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DESCRIÇÃO Abordagem dos principais pontos sobre os sistemas de tributação de operações internacionais no Brasil, ou seja, de importações e exportações. PROPÓSITO Compreender a importância da tributação sobre importações e exportações e seu impacto no gerenciamento econômico e financeiro das empresas, bem como conhecer os principais tributos e as terminologias utilizados pela contabilidade a fim de gerenciar de forma eficaz e eficiente os tributos de operações internacionais de uma empresa. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o estudo deste conteúdo, tenha em mãos um aplicativo de planilha eletrônica (Excel) ou uma calculadora. Você pode usar a calculadora de seu smartphone/computador. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os principais conceitos da tributação sobre importações e exportações MÓDULO 2 Aplicar a contabilização de negócios internacionais em operações de importações e exportações MÓDULO 3 Identificar os principais conceitos relacionados às taxas aduaneiras e ao SISCOMEX INTRODUÇÃO Neste conteúdo, abordaremos como as empresas são tributadas em suas operações internacionais, seja em vendas para o exterior (exportação), seja em compras do exterior (importação). Dessa forma, serão abordados os principais pontos sobre os sistemas de tributação de operações internacionais no Brasil. Também abordaremos os conceitos tributários básicos sobre importações e exportações, bem como as principais noções sobre as taxas aduaneiras. Finalmente, abordaremos os pontos principais do SISCOMEX (Sistemas de Comércio Exterior), que é um conjunto de plataformas em que as empresas devem informar suas operações de exportação e importação para o governo federal. Mais detalhadamente, estudaremos conceitos tributários sobre importações e exportações, contabilização de importações e exportações, noções sobre taxas aduaneiras e SISCOMEX. Abordaremos todos esses assuntos sempre com exemplos práticos e focados na tomada de decisão da empresa. MÓDULO 1 Identificar os principais conceitos da tributação sobre importações e exportações CONCEITOS INICIAIS Foto: Shutterstock.com O QUE DEVEMOS CONSIDERAR SOBRE COMÉRCIO INTERNACIONAL? O comércio internacional é o conjunto de operações realizadas entre os países por meio de intercâmbio de bens e serviços e movimento de capitais. É regido por normas e regras acordadas internacionalmente por organismos como a Organização Mundial do Comércio, Organização Mundial das Aduanas e Câmara de Comércio Internacional. Denomina-se comércio exterior a relação comercial de determinado país com os demais, por meio de regras, legislação e normas internas, que visam resguardar os interesses nacionais. Esse comércio mundial é um importante fator de desenvolvimento dos países envolvidos. Ao se abrir ao mercado externo, um país adquire novas tecnologias, novas formas de gestão e aprimora seus processos produtivos. Imagem: Shutterstock.com Neste módulo, estudaremos os tributos sobre as operações de comércio exterior brasileiro, ou seja, importações e exportações. Antes disso, precisamos definir o que é importação e exportação. A definição tributária formal de importação é a entrada de um produto de origem estrangeira em território nacional, e, consequentemente, uma exportação é a saída de um produto nacional com destino ao exterior para comercialização. OS DOIS PRINCIPAIS IMPOSTOS SÃO O II (IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO) E O IE (IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO). Foto: Shutterstock.com O Imposto de Importação (II) tem como fato gerador a entrada de produtos do exterior em território nacional. Foto: Shutterstock.com O Imposto de Exportação (IE) tem como fato gerador a saída de produtos nacionais do território nacional. ATENÇÃO Um ponto importante é que tanto o II quanto o IE são impostos que têm como finalidade, além de arrecadar recursos, regular setores da economia que o governo queira favorecer ou desestimular. Por isso, diversos produtos possuem taxas de Imposto de Importação ou Exportação muito baixas (ou até zeradas), enquanto outros possuem taxas muito elevadas. Além desses assuntos, este módulo também falará sobre como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é cobrado nas operações de importações e exportações. DEFINIÇÃO DOS IMPOSTOS AGORA, ESTUDAREMOS O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, O IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO E O IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO O Imposto de Importação é de competência exclusiva da União, e o fato gerador é a entrada de mercadoria estrangeira em solo brasileiro. Como o Brasil faz parte do Mercosul, essa tarifa é determinada por um documento chamado Tarifa Externa Comum (TEC), que pode ser consultado no site da Receita Federal. A base de cálculo desse imposto é o valor aduaneiro da mercadoria. Um passo importante para a empresa que importa produtos de origem estrangeira é que ela deve ser habilitada para operar no Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX), procedimento regido pela Instrução Normativa RFB nº 1.603/2015. Falaremos sobre esse sistema e as taxas aduaneiras no último módulo. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO Assim como o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação é de competência exclusiva da União, e o fato gerador é a saída de mercadoria nacional de solo brasileiro. A base de cálculo do imposto é definida pelo seguinte artigo: ART. 2º - A BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO É O PREÇO NORMAL QUE O PRODUTO, OU SEU SIMILAR, ALCANÇARIA, AO TEMPO DA EXPORTAÇÃO, EM UMA VENDA EM CONDIÇÕES DE LIVRE CONCORRÊNCIA NO MERCADO INTERNACIONAL, OBSERVADAS AS NORMAS EXPEDIDAS PELO PODER EXECUTIVO, MEDIANTE ATO DA CAMEX - CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR. (REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.158-35, DE 2001) § 1º - O PREÇO À VISTA DO PRODUTO, FOB OU POSTO NA FRONTEIRA, É INDICATIVO DO PREÇO NORMAL. (DECRETO-LEI Nº 1.578/1977) De acordo com a Receita Federal, para a determinação do valor em reais da base de cálculo do imposto, deve ser utilizada a taxa de câmbio disponível no Sisbacen (Sistema de Informação do Banco Central), transação PTAX800, opção 5, relativa ao dia útil imediatamente anterior ao da ocorrência do fato gerador do imposto. Imagem: Shutterstock.com O Sisbacen é o sistema eletrônico utilizado pelo Banco Central do Brasil com a finalidade de catalogar e centralizar todas as informações financeiras nacionais. Por via de regra, a alíquota do Imposto de Exportação é de 30%, mas o governo federal pode decidir aumentá-la ou reduzi- la de acordo com sua política externa e/ou cambial. A alíquota do Imposto de Exportação, entretanto, nunca poderá ser superior a 150%. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, mais conhecido como ICMS, é um imposto de competência estadual que incide sobre a circulação de mercadorias e sobre serviços específicos. O ICMS está previsto na Constituição e está regulamentado na Lei Kandir (Lei Complementar nº 87/1996, alterada posteriormente pelas Leis Complementares nº 92/1997, 99/1999 e 102/2000). O fato gerador do ICMS é a comercialização de bens no interior do país ou na importação desses bens para o território nacional. Esse imposto é indireto, pois o valor do imposto vem embutido no valor do produto. Um fato importante de se destacar é que o ICMS integra sua base de cálculo, ou seja, se o ICMS fosse de 10% e o valor do produto fosse de R$100,00 sem o ICMS, um cálculo “por fora” daria o ICMS como R$10,00 (10% sobre R$100,00), mas como o cálculo do ICMS é “por dentro”, o valor do ICMS é de R$11,11 (R$100/0,9 – R$100). A ALÍQUOTA DO ICMS PARA IMPORTAÇÃO É A MESMA DA ALÍQUOTA INTERNA DOMÉSTICA, MAIS 4% PARA OPERAÇÕES INTERESTADUAIS, MAIS O DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA, CONHECIDO COMO DIFAL. Como exemplo, suponha que uma loja virtual localizada no Rio de Janeiro tenha comprado mercadoria chinesa em uma trading company (responsável por intermediar fabricantes e compradores em processos de importação ou exportação) localizada em São Paulo. Paraenviar o produto, o valor do ICMS é obtido da seguinte forma: 12% de alíquota interna (SP) + 4% de alíquota interestadual para importados + 8% (12% – 4%) de Difal, totalizando 24% de ICMS. Foto: Shutterstock.com No Brasil, as exportações são incentivadas com um regime tributário diferenciado. A Constituição Federal de 1988 determinou que os seguintes impostos não são incidentes sobre exportações: IPI (art. 153, §3º, III) PIS/COFINS (art. 149, §2º, I) ICMS (art. 155, §2º, X, “a”) Portanto, não é incidente ICMS na exportação! CÁLCULO DE IMPOSTOS Imagem: Shutterstock.com AGORA, ANALISAREMOS OS CÁLCULOS DOS IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO, ICMS E DE EXPORTAÇÃO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E ICMS Agora calcularemos o imposto de uma empresa que importa celulares para revenda no Brasil. Mais especificadamente, ela importa em São Paulo para revenda no Rio de Janeiro. Os celulares são importados por U$100 a unidade, e a conversão do dólar no sistema Sisbacen é de R$5,00 por dólar. De acordo com a Tarifa Externa Única, o código para telefones celulares portáteis é 8517.12.31, com tarifa de 16%. A alíquota de ICMS interestadual de São Paulo para o Rio de Janeiro é de 12%. Qual o valor dos impostos de II e ICMS? Imagem: Shutterstock.com Primeiramente, vamos transformar o valor do celular para reais. Como cada celular foi importado a U$100 a unidade, e a conversão do dólar no sistema Sisbacen é de R$5,00 por dólar, então o valor do celular é de R$500,00. Em cima desse valor iremos calcular o valor do Imposto de Importação: 16% x R$500,00 = R$80,00. Agora, passaremos a calcular o ICMS. Imagem: Shutterstock.com O ICMS é um pouco diferente, pois incide sobre o valor completo, incluindo despesas aduaneiras. Como só falaremos das despesas aduaneiras no módulo 3, nesse exemplo o único valor a ser somado ao valor da importação é o Imposto de Importação (II), totalizando R$500,00 + R$80,00 = R$580,00. O valor da alíquota será de 12% de alíquota interna (SP) + 4% de alíquota interestadual para importados + 8% (12% – 4%) de Difal, totalizando 24% de ICMS. O cálculo do ICMS a pagar será de (R$580,00 / (1 – 0,24)) – R$580,00 = R$763,16 – R$580,00 = R$183,16. Os valores totais de impostos são: R$183,16 de ICMS e R$80,00 de II, totalizando R$263,16 de impostos, com alíquota total efetiva de 52,63%. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO O Imposto de Exportação atualmente no Brasil está em 30%, como visto neste módulo. E, relembrando, a Constituição Federal de 1988 exime, nas exportações, o pagamento de ICMS, portanto, no exemplo que daremos a seguir, apenas o Imposto de Exportação será calculado. Uma empresa exporta cachaça para a Europa. O preço de venda para o exterior é de R$40,00 por garrafa. Qual o valor do Imposto de Exportação devido? Nesse caso, o valor do IE é de R$40,00 x 30% = R$12,00. Portanto, o valor do Imposto de Exportação é de R$12,00 e o valor que fica com a empresa para pagar os seus custos e remunerar o seu capital é de R$28,00. Assim sendo, a empresa que busca exportar deve incluir os custos com o Imposto de Exportação no seu orçamento interno. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS CONCEITOS TRIBUTÁRIOS SOBRE IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES Foto: Shutterstock.com O QUE PRECISO SABER SOBRE OS PRINCIPAIS IMPOSTOS QUE INCIDEM SOBRE IMPORTAÇÕES? Os principais impostos que incidem sobre importações são o Imposto de Importação, que é definido em tabela do Mercosul, e o ICMS. O ICMS é um imposto diferente, pois a sua alíquota integra a sua base de cálculo, e, portanto, não é feito apenas multiplicando a alíquota pelo valor, mas sim dividindo o valor por 1 menos a alíquota. Além disso, para operações interestaduais, deve ser colocado o Difal, e a alíquota é de 4% para importações. Já sobre as exportações, apenas o Imposto de Exportação irá incidir, tendo em vista que essa operação é isenta de ICMS. A alíquota do Imposto de Exportação é de 30% e pode ser alterada por ato do Poder Executivo Federal até o limite de 150%. Agora que já aprendemos os principais conceitos tributários sobre importações e exportações, iremos saber mais, no módulo 2, sobre a contabilização de negócios internacionais em operações de importações e exportações. CONCEITOS TRIBUTÁRIOS SOBRE IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES Neste vídeo, explicaremos sobre os tributos incidentes sobre importações e exportações, mencionando os fatos geradores, as alíquotas e a base de cálculo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAL É A ALÍQUOTA DE IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO? A) 12% B) 20% C) 30% D) 40% E) 50% 2. QUANDO É COBRADO O DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA? A) Quando há importação e o produto é direcionado ao mesmo estado da federação. B) Quando há exportação e o produto é direcionado ao mesmo estado da federação. C) Quando há exportação e o produto é direcionado a um diferente estado da federação. D) Quando há importação e o produto é direcionado a um diferente estado da federação. E) O Diferencial de Alíquota nunca é cobrado. GABARITO 1. Qual é a alíquota de Imposto de Exportação? A alternativa "C " está correta. Como regra geral, a alíquota do Imposto de Exportação é de 30%, podendo ser alterada por ato do Poder Executivo Federal até o limite de 150%. 2. Quando é cobrado o Diferencial de Alíquota? A alternativa "D " está correta. O Diferencial de Alíquota sempre incorre quando um produto de um estado é direcionado a outro. Portanto, não pode ser na exportação, pois o direcionamento é para país estrangeiro, sendo cobrado apenas na importação com direcionamento a outro estado. MÓDULO 2 Aplicar a contabilização de negócios internacionais em operações de importações e exportações CONCEITOS INICIAIS No módulo 1, aprendemos os pontos básicos sobre as importações e exportações: Imposto de Importação, Imposto de Exportação e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Neste módulo, compreenderemos como é feita a contabilização desses tributos, e não só deles, mas também de operações de negócios internacionais em moeda estrangeira. Com a globalização e o advento da internet, atualmente é muito mais fácil para pequenas e médias empresas exportarem e importarem produtos e serviços. Assim sendo, a contabilização de negócios internacionais é essencial para cada vez mais empresas no mercado. Por isso, esse conhecimento, que tem sido muito valorizado, será o assunto deste módulo! CONTABILIZAÇÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS AGORA, VAMOS ESTUDAR SOBRE A MOEDA FUNCIONAL E AS TRANSAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA, ALÉM DE ANALISAR UM EXEMPLO DE CONTABILIZAÇÃO DE MOEDA ESTRANGEIRA. MOEDA FUNCIONAL De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2010), no CPC 2(R2), a moeda funcional é: “[...] a moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera. [...] o ambiente econômico principal no qual a entidade opera é normalmente aquele em que principalmente ela gera e despende caixa. A entidade deve considerar os seguintes fatores na determinação de sua moeda funcional: (a) a moeda: (i) que mais influencia os preços de venda de bens e serviços (geralmente é a moeda na qual os preços de venda para seus bens e serviços estão expressos e são liquidados); e (ii) do país cujas forças competitivas e regulações mais influenciam na determinação dos preços de venda para seus bens e serviços; (b) a moeda que mais influencia fatores como mão de obra, matéria-prima e outros custos para o fornecimento de bens ou serviços (geralmente é a moeda na qual tais custos estão expressos e são liquidados).” UMA EMPRESA BRASILEIRA PODE TER COMO MOEDA FUNCIONAL O DÓLAR AMERICANO, SE ESSA FOR A MOEDA QUE A EMPRESA USA PARA “PENSAR”. Vamos ver como isso funciona na prática? Acompanhe os casos a seguir: Foto: Shutterstock.com Quando Roberto viaja para os Estados Unidos e vê um produto ser vendido a U$50,00, ele pensa não em dólares americanos, mas faz a conversão para reais, em sua mente, a fim de saber se o produto está caro ou barato. Nesse caso, a moeda funcional dessa pessoa é o real Essa lógicaé idêntica àquela feita para as empresas determinarem suas moedas funcionais também. Foto: Shutterstock.com Heitor, dono de uma empresa brasileira produtora de pneus de veículos. A empresa de Heitor produz pneus de veículos e toda a sua produção é exportada para a Europa em euros, além disso, todo o seu orçamento interno é feito em euros, bem como o cálculo dos seus custos, que, embora seja pago em reais, é convertido para euros no cálculo orçamentário. Portanto, no caso dessa empresa, fica claro que a sua moeda funcional é o euro. TRANSAÇÕES EM MOEDA ESTRANGEIRA Para entender as transações em moeda estrangeira, considere a seguinte definição: [...] UMA TRANSAÇÃO EM MOEDA ESTRANGEIRA É A TRANSAÇÃO QUE É FIXADA OU REQUER SUA LIQUIDAÇÃO EM MOEDA ESTRANGEIRA, INCLUINDO TRANSAÇÕES QUE SÃO ORIGINADAS QUANDO A ENTIDADE: COMPRA OU VENDE BENS OU SERVIÇOS CUJO PREÇO É FIXADO EM MOEDA ESTRANGEIRA, OBTÉM OU CONCEDE EMPRÉSTIMOS, QUANDO OS VALORES A PAGAR OU A RECEBER SÃO FIXADOS EM MOEDA ESTRANGEIRA, OU DE ALGUMA OUTRA FORMA, ADQUIRE OU DESFAZ-SE DE ATIVOS, OU ASSUME OU LIQUIDA PASSIVOS FIXADOS EM MOEDA ESTRANGEIRA. (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010) Essas transações devem ser contabilizadas e divulgadas com a conversão para a moeda funcional da entidade. Se a empresa ainda possuir os itens monetários em moeda estrangeira, estes devem ser convertidos, usando-se a taxa de câmbio de fechamento do balanço. Porém, se os itens foram mensurados pelo custo histórico (por exemplo, importação de mercadoria do exterior para revenda), estes devem ser convertidos usando-se a taxa de câmbio vigente na data em que a transação ocorreu. Finalmente, se a entidade possuir itens monetários em moeda estrangeira que estão contabilizados pelo método do valor justo, estes devem ser convertidos, usando-se as taxas de câmbio vigentes nas datas em que o valor justo tiver sido mensurado. Muitas vezes, essas operações podem resultar em perda ou ganho cambial. Essa perda ou ganho cambial é registrado com contrapartida no resultado da empresa e normalmente divulgado na Declaração de Outros Resultados Abrangentes. Por exemplo, a empresa pode manter uma conta bancária em dólares para recebimento e pagamento em moeda americana e a variação do preço do dólar pode gerar esse ganho ou essa perda cambial, que será registrado contabilmente. EXEMPLO DE CONTABILIZAÇÃO DE MOEDA ESTRANGEIRA Vamos analisar um exemplo de uma empresa que só fez uma transação em moeda estrangeira, a venda de mercadorias para o exterior por U$10.000,00 recebidos em conta internacional em dólares. Imagem: Shutterstock.com Essa transação ocorreu em 18/11/X1, e ela mantém esse valor em dólares sem fazer o câmbio para reais até a data das demonstrações financeiras em 31/12/X1. O dólar, na data de 18/11/X1, estava cotado a R$4,80 e, em 31/12/X1, a cotação era de R$5,03. A moeda funcional da empresa é o real. Como serão feitos os lançamentos contábeis? Abaixo, temos o lançamento contábil a ser realizado no dia 18/11/X1: D – Conta-Corrente em Dólar = R$48.000,00 C – Receita de Venda de Mercadorias = R$48.000,00 No dia 31/12/X1, a empresa teve ganho de R$50.300,00 – R$48.000,00 = R$2.300,00. Esse valor deve ser contabilizado como Ganho Cambial da seguinte maneira: D – Conta-Corrente em Dólar = R$2.300,00 C – Ganho Cambial = R$2.300,00 Sendo, portanto, demonstrado na Declaração de Outros Resultados Abrangentes com uma variação positiva. MAS O QUE OCORRERIA SE, EM VEZ DO VALOR DO DÓLAR TER SUBIDO PARA R$5,03, ELE TIVESSE CAÍDO PARA R$4,63? Nesse caso, a empresa não teria um ganho cambial, mas sim uma perda cambial no valor de R$48.000,00 – R$46.300,00 = R$1.700,00, e as contas de débito e crédito deveriam ser invertidas da seguinte maneira: D – Perda Cambial = R$1.700,00 C – Conta-Corrente em Dólar = R$1.700,00 CONTABILIZAÇÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS Explicaremos os conceitos de moeda funcional, transações em moeda estrangeira e como são contabilizadas. TRATAMENTO CONTÁBIL DOS IMPOSTOS DE IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E ICMS NA IMPORTAÇÃO Imagem: Shutterstock.com No módulo 1, falamos sobre os Impostos de Importação, Exportação e ICMS na exportação. Também aprendemos como fazer o cálculo desses impostos. Nesta seção, faremos a contabilização dos reconhecimentos e dos pagamentos relacionados a esses tributos. Primeiramente, abordaremos as exportações, uma vez que essas são mais simples, tendo em vista que não incide ICMS na exportação e o Imposto de Exportação, por via de regra, é de 30%. Veremos a seguir um exemplo ilustrativo de cálculo e reconhecimento contábil de uma exportação. Uma empresa que exporta soja vendeu 10 toneladas de soja a U$355 a tonelada. O dólar do dia era cotado a R$5,07, convertidos imediatamente no recebimento, e a empresa incorreu em taxas de câmbio de R$125,00. Como deve ser o reconhecimento contábil dessa venda? A princípio, deve ser reconhecida a receita de venda no valor de U$355 x R$5,07 x 10 = R$17.998,50. Mas a empresa só recebeu R$17.998,50 – R$125,00 = R$17.873,50, pois incorreu em taxas de câmbio. Logo, o lançamento contábil é: D – Caixa (Conta-Corrente) = R$17.873,50 D – Despesa Cambial = R$125,00 C – Receita = R$17.998,50 Com relação ao imposto, ele incorre em relação ao valor da receita total em reais. Consequentemente, o valor de imposto será calculado sobre 17.998,50 ao se aplicar uma alíquota de 30%, gerando o valor de R$17.998,50 x 0,30 = R$5.399,55 que serão contabilizados da seguinte forma: D – Despesa com Impostos sobre Exportação = R$5.399,55 C – Impostos sobre Exportação a Pagar (Passivo) = R$5.399,55 Na data de pagamento, haverá um débito na conta de passivo, zerando a obrigação, e um crédito na conta de caixa. AGORA, VEREMOS UM EXEMPLO RELACIONADO A UM PROCESSO DE IMPORTAÇÃO, COM INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÕES, ICMS E SUAS CONTABILIZAÇÕES. Uma empresa brasileira importa vinhos tipo champagne para revenda no Brasil. O Imposto de Importação é de 20% de acordo com a Tarifa Externa Comum, código 2204.10.10. Cada garrafa custa U$18,00 e o dólar do dia é de R$4,98. A compra é feita por uma empresa paulista que envia o vinho para o estado do Espírito Santo. A tarifa interestadual de ICMS, nesse caso, é de 7%. Vamos calcular o valor a ser pago de II, ICMS, e realizar os lançamentos contábeis dos impostos a pagar. Foto: Shutterstock.com Inicialmente, temos de calcular o valor do Imposto de Importação que é de 20% x U$18,00 x R$4,98 = R$17,93. Ou seja, o valor para base de cálculo do ICMS será de U$18,00 x R$4,98 + R$17,93 = R$89,64 + R$17,93 = R$107,57. O valor do ICMS será de 7% + 4% + 3% (Difal de 7% – 4%) = 14%. O valor do ICMS será de (R$107,57 / (1 – 0,14)) – R$107,57 = R$17,51. O custo total para a empresa é, então, de R$89,64 + R$17,93 + R$17,51 = R$125,08. Os lançamentos tributários serão os seguintes: D – Despesas com Imposto de Importação = R$17,93 C – Imposto de Importação a pagar (Passivo) = R$17,93 D – Despesas com ICMS = R$17,51 C – ICMS a pagar (Passivo) = R$17,51 VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UMA EMPRESA DO SETOR DE QUEIJOS PREPARADOS ARTESANALMENTE NO BRASIL EXPORTA PARTE DE SUA PRODUÇÃO POR U$12.000,00 A UM DÓLAR A R$5,17 NA DATA DE EXPORTAÇÃO. QUANTO ELA PAGARÁ DE IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO? A) R$17.612,00 B) R$18.612,00 C) R$19.612,00 D) R$20.612,00 E) R$21.612,00 2. QUAL DOS SEGUINTES CRITÉRIOS PODE SER USADO PARA DETERMINAR A MOEDA FUNCIONAL DE UMA EMPRESA? A) A moeda que menos influencia os preços de venda de bens e serviços. B) A moeda que não influencia os preços de venda de bens e serviços. C) A moeda que menos influencia fatores como mão de obra, matéria-prima e outros custos. D) A moeda que mais influencia os preços de venda de bens e serviços. E) A moeda que não influencia fatores como mão de obra, matéria-prima e outros custos. GABARITO 1. Uma empresa do setor de queijos preparados artesanalmente no Brasil exporta parte de sua produção por U$12.000,00 a um dólar aR$5,17 na data de exportação. Quanto ela pagará de Imposto de Exportação? A alternativa "B " está correta. Para começar, temos de calcular a base de cálculo do Imposto de Exportação. O valor é de U$12.000,00 x R$5,17 = R$62.040,00, valor que sofrerá a incidência de 30% de Imposto de Exportação, totalizando R$62.040,00 x 30% = R$18.612,00 a pagar de Imposto de Exportação. 2. Qual dos seguintes critérios pode ser usado para determinar a moeda funcional de uma empresa? A alternativa "D " está correta. De acordo com o CPC 2(R2), a moeda funcional é “a moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera”, e de acordo com esse mesmo CPC uma das formas de determinar essa moeda é identificando a moeda que mais influencia os preços de venda de bens e serviços. MÓDULO 3 Identificar os principais conceitos relacionados às taxas aduaneiras e ao SISCOMEX CONCEITOS INICIAIS Nos módulos anteriores, abordamos os impostos incidentes sobre as transações internacionais ― importações e exportações ― e tratamos das contabilizações de negócios internacionais e dos tributos. Agora, apresentaremos noções básicas sobre as taxas aduaneiras e o SISCOMEX. As taxas aduaneiras, também conhecidas como tarifas aduaneiras, são os impostos que os produtos pagam quando passam pela “aduana”, ou seja, são importados por países estrangeiros. Essas taxas são as que os produtos brasileiros pagam quando são importados por outros países, ou seja, quando são exportados pelo Brasil. VOCÊ JÁ OUVIU FALAR NO SISCOMEX? O SISCOMEX, acrônimo de Sistema Integrado de Comércio Exterior, é um instrumento administrativo que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior. Ele foi instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, e teve como objeto informatizar a documentação de importação e exportação, processo realizado anteriormente por meio de declarações em papel, carimbos e assinaturas. Antes de falar mais sobre SISCOMEX, primeiro comentaremos sobre as taxas aduaneiras. TAXAS ADUANEIRAS O QUE É PRECISO ENTENDER SOBRE TAXAS ADUANEIRAS? Assim como o Brasil cobra impostos de importação sobre seus produtos, os países estrangeiros também cobram impostos sobre as importações realizadas em seus países. Portanto, os exportadores devem estar atentos às taxas aduaneiras de seus produtos, pois isso afeta o seu lucro e a possibilidade de cobrar valores mais elevados por eles. Muitos países possuem uma política de taxas aduaneiras muito protecionista, ou seja, cobram impostos de importação altíssimos a fim de arrecadar recursos e estimular a indústria interna. No entanto, outros países possuem uma política muito mais voltada ao livre mercado, cobrando menos impostos de importação, e, assim, seus habitantes podem usufruir de produtos importados a preços menores. Além disso, devemos nos atentar para o fato de que o Brasil possui acordo de livre-comércio com os países no âmbito do Mercosul. Logo, os produtos por eles produzidos possuem livre circulação entre os países-membros. Fazem parte do grupo o Brasil, o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. Em 2021, a Venezuela se encontra suspensa e a Bolívia está em processo de adesão. Para empresas que buscam exportar os seus produtos, a exportação para os países do Mercosul pode ser um primeiro passo importante, pois como eles formam uma união aduaneira, não só não existem taxas aduaneiras, bem como o processo de exportação e importação das mercadorias pelo país de destino é mais simples. SISCOMEX ANTES DE UTILIZAR O SISCOMEX, TODA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA DEVE SE HABILITAR NELE. Essa habilitação no SISCOMEX consiste em uma prévia análise daqueles que pretendem realizar operações de comércio exterior em um posto da Receita Federal. As normas que tratam dessa habilitação são a Instrução Normativa SRF nº 650, de 12 de maio de 2006, e o Ato Declaratório Executivo Coana nº 3, de 1º de junho de 2006. São quatro os tipos de habilitação: a habilitação ordinária, a habilitação simplificada, a habilitação especial e a habilitação restrita. A escolha do tipo de modalidade de habilitação mais apropriada a cada empresa é livre, no entanto, essa escolha é de sua inteira responsabilidade. A seguir, analisaremos cada tipo de modalidade. HABILITAÇÃO ORDINÁRIA É a habilitação que dá mais liberdade para a empresa, habilitando-a a realizar qualquer tipo de operação. Nesse tipo de modalidade, a empresa está sujeita ao acompanhamento da Receita Federal com base na análise prévia da sua capacidade econômica e financeira. HABILITAÇÃO SIMPLIFICADA É para pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos) que estejam habilitadas a utilizar o Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul), ou que atuem exclusivamente como pessoa jurídica encomendante, ou, ainda, que apenas atuem no comércio exterior em valor de pequena monta (U$150.000,00 por seis meses consecutivos para importação e U$300.000,00 para exportações), entre outras. Ao optar pelo tipo de modalidade simplificada para operações de pequena monta, a empresa fica desonerada de apresentar uma série de documentos, além de ter o seu pedido analisado em, no máximo, dez dias. Em contrapartida, submete-se às restrições desse tipo de modalidade. Deve-se destacar que, para empresas habilitadas no SISCOMEX para operações de pequena monta, tendo em vista o limite imposto pela legislação, o próprio SISCOMEX impede o registro de Declaração de Importação (DI) ou Declaração Simplificada de Importação (DSI) em desacordo com o estabelecido. Isso acontece, principalmente, quando a empresa excede os valores liberados para importação (U$150.000,00 por seis meses consecutivos para as importações). HABILITAÇÃO ESPECIAL É destinada apenas aos órgãos da administração pública direta, à autarquia, à fundação pública, ao órgão público autônomo e aos organismos internacionais. Por exemplo, caso uma universidade pública deseje realizar importações de materiais para suas pesquisas, ela poderia solicitar a habilitação especial no SISCOMEX. HABILITAÇÃO RESTRITA É concedida apenas para pessoas físicas e jurídicas que já estiveram habilitadas no SISCOMEX, e não mais estão, acessarem o sistema para consulta ou realização de retificação de alguma declaração. A seguir, veja um exemplo de cinco empresas diferentes que estão habilitadas de forma simplificada no SISCOMEX por operações de pequena monta e possuem bloqueios em diferentes meses do ano para suas importações: A B C D E A B C D E Agosto U$100.000 U$80.000 U$30.000 U$10.000 U$0 Setembro U$50.000 U$0 U$20.000 U$5.000 U$0 Outubro Bloqueado U$70.000 U$25.000 U$25.000 U$0 Novembro Bloqueado Bloqueado U$75.000 U$50.000 U$100.000 Dezembro Bloqueado Bloqueado Bloqueado U$60.000 U$30.000 Janeiro Bloqueado Bloqueado Bloqueado Bloqueado U$20.000 Fevereiro Liberado Bloqueado Bloqueado Bloqueado Bloqueado Quadro: Exemplos de operações no SICOMEX no modelo simplificado. Elaborado por: Rodrigo de Oliveira Leite Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A empresa A “estourou” o seu limite de U$150.000,00 nos dois primeiros meses e, por isso, teve o seu SISCOMEX bloqueado, sendo apenas liberado em fevereiro, após passar o limite de seis meses. Em fevereiro, a empresa A está liberada para atuar em operações de até U$100.000,00, pois os U$50.000,00 de setembro ainda estarão contando para o cálculo do limite. Já as empresas B, C, D e E estão bloqueadas em diferentes períodos, mesmo com a empresa E, por exemplo, ficando três meses sem operar, ela “estourou” o limite em três meses e, por isso, foi bloqueada em fevereiro. OPERAÇÕES DE DRAWBACK Além dessas habilitações, uma outra faceta importante do SISCOMEX é o registro de importações no regime de drawback. O drawback se configura como um regime aduaneiro especial, instituído pelo Decreto-Lei nº 37, de 21 de novembro de 1966, e que consiste na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados parautilização em produto exportado. O mecanismo funciona como um incentivo às exportações, pois reduz os custos de fabricação de produtos exportáveis, tornando-os mais competitivos no mercado internacional. Quase um terço das isenções concedidas pelo governo federal advém do regime de drawback. Imagem: Shutterstock.com VEJAMOS AS TRÊS MODALIDADES DE DRAWBACK: Imagem: Shutterstock.com ISENÇÃO Nessa modalidade, os tributos incidentes na importação de mercadoria são isentos, em quantidade e qualidade equivalentes, para destinação à reposição de outra mercadoria importada anteriormente, com pagamento de tributos, e utilizada na industrialização de produto exportado. Imagem: Shutterstock.com SUSPENSÃO Nessa modalidade, ocorre a suspensão dos tributos incidentes na importação de mercadoria a ser utilizada na industrialização de produto que deve ser exportado. Imagem: Shutterstock.com RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS Essa modalidade trata da restituição de tributos pagos na importação de insumo utilizado em produto exportado. Entretanto, devemos ressaltar que, de acordo com a Receita Federal, o regime de drawback por restituição quase não é mais utilizado (apenas 3% se utilizam dele). Se a empresa, nos últimos dois anos, realizou importação de insumos pagando tributos e agora precisa substituí-los, ela pede a isenção dos tributos. Contudo, caso a empresa não possua compra nos últimos dois anos, ela pode pedir a suspensão do tributo ao firmar um compromisso de que ela irá realizar a exportação dos produtos que serão transformados a partir dos insumos comprados. QUAIS IMPOSTOS ESTÃO INCLUSOS NO REGIME DE DRAWBACK? De acordo com o site da Receita Federal, estão inclusos o Imposto de Importação - II, o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM, além da dispensa do recolhimento de taxas que não correspondam à efetiva contraprestação de serviços, nos termos da legislação em vigor. Sendo assim, o regime aduaneiro especial de drawback é uma ferramenta importante para as empresas diminuírem os seus custos de produtos exportados, caso elas necessitem de insumos para importação no Brasil. TAXAS ADUANEIRAS E SISCOMEX Neste vídeo, explicaremos os conceitos de taxas aduaneiras, e como elas devem ser consideradas nos custos das empresas exportadoras, e apresentaremos o Siscomex, indicando os tipos de habilitação possíveis e as operações de drawback. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UMA EMPRESA QUE IMPORTA PRODUTOS PARA VENDA EM UMA PEQUENA LOJA ESTIMOU QUE IMPORTA CERCA DE U$100.000,00 POR ANO DE PRODUTOS ADVINDOS DO EXTERIOR. EM QUAL TIPO DE MODALIDADE ELA DEVERIA PEDIR HABILITAÇÃO PARA A RECEITA FEDERAL NO SISCOMEX? A) Habilitação simplificada. B) Habilitação especial. C) Habilitação restrita. D) Habilitação ordinária. E) Habilitação usual. 2. UMA EMPRESA COMPRA VEÍCULOS FABRICADOS NA ARGENTINA PARA REVENDA EM TERRITÓRIO NACIONAL. QUANTO ELA DEVE PAGAR DE IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO, EM PONTOS PERCENTUAIS? A) 30% B) 20% C) 10% D) 0% E) Depende do estado da federação em que a empresa está domiciliada. GABARITO 1. Uma empresa que importa produtos para venda em uma pequena loja estimou que importa cerca de U$100.000,00 por ano de produtos advindos do exterior. Em qual tipo de modalidade ela deveria pedir habilitação para a Receita Federal no SISCOMEX? A alternativa "A " está correta. A habilitação simplificada é para pessoas jurídicas que se enquadrem na importação de até U$150.000,00 por seis meses consecutivos. Como a empresa importa apenas U$100.000,00 de produtos por ano, fica claro que ela se enquadra dentro desse limitador e pode solicitar a habilitação simplificada. 2. Uma empresa compra veículos fabricados na Argentina para revenda em território nacional. Quanto ela deve pagar de Imposto de Importação, em pontos percentuais? A alternativa "D " está correta. A Argentina é um país que faz parte do Mercosul, assim como Brasil, Paraguai e Uruguai. Os países-membros do Mercosul fazem parte de uma união aduaneira e há o livre mercado entre os seus membros. Portanto, não será devido o Imposto de Importação nessa operação. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste conteúdo, abordamos os principais pontos sobre os tributos que incidem nas operações de negócios internacionais no Brasil. Aprendemos que os dois principais tributos sobre importações e exportações são o Imposto sobre Importações (II) e o Imposto sobre Exportações (IE). Além disso, também vimos que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços incide sobre importações, mas não sobre exportações. Adicionalmente, também entendemos o Diferencial de Alíquota (Difal) em importações que se destinam a empresas de estado diferente do local da importação. No módulo 2, apresentamos os tratamentos contábeis de negócios internacionais, importações e exportações. Compreendemos o conceito de moeda funcional, que, de acordo com o CPC 2(R2), configura-se como “a moeda do ambiente econômico principal no qual a entidade opera”. Depois, vimos como devem ser tratadas as transações com moedas estrangeiras e como elas devem ser contabilizadas. Aprendemos também que os ganhos e as perdas cambiais normalmente são contabilizados em Outros Resultados Abrangentes. Ainda no módulo 2, falamos sobre como deve ser feito o tratamento contábil dos Impostos de Importação, Exportação e ICMS na importação. Como o ICMS na importação é calculado “por fora”, o seu reconhecimento contábil depende da conversão e dos impostos que incidiram sobre o valor do produto, e só depois disso o ICMS é calculado. Além disso, o ICMS é calculado como o valor da divisão da base de cálculo sobre 1 menos a alíquota, diferentemente dos outros impostos nos quais o cálculo é feito sobre o valor da base de cálculo vezes a alíquota. No módulo 3, conhecemos noções básicas sobre taxas aduaneiras e SISCOMEX. As taxas aduaneiras são os impostos que os países estrangeiros cobram sobre importações realizadas em seus países. Já o SISCOMEX é o sistema no qual importadores e exportadores devem se cadastrar para retirar as suas mercadorias das aduanas brasileiras. São quatro as modalidades de habilitação no SISCOMEX: ordinária, simplificada, especial e restrita. E, por fim, tratamos das operações de drawback, que é um regime aduaneiro especial voltado à importação de insumos para fabricação de produtos destinados à exportação. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AMARO, L. Direito Tributário brasileiro. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ASHIKAGA, C. E. G. Análise da tributação na importação e na exportação de bens e serviços. 6. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2016. BRASIL. Código Tributário Nacional. Brasília, 1966. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 02 (R2) - Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. 2010. BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas e outros profissionais: de acordo com os pronunciamentos do CPC e IFRS. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. GELBCKE, E.; SANTOS, A.; IUDÍCIBIS, S.; MARTINS, E. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2018. PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2017. EXPLORE+ Recomendamos a leitura do livro Análise da tributação na importação e na exportação de bens e serviços, de Carlos Eduardo Garcia Ashikaga (6. ed., Editora Aduaneiras). Esse livro, com linguagem simples, direta e objetiva, explicita os pontos fundamentais para realizar operações de importação, exportação e comércio exterior. Também abordao II, IE, IPI, PIS/Pasep, Cofins, ICMS, IRPJ, CSLL, Cide, ISS, além da tributação diferenciada dos regimes aduaneiros e outras operações de comércio exterior (importação por conta e ordem de terceiros e importação por encomenda). Ainda, trata da tributação na importação e na exportação de serviços, que representa um mercado em franca expansão no Brasil. CONTEUDISTA Rodrigo de Oliveira Leite
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