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CASTELLO, José Aderaldo. A literatura brasileira: origens e unidades. Vol. 1. São 
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999. p. 51-70. 
 
RESENHA CRÍTICA 
 
O texto de Aderaldo Castello fala da produção intelectual do período colonial no 
século XVI, destacando desde a literatura de formação até o Padre José de Anchieta. 
O autor aproveita o assunto e mostra o contexto histórico da época, 
demonstrando as raízes que essa literatura de formação propiciará no Modernismo, no 
Barroco e em outras escolas estilísticas. 
O texto é dividido em quatro partes: a primeira parte é as origens da literatura no 
nosso país; a segunda é a prosa informativo-descritiva; a terceira fala de José de 
Anchieta; e a última identifica o enraizamento desse processo informativo na nossa 
literatura moderna. 
Na primeira parte, Castello destaca o primeiro documento literário, a Carta de 
Pero Vaz de caminha que interliga o que os portugueses pensavam e queriam a respeito 
do "descoberto". 
Nessa literatura buscava o "sentimento nativista" tanto na prosa como na poesia 
(esta não era tão ampla naquela época) no caminho da identidade. Muitas vezes, as 
obras têm o princípio do cumprimento de uma missão humanística de cristianização 
pertinente à Companhia de Jesus motivada pela ilusão do paraíso e pelo impulso da 
ambição. os jesuítas utilizavam essas obras para atividades intelectuais e culturais como 
instrumento pedagógico através do teatro, por exemplo. 
Castello, nessa segunda parte, identifica quatro elementos importantes presentes 
na prosa informativo-descritiva com características de crônica histórica. Dentre elas: a) 
informação da terra "descoberta" e do nativo vivente nela; b) o conjunto de fatores e 
ocorrências que constituem a história da colonização; c) observação da cultura e da 
língua dos nativos para a execução da catequese desde a priori; d) as experiências, 
incluindo impressões e invasões de estrangeiros. 
Nesses elementos que compõem a crônica histórica envolvem os jesuítas, os 
cronistas portugueses, os viajantes e aventureiros estrangeiros. Com o surgimento de 
tantas pessoas interessadas, estranhas e prejudiciais a manutenção do poder da Coroa 
portuguesa, a informação da "descoberta" não foi divulgada, somente bem mais tarde no 
século XIX. 
A Carta de Pero Vaz de Caminha, após ser reconhecida pelos modernistas, 
deixava de ser apenas um documento histórico, pois atribuía, às vezes de forma ingênua, 
a ideia "a visão do paraíso" e destaca os preceitos nativistas. 
As obras dos jesuítas ampliam a dos cronistas portugueses e demonstra os 
objetivos e realizações da Companhia de Jesus no Brasil, a catequese dos índios e o 
ensino, porém, o autor esquece que os jesuítas queriam realizar missões e construir 
cidades e igrejas. 
Os cronistas estrangeiros também pela ambição observavam a terra e o autóctone 
e alguns chegavam a participar de certas invasões na colônia portuguesa. 
Na terceira parte, o autor relata sobre o Padre José de Anchieta bastante 
intelectual, utilizava a poesia épica, a poesia religiosa e o teatro em verso e dialogadas 
de declamação como instrumento pedagógico da catequese. 
Além de ser jesuíta, ele era apóstolo, humanista, cronista, poeta e linguista. Com 
isso, sua obra teve como objetivo a transmissão da fé e dos ensinamentos da Igreja. 
José de Anchieta pressupunha simplicidade de linguagem e de estrutura, e usas 
peças empregavam três a quatro línguas: a língua tupi-guarani, o português, o espanhol 
e o latim para o seguinte público e tema proposto e visado. 
A última parte mostra as cicatrizes deixadas pela influência da produção 
informativo-descritiva que continha nos séculos XVII e XVIII pela frequência de 
atitudes como: a curiosidade e a glorificação da terra como recurso e o processo da 
identificação. 
Observa-se que a nossa literatura moderna há vestígios dessa literatura de 
informação que está presente no poema de Basílio da Gama O Uruguai, as obras do 
Romantismo e do Modernismo, por exemplo. 
Portanto, é essencial conhecemos o processo de colonização e os primórdios da 
literatura de informação, assim conheceremos melhor e quem sabe encontraremos a 
nossa identidade. Por isso, recomendo este texto a pessoas que têm curiosidade de 
conhecer detalhadamente a história do nosso país e até quando ela se relaciona com a 
nossa literatura, pois enquanto não obtivermos a nossa própria identidade pelo menos 
possamos contribuir em procurá-la em nós mesmos.