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Informativo 1001 STF

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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 1001-STF 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PODER JUDICIÁRIO 
▪ O caráter nacional da magistratura impede diferenciação remuneratória entre magistrados federais e estaduais; 
logo, o teto remuneratório da magistratura federal não pode ser superior que o da magistratura estadual. 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
SERVIDORES PÚBLICOS 
▪ O art. 5º, parágrafo único da Lei 10.101/2000 afirma que o direito dos trabalhadores das empresas estatais à 
participação nos lucros e resultados observará as diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo. 
 
DIREITO CIVIL 
EIRELI 
▪ É constitucional a exigência de que o capital social da EIRELI não seja inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo 
vigente no País (art. 980-A do Código Civil). 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
▪ Não possui repercussão geral recurso extraordinário que verse sobre lei estadual posteriormente revogada e que foi 
objeto de acordo entre os interessados. 
 
PENHORA 
▪ É inconstitucional a interpretação que permite o bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de verbas estaduais, ao 
fundamento de que os valores em questão constituem créditos devidos pelo estado a empresas que sejam rés em 
ações trabalhistas. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
CITAÇÃO POR EDITAL E SUSPENSÃO DO PROCESSO 
▪ No caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de prescrição da pena máxima em 
abstrato cominada ao crime. 
 
JUIZADOS ESPECIAIS 
▪ São constitucionais o art. 60 da Lei 9.099/95 e o art. 2º da Lei 10.259/2001, que preveem a possibilidade de infrações 
penais de menor potencial ofensivo não serem julgadas pelo Juizado Especial em casos de conexão ou continência. 
 
EXECUÇÃO PENAL 
▪ O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da execução 
penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal, desde que ocorra a apuração do ilícito com as 
garantias constitucionais. 
 
DIREITO DO TRABALHO 
COMPETÊNCIA 
▪ Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ação na qual entidade sindical discute recolhimento de 
contribuição sindical envolvendo servidores públicos estatutários. 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
PODER JUDICIÁRIO 
O caráter nacional da magistratura impede diferenciação remuneratória entre magistrados 
federais e estaduais; logo, o teto remuneratório da magistratura federal não pode ser superior 
que o da magistratura estadual 
 
Não é possível o estabelecimento de subteto remuneratório para a magistratura estadual 
inferior ao teto remuneratório da magistratura federal. 
A correta interpretação do art. 37, XI e § 12, da Constituição Federal exclui a submissão dos 
membros da magistratura estadual ao subteto de remuneração. 
STF. Plenário. ADI 3854/DF e ADI 4014/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
Teto remuneratório 
A CF/88 prevê, em seu art. 37, XI, o chamado “teto remuneratório”, ou seja, o valor máximo que os agentes 
públicos podem receber no país. O objetivo do constituinte foi o de evitar que alguns agentes públicos 
recebessem os chamados “supersalários”, que são incompatíveis com o serviço público. 
Além de um teto geral (nacional), o dispositivo constitucional prevê limites específicos para o âmbito dos 
Estados e Municípios (chamados de subtetos). 
O teto geral do serviço público no Brasil é o subsídio dos Ministros do STF que, atualmente, está em R$ 
39.293,32 (bruto), conforme prevê a Lei nº 13.752/2018. 
 
A quem se aplica o teto? 
Aplica-se aos agentes públicos independentemente do tipo de vínculo: estatutário, celetista, temporário, 
comissionado, político. 
 
O teto se aplica à Administração direta e indireta? 
• Agentes públicos da administração direta: SEMPRE 
• Agentes públicos das autarquias e fundações: SEMPRE 
• Empregados públicos das empresas públicas e sociedades de economia mista: o teto somente se aplica 
se a empresa pública ou a sociedade de economia mista receber recursos da União, dos Estados, do 
DF ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º). 
 
Quais as parcelas incluídas nesse limite? 
Regra: o teto abrange todas as espécies remuneratórias e todas as parcelas integrantes do valor total 
percebido, incluídas as vantagens pessoais ou quaisquer outras. 
 
Exceções: 
Estão fora do teto as seguintes verbas: 
a) parcelas de caráter indenizatório previstas em lei (§ 11 do art. 37); 
b) verbas que correspondam aos direitos sociais previstos no art. 7º c/c o art. 39, § 3º da CF/88, tais como 
13º salário, 1/3 constitucional de férias etc.; 
c) quantias recebidas pelo servidor a título de abono de permanência em serviço (§ 19 do art. 40); 
d) remuneração em caso de acumulação legítima de cargos públicos (STF RE 612975/MT). Ex.: se 
determinado Ministro do STF for também professor da UnB, ele irá receber seu subsídio integral como 
Ministro e mais a remuneração decorrente do magistério. Nesse caso, o teto seria considerado 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
especificamente para cada cargo, sendo permitido que ele recebesse acima do limite previsto no art. 37, 
XI da CF/88, se considerarmos seus ganhos globais. 
 
Os proventos recebidos pelo agente público aposentado também estão submetidos ao teto? 
SIM. A redação do art. 37, XI, menciona expressamente os proventos. 
 
O teto remuneratório existe desde quando? 
A redação originária da CF/88 já previa a existência de um teto remuneratório, mas o dispositivo 
constitucional não era autoaplicável. Assim, na prática, o teto só foi implementado com a EC nº 41/2003. 
Confira a evolução histórica do tema: 
• Redação original da CF/88: previa, no inciso XI do art. 37, que cada ente da Federação deveria editar sua 
própria lei fixando o teto remuneratório dos servidores públicos. Na prática, o teto não era exigido porque, 
segundo a jurisprudência, o inciso XI não era autoaplicável, já que dependia de lei para produzir todos 
seus efeitos. 
• EC 19/98: alterou esse inciso estabelecendo que o teto remuneratório seria um só para todos os 
servidores públicos do país, sendo este limite o subsídio mensal dos Ministros do STF. Na prática, o teto 
continuava não sendo exigido porque ainda não havia lei. 
• EC 41/2003: alterou novamente o inciso XI trazendo duas novidades importantes: 1) passou a admitir 
que os Estados e Municípios instituíssem subtetos estaduais e municipais; 2) previu que, mesmo sem lei 
regulamentando, o teto remuneratório deveria ser imediatamente aplicado, utilizando-se como limite o 
valor da remuneração recebida, na época, pelo Ministro do STF (art. 8º da EC 41/2003). 
• EC 47/2005: acrescentou o § 11 ao art. 37 estabelecendo que estão fora do limite do teto as parcelas de 
caráter indenizatório previstas em lei. 
 
Dessa forma, na prática, o teto passou a vigorar no Brasil a partir da EC nº 41/2003, que foi publicada em 
31/12/2003. Isso porque, como vimos acima, essa Emenda afirmou expressamente que, enquanto não 
houvesse lei regulamentando o inciso XI, o valor do teto seria a remuneração do Ministro do STF na época. 
O primeiro valor do teto remuneratório foi de R$ 19.115,19, remuneração do Ministro do STF naquele 
momento. 
Veja a redação do inciso XI e do § 12 do art. 37, na redação dada pela EC nº 41/2003: 
Art. 37 (...) 
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da 
administração direta,autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais 
agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos 
cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não 
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, 
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito 
Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos 
Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores 
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio 
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, 
aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores 
Públicos; 
 
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao 
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei 
Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de 
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios 
dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. 
 
O inciso XI e o § 12 instituíram dois “tetos” para os membros do Poder Judiciário: 
• membros do Poder Judiciário da União: o teto seria o subsídio dos Ministros do STF; 
• membros do Poder Judiciário dos Estados: o teto seria 90,25% do subsídio dos Ministros do STF (seria 
uma espécie de “subteto”). 
 
ADI 
Em 2007, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) ajuizou ADI contra essa diferenciação alegando 
que a instituição de subteto remuneratório para a magistratura estadual em valor inferior ao da 
magistratura federal viola diversos dispositivos da Constituição Federal. 
 
Decisão liminar proferida em 2007 
Ainda em 2007, o STF, por maioria, nos termos do voto do então relator, Min. Cezar Peluso, deferiu a 
liminar pleiteada, para dar interpretação conforme à Constituição ao art. 37, XI, alterado pela EC 41/2003, 
e ao § 12, alterado pela EC 47/2005, da Constituição Federal, bem como para suspender a eficácia do art. 
2º da Resolução 13/2006 e do art. 1º, parágrafo único, da Resolução 14, do CNJ, que regulamentavam esse 
subteto. 
 
Decisão final em 2020 
Em 2020, o Plenário do STF confirmou a medida cautelar anteriormente deferida e julgou procedente o 
pedido formulado para dar interpretação conforme à CF/88 ao art. 37, XI (redação dada pela EC 41/2003) 
e § 12 (incluído pela EC 47/2005), da CF/88, a fim de afastar a submissão dos membros da magistratura 
estadual da regra do subteto remuneratório e declarar a inconstitucionalidade do art. 2º da Resolução 
13/2006 e do art. 1º, parágrafo único, da Resolução 14/2006, ambas do Conselho Nacional de Justiça. 
 
Magistratura nacional tem caráter nacional 
O caráter unitário da magistratura nacional, determinado pela CF/88, sujeita todos os magistrados — 
federais e estaduais, da justiça comum e da justiça especializada — a princípios e normas que devem ser 
idênticos para todos, de modo a preservar sua unidade sistêmica. 
Ademais, o art. 93, V, da CF/88, revela expressamente o caráter nacional da estrutura judiciária brasileira, 
inclusive no escalonamento vertical dos subsídios. 
Se a própria Constituição define os mesmos princípios e normas fundamentais para conformar toda a 
magistratura, notadamente na disciplina dos subsídios, não há como ela mesma impor tratamento 
diferenciado em relação ao teto de vencimentos. 
Os magistrados federais e estaduais desempenham iguais funções, submetidos a um só estatuto de âmbito 
nacional, sem qualquer superioridade de mérito suficiente a justificar esse tratamento diferenciado. 
 
Em suma: 
Não é possível o estabelecimento de subteto remuneratório para a magistratura estadual inferior ao 
teto remuneratório da magistratura federal. 
A correta interpretação do art. 37, XI e § 12, da Constituição Federal exclui a submissão dos membros 
da magistratura estadual ao subteto de remuneração. 
STF. Plenário. ADI 3854/DF e ADI 4014/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
Resumindo o teto 
Sei que a redação do inciso XI do art. 37 é muito grande e um pouco confusa: 
Por isso, a partir da sua interpretação, podemos construir a seguinte tabela: 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
 
Teto NACIONAL: subsídio dos Ministros do STF 
Ninguém poderá receber acima desse valor; as Constituições estaduais e leis orgânicas podem fixar subtetos 
para Estados/DF e Municípios; tais subtetos também deverão respeitar o teto nacional. 
Subteto 
na União 
Subteto nos Estados/DF 
Subteto nos 
Municípios 
Subsídio dos 
Ministros 
do STF 
Existem duas opções: 
Opção 1 (subtetos diferentes para cada um dos Poderes): 
Executivo: subsídio do Governador. 
Legislativo: subsídio dos Deputados Estaduais. 
Judiciário (inclui MP, Defensoria e Procuradoria): subsídio dos 
Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, em espécie, 
dos Ministros do STF.* 
 
Opção 2 (subteto único para todos os Poderes): o valor máximo seria o 
subsídio dos Desembargadores do TJ, limitado a 90,25% do subsídio mensal, 
em espécie, dos Ministros do STF.* 
 
O subsídio dos Deputados Estaduais/Distritais seguirá regras próprias (§ 2º 
do art. 27), não estando sujeito ao subsídio dos Desembargadores mesmo 
que se adote esta 2ª opção. 
 
Vale ressaltar que quem define se o Estado-membro adotará subtetos 
diferentes ou único é a Constituição estadual. 
 
* A CF/88 dá a entender que o subsídio dos Desembargadores e dos juízes 
estaduais não poderia ser maior que 90,25% do subsídio do Ministro do STF. 
O STF, contudo, declarou que esta interpretação é inconstitucional (STF ADI 
3854). O teto para os Desembargadores e juízes estaduais é 100% do subsídio 
dos Ministros do STF, ou seja, eles podem, em tese, receber o mesmo que os 
Ministros do STF. Vale ressaltar, no entanto, que o limite de 90,25% do 
subsídio dos Ministros do STF aplica-se sim para os servidores do Poder 
Judiciário estadual (na opção 1) e para os servidores dos três Poderes 
estaduais (na opção 2). 
 
Subsídio do 
Prefeito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
É inconstitucional o parágrafo único do art. 137 da Lei 8.112/90, que proíbe o retorno ao serviço 
público federal de servidor condenado pela prática de determinados fatos graves 
 
O parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe, para sempre, o retorno ao serviço 
público federal de servidor que for demitido ou destituído por prática de crime contra a 
Administração Pública, improbidade administrativa, aplicação irregular de dinheiro público, 
lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção. 
Essa previsão viola o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88, que afirma que não haverá penas de caráter 
perpétuo. 
STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/12/2020(Info 1001). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
A Lei nº 8.112/90 é o Estatuto do Servidores Públicos Federais. 
O art. 137 da Lei nº 8.112/90 preconiza: 
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos 
IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo 
de 5 (cinco) anos. 
Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou 
destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. 
 
O caput do art. 137 diz o seguinte: 
Se o servidor público for demitido ou destituído de cargo em comissão por ter violado o art. 117, IX e XI, 
ele poderá, depois de 5 anos, voltar a ser investido em novo cargo público federal. Ex: pode ser aprovado 
em novo concurso e assumir um cargo público federal. Veja o que dizem os incisos IX e XI do art. 117: 
Art. 117. Ao servidor é proibido: 
(...) 
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da 
função pública; 
(...) 
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar 
de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou 
companheiro; 
 
O caput do art. 137 da Lei nº 8.112/90 é válido, sendo compatível com a Constituição Federal. 
 
Vejamos agora o que diz o parágrafo único do art. 137: 
Se o servidor público for demitido ou destituído de cargo em comissão por ter violado o art. 132, I, IV, VIII, 
X e XI, ele nunca mais poderá ser investido em novo cargo público federal. 
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: 
I - crime contra a administração pública; 
(...) 
IV - improbidade administrativa; 
(...) 
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; 
 Informativo 
comentado 
 
 
 
Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
(...) 
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; 
XI - corrupção; 
 
Assim, a norma proíbe, para sempre, o retorno ao serviço público de servidor que for demitido ou 
destituído por prática de crime contra a Administração Pública, improbidade administrativa, aplicação 
irregular de dinheiro público, lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção. 
 
Essa previsão do parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112/90 é constitucional? 
NÃO. 
A Constituição Federal afirma que não haverá penas de caráter perpétuo: 
Art. 5º (...) 
XLVII - não haverá penas: 
(...) 
b) de caráter perpétuo; 
 
Esse art. 5º, XLVII, da CF/88 é uma garantia relacionada com sanções penais. Apesar disso, a doutrina 
destaca que é possível estendê-la para as sanções administrativas, considerando que existe um vínculo 
entre as duas esferas. Tanto a sanção penal como a sanção administrativa são esferas do poder 
sancionatório estatal. 
Conforme explicou o Min. Gilmar Mendes, o direito espanhol foi o pioneiro em estabelecer essa 
relação/comunicação entre as garantias penais e administrativas. 
No âmbito jurisprudencial, essa relação já foi reconhecida pelo STJ: 
Consoante precisas lições de eminentes doutrinadores e processualistas modernos, à atividade 
sancionatória ou disciplinar da Administração Pública se aplicam os princípios, garantias e normas que 
regem o Processo Penal comum, em respeito aos valores de proteção e defesa das liberdades individuais 
e da dignidade da pessoa humana, que se plasmaram no campo daquela disciplina. 
STJ. 5ª Turma. RMS 24.559/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 03/12/2009. 
 
É certo que essa transposição dos princípios e garantias penais para o direito administrativo sancionador 
exige adaptações, já que a extensão, à seara administrativa, de todo o rigoroso regime de procedimento 
e punição que envolve a restrição à liberdade de locomoção não se demonstra factível tampouco exigível. 
Um critério razoável para a delimitação constitucional da atividade punitiva está na impossibilidade da 
imposição de sanções administrativas mais graves que as penas aplicadas pela prática de crimes, já que o 
ilícito administrativo é um minus (algo menor) em relação às infrações penais. 
É nesse sentido que se conclui que a norma constante do art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88 se aplica às sanções 
administrativas para impedir a imposição de pena administrativa perpétua. 
 
Da possibilidade de regulamentação da questão pelo Congresso Nacional 
O STF fez uma observação: o fato de ter sido declarada a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 
137 da Lei nº 8.112/90 não significa que seja proibido estipular um prazo mínimo para que a pessoa 
condenada possa voltar a ocupar um cargo público. Assim, o Congresso Nacional pode editar lei fixando 
prazo, como o do caput do art. 137, para que o indivíduo condenado por fatos graves possa ter o direito 
de novamente ocupar um cargo público federal. O que não pode é essa proibição ser indefinida (perpétua) 
ou desproporcional. 
Desse modo, o STF declarou a inconstitucionalidade da norma, com a comunicação ao Congresso Nacional, 
para que eventualmente delibere sobre o prazo de proibição de retorno ao serviço público a ser aplicado 
nas hipóteses do art. 132, I, IV, VIII, X e XI, da Lei nº 8.112/90. 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
 
Em suma: 
O parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe, para sempre, o retorno ao serviço público 
federal de servidor que for demitido ou destituído por prática de crime contra a Administração Pública, 
improbidade administrativa, aplicação irregular de dinheiro público, lesão aos cofres públicos e 
dilapidação do patrimônio nacional e corrupção. 
Essa previsão viola o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88, que afirma que não haverá penas de caráter perpétuo. 
STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/12/2020 (Info 1001). 
 
 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
O art. 5º, parágrafo único da Lei 10.101/2000 afirma que o direito dos trabalhadores das 
empresas estatais à participação nos lucros e resultados observará as diretrizes específicas 
fixadas pelo Poder Executivo 
 
É constitucional a determinação de que a participação de trabalhadores nos lucros ou 
resultados de empresas estatais deve observar diretrizes específicas fixadas pelo Poder 
Executivo ao qual as entidades estejam sujeitas. 
STF. Plenário. ADI 5417/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
Participação nos lucros 
O art. 7º, XI, da CF/88 prevê que um dos direitos dos trabalhadores é a participação nos lucros ou 
resultados da empresa (PLR): 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de 
sua condição social: 
(...) 
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, 
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
 
Lei nº 10.101/2000 
A Lei nº 10.101/2000 regulamentou esse direito: 
Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como 
instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos 
termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. 
 
As regras da Lei nº 10.101/2000 podem ser aplicadas também aos trabalhadores de empresas estatais 
(empresas públicas e sociedades de economia mista)? 
Veja o que diz o art. 5º da Lei: 
Art. 5º A participação de que trata o art. 1º desta Lei, relativamente aos trabalhadores em 
empresas estatais, observará diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo. 
Parágrafo único. Consideram-se empresas estatais as empresas públicas, sociedades de economiamista, suas subsidiárias e controladas e demais empresas em que a União, direta ou 
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. 
 
 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
ADI 
A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) ajuizou ADI contra a previsão do art. 5º 
da Lei nº 10.101/2000 afirmando que a norma teria conferido caráter facultativo ao pagamento da PLR 
aos trabalhadores de empresas estatais. Segundo a CNTC, a PLR é um direito social com caráter 
obrigatório. 
Dessa forma, a Confederação requer na ADI a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei nº 
10.101/2000. 
 
O STF acolheu o pedido formulado na ação? 
NÃO. 
O Plenário do STF julgou improcedente o pedido formulado e declarou constitucional o disposto no caput 
e parágrafo único do art. 5º da Lei nº 10.101/2000. 
É constitucional a determinação de que a participação de trabalhadores nos lucros ou resultados de 
empresas estatais deve observar diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo ao qual as entidades 
estejam sujeitas. 
STF. Plenário. ADI 5417/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
Modelo convencional (convencional aqui no sentido de “negociado”) 
A jurisprudência do STF admite a análise de omissão inconstitucional parcial quando se demonstre 
insuficiência da normatividade adotada. Entretanto, não se constata essa omissão no art. 5º da Lei nº 
10.101/2000, porque nele se tem disciplina suficiente e consistente sobre o direito à participação nos 
lucros e resultados das empresas estatais, de acordo com o disposto no inciso XI do art. 7º da Constituição 
Federal. 
O Brasil optou por um modelo convencional de PLR, adotado por países europeus e pelos Estados Unidos. 
Essa é a premissa da Lei nº 10.101/2000, que condiciona o pagamento da parcela à negociação entre a 
empresa e seus empregados ou respectivos sindicatos. 
Nas palavras da Min. Cármen Lúcia: 
“A natureza negocial do direito à participação nos ganhos econômicos não o desnatura como 
garantia constitucional, pois nela reside a legitimidade dos incentivos políticos à sua concretização 
e ao exercício dos instrumentos de negociação e pressão sindical.”. 
 
Inexistência de ofensa ao princípio da isonomia 
Além disso, não há ofensa ao princípio da isonomia. 
A lei remete ao Poder Executivo da entidade federada que detém todo ou a maior parte do capital social 
da estatal a competência para traçar as diretrizes específicas a serem observadas nas negociações. 
Tal não representa uma desigualdade em relação aos trabalhadores da iniciativa privada. Isso porque as 
empresas estatais (e seus empregados) estão submetidos a um regime jurídico híbrido. Nesse regime, a 
natureza jurídica de direito privado é parcialmente afastada pelas normas de direito público 
expressamente impostas, como, por exemplo, os princípios norteadores da administração pública 
previstos no art. 37 da Constituição. 
Logo, não se pode aplicar pura e simplesmente todas as regras da iniciativa privativa, sem qualquer 
temperamento. 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
DIREITO CIVIL 
 
EIRELI 
É constitucional a exigência de que o capital social da EIRELI não seja inferior 
a 100 vezes o maior salário-mínimo vigente no País (art. 980-A do Código Civil) 
 
A exigência de integralização do capital social por empresas individuais de responsabilidade 
limitada (EIRELI), no montante previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo 
art. 2º da Lei nº 12.441/2011, não viola a regra constitucional que veda a vinculação do 
salário-mínimo para qualquer fim e também não configura impedimento ao livre exercício da 
atividade empresarial. 
O art. 980-A do Código Civil exige que o capital social da empresa individual de 
responsabilidade limitada (EIRELI) não seja inferior a 100 vezes o maior salário-mínimo 
vigente no País. 
Essa previsão é constitucional. 
Não há violação ao art. 7º, IV, da CF/88 porque não existe, no art. 980-A, qualquer forma de 
vinculação que possa interferir ou prejudicar os reajustes periódicos do salário mínimo. 
Não há afronta ao art. 170 da CF/88 (livre iniciativa) porque essa exigência de capital social 
mínimo tem por objetivo proteger os interesses de eventuais credores, além do que não 
impede que a pessoa exerça a livre iniciativa, sendo apenas um requisito para a constituição 
de EIRELI. 
STF. Plenário. ADI 4637/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
EIRELI 
A EIRELI é uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física. 
Trata-se de uma forma de pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresenta, portanto, personalidade 
jurídica e patrimônio distintos daquele titularizado pela pessoa física que explora a atividade em questão. 
Consiste em uma técnica de limitação dos riscos empresariais em benefício dos empreendedores 
individuais. 
A EIRELI foi criada pela Lei nº 12.441/2011, que acrescentou o art. 980-A ao Código Civil. 
Antes da EIRELI, se João quisesse abrir uma loja no centro da cidade para vender vestuário, ele teria duas 
opções: 
1ª) explorar essa atividade econômica como empresário individual; 
2ª) encontrar um outro indivíduo para ser seu sócio e constituir uma sociedade empresária. 
 
A desvantagem de explorar como empresário individual era o fato de que João iria responder com seus 
bens pessoais e de forma ilimitada por todas as dívidas que contraísse na atividade econômica. 
Tal situação fazia com que muitas pessoas arranjassem um “laranja” para figurar como sócio em uma 
sociedade limitada, normalmente com capital social de 1%. Obviamente que tal realidade não era simples 
nem correta, servindo como desestímulo à livre iniciativa. 
Com a previsão legal do art. 980-A, João poderá, sozinho, constituir uma EIRELI para desempenhar sua 
atividade empresarial, com a vantagem de que, na EIRELI, a responsabilidade de João pelas dívidas será 
limitada ao valor do capital social. 
Obs: em 2019, ou seja, após a criação da EIRELI, foi editada a Lei nº 13.874/2019, que acrescentou dois 
parágrafos ao art. 1.052 do Código Civil prevendo a possibilidade de a sociedade limitada ser composta 
por um único sócio: 
Art. 1.052. (...) 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. 
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, 
as disposições sobre o contrato social. 
 
Requisitos 
Os requisitos para a constituição da EIRELI são os seguintes: 
a) Uma única pessoa natural, que é o titular da totalidade do capital social; 
b) O capital social deve estar devidamente integralizado; 
c) O capital social não pode ser inferior a 100 (cem) vezes o salário-mínimo; 
d) A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa dessa 
modalidade. Assim, para evitar fraudes, ninguém pode ser titular de duas empresas individuais de 
responsabilidade limitada. 
 
Veja a redação do dispositivo legal: 
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única 
pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 
100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. 
 
ADI 
Como se viu acima, o caput do art. 980-A do CC afirma que o capital social da EIRELI não pode ser inferior 
a 100vezes o maior salário-mínimo vigente no país. 
Ainda em 2011, o então Partido Popular Socialista ajuizou ADI contra essa limitação de 100 salários-mínimos. 
Segundo argumentou o autor, essa previsão violaria: 
• o art. 7º, IV, da Constituição Federal, que veda a vinculação do salário mínimo para qualquer fim; e 
• o princípio da livre iniciativa, previsto no caput do art. 170 do texto constitucional. 
 
O pedido foi acolhido? Essa previsão é inconstitucional? 
NÃO. 
 
Não há violação ao art. 7º, IV, da CF/88 
Como já dito, o primeiro argumento da ADI foi o de que a previsão da EIRELI violou a parte final do art. 7º, 
IV, da CF/88, já que criou uma vinculação entre o valor do benefício e o salário-mínimo. Veja o que diz o 
dispositivo constitucional: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de 
sua condição social: 
(...) 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades 
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, 
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
 
Essa proibição, contudo, não é absoluta e deve ser analisada segundo os objetivos da norma. 
O dispositivo constitucional possui duas finalidades: 
• em primeiro lugar, trata-se de evitar que o valor do salário mínimo possa ser utilizado como indexador 
econômico, estimulando a espiral inflacionária a cada novo reajuste periódico, o que, na prática, acabaria 
anulando o ganho real do trabalhador, na medida em que os preços seriam aumentados em idêntica 
proporção. 
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• em segundo lugar, trata-se de impedir que critérios estranhos àqueles previstos no inciso IV, do art. 7º 
– isto é, moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social 
do trabalhador e de sua família – possam interferir nos debates relativos à fixação do salário mínimo e, na 
prática, dificultar seu reajuste periódico. 
 
Ao fim e ao cabo, a proibição cuida de assegurar que a vinculação não possa representar empecilho à 
fixação e ao devido reajuste nos termos em que determina o art. 7º, IV, da Constituição Federal. É uma 
forma de assegurar eficácia e a autoridade à norma constitucional. 
Essa forma de ler a proibição do inciso IV do art. 7º do texto constitucional deixa claro que não é toda e 
qualquer referência ao salário mínimo que será ofensiva à Constituição. Há casos tais em que a menção é 
meramente referencial e, por conseguinte, escapa ao alcance do parâmetro constitucional mencionado. 
Não existe, no art. 980-A do CC qualquer forma de vinculação que possa interferir ou prejudicar os 
reajustes periódicos do salário mínimo. Ou seja, nada está a indicar que a disposição impugnada esteja, 
de fato, compreendida no alcance e no escopo da vedação imposta pelo art. 7º, IV, da Constituição. 
A utilização, no caso, é meramente referencial, da mesma forma de tantas outras que se encontram na 
nossa legislação em vigor. O valor do salário mínimo serve tão somente como parâmetro para 
determinação do capital social a ser integralizado na abertura da EIRELI. 
É a mesma situação do art. 3º, I, da Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais) ou dos arts. 202 e 258 do 
CPC/2015. 
 
Não há violação à livre iniciativa (art. 170 da CF/88) 
A previsão do art. 980-A do CC tem por objetivo oferecer uma garantia em favor dos credores, um mínimo 
que se deve assegurar em contrapartida à limitação da responsabilidade individual do empresário. 
A prudência na estipulação de um capital mínimo a ser integralizado explicou-se pelo caráter de inovação 
da disposição impugnada. A Lei nº 12.441/2011 inaugurou uma nova forma de pessoa jurídica no Direito 
Civil brasileiro, uma “sociedade” unipessoal. 
A exigência de capital social mínimo está dentro da discricionariedade política do legislador e é 
plenamente compreensível diante do quadro histórico no qual a lei foi editada. 
O Min. Relator Gilmar Mendes afirmou que o valor estipulado é muito alto e que poderia ser menor para 
alcançar mais interessados. Contudo, isso não significa que seja inconstitucional. 
 
A CF/88 realmente proíbe que o salário mínimo seja utilizado como referência (parâmetro) para outras 
finalidades que não sejam a remuneração do trabalho. Em outras palavras, é proibido que o preço de bens, 
serviços ou benefícios sejam fixados com base no salário mínimo (ex: 1 salário mínimo, 2 salários mínimos, 
1/2 do salário mínimo, 1/3 do salário mínimo etc.). 
Essa proibição tem como objetivo evitar que o salário mínimo se torne um “indexador econômico” (um 
índice de reajuste). 
Se a Constituição permitisse que o salário mínimo pudesse servir como indexador econômico, o valor e o 
preço de vários benefícios, produtos e serviços seriam fixados em salário mínimo. Ex: se não houvesse a 
vedação, o locador poderia estabelecer no contrato que o valor do aluguel seria de 2 salários mínimos, de 
forma que todas as vezes que ele aumentasse, o valor pago também seria majorado. Ex2: o colégio poderia 
fixar o valor da mensalidade em metade do salário mínimo; Ex3: a academia poderia estabelecer o valor 
da mensalidade em 1/3 do salário mínimo etc. 
Desse modo, se isso fosse permitido, haveria uma pressão muito grande no momento de aumentar o 
salário mínimo no país, considerando que ele iria influenciar direta e imediatamente no preço de inúmeros 
bens. Além disso, todas as vezes que o salário mínimo subisse, o preço desses bens e serviços iriam 
também aumentar automaticamente, gerando inflação e fazendo com que não houvesse ganho real para 
o trabalhador, já que todas as outras coisas também ficariam mais caras. 
 
 
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Em suma: 
A exigência de integralização do capital social por empresas individuais de responsabilidade limitada 
(EIRELI), no montante previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 
12.441/2011, não viola a regra constitucional que veda a vinculação do salário-mínimo para qualquer 
fim e também não configura impedimento ao livre exercício da atividade empresarial. 
STF. Plenário. ADI 4637, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/12/2020 (Info 1001). 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
PENHORA 
É inconstitucional a interpretação que permite o bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de 
verbas estaduais, ao fundamento de que os valores em questão constituem créditos devidos 
pelo Estado a empresas que sejam rés em ações trabalhistas 
 
Verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora e/ou sequestro para pagamento 
de valores devidos em ações trabalhistas, ainda que as empresas reclamadas detenham 
créditos a receber da administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167, VI e 
X, da CF/88, e do princípio da separação de poderes (art. 2º da CF/88). 
STF. Plenário. ADPF 485/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Determinada empresa possui contrato com o Estado do Amapá. Essa empresa prestou serviços para o 
Estado e agora tem um crédito de R$ 800 mil para receber do Poder Público. 
Ocorre que, como é cediço, a Administração Pública, normalmente, demora para pagar seus fornecedores 
e prestadores de serviço. 
Essa empresa sofreu inúmeras condenações trabalhistas propostas por ex-empregados. 
No processo de execução, os juízes não encontraram bens da empresa. 
Diante disso, diversos juízes trabalhistasdeterminaram o bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de verbas 
estaduais sob o argumento de que a empresa possui créditos para receber do Estado e esses créditos já 
podem ser utilizados diretamente para pagar os empregados. Assim, em vez de o Estado pagar para a 
empresa, a Justiça do Trabalho já determinou diretamente a expropriação desses valores. 
 
ADPF 
O Governador do Estado ajuizou ADPF contra esse conjunto de decisões judiciais alegando que elas 
impõem medidas de constrição sobre verbas públicas e que isso compromete a execução de políticas 
públicas, além de afrontar a separação dos poderes e as regras orçamentárias. 
 
Primeira pergunta: cabe ADPF neste caso? 
SIM. 
É cabível o ajuizamento de ADPF contra interpretação judicial de que possa resultar lesão a preceito 
fundamental (STF. Plenário. ADPF 144, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/08/2008). 
Assim, é cabível o ajuizamento de ADPF contra inúmeras decisões judiciais que violem preceito 
fundamental da Constituição Federal (STF. Plenário. ADPF 33, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
07/12/2005). 
Trata-se de via processual que atende ao requisito da subsidiariedade, considerando que não existe outro 
meio para sanar a controvérsia com caráter abrangente e imediato, ou com a mesma eficácia e celeridade. 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
 
E quanto ao mérito? A ADPF foi julgada procedente? 
SIM. 
É inconstitucional a interpretação que permite o bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de verbas 
estaduais, ao fundamento de que os valores em questão constituem créditos devidos pelo Estado a 
empresas que sejam rés em ações trabalhistas. Isso porque os atos de constrição praticados pela Justiça 
do Trabalho sobre verbas públicas, sob alegação de que as empresas reclamadas deteriam créditos a 
receber da administração estadual, configuram violação dos princípios do contraditório, da ampla defesa, 
do juiz natural, do sistema de precatórios e da segurança orçamentária. 
Há ofensa ao contraditório e à ampla defesa porque o Estado não fez parte do processo de conhecimento, 
não tendo tido a oportunidade de se opor aos argumentos apresentados. 
Também existe ofensa ao juiz natural, considerando que a cobrança e a execução dos créditos que a 
empresa tem direito em relação ao Estado não são de competência da Justiça do Trabalho. 
Vale ressaltar, ainda, que não é possível que decisão judicial altere a programação orçamentária, sob pena 
de afronta: 
• aos princípios da reserva legal em matéria orçamentária e da independência e harmonia dos Poderes 
(arts. 2º e 167, VI e X): 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
 
Art. 167. São vedados: 
(...) 
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de 
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; 
(...) 
X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação 
de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de 
despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios. 
 
• ao regime constitucional dos precatórios (art. 100). 
 
Em suma: 
Verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora e/ou sequestro para pagamento de 
valores devidos em ações trabalhistas, ainda que as empresas reclamadas detenham créditos a receber 
da administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167, VI e X, da CF/88, e do princípio 
da separação de poderes (art. 2º da CF/88). 
STF. Plenário. ADPF 485/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Não possui repercussão geral recurso extraordinário que verse sobre lei estadual 
posteriormente revogada e que foi objeto de acordo entre os interessados 
 
Baixa relevância para concursos 
Não possui repercussão geral a discussão acerca da constitucionalidade da progressão 
funcional prevista na Lei 6.110/1994 do Estado do Maranhão. 
STF. Plenário. RE 523086/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
A situação concreta foi a seguinte: 
O STF iria discutir, em recurso extraordinário, a constitucionalidade dos arts. 40 e 42 da Lei nº 6.110/94, 
do Estado do Maranhão, que previu uma espécie de progressão funcional: 
Art. 40. A promoção é a elevação do servidor ocupante de Cargo de Professor, Administrador 
Escolar, Inspetor Escolar, Orientador Educacional e de Supervisor Escolar a uma classe superior a 
que pertença, dentro de uma mesma carreira, em virtude de aquisição de habilitação específica. 
(...) 
Art. 42. A promoção ocorrerá após o cumprimento do estágio probatório da classe que estiver o 
servidor, para a referência inicial da classe correspondente a sua habilitação. 
 
Ocorre que esses dispositivos foram revogados. 
Além disso, o Estado do Maranhão (autor da ação e do recurso que questionava esses artigos) celebrou 
acordo com os servidores públicos que teriam direito à promoção questionada. 
Em razão desses dois fatos, o STF decidiu que não havia mais repercussão geral no recurso interposto. 
A repercussão geral é um pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário previsto no art. 102, 
§ 3º da CF/88: 
Art. 102 (...) § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das 
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a 
admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. 
 
De acordo com o disposto no art. 1.035, § 1º, do CPC: 
Art. 1.035 (...) 
§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes 
do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos 
do processo. 
 
Como a matéria é muito específica (dispositivos de uma lei estadual) e como não existem mais situações 
semelhantes a serem resolvidas (em razão do acordo), o STF entendeu que não estava mais presente o 
requisito da repercussão geral e, por isso, negou seguimento ao recurso extraordinário, nos termos do art. 
323-B do Regimento Interno: 
Art. 323-B. O relator poderá propor, por meio eletrônico, a revisão do reconhecimento da 
repercussão geral quando o mérito do tema ainda não tiver sido julgado. (Incluído pela Emenda 
Regimental n. 54, de 1º de julho de 2020) 
 
Em suma: 
Não possui repercussão geral a discussão acerca da constitucionalidade da progressão funcional prevista 
na Lei 6.110/1994 do Estado do Maranhão. 
STF. Plenário. RE 523086/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
CITAÇÃO POR EDITAL E SUSPENSÃO DO PROCESSO 
No caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo 
tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime 
 
Importante!!! 
Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes 
previstos na Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de 
suspensão do prazo prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato 
cominada ao crime, a despeito de o processo permanecersuspenso. 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão 
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção 
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos 
termos do disposto no art. 312. 
STF. Plenário. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 
(Repercussão Geral – Tema 438) (Info 1001). 
No mesmo sentido: Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo 
máximo da pena cominada. 
 
Se o acusado é citado por edital, mesmo assim o processo continua normalmente? 
O art. 366 do CPP estabelece que: 
- se o acusado for citado por edital e 
- não comparecer ao processo nem constituir advogado 
- o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos. 
 
Se o réu comparecer ao processo ou constituir advogado, o processo e o prazo prescricional voltam a 
correr normalmente. 
O objetivo do art. 366 é garantir que o acusado que não foi pessoalmente citado não seja julgado à revelia. 
 
Produção antecipada de provas urgentes e prisão preventiva 
O art. 366 do CPP afirma que se o acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir advogado, o 
juiz poderá determinar: 
a) a produção antecipada de provas consideradas urgentes e 
b) decretar prisão preventiva do acusado se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP (o simples 
fato do acusado não ter sido encontrado não é motivo suficiente para decretar sua prisão preventiva). 
 
Produção antecipada das provas consideradas urgentes 
No caso do art. 366 do CPP, o juiz poderá determinar a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes. Para que o magistrado realize a colheita antecipada das provas, exige-se que seja demonstrada 
a real necessidade da medida. Assim, toda produção antecipada de provas realizada nos termos do art. 
366 do CPP está adstrita à sua necessidade concreta, devidamente fundamentada. Nesse sentido é o teor 
da Súmula 455-STJ: 
Súmula 455-STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo 366 do 
CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. 
 
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A oitiva de testemunhas pode ser considerada prova urgente para os fins do art. 366 do CPP? 
Sim, desde que as circunstâncias do caso concreto revelem a possibilidade concreta de perecimento. Ex: 
a testemunha possui idade avançada e se encontra enferma, com possibilidade concreta de morte. 
 
Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a sua 
oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras 
ocorrências e, se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse argumento é 
aceito pela jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova 
urgente para os fins do art. 366 do CPP? 
SIM. É a posição do STJ. 
O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade faz com que 
ele presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma das ocorrências acabam se 
perdendo em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os policiais sejam ouvidos como produção 
antecipada da prova testemunhal, pois além da proximidade temporal com a ocorrência dos fatos 
proporcionar uma maior fidelidade das declarações, possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos 
vivenciados por ele, o que terá grande relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a 
defesa técnica repute necessária a repetição do seu depoimento por ocasião da retomada do curso da 
ação penal. 
Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 128.325/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2020. 
 
O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos. Exemplos: 
• não admitindo: STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015; 
• admitindo: STF. 2ª Turma. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão: Gilmar Mendes, 
julgado em 13/12/2016. 
 
Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? 
Pelo tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime. 
É o entendimento do STJ e do STF: 
Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena 
cominada. 
 
Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos na 
Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo 
prescricional ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o 
processo permanecer suspenso. 
STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 438) 
(Info 1001). 
 
Para entender melhor isso, imagine a seguinte situação hipotética: 
João foi acusado de estelionato (art. 171 do CP). O juiz recebeu a denúncia e determinou sua citação. 
Como João não foi encontrado, realizou-se sua citação por edital. Citado por edital, João não compareceu 
ao processo nem constituiu advogado. Logo, o juiz determinou a suspensão do processo e do curso do 
prazo prescricional (art. 366 do CPP). 
Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso? 
A pena do estelionato é de 1 a 5 anos. 
O prazo prescricional do estelionato, considerando o máximo da pena cominada (imposta), é de 12 anos 
(art. 109, III, do CP). 
Assim, o prazo prescricional neste processo de João ficará suspenso aguardando ele ser encontrado pelo 
prazo de 12 anos. 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
Se, passados os 12 anos, ele não for localizado, o prazo prescricional volta a correr (o que é bom para João). 
Depois de 12 anos contados do dia em que o prazo prescricional voltou a tramitar, o juiz deverá declarar 
a prescrição da pretensão punitiva. 
Em suma, neste exemplo, para que ocorra a prescrição, deverão ser passados 24 anos: 12 anos em que o prazo 
prescricional ficará suspenso e mais 12 anos que correspondem ao prazo para que a prescrição ocorra. 
 
Principais argumentos do STF para essa conclusão 
A regra geral prevista na Constituição Federal é a de que as pretensões penais são prescritíveis. 
Excepcionalmente, a CF/88 estabeleceu determinados crimes que são imprescritíveis: 
Art. 5º (...) 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei; 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
 
Não é permitido que o legislador ordinário crie hipóteses de imprescritibilidade não previstas no texto 
constitucional. A imprescritibilidade é opção somente da CF. 
Assim, ressalvados os crimes de racismo e as ações de grupos armados contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático, a regra é a prescritibilidade. 
 
Diante disso, é compatível com a Constituição a interpretação conjunta do art. 366 do CPP com o art. 109, 
caput, do Código Penal, limitando o prazo de suspensão da prescrição ao tempo de prescrição do máximo 
da pena em abstrato prevista para o delito. 
De um lado, a própria lógica da prescrição é que as pretensões sejam exercidas em prazo previamente 
delimitado no tempo. Ela visa trazer segurança jurídica. Caso essa limitação não exista, o que se tem, ao 
fim, é a imprescritibilidade. De outro, o legislador ordinário não está autorizado a criar outras hipótesesde imprescritibilidade penal. 
Além disso, regular o prazo de suspensão da prescrição com o tempo de prescrição da pena máxima em 
abstrato cominada ao delito mostra-se condizente com o princípio da proporcionalidade e com a própria 
noção de individualização da pena. 
 
Considerando que a prescrição voltará a correr, é possível que o processo também volte a tramitar? 
NÃO. Isso contraria o próprio sentido da alteração promovida no art. 366 pela Lei nº 9.271/96. Por ser a 
citação por edital uma ficção jurídica, pretendeu-se com a alteração legislativa obstar que alguém fosse 
processado e julgado sem que se tivesse a certeza de que tomara conhecimento do processo, em prejuízo 
à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal. 
Além de não prestigiar as garantias inerentes ao devido processo legal, a retomada do processo coloca o 
réu em situação mais gravosa do que a suspensão do processo e da prescrição ad aeternum. Igualmente, 
não está em harmonia com diplomas internacionais, que, à luz da cláusula de abertura prevista no texto 
constitucional, têm força normativa interna e natureza supralegal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
JUIZADOS ESPECIAIS 
São constitucionais o art. 60 da Lei 9.099/95 e o art. 2º da Lei 10.259/2001, que preveem a 
possibilidade de infrações penais de menor potencial ofensivo não serem julgadas pelo Juizado 
Especial em casos de conexão ou continência 
 
Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das 
infrações penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações 
sejam julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela 
conexão ou continência, observados, quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando 
cabíveis. 
STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
Juizados Especiais Criminais 
O Juizado Especial criminal estadual é regido pela Lei nº 9.099/95. 
O Juizado Especial criminal federal é regulado pela Lei nº 10.259/2001. 
Os Juizados Especiais criminais julgam infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, contravenções 
penais e crimes cuja pena máxima prevista não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. 
 
O que acontece se o indivíduo praticar uma infração de menor potencial ofensivo em conexão (ou 
continência) com outro crime cuja pena seja superior a 2 anos? Ex: o agente, no mesmo contexto fático, 
comete homicídio contra uma das vítimas e lesão corporal leve contra a outra. 
Havia polêmica na doutrina sobre o tema. 
Uma primeira corrente defendia a ideia de que deveria haver o desmembramento: o Tribunal do Júri 
julgaria o homicídio e o Juizado apreciaria a lesão corporal leve. 
Outra posição era no sentido de que ambos os crimes deveriam ser apreciados conjuntamente, pelo juízo 
competente para o processo do júri, tendo em vista a conexão prevista no art. 79 do CPP: 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. 
 
O legislador adotou a segunda corrente. 
Em 2006, foi editada a Lei nº 13.313/2006, que alterou o art. 60, caput e parágrafo único, da Lei nº 
9.099/95 e o art. 2º da Lei nº 10.259/2001. Veja as mudanças operadas: 
LEI Nº 9.099/95 
Antes da Lei nº 13.313/2006 Depois da Lei nº 13.313/2006 
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por 
Juízes togados ou togados e leigos, tem 
competência para a conciliação, o julgamento e a 
execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo. 
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por 
juízes togados ou togados e leigos, tem 
competência para a conciliação, o julgamento e a 
execução das infrações penais de menor potencial 
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e 
continência. 
Não havia parágrafo único. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante 
o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes 
da aplicação das regras de conexão e continência, 
observar-se-ão os institutos da transação penal e 
da composição dos danos civis. 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
 
LEI Nº 10.259/2001 
Antes da Lei nº 13.313/2006 Depois da Lei nº 13.313/2006 
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal 
Criminal processar e julgar os feitos de 
competência da Justiça Federal relativos às 
infrações de menor potencial ofensivo. 
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal 
Criminal processar e julgar os feitos de 
competência da Justiça Federal relativos às 
infrações de menor potencial ofensivo, 
respeitadas as regras de conexão e continência. 
Parágrafo único. Consideram-se infrações de 
menor potencial ofensivo, para os efeitos desta 
Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a dois anos, ou multa. 
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante 
o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da 
aplicação das regras de conexão e continência, 
observar-se-ão os institutos da transação penal e 
da composição dos danos civis. 
 
ADI 
A Procuradoria-Geral da República não concordou com a escolha feita pelo legislador e ajuizou ADI contra 
essa mudança operada pela Lei nº 13.313/2006. 
Segundo alegou a PGR, o art. 98, I, da CF/88 determinou que as infrações de menor potencial ofensivo 
deveriam ser, obrigatoriamente, julgadas pelo Juizado Especial criminal: 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, competentes para a conciliação, o julgamento e 
a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial 
ofensivo ou togados e leigos, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas 
hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de 
primeiro grau; 
(...) 
 
Desse modo, a Lei nº 13.313/2006, ao estabelecer hipóteses na quais a infração de menor potencial 
ofensivo não será julgada pelo Juizado (conexão e continência), teria violado o art. 98, I, da CF/88. 
 
Essa tese foi acolhida pelo STF? O pedido formulado na ADI foi acolhido? 
NÃO. O STF, por unanimidade, julgou improcedente o pedido formulado na ADI e declarou a 
constitucionalidade das alterações promovidas pela Lei 13.313/2006. 
 
Art. 98, I, da CF/88 não afirmou que apenas os Juizados Especiais criminais poderão julgar infrações de 
menor potencial ofensivo 
O art. 98, I, da Constituição Federal garantiu aos processos nos quais julgadas infrações penais de menor 
potencial ofensivo a observância de peculiaridades procedimentais e a incidência de institutos 
despenalizadores. Entretanto, não há, na norma constitucional, determinação de exclusividade dos 
Juizados Especiais Criminais para o julgamento dos crimes de menor potencial ofensivo. 
A especialização dos Juizados Especiais Criminais tem como objetivo tornar o procedimento célere e 
informal, bem como possibilitar a realização de transação penal e a composição dos danos, não sendo 
definida a competência jurisdicional em razão do direito material tutelado. 
Há no §2º do art. 77 e no parágrafo único do art. 66 da Lei nº 9.099/95 outras duas causas modificativas 
da competência dos Juizados Especiais para o Juízo comum, a saber, a complexidade ou circunstâncias da 
causa que dificultem a formulação oral da peça acusatória e o réu não ser encontrado para a citação 
pessoal. Fosse absoluta a competência do Juizado Especial Criminal em razão da matéria, aquelasInformativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
previsões legais, não impugnadas por esta ação direta, ofenderiam o princípio do juiz natural, pois 
permitiriam o julgamento por órgão materialmente incompetente: 
Art. 77 (...) 
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o 
Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do 
parágrafo único do art. 66 desta Lei. 
 
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado. 
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças 
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. 
 
Nesse sentido, os institutos despenalizadores dos juizados constituem garantias individuais do acusado e 
devem ser asseguradas, independente do juízo em que tramitarem as infrações penais. 
Assim, se praticada infração penal de menor potencial ofensivo em concurso com outra infração penal 
comum e deslocada a competência para a Justiça comum ou Tribunal do Júri, não há óbice, senão 
determinação constitucional, à aplicação dos institutos despenalizadores da transação penal e da 
composição civil dos danos quanto à infração de menor potencial ofensivo, em respeito ao devido 
processo legal. 
Ademais, não se deve somar à pena máxima da infração de menor potencial ofensivo com a da infração 
conexa (de maior gravidade) para excluir a incidência da fase consensual e ser invocada como fator 
impeditivo da transação penal ou composição civil dos danos. 
 
Em suma: 
Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das infrações 
penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam julgadas por 
outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou continência, observados, 
quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando cabíveis. 
STF. Plenário. ADI 5264/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 4/12/2020 (Info 1001). 
 
 
EXECUÇÃO PENAL 
O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no 
curso da execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal, desde que 
ocorra a apuração do ilícito com as garantias constitucionais 
 
Importante!!! 
O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no 
curso da execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do 
conhecimento, desde que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do devido 
processo legal, do contraditório e da ampla defesa, podendo a instrução em sede executiva ser 
suprida por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e as 
circunstâncias do crime correspondente à falta grave. 
STF. Plenário. RE 776823, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – 
Tema 758) (Info 1001). 
 
Faltas disciplinares 
Caso o indivíduo descumpra alguma das normas de disciplina impostas, dizemos que ele praticou uma 
falta disciplinar. As faltas disciplinares classificam-se em: leves, médias e graves. 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
• Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que deverá prever ainda as punições 
aplicáveis. 
• Faltas graves: estão previstas nos arts. 50 a 52 da LEP. 
 
Prática de fato previsto como crime doloso 
A LEP prevê uma hipótese que constitui falta grave tanto para condenados que estejam cumprindo pena 
privativa de liberdade como para os que estejam cumprindo pena restritiva de direitos. Trata-se da prática 
de crime doloso, situação trazida pelo art. 52, caput, 1ª parte da LEP. Veja: 
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave (...) 
 
Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave, é 
necessário que, antes disso, ele já tenha sido condenado judicialmente pela prática do crime doloso? Em 
outras palavras, para que se puna administrativamente a falta grave, exige-se prévia sentença judicial 
condenatória? 
NÃO. Para que o reeducando seja punido administrativamente com a sanção disciplinar da falta grave NÃO 
é necessário que, antes disso, ele seja condenado judicialmente pela prática do crime doloso. Esse é o 
entendimento consolidado no STJ: 
Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como 
crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória 
no processo penal instaurado para apuração do fato. 
 
Os três principais argumentos para sustentar esse entendimento são os seguintes: 
1) Para configurar falta grave, o art. 52 da LEP não exige a condenação por crime doloso. O referido artigo 
menciona que a prática de fato previsto como crime doloso já representa falta grave. 
2) Caso fosse necessário aguardar a condenação do réu com trânsito em julgado, a previsão do art. 52 
seria inócua na prática, uma vez que um processo penal, para transitar em julgado, demora, em regra, 
anos, havendo assim possibilidade concreta de o réu terminar o cumprimento da pena anterior sem que 
tivesse sido julgado o novo delito cometido. 
3) O procedimento administrativo de apuração e punição pela falta grave decorrente da prática de crime 
doloso deve respeitar a ampla defesa e o contraditório, de forma que não há prejuízo ao apenado. 
 
E o STF? 
O STF decidiu de maneira semelhante: 
• O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da 
execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal, desde que a apuração do ilícito 
disciplinar ocorra com observância do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. 
• Essa apuração pode ocorrer mediante processo administrativo disciplinar ou por intermédio de 
audiência de justificação feita no juízo da execução penal; 
• A instrução em sede executiva (processo administrativo ou audiência de justificação) pode ser suprida 
por sentença criminal condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e as circunstâncias do crime 
correspondente à falta grave, ainda que essa sentença não tenha transitado em julgado. 
 
O que foi explicado acima ficou assim redigido: 
O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da 
execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do conhecimento, desde 
que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do devido processo legal, do contraditório 
e da ampla defesa, podendo a instrução em sede executiva ser suprida por sentença criminal 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
condenatória que verse sobre a materialidade, a autoria e as circunstâncias do crime correspondente à 
falta grave. 
STF. Plenário. RE 776823, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 758) 
(Info 1001). 
 
Não há razão para se condicionar o reconhecimento de falta grave no curso de execução penal, consistente 
na prática de crime doloso, ao trânsito em julgado de condenação criminal no juízo de conhecimento. 
Enquanto no processo de conhecimento somente o trânsito em julgado da condenação criminal pode 
superar a presunção de não culpabilidade para se iniciar o cumprimento de pena, a decisão do juízo da 
execução, proferida após apuraçãode falta grave efetuada de modo válido, diante da dinamicidade da 
fase executiva e da necessidade de se assegurar a ordem no estabelecimento prisional, é apta a ensejar a 
imposição da sanção disciplinar, sem prejuízo, por certo, do direito recursal do apenado, inclusive, na 
busca de provimento de natureza suspensiva. 
Exigir o trânsito em julgado do processo de conhecimento para a imposição de falta grave no juízo da 
execução penal seria como vincular a competência desempenhada por este àquela a ser exercida pelo 
juízo do conhecimento. Essa independência, contudo, é expressa de modo nítido na cisão de 
competências: o juízo natural destinado à definição das sanções de natureza penal decorrentes da prática 
do fato criminoso em si, submetido à esfera de atribuições do órgão jurisdicional com competência sobre 
o processo criminal de conhecimento, é diverso daquele a quem compete a fixação das sanções 
disciplinares resultantes da prática de falta grave no curso da execução penal, providência a cargo do juízo 
da execução, nos termos dos arts. 48, parágrafo único, e 118, I, da Lei de Execução Penal: 
Art. 48. (...) 
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução para os fins dos 
artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. 
 
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a 
transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado: 
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; 
 
A apuração da falta grave demanda a observância dos princípios constitucionais do devido processo legal, 
do contraditório e da ampla defesa. 
A apuração de faltas dessa natureza não pode ocorrer sem que se observem os princípios constitucionais 
do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, normas de caráter transversal que irradiam 
seus efeitos por todas as esferas apuratórias e sancionatórias de ilícitos. 
Por outro lado, inexiste óbice ao aproveitamento de sentença proferida no processo penal de 
conhecimento, após regular instrução criminal, com observância do contraditório e da ampla defesa, pelo 
juízo da execução penal para o reconhecimento de falta grave. Esse título, diversamente dos autos de 
prisão em flagrante, de inquérito policial ou das petições iniciais dos processos criminais, supre a exigência 
de instrução perante autoridade administrativa ou judicial no âmbito executivo, autorizando a 
consequente aplicação das sanções disciplinares pela autoridade judiciária competente para decidir 
questões relativas à execução penal. 
 
 
 
 
 
 
 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
DIREITO DO TRABALHO 
 
COMPETÊNCIA 
Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ação na qual entidade sindical discute 
recolhimento de contribuição sindical envolvendo servidores públicos estatutários 
 
Compete à Justiça comum processar e julgar demandas em que se discute o recolhimento e o 
repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos pelo regime estatutário. 
STF. Plenário. RE 1089282/AM, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/12/2020 (Repercussão Geral 
– Tema 994) (Info 1001). 
 
INTERPRETAÇÃO DADA PELO STF AO INCISO I DO ART. 114 DA CF/88 
EC 45/2004 e a competência da Justiça do Trabalho 
A EC 45/2004, chamada de Reforma do Poder Judiciário, alterou o art. 114 da CF/88, inserindo novas 
competências para a Justiça do Trabalho. Destaco aqui o inciso I: 
Redação anterior Redação dada pela EC 45/2004 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar 
os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e 
empregadores, abrangidos os entes de direito público 
externo e da administração pública direta e indireta dos 
Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, 
e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da 
relação de trabalho, bem como os litígios que tenham 
origem no cumprimento de suas próprias sentenças, 
inclusive coletivas. 
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho 
processar e julgar: 
I - as ações oriundas da relação de trabalho, 
abrangidos os entes de direito público 
externo e da administração pública direta e 
indireta da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios; 
(...) 
 
Esse novo inciso I do art. 114 falou, portanto, que compete à Justiça do Trabalho julgar as ações oriundas 
da relação de trabalho, inclusive, envolvendo a administração pública. 
Como se utilizou a expressão ampla “relação de trabalho” (e não relação de emprego), alguns 
doutrinadores passaram a defender a ideia de que, com a EC 45/2004, a Justiça do Trabalho teria passado 
a julgar também as ações propostas por servidores estatutários contra a Fazenda Pública. 
 
Essa tese foi acolhida pelo STF? Esse inciso I do art. 114 abrange lides envolvendo a Administração 
Pública e os seus servidores públicos estatutários? Ex: se um servidor público federal estatutário 
vinculado ao Ministério da Saúde deseja propor ação contra a União cobrando determinada 
gratificação, esta demanda será julgada pela Justiça do Trabalho? 
NÃO. 
O STF conferiu uma interpretação restritiva ao inciso I do art. 114 da CF/88 e afirmou que a Justiça do 
Trabalho não possui competência para julgar demandas propostas por servidores públicos estatutários 
contra a Administração Pública. 
Assim, no exemplo acima, a competência para julgar esta ação do servidor público seria da Justiça Federal 
comum (art. 109, I, da CF/88). 
Veja a ementa do leading case: 
(...) O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o 
Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária. 
STF. Plenário. ADI 3395 MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 05/04/2006. 
 
 Informativo 
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Informativo 1001-STF (11/12/2020) – Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
Por outro lado, caso a ação seja proposta por um servidor público celetista (empregado público) contra a 
Administração Pública (ex: um carteiro ajuíza ação contra os Correios cobrando verba rescisória), a 
competência será da Justiça do Trabalho, com fulcro no art. 114, I, da CF/88). Nesse sentido: 
(...) A Primeira Seção desta Corte, em harmonia com as decisões recentes do STF, tem adotado o 
entendimento de que a competência para processar e julgar os litígios instaurados entre os agentes 
públicos e os entes estatais a que servem depende da natureza jurídica do vínculo entre as partes, cabendo 
à justiça trabalhista o exame das relações fundadas na CLT e à justiça comum, federal ou estadual, aquelas 
sujeitas a regime estatutário ou jurídico-administrativo. (...) 
STJ. 1ª Seção. CC 129.447/RN, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/09/2015. 
 
(...) A Emenda Constitucional n. 45/2004, que deu nova redação ao art. 114 da Carta Magna, aumentou 
de maneira expressiva a competência da Justiça Laboral. Entretanto, na Ação Direta de 
Inconstitucionalidade n. 3395-6, o Supremo Tribunal Federal - STF suspendeu em parte a eficácia do inciso 
I do art. 114 da Constituição da República, que atribuía à Justiça do Trabalho competência para processar 
e julgar ações envolvendo entidades de Direito Público e seus respectivos servidores. 
IV - Se o vínculo estabelecido entre o Poder Público e o servidor for estatutário, a competência será da 
justiça comum (estadual ou federal). Em se tratando de vínculo trabalhista, a competência caberá à justiça 
laboral. (...) 
STJ. 1ª Seção. AgInt no CC 156.229/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 28/04/2020. 
 
A situação pode ser assim resumida: 
Regime celetista: Justiça do Trabalho Regime estatutário: Justiça comum

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