uma mesma turma, 
com capacidades físicas e personalidades diferenciadas? Assim como pessoas 
com vivências e origens diferentes, com dimensões e potencialidades peculiares, 
enfim, cada um se torna um universo, com construções próprias.
Objetivamos, nesta unidade, apresentar uma proposta de trabalho diferen-
ciada, que incite a busca de novos conhecimentos e vivências que enriqueçam 
as práticas, que permitam o desenvolvimento de cada um dentro do seu tempo, 
de modo que todos encontrem o prazer e o autoconhecimento em atividades 
enriquecedoras. Buscamos apresentar um breve relato sobre a possibilidade de 
buscar saúde física e mental em uma única atividade, que vise a desenvolver o 
bem-estar de modo geral, sem fragmentações, levando em conta a ludicidade, a 
auto-observação e o autocontrole físico e emocional.
 29
atividades de estudo
1. De acordo com a discussão apresentada nesta 
unidade, vimos que a Educação Física possui 
um direcionamento para a sua prática. Direcio-
namento esse que a norteia, a caracteriza e a 
configura tal como ela se apresenta hoje. Dessa 
maneira, qual dos temas a seguir você identifica 
como o objeto central de estudo da Educação 
Física? 
a) Cultura Corporal.
b) Corpo humano.
c) Corpo humano e movimento.
d) Cultura corporal e corpo humano. 
e) Corpo e mente. 
2. De acordo com a proposta das PACs, leia as afir-
mativas a seguir: 
I - As PACs contrapõem-se às práticas con-
vencionais à medida em que estabelecem 
objetivos diferentes de trabalho. 
II - Dentre os objetivos que as PACs propõem, 
destacam-se relaxamento, autopercep-
ção, autoconhecimento, competitividade, 
liberdade e criação.
III - As PACs não devem se misturaràs práti-
cas convencionais, tendo em vista que a 
concepção de corpo entre ambas são di-
ferentes.
IV - As PACs provocam a desconstrução de 
um corpo pré-moldado, em que não exis-
tem ideais de perfeição nas performan-
ces, em que o fazer encerra por si mesmo, 
no sentido de não haver comparativos de 
resultados. 
É correto o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas IV.
d) Apenas II, III e IV.
e) I, II, III e IV.
3. Em relação à cultura oriental e à sua concepção 
sobre o corpo e a mente, assinale verdadeiro (V) 
ou falso (F):
( ) Era de hábito dos antepassados orientais 
a constante observação da natureza, de modo 
que as suas teorias provêm da interação com 
ela. É muito comum, principalmente na cultu-
ra chinesa, que os processos fisiológicos se-
jam comparados e equiparados a fenômenos 
naturais. 
( ) De acordo com as tradições orientais, há 
uma energia que é fonte primária de todos os 
elementos e todas as criações, tudo no uni-
verso está permeado de uma substância vital 
denominada Qi, Prana, ou como é chamada 
no Ocidente, Energia Vital.
( ) Os movimentos, nas atividades propostas 
pela cultura oriental, são mais lentos e ritma-
dos, com foco na consciência de si mesmo, tra-
çando, desse modo, a interação com o meio.
A sequência correta é:
a) V; V; F.
b) F; F; V.
c) V; F; V.
d) F; F; F.
e) V; V; V.
30 
atividades de estudo
4. Sobre o pensamento holístico que compõe as 
PACs, assinale verdadeiro (V) ou falso (F): 
( ) Essa visão holística pode trazer ao indiví-
duo uma visão mais harmoniosa do próprio 
corpo, levando em consideração a sua indivi-
dualidade ao trabalhar a despadronização do 
corpo cuja padronização é imposta pela mídia 
e pelo mercado. 
( ) Essa visão traz uma análise concreta, que 
difere os indivíduos em suas habilidades e po-
tencializa o pensamento em detrimento do 
corpo. 
( ) O holismo propõe uma visão unilateral, 
que prima pelo desenvolvimento do corpo em 
detrimento das habilidades mentais, emocio-
nais e comportamentais. 
( ) Essa visão traz um conceito mais harmo-
nioso do próprio corpo, levando em consi-
deração a sua individualidade ao trabalhar a 
despadronização do corpo cuja padronização 
é imposta pela mídia e pelo mercado e, con-
sequentemente, coloca o foco nas performan-
ces perfeitas. 
A sequência correta é: 
a) V; V; F; F. 
b) F; V; V; V.
c) V; F; F; F.
d) V; F; F; V. 
e) F; V; F; V. 
5. Reflita sobre tudo o que estudamos nesta uni-
dade e faça um breve relato sobre como você, 
professor(a) de Educação Física, poderia utilizar 
os princípios das PACs em sua aula, utilizando, 
como base, uma atividade convencional, alteran-
do-a de acordo com tais princípios.
 31
LEITURA
COMPLEMENTAR
O pensamento oriental parte do princípio básico da uni-
dade entre o homem, natureza e divindade, sendo um, 
expresso no comportamento do outro. Por meio de uma 
filosofia milenar, tomamos como base as tradições chinesas 
que retratam esses princípios dentro de uma lógica própria. 
Segundo os chineses o homem vive entre o céu e a terra, 
mas o que isso quer dizer? De acordo com suas teorias, o 
céu significa aquilo que ainda não foi manifestado, tudo 
o que está em harmonia, é o Yang absoluto, enquanto 
que a terra é o Yin absoluto, ambos são puros e estão em 
equilíbrio dinâmico e interação constante.
Entre essas trocas e modificações incessantes surge o 
homem, fruto das transformações entre o céu e a terra 
surgindo, assim, a tríade que compõe a vida que conhe-
cemos. Para Sionneau (2014, p. 19): “Céu, Terra e Homem 
constituem um conjunto chamado “as três potências”.
Nesse contexto, temos talvez a expressão chinesa mais 
conhecida no ocidente e mais propagada pelo mundo, a 
teoria do Yin e do Yang, que desenvolveu e embasou toda 
a Medicina e Filosofia daquele povo. Baseada na interação 
das forças contrárias que geram forças resultantes como 
a alternância entre o Sol e a Lua gerando a luz e a escu-
ridão, o ciclo das estações e sua ação sobre o ambiente, 
o alto e baixo, o grande e o pequeno e assim por diante. 
Temos o Yin representando a força mais densa, escura, 
condensada, que age em movimento de introversão, de 
natureza feminina, a resultante dessas forças geram a 
noite, a chuva, a escuridão, a lua, os sentimentos e emo-
ções mais introspectivos e internalizados. Em oposição 
temos o Yang que é uma força de movimento, centrífuga, 
dilatada, de natureza masculina, que resulta no dia, no 
sol e claridade, potencializando as emoções mais explo-
sivas e expansivas. 
Dentro da tradição Chinesa, entender a teoria do Yin e 
do Yang é compreender toda a manifestação da vida, 
seus ciclos de transformação e interdependência em que 
a manifestação de uma dessas forças é potência para a 
geração da outra, incluindo o homem. Enquanto uma 
condensa a outra expande, uma acelera a outra lentifi-
ca e, assim, todas as forças da natureza se colocam em 
equilíbrio. 
Para os Chineses, no nosso corpo, o Yin e Yang mani-
festam-se em menor escala, na expressão de nossas 
emoções e nossos sentimentos, no desenvolver de nos-
sa personalidade e, também, nos processos fisiológicos 
como o ciclo circadiano, a entrada e saída de ar nos pul-
mões, o movimento de sístole e diástole dos batimentos 
cardíacos, que representam a contrariedade das forças 
agindo entre si, respectivamente, no estado de repouso 
e alerta, entrada e saída, contração e relaxamento. 
Dentro desta cosmogonia, os chineses conseguem classi-
ficar todos fenômenos conhecidos no universo, por meio 
da ação contrária das forças que têm como resultante a 
manifestação da vida. Toda essa filosofia vem da cons-
tante observação da natureza e de seus movimentos, 
para Sionneau (2014, p. 61) o chinês “observa o universo, 
tira suas conclusões e tenta se adaptar da melhor forma.”
Essa observação constante das forças inerentes à natureza 
inclui também a observação de si mesmo, como parte inte-
grante que se inter relaciona com o meio já que o homem 
é fruto da interação das forças entre o céu e a terra. Daí 
surgem as atividades de meditação e das artes marciais, 
que visam à busca do equilíbrio em si mesmo, da saúde 
orgânica e mental como um todo indissociável, observan-
do, compreendendo e se adaptando ao contexto que está 
inserido ao passo que também o modifica e constrói. 
Fonte: Sionneau (2014).
32 
material complementar
A Educação Física cuida do corpo e… “Mente” 
João Paulo S. Medina
Editora: Papirus
Sinopse: nesta obra, o autor procura refletir sobre as questões que envolvem o 
corpo, os interesses das pessoas acerca do corpo e a crise social brasileira, ao 
passo que aponta para novas possibilidades de compreender o corpo e as suas 
práticas numa perspectiva ampla, denominada, por esse autor, de conscientiza-
ção (pedagogia revolucionária), cujo referencial fora extraído do pensamento re-
volucionário de Paulo Freire. 
Comentário: esta obra de Medina gerou grande impacto e fervilhou discussões 
acerca da Educação Física, mas ela é importante para todos nós, profissionais da 
área, no sentido de ampliar os nossos horizontes no que tange a levá-la para ou-
tros ambientes da prática social.
Indicação para Ler
Tao Te Ching: o livro que revela Deus
Lao-Tsé
Editora: Martin Claret
Sinopse: o Tao Te Ching, de Lao Tsé, é um clássico da literatura Taoísta da China 
antiga, foi escrito por volta do século VI a. C. e é composto por 81 poemas ou 
capítulos que transcrevem a essência da filosofia oriental. Inspirou vários líderes 
políticos e religiosos ao longo dos séculos, assim como diversas correntes filosó-
ficas e religiosas.
Comentário: mergulhar na leitura do Tao Te Ching é iniciar uma imersão em si 
mesmo, é olhar com mais profundidade para o exercício de nossa existência.
Indicação para Ler
 33
material complementar
“O Mistério do Chi” é um episódio da série Healing and the Mind, organizada pelo 
jornalista premiado Bill Moyers, que explora diversas questõesno campo da 
medicina alternativa. A série é dividida em sete partes, que explica o Qi, ou Chi, 
o nome chinês para a “força vital” que afeta e anima todos os seres. O episódio 
também explica as práticas corporais desenvolvidas pelos chineses mediante as 
suas teorias. 
Web: https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=FQwVyKl7F7w
Indicação para Acessar
Esta é uma entrevista com a Dra. Denise Benucci de Santana, doutora em His-
tória pela Universidade de Paris, autora do livro História da Beleza no Brasil. Ela 
relata a temática de sua obra, contextualizando os diferentes padrões de beleza 
adotados ao longo do tempo e as suas influências sociais e culturais. 
Web: https://www.youtube.com/watch?v=-r5BoCXPHuM
Indicação para Acessar
Artigo publicado na revista da FAEEBA, que nos traz reflexões sobre como a fi-
losofia ocidental vem desenvolvendo o conceito do autocuidado ao longo da 
nossa história. 
Web: http://www.uneb.br/revistadafaeeba/files/2011/05/numero10.pdf 
Indicação para Acessar
34 
referências
gabarito
BRANDÃO, D.; CREMA, R. Visão Holística em Psi-
cologia e Educação. Brasília: Summus, 1991. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâme-
tros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC; SEF, 1993. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Pa-
râmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. 
Brasília: MEC; SEF, 1997. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apre-
sentação dos temas transversais e ética. Rio de Janei-
ro: DO&A, 2000. 
LAZZAROTTI FILHO, A. et al. O termo práticas 
corporais na literatura científica brasileira e sua re-
percussão no campo da Educação Física. Movimen-
to, Porto Alegre, v. 16, n. 1, p. 11-29, jan./mar. 2010. 
FREIRE, J. B. et al. Educação como Prática Corpo-
ral. São Paulo: Scipione, 2003. 
IMPOLCETTO, F. et al. As práticas corporais alter-
nativas como conteúdo da Educação Física escolar. 
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jan./mar. 2013. 
MARIN, G. Os cinco elementos e as seis condi-
ções: uma abordagem Taoísta à cura emocional, à 
psicologia e à alquimia interna. São Paulo: Cultrix, 
2010. 
SIONNEAU, P. A Essência da Medicina Chinesa: 
retorno às origens. São Paulo: Editora Brasileira de 
Medicina Chinesa, 2014. Livro I. 
SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino da Edu-
cação Física. São Paulo: Cortez, 1992. 
SOUZA, J. C de. “Cuidado de si” e as virtudes: o pa-
radigma “terapêutico” da Filosofia. Revista da FAE-
EBA, Salvador, n. 10, jul./dez.1998.
1. B.
2. C.
3. E.
4. C. 
5. Procure absorver em seu relato a ideia central da proposição das PACs, que 
é o foco na autopercepção, no autoconhecimento e na criação de novas pos-
sibilidades, respeitando sempre a individualidade de cada praticante, sem 
comparações de resultados e/ou foco na competitividade.
UNIDADE II
Professora Esp. Érica Fernanda Lopes
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta 
unidade:
• Os princípios do Yoga
• Yoga: Filosofia ou Ginástica?
• O Yoga na Educação Física
Objetivos de Aprendizagem
• Apresentar os princípios fundadores do Yoga.
• Conceitualizar os aspectos filosóficos e práticos do Yoga, 
discutir o entrelaçamento dos conceitos.
• Discutir os métodos da prática do Yoga na Educação Física.
YOGA 
unidade 
II
INTRODUÇÃO
Olá, querido(a) aluno(a)! Nesta unidade, dialogaremos um pouco sobre 
uma prática da cultura oriental bastante difundida no Ocidente, o Yoga. 
Essa prática, que surgiu na Índia, inseriu-se na cultura ocidental e se in-
corporou ao seu modo de vida. Ela traz consigo aspectos religiosos, filo-
sóficos e corporais, solidificando o princípio das terapias holísticas, que 
partem da ideia de que nós somos o fruto da interação do todo, ou seja, 
o corpo, o pensamento e as ideias do indivíduo são o próprio indivíduo, 
e ele está em contato com a natureza a todo o momento, interagindo e 
atuando sobre ela, ao passo que ela interage e atua sobre ele. 
Na prática do Yoga, verificamos a possibilidade de domínio sobre a 
mente e de contato com a divindade, segundo as teorias, por meio de mo-
vimentos pré-determinados, os Ásanas, que são posturas próprias de cada 
estilo. Em conjunto com os Ásanas, são executados diferentes tipos de res-
piração que: ou acompanham o movimento ou são executados separada-
mente, e também os mantras, que são cantos pronunciados no idioma raiz 
do Yoga, o sânscrito, além de práticas de aprimoramento da conduta moral. 
A vinda do Yoga para o Ocidente trouxe-nos possibilidades de co-
nhecer uma nova visão sobre nós mesmos. Os seus praticantes dizem 
que ele se torna um estilo de vida, que engloba desde a alimentação até a 
maneira de observar os fatos ao nosso redor. 
A resposta positiva manifesta-se no número crescente de praticantes 
a cada ano, no Brasil, de acordo com a Revista Exame (BAGDADI, 2011). 
Temos em torno de 500 mil praticantes dessa modalidade, que buscam, 
principalmente, o alívio do estresse, a melhora na qualidade de vida e a 
conexão entre o corpo e a mente. 
Nesse contexto, como nós poderemos inserir o Yoga em nossas ati-
vidades? Quais os benefícios que ela nos traz? Convido você a refletir 
conosco sobre isso e a pensar em possibilidades de ampliar e enriquecer 
a prática do dia a dia na Educação Física.
40 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Olá, querido(a) aluno(a)! Vamos iniciar os nos-
sos estudos sobre o Yoga? Esta é uma prática que 
surgiu na Índia antiga a cerca de 5 mil anos e se 
desenvolveu ao longo dos séculos, criando uma 
tradição extensa e complexa, sendo um ramo das 
vertentes espirituais do Hinduísmo. O seu sur-
gimento deu-se junto com a cultura dos povos 
Védicos, que possuem as escrituras sagradas mais 
antigas já descobertas, os Vedas. 
Inicialmente, a prática surge como técnica de 
controle mental e de respiração, incluindo o canto 
dos mantras com o objetivo de adoração e contato 
com as suas divindades. Com o passar dos tem-
pos, surgiram os Ásanas, que compõem a prática 
corporal do Yoga. Segundo os seus princípios, a 
união desses elementos promove a elevação espi-
ritual do ser, colocando-o em contato com as di-
vindades por meio da disciplina da prática. 
Os Princípios 
do Yoga
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 41
Existem vários estilos diferentes de Yoga de-
pendendo da cultura espiritual em que ele se inse-
re, sendo dividido, segundo Feuerstein (2005), em 
três grandes formas: o Yoga Hindú, o Yoga Budista 
e o Yoga Jaina, e dentro de cada uma dessas culturas 
espirituais, a prática assumiu sete principais estilos, 
definidos por sua finalidade: 
1. Raja-Yoga Também chamado de Pâtanjala-
-Yoga ou Yoga Clássico (Yoga Real).
2. Hatha-Yoga (Yoga da força).
3. Karma-Yoga (Yoga da ação).
4. Jnâna-Yoga (Yoga da sabedoria).
5. Bhakti-Yoga (Yoga da devoção).
6. Mantra-Yoga (Yoga dos sons poderosos).
7. Tantra-Yoga (Yoga da continuidade) que in-
clui o Kundalinî-Yoga (Yoga do poder da ser-
pente) e o Laya-Yoga (Yoga da dissolução).
No transcorrer dos séculos, contudo, o Yoga foi se de-
senvolvendo em teoria e prática, seguindo a evolução 
de seus mestres. Segundo Barros et al. (2014), Patan-
jali, um dos principais mestres yogues, sistematizou, 
no século II a. C., os oitos passos seguidos até hoje: 
1. Yama, as abstinências (não violência, vera-
cidade, honestidade, não perversão do sexo, 
desapego).
2. Niyama, as regras de vida (pureza, harmonia, 
serenidade, alegria, estudo).
3. Ásanas, as posições do corpo.
4. Pranayama, o controle da respiração.
5. Pratyahara, o controle das percepções senso-
riais orgânicas.
6. Dharana, a concentração.
7. Dhyana, a meditação. 
8. Samadhi, a identificação. 
42 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
do Yoga é recente se comparado aos seus 5 mil anos 
de história documentada. 
No Ocidente, ele surge em 1983, com a chegada 
do Swami Vivekananda aos Estados Unidos, quando 
ele proclamou os méritos do Yoga no Parlamento do 
Mundo das Religiões, em Chicago, Illinois. Desde 
então, grandes nomes do Yoga começaram a chegar 
e a se destacar nesse país, trazendo as suas técnicase os seus ensinamentos. Também podemos citar Pa-
ramhansa Yogananda, em Boston, nos anos 20, e a 
“primeira dama do Yoga” das Américas, Indra Devi, 
na Califórnia, em 1947 (SIEGEL; BARROS, 2013). 
No Brasil, a chegada do Yoga deu-se oficialmen-
te em 1936, com a vinda do francês Swami Asuri Ka-
pila a Porto Alegre. Desde então, a prática caminha 
a passos largos, se adequando e se refazendo na cul-
tura ocidental. A formação de um yogue, na Índia, 
dá-se por meio de um mestre, com anos de estudos/
prática, transmitindo os ensinamentos para o seu 
discípulo, que também, após anos de formação, está 
apto a se tornar mestre. 
Figura 1 - Swami Asuri Kapila
Fonte: Escuela Internacional de Yoga ([2019], on-line)2.
Todas essas vertentes têm como princípio a discipli-
na da prática e o conceito de que o indivíduo pos-
sui mais do que um corpo, mas também tem uma 
consciência infinita capaz de realizar grandes ações, 
desde que ela seja submetida à disciplina do autoco-
nhecimento. As práticas são as ferramentas para que 
esta transcendência ocorra. 
Atualmente, o Hatha-Yoga é o estilo mais difun-
dido no Ocidente e abrange a prática dos Ásanas, 
que é a parte física do Yoga. A grande crítica dos 
yogues tradicionais em torno deste fato é a de que 
o Yoga passa a ser puramente um método de ginás-
tica, não adentrando a sua dimensão espiritual, que 
abrange o ser como um todo. A esse respeito Feuers-
tein (2005, p. 19), ainda nos aponta que: 
O mais importante é que as posturas são so-
mente a “pele” do Yoga. Por trás dela se ocultam 
a “carne e o sangue” do controle da respiração 
e das técnicas mentais, que são ainda mais difí-
ceis de se aprender, além de práticas morais que 
exigem toda uma vida de perseverante aplica-
ção e correspondem ao esqueleto do corpo. As 
práticas superiores da concentração da medita-
ção e do êxtase unitivo (Samâdhi) são análogas 
ao sistema circulatório e nervoso. 
Dentro desse contexto, podemos compreender o 
Yoga como um sistema complexo que perpassa, em 
sua proposta, as condições físicas para um estilo de 
vida, integralizando o conceito holístico que tanto 
citamos nesta obra. Porém devemos compreender 
que vivemos em uma sociedade com hábitos cultu-
rais diferentes, os quais não dão, em maior parte, as 
condições de dedicar uma vida ao Yoga, como fazem 
os mestres hindus. 
Por essa razão citada anteriormente, podemos 
adequar os benefícios dessa prática ao nosso cotidia-
no, até porque, em nossa civilização, o surgimento 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 43
Aqui no Brasil, e no Ocidente como um todo, esse 
processo foi acelerado com o surgimento das escolas 
de Yoga que ministram cursos para a formação de 
professores ou instrutores. Hoje existem federações 
e associações que regulamentam e norteiam a práti-
ca pelo país. Na literatura, temos como pioneiros o 
professor José Hermógenes de Andrade Filho e o ge-
neral Caio Miranda, ambos de vertente militar, que 
iniciaram a produção literária no país. 
Desde então, o número de adeptos cresce cada vez 
mais. Diante desse crescimento expressivo, podemos 
nos questionar: O que as pessoas têm buscado com a 
prática do Yoga? A provável resposta a essa pergunta 
pode estar nos hábitos de vida desenvolvidos com 
a modernidade que, apesar de nos proporcionarem 
maior conforto, trazem consigo problemas, como: o 
aumento do índice de estresse e de ansiedade, de-
vido ao ritmo de vida mais intenso e ao excesso de 
ocupações que nos são impostas. 
Nesse sentido, deparamos-nos, no Yoga, com 
uma filosofia avessa a essa vivida por nós. A filoso-
fia yogue prega a mudança de hábitos insalubres e 
de estilo de vida, desde a alimentação até condutas 
morais. De acordo com o livro sagrado Bhagavad 
Gita (2009, p. 47), “aquilo que se chama renúncia é 
o mesmo que yoga, ou união com o Supremo, pois 
somente pode tornar-se um yogi quem renuncia ao 
desejo do gozo dos sentidos”.
Aqui, vemos que, dentre os seus princípios, 
o domínio da mente é o agente principal, pois, 
aprendendo a controlá-la, dominamos as nossas 
paixões e conquistamos o equilíbrio em nossa 
existência. De acordo com o mestre yogue Pra-
bhupada (2012, p. 35), “Enquanto a pessoa não 
puder controlar a mente, fica afastada qualquer 
hipótese de elevação. O corpo é como uma carru-
agem, a mente é o cocheiro”. 
Assim, o sistema yogue destina-se ao controle 
dos sentidos: se a mente está acima deles, ela está 
controlada, e todo o restante também estará. O ver-
dadeiro yogue controla as suas atividades sensuais e 
as coloca a seu favor, de modo a potencializar as suas 
atividades essenciais, pois consegue limpar a mente 
das distrações. 
Figura 2 - José Hermógenes de Andrade Filho
Fonte: Alimento e você (2015, on-line)3.
Figura 3 - General Caio Miranda 
Fonte: Skoob ([2019], on-line)4.
44 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
O domínio da mente, segundo os princípios da filo-
sofia yogue, liberta-nos do controle das necessida-
des físicas, em que somos dominados pelos nossos 
ímpetos, pelas vontades e emoções desregradas, 
como a raiva e a euforia, que nos tornam reféns de 
nossos próprios impulsos, afastando-nos do nosso 
verdadeiro propósito de evolução. 
O mestre Prabhupada (2012, p. 107) ainda nos 
aponta que “a pessoa sóbria que pode tolerar a von-
tade de falar, as exigências da mente, as ações da ira 
e as exigências da língua, do estômago e dos órgãos 
genitais está qualificada para fazer discípulos no 
mundo inteiro”.
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 45
Dessa maneira, estamos diante de uma tradição mi-
lenar que se espraia para as dimensões físicas, no 
sentido de manutenção e desenvolvimento do cor-
po, a dimensão mental, no sentido de dominar a 
mente e as paixões que nos desviam do verdadeiro 
propósito de vida, e a dimensão espiritual, que nos 
conecta com a divindade, ao passo que ganhamos 
autonomia do materialismo que nos prende. 
O Yoga torna-se uma ferramenta importante 
dentro das PACs, pois ele traz arraigado, em sua fi-
losofia, os conceitos mencionados na unidade ante-
rior: o holismo na visão do meio e do ser como um 
todo integrado.
46 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Yoga: 
Filosofia 
ou Ginástica?
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 47
Atualmente, no Ocidente, deparamos-nos com a 
crescente procura pela prática do Yoga, assim como 
o considerável aumento no número de escolas de 
formação de professores e/ou instrutores e também 
o intercâmbio entre os dois hemisférios. 
Quando trazido ao Ocidente, inicialmente, nos 
Estados Unidos, o sistema yogue teve que passar por 
transformações para se adequar à realidade cultu-
ral aqui existente. A sua complexidade em relação à 
prática física foi bem assimilada, porém, no tocante 
às questões espirituais, há algumas diferenças con-
sideráveis. 
Definir o que é o Yoga pode ser uma tarefa difícil 
para nós, ocidentais, em razão da diferença cultural, 
tendo em vista que a Índia antiga tem o misticismo 
espiritual como princípio norteador de suas condu-
tas morais desde os primórdios da formação de sua 
civilização. 
A palavra Yoga, que se origina do sânscrito an-
tigo, significa “união”, referindo-se à união entre a 
consciência individual e a suprema. Dessa forma, 
a prática, na visão hinduísta, é o caminho para que 
essa união se concretize. Todos aqueles que desejam 
buscar a união com o supremo devem integrar-se à 
prática, vivenciando todos os seus aspectos. É im-
portante, nesse sentido, considerar a complexidade 
religiosa que aquela região possui. 
Em sua origem, o Yoga torna-se uma filosofia de 
vida, em que o praticante se reconhece como par-
te integrante de um Ser (energia) supremo, com o 
objetivo da satisfação do todo completo. De acordo 
com os seus escritos, estamos separados de nossa 
origem divina, pois a nossa mente está ocupada de-
mais nos afazeres, como a aquisição de conforto e 
bens materiais. Seria, então, necessário nos libertar 
das falsas necessidades que possuímos e nos alinhar 
com a verdadeira potencialidade do ser, revelada pe-
las escrituras sagradas. 
Em sua origem, o Yogatornou-se um caminho 
para esse encontro transcendental para libertar a 
mente de todo o obscurecimento na busca da reali-
zação de si mesmo, por meio da união com o todo 
(espiritualidade). Os seus caminhos denotam a forte 
conotação espiritual, filosófica e terapêutica, pois o 
equilíbrio da mente manifesta-se também no corpo 
físico, equilibrando-o igualmente. 
No Ocidente, porém, encontramos fins diferen-
ciados para a prática. A sua finalidade principal está 
atrelada à melhora na qualidade de vida, promo-
vendo a união da filosofia com a saúde, relacionada 
tanto a fatores físicos como psíquicos. Estes aspectos 
são amparados por inúmeras pesquisas na área da 
saúde em que se comprovam a melhora de doenças 
por meio da prática. 
48 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Um estudo realizado por Siegel e Barros (2013) revelou-nos os diversos 
benefícios que a prática regular do Yoga pode trazer, benefícios esses 
que perpassam os aspectos bio-psico-sociais, a saber:
Contribuições sociais: 
associadas à constru-
ção de uma nova so-
ciabilidade.
Contribuições filosóficas: o desenvolvi-
mento da capacidade contemplativa e 
a expansão da percepção da totalidade, 
que constituem a base do movimento 
holístico, assim como a noção do cuida-
do integral (dimensões biológica, psico-
lógica, sociológica e espiritual). 
Contribuições físicas: o enco-
rajamento a dietas mais sau-
dáveis e o estímulo à consci-
ência corporal, especialmente 
em relação ao envelhecimento 
e às doenças crônicas. 
Reeducação de hábitos associa-
dos aos vícios legais (medicação, 
alimento, álcool, tabaco, traba-
lho, sexo etc.) e ilegais (drogas 
ilícitas, jogo etc.). 
Desenvolvimento de cultu-
ra de paz (prática da não 
violência) e de estilos de 
vida e valores que promo-
vem a maior tolerância en-
tre grupos étnicos, gêneros 
e classes sociais. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 49
Assim, a prática dos Ásanas, no Hatha Yoga, o estilo 
mais difundido no Ocidente, ganha especial desta-
que no meio terapêutico em função dos inúmeros 
benefícios que ela traz. Além de seus fundamentos 
morais que, por sua vez, norteiam, filosoficamente, a 
vida do praticante. 
Estamos diante de um sistema milenar que se ade-
quou às necessidades sociais de cada época e que é 
de grande valia nos dias atuais, assim como foi nos 
seus primórdios. Os seus ensinamentos atravessa-
ram o tempo, oportunizando a harmonia entre o 
corpo e a mente. Ele serve tanto para aqueles que o 
praticam como método ginástico quanto para aque-
les que buscam a influência espiritual mais profunda 
em diferentes tempos da história e em diferentes lo-
cais do globo.
50 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Caro(a) aluno(a), diante dos aspectos já discutidos 
sobre a Educação Física em seu cenário atual, refle-
tiremos um pouco sobre como podemos entrelaçar 
aos seus conteúdos um sistema milenar com carac-
terísticas e princípios próprios, os quais antecedem, 
em termos de história, a nossa disciplina em pauta. 
Iniciaremos pelas semelhanças entre ambas. O 
sistema Yogue, como dito anteriormente, propõe, 
em sua essência primária, a busca pela transcendên-
cia da consciência puramente material, unindo-nos 
ao divino que há em nós e nos levando ao encontro 
da divindade suprema, tendo os componentes espi-
ritual e filosófico fortemente presentes. 
O caminho para essa transcendência, contudo, 
tem como veículo principal o corpo e, consequen-
temente, as suas manifestações. Inserido na cultura 
ocidental, este caráter religioso do Yoga perde um 
pouco a sua força, tendo em vista o modus operandi 
de nossa sociedade. Aqui, o Yoga modifica-se na sua 
forma de se apresentar diante de novas necessidades, 
porém, a sua essência espiritual deve ser mantida 
para não haver descaracterização. 
O corpo, aqui, é a ferramenta para essa busca, o 
“instrumento” pelo qual o indivíduo dá abrigo à sua 
consciência que, por sua vez, alberga a nossa mente, 
e ela, por sua vez, se manifesta segundo cada indivi-
O Yoga na 
Educação Física
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 51
dualidade. A mente em questão tem uma ação direta 
sobre o nosso corpo, que responde a seus estímulos, 
executando as emoções manifestadas por ela. Para 
Dethlefsen e Dahlke (2007, p. 17, grifos dos autores): 
A doença é um estado do ser humano que indi-
ca que, na sua consciência, ela não está mais em 
ordem, ou seja, na consciência, registra que não 
há harmonia. Essa perda de equilíbrio interior 
se manifesta no corpo como um sintoma. Sen-
do assim, o sintoma é um sinal e um transmis-
sor de informação, pois, com seu aparecimento, 
ele interrompe o fluxo de nossa vida e nos obri-
ga a prestar-lhe atenção. 
Dentro dessa perspectiva, o corpo é a ferramenta 
pela qual nos manifestamos e interagimos com o 
mundo material. Dessa forma, corpo e mente estão 
contidos um no outro, sob mútua influência, o cor-
po somatiza em si os desequilíbrios da mente, e esta 
responde às necessidades biológicas do corpo, e toda 
essa teia complexa de relações formam o indivíduo.
Esse indivíduo, por mais que possua característi-
cas semelhantes oriundas de hábitos e aspectos bio-
lógicos, faz-se também um ser único e diferenciado 
no que tange às questões íntimas de sua personalida-
de e de sua mente. Os seus desejos, emoções, anseios 
e reações diante de determinadas circunstâncias, os 
seus apegos e relações com os demais são próprios 
do desenvolvimento de cada um. 
Esse desenvolvimento tem origens em questões 
sociais, familiares, hereditárias e educacionais, assim 
como na sua personalidade. É desse aspecto pessoal 
e íntimo que o Yoga e as demais práticas alternativas 
tratam, desse aspecto único de cada um e que não 
pode ser ignorado na formação dos indivíduos. 
Na formação de valores individuais e coletivos, 
no desenvolver da relação do indivíduo consigo mes-
mo por meio do autoconhecimento, na relação com 
meio no qual ele está inserido e na sua manifestação 
com esse meio, bem como o encontro da satisfação 
pessoal, fazem parte dessa busca que essas práticas 
tanto preconizam. Na harmonia interna e no equilí-
brio de suas paixões é que encontramos a verdadeira 
paz manifesta, de acordo com tal filosofia. 
Assim, a Educação Física, que também tem o 
corpo como objeto de estudo, possui a possibilida-
de de espraiar a sua atuação. Ao longo dos últimos 
anos, ampliou-se a discussão, dentro desse campo, 
sobre as limitações de tratar um corpo puramente 
orgânico. É crescente a busca pela ampliação desse 
conceito, considerando todos os aspectos que per-
meiam o indivíduo ao tratar de seu corpo. 
A visão holística tem ganhado espaço dentro da 
Educação Física, ao passo que verificamos a força 
desse movimento na área da saúde. Hoje, o conceito 
de ampliar os olhares sobre o indivíduo é forte nesse 
campo, pois percebemos a necessidade de integrali-
zar os aspectos mentais, sociais e biológicos na bus-
ca da desfragmentação e da construção de uma nova 
visão sobre o todo que permeia a vida do indivíduo. 
Atualmente, o Yoga é aceito pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS) e está incluso na Política 
Nacional de Práticas Alternativas e Complementa-
res (PNPIC). Este fato tem popularizado cada vez 
52 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
mais a prática e levado os seus benefícios para uma 
vasta gama de pessoas em toda a sociedade. 
No Brasil, temos políticas públicas que adotam 
a prática no Sistema Único de Saúde (SUS), obtendo 
satisfatórios resultados na prevenção de doenças e 
na melhora da qualidade de vida, por meio da redu-
ção do estresse e da ansiedade em seus pacientes. No 
âmbito educacional, tem sido comum, nas escolas, 
a adoção da prática da Yoga como estratégia de atu-
ação, principalmente no trato de questões compor-
tamentais. A esse respeito, Moraes e Balga (2007, p. 
60) apontam que: 
A Yoga, nesse sentido, não vem resolver todo 
o problema da indisciplina e relacionamento 
interpessoal, e sim, buscar a integração corpo-
-mente como forma de harmonizar seus senti-
mentos, buscando uma transformação em seucomportamento, a fim de ser menos agressivo, 
ansioso, mais consciente de si, de sua impor-
tância no mundo, aumentando sua auto-estima 
e tornando o indivíduo um ser mais sereno e 
estruturado.
vida agitada e à carência de afetividade em meio aos 
problemas sociais em todas as classes, aspectos esses 
que nos colocam em derrocada. 
O Yoga, nesse caso, não deve ser pontuado como 
uma visão salvacionista para tais questões, mas sim, 
como um recurso de forte influência, que tem al-
cançando resultados cada vez mais satisfatórios ao 
promover a melhora no controle emocional e no co-
nhecimento de si mesmo, e que também promove 
transformações internas nos indivíduos, fato que se 
reflete, consequentemente, na vida em conjunto. 
COMO INSERIR O YOGA NA PRÁTICA 
DIÁRIA? 
Desse modo, vemos que a integralização entre as 
questões psíquicas e físicas é uma boa ferramenta 
para alcançarmos os nossos objetivos de vida. Depa-
ramos-nos cada vez mais com problemas relaciona-
dos à conduta emocional, ao estresse do dia a dia, à 
Neste momento, você deve estar se perguntando: 
Como inserir toda essa gama de conteúdos e con-
ceitos na minha prática diária? Primeiramente, 
devemos pensar que, no ambiente de intervenção 
onde estamos, seja ele na escola, no clube, nos even-
tos, nas academias, nas praias, nos parques, dentre 
outros, independentemente de qual seja o local, os 
conteúdos devem ser selecionados de acordo com o 
nível de maturidade e de preparação do público-alvo 
para que, dessa forma, os seus benefícios sejam me-
lhor aproveitados. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 53
Nesse contexto, que tal iniciar com uma boa con-
versa, explorando o conhecimento que eles já pos-
suem sobre o tema, ao passo que expõe aquilo que 
eles verão de novo? As curiosidades e particularida-
des da prática? Obviamente, nos aprofundaremos no 
assunto de acordo com o interesse e o grau de com-
preensão do grupo. 
Podemos iniciar com a realização de posturas 
básicas, com Ásanas de fácil execução. A seguir, ci-
tamos alguns exemplos dentre tantas possibilidades 
que podemos encontrar, de acordo com cada estilo e 
com o objetivo pretendido com a prática. 
1. Tadasana ou Postura da Montanha: o praticante se 
coloca em pé, ajustando a sua postura, distribuindo 
o peso igualmente sobre ambos os membros, sem for-
çar, buscando a naturalidade da disposição do corpo, 
ao passo que inicia a respiração fluída e suave, com 
entrada e saída de ar pelas narinas. Os braços ficam 
paralelos ao corpo, a coluna alongada, os ombros rela-
xados, e pode-se fechar os olhos. É uma ótima postura 
para trabalhar o equilíbrio físico e mental e observar o 
fluir da energia pelo corpo. 
2. Ardha Uttanasana ou Postura de Meia Flexão para a 
Frente: nesta posição, recomenda-se manter o abdome 
em contração para proteger a coluna lombar, flexionar 
o tronco para frente, levando ambas as mãos em dire-
ção ao solo, recuando os ombros para trás e mantendo 
a tração na musculatura das pernas, o olhar se volta 
para o chão e leva o foco para a respiração. Aqui se bus-
ca a resignação por meio da flexibilidade para se curvar 
diante da vida. 
54 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
5. Virâsana ou Postura do Herói: nesta postura, o pratican-
te senta-se sobre os calcanhares, mantendo a extensão 
das pernas na parte anterior, e o tronco ereto, apoiando 
o dorso dos pés no chão, as mãos são sobrepostas aos jo-
elhos, mantendo os ombros relaxados. Ela alonga a parte 
frontal das pernas, fortalece o abdome inferior e trabalha 
a tranquilidade e o equilíbrio. 
3. Adho Mukha Svanasana ou Postura do Cachorro de Ca-
beça para Baixo: esta é uma postura bem tradicional na 
prática do Yoga, considerada uma postura de transição, é 
executada várias vezes durante a prática do modo Vinya-
sa. Neste Ásana, o peso do corpo deve ficar bem distribu-
ído ao longo das mãos e do pé, com os dedos afastados, 
os calcanhares podem, ou não, tocar o solo. O pescoço 
deve estar relaxado, e o olhar direcionado para a região 
do umbigo. Esta postura permite concentrar maior flu-
xo de energia (Qi ou Prana) para a cabeça, acalmando e 
trazendo serenidade, além de fortalecer e alongar toda a 
musculatura da região posterior do corpo. 
4. Ardha Bhujangasana ou Meia Postura da Cobra: esta 
posição deve ser executada em decúbito ventral, com 
os braços flexionados, os antebraços apoiados no chão e 
paralelos ao corpo. Eleva-se o tórax do chão, promoven-
do a flexão posterior do tronco, enquanto os glúteos se 
mantêm contraídos, e as pernas, ligeiramente afastadas, 
mantendo os pés em flexão plantar. Esta postura abre a 
região da garganta, abrindo a comunicação e liberando o 
fluxo de energia da região, ao passo que alonga o peitoral 
e fortalece a região lombar. 
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 55
Para a execução da prática, o uso de tapete de Yoga 
ou de colchonetes e almofadas adequadas também é 
recomendado. Porém cada professor/instrutor deve-
rá adequar a sua prática de acordo com o espaço e o 
material que possui, pois o elemento mais importan-
te para a prática é o próprio praticante. 
Na prática do Yoga, observamos que cada 
Ásana trabalha aspectos físicos, emocionais 
e mentais ao mesmo tempo. Existem gru-
pos de Ásanas que, quando praticados em 
conjunto, formam sequências com nomes e 
funções específicas, por exemplo, a Saudação 
ao Sol ou Surya Namaskara, que se refere ao 
simbolismo entre o sol e a alma, celebrando 
o nascer de cada dia. 
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Muitos associam as posturas do Yoga a movimen-
tos de animais, como o alongamento do cachorro, 
o andar do crocodilo, a respiração do gato e assim 
por diante, tudo o que a imaginação possibilitar. O 
ambiente também deve ser pensado, de preferência, 
um local limpo, tranquilo e bem ventilado e, além 
disso, os alunos devem estar à vontade, com roupas 
confortáveis para não inibirem o movimento e com 
os pés descalços. 
Deste modo, outro aspecto a ser considerado é 
que, ao abordar, principalmente crianças ou adoles-
centes, o elemento lúdico deve se fazer presente a 
todo momento, principalmente na primeira infân-
cia. Ele torna a aula mais atrativa e divertida, pois, 
por meio dele, expressamos os valores contidos em 
nosso modo de vida. Para Laville e Dionne (1999, p. 
94), as atividades lúdicas “são representações men-
tais, representações do que é bom, desejável, ideal, 
de como as coisas deveriam ser ou procurar ser, são 
preferências, inclinações, disposições, para um esta-
do considerado desejável”. 
Não se deve cobrar a perfeição na execução dos mo-
vimentos, o praticante deve estar à vontade dentro 
do Ásana, respeitando os seus limites físicos e men-
tais. A complexidade deve ser inserida ao longo da 
prática segundo as limitações de cada um. 
Os exercícios respiratórios ou Pranayamas são 
de grande importância, já que o contato com a res-
piração acalma, desacelera a pulsação cardíaca e 
melhora a concentração, reconectando-nos conos-
co. Técnicas meditativas de visualização também são 
bastante utilizadas, esse meio explora a capacidade 
imaginativa e de criação, além de facilitar a condu-
ção da mente para o relaxamento mais profundo. 
56 
PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS 
Existem diferentes maneiras de abordar o Yoga e 
manter a fidelidade ao método é de grande impor-
tância para que a sua essência não se perca, porém 
cabe a cada profissional orientar de acordo com a 
realidade apresentada e direcionar a prática para a 
finalidade útil aos participantes, lembrando sempre 
que o Yoga é uma importante ferramenta de autoco-
nhecimento e de descobertas das novas potenciali-
dades. Utilize-a com sabedoria! 
Para Marin (2010, p. 88): “Nossa respiração 
é a ponte interna que conecta todos os ní-
veis da consciência em nosso interior.” Isto 
nos estimula a refletir sobre a importância 
da respiração na prática do Yoga e de outras 
modalidades. 
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
 57
considerações finais
Nesta unidade, discutimos brevemente sobre o Yoga, tendo em vista que este é 
um assunto extenso,

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