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POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE Abbas, Lichtman e Pillai (2012) trazem que o sistema imunológico é um dos sistemas corporais mais complexos do organismo humano. Ele é formado por uma rede integrada de órgãos, células e moléculas que respondem a estímulos nocivos, os quais causam descompensação fisiológica, sistêmica ou orgânica. Essas respostas têm por objetivo retomar o equilíbrio e proteger o organismo, reestabelecendo a homeostase. SISTEMA IMUNOLÓGICO: CONSTITUINTES E FUNCIONALIDADES: Formação: ação coordenada de órgãos, tecidos, células e moléculas frente à uma descompensação seja ela exógena ou endógena. A resposta imunológica é dividida em dois tipos: IMUNIDADE INATA: Primeira barreira frente a antígenos (molécula, partícula ou ser vivo capaz de desencadear respostas imunológicas). Essa primeira barreira é composta por 3 barreiras: • As barreiras mecânicas (por exemplo a presença do epitélio, “a ocorrência de junções celulares fortes que dificultam a permeabilidade de antígenos e a movimentação de cílios, muco e secreções que carregam as partículas antigênicas e impedem sua entrada); • As barreiras químicas (como a ação de enzimas antimicrobianas); • As barreirar biológicas (contam com a ação da microbiota natural, que pode produzir substâncias de controle de patógenos, como toxinas; ou regular a proliferação de outros microrganismos devido a mecanismos de competição (abbas; lichtman; pillai, 2012)). Macrófagos, neutrófilos, células dendríticas, células NK, mastócitos, basófilos e eosinófilos também fazem parte da resposta inata. SISTEMA IMUNE E PROCESSOS INFLAMATÓRIOS POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE O sistema imune nato ainda conta com a ação do sistema complemento (SC), constituído por proteínas plasmáticas. Esse sistema é formado por cerca de 20 tipos de glicoproteínas plasmáticas, as quais são produzidas pelo fígado, pelos macrófagos e pelos fibroblastos (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). A ativação das vias do sistema complemento induz uma ação proteolítica e em cascata, com diversas reações bioquímicas que culminam no desenvolvimento de resposta inflamatória e formação de complexos que atacam a membrana da célula-alvo. Atua, assim, na lise dos agentes infecciosos (FORTE, 2015). Sistema complemento age tanto na via inata quanto na adaptativa IMUNIDADE ADAPTATIVA/IMUNIDADE ADQUIRIDA: Esse tipo de resposta passa por alterações ao longo da vida. Diferente da resposta inata (se mantém qualitativa e quantitativamente antes e após a exposição à antígenos), a imunidade adquirida não existe previamente à exposição, passando a ser notada apenas após ela. Essa resposta é responsável pela criação de “memória” imunológica, criando anticorpos e células de memória que posteriormente reconhecerão o antígeno de modo mais rápido e eficiente. As células que formam a resposta imunológica adquirida são os linfócitos B e linfócitos T. Essas células possuem receptores especializados no reconhecimento de antígenos e são muito importante na imunidade de memória (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). As células tronco pluripotentes dão origem a células do tipo progenitoras mieloides e linfoides. As progenitoras linfoides dão origem aos linfócitos B e T, bem como às células NK. As células imaturas de linfócito T migram para o timo para sua maturação, ao passo que as células imaturas de linfócito B permanecem na medula óssea. Quando maturadas, migram pela circulação sanguínea até os órgãos linfoides secundários (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). Linfócitos B: responsáveis pela imunidade humoral, através da produção de anticorpos (feitos após o reconhecimento de antígenos e da ativação da diferenciação das células B). Resposta humoral: “dividida em duas fases: primária e secundária. A resposta primária ocorre pelo contato inicial com o antígeno, ativando a proliferação e diferenciação de células B com a secreção de imunoglobulinas IgM. Ao término dessa fase, ocorre a produção de LB de memória. A fase secundária ocorre com a segunda exposição ao antígeno, em que a célula LB de memória é ativada mais rapidamente, proliferando-se, e as imunoglobulinas secretadas são do tipo IgG, chamada de imunoglobulina da imunidade adquirida” (MURPHY, 2014) Linfócitos T: formados pelas células pré-T, onde após o seu processo de maturação seguem para medula e posteriormente para a circulação. Esses linfócitos reconhecem apenas os antígenos de células apresentadoras de antígenos, levando ao desencadeamento da diferenciação das células T de células T-efetoras, que irão desenvolver o ataque ao patógeno. “Elas têm como principal característica a presença de uma capacidade efetora, que ativa a produção de diversos tipos e subtipos celulares a partir de mecanismos que incluem a produção de citocinas. Os principais subtipos de linfócitos T são três: • Os linfócitos T auxiliares (lth) atuam na estimulação da proliferação de leucócitos para o reconhecimento de antígenos, coordenando a resposta imunológica pela secreção de citocinas, na diferenciação de células B em plasmócitos, ativação de células T citotóxicas e efetividade de células fagocitárias. (MURPHY, 2014); • Os linfócitos T citotóxicos (ltc) atuam na produção de proteínas com capacidade citotóxica, que se POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE ligam a células comprometidas e induzem à morte celular (apoptose); • Os linfócitos T supressores (lts) atuam no término da resposta humoral, auxiliando na produção de anticorpos.” Esses linfócitos podem atuar juntos, maximizando a resposta imunológica. AÇÃO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO: A primeira resposta imune que é ativada quando o corpo é exposto a algum invasor é a inata, mas, nem sempre é efetiva e o vírus, por exemplo, consegue enganar a barreira primária e se aprofundar nas células do organismo. Quando isso acontece, os vírus injetam seu material genético e reprogramam a célula, assegurando sua replicação e causando morte celular. Nesse momento, o sistema imune adaptativo inicia o processo de reconhecimento de antígenos virais que são apresentados pelas células apresentadoras aos linfócitos T e B. Os linfócitos B identificam o antígeno, criando um anticorpo para o vírus em questão; ao passo que o linfócito T atua diretamente no controle da proliferação das células infectadas, direcionando-as para a morte celular (FORTE, 2015). POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE CASO: O sistema imune deve estar em harmonia com o organismo. Em casos de redução da resposta imune, há desenvolvimento de fisiopatologias de supressão imunológica, deixando o organismo exposto a patógenos. Já em situações de aumento exacerbado da resposta imune, há risco de ataque a células e tecidos saudáveis, comprometendo a fisiologia dos sistemas orgânicos. A patologia associada à redução da efetividade do sistema imunológico é chamada de imunossupressora. Uma etiologia clássica de indivíduos imunossuprimidos é a infecção por HIV. Este tem a capacidade de infectar linfócitos T (CD4+) injetando seu material genético para reprogramação dessa célula tão importante para a defesa imunológica. Assim, há redução da atividade das células T, comprometendo a sistemática da imunidade do indivíduo. Um exemplo de patologia associada ao aumento da resposta imune são as chamadas doenças autoimunes, como o Lúpus. Neste, o sistema imune ataca células saudáveis, criando lesões nos tecidos. É como se reconhecesse o próprio organismo como um agente invasor. O resultado é um quadro inflamatório de tecidos generalizado que, em casos graves, pode levar ao óbito. PROCESSO INFLAMATÓRIO: Definição: resposta dinâmicado organismo frente a lesões, agressões e patógenos, sendo essencial para sobrevivência do organismo e um importante mecanismo dos sistemas corporais. Os sinais apresentados diante de um processo inflamatório são chamados de “sinais cardinais”, e são: edema, calor, rubor, dor e perda de funçõ9a. Guyton (2011) complementa mencionando que: • Os edemas são resultado da infiltração leucocitária e do acúmulo de líquidos; • O calor é a resposta ao aumento da pressão sanguínea; • O rubor é a resposta à ocorrência de vasodilatação; • A dor se dá devido à ativação de nociceptores locais; • A perda de função está relacionada a fenômenos fisiopatológicos e alterações sistêmicas ou orgânicas. As inflamações passam por diversas fases, sendo elas: “Fase irritativa: Há o início da liberação das células mediadoras e moléculas que irão dar o primeiro passo para o processo inflamatório completo. Fase vascular: Ocorre a alteração da vascularização no local da agressão. Fase exsudativa: Ocorre a migração de líquidos e células para o local da inflamação, formando o exsudato celular fluído com moléculas plasmáticas. Fase degenerativa-necrótica: As células comprometidas entram em fase de morte celular e necrose. Fase reprodutiva-reparativa: Há o reparo tecidual e efetiva remoção do agente agressor.” Além disso, o processo detalhado das inflamações depende do tipo de mecanismo à ela associado, podendo ser classificadas em: INFLAMAÇÃO AGUDA: Iniciada logo após a inflamação e apresenta um curto período de duração (varia de minutos a poucos dias). “Nessa fase, há uma exsudação fluídica e de proteínas do plasma, com migração leucocitária dos vasos para o interstício, em que ocorre o acúmulo de neutrófilos, majoritariamente; e outros leucócitos em menor quantidade. Vale lembrar que os neutrófilos são células do sistema imune nato. Tratam-se das primeiras respostas imunes a surgir após uma lesão ou infecção. Eles predominam na fase inicial e, nas primeiras 24 horas, há a ação de células dendríticas e macrófagos, com secreção de citocinas e quimiocinas. Estas, por outro lado, são moléculas sinalizadoras que regulam e ativam o POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE processo imunológico, tanto inato quanto adaptativo. Após 48 horas, há o predomínio de monócitos (FORTE, 2015). O tipo de agente causal da inflamação influencia o tipo de resposta celular. Em casos de infecções por microrganismos, por exemplo, há predomínio de linfócitos e plasmócitos, além dos monócitos e macrófagos” (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). INFLAMAÇÃO CRÔNICA: É uma reação de longo período (duração variada entre semanas ou meses). Esse tipo de infecção permanece ativa e em constante processo de reparo e renovação tecidual. “Ela pode ser desencadeada por patologias do sistema imunológico, como doenças autoimunes, presença de corpos estranhos e infecciosos persistentes ou exposição prolongada a agentes tóxicos, tanto exógenos, como toxinas ou radiação; quanto endógenos, como estresse metabólico (GUYTON, 2011). Em uma inflamação crônica, há presença de macrófagos M1 e M2, chamados de pró e anti- inflamatório, respectivamente; células dendríticas; linfócitos T e B; células NK; plasmócitos; mastócitos; e eosinófilos (MURPHY, 2014). Entre os processos característicos das inflamações crônicas, destaca-se a presença de constante destruição do tecido por necrose e degeneração, bem como mecanismos de reparo com ocorrência de fibrose e formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese), objetivando a regeneração ou cicatrização dos tecidos. De acordo com Abbas, Lichtman e Pillai (2012), as inflamações crônicas podem ser do tipo granulomatosa ou não granulomatosa, com ocorrência ou não de granulomas. Estes são respostas do sistema imune, com o agrupamento de macrófagos e outras células ao redor do agente estranho”. O processo inflamatório tem fim quando há a solução ou remoção do agente causador. Em inflamações agudas a remoção é mais difícil e nas inflamações crônicas o processo pode ser controlado ou sessado, mas o agente causador é persistente. O processo de controle e cura das inflamações está relacionado aos mecanismos de reparo tecidual. Um deles é o de cicatrização. Conforme Guyton (2011) e Murphy (2014), a cicatrização ocorre em patologias com danos teciduais complexos e extensos e há formação de tecido conjuntivo fibroso em substituição ao tecido lesionado.” O processo é dividido em três etapas: • “A etapa inflamatória, há liberação de substâncias vasoconstritores com estímulo de fatores de coagulação e recrutamento de neutrófilos e macrófagos que protegem a região da entrada de agentes infecciosos, enquanto se acumulam plaquetas, colágeno e trombinas na região lesionada, com intensa deposição de componentes da Matriz Extracelular (MEC). • Na etapa proliferativa ocorre epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e depósito de colágeno. Inicialmente, nas duas primeiras fases, temos a migração de células epiteliais e endoteliais ao local lesionado, com extensa formação de novos capilares sanguíneos. Depois, há uma ruptura da membrana basal dos vasos locais e indução de novos vasos a partir de sua parede. No final, ocorre o acúmulo de fibroblastos e células endoteliais, formando o tecido granuloso. Os fibroblastos são ativados para produção de colágeno tipo I e transformados em miofibroblastos, que contraem a ferida. O colágeno forma uma matriz para suporte do crescimento do novo tecido. • Na etapa de remodelamento, por fim, ocorre a troca do tecido granuloso por tecido cicatricial, que é formado por fibras elásticas, colágeno e fibroblastos fusiformes. Nessa fase, há degradação dos componentes da Matriz Extracelular (MEC) por enzimas.
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