Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Franklin Nelson da Cruz Carlos Neco da Silva Júnior Termoquímica e Equilíbrio Termoquímica e equilíbrio: as transformações energéticas nas reações químicas Autores aula 04 D I S C I P L I N A Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Coordenadora da Produção dos Materiais Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Janio Gustavo Barbosa Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisores de Língua Portuguesa Janaina Tomaz Capistrano Kaline Sampaio de Araújo Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisoras Tipográficas Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Arte e Ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Hugenin Leonardo Feitoza Diagramadores Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Adaptação para Módulo Matemático Joacy Guilherme de A. F. Filho Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Secretária de Educação a Distância Vera Lucia do Amaral Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 1 2 3 4 1 Apresentação Na aula passada chegamos à conclusão de que processos ocorrendo à pressão constante possuem variação de entalpia igual à quantidade de calor liberada ou absorvida. Essa conclusão é de fundamental importância para observarmos que a maioria das reações químicas ocorre à pressão constante. Nesta aula vamos estudar os principais tipos de transformações físicas e químicas e as quantidades de energia envolvidas nesses processos. Vamos também entender que uma grande variedade de reações fornece energia necessária à manutenção da vida. Portanto, é importante a leitura detalhada da aula, anotando ou grifando os pontos mais importantes e resolvendo as atividades propostas e autoavaliações, podendo assim entender os principais conceitos. Objetivos Aplicar as leis da Termodinâmica às reações químicas. Explicar o funcionamento de um calorímetro. Identificar em diversos processos, físicos ou químicos, a possibilidade de absorção ou liberação de energia. Combinar equações termoquímicas com valores de ΔH conhecidos para aplicações da lei de Hess. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio2 O calor e a energia Desde os primórdios da civilização, o fogo sempre foi motivo de encantamento para o homem. Como vimos na aula passada, sua utilização era a mais variada possível. Para os fi lósofos gregos, o fogo tinha tanta importância que ocupava o pico das divisões quando os elementos terrestres foram divididos em quatro tipos: fogo, ar, água e terra. Embora sem nenhuma fundamentação, alguns deles diziam que calor e movimento estavam intimamente ligados, pois, de acordo com suas observações, o calor produzia movimento, como por exemplo numa chaminé (Figura 1), e o próprio movimento produzia calor ⎯ por exemplo, no atrito e no impacto. Figura 1 – Produção de fumaça em uma chaminé. Partículas gasosas sendo liberadas devido à produção de calor. Fo nt e: < ht tp :// 4. bp .b lo gs po t.c om /_ W _z uv Q iq Jy c/ SC CH Tw Zi at I/ A A A A A A A A A ik /o 1 w T l8 3 X Z _ k/ s1 6 0 0 -h /c h am in e. jp g > . Ac es so e m : 1 9 ag o. 2 00 9. A ideia do movimento se fundamentava com a teoria do calórico (modelo que explicou durante muito tempo as características e comportamentos físicos do calor). Nessa teoria, o calor era explicado como um fl uido, chamado calórico, capaz de penetrar todo o espaço e de fl uir por todas as substâncias. Como visto em aulas passadas, atualmente o calor é considerado como uma energia em trânsito, a qual possui diversas propriedades físicas e químicas que complementam as leis da Termodinâmica. A manutenção da vida e de toda atividade de nosso corpo só é possível graças aos alimentos, principalmente os carboidratos e as gorduras. Os carboidratos que são as principais fontes de energia para o nosso corpo são compostos orgânicos constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio que, quando transformados em glicose pelo organismo, tornam-se solúveis no sangue e podem ser transportados pelo sangue para as células. A glicose, por sua vez, reage com o oxigênio (O 2 ) em uma série de etapas, produzindo CO 2(g), H2O(l) e energia segundo a Equação 1: C 6 H 12 O 6(g) + 6O2(g) →6CO2(g)+ 6H2O(l) ΔH = –2.803 kJ Eq. 1 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 3 A energia liberada pela decomposição dos alimentos é fornecida rapidamente ao corpo, armazenando apenas uma pequena quantidade necessária ao desenvolvimento das funções vitais do nosso organismo. Todos os anos, bilhões de toneladas de substâncias são gastos, no mundo inteiro, na produção de energia. Para uma melhor descrição de suas formas de aproveitamento, iremos a partir de agora estudar as quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante os diversos tipos de reações químicas. A parte da química que estuda esses fenômenos é a Termodinâmica Química ou Termoquímica. Termodinâmica Química, também chamada de Termoquímica, é o ramo da Química que estuda o calor envolvido nas reações químicas baseando-se nas leis da Termodinâmica. – Professor Igor, quer dizer que as leis termodinâmicas, vistas na disciplina Calor e Termodinâmica, não se aplicam apenas aos sistemas físicos, mas também aos químicos? – Meu caro Carlos, nós vamos entender agora que essas leis são facilmente aplicáveis às reações químicas. Variações de entalpia nas transições de fase Em um laboratório de Química as reações geralmente se processam em um recipiente aberto, sob pressão constante da atmosfera, como visto em nossas práticas experimentais da disciplina Medidas e Transformações Químicas. As transições de fase (transformações físicas) também podem ocorrer à pressão constante da atmosfera, variando apenas a temperatura na qual a transformação ocorre. Um dos exemplos mais comuns de transformações físicas a pressão atmosférica são as transições de fase sofridas pela água, como, por exemplo, a vaporização (Figura 2). Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 50g H 2 O(l) 100°C Resf. ESTADO SÓLIDO ESTADO LÍQUIDO Mudanças de estado Aumento da temperatura (ganho de energia) ESTADO GASOSO fusão solidificação vaporização condensação Sublimação s g Sublimação g s Diminuição da temperatura (perda de energia) 4 Figura 2 – Reação ocorrendo em um béquer à pressão atmosférica. As fases da matéria ou estados físicos da matéria são estados específi cos em que a substância se encontra caracterizada pela uniformidade de sua composição. Para que ocorra a conversão entre duas fases de uma substância, as partículas devem, dependendo da transformação, receber ou ceder energia. Essas transformações são acompanhadas de variações energéticas ou variações de entalpia, pois o rearranjo da maioria dos átomos ou moléculas geralmente requer absorção ou liberação de energia. A representação geral das transições de fase para qualquer substância pode ser resumida na Figura 3. Figura 3 – Representação geral das transições físicas para qualquer substância. Fo nt e: < ht tp :/ /n au ti lu s. fi s. uc .p t/ ce c/ hi pe r/ pa ul a% 20 ri be ir o/ w w w .p au la ri be ir o. no .s ap o. pt /e st ad os _f si co s_ m at er ia .h tm >. Ac es so e m : 1 9 ag o. 2 00 9. Porém, as fases das substâncias não se resumem apenas aos três estados físicos da matéria. A maioria das substânciasapresenta várias fases sólidas. Os estados de alotropia que um elemento exibe podem ser verifi cados pelo elemento enxofre, que, em sua forma sólida, por exemplo, existe como enxofre rômbico ou enxofre monoclínico, diferindo um do outro no Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Grafite Diamante Fulereno 5 arranjo de seus átomos. Assim como o enxofre, o carbono também exibe outras formas, como carbono grafi te, diamante e diversas outras baseadas nas estruturas dos fulerenos, modifi cando apenas a disposição de seus átomos na estrutura cristalina - Figura 4. Figura 4 – O carbono e suas formas alotrópicas. Fo nt e: < ht tp :// n. i.u ol .c om .b r/l ic ao de ca sa /e ns m ed io /q ui m ic a/ al ot ro pi a. jp g> . Ac es so e m : 1 9 ag o. 2 00 9. – Professor Igor, o que é alotropia? – Carlos, substâncias alotrópicas são aquelas que possuem diferentes formas do mesmo elemento no mesmo estado físico. Você deve estar se perguntando: como podemos medir as variações de energia que ocorrem nessas transições de fase? Na aula anterior, chegamos à conclusão de que processos que ocorrem à pressão constante possuem suas variações energéticas baseadas na função de estado termodinâmica chamada de entalpia ou: ΔH = qp Eq.2 Logo, podemos medir a variação de energia nessas transições monitorando o calor absorvido, quando o processo for de separação de átomos e/ou moléculas (fusão e vaporização), ou liberado, quando o processo for de aproximação também de átomos e/ou moléculas (condensação e solidifi cação). Para isso, devemos assumir que a mudança na entalpia de cada substância é específi ca em cada tipo de transição. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio6 Defi nição das variações de entalpia na transição de fase 1) Entalpia de fusão ou calor de fusão (ΔHfus) É a diferença de entalpia entre os estados sólido e líquido de um elemento ou substância. Defi nida como a quantidade de energia necessária para fundir um mol de uma substância ou de um elemento químico. 2) Entalpia de vaporização ou calor de vaporização (ΔHvap) É a diferença de entalpia entre os estados de vapor e líquido de um elemento ou substância. Defi nida como a quantidade de energia necessária para que um mol de um elemento ou substância que se encontra em equilíbrio com o seu próprio vapor se converta ao estado gasoso. Na conversão de 1,0 mol de água sólida em água líquida é necessário que as moléculas da água sólida absorvam 6,01 kJ de energia (Equação 3): H 2 O (s) → H2O(l) ΔH = 6,01 kJ Eq. 3 Já na conversão de 1,0 mol de água líquida em água gasosa é necessário que as moléculas do líquido absorvam 44 kJ de energia (Equação 4): H 2 O (l) → H2O(g) ΔH = 44 kJ Eq. 4 – Professor Igor, surgiram duas dúvidas. Observando as Equações 3 e 4 pude perceber que, na vaporização, as moléculas de água absorvem mais energia que na fusão. Além disso, por que esses processos são endotérmicos? – Carlos, ambas as perguntas estão intimamente relacionadas. Na fase sólida, as moléculas de água estão unidas mais fortemente que em qualquer outra fase. No entanto, perceba que a fase gasosa tem um maior grau de liberdade que a fase líquida e a sólida; portanto, para que átomos ou moléculas atinjam esse maior grau de liberdade na fase gasosa é necessário absorver bastante energia, pois se compararmos a vaporização com a fusão iremos perceber que o grau de liberdade das moléculas entre o estado líquido e sólido, na fusão, não é tão diferente quanto o grau de liberdade entre o estado gasoso e líquido, na vaporização. Logo, como o grau de liberdade é maior na fase gasosa, o processo de vaporização requer mais energia que o processo de fusão. É por isso que fusão e vaporização são processos endotérmicos. Veja a Figura 5 para entender melhor o que foi dito. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Sólido Líquido Gás 7 Figura 5 – Estado de agregação das moléculas em sólidos, líquidos e gases Fica fácil observar agora que a variação de entalpia para o processo de solidifi cação e condensação é o inverso do processo de fusão e vaporização, respectivamente. Pois, se para que as moléculas em um sólido se separem é necessário que absorvam energia, então para que as de um líquido voltem ao estado sólido elas devem liberar energia. As Equações 5 e 6 representam os processos de fusão e solidifi cação, respectivamente. H 2 O (g) → H2O(l) ΔH = + 6,01 kJ Eq. 5 H 2 O (l) → H2O(g) ΔH = – 6,01 kJ Eq. 6 Assim, o processo de condensação será o inverso do processo de vaporização H 2 O (g) → H2O(l) ΔH = – 44 kJ Eq. 7 Um sólido que se converte diretamente em vapor sofre o processo de sublimação. Esse processo é comumente observado ao utilizarmos bolas de naftalina para afugentar traças, baratas e outros insetos. Como a variação de entalpia é uma função de estado, a determinação da entalpia de sublimação pode ser realizada pela soma, em certa temperatura, das entalpias de fusão e de vaporização naquela temperatura (analise a Figura 6). Perceba que o fato da entalpia poder ser determinada pela soma do processo global das variações de entalpia, ela, a entalpia de sublimação, é uma consequência direta da primeira lei da termodinâmica (Figura 7). De forma geral, podemos resumir as informações vistas nas variações de entalpia de transição de fase com a Equação 8: ΔHdireta = – ΔHinversa Eq. 8 A consequência direta da primeira lei na Figura 7 é em relação à conservação de energia, quando uma substância transita de uma fase a outra. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Atividade 1 1 2 E n ta lp ia Fu s ão V ap o ri za ç ão S u b lim aç ão ΔHfus ΔHvap ΔHsub = ΔHfus + ΔHsub ΔHsub E n ta lp ia D ir et o , ΔH In ve rs o , – ΔH Hi Hf 8 Utilizando os conhecimentos obtidos na disciplina Medidas e Transformações Químicas, cite três exemplos de reações químicas onde o estado físico dos produtos da reação difere do estado físico dos reagentes. Observe as transformações abaixo e especifique se se trata de um processo endotérmico ou exotérmico. a) H 2 O (l) (a 25 oC) → H 2 O (l ) (10 oC) b) A preparação de uma solução de ácido clorídrico. c) CO 2(s) → CO2(g) d) N 2(g) → N2(l) Figura 6 – Obtenção da entalpia de sublimação pela soma das etapas da fusão e vaporização. Figura 7 – Consequência da primeira lei, onde a variação de entalpia do processo direto é igual ao inverso. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 9 Variação de entalpia nas transformações atômica e molecular Quando um átomo ou íon gasoso perde ou ganha um elétron, o processo pode ser acompanhado de ganho ou perda de energia. Vamos agora analisar as variações de entalpia nesses processos. – Professor Igor, por favor, dá para relembrar o que é o processo de energia de ionização e afi nidade eletrônica? – Claro, José. A energia de ionização é a quantidade de energia mínima necessária para remover um elétron de um átomo ou íon, na fase gasosa. E a afi nidade eletrônica, também chamada de ganho de elétron, é o processo que mede a quantidade de energia associada quando um elétron é adicionado a um átomo para formar íons carregados negativamente. Experimentalmente, ambos os processos são medidos para um mol de elétrons. Um átomo ou íon, ambos na fase gasosa, podem ter seus elétrons removidos. A facilidade de remoção pode ser um importante indicador de seu comportamento químico. A variação de energia que mede a quantidade de energia necessária na remoção de um elétron é chamada de entalpia de ionização e pode ser representada, de forma geral, pela Equação 9: X (g) → X + (g) + e – (g) ΔHion = + Calor Eq. 9 Todos os átomos, exceto o de hidrogênio, podem ter mais de uma energia de ionização, pois apresentam mais de um elétron com possibilidade de remoção. Veja a entalpia de ionização (ΔHion) para o átomo de hidrogênio na Equação 10: H(g) → H+(g) + e−(g) ΔH = +1.312 kJ mol Eq. 10 Observe que na remoção de um mol de elétrons de um mol de átomos de hidrogênio, a 298 K e pressão constante,é necessária a absorção de 1.312 kJ de energia. Uma sequência de ionizações pode ser observada para o átomo de magnésio e seus respectivos íons na Tabela 1. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Elemento Químico H Li Na K Be MgCa B Al Ga C Si Ge N P As O S Se F Cl Br He NeAr Kr E n er g ia d e io n iz aç ão , kJ /m ol 0 500 1000 1500 2000 2500 10 Tabela 1 – Variações de entalpia para a ionização do átomo de magnésio. Primeira energia de ionização, ΔHion = + 738 kJ/mol Mg(g) → Mg+(g) + e− 1s2 2s2 2p6 3s2 1s2 2s2 2p6 3s1 Segunda energia de ionização, ΔHion = + 1.451 kJ/mol Mg+(g) → Mg2+(g) + e− 1s2 2s2 2p6 3s1 1s2 2s2 2p6 3s0 Terceira energia de ionização, ΔHion = + 7.733 kJ/mol Mg2+(g) → Mg3+(g) + e− 1s2 2s2 2p6 1s2 2s2 2p5 Perceba que para remover o segundo elétron é necessária a absorção de mais energia que para remover o primeiro. A explicação para isso é que a cada remoção o elétron posterior a ser removido está cada vez mais numa camada mais interna ou de menor nível energético. Um efeito de aumento das energias de ionização pode ser observado em elementos da tabela periódica (blocos s e p), onde a energia geralmente aumenta ao longo de um período e diminui grupo abaixo. Isso ocorre devido ao aumento da carga nuclear efetiva, Z*, com o aumento do número atômico. A diminuição geral na energia de ionização de cima para baixo em um grupo da tabela periódica ocorre porque o elétron removido está cada vez mais distante do núcleo, reduzindo, assim, a força atrativa núcleo-elétron. Observe as primeiras energias de ionização de alguns elementos do grupo principal dos quatro primeiros períodos da tabela periódica na Figura 8. Figura 8 – Primeira energia de ionização para elementos dos quatro primeiros períodos da tabela periódica. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 11 Um átomo neutro gasoso também pode receber um elétron produzindo um íon negativo. Este processo, em quase todos os elementos, é um processo exotérmico. Portanto, para valores de entalpia positivos, temos que a energia é absorvida das vizinhanças quando o átomo recebe um elétron. Medidas experimentais de variações de entalpia para processos de afi nidades eletrônicas são difíceis de realizar, não se conhecendo, portanto, os valores exatos para todos os elementos. Podemos representar, de forma geral, o ganho de elétrons por um átomo pela Equação 11: X(g) + e − → X−(g) Eq. 11 A grande quantidade de energia liberada por um átomo quando ele ganha um elétron é um indicativo de sua facilidade em reagir com outros elementos. A exemplo disso, pode-se observar os valores de variação de entalpia da afi nidade eletrônica para o fl úor e o cloro: F(g) + e − (g) → F−(g) ΔHAE = −328 Kj Eq. 12 e Cl(g) + e − (g) → Cl−(g) ΔHAE = −349 Kj Eq. 13 Nenhum átomo apresenta afi nidade eletrônica negativa na adição de um segundo elétron, pois a adição de um segundo elétron a um íon, que já possui uma carga negativa, leva a fortes repulsões. Para adicionar um segundo elétron a um íon, é necessário realizar trabalho, forçando o elétron a aproximar-se de um íon negativo. É o caso, por exemplo, da formação do íon óxido (O 2–), que ocorre quando uma grande quantidade de energia é absorvida da vizinhança pelo O – (g) a fi m de permitir a entrada de um elétron para formar o O 2–. A Tabela 2 mostra valores de entalpia de afi nidade eletrônica para adição de dois elétrons ao átomo de oxigênio. Tabela 2 – Variação de energia na formação do íon óxido Variação ΔHAE (kJ/mol) O(g) + e − → O−(g) – 141 O−(g) + e − → O2−(g) + 844 O(g) + 2e − → O2−(g) + 703 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio12 Entalpia de dissociação ou entalpia de ligação A entalpia de ligação, também chamada de entalpia de dissociação, é a energia necessária para quebrar uma ligação entre dois átomos. A energia de ligação de dois átomos, em uma molécula, é um dos fatores de estabilidade que a molécula apresenta, sendo que para quebrar uma ligação entre dois átomos é sempre necessário fornecer energia para romper a ligação entre as espécies na molécula. Consequentemente, quanto maior a entalpia de ligação, mais forte é a ligação. (H − H)(g) + energia → 2H(g) ΔHL = +436 kJ Eq. 14 A Equação 14 nos mostra que para ocorrer quebra de um mol de ligações H ⎯ H, na molécula de H 2 gasoso, para formar dois átomos de hidrogênio, é necessário absorver 436 kJ de energia da vizinhança. Outras moléculas, com diferentes átomos ligados, também podem se dissociar. HCl(g) → H(g) + Cl(g) ΔHL = +431 kJ Eq. 15 – Professor, percebo que é simples atribuir entalpias de ligação às moléculas diatômicas. Entretanto, como fazer para ligações que ocorrem nas moléculas poliatômicas, como por exemplo, numa molécula de NH 3 ou CH 4 , constituídas respectivamente por três ligações N ⎯ H e quatro ligações C ⎯ H ? – Carlos, sua pergunta é muito importante. Porém, você deve prestar atenção que vou começar a falar sobre esse assunto agora. Como vimos, toda quebra de ligação é um processo endotérmico, pois as moléculas precisam receber energia, desestabilizando suas ligações para posteriormente serem rompidas. Porém, no caso de moléculas poliatômicas como a da amônia (NH 3 ) e do metano (CH 4 ), devemos invariavelmente usar as energias médias de ligação. Observe a Equação 16. CH4(g) + energia → C(g) + 4H(g) ΔHL = +1.660 kJ Eq. 16 A molécula de metano exibe quatro ligações C ⎯ H idênticas; portanto, o calor de atomização é igual à soma das energias de ligação das quatro ligações C ⎯ H, o que equivale à energia obtida na equação dividida por quatro (1.660/4), fornecendo uma entalpia média de ligação de aproximadamente 415 kJ/mol. Se considerarmos as entalpias de ligação C ⎯ H em outros compostos orgânicos veremos que a entalpia média de ligação é 413 kJ/mol, um resultado muito próximo do valor encontrado para o CH 4 de 415 kJ/mol. Fato semelhante ocorre na amônia, apenas com valores diferentes. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 13 A baixa reatividade apresentada pelas moléculas de nitrogênio (N≡N) é consequência de suas fortes ligações, pois essa molécula apresenta entalpia de ligação de 945 kJ/mol. Isso explica a dissolução das moléculas de oxigênio em meio às de nitrogênio no ar atmosférico, sem a ocorrência de nenhuma reação entre as duas espécies. As Tabelas 2 e 3 evidenciam energia de ligação para várias espécies. Tabela 3 – Energia de ligação entre dois átomos. Entalpias médias de ligação simples, ΔHL/(Kj/mol) a 25 oC H C N O F Cl Br I H 436 415 391 463 566 432 362 295 C 348 293 358 485 328 276 240 N 163 157 270 200 243 O 146 185 203 201 201 F 158 254 250 278 Cl 243 219 210 Br 193 175 I 149 Tabela 4 – Energia de ligação de algumas ligações duplas e triplas. Ligações Duplas Ligações Triplas Tipo de ligação Energia (kJ/mol) Tipo de ligação Energia (kJ/mol) C = C 602 C ≡ C 835 N = N 418 N ≡ N 941 O = O 498 C = N 615 C ≡ N 887 C = O 732* C ≡ O 1.072 * Exceto para o CO 2 , que é 799 kJ/mol. Como vimos, todos os processos de quebra de uma ligação química são endotérmicos, o que nos leva a concluir que o inverso, a formação de uma ligação química, é sempre exotérmica. Observe a seguir a formação da molécula de hidrogênio: H(g) + H(g) → (H − H)(g) + energia ΔHf ◦ = −436 kJ Eq. 17 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 0,74Å –436 0 E n er g ia ( kJ /m ol ) Distância H H 14 Figura 9 – Formação espontânea de uma ligação química entre dois átomos de hidrogênio. O professor Igor percebe que, após mostrar o gráfi co que rege a formação de uma ligação química H ⎯ H, José está inquieto em sua carteira, então pergunta: – Alguma dúvida, José? Prontamente, ele fala: – Professor, então isso é coerente com o que foi visto na Aula 8 da disciplina Arquitetura Atômica e Molecular (Ligações químicas: como se formam?), pois ainda na apresentação dessa aula foi dito que substâncias formadas a partir de átomos de quase todos os elementos podem se combinar, formando novas substâncias cujas energiassão sempre menores do que a soma das energias que esses átomos teriam se permanecessem separados. – Muito bem, José. Já vi que você aprendeu realmente sobre um dos princípios que regem a formação de uma ligação química e, como atividade, é bom que vocês deem uma olhada rápida nesta aula que você mencionou. De acordo com a equação, verifi que que houve um decréscimo de energia no sistema (ligação H ⎯ H). Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Constituinte CH 3 C O H ΔHf = –485,5 kJ/mol� Estado padrão Relembrando da aula sobre gases que o estado padrão de uma substância é o estado em que a substância pura existe em seu estado físico, alotrópico mais comum e estável na pressão exata de 1 bar. 15 Transformações químicas A indústria química produz as mais variadas substâncias, que podem ser utilizadas como reagentes na produção de alimentos, medicamentos, bebidas, material de limpeza doméstica, produtos agrícolas etc. Os processos que regem a formação, tanto dos produtos que utilizamos ou consumimos quanto a produção de substâncias reagentes, são acompanhados por variações de energia (variações de entalpia). Um exemplo disto é a produção do ácido acético, substância responsável pelo gosto azedo do vinagre (Figura 10), que é produzido quando certas bactérias agem sobre o álcool etílico do vinho, provocando a oxidação deste álcool pelo ar atmosférico. Figura 10 – Frascos de vinagre contendo ácido acético. Para achar uma maneira conveniente de tabular os valores de entalpia dessas substâncias, os químicos utilizam as condições padrão e uma temperatura de sua escolha, geralmente 25°C, a fi m de determinar valores de entalpia. O estado padrão de uma determinada substância precisa ser especifi cado pelo estado físico. Por exemplo, o estado padrão do gás hidrogênio é o gás puro na pressão de 1 bar. O estado padrão do carbono é o carbono grafi te, e não o diamante, pois o grafi te é a forma de carbono mais estável e abundante nas condições padrões. A temperatura não faz parte do estado padrão, sendo possível determinar o estado padrão do gás hidrogênio a 150 K, a 273,15 K ou a qualquer outra temperatura. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio16 Tipos de entalpias padrões A formação de uma espécie química, produzida pela natureza ou por um processo de síntese qualquer, ocorre pela variação de entalpia que existe entre a espécie formada e seus elementos no estado mais estável da natureza. A entalpia molar padrão de formação (ΔH°f ) pode ser defi nida abaixo: Entalpia molar padrão de formação (ΔH°f ) – É a variação de entalpia de uma reação quando um mol de uma substância é formado diretamente a partir de seus elementos em seu estado padrão. Por exemplo, na formação de 1,0 mol de água líquida, a partir do hidrogênio (H 2(g)) gasoso puro, quando combinado com 1/2 mol de oxigênio (O 2(g)) gasoso puro, ambos a 1 bar e 25°C , a entalpia do sistema decresce de 286 kJ, ou seja, 286 kJ de calor são liberados para a vizinhança na formação de 1,0 mol de água líquida, isto tudo a pressão constante (Equação 18). H2(g) + 1�2O2(g) → H2O(l) ΔfHo = −286 kJ Eq. 18 Um dos mecanismos de formação da glicose – um dos principais açúcares encontrado nos alimentos – exibe a combinação de carbono, hidrogênio e oxigênio, todos em seu estado padrão, liberando 2.808 kJ por mol. 6C(s) + 6H2(g) + 6O2(g) → C6H12O6(s) ΔHf ◦ = −2.808 kJ Eq. 19 Um outro tipo de entalpia padrão ocorre quando um certo combustível, fóssil ou não, ao queimar, libera certa quantidade de calor. A variação de energia quando um mol de uma substância queima é defi nida como: Entalpia molar padrão de combustão (ΔH°C ) é a variação de entalpia padrão envolvida na combustão completa de 1,0 mol de uma substância qualquer, quando todas as substâncias envolvidas nessa combustão se encontram no estado padrão. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 17 Podemos observar a capacidade de energia gerada pelos diversos combustíveis ao analisar a quantidade de energia liberada na combustão de três componentes orgânicos muito utilizados no cotidiano: metano (principal constituinte do gás natural), álcool e isooctano (componente típico da gasolina). a) Combustão do metano: CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l) ΔHC ◦ = −890 kJ Eq. 20 b) Combustão do álcool: C2H5OH(l) + 3O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(l) ΔHC ◦ = −1.368 kJ Eq. 21 c) Combustão do isooctano: C8H18 + 25 2 O2(g) → 8CO2(g) + 9H2O(l) ΔHC ◦ = −5461 kJ Eq. 22 A maior quantidade de calor liberada pelo isooctano justifi ca seu uso como combustível, pois essa substância tem em cada molécula oito átomos de carbono, que podem produzir mais energia que as moléculas de metano e álcool, que têm um e dois átomos de carbono, respectivamente. A lei de Hess Como vimos anteriormente, a entalpia é uma função de estado. Isto quer dizer que não importa o processo pelo qual os reagentes devem passar para chegar à formação dos produtos, pois a variação de entalpia independe deste caminho. Em 1840, um químico russo foi um dos pioneiros da Físico-Química ao estudar as variações de energia nas reações químicas (em termos de calor, principalmente), tornando-se, assim, autor de um dos princípios mais importantes da Termoquímica, denominado de lei de Hess. Figura 11 – Germain Henri Hess (1802-1850) Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio18 Uma reação que ocorre em uma série de etapas pode ter sua variação de entalpia determinada pela soma dos valores de variação de entalpia para cada uma destas etapas. O grande valor prático da lei de Hess é a facilidade de calcular a variação de entalpia de reações que não podem ser determinados experimentalmente e não estão disponíveis a partir de nenhuma outra fonte. Um exemplo disto é a formação do monóxido de carbono, um dos principais poluentes presentes na atmosfera, proveniente da combustão incompleta de compostos orgânicos. A determinação direta da variação de entalpia da reação de formação do monóxido de carbono é muito difícil, pois uma vez formado, o monóxido de carbono, muito reativo, reage com o oxigênio para dar dióxido de carbono. No entanto, através da lei de Hess podemos obter a variação de entalpia para essa reação, manuseando as reações descritas abaixo: C (grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔHr ◦ = −393, 5 kJ Eq. 23 2CO(g) + O2(g) → 2CO2(g) ΔHr ◦ = −566, 0 kJ Eq. 24 Para obter a variação de entalpia para a reação de formação do monóxido de carbono (Equação 25), podemos manusear as Equações 23 e 24, invertendo ou multiplicando-as por algum fator numérico: C (grafite) + 1�2O2(g) → CO(g) ΔHr ◦ = ? Eq. 25 Anteriormente, vimos que: ΔHreação direta = – ΔHreação inversa Logo, podemos inverter a Equação 24 para que o monóxido de carbono se encontre como produto da reação, invertendo também o sinal do ΔH desta reação. Como na reação de formação do monóxido de carbono temos apenas um mol, podemos também dividir a Equação 24 por dois, a fi m de obter este resultado. Ao dividir por dois a reação, não podemos esquecer de dividir o ΔH. Todas essas mudanças nos valores de ΔH são possíveis em qualquer reação, pois devemos lembrar que a variação de entalpia é uma função de estado. C (grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔHr ◦ = −393, 5 kJ CO2(g) → CO(g) + 1�2O2(g) ΔHr ◦ = +283, 0 kJ C (grafite) + 1�2O2(g) → CO(g) ΔHr ◦ = −110, 5 kJ Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Caminho 1 Caminho 2 C (s) + O2(g) +1/ 2 O 2(g) CO (g) +1/ 2 O 2(g) CO 2(s) ΔH (1) = 393,5kJ ΔH (2) = –110,5kJ ΔH (3) = –298,0kJ 19 Figura 12 – Dois caminhos distintos para a variação de entalpia na formação do CO 2(g). O dióxido de carbono também pode ser formado por dois caminhos distintos. Veja a Figura 12. Observe que a variação de entalpia para o caminho 1 é o somatório para a variação de entalpia do caminho 2 quando dividido em duas etapas. Logo: ΔH1 = ΔH2 + ΔH3 Eq. 27 Para todas essas reações, podemos calcular a variação de entalpia padrão da reação, ΔH°r , que é a diferença entre as entalpias molares dos reagentes quese transformam em produtos, ambos (reagentes e produtos) nos seus respectivos estados padrões, cada um acompanhado do seu respectivo coefi ciente estequiométrico, v na equação química. Essa relação é expressa pela Equação 28: ΔHr ◦ = ΣvHm ◦ (produtos) − ΣvHm◦ (reagentes) Eq. 28 Exercício resolvido 1 O nitrato de amônio (NH 4 NO 3 ) possui várias aplicações, dentre elas o seu uso para produção do gás hilariante (N 2 O), um gás que age sobre o sistema nervoso central, fazendo com que as pessoas riam histericamente. O N 2 O pode ser obtido a partir da decomposição térmica do NH 4 NO 3 em temperaturas da ordem de 190°C em um processo exotérmico. Nesta decomposição, além do N 2 O (g) também é produzido vapor de água. Utilizando a lei de Hess e as equações termoquímicas abaixo, determine a quantidade de calor liberada no processo de obtenção do gás hilariante (N 2 O). Reação 1: N2(g) + 1 2 O2(g) → N2O(g) ΔHf ◦ = 81, 5 kJ Reação 2: H2(g) + 1 2 O2(g) → H2O(g) ΔHf ◦ = −241, 6 kJ Reação 3: N2(g) + 2H2(g) + 3 2 O2(g) → NH4NO3(s) ΔHf ◦ = −364, 9 kJ Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Atividade 2 20 Solução: Primeiro devemos montar a reação de decomposição do NH 4 NO 3(s), produzindo N 2 O (g), e a H2O(l), como especifi cado no problema. Em seguida observa-se como estão arranjadas as reações, manuseando-as de forma a obter a reação de decomposição do NH 4 NO 3(s). Perceba que nas Reações 2 e 3, temos um mol e dois mols de hidrogênio (H 2(g)), respectivamente. Como na reação de decomposição do NH4NO3 não é necessário hidrogênio, temos que cancelá-los. Isto pode ser feito multiplicando a Reação 2 por dois. Para que NH 4 NO 3 seja decomposto, ele deve estar como reagente em uma reação química. A única reação com esta espécie é a terceira; podemos, então, inverter a reação para tê-la como reagente, lembrando também de inverter o sinal do ΔH. N2(g) + 1 2 O2(g) → N2O(g) ΔHf ◦ = 81, 5 kJ 2H2(g) + O2(g) → 2H2O(g) ΔHf ◦ = −483, 2 kJ NH4NO3(s) → N2(g) + 2H2(g) + 3 2 O2(g) ΔHf ◦ = 364, 9 kJ Após as devidas eliminações, encontramos: NH4NO3(s) −→ Δ N2O(g) + 2H2O(g) ΔHr ◦ = −36, 8 kJ É importante ressaltar que neste exercício resolvido trabalhamos apenas com reações de formação; no entanto, a reação fi nal de decomposição do NH 4 NO 3 nos fornece a variação de entalpia da reação. Para qual das seguintes reações ΔH°r = ΔH°f ? a) H2(g) + S(rómbico) → H2S(g) c) H2(g) + CuO(s) → H2O(l) + Cu(s) b) C (diamante) + O2(g) → CO2(g) d) O(g) + O2(g) → O3(g) Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Sobrecâmara Câmara Termômetro câmara Banho de água Amostra Frasco de reação Termômetro sobrecâmara Eletrodos ignição 21 – Acredito que muitos de vocês estão se questionando sobre como é medido o calor liberado ou absorvida nessas reações químicas. Alguém tem alguma ideia de como estes processos ocorrem? – Professor, na Aula 8 da disciplina Física e Meio Ambiente, estudamos um equipamento chamado calorímetro. Podemos utilizá-lo para medir o calor das reações químicas? – De algumas reações sim, José. Figura 13 – Bomba calorimétrica. Só para relembrar, podemos usar o calorímetro para medir a quantidade de calor liberado ou absorvido durante grande parte das reações de neutralização. Especifi camente para as reações que envolvem gases usamos uma bomba calorimétrica, que é um equipamento geralmente utilizado para as reações de combustão (Figura 13). Uma bomba calorimétrica consiste de um recipiente de paredes adiabáticas, hermeticamente fechadas, onde se introduz uma massa conhecida da substância que se pretende determinar a capacidade misturada com oxigênio para realizar a sua combustão. Ao redor do frasco onde se realiza a combustão, existe um banho de água, que ajudará a determinar a quantidade de calor desprendido na reação, identifi cada pelo aumento da temperatura da água. A combustão da amostra se inicia pela ignição de condutores elétricos (eletrodos) junto à amostra. – Professor, dá para relembrar também o que é o calor específi co de uma substância? – Claro, Carlos. O calor específi co de uma substância é a quantidade de calor necessária para elevar em 1 °C a temperatura de 1g da substância. É necessário que vocês estabeleçam a diferença entre calor específi co e capacidade calorífi ca. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio22 Capacidade calorífi ca Todas as substâncias armazenam em si uma dada quantidade de energia que pode ser completamente transformada em calor, podendo, assim, ser de alguma forma determinada. Os alimentos são os melhores exemplos dessas reservas energéticas. É comum observarmos em rótulos de alimentos as quantidades de energia que cada constituinte do alimento (proteínas, gorduras, açúcares etc.) possui (Figura 14). Figura 14 – Rótulo de alimentos contendo informações calóricas. Fo nt e: < ht tp :// w w w .s en ad o. go v. br /s f/s en ad o/ po rt al do se rv id or / jo rn al /jo rn al 63 /jo rn al 63 _1 0. as px >. A ce ss o em : 2 9 ab r. 20 08 . A capacidade calorífi ca de uma substância é uma propriedade extensiva da substância, pois não podemos falar em capacidade calorífi ca da água, mas da capacidade calorífi ca que certa quantidade de água possui em sua forma sólida, líquida ou gasosa, como por exemplo, a contida em um copo ou em um lago. Esta capacidade é uma das propriedades térmicas da água. Defi nem-se por propriedades térmicas de uma substância aquelas que descrevem a capacidade que o sistema possui em absorver ou liberar calor sem necessariamente a ocorrência de uma reação química. A capacidade calorífi ca pode ser obtida multiplicando-se a massa desta mesma substância pelo seu calor específi co. Capacidade calorífi ca = calor específi co × massa ou Cap. Calor = J g ◦C × g O que nos leva à seguinte relação: Capacidade calorífi ca = Quantidade de calor trocado Variação de temperatura ∴ C = q ΔT Eq. 29 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 23 Uma substância pode ser aquecida a volume constante e à pressão constante. Quando aquecida a volume constante, o aumento na temperatura é diferente daquele quando aquecido à pressão constante. Como vimos na Aula 3, um processo que ocorre a volume constante não pode realizar trabalho, ou seja, todo calor trocado é igual à variação de energia interna: ΔU = qv Já um processo que ocorre à pressão constante usa algum calor para realizar trabalho de expansão mais que para aumentar a temperatura do sistema; é o caso, por exemplo, da expansão na atmosfera, do gás hidrogênio durante a reação do zinco com o ácido clorídrico, vista também na aula passada. No decorrer de toda esta aula vimos que nos processos à pressão constante a variação de energia que ocorre é: ΔH = qp Portanto, a capacidade calorífi ca a volume constante e à pressão constante pode ser defi nida da seguinte maneira: Capacidade calorífi ca a V = constante Capacidade calorífi ca a p = constante A V = constante o w = 0 (zero) A p = constante, ΔH = q Se, ΔU = q + w, então a V = constante ΔU = q Como C = q ΔT ; e ΔH = q , então: Como C = q ΔT ; e ΔH = q, então: Cv = ΔU ΔT Eq. 30 Cp = ΔH ΔT Eq. 31 Exercício resolvido 2 A glicose (C 6 H 12 O 6 ) contida nos alimentos em geral é fundamental para reservar a energia necessária na utilização dos processos metabólicos. Para determinar o conteúdo energético de uma massa de glicose um químico queimou, em uma bomba calorimétrica que tem capacidade calorimétrica de 0,34 kj. K–1, 0,4 g de glicose. Observando que a temperatura aumentou 5,6°C, determine neste processo: a) A reação de combustão completa da glicose; b) A entalpia padrão de combustão; c) A energia interna padrão de combustão. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio24 Solução: Inicialmente vamos montar a reação de combustão da glicose, seguida da determinação da entalpia padrão de combustão, considerando que a queima da glicose ocorre à pressão constante. Por último, podemos utilizar a defi nição de entalpia (ΔH= ΔU + PΔV ) e a equação dos gases ideais (PV = nRT) para encontrar a energia interna de combustão. a) C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l); b) A bomba calorimétrica é utilizada para determinar o calor produzido nas reações de combustão, ou seja, a quantidade de calor liberada por mol de substância: ΔHC ◦ = q n Como a capacidade calorífi ca pode ser dada por: C calorif = q ΔT ∴ q = C calorif · ΔT , então ΔHC ◦ = C Calorif · ΔT n ∴ ΔHC ◦ = C Calorif · ΔT · MM m Como n é a quantidade em matéria, ao substituí-lo temos MM à massa molar da glicose e m é a massa de glicose utilizada na análise: ΔHC ◦ = 0, 34 kj.K−1 × 278, 6 K × 180 g.mol−1 0, 4 g = 4, 26 × 104 kj mol−1 c) ΔHC ◦ = ΔUC ◦ + PΔV ; Variando todos os termos na equação do gás ideal, temos apenas a variação no número de mols; logo, PΔV = ΔnRT, onde, de acordo com a equação descrita no item (a), temos 6 moles gasosos de CO 2 no produto e 6 moles gasosos de O 2 nos reagentes. Δn será: Δn gás = ( ∑ n◦ mols gasoso do produto) − ( ∑ n◦ mols gasoso no reagente) = 6 mols CO2 − 6 mols O2 = 0 (zero) Logo; ΔHC ◦ = ΔUC ◦ + ΔnRT ∴ ΔHC ◦ = ΔUC ◦ , pois a variação em Δn gás é nula. Então, ΔUC ◦ = ΔHC ◦ = 4, 26 × 104 kj mol−1 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 25 Capacidades calorífi cas molares As capacidades calorífi cas molares podem ser obtidas dividindo-se as quantidades Cv e Cp pelo número de mols da substância e representadas por Cv,m e Cp,m para capacidade calorífi ca molar a volume constante e capacidade calorífi ca molar à pressão constante, respectivamente. Cv,m = cv n e Cp,m = cp n Eq. 32 Temos agora a defi nição de duas diferentes capacidades calorífi cas, uma para a mudança em um sistema mantido a volume constante e a outra para a mudança em um sistema mantido à pressão constante. Vamos verifi car qual a relação que existe entre as duas. Utilizando a defi nição de entalpia (H ≡ U + pV) estudada na Aula 3, podemos observar que o aquecimento de uma amostra de um gás ideal provoca variação na energia interna na entalpia e na temperatura, daí: ΔH = ΔU + nRΔT Eq. 33 Um processo à pressão constante pode, então, ter sua capacidade calorífi ca expressa pela seguinte equação: Cp = ΔH ΔT ∴ Cp = ΔU + nRΔT ΔT Eq. 34 Logo, Cp = ΔU ΔT + nRΔT ΔT Como Cv = ΔU ΔT , Então Cp = Cv + nR Eq. 35 Dividindo tudo pelo número de mols, podemos obter a relação entre as capacidades calorífi cas molares de um gás ideal na Equação 36: Cp,m − Cv,m = R Eq. 36 Para reconhecer a diferença que existe entre o calor específi co e as diferentes formas de capacidade calorífi ca, podemos analisar a Tabela abaixo: Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio26 Tabela 5 – Unidades no S.I. para o calor específi co e a capacidade calorífi ca. Tipo de propriedade térmica Unidade no S.I Calor específi co J.kg–1.K–1 Capacidade calorífi ca a volume constante J.K –1 Capacidade calorífi ca à pressão constante J.K–1 Capacidade calorífi ca molar a volume constante J.mol –1.K –1 Capacidade calorífi ca molar à pressão constante J.mol –1.K –1 Exercício resolvido 3 O oxigênio gasoso (O 2(g)), substância essencial à vida humana, pode ser obtido de duas maneiras. Primeiro pela separação entre os diferentes pontos de ebulição do oxigênio e nitrogênio do ar atmosférico, o que não garante obtenção de um composto completamente puro. A outra forma é através da decomposição térmica do cloreto de potássio (KClO 3(s)), utilizando dióxido de manganês (MnO 2(s)) como um catalisador segundo a reação abaixo: 2KCLO3(s) MnO3(s)−−−−−→ 2KCl(s) + 3O2(g) Neste processo é possível obter oxigênio com maior grau de pureza do que no anterior. Suponha que para obter 3,0 moles de O 2(g) o sistema seja aquecido de 298 K a 343 K em uma pressão constante de 2,25 atm. Sabendo que a capacidade calorífi ca molar do oxigênio é de 29,4 J. K–1.mol –1, determine a quantidade de calor (q), a variação de entalpia (ΔH) e a variação de energia interna (ΔU). Quanto vale sua capacidade calorífi ca molar a volume constante? Solução: É de fundamental importância atentar para o enunciado da questão, que diz que a reação ocorre à pressão constante. Logo, ao acharmos o valor de q automaticamente temos o valor de ΔH. O valor de ΔH pode ser obtido pela sua relação com a capacidade calorífi ca, e o valor de ΔU pela defi nição de entalpia. Cp,m = cp n e Cp = ΔH ΔT Relacionando as duas equações, temos: ΔH = Cp,m · n · ΔT ΔH = 29, 4 J.K−1.mol−1 · 3 mols · (343 − 298)K = 3.969 J Como a pressão é constante, ΔH = q, então q = 3.969J. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio (aA + bB) a T 2 (cC + dD) a T 2 (aA + bB) a T 1 (cC + dD) a T 1 ΔH 1 ΔH 2 ΔH’ ΔH” 27 Para achar ΔU, fazemos: ΔH = ΔU + PΔV . Como só ocorre variação na temperatura, temos: ΔH = ΔU + nRΔT ΔU = ΔH − nRΔT = 3.969 J − 2, 0 mols · 8, 3145 J.K−1.mol−1(343 − 298)K = = 2.846, 5 J Lei de Kirchhoff – Professor, em todos estes casos de variações de entalpia, foi especifi cado que só podemos manusear valores de ΔH quando todas as reações estiverem na mesma temperatura. Então, quer dizer que quando a temperatura varia, também ocorre variação de entalpia em uma reação química? – Claro que sim, Carlos. A entalpia de uma reação é uma função da temperatura; no entanto, se quiser de fato ter um resultado seguro com relação ao valor da entalpia de reação em outra temperatura, devemos fazê-lo à medida na temperatura de interesse. Como nem sempre isto é possível, podemos utilizar a lei de Kirchhoff, que fornece uma estimativa razoável da relação entre variações de entalpia de uma reação química em temperaturas distintas. A transformação de reagentes em produtos pode ser realizada por um dos caminhos da Figura 15. Figura 15 – Esquema de ilustração da variação de temperatura em relação à variação de entalpia. Como a variação de entalpia possui uma relação direta com a capacidade calorífi ca à pressão constante, pode-se inferir que quando a temperatura aumenta a entalpia também aumenta. Cp = ΔH ΔT ∴ ΔT · Cp = ΔH Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio28 Logo, a expressão que relaciona a variação de entalpia de uma reação em diferentes temperaturas é: Δr,2H ◦ = Δr,1H + ΔCp(T2 − T1) Eq. 37 onde ΔCp é a diferença entre as capacidades calorífi cas molares à pressão constante dos produtos e reagentes: ΔCp = ∑ nCp,m(produtos) − ∑ nCp,m(reagentes) Eq. 38 Exercício resolvido 4 A lei de Kirchhoff, muito utilizada na indústria química quando se necessita saber a variação de entalpia de uma reação em altas temperaturas, é utilizada na síntese da amônia, que ocorre em temperaturas da ordem de 450°C. A entalpia padrão da reação de síntese da amônia a 25°C é: N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) ΔrH◦ = −9, 22 · 104 J.mol−1 Determine a entalpia padrão da reação de síntese da amônia a 450°C, utilizando os dados de capacidade calorífi ca molar à pressão constante fornecidos na Tabela a seguir. Tabela 6 – Capacidade calorífi ca molar à pressão constante do nitrogênio, hidrogênio e amônia Substância química Capacidade calorífi ca molar a pressão constante (Cp,m) (J. K –1. Mol –1) Nitrogênio (N 2(g)) 29,1 Hidrogênio (H 2(g)) 28,8 Amônia (NH 3(g)) 35,0 Solução: Inicialmente vamos converter a temperatura de graus Celsius para Kelvin, seguida da determinação da variação das capacidades calorífi cas entre reagentes e produtos. Para encontrar o valor da entalpia na temperatura de 450°C, vamos usar a Equação 37. Variação das capacidades calorífi cas molares: ΔCp = ∑ nCp,m(produtos) − ∑ nCp,m(reagentes) ΔCp = 2 · (35, 0 J.K−1.mol−1) − {(29, 1 J.K−1.mol−1) + 3 · (28, 8 J.K−1.mol−1)} Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Resumo 29 ΔCp = −45, 5 J.K−1.mol−1 Encontrando o Δr,2H° na temperatura desejada Δr,2H ◦ = Δr,1H + ΔCp(T2 − T1) Δr,2H ◦ = −9, 22 · 104 J.mol−1 + (−45, 5 J.K−1.mol−1) · (723 − 298) = Δr,2H ◦ = −1, 12 · 105 J.mol−1 Vimos nesta aula que a maioria dos processos físicos e químicos ocorre à pressão constante, caracterizando a necessidade de uma funçãotermodinâmica que evidencie a variação de energia nesses processos. Esta função é a entalpia que mede a quantidade de energia necessária às espécies químicas, como átomos, íons, moléculas ou radicais, para sofrer transição de fase ou até mesmo transformações atômicas e moleculares. Também foi importante entender que, nas transformações químicas, átomos e moléculas se rearranjam, dando origem a novas substâncias. Como vimos, a formação de uma nova substância dá origem a variações de energia (variações de entalpia) que são específi cas em cada reação. Assim, aprendemos a diferenciar entalpia de formação de entalpia de combustão e de reação, podendo ainda utilizar a lei de Hess para manusear estas entalpias e determinar a variação de entalpia em qualquer reação química. Terminamos nossa aula identifi cando que a capacidade calorífi ca das substâncias pode ser medida à pressão ou a volume constante e que se quisermos determinar a entalpia de uma substância em diferentes temperaturas podemos usar a lei de Kirchhoff. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 1 2 3 ΔH Reagentes Produtos Caminho da reação E p o te n c ia l (I ) 0 ΔH Reagentes Produtos Caminho da reação E p o te n c ia l (II ) 0 30 Autoavaliação Qual a diferença entre: a) ΔH°r° e ΔH°f b) ΔH ° Vap e ΔH ° fus c) ΔHion e ΔHAE A variação de entalpia é uma função de estado porque independe do caminho percorrido para que a reação aconteça. Analisando os gráfi cos abaixo, forneça o que se pede: a) Qual gráfi co representa uma reação exotérmica? b) No gráfi co (I), as ligações nas moléculas dos reagentes interagem mais fortemente que nas moléculas dos produtos? c) No gráfi co (II), para que as ligações sejam formadas as moléculas reagentes precisam ganhar energia potencial para se converter em produtos. Cite uma maneira disto ocorrer. Classifi que os processos abaixo em endotérmicos ou exotérmicos. a) Água líquida transformando-se em gelo. b) 2H2(g) + O2(g) → 2H2O(g) c) N2(g) → N2(l) obtido a uma pressão elevada d) A combustão de 1g de glicose Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 4 5 6 31 Responda as perguntas abaixo: a) Qual é a diferença entre calor específi co e capacidade calorífi ca? Diga quais as unidades destas quantidades, identifi cando qual das duas é a propriedade extensiva e qual é a propriedade intensiva. b) Em uma determinação calorimétrica, por que é importante conhecer a capacidade calorífi ca do calorímetro? O pentóxido de dinitrogênio (N 2 O 5 ) é um óxido não metálico comumente chamado de anidrido ácido, ou seja, reage com água formando soluções ácidas. Utilizando as equações abaixo, calcule a entalpia padrão de formação do N 2 O 5 . 2NO(g) + O2(g) → 2NO2(g) ΔHr◦ = −114, 1 kJ/mol 4NO2(g) + O2(g) → 2N2O5(g) ΔHr◦ = −110, 2 kJ/mol N2(g) + O2(g) → 2NO(g) ΔHr◦ = +180, 5 kJ/mol Com base nos valores de entalpia padrão de formação, calcule a variação de entalpia neste processo. Para quebrar ou formar ligações entre átomos e/ou moléculas é necessário absorção ou liberação de energia. Essas determinações são realizadas experimentalmente em laboratórios de pesquisa em diversas partes do mundo com equipamentos altamente sofi sticados. As equações abaixo mostram valores de entalpia, determinados a 25°C, para reações de formação de OH (g), H2O(g) e reações de dissociação de moléculas como H 2 em átomos de hidrogênio (H (g)) e moléculas de O2 em átomos de oxigênio (O (g)). 1 2 H2(g) + 1 2 O2(g) → OH(g) ΔHf◦ = 38, 9 kJ/mol H2(g) + 1 2 O2(g) → H2O(g) ΔHf◦ = −241, 8 kJ/mol H2(g) → 2H(g) ΔH◦ = 436 kJ/mol O2(g) → 2O(g) ΔH◦ = 498, 3 kJ/mol Utilizando esses dados, calcule ΔH° para: a) Variação de energia na quebra da ligação do radical OH, OH(g) → H(g) + O(g) Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 7 8 9 32 b) Variação da energia média de ligação da ligação O ⎯ H para 1 mol de água, H2O(g) → 2H(g) + O(g) c) Variação da energia de dissociação da ligação O ⎯ H na água, H2O(g) → H(g) + OH(g) O argônio (Ar) foi o primeiro dos gases inertes a ser descoberto na Terra. É geralmente empregado como gás de enchimento de lâmpadas incandescentes e na indústria química, possibilitando a recriação de atmosferas inertes e evitando reações químicas indesejáveis em vários tipos de operações. Uma amostra contendo 1,5 mol de Ar (g) é expandida isotermicamente a 0°C de 25 a 50 L de duas formas: a) reversivelmente; b) livremente (contra pressão externa zero). Em ambos os processos determine o calor(q), o trabalho (w), a variação de energia interna (ΔU) e a entalpia (ΔH). Um dos melhores exemplos da perfeição da natureza é a constituição do corpo humano, formado por cerca de 70% de água. Este fato é essencial à vida humana, pois a elevada capacidade calorífi ca da água estabiliza a temperatura do corpo, evitando que uma grande quantidade de energia seja liberada ou absorvida para que haja uma alteração signifi cativa na temperatura. Por isso a necessidade de ingerirmos grande quantidade de água. Sabendo que a capacidade calorífi ca molar da água é de 75,3 J. K–1.mol –1, qual a energia necessária para aquecer 500 g de água (Uma garrafa de água mineral) quando a temperatura varia de 40°C ? Os gases são altamente compressíveis, pois neste estado a distância entre as moléculas é grande o sufi ciente para que a maior parte do volume ocupado por um gás seja espaço vazio. Na compressão adiabática de 1,0 mol de um gás ideal, Cv,m = 5 2 R , a temperatura é elevada de 20°C para 50°C. Calcule o calor (q), o trabalho (w), a variação de energia interna (ΔU) e a entalpia (ΔH). Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio 33 Referências ATKINS, P. Físico-química: Fundamentos. Trad. E. C. Silva, M. J. E. M. Cardoso e O. E. Barcia. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Trad. Ignez Caracelli et al. Porto Alegre: Bookman, 2001. BALL, D. W. Físico-química. Trad. A. M. Vichi. São Paulo: Thomson, 2005. v 1. BARROW, G. W. Química Física. Trad. S. Senent. 4. ed. Barcelona: Editorial Reverté S. A., 1988. BRADY, J. E.; RUSSEL, J. W.; HOLUM, J. R. Química: a matéria e suas transformações. Trad. J. A. Souza. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científi cos, 2002. v 1. ______. Química: a matéria e suas transformações. Trad. J. A. Souza. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científi cos, 2002. v 2. BROWN, T. L. et. al. Química: a ciência central. Trad. R. M. Matos. 9. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2005. CASTELLAN, G. Fundamentos de físico-química. Trad. C. M. P. Santos e R. B. Faria. Rio de Janeiro: LTC, 1986. KOTZ, J. C. Química geral 1 e reações químicas. Trad. F. M. Vichi. 5. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. v 1. MAHAN, B. M. Química: um curso universitário. Trad. K. Araki. 4. ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1995. PETRUCCI, R. H. Química general. Trad. Pumarino C. P. G. 8. ed. Madrid: Pearson Educación S.A., 2002. PROBLEMAS com a teoria calórica. Disponível em: <http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/wbraga/ transcal/pdf/Termo/Calorica.PDF>. Acesso em: 19 ago. 2009. Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Anotações 34 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Anotações 35 Aula 04 Termoquímica e Equilíbrio Anotações 36 << /ASCII85EncodePages false /AllowTransparency false /AutoPositionEPSFiles false /AutoRotatePages /None /Binding /Left /CalGrayProfile (None) /CalRGBProfile (Apple RGB) /CalCMYKProfile (None) /sRGBProfile (sRGB IEC61966-2.1) /CannotEmbedFontPolicy /Error /CompatibilityLevel 1.3 /CompressObjects /Off /CompressPages true /ConvertImagesToIndexed true /PassThroughJPEGImages true /CreateJobTicket true /DefaultRenderingIntent /Default /DetectBlends false /DetectCurves 0.0000 /ColorConversionStrategy /LeaveColorUnchanged /DoThumbnails false /EmbedAllFonts true /EmbedOpenType false /ParseICCProfilesInComments true /EmbedJobOptions true /DSCReportingLevel 0 /EmitDSCWarningsfalse /EndPage -1 /ImageMemory 524288 /LockDistillerParams true /MaxSubsetPct 5 /Optimize false /OPM 1 /ParseDSCComments true /ParseDSCCommentsForDocInfo false /PreserveCopyPage true /PreserveDICMYKValues true /PreserveEPSInfo true /PreserveFlatness true /PreserveHalftoneInfo false /PreserveOPIComments false /PreserveOverprintSettings true /StartPage 1 /SubsetFonts true /TransferFunctionInfo /Remove /UCRandBGInfo /Remove /UsePrologue false /ColorSettingsFile (None) /AlwaysEmbed [ true ] /NeverEmbed [ true ] /AntiAliasColorImages false /CropColorImages true /ColorImageMinResolution 150 /ColorImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleColorImages true /ColorImageDownsampleType /Bicubic /ColorImageResolution 180 /ColorImageDepth -1 /ColorImageMinDownsampleDepth 1 /ColorImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeColorImages true /ColorImageFilter /DCTEncode /AutoFilterColorImages true /ColorImageAutoFilterStrategy /JPEG /ColorACSImageDict << /QFactor 0.76 /HSamples [2 1 1 2] /VSamples [2 1 1 2] >> /ColorImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000ColorACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000ColorImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasGrayImages false /CropGrayImages true /GrayImageMinResolution 150 /GrayImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleGrayImages true /GrayImageDownsampleType /Bicubic /GrayImageResolution 180 /GrayImageDepth -1 /GrayImageMinDownsampleDepth 2 /GrayImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeGrayImages true /GrayImageFilter /DCTEncode /AutoFilterGrayImages true /GrayImageAutoFilterStrategy /JPEG /GrayACSImageDict << /QFactor 0.76 /HSamples [2 1 1 2] /VSamples [2 1 1 2] >> /GrayImageDict << /QFactor 0.15 /HSamples [1 1 1 1] /VSamples [1 1 1 1] >> /JPEG2000GrayACSImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /JPEG2000GrayImageDict << /TileWidth 256 /TileHeight 256 /Quality 30 >> /AntiAliasMonoImages false /CropMonoImages true /MonoImageMinResolution 1200 /MonoImageMinResolutionPolicy /OK /DownsampleMonoImages true /MonoImageDownsampleType /Bicubic /MonoImageResolution 1200 /MonoImageDepth -1 /MonoImageDownsampleThreshold 1.50000 /EncodeMonoImages true /MonoImageFilter /CCITTFaxEncode /MonoImageDict << /K -1 >> /AllowPSXObjects false /CheckCompliance [ /None ] /PDFX1aCheck false /PDFX3Check false /PDFXCompliantPDFOnly true /PDFXNoTrimBoxError false /PDFXTrimBoxToMediaBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXSetBleedBoxToMediaBox true /PDFXBleedBoxToTrimBoxOffset [ 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 ] /PDFXOutputIntentProfile (None) /PDFXOutputConditionIdentifier () /PDFXOutputCondition () /PDFXRegistryName () /PDFXTrapped /False >> setdistillerparams << /HWResolution [2400 2400] /PageSize [1700.700 1133.800] >> setpagedevice
Compartilhar