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Ética em Eventos Fatídicos_Ética e Legislação_1° BIM_6°EPR

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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO ESPÍRITO SANTO
MULTIVIX – CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
DANIEL A. SCARAMUSSA - 20929
GISELLE L. MACARINELI -18985
JOSÉ A. DA SILVA JUNIOR - 18910
ROBSON R. M. MARCONSINI - 18067
ÉTICA E LEGISLAÇÃO
ÉTICA EM EVENTOS FATÍDICOS
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
SETEMBRO/2015
ÉTICA EM EVENTOS FATÍDICOS
O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) disponibiliza o Código de
ética profissional, atualmente em sua 9ª edição, no site www.confea.org.br.
Esse código prevê o conjunto de normas éticas a serem seguidas pelos profissionais
de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, no exercício de seu
trabalho:
 Dos princípios éticos;
 Dos deveres;
 Das condutas vetadas;
 Dos direitos;
 Da infração ética; e
 Das penalidades (código penal).
É a partir dele que podemos responder as principais dúvidas relacionadas a conduta
ética de profissionais no exercício de seu trabalho em quatro grandes casos fatídicos
que tiveram repercussão na mídia a nível mundial, a seguir relacionados.
1º Caso: “A explosão do foguete Challenger em 26 de janeiro de 1986”
O papel correto de um engenheiro diante de problemas de segurança deve
obedecer ao princípio de que “a profissão realiza-se pelo cumprimento responsável
e competente dos compromissos profissionais, munindo-se de técnicas adequadas,
assegurando os resultados propostos e a qualidade satisfatória nos serviços e
produtos e observando a segurança nos seus procedimentos” (inciso IV do artigo 8º
do Código de Ética Profissional) e de que é necessário “alertar sobre os riscos e
responsabilidades relativos às prescrições técnicas e as consequências presumíveis
de sua inobservância” (cláusula “f” do inciso III do artigo 9º do Código de ética
Profissional), logo, é vetado ao profissional “descuidar com a segurança e saúde do
trabalho sob sua coordenação” (cláusula “e” do inciso III do artigo 10º do Código de
ética Profissional).
Assim fez o engenheiro mecânico, Roger Boisjoly, ao advertir seu superior a respeito
dos riscos existentes, ainda que não levado a sério pela Morton e pela administração
da NASA.
Esta última responsável pela decisão de ação final no lançamento do Challenger na
manhã de 26 de janeiro de 1986.
O único erro de Boisjoly foi divulgar informações reservadas da empresa conforme a
cláusula “b” do inciso III do artigo 9º do Código de Ética Profissional, onde é clara a
permissão somente quando havendo a obrigação legal da divulgação ou informação.
2º Caso: “O automóvel Pinto”
A responsabilidade de um engenheiro em relação a sociedade não pode ser
subordinada a sua responsabilidade diante de seu empregador, pois cabe ao
profissional “oferecer seu saber para o bem da humanidade” (cláusula “a” do inciso I
do artigo 9º do Código de Ética Profissional) e “contribuir para a conservação da
incolumidade pública” (cláusula “c” do inciso I do artigo 9º do Código de Ética
Profissional). 
Logo, os engenheiros da Ford não cumpriram o que propõe o Código de Ética
Profissional, que exige é necessário “alertar sobre os riscos e responsabilidades
relativos às prescrições técnicas e as consequências presumíveis de sua
inobservância” (cláusula “f” do inciso III do artigo 9º), dos quais tinham conhecimento
em relação ao tanque de combustível do Ford Pinto e, de fato, deveriam ter sido
presos também por infligirem o que propõe o Artigo 6º, assim como os
administradores da Ford que ignoraram o problema devido a relação custo/ benefício
(U$137 milhões do “recall” x U$ 50 milhões de acidentes).
Em processo judicial, o acusado deve seguir o regulamento para a condução no
processo ético disciplinar, disponível em anexo ao Código de Ética disponibilizado
pelo Confea, que considera:
 As atribuições que lhe confere a alínea “f” do art. 27 da Lei 5.194/1966;
 O art. 72 da Lei 5.194/1966, que estabelece as penalidades aplicáveis aos
profissionais que deixarem de cumprir disposições do Código de ética
Profissional;
 O Decreto-Lei 3.688/1941, que instituiu a Lei das contravenções penais;
 O regulamento para a Condução do Processo Ético Disciplinar, resolução
1004 40/ 2003;
 A Lei 5.869/1973, que instituiu o Código do Processo Civil;
 A Lei 6.838/1980, que dispõe sobre o prazo prescricional para a punibilidade
de profissional liberal por falta sujeita a processo disciplinar;
 O inciso LV do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, de 5
de outubro de 1988, que assegura o direito ao contraditório e ampla defesa
aos litigantes;
 A Lei 9.784/ 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal;
 O disposto no Código de Ética Profissional, adotado pela Resolução 1.002/
2002.
Além disso, o artigo 64 do código de Defesa do Consumidor afirma que “deixar de
comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no
mercado”, prevê pena de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos de prisão e multa. 
3º Caso: “Central nuclear Chernobyl”
A engenharia não pode ser exercida sem a competência tecnológica e a necessária
experiência, pois é vetado ao profissional “aceitar trabalho, contrato, emprego,
função ou tarefa para os quais não tenha efetiva qualificação” (clausula “a” do inciso
III do artigo 10º). 
Mas infelizmente não foi o caso dos profissionais envolvidos no caso da Usina de
Chernobyl. O projetista não transmitiu seu conhecimento técnico para os operadores
em relação aos procedimentos a serem tomados em caso de perda de controle do
reator e, além disso, a gerência da instalação era composta por profissionais não
qualificados.
O diretor e engenheiro chefe não tinham experiência com reatores nucleares,
apenas com usinas termoelétricas e carvão. Logo, não eram qualificados o suficiente
para assumir as responsabilidades descritas na ART do projeto a ser executado. É
ela que caracteriza legalmente os direitos e obrigações entre profissionais e usuários
de seus serviços técnicos e determina a responsabilidade profissional por eventuais
defeitos ou erros técnicos, conforme instituída pela lei 6.496/ 1977 e regulamentada
a aplicação através da resolução 1025/2009.
O teste da capacidade do gerador realizado na usina representava risco de grande
escala, os responsáveis sabiam disso, mas, ainda assim, o omitiram, quando na
verdade deviam “alertar sobre os riscos e responsabilidades relativos às prescrições
técnicas e as consequências presumíveis de sua inobservância” (cláusula “f” do
inciso III do artigo 9º do Código de ética Profissional).
Essa atitude também contradiz o que propõe o Artigo 6º do Código de ética
Profissional:
“O objetivo das profissões e a ação dos profissionais volta-se para o bem-estar e o
desenvolvimento do homem, em seu ambiente e em suas diversas dimensões:
como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação e humanidade; nas suas
raízes histórias, nas gerações atual e futura.”
4º Caso: “Césio 137 em Goiânia”
Em 1968 foi fechado o Tratado de Não proliferação Nuclear (TNP) e tornou-se
vigente a partir de 1970. Países de todas as nações, dividida em dois blocos a partir
de sua situação geopolítica após a Segunda Guerra Mundial, que o assinarem se
comprometem a não tentar obter armas nucleares, com exceção dos cinco países
vencedores da guerra que compõem o Primeiro Bloco (Estados Unidos, União
Soviética, China, Reino Unido e França), os quais podem manter suas armas
atômicas, mas não podem as transferir, repassar para a fabricação ou qualquer
outra atividade similar.
Esse tratado permite que as demais nações (exceto Coreia do Norte, Índia,
Paquistão e Israel) que compõemo Segundo Bloco, possam desenvolver
tecnologias atômicas para uso pacífico, como a geração de energia elétrica, por
exemplo, desde que se sujeitem a inspeções da Agência Internacional de Energia
Atômica (AIEA), que se ampliaram após aprovação do Protocolo adicional, em 1977,
dando a ela o direito de fiscalizar sem aviso prévio e sem restrições. 
Pelo fato de poder afetar o avanço tecnológico de países que dominam o
enriquecimento do urânio, o Brasil optou por não aderir, já que esta entre eles.
Atualmente, contamos com a ação da AIEA, com sede em Viena, na Austrália para
controlar e promover o uso pacífico da energia nuclear no mundo. 
Ela exige que o lixo nuclear seja embalado e armazenado de forma que fique isolado
até deixar de emitir radioatividade e não oferecer mais riscos ao meio ambiente e à
saúde humana.
No caso de materiais hospitalares, a forma correta de descarte é processá-los e
armazená-los em uma espécie de trincheira revestida de concreto por todos os
lados, onde devem ficar isolados de 50 a 300 anos.
No Brasil, o recolhimento e armazenamento de forma segura de rejeitos radioativos
são realizados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), obedecendo a
Lei 10.308/2001. Os rejeitos são armazenados em depósitos intermediários
existentes em técnico-científicas da CNEN. Ela também é a responsável pelo
armazenamento definitivo dos rejeitos gerados no acidente com o Cs-137 em
Goiânia. 
Atualmente, A CNEN conta com 14 unidades técnico-científicas espalhadas pelo
país: 
1. Unidade Central (sede) - RJ
2. Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) - MG
3. Centro Regional de Ciências Nucleares de Centro-Oeste (CRCN-CO) - GO
4. Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE) - PE
5. Distrito de Caetité (DICAE) - BA
6. Distrito de Fortaleza (DIFOR) - CE
7. Escritório de Angra dos Reis (ESAR) - RJ
8. Escritório de Porto Alegre (ESPOA) - RS
9. Escritório de Resende (ESRES) - RJ
10.Escritório de Brasília (ESBRA) - DF
11. Instituto de Engenharia Nuclear (IEN) - RJ
12. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) - SP
13. Instituto de Proteção e Dosimetria (IRD) - RJ
14.Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC) - MG
A melhor atitude a ser tomada para minimizar acidentes como o ocorrido em Goiânia
é aumentar em número e otimizar essas unidades em todo o país além de buscar
novas alternativas que venham substituir materiais radiativos para uso pacífico. 
REFERÊNCIAS
 www.confea.org.br 
 idiarte.files.wordpress.com 
 www.crea-rj.org.br
 portaldaradiologia.com
 almanaque.abril.com.br
 www.cnen.gov.br
 produtos-servicos.crea-pr.org.org.br

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