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APG 3 – “intolerância e alergia alimentar”. - Compreender como ocorre a resposta imunológica a intolerância e alergia alimentar. - Estudar a etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnostico e tratamento da intolerância alimentar. - Identificar os tipos de alimentos que promovem a intolerância alimentar. Reações adversas aos alimentos: Livro “Middleton fundamentos em alergia”, 1° edição, 2017. PÉREZ-ARMENDÁRIZ, Luz Ángel et al. Mecanismos fisiopatológicos de alergia a alimentos. Alergia, Asma e Inmunología Pediátricas, v. 30, n. 2, p. 54-57, 2021. Essas reações podem ser de dois tipos; - Não imunológicas; depende apenas substância ingerida. (intolerância à lactose) - Imunológicas; dependente da suscetibilidade individual e mecanismos imunológicos (alergia alimentar, doença celíaca) Essas reações imunológicas podem ser mediadas por três mecanismos: - Mediadas por IgE. - Não mediadas por IgE. - Mistas. ➢ Alergia alimentar mediada por IgE: Inicialmente temos a entrada de um alérgeno que vai ser capturado pelas células dendríticas que vão apresentar ao MCH II (complexo de Histocompatibilidade) e aos linfócitos T auxiliares. Então esses linfócitos T vão produzir citocinas IL-3, IL-4, IL-5, IL-10, IL-13, onde essas citocinas vão acabar levando a proliferação de linfócitos T auxiliares do tipo 2 (resposta Th2) e uma resposta humoral. O IL-5 vai ser quimiotática (vão atrair) eosinófilos e o IL-4 vai induzir a síntese de IgE que acaba se ligando a superfície dos mastócitos desencadeando uma reação de hipersensibilidade do tipo I. Esses IgE que ativaram os mastócitos e basófilos vão liberar mediadores vasoativos e citocinas gerando um quadro de hipersensibilidade. Com esse quadro de hipersensibilidade é comum se ter até anafilaxia, broncoespasmos, vômitos e diarreias. ➢ Alergia alimentar não mediada por IgE; Ocorre uma hipersensibilidade mediada por células, onde o quadro clínico é apresentado como proctite (inflamação na mucosa do reto), enterocolite e enteropatia induzida por proteínas alimentares. (mecanismo da alergia a proteína do leite de vaca). Ocorre o envolvimento de outras classes de Ig mediadas por células, mediadas por anticorpos ou devido a formação de imunocomplexos circulantes. Esse tipo de alergia é um tipo de hipersensibilidade do tipo III, onde ocorre a formação de complexos imunológicos antígeno- anticorpo que pode se depositar em órgãos específicos ou se depositar no epitélio vascular. A deposição desses complexos nos tecidos ativa o sistema complemento e induz a resposta inflamatória. Assim como na hipersensibilidade tipo II, os anticorpos IgG e IgM vão ativar os distúrbios mediados por imunocomplexos. Uma vez depositados os imunocomplexos provocam uma resposta inflamatória por meio do sistema complemento e devido a produção de fatores quimiotáticos que vão recrutar neutrófilos e outras células de resposta inflamatória. Iara Victoria Moreira, SOI IV. ➢ Alergias alimentares mistas: Vai se ter reações mediadas por IgE e hipersensibilidade celular: linfócitos T e de citocinas por-inflamatórias. Onde se tem quadro clinico de esofagite eosinofílica e gastrite esosinofílica. Fisiopatologia PÉREZ-ARMENDÁRIZ, Luz Ángel et al. Mecanismos fisiopatológicos de alergia a alimentos. Alergia, Asma e Inmunología Pediátricas, v. 30, n. 2, p. 54-57, 2021. Essa alergia ocorre devido dois fatores: barreira intestinal imatura e permeável, ou seja, um intestino mais frágil, onde permite a penetração de proteínas alergênicas. Essa imaturidade se associa com um sistema imunológico imaturo onde se tem uma menor produção de IgA secretora (que fazia a defesa contra isso). Com esses dois fatores acaba ocorrendo a penetração dos alérgenos e uma sensibilização alérgica. Outro fator importante é alteração da microbiota, principalmente aqueles bebês que nasceram de parto prematuro ou tiveram desmame precoce acabam tendo maior risco de alergia. Temos então a sensibilização alergênica que pode ocorrer por três vias: - Via intestinal; tipo mais comum. - Via transcutânea; principalmente em pacientes com dermatite atópica, pois possuem quebra de barreira cutânea. - Via respiratória: asma do padeiro, é quando o padeiro acaba se sensibilizando com o trigo por meio da via respiratória. Basicamente em uma pessoa normal se encontra baixas concentrações séricas de IgG, IgM e IgA especificas para antígenos alimentares. Quanto mais cedo um lactante começa a introdução a antígenos alimentares mais pronunciada vai ser a resposta imunológica. Acaba que após essa introdução os níveis de IgG, IgM e IgA aumentam conforme os meses, porém eles diminuem mesmo quando as proteínas continuam sendo ingeridas. Então o que ocorre na alergia alimentar é que esses níveis séricos de imunoglobulinas estão constantemente elevados para anticorpos específicos do alimento, mesmo após meses de contato com o alimento. ➢ Intolerância alimentar; As intolerâncias alimentares implicam um mecanismo não imunológico. - Defeitos enzimáticos: são erros inatos do metabolismo devido defeitos enzimáticos, onde pode ser primariamente gastrointestinal, causando alterações da digestão ou absorção (deficiência de lactase). - Reações farmacológicas: sendo causada por aminas vasoativas (dopamina, histamina, tiramina, norepinefrina...) e outras substancias presentes nos alimentos que vão manifestar atividade farmacológica. - Intolerância indefinida: resultante de mecanismos não definidos como reações a aditivos alimentares. Epidemiologia e etiologia: FERREIRA, Jaqueline Maria Siqueira; PINTO, FMH. Alergia alimentar: definições, epidemiologia e imunopatogênese. Rev Bras Nutr Clin, v. 27, n. 3, p. 193-198, 2012. A alergia alimentar é mais comum em crianças, onde sua prevalência aumentou nas últimas décadas em todo o mundo. Acaba sendo mais comum em crianças principalmente crianças abaixo de 3 anos, menos de 10% dos casos persistem até a vida adulta. Um estudo populacional realizados a partir de registros médicos eletrônicos em Boston (EUA) identificou a prevalência de intolerância/alergia a pelo menos um alimento 3,6%. Onde os principais alérgenos identificados foram frutos do mar, fruta ou vegetal, leite e derivados, amendoim. Estudos ainda se verifica a percepção de alergia alimentar pelos doentes é bastante discutível, sendo onde a incidência dessas alergias é frequentemente sobrestimada, pois cerca de 30% da população acredita que um familiar tem alergia alimentar, sendo que apenas um terço dos casos são realmente de alergia alimentar. Sobre a intolerância alimentar estima-se que 15% a 20% dos indivíduos sofrem de intolerância. ➢ Etiologia da intolerância: A intolerância por defeitos enzimáticos possui vários mecanismos, mas a intolerância a lactose e frutose são os mais comuns. - Lactase: enzima essencial para hidrolisar a lactose em dois monossacarídeos (glucose e galactose) que são facilmente absorvidos no intestino. Na deficiência dessa enzima a lactose não é hidrolisada e as bactérias no cólon degradam-na em água, dióxido de carbono e hidrogênio, essa fermentação leva ao aparecimento de flatulências e diarreia. - Frutose: monossacarídeo presente na fruta e no mel, onde a capacidade de absorção da frutose no intestino é limitada. - Frutanos: presentes em diversos cereais e vegetais, são hidratos de carbono de cadeia curta, onde sua absorção é inferior a 5% devido à ausência de enzimas que quebrem as ligações, fazendo com que ele seja acumulado no intestino e os microrganismos presentes fermentem estes componentes. - Polióis: são álcoois com um terminal de açúcar, sendo eles algumas frutas e vegetais. Onde são absorvidosde forma passiva pelo o intestino delgado, porém vai depender do tamanho da molécula. Manifestações clínicas: DO MONTE, Helena Maria Carvalho. Alergias e intolerâncias alimentares-Novas perspetivas. 2015. Tese de mestrado. Intolerância alimentar; - Dor e distensão abdominal. - Diarreia. - Obstipação. - Cefaleia. - Eczema. - Rash. - Urticária. - Fadiga. - Dores musculares. - Dificuldade de concentração. - Ansiedade ou depressão. Alergia alimentar: Umas das principais manifestações clinicas é a anafilaxia, onde ocorre liberação maciça de histamina e de outras citocinas que causam vasodilatação generalizada, colapso circulatório e broncoconstrição grave. Diagnóstico: DO MONTE, Helena Maria Carvalho. Alergias e intolerâncias alimentares-Novas perspetivas. 2015. Intolerância alimentar: Para o diagnóstico é necessário um alto índice de suspeição, sendo bastante importante recolher uma anamnese detalhada, incluindo os hábitos dietéticos e estilo de vida do paciente. - Exclusão alimentar; retirada do alimento suspeito de causar intolerância e retorno do alimento tempo depois com o acompanhamento dos sintomas. - Teste de tolerância a lactose: em jejum o paciente toma-se leite ou lactose + água, após isso é coletado de amostras de sangue a cada 30 min e dosa a glicose. OBS: se a glicose não aumentar gradativamente -> ausência de lactase – pois a glicose é um produto da degradação da lactose. - Teste respiratório: é importante para avaliar a absorção dos hidratos de carbono pelo trato gastrointestinal. Pois quando são mal absorvidos são metabolizados pelos microrganismos produzindo hidrogênio que é rapidamente absorvido para a corrente sanguínea e depois expirados pelo pulmão. O hidrogênio não é produzido pelo organismo humano, então quando se é exalado é devido a fermentação pelos microrganismos. - Endomicroscopia laser confocal: esta é uma técnica inovadora da endoscopia que facilita a visualização de alterações da mucosa gastrointestinal. São administrados antigéneos alimentares diluídos na mucosa duodenal, através do endoscópio, e ficam expostos à mucosa pelo menos durante 5 minutos. Isto leva a que haja um aumento intraepitelial de linfócitos, fendas epiteliais e alargamento dos espaços intervilositários. Alergia alimentar: - Teste cutâneo (skin prick test): avalia a sensibilização a determinados alérgenos. São simples e rápidos. Utilizam extrato padronizado de certo alérgeno e aplicam no antebraço ou no dorso a reação desencadeada é mediada após 15 min. Utiliza-se de uma solução salina para controle negativo e uma solução histamina para controle de reações positivas. Não serve para diagnostico isolado. - IgE sérico especifico: auxilia apenas na identificação de alergias mediadas por IgE ou mistas. O teste comercial mais disponível é “ImmunoCap” que permite a identificação pelo sangue. - Dieta de eliminação: Pretende-se que o paciente suspenda o(s) alimento(s) suspeitos durante cerca de 2-6 semanas. A dieta deve ser cuidadosamente monitorizada e os resultados avaliados, de forma a estabelecer o diagnóstico. - Teste de provocação oral: são considerados os únicos para estabelecer o diagnóstico. Consiste na oferta progressiva do alimento suspeito e/ou placebo, em intervalos regulares, sob supervisão médica para monitoramento de possíveis reações clínicas, após um período de exclusão dietética necessário para resolução dos sintomas clínicos. OBS; Contra-indicado para pacientes com histórico de várias alergias. Tratamento: DO MONTE, Helena Maria Carvalho. Alergias e intolerâncias alimentares-Novas perspetivas. 2015. Tese de mestrado. Alergia alimentar: Se baseia no alivio dos sintomas. Interrupção da ingestão e do contato com o alimento suspeito - Sintomas cutâneos -> anti-histamínicos orais (7dias) + corticosteroides (quando necessário). - Sintomas respiratórios -> nebulização com broncodilatadores (5 dias). - Sintomas gastrintestinais -> antiemético e antiespasmódico + hidratação. Intolerância alimentar: - Dieta restritiva. - Uso de enzimas.
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