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Tratamento de águas e abastecimento 2

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Tratamento de Água 
de Abastecimento
D I S C I P L I N A :
CAPÍTULO 2: 
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
2-2
Tratamento de Água de Abastecimento
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2�1 CONCEITOS E FUNCIONAMENTO
Um SAA é composto pelas seguintes partes: 
 6 Manancial: fontes de água superficiais ou subterrâneas 
que são usadas para abastecimento humano.
 6 Captação: é a primeira unidade do sistema de abasteci-
mento de água responsável por coletar de modo adequado 
a água do manancial, também chamada de água bruta.
 6 Adutora: é a tubulação de grande diâmetro usada para 
a condução da água do ponto de captação no manancial 
até a Estação de Tratamento de Água (adutora de água 
bruta), e da Estação de Tratamento de Água até os reser-
vatórios de distribuição (adutora de água tratada).
 6 Estação Elevatória: é o conjunto das instalações e 
equipamentos de bombeamento, destinados a transportar 
a água a pontos mais distantes ou mais elevados, ou para 
aumentar a vazão de linhas adutoras.
 ○ Estação Elevatória de Água Bruta (EEAB): 
transporta água bruta do manancial até a Estação de 
Tratamento de Água
 ○ Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT): 
transporta água tratada da Estação de Tratamento de 
Água até os reservatórios ou pontos mais elevados da 
rede de distribuição.
 6 Estação de tratamento: unidade industrial responsável 
pela purificação da água bruta coletada no manancial, se-
guindo critérios de qualidade especificados na legislação.
 6 Reservatório: grandes caixas de concreto onde fica re-
servada a água após tratamento.
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 6 Rede de distribuição: adutoras, tubulações e en-
canamentos por onde se distribui a água tratada 
para a população.
2.1.1 Manancial
Manancial de abastecimento é qualquer corpo d’água super-
ficial ou subterrâneo utilizado para fins humanos, industriais, ani-
mais ou de irrigação, sendo também uma conceituação de fonte de 
abastecimento de água que pode ser, por exemplo, um rio um lago, 
uma nascente ou poço, proveniente do lençol freático ou do lençol 
profundo. O Brasil está incluído entre os países de maior reserva 
de água doce, ou seja, 13,8% do deflúvio médio mundial, com uma 
disponibilidade hídrica per capita variando de 1.835 m³/hab./ano, 
na bacia hidrográfica do Atlântico Leste, a 628.938 m³/hab./ano, 
na bacia Amazônica. Porém, devido às suas dimensões geográficas 
e diversidade climática, algumas regiões sofrem graves problemas 
de escassez de água, como o Semiárido nordestino. 
A boa qualidade das águas do manancial de abastecimento é 
fundamental para a efetividade do tratamento convencional quan-
to à sua capacidade de tornar a água bruta em potável. Segundo a 
Resolução CONAMA 357/2005, que dispõe sobre a classificação 
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadra-
mento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamen-
to de efluentes, e dá outras providências, as águas de Classe 2 (os 
padrões de qualidade desta classe são definidos no art. 15 
da mesma resolução), dentre os demais usos a que se destinam, 
podem destinar-se ao abastecimento doméstico após tratamento 
convencional. À medida que a qualidade das águas do manancial 
tende a se deteriorar, novas etapas devem ser implementadas ao 
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processo de tratamento para alcançar os padrões de potabilidade 
determinados pela portaria do Ministério da Saúde. Portanto, é 
fundamental proteger o manancial de abastecimento para garantir 
a manutenção da qualidade das águas superficiais e evitar o acrés-
cimo nos custos de tratamento. 
A revitalização de rios, lagos e represas em muitas regiões 
do Brasil, especialmente no Sudeste, pode também promover estí-
mulos econômicos e recuperar o ciclo hidrossocial. Nessas regiões 
impactadas do Sudeste, com um passivo ambiental muito alto, a 
revitalização pode promover geração de emprego e renda, novas 
oportunidades de usos múltiplos e gerar uma indústria de novas 
e promissoras tecnologias para gestão (monitoramento avan-
çado, consultorias, formação de recursos humanos). É 
fundamental, entretanto, promover, em âmbito nacional no Bra-
sil, um conjunto de estudos estratégicos sobre recursos hídricos e 
energia, recursos hídricos e economia, água e saúde humana, água 
e mudanças globais, com a finalidade de promover visões e cená-
rios de longo prazo que estimulem políticas públicas consolidadas.
A importância da preservação do manancial de captação é 
lembrada na Declaração Universal dos Direitos da Água, promul-
gada pela ONU em 1992, em seu artigo 3º. Ela lembra que: “Os 
mecanismos naturais de transformação da água bruta em água 
potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água 
deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimô-
nia.” Deve-se usar as ferramentas da legislação ambiental para ga-
rantir a proteção dos mananciais.
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2.1.2 Captação de água
Os cursos d’água são um espelho de tudo o que se passa na 
bacia hidrográfica, que constitui um ente sistêmico de interação 
das águas com os elementos dos meios físico, biótico, socioeconô-
mico e cultural, incluindo, portanto, tanto os elementos naturais 
quanto às atividades humanas ali existentes. Fisicamente, a bacia 
hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipi-
tação que faz convergir o escoamento hídrico, em geral, para um 
único ponto de saída. Assim, ela se compõe de um conjunto de su-
perfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos 
d’água que confluem até resultar num leito único. Considerando-
-se este fato, tudo o que neste ocorre é consequência das caracterís-
ticas naturais da bacia, das formas de ocupação do território e da 
utilização das águas que para ali convergem.
Entende-se captação de água bruta as estruturas e disposi-
tivos construídos ou montados junto ao local onde pode-se retirar 
a água bruta destinada ao sistema de abastecimento. Em relação à 
captação das águas, alguns pontos devem ser observados:
 6 Na captação de águas superficiais (extração das 
águas nos rios, córregos, represas ou lagos) – Ga-
rantia de suprimento e funcionamento contínuos, inclu-
sive em épocas de estiagem; Localizar-se em ponto de 
maior proteção sanitária contra eventual poluição e aci-
dente com produtos químicos, a fim de garantir a melhor 
qualidade da água bruta.
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 6 Na captação de águas subterrâneas1 (lençol freáti-
co e lençol confinado) – como via preventiva em águas 
presentes em áreas urbanas, sugere-se a implantação de 
redes de coleta de esgotos e de lixo urbano para que não 
comprometa a qualidade de tais águas. 
As captações de água de superfície destinada ao abasteci-
mento humano, mesmo que cercadas de cuidados com a qualidade 
do manancial, estão sujeitas a fatores que comprometem a quali-
dade das águas captadas, tais como: lançamento de esgoto sani-
tário, despejos de resíduos industriais, destinação inadequada de 
lixo, atividade mineradora e presença de resíduos de agrotóxicos. 
Num processo de captação de água, algumas condições devem ser 
analisadas, tais como: 
 6 Quantidade de água: suficiência da vazão em proces-
sos de (não) estiagem, quantidade suficiente para o con-
sumo previsto;
 6 Qualidade da água: livre de poluentes ou contaminan-
tes atendendo as proteções sanitárias adequadas; 
 6 Garantia de funcionamento: evitando-se interrup-
ções imprevistas no sistema e garantia do nível mínimo e 
máximo, evitando-se escassez e inundações. 
1 Como regra geral, a água subterrânea não necessita ser tratada para ser consumida, 
como acontece com as águas dos rios, tendo em vista ser naturalmentefiltrada e puri-
ficada, muito além do que se poderia obter por meio do processo usual de tratamento. 
Como resultado, a utilização do manancial subterrâneo é relativamente muito mais 
barata, sobretudo quando 90% dos esgotos e 70% dos efluentes industriais são lan-
çados sem tratamento nos rios. Portanto, as exigências de qualidade das empresas, 
que estão sendo feitas pelo “Mercado Global” (ISO 9000, ISO 14000), inclusive das 
empresas de saneamento, e a Lei Federal N o. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, re-
presentam boas perspectivas de incremento no uso do manancial subterrâneo para 
abastecimento urbano no Brasil.
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 6 Economia das instalações: menor curso e maior fun-
cionalidade possível. 
 6 Localização: aquela que possibilite o menor percur-
so possível de adução e menores alturas de transposição 
para caminhamento. 
2.1.3 Adutoras
Adução é a etapa onde a água é transportada de uma uni-
dade do sistema à outra. Esse transporte é feito nas adutoras. O 
transporte da água pode dar-se de duas formas: utilizando ener-
gia elétrica ou energia potencial (gravidade). A utilização de uma 
ou de outra forma está intrinsecamente ligada ao relevo da região 
onde se encontra a captação, a ETA e os reservatórios. Sempre que 
possível irá se optar pelo transporte pela gravidade. Assim, caso a 
captação ou a ETA estejam em uma cota superior aos reservató-
rios, far-se-á uso da gravidade para o transporte. Já, nos casos em 
que a ETA ou os reservatórios encontrem-se em uma cota acima 
da captação ou da ETA, é necessário o emprego de equipamen-
to de recalque (conjunto motor-bomba e acessórios). Ainda 
existe a possibilidade, devido ao relevo, da necessidade de utiliza-
ção de adutoras mistas, ou seja, até determinado ponto se utiliza 
a força da gravidade e, daí em diante, emprega-se equipamentos 
de recalque.
As adutoras podem ainda ser classificadas como: 
 6 Adutora por gravidade em conduto livre: nes-
se tipo de adutora, a água escoa sempre em declive, 
mantendo uma superfície livre sob o efeito da pressão 
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atmosférica. Os condutos não funcionam com seção plena 
(totalmente cheios). 
 6 Adutora por gravidade em conduto forçado: nesse 
tipo de adutora, a pressão interna permanentemente supe-
rior à pressão atmosférica permite à água mover-se, quer 
em sentido descendente, quer em sentido ascendente. 
 6 Adutora de recalque: quando, por exemplo, o local da 
captação estiver em um nível inferior, que não possibilite 
a adução por gravidade, é necessário o emprego de equi-
pamento de recalque (conjunto moto-bomba e acessó-
rios). Nesse caso, diz-se que a adução é feita em condutos 
forçados por recalque.
A Figura 2-1 apresenta os tipos de adução aplicados à água 
baseados na linha piezométrica. 
a)
b)
Reservatório
Reservatório
Linha piezométrica coincidente com o nível d’água
Reservatório
Reservatório
Linha piezométrica
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c)
Figura 2-1: Sistemas de adução
(a) gravidade por conduto livre,
(b) gravidade por conduto forçado e
(c) por recalque.
(FONTE: VERAS, 2017)
2.1.4 Estações Elevatórias
As estações elevatórias são partes essenciais dos sistemas 
públicos de abastecimento de água, sendo utilizadas durante todo 
o processo de captação, tratamento, reservação e distribuição de 
água. Elas compreendem o conjunto de edifícios, máquinas, equi-
pamentos e aparelhos necessários para elevação de água, bruta ou 
tratada, de um ponto para outro, com pressão e em quantidade 
adequada, a qualquer momento. 
Para a escolha do local adequado à construção de uma esta-
ção elevatória, devem ser considerados vários aspectos, a exemplo 
dos seguintes:
Reservatório 
intermediário
Estação 
elevatória
Reservatório de 
distribuição
Linha piezométrica (recalque)
Linha piezométrica (gravidade)
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 6 As dimensões do terreno deverão satisfazer às necessida-
des presentes e à expansão futura
 6 Baixo custo e facilidade de desapropriação do terreno
 6 Disponibilidade de energia elétrica
 6 Facilidade de extravasão do esgoto em condições de even-
tuais paralisações dos conjuntos elevatórios
 6 Facilidades de acesso
 6 Menor desnível geométrico
 6 Trajeto mais curto da tubulação de recalque
 6 Influências nas condições ambientais
 6 Harmonização da obra com o ambiente circunvizinho
As estações fornecem energia ao fluído, através das bombas 
hidráulicas, e permitem que ocorra o escoamento de um ponto ao 
outro, sendo possível, assim, vencer distâncias e desníveis. Toda-
via, estas estações estão sujeitas ao desperdício de água e de ener-
gia, por razões como falhas de projeto, formas de operar inadequa-
das, manutenção precária, formas contratuais indevidas ou ainda 
fazendo uso de equipamentos que não otimizam sua operação.
As estações elevatórias são mais utilizadas em sistemas em 
baixa devido às exigências topográficas. Porém, esta situação é 
pouco comum, já que se beneficia da elevação da água pela compo-
nente em alta, de modo a conseguir um sistema em baixa do tipo 
gravítico. Assim, são minimizados custos relacionados ao projeto, 
concepção e exploração. Nos subcapítulos seguintes são descritos 
os principais constituintes de um SAA.
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2.1.5 Estações de Tratamento
As Estações de Tratamento de Água (ETA’s) têm a finali-
dade de transformar a água denominada bruta (sem tratamen-
to e imprópria ao consumo humano) em água denominada 
potável (tratada e adequada ao consumo humano). Nesse 
processo, a qualidade da água do manancial abastecedor exerce in-
fluência direta no tipo de tratamento a ser adotado pelas ETA’s, 
a fim de que a mesma, ao final do processo, esteja dentro dos pa-
drões de potabilidade adequados ao consumo humano, conforme 
legislação específica. 
A NBR 12216:1992 fornece diretrizes e estabelece valores 
para o dimensionamento de estações de tratamento de água po-
tável para abastecimento público. Ela faz referência aos seguintes 
processos hidráulicos: mistura rápida, mistura lenta, decantação, 
filtração rápida e filtração lenta. Para cada um desses processos 
hidráulicos, a norma define diversos valores de parâmetros e de 
dimensões que devem ser respeitados, como forma de otimizar a 
operação da ETA. Porém, caso sejam realizados testes em labo-
ratórios que comprovem que os resultados encontrados experi-
mentalmente são mais eficientes, é possível a não utilização dos 
parâmetros definidos na norma. Além disso, a mesma NBR define 
e fornece diretrizes de outros processos do tratamento convencio-
nal, como a desinfecção, coagulação e correção de pH. 
Para realizar o tratamento completo da água, a mesma deve 
passar por diversos procedimentos nos quais eventuais falhas po-
dem ocorrer, resultando em custos operacionais. Assim, o trata-
mento de água é dividido nas seguintes etapas: Antes do tratamen-
to: comprometimento dos mananciais, necessidade de busca de 
mananciais mais distantes exigindo maior consumo de energia, in-
fraestrutura para adução, bombeamento, entre outros. Durante o 
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tratamento: consumo de produtos químicos, controle operacional, 
perda de água, consumo de energia elétrica e geração de resíduos. 
Após o tratamento: qualidade da água tratada, análise de resíduos 
gerados e seu destino final. O controle de qualidade em cada etapa 
possibilita à estação de tratamento de água (ETA) atender a crité-
rios de qualidade e legislações pertinentes.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo– SABESP (Figura 2-2) é uma sociedade anônima de economia 
mista fundada em 1973 e atualmente é responsável pelo forneci-
mento de água, coleta e tratamento de esgotos de 367 municípios 
do Estado de São Paulo. Ela é considerada uma das maiores em-
presas de saneamento do mundo em população atendida. São 27,7 
milhões de pessoas abastecidas com água e 21,4 milhões de pesso-
as com coleta de esgotos.
Figura 2-2: Foto da Sabesp
(Fonte: www.sabesp.com.br)
No Brasil, a legislação que regulamenta o padrão de potabi-
lidade de água para consumo humano é a Portaria nº 2.914, de 12 
de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde. Esta Portaria “es-
tabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao con-
trole e vigilância da qualidade da água para consumo humano 
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e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências”. Adicio-
nalmente, tem-se o Decreto nº 5440, de 04 de maio de 2005, da 
Presidência da República. Este decreto “estabelece as definições 
e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de siste-
mas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para 
divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da 
água para consumo humano”. Por meio deste Decreto, os dados 
relativos à qualidade da água tratada e distribuída são disponibili-
zados à população sob a forma de um relatório anual denominado 
“Relatório Anual da Qualidade da Água”.
2.1.6 Reservatórios
São unidades destinadas a compensar as variações horárias 
de vazão. Os reservatórios de distribuição nas redes de água potável 
(Figura 2-3) destinam-se a garantir a quantidade de água necessá-
ria para atender as variações de consumo. Eles evitam interrupções 
do fornecimento de água, no caso de acidentes no sistema da adu-
ção, na estação de tratamento e em certos trechos do sistema de dis-
tribuição, além de oferecerem maior segurança ao abastecimento, 
quando a demanda de emergência se destina a combate de incêndio.
Figura 2-3: Foto de um reservatório de distribuição nas redes de água potável
(Fonte: https://www.passeidireto.com/arquivo/48330936/
rede-de-distribuicao-de-agua)
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Segundo a Fundação Nacional de Saúde (2001), os reser-
vatórios são sempre um ponto fraco no sistema de distribuição de 
água. Para evitar sua contaminação, é necessário que sejam pro-
tegidos com estrutura adequada, tubo de ventilação, impermeabi-
lização, cobertura, sistema de drenagem, abertura para limpeza, 
registro de descarga, ladrão e indicador de nível.
Reservatórios não produzem água, portanto é importante 
entender o momento de sua construção para não gerar falsas ex-
pectativas e desperdício de recursos erroneamente. Dependendo 
da sua configuração em relação à rede de distribuição, podem ser 
classificados como enterrados, semienterrados, apoiados, eleva-
dos, de montante e/ou de jusante. Em relação ao seu dimensiona-
mento, devem respeitar as seguintes condições: 
 6 Funcionar como volantes de distribuição, atendendo à va-
riação horária do consumo;
 6 Assegurar uma reserva de água para combate a incêndios;
 6 Manter uma reserva para atender a condições de emer-
gência (acidentes, reparo nas instalações, interrupções da 
adução e outras);
 6 Manutenção de pressão na rede de distribuição.
A Tabela 2-1 apresenta as especificações mais importantes 
de um reservatório em relação às suas cotas de níveis característicos:
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Tabela 2-1: Especificações mais importantes de um reservatório em relação 
às suas cotas de níveis característicos
Tipo de Nível Características
Nível d’água mínimo 
operacional
É o nível mínimo necessário para a operação adequa-
da do reservatório. Normalmente este nível é definido 
acima do limite superior da estrutura de tomada 
d’água (tomada d’água para casa de força, por exem-
plo) de modo a evitar a formação de vórtices nesta 
entrada e evitar o ingresso de ar no conduto forçado
Volume morto Corresponde à parcela do volume total do reservatório 
inativa ou indisponível para fins de captação de água. 
Corresponde ao volume do reservatório compreendi-
do abaixo nível mínimo operacional.
Nível d’água máximo 
operacional
Corresponde ao nível máximo permitido para opera-
ção normal do reservatório (sem vertimento). Este 
nível normalmente corresponde à cota da crista do 
vertedor ou à borda superior das comportas vertedor. 
Este nível define o limite máximo do volume útil do 
reservatório.
Volume útil É o volume disponível para operação do reservatório, 
ou seja, ao atendimento das diversas demandas de 
água, sendo este volume compreendido entre os 
níveis máximo e mínimo de operação do reservatório.
Volume de espera É o volume para controle de cheias. Corresponde à 
parcela do volume útil do reservatório destinada ao 
amortecimento de ondas de cheia, visando ao aten-
dimento das restrições de vazão à jusante do barra-
mento. Estas restrições são, em geral, adotadas em 
função da capacidade de escoamento do canal à ju-
sante e pelo não comprometimento de infraestruturas 
existentes, como pontes, rodovias ou áreas urbanas 
em zonas de inundação. O volume de espera pode ser 
variável de acordo com a época do ano, uma vez que 
a probabilidade de ocorrência de vazões intensas varia 
ao longo do ano.
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Tipo de Nível Características
Nível d’água máximo 
maximorum
Corresponde à sobrelevação máxima do nível d’água, 
medida a partir do máximo operacional, disponível 
para a passagem de cheias. Esta sobrelevação con-
siste em um free-board definido entre o nível da crista 
do vertedor e da crista do barramento que garante 
que as ondas formadas pela ação dos ventos não 
passem por sobre o barramento, fato este que poderia 
ser danoso à estrutura.
2.1.7 Redes de Distribuição
Diferente das unidades localizadas, as redes de distribuição 
de água são compostas por tubulações, conexões, válvulas e hi-
drantes, que abrangem toda a área do sistema de abastecimento 
e funcionam como elemento logístico do sistema encarregado da 
distribuição em escala ininterrupta. Sua função é a distribuição de 
água potável para cada usuário do sistema, geralmente por con-
duto forçado. Ou seja, onde a água é conduzida à seção plena e 
sob pressão maior que a atmosfera e considerando-se que todos os 
seus componentes devem ter resistência suficiente para suportar 
as pressões internas estáticas, dinâmicas e ocasionadas por transi-
tórios hidráulicos operacionais, além dos esforços externos devido 
ao peso do solo sobre a tubulação e carga de veículos na superfície.
A partir desta rede geral, são alimentados, por meio de ra-
mais de ligação (define-se ramal de ligação como a tubula-
ção que assegura o abastecimento predial de água, desde 
a rede pública até ao limite da propriedade a servir), os 
diversos edifícios ou instalações.
Em relação à rede de distribuição, distinguem-se 
dois tipos de condutos:
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 6 Os condutos principais, também chamados troncos ou 
mestres, são as canalizações de maior diâmetro respon-
sáveis pela alimentação dos condutos secundários. A eles 
interessa, portanto, o abastecimento de extensas áreas. 
 6 Os condutos secundários, de menor diâmetro, são os que 
estão imediatamente em contato com os prédios a abaste-
cer e cuja alimentação depende diretamente deles. 
A área servida por um conduto deste tipo é restrito e está nas 
suas vizinhanças. O traçado dos condutos principais deve 
tomar em consideração, de preferência:
 6 Ruas sem pavimentação;
 6 Ruas com pavimentação menos onerosa;
 6 Ruas de menor intensidade de trânsito;
 6 Proximidadede grandes consumidores;
 6 Proximidade das áreas e de edifícios que devem ser prote-
gidos contra incêndio.
As redes de distribuição são formadas por dois tipos 
de canalizações:
 6 Principal: São as canalizações de maior diâmetro que 
tem a finalidade de levar água às canalizações secundá-
rias. Estas canalizações também são conhecidas como ca-
nalização mestra ou conduto tronco.
 6 Secundária: São as canalizações de menor diâmetro e 
tem a finalidade de abastecer os pontos de consumo no 
sistema de distribuição.
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Com característica do tipo de traçado destes condu-
tos, classifica-os como:
 9 Rede ramificada: Esta configuração é característica de 
áreas que possuem um desenvolvimento linear em que as 
ruas não se conectam entre si devido a problemas na to-
pografia local ou de traçados urbanos. Estas redes podem 
ter traçados do tipo “espinha de peixe” ou “em grelha”. A 
Figura 2-4 apresenta esses tipos de traçados.
 9 Rede malhada: Esta configuração de rede é típica de 
áreas com ruas formando malhas viárias. As tubulações 
principais formam blocos ou anéis, permitindo o abaste-
cimento do sistema por mais de um caminho, favorecen-
do a manutenção na rede com o mínimo possível de inter-
rupção no abastecimento de água.
 9 Rede mista: a rede mista nada mais é do que a combina-
ção da rede ramificada com a rede malhada.
Rede em Grelha Rede Espinha de Peixe
Figura 2-4: Tipos de traçados aplicados às redes de distribuição.
(Fonte: Autor)
A Figura 2-5 apresenta os tipos de redes aplicados ao proces-
so de distribuição de água.
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Figura 2-5: Tipos de redes aplicados ao processo de distribuição de água
(Fonte: https://www.eosconsultores.com.br/sis-
tema-de-distribuicao-de-agua/ 2021)
Sob o ponto de vista hidráulico, nas redes de distribuição de 
água malhadas, o escoamento é bidirecional, enquanto que nas 
redes ramificadas é, normalmente, unidirecional, salvo se existir 
mais do que um ponto de alimentação do sistema (reservatório 
ou estação elevatória). Nas redes mistas, o escoamento é, si-
multaneamente, bidirecional e unidirecional.
Os volumes de água perdidos em um determinado espaço de 
tempo, ou seja, a Vazão (Q) no sistema de distribuição de água é 
uma função da raiz quadrada da carga hidráulica (H), ou seja, Q=-
f(H½) (Equação 2-1), no caso de tubulações rígidas. No caso de 
tubulações plásticas, a função é praticamente linear.
As perdas de água se configuram também como um grave 
problema ambiental, onde medidas urgentes devem ser tomadas 
no sentido de minimizar tais perdas, na tentativa de evitar proble-
mas futuros de disponibilidade hídrica. 
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Sanea-
mento - SNIS (2015), atualmente, o Brasil tem, em média, perda 
de 37% a 42% de água tratada em seus sistemas de abastecimento, 
um índice consideravelmente acima do adequado. Ciente disso, o 
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Plano Nacional de Saneamento, em junho de 2013, definiu que o 
país diminua esse índice de perdas na distribuição de água para 
31% até 2033. 
Se forem comparados a outros países, como a Alemanha e 
o Japão, que tem este índice de apenas 11%, ou a Austrália, que 
passou por um período histórico de secas e atualmente apresenta 
16% de perda, o objetivo do Brasil é muito modesto. A manutenção 
correta do sistema de distribuição de água é um investimento alto e 
de longo prazo que interfere de forma direta em uma conta de água 
menos custosa para o consumidor e benefícios futuros imensos.