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Tendências da 
Administração Pública
SST
Silveira, Michele
Tendências da Administração Pública / Michele Silveira
Ano: 2020
nº de p.: 11
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
Tendências da 
Administração Pública
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Apresentação
A partir de agora, vamos trabalhar com algumas tendências do nosso Modelo 
Gerencial de Administração Pública. Nesse sentido, vamos falar sobre a Promoção 
da Cidadania, a Eficiência, a Participação Popular, a Transparência e Controle 
Social. 
Estudaremos como é a atuação do Estado no intuito de promover a Cidadania, haja 
vista que se trata de um direito da sociedade. Veremos, ainda, sobre o objetivo do 
princípio da Eficiência, assim como seus aspectos. Destacaremos os instrumentos 
utilizados para garantir a participação popular nas decisões do Estado. E, por fim, 
iremos entender como funciona a Transparência e Controle Social no âmbito da 
Administração Pública e qual a relação existente entre esses dois elementos. 
Promoção da cidadania
O processo de democratização do país proporcionou aos cidadãos a possibilidade 
do exercício da Cidadania, que, vale dizer, é um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil, conforme se vê:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político.(BRASIL,1988)
Porém, de que forma se dá o exercício da Cidadania? O exercício da Cidadania 
ocorre pelo exercício dos próprios direitos civis, políticos e sociais. “O Estado é o 
local no qual o cidadão exerce a cidadania” (MATIAS-PEREIRA, 2016, p. 66). Nesse 
sentido, o papel da Administração Pública é garantir os direitos assegurados 
constitucionalmente, atuando na promoção da dignidade da pessoa humana, a fim 
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de que o indivíduo alcance seu pleno e integral desenvolvimento. Desse modo, de 
acordo com Matias-Pereira (2016, p.66):
[...] à medida que se elevam os padrões de educação, uma crescente 
parte da população acostuma-se com padrões mais altos de serviço no 
setor privado e torna-se cada vez menos inclinada a aceitar respostas 
inflexíveis e burocráticas dos serviços públicos.
Ressalta-se, nesse ponto, o papel do Estado na formulação de Políticas 
Públicas, importando na promoção da Cidadania. As Políticas Públicas 
constituem-se como instrumentos de viabilização do exercício dos direitos 
sociais assegurados constitucionalmente.
Promoção da cidadania
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Eficiência
O princípio da Eficiência foi acrescentado na Constituição da República pela 
Emenda Constitucional (EC) nº 19/98, passando a ser um dos princípios 
norteadores da Administração Pública previstos constitucionalmente. O objetivo 
desse princípio é garantir a qualidade dos serviços públicos, que devem ser 
prestados com Celeridade, Economicidade e Excelência.
Com a mudança ocorrida no modelo da Administração Pública, houve alteração na 
própria relação do usuário com o Poder Público. Isso porque, agora, os cidadãos 
não mais se conformam com um serviço público prestado de maneira insatisfatória, 
insuficiente. Para Matias-Pereira (2016, p. 68), “os usuários de serviços públicos, 
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além de mostrar um nível elevado de insatisfação com a qualidade do 
atendimento, passaram a exigir, cada vez mais, a prestação de serviços de 
qualidade”.
Lourenço (2016), fazendo uso das lições de Alexandre de Moraes, traz um rol 
de características básicas acerca do princípio da Eficiência que vale a pena 
compartilhar. Segundo o jurista, esse princípio possui os seguintes aspectos:
Aspectos do princípio da Eficiência
Direcionamento da 
atividade e dos serviços 
públicos à efetividade 
do bem comum
A Constituição Federal prevê, no inciso IV do art. 
3, como um dos objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem 
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. Ressalta-se 
que ao legislador ordinário e ao intérprete, em especial 
às Autoridades Públicas dos Poderes Judiciário, 
Executivo e Legislativo e da Instituição do Ministério 
Público, esse objetivo fundamental deverá servir como 
vetor de interpretação, seja na edição de leis ou atos 
normativos, seja em suas implicações.
Imparcialidade [...] a atuação eficiente da Administração Pública exige uma atuação imparcial e independente.
Neutralidade
[...] a ideia de Eficiência está ligada à neutralidade, no 
sentido empregado por João Baptista Machado (2009, 
p. 145) de que “há outro plano de sentido em que se 
fala de neutralidade do Estado: o de Justiça [...]”. Nesse 
sentido, o Estado é neutro se, na resolução de qualquer 
conflito de interesse, assume uma posição valorativa 
de simultânea e igual consideração de todos os 
interesses em presença. A neutralidade impõe aqui ao 
Estado atitudes de abstenção, mas mais propriamente 
atitudes de isenção na valoração de interesses em 
conflito. O Estado é neutro quando faz vingar a Justiça 
e estabelece regras do jogo justas.
Transparência
[...] dentro da ideia de Eficiência formal da 
Administração Pública, encontra-se a necessidade de 
Transparência das atividades dos Órgãos e Agentes 
Públicos.O princípio da Eficiência da Administração 
Pública pretende o combate à ineficiência formal, 
inclusive com condutas positivas contra a prática de 
subornos, corrupção e tráfico de influência.
Participação e 
aproximação dos 
serviços públicos da 
população
[...] deverá existir participação e aproximação dos 
serviços públicos da população dos interessados na 
gestão efetiva dos serviços administrativos, de 
acordo com o princípio da Gestão Participativa [...].
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Eficácia
[...] a Eficácia Material da Administração se traduz no 
adimplemento de suas competências ordinárias e na 
execução e no cumprimento dos entes administrativos 
dos objetivos que lhes são próprios, enquanto a 
Eficácia Formal da Administração é a que se verifica 
no curso de um procedimento administrativo, ante 
a obrigatoriedade do impulso ou resposta do ente 
administrativo a uma petição formulada por um dos 
administrados.
Desburocratização
[...] uma das características básicas do princípio da 
Eficiência é evitar a burocratização da 
Administração Pública.
Busca da qualidade
[...] ressalta-se a definição de que “qualidade de serviço 
público é, antes de tudo, qualidade de um serviço, sem 
distinção se prestado por instituição de caráter público 
ou privado” (TIRONI, 1991, p. 8).
Fonte: Adaptado de MORAES apud LOURENÇO (2016).
A tendência da Administração Pública é buscar soluções para o problema 
da ineficiência estatal na prestação dos serviços públicos, a fim de satisfazer 
as necessidades básicas do cidadão. Nesse aspecto, o uso das ferramentas 
tecnológicas pode se constituir em instrumento de grande utilidade para a melhoria 
do atendimento ao usuário de serviço público, por exemplo.
Participação popular, transparência 
e controle social
A ideia de participação popular na Administração Pública não é recente. A 
democracia existente na Grécia Antiga, por exemplo, possibilitava a participação 
direta da população nos assuntos que eram considerados importantes para 
a comunidade. Embora tal modelo não encontre viabilidade nos dias atuais, 
a participação da sociedade nas decisões do governo passou a ganhar força 
nos Estados modernos. Aqui no Brasil, a Constituição da República de 1988 
implementou no nosso país um modelo de Democracia Semidireta (ou Democracia 
Participativa), um sistema híbrido, que contempla instrumentos da Democracia 
Direta com a representatividade, que é característica da Democracia Indireta.
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A Democracia Direta é aquela em que o povo exerce diretamente 
o poder. É o povo quem administra, faz as leis e as julga, sem 
qualquer tipo de representante. Já naDemocracia Indireta,
o povo elege os representantes que, em nome dele, vão 
governar o país. A Democracia Semidireta é a junção dos dois 
modelos. E, então, qual é seu modelo de democracia preferido?
Curiosidade
Tendências da Administração Pública
Promoção da 
Cidadania
Eficiência
Transparência e 
Controle Social
Ética nas
organizações
Relações 
público- 
privadas
Participação 
Popular
Fonte: Adaptado de Matias-Pereira (2016).
O parágrafo único do art. 1º da nossa Constituição estabelece que “Todo o poder 
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988). Desse modo, o exercício indireto 
do poder se dá pelos representantes eleitos (Democracia Indireta), enquanto o 
exercício direto do poder ocorre mediante a realização de plebiscitos, audiências 
públicas, referendos, projetos de lei de iniciativa popular etc. (Democracia Direta).
Outro instrumento que visa a garantir a participação popular nas decisões do 
Estado é o Orçamento Participativo. Por meio da participação nas assembleias 
abertas é possível que o cidadão estabeleça uma negociação direta com o Governo, 
opinando sobre as áreas que entende ser prioritárias e que exigem uma maior 
atenção do Estado na elaboração da Lei Orçamentária Anual.
Embora Matias-Pereira (2016, p. 69) entenda que existem poucas práticas que 
possibilitam a participação direta da sociedade na Administração Pública, o 
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autor apresenta uma teoria recente, que busca justamente ampliar a esfera de 
participação popular, conforme se vê a seguir:
O novo modelo, intitulado New Public Service (Novo Serviço Público), sustenta que, 
via atividades de coprodução entre comunidades, órgãos públicos, privados e não 
governamentais, torna-se factível estimular uma maior participação, cidadania e 
accountability na sociedade. Diante desse novo cenário, torna-se relevante fazer 
referência aos autores que abordam as novas alternativas para dar respostas 
adequadas às demandas da sociedade, ou seja, servir ao público, bem como 
contribuir para o aumento do nível da cidadania.
Cidadania
Fonte: Plataforma Deduca (2020).
Destaca-se,entre as teorias da Administração Pública, a teoria do Novo Serviço 
Público, desenvolvida por Denhardt e Denhardt (2003), que aponta novas 
alternativas para a Administração Pública, buscando fomentar a participação direta 
do cidadão. Juntamente com tal modelo, apresentam a visão de Arendt (2004), que 
resgata o conceito grego de polis, e a Teoria da Delimitação dos Sistemas Sociais, 
desenvolvida por Ramos (1989), no intuito de corroborar o modelo do Novo Serviço 
Público. Deve-se registrar a percepção que se tem do indivíduo, concebido como o 
cidadão. Dessa forma, o próprio conceito de cidadania é revisado, indo além dos 
direitos consagrados na Constituição (MATIAS-PEREIRA, 2016, p. 69).
A efetiva participação popular do cidadão na Gestão Pública, além de fortalecer a 
relação entre o Estado e a sociedade, possibilita o aperfeiçoamento nas Políticas 
Públicas, a ampliação do pluralismo social, estabelece uma relação de confiança 
pública no Governo, além de proporcionar uma maior distribuição do poder e a 
democratização da sociedade civil.
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A Transparência e o Controle Social são institutos que caminham lado a lado, pois, 
quanto maior a Transparência, maiores as possibilidades de Controle Social na 
Gestão Pública. A Transparência é, em verdade, um instrumento de Controle Social.
O art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei n.101/2000) 
elenca como instrumentos de transparência da Gestão Fiscal: os 
Planos, os Orçamentos e as Leis de Diretrizes Orçamentárias; as 
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório 
Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão 
Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos (BRASIL, 
2000). A fim de fazer chegar esses dados à população, a Lei 
determina a ampla divulgação desses documentos, inclusive em 
meios eletrônicos de acesso público (BRASIL, 2000). 
Atenção
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Fechamento 
Ao estudarmos sobre a promoção da Cidadania, concluímos que o exercício desta 
se dá a partir da realização de atos civis, políticos e sociais, sendo responsabilidade 
do Estado exercer seu papel de assegurar os direitos dos cidadãos.
Vimos que o intuito do princípio da Eficiência é assegurar qualitativamente os 
serviços públicos prestados aos cidadãos, que estes devem ser dotados de 
Celeridade, Economicidade e Excelência.
Observamos que, para garantir a participação popular nas decisões do Estado, 
a Constituição da República de 1988 implementou o mecanismo de Democracia 
Semidireta, que é a união da Democracia Direta com a Democracia Indireta. Vale 
destacar que outro mecanismo de participação popular é o Orçamento 
Participativo, em que ocorre a participação de cidadãos.
No que tange à Transparência e ao Controle Social, compreendemos que estes 
são institutos que visam a promover acessibilidade das informações púbicas à 
população. Nesse sentido, é preciso haver Transparência das contas públicas etc., 
para que a sociedade possa exercer o Controle. 
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Referências 
ARENDT, H. A condição humana. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
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finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras 
providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 4maio 2000.
DENHARDT, R. B.; DENHARDT, J. V. The New Public Service: Serving, not Steering. 
New York: M. E. Sharpe, 2003.
KELSEN, H. Teoria Pura do Direito. Trad. João Batista Machado. 8. ed. São Paulo: 
WMF Martins Fontes, 2009.
LOURENÇO; R. L.; ANGOTTI, M.; NASCIMENTO, J. C. H. B.; SAUERBRONN, F. F. 
Eficiência do Gasto Público com Ensino Fundamental: uma análise dos 250 maiores 
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MATIAS-PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. Rio de Janeiro: 
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RAMOS, A. G. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das 
nações. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1989.
TIRONI, Luis Fernando et al. Critérios para geraçäo de indicadores de qualidade e 
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Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1701/1/td_0238.pdf 
Acesso em: 06 out. 2020.
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1701/1/td_0238.pdf

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