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Inflamação e reparo

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Ana Portela ❀ 
 
 
A inflamação é uma resposta protetora que envolve células do hospedeiro, vasos sanguíneos, proteínas e outros mediadores e 
destinada a eliminar a causa inicial da lesão celular, bem como as células e tecidos necróticos que resultam da lesão original e 
iniciar o processo de reparo. 
Embora a inflamação auxilie na remoção das infecções e outros estímulos nocivos e inicie o reparo, a reação inflamatória e o 
processo subsequente de reparo podem, contudo, causar danos consideráveis. Os componentes da reação inflamatória que 
destroem e eliminam os micróbios e tecidos mortos também são capazes de lesar os tecidos normais. 
Normalmente, as moléculas e as células de defesa do hospedeiro, incluindo leucócitos e proteínas plasmáticas, circulam no sangue, 
e o objetivo da reação inflamatória é trazê-las para o local da infecção ou da lesão tecidual. 
A inflamação pode ser aguda ou crônica. A inflamação aguda é de início 
rápido e de curta duração, com duração de poucos minutos a poucos dias, 
e caracteriza-se pela exsudação de líquido e proteínas plasmáticas, e 
acúmulo de leucócitos, predominantemente neutrófilos. A inflamação 
crônica pode ser mais insidiosa, é de duração mais longa (dias a anos) e 
caracterizada pelo influxo de linfócitos e macrófagos com proliferação 
vascular associada e fibrose (cicatrização). 
Quando um micróbio penetra no 
tecido ou o tecido é lesado, a 
presença de infecção ou lesão é 
percebida por células residentes, 
principalmente macrófagos, mas também por células dendríticas, mastócitos e outros tipos 
celulares. Essas células secretam moléculas (citocinas e outros mediadores) que induzem e 
regulam a resposta inflamatória. Os mediadores inflamatórios também são produzidos a 
partir das proteínas plasmáticas que reagem com os micróbios ou com os tecidos lesados. 
Alguns desses mediadores agem nos pequenos vasos sanguíneos nas vizinhanças e promovem 
a saída do plasma e o recrutamento dos leucócitos circulantes para o local onde o agente lesivo está localizado. As etapas da 
resposta inflamatória podem ser lembradas como os cinco erres: (1) reconhecimento do agente lesivo, (2) recrutamento dos 
leucócitos, (3) remoção do agente, (4) regulação (controle) da resposta e (5) resolução (reparo). 
As manifestações externas da inflamação, chamadas de sinais cardinais, são: calor (aquecimento), rubor (vermelhidão), tumor 
(inchaço), dor (dolor) e perda de função (functio laesa). 
 
INFLAMAÇÃO AGUDA 
A inflamação aguda é uma resposta rápida que leva leucócitos e proteínas plasmáticas para os locais da lesão. Uma vez lá, os 
leucócitos removem os invasores e iniciam o processo de digerir e se livrar dos tecidos necróticos. Possui dois componentes: 
› Alterações vasculares: alterações do calibre vascular que resultam em aumento do fluxo sanguíneo (vasodilatação) e 
alterações nas paredes vasculares que permitem que as proteínas plasmáticas deixem a circulação (aumento da 
permeabilidade vascular). Além disso, as células endoteliais são ativadas, resultando no aumento de adesão dos leucócitos 
e sua migração através das paredes dos vasos. 
› Eventos celulares: emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da lesão (recrutamento e 
ativação celular), tornando-os aptos para eliminar o agente agressor. Os principais leucócitos na inflamação aguda são 
os neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares) 
- Estímulos para desencadear a inflamação aguda: 
• Infecções (por bactérias, vírus, fungos e parasitas) 
• Trauma (corte e penetração) e vários agentes químicos e físicos (lesão térmica, p. ex., queimaduras ou frio profundo; 
irradiação; toxicidade de algumas substâncias químicas ambientais) 
• Necrose tecidual (de qualquer causa) incluindo isquemia (como no infarto do miocárdio) e lesão química ou física. 
• Corpos estranhos (farpas, poeira, suturas e depósitos de cristais). 
• Reações imunológicas (também chamadas de reações de hipersensibilidade) contra substâncias ambientais ou contra os 
próprios tecidos 
- Reconhecimento de micróbios ou substâncias estranhas: 
 Ana Portela ❀ 
 
 
Sensores de micróbios e células mortas: os fagócitos, células dendríticas e muitos tipos de células epiteliais expressam classes 
diferentes de receptores que percebem a presença de micróbios e células mortas. Existem os (1) Receptores do tipo Toll (TLRs) 
localizados na membrana plasmática e na membrana dos endossomas e outros receptores de membrana plasmática e 
citoplasmáticos (membros de outras famílias que não TLRs) reconhecem os produtos de diferentes classes de micróbios. As proteínas 
produzidas por ativação do TLR possuem numerosas funções; apenas o seu papel na inflamação é mostrado. E o (2) inflamossoma é 
um complexo de proteína que reconhece produtos de células mortas e alguns micróbios e induz a secreção de interleucina 1(IL-1) 
biologicamente ativa. O inflamossoma consiste em um sensor proteico (uma proteína rica em leucina, chamada NRLP3), um 
adaptador e a enzima caspase-1, que é convertida da forma inativa para ativa 
- Alterações vasculares: 
a) Alteração no fluxo e calibre vascular: 
• Após vasoconstrição transitória (que dura apenas segundos), ocorre vasodilatação das arteríolas, resultando em 
aumento do fluxo sanguíneo e abertura dos leitos capilares (Fig. 2-2). Essa expansão vascular é a causa da vermelhidão 
(eritema) e calor observados, caracteristicamente, na inflamação aguda e mencionados anteriormente como dois sinais 
cardinais da inflamação. 
• Como a microcirculação torna-se mais permeável, o líquido rico em proteínas extravasa para dentro dos tecidos 
extravasculares. A perda de líquido faz com que as hemácias fiquem mais concentradas, aumentando, assim, a viscosidade 
do sangue e diminuindo a velocidade da circulação. Essas alterações são refletidas, microscopicamente, pela presença de 
numerosos pequenos vasos dilatados, repletos de hemácias, um processo chamado estase. 
• Quando a estase se desenvolve, os leucócitos (principalmente os neutrófilos) começam a se acumular ao longo da 
superfície endotelial vascular, um processo chamado marginação. Essa é a primeira etapa da jornada dos leucócitos 
através da parede vascular para dentro do tecido intersticial 
b) Aumento da permeabilidade vascular 
O aumento da permeabilidade vascular leva à saída de líquido rico em proteínas e células sanguíneas para os tecidos 
extravasculares. Isso provoca aumento da pressão osmótica do líquido intersticial, levando a maior efluxo de água do sangue para 
os tecidos. O acúmulo de líquido rico em proteínas resultante é chamado exsudato. Os exsudatos devem ser distinguidos dos 
transudatos, que são acúmulos de líquido intersticial, causados pelo aumento da pressão hidrostática, geralmente como 
consequência da redução do retorno venoso. Os transudatos contêm baixas concentrações de proteína e pouca ou nenhuma célula 
sanguínea. O acúmulo de líquido nos espaços extravasculares é chamado de edema; o líquido pode ser translato ou exsudato. Os 
exsudatos são típicos da inflamação, ao passo que os transudatos se acumulam em várias condições não inflamatórias. 
c) Resposta dos vasos linfáticos: os vasos linfáticos participam também da 
resposta inflamatória. Na inflamação, o fluxo da linfa é aumentado e auxilia a 
drenagem do fluido do edema, dos leucócitos e restos celulares do espaço 
extravascular. Os vasos linfáticos podem tornar-se inflamados secundariamente 
(linfangite), bem como os linfonodos de drenagem (linfadenite). Os linfonodos 
inflamados estão frequentemente aumentados devido à hiperplasia dos folículos 
linfoides e ao aumento do número de linfócitos e células fagocíticas que revestem os 
seios dos linfonodos 
 
Recrutamento de leucócitos 
Normalmente, os leucócitos fluem rapidamente no sangue e, na inflamação, eles têm 
de ser parados e levados ao agente agressor ou ao local da lesão tecidual, sítios tipicamente extravasculares.1. Marginação e rolagem ao longo da parede do vaso: 
-As células circulantes são deslizadas pelo fluxo laminar contra a parede do vaso; 
- Como os eritrócitos menores tendem a se mover mais rápido do que os grandes leucócitos, os leucócitos são empurrados 
para fora da coluna axial (centro), possibilitando uma oportunidade melhor de interagir com as células endoteliais de 
revestimento; 
- Esse processo de acúmulo de leucócitos na periferia dos vasos é chamado de marginação 
- As células endoteliais expressam moléculas de adesão às quais os leucócitos aderem firmemente. Assim, os leucócitos 
destacam-se e rolam na superfície endotelial, aderindo transitoriamente – mediadas por moléculas de adesão da família 
das selectinas, em um processo chamado de rolamento. 
 Ana Portela ❀ 
 
 
2. Adesão firme ao endotélio: 
- Os leucócitos em rolagem são capazes de sentir as mudanças no endotélio 
que iniciam a próxima etapa na reação dos leucócitos, que é uma firma 
adesão às superfícies endoteliais. Essa adesão é mediada pelas integrinas 
expressas nas superfícies celulares dos leucócitos e que interagem com 
seus ligantes nas células endoteliais 
- As integrinas são expressas, normalmente, nas membranas plasmáticas 
dos leucócitos, em estado de baixa afinidade, e não aderem a seus ligantes 
apropriados até que os leucócitos sejam ativados pelas quimiocinas. 
 
3. Transmigração entre as células endoteliais 
- Após a aderência na superfície endotelial, os leucócitos migram pela parede do vaso, espremendo-se entre as células ao 
nível das junções intercelulares. Esse movimento dos leucócitos é chamado de diapedese; 
- Essa migração é orientada pelas quimiocinas, produzidas nos tecidos extravasculares, as quais estimulam a 
movimentação dos leucócitos em direção a seus gradientes químicos 
- Após a passagem pelo endotélio, os leucócitos secretam colagenases que degradam focalmente a membrana basal dos 
vasos, atravessando-a 
 
4. Quimiotaxia 
- Após o extravasamento, os leucócitos migram em direção ao local da lesão ou infecção, ao longo de um gradiente químico 
- Substâncias exógenas e endógenas podem atuar como fatores quimiotáticos para os leucócitos e incluem: 
• Produtos bacterianos, particularmente os peptídeos com terminal N-formil-metionil. 
• Citocinas, especialmente as pertencentes à família das quimiocinas. 
• Componentes do sistema complemento, em particular o C5. 
• Produtos da via da lipoxigenase do metabolismo do ácido araquidônico (AA), particularmente o leucotrieno B4 
(LTB4) 
*OBS: Na maioria das formas de inflamações agudas, os neutrófilos predominam no infiltrado inflamatório, durante as primeiras 6-
24 horas, sendo substituídos por monócitos em 24-48 horas. Vários fatores são responsáveis por essa abundância inicial de 
neutrófilos. Os neutrófilos são os leucócitos mais numerosos no sangue, respondem mais rapidamente às quimiocinas e aderem mais 
firmemente às moléculas de adesão que são rapidamente induzidas nas células endoteliais, como a P-selectina e a E-selectina. Além 
disso, após a entrada nos tecidos, os neutrófilos são de vida breve — morrem por apoptose e desaparecem dentro de 24-48 horas 
—, enquanto os monócitos sobrevivem mais tempo. 
 
 Ativação de leucócitos: Uma vez tendo sido recrutados para os locais da infecção ou da necrose tecidual, os leucócitos devem 
ser ativados para exercer suas funções. Os leucócitos expressam em suas superfícies diferentes classes de receptores que percebem 
a presença de micróbios, células mortas e substâncias estranhas. O engajamento desses receptores induz uma série de respostas 
nos leucócitos que são parte das suas funções normais de defesa, genericamente chamadas de ativação. 
A ativação leucocitária resulta em muitas funções ampliadas: 
• Fagocitose de partículas: A fagocitose consiste em três etapas distintas, mas inter-relacionadas (Fig. 2-8): (1) 
reconhecimento e fixação da partícula ao linfócito fagocítico; (2) engolfamento, com subsequente formação de um vacúolo 
fagocítico e (3) destruição e degradação do material ingerido 
• Destruição intracelular de micróbios e células mortas fagocitados, por substâncias produzidas nos fagossomos, incluindo 
espécies reativas do oxigênio e do nitrogênio e enzimas lisossômicas. 
• Liberação de substâncias que destroem micróbios extracelulares e células mortas, em grande parte as mesmas 
substâncias produzidas dentro das vesículas fagocíticas. Um mecanismo recentemente descoberto pelo qual os neutrófilos 
destroem microrganismos extracelulares é a formação de “armadilhas” extracelulares. 
• Produção de mediadores, incluindo as citocinas e os metabólitos do ácido araquidônico, que amplificam a reação 
inflamatória, por recrutamento e ativação de mais leucócitos. 
 
 Resultados da inflamação aguda 
• Resolução: Regeneração e Reparo. Quando a lesão é limitada ou breve, onde há pouca ou nenhuma destruição tecidual 
e quando o tecido é capaz de se regenerar, o resultado normal é a restauração a uma normalidade estrutural e funcional. 
Antes que o processo de resolução se inicie, a resposta inflamatória aguda tem de ser terminada. A resolução da 
 Ana Portela ❀ 
 
 
inflamação aguda envolve neutralização, decomposição ou degradação enzimática dos vários mediadores químicos, 
normalização da permeabilidade vascular, cessação da emigração de 
leucócitos, com subsequente morte (por apoptose) dos neutrófilos 
extravasados. Os leucócitos secretam citocinas que iniciam o processo 
subsequente de reparo, no qual novos vasos sanguíneos crescem 
dentro do tecido lesado para fornecer nutrientes, os fatores de 
crescimento estimulam a proliferação dos fibroblastos que secretam 
colágeno para preencher os defeitos, e as células teciduais residentes 
proliferam para restaurar a integridade estrutural. 
• A inflamação crônica pode suceder a inflamação aguda se o agente 
nocivo não é removido. 
• Cicatrização é o tipo de reparo que ocorre após destruição tecidual 
substancial (como na formação de abscesso) ou quando a inflamação 
atinge tecidos que não se regeneram e são substituídos por tecido 
conjuntivo 
 
 PADRÕES MORFOLÓGICOS ASSOCIADOS A INFLAMAÇÃO AGUDA  
 
› Inflamação serosa: é caracterizada pelo extravasamento de um fluido aquoso, 
relativamente pobre em proteína que, dependendo do local da lesão, se origina do 
soro sanguíneo ou das secreções de células mesoteliais que revestem as cavidades 
peritoneal, pleural e pericárdica. A bolha cutânea resultante de uma queimadura ou 
infecção viral é um bom exemplo do acúmulo de líquido seroso, dentro ou 
imediatamente embaixo da epiderme cutânea (Fig. 2-11). O líquido em uma cavidade 
serosa é chamado de efusão. 
 
› Inflamação fibrinosa: ocorre como consequência de lesões mais graves, resultando em maior permeabilidade vascular que permite 
a moléculas grandes (como o fibrinogênio) atravessarem a barreira endotelial. Histologicamente, a fibrina extravascular 
acumulada aparece como uma rede eosinofílica de filamentos ou, às vezes, como um coágulo amorfo (Fig. 2-12). Um exsudato 
fibrinoso é característico de inflamação no revestimento de cavidades corporais, como meninges, pericárdio e pleura. Esses 
exsudatos podem ser degradados por fibrinólise, e os restos acumulados podem ser removidos pelos macrófagos, restaurando a 
estrutura normal do tecido (resolução). Se, no entanto, a fibrina não for completamente removida, isso resultará no crescimento 
de fibroblastos e vasos sanguíneos (organização) que leva finalmente à cicatrização, podendo haver consequências clínicas 
significativas. Por exemplo, a organização de um exsudato fibrinoso pericárdico forma um denso tecido cicatricial fibroso que 
transpõe ou oblitera o espaço pericárdico e restringe a função do miocárdio. 
 
 
- Inflamação supurativa (purulenta): e a formação de abscesso são caracterizadas pela presença de grande quantidade de 
exsudato purulento (ou pus) consistindoem neutrófilos, células necróticas e líquido de edema. Certos microrganismos (p. ex., 
estafilococos) induzem essa supuração localizada e, por isso, são chamados de piogênicos (formadores de pus). Os abscessos são 
coleções localizadas de pus que podem ser causadas por organismos piogênicos contidos dentro de um tecido ou por infecções 
secundárias de focos necróticos. Os abscessos possuem uma região central de células necróticas, tendo em volta uma camada de 
neutrófilos preservados (Fig. 2-13) e circundada por vasos dilatados e fibroblastos em proliferação, indicando o início do reparo. 
 Ana Portela ❀ 
 
 
Com o tempo, o abscesso pode tornar-se completamente encerrado e ser substituído por tecido conjuntivo. Devido à destruição do 
tecido subjacente, geralmente o resultado do abscesso é a formação de cicatriz. 
 
 
› Úlcera: é um defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou tecido que é 
produzida por necrose das células e desprendimento (esfacelamento) do tecido 
inflamatório necrótico (Fig. 2-14). A ulceração pode ocorrer apenas quando existe 
tecido necrótico e inflamação na superfície ou próximo a ela. É encontrada mais 
comumente (1) na necrose inflamatória da mucosa da boca, estômago, intestinos ou 
trato geniturinário e (2) no tecido necrótico e inflamação subcutânea dos membros 
inferiores em pessoas idosas com distúrbios circulatórios que predispõem a necrose 
extensa. As ulcerações são mais bem exemplificadas pela úlcera péptica do estômago 
ou duodeno, onde coexistem inflamações aguda e crônica. Durante o estágio agudo, há 
infiltração polimorfonuclear intensa e dilatação vascular nas margens do defeito. Com a cronicidade, as margens e a base da 
úlcera desenvolvem cicatrização, com acúmulo de linfócitos, macrófagos e plasmócitos. 
 
INFLAMAÇÃO CRÔNICA 
A inflamação crônica é a inflamação de duração prolongada (semanas a meses ou anos) na qual inflamação ativa, destruição 
tecidual e reparação por fibrose ocorrem simultaneamente. Inflamação crônica caracteriza-se por um conjunto de alteraçõe: 
• Infiltração de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos. 
• Destruição tecidual, francamente induzida pelos produtos das células inflamatórias. 
• Reparo, envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose. 
A inflamação crônica origina-se nos seguintes contextos: 
• Infecções persistentes por microrganismos difíceis de erradicar. 
• Doenças inflamatórias imunomediadas (distúrbios de hipersensibilidade). As doenças que são causadas por ativação 
excessiva e inapropriada do sistema imune. Sob certas condições, as reações imunes desenvolvem-se contra os próprios 
tecidos do indivíduo, resultando nas doenças autoimunes. Nessas doenças, os autoantígenos suscitam uma reação imune 
autoperpetuadora que resulta em lesão e inflamação tecidual crônica. 
• Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos. Os exemplos incluem materiais exógenos não degradáveis, como 
a sílica particulada que, quando inalada, pode induzir uma resposta inflamatória crônica nos pulmões (silicose) e agentes 
endógenos, como os cristais de colesterol, que podem contribuir para a aterosclerose 
- Células envolvidas na inflamação crônica: macrófagos, linfócitos, eofsinófilos e mastócitos → embora a presença de neutrófilos 
seja a marca clássica da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica podem continuar a mostrar extensos infiltrados 
neutrofílicos, como resultado da persistência das bactérias e células necróticas ou dos mediadores produzidos pelos macrófagos. 
Tais lesões inflamatórias, algumas vezes, são chamadas de “aguda em crônica” — por exemplo, em inflamações de ossos 
(osteomielite). 
 
 
INFLAMAÇÃO GRANULOTAMOSA: A inflamação granulomatosa é um padrão distintivo de inflamação crônica, caracterizada por 
agregados de macrófagos ativados com linfócitos esparsos. Os granulomas são encontrados em certos estados patológicos 
específicos; consequentemente, o reconhecimento do padrão granulomatoso é importante devido ao número limitado de condições 
(algumas ameaçadoras à vida) que o causam. 
 Ana Portela ❀ 
 
 
Os granulomas podem se formar de três modos: 
• Nas respostas persistentes de células T a certos microrganismos (como Mycobacterium 
tuberculosis, T. pallidum ou fungos), nos quais as citocinas derivadas de célula T são 
responsáveis pela ativação crônica do macrófago. A tuberculose é o protótipo de doença 
granulomatosa causada por infecção e deveria sempre ser excluída como causa quando 
os granulomas são identificados. 
• Os granulomas podem também se desenvolver em algumas doenças inflamatórias 
imunomediadas, principalmente na doença de Crohn, que é um tipo de doença 
inflamatória intestinal, importante causa de inflamação granulomatosa nos Estados 
Unidos. 
• Os granulomas também são vistos em uma doença de etiologia desconhecida chamada 
sarcoidose, e podem se desenvolver em resposta a corpos estranhos relativamente inertes (p. ex., sutura ou farpa), 
formando os conhecidos granulomas de corpos estranhos. 
Efetivamente, a formação de um granuloma “encerra” o agente ofensor e, portanto, é um mecanismo útil de defesa. Entretanto, a 
formação do granuloma nem sempre leva à eliminação do agente causal, o qual frequentemente é resistente a destruição ou 
degradação e, em algumas doenças, como a tuberculose, a inflamação granulomatosa, com fibrose subsequente, pode ser a 
principal causa da disfunção do órgão. 
 
 Efeitos sistêmicos da inflamação 
• Febre: citocinas (TNF, IL-1) estimulam a produção de prostaglandinas no hipotálamo. 
• Produção de proteínas de fase aguda: proteína C reativa, outras; síntese estimulada por citocinas (IL-6, outras) atuando 
nas células hepáticas. 
• Leucocitose: citocinas (CSFs) estimulam a produção de leucócitos a partir de precursores na medula óssea. 
• Em algumas infecções graves, choque séptico; queda da pressão sanguínea, coagulação intravascular disseminada, 
anormalidades metabólicas; induzidas por altos níveis de TNF. 
 
∴ REPARO TECIDUAL ∴ 
O reparo se refere à restauração da arquitetura e função do tecido após a lesão. Ocorre por dois tipos de reações: regeneração 
do tecido lesado e formação de cicatriz pela deposição de tecido conjuntivo. 
• Regeneração. Alguns tecidos são capazes de substituir células lesadas e retornar ao estado normal. A regeneração 
ocorre por proliferação de células residuais (não lesadas) que retêm a capacidade de divisão e por substituição de células-
tronco teciduais. 
• Formação de cicatriz: Se os tecidos lesados são incapazes de regeneração ou se as estruturas de suporte do tecido são 
gravemente lesadas, o reparo ocorre por deposição de tecido conjuntivo (fibrose), que é a cicatriz. Ela não recupera a 
função das células perdidas do parênquima, mas fornece estabilidade estrutural suficiente para tornar o tecido lesado 
hábil nas suas funções 
 
 Regeneração Celular E Tecidual 
- A proliferação celular ocorre quando células quiescentes entram no ciclo celular. O ciclo celular é estreitamente regulado por 
ativadores e inibidores, e contém pontos de controle intrínsecos que evitam a replicação de células anormais 
- Os tecidos são divididos em lábeis, estáveis e permanentes, de acordo com a capacidade proliferativa de suas células. 
- Os tecidos que se dividem continuamente (lábeis) contêm células maduras capazes de se dividir e células-tronco que se 
diferenciam para substituir as células perdidas. 
- As células-tronco de embriões (células ES) são pluripotentes; os tecidos adultos, particularmente a medula óssea, contêm células-
tronco adultas capazes de regenerar múltiplas linhagens celulares. 
- As células-tronco pluripotentes induzidas (células iPS) são obtidas através da introdução de genes característicos de células ES 
em células maduras. As células iPS adquirem muitas características de células-tronco. 
 
Fatores de Crescimento,Receptores e Sinal de Transdução 
- Os fatores de crescimento polipeptídicos atuam de maneira autócrina (diretamente na mesma célula que produz o fator), 
parácrina (entre células adjacentes) e endócrina (grandes distâncias). 
 Ana Portela ❀ 
 
 
- Os fatores de crescimento são produzidos 
transitoriamente em resposta ao estímulo 
externo e atuam por ligação a receptores 
celulares. As diferentes classes de receptores 
para fatores de crescimento incluem os 
receptores com atividade intrínseca de cinase, 
receptores acoplados à proteína G e receptores 
sem atividade intrínseca de cinase. 
- Fatores de crescimento, como o fator de 
crescimento epidérmico (EGF) e o fator de 
crescimento do hepatócito(HGF), se ligam a receptores com atividade intrínseca de cinase, desencadeando uma cascata de eventos 
através das MAP-cinases, culminando em ativação do fator de transcrição e replicação de DNA. 
- Os receptores acoplados à proteína G produzem múltiplos efeitos através das vias cAMP e do Ca2+. As quimiocinas utilizam esses 
receptores. 
- As citocinas geralmente se ligam a receptores sem atividade cinase; tais receptores interagem com fatores de transcrição 
citoplasmáticos que se movem para o núcleo. 
- A maioria dos fatores de crescimento possui múltiplos efeitos, como migração e diferenciação celulares, estimulação da 
angiogênese e da fibrogênese, além da proliferação celular. 
 
 Papel da Matriz Extracelular (MEC) no reparo tecidual 
- A MEC consiste em matriz intersticial entre as células, formada por colágeno e várias glicoproteínas, e membranas basais abaixo 
dos epitélios e circundando os vasos, composta de colágeno não fibrilar e laminina. 
- A MEC tem várias funções importantes: 
∙ Fornece suporte mecânico aos tecidos; esse é o papel dos colágenos e da elastina. 
∙ Funciona como substrato para o crescimento celular e a formação de microambientes 
teciduais. 
∙ Regula a proliferação e a diferenciação celulares; os proteoglicanos se ligam a fatores 
de crescimento e os exibem em altas concentrações; a fibronectina e a laminina 
estimulam as células através dos receptores de integrinas. 
- A regeneração tecidual requer MEC intacta e, se houver lesão à MEC, o reparo é feito apenas 
por formação de cicatriz. 
 
 Formação da cicatriz 
O reparo por deposição de tecido conjuntivo consiste em um processo sequencial que segue a 
resposta inflamatória: 
1. Formação de novos vasos (angiogênese) 
2. Migração e proliferação de fibroblastos e deposição de tecido conjuntivo que, junto com 
a abundância de vasos e leucócitos dispersos, tem aparência granular e rósea, sendo 
chamado de tecido de granulação. 
3. Maturação e reorganização do tecido fibroso (remodelamento) para produzir uma 
cicatriz fibrosa estável 
 
- O reparo por tecido conjuntivo começa com a formação de tecido de granulação e termina com deposição de tecido fibroso. 
- Múltiplos fatores de crescimento estimulam a proliferação dos tipos celulares envolvidos no reparo. 
- OTGF-b é um potente agente fibrogênico; a deposição de MEC depende do equilíbrio entre os agentes fibrogênicos, as 
metaloproteinases (MMPs) que degradam a MEC e os TIMPs. 
 
REFERÊNCIA: 
Robbins, Patologia Básica. 9ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013

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