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Técnicas de Pesquisa e Entrevista Jornalística

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Prévia do material em texto

Indaial – 2022
Jornalística
Prof.ª Camila Maurer 
1a Edição
técnicas de Pesquisa 
e entrevista 
Elaboração:
Prof.ª Camila Maurer 
Copyright © UNIASSELVI 2022
Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
M453t
Maurer, Camila
 Técnicas de pesquisa e entrevista jornalística. / Camila Maurer – 
Indaial: UNIASSELVI, 2022.
 166 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-770-9
 ISBN Digital 978-65-5663-771-6
 1. Método jornalístico. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 70172
Caro acadêmico, bem-vindo ao livro Técnicas de Pesquisa e Entrevista 
Jornalística! A partir do estudo deste conteúdo, você será capaz de compreender 
algumas etapas importantes do método jornalístico, o qual garante, à sociedade, 
informação relevante e confiável. 
Na Unidade 1, estudaremos a apuração e a pesquisa jornalísticas. Você entenderá 
como os jornalistas apuram e checam as informações antes de publicá-las e onde 
buscam dados para corroborar com esses relatos. Também, abordaremos um elemento 
importante para o planejamento do trabalho jornalístico: a pauta. Ela serve como um 
roteiro para a prática da reportagem e é muito importante para otimizar recursos 
humanos e materiais. Ainda, na Unidade 1, você conhecerá alguns instrumentos e 
ferramentas que auxiliam o trabalho cotidiano do jornalista, como manuais de redação, 
obras de referência e ferramentas de busca avançada on-line. 
Na Unidade 2, aprofundar-nos-emos no estudo a respeito das fontes de 
informação. Você conhecerá os tipos de fontes aos quais os jornalistas recorrem para 
construir relatos, e aprenderá onde e como encontrá-las. Analisaremos, ainda, a 
importância da pluralidade de vozes no jornalismo e os problemas causados pelo uso 
excessivo de fontes oficiais nas narrativas jornalísticas. Por fim, abordaremos algumas 
questões práticas e éticas que abarcam o relacionamento entre os jornalistas e as fontes. 
A Unidade 3 será, inteiramente, dedicada à principal técnica do método 
jornalístico: a entrevista. Você conhecerá os tipos de entrevistas utilizados pelos 
jornalistas, as diferenças e as funções de cada uma delas no processo de apuração. 
Ainda, elencaremos as melhores técnicas para ser realizada uma boa entrevista e a 
importância de elaborar boas perguntas, dentre outros aspectos técnicos. 
Esperamos que este livro seja mais um passo bem-sucedido na sua caminhada 
rumo ao conhecimento a respeito do jornalismo e que as concepções e as técnicas 
aprendidas, aqui, acompanhem-no durante toda a sua carreira como jornalista. 
Bons estudos!
Prof.ª Camila Maurer 
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - PESQUISA JORNALÍSTICA .............................................................................. 1
TÓPICO 1 - APURAÇÃO E CHECAGEM ..................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 APURAÇÃO E CHECAGEM: O CORAÇÃO DO MÉTODO JORNALÍSTICO ...........................3
2.1 A QUESTÃO DA VERDADE NO JORNALISMO ..................................................................................4
2.2 MÉTODO JORNALÍSTICO.....................................................................................................................4
2.3 INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO JORNALISTA ........................................................................7
2.4 A IMPORTÂNCIA DE ESTAR BEM-INFORMADO ........................................................................... 10
3 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO ......................................................................................10
4 FACT CHECKING: FENÔMENO CONTEMPORÂNEO ......................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................18
TÓPICO 2 - PAUTA JORNALÍSTICA ..................................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21
2 O QUE É A PAUTA? ............................................................................................................ 21
2.1 TIPOS DE PAUTA .................................................................................................................................222.1.1 Pautas quentes ...........................................................................................................................23
2.1.2 Pautas frias .................................................................................................................................25
2.1.3 Pautas especiais ........................................................................................................................26
2.2 PAUTAS DE ASSESSORIAS DE IMPRENSA ................................................................................... 27
2.3 REUNIÃO DE PAUTA ........................................................................................................................... 27
3 MODELOS E FORMATOS DE PAUTA ................................................................................ 29
3.1 DE ONDE SURGEM AS IDEIAS DE PAUTA? ....................................................................................31
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 34
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 35
TÓPICO 3 - FERRAMENTAS PARA APURAÇÃO E PESQUISA JORNALÍSTICAS ...............37
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................37
2 DESAFIOS DA PESQUISA JORNALÍSTICA .......................................................................37
2.1 MANUAL DE REDAÇÃO ......................................................................................................................38
3 FERRAMENTAS ON-LINE PARA JORNALISTAS ............................................................. 40
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 46
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 52
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 55
UNIDADE 2 — FONTES DE INFORMAÇÃO............................................................................57
TÓPICO 1 — PRINCIPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA ...............................59
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................59
2 FONTES DE INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA .....................................................................59
2.1 HISTÓRICO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO ..................................................................................61
2.2 TIPOS DE FONTES ...............................................................................................................................61
2.2.1 Identificando as fontes.............................................................................................................66
2.3 O QUE DIZEM OS MANUAIS DE REDAÇÃO ................................................................................... 67
2.4 FONTE OFF THE RECORD ................................................................................................................68
2.5 A QUESTÃO DO INTERESSE ...........................................................................................................70
2.5.1 Profissionalização das fontes ..................................................................................................71
2.6 ERROS DA IMPRENSA NO USO DAS FONTES .............................................................................. 72
3 COMO COMEÇAR SUA AGENDA DE FONTES ...................................................................74
3.1 DICAS PRÁTICAS PARA ENTRAR EM CONTATO COM AS FONTES........................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................76
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 77
TÓPICO 2 - PLURALIDADE DE VOZES NO JORNALISMO ..................................................79
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................79
2 PLURALIDADE DE VOZES E QUALIDADE DA INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA ...................79
2.1 JORNALISMO DECLARATÓRIO ........................................................................................................ 80
2.2 OFICIALISMO ........................................................................................................................................82
3 REPRESENTATIVIDADE NO JORNALISMO ..................................................................... 83
4 DICAS PRÁTICAS PARA AMPLIAR A AGENDA DE FONTES ........................................... 86
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 88
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 89
TÓPICO 3 - RELACIONAMENTO ENTRE JORNALISTAS E FONTES ................................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 91
2 ASPECTOS GERAIS DO RELACIONAMENTO ENTRE JORNALISTAS E FONTES ............ 91
2.1 DICAS PARA ESTREITAR O RELACIONAMENTO COM AS FONTES ..........................................93
3 QUESTÕES ÉTICAS NO RELACIONAMENTO ENTRE JORNALISTAS E FONTES ........... 94
3.1 RELACIONAMENTO COM ASSESSORIAS DE IMPRENSA ............................................................95
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................105
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................106
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................108
UNIDADE 3 — ENTREVISTA JORNALÍSTICA .....................................................................111
TÓPICO 1 — CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS ............................................................... 113
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 113
2 ASPECTOS GERAIS DA ENTREVISTA JORNALÍSTICA ................................................. 113
2.1 TIPOS DE ENTREVISTA ......................................................................................................................115
2.1.1 Entrevistas geradoras de matéria jornalística ....................................................................115
2.1.2 Entrevistas quanto aos entrevistados ................................................................................116
2.1.3 Entrevistas quanto aos entrevistadores............................................................................. 117
2.1.4 Entrevistas quanto ao conteúdo ..........................................................................................118
3 ENTREVISTA COMO GÊNERO ........................................................................................ 119
3.1 ENTREVISTAS NA TELEVISÃO .........................................................................................................121
3.2 AS PÁGINAS AMARELAS DE VEJA ............................................................................................... 124
4 ENTREVISTAS HISTÓRICAS DA IMPRENSA BRASILEIRA ............................................125RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................129
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................130
TÓPICO 2 - PREPARAÇÃO E PLANEJAMENTO ................................................................133
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................133
2 A IMPORTÂNCIA DE ESTAR PREPARADO ......................................................................133
2.1 COMO PLANEJAR UMA ENTREVISTA .......................................................................................... 134
3 COMO ELABORAR AS PERGUNTAS DE UMA ENTREVISTA.......................................... 140
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 144
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................145
TÓPICO 3 - TÉCNICAS DE ENTREVISTA ...........................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................149
2 O QUE DEFINE UMA BOA ENTREVISTA .........................................................................149
3 COMO CONDUZIR UMA ENTREVISTA............................................................................. 151
3.1 ENTREVISTAS PARA RÁDIO E TV ................................................................................................... 153
3.1.1 Preparação para a entrevista ................................................................................................ 155
3.1.2 Durante a entrevista ............................................................................................................... 155
3.1.3 Entrevistas por aplicativos de mensagens ...................................................................... 157
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................159
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................163
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................164
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................166
1
UNIDADE 1 -
PESQUISA JORNALÍSTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• identifi car as etapas dos processos de apuração e checagem jornalísticas;
• aplicar as técnicas de apuração e de checagem jornalísticas;
• distinguir as funções e os elementos da pauta jornalística;
• localizar e usar ferramentas para a pesquisa jornalística.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – APURAÇÃO E CHECAGEM
TÓPICO 2 – PAUTA JORNALÍSTICA
TÓPICO 3 – FERRAMENTAS PARA APURAÇÃO E PESQUISA JORNALÍSTICAS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
APURAÇÃO E CHECAGEM
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, no Tópico 1, estudaremos a lógica do que chamamos de método 
jornalístico. Os processos de apuração e de checagem são elementos centrais desse 
método e têm a função primordial de garantir que todas as informações que constam no 
conteúdo jornalístico sejam verdadeiras, isto é, correspondentes com a realidade dos fatos. 
Neste tópico, você entenderá a importância do rigor no método jornalístico, 
tendo em vista que uma informação publicada, de forma equivocada, pode causar 
danos à sociedade. Por isso, abarcaremos a questão da verdade no jornalismo, que é o 
objetivo final dos processos de apuração e checagem. 
Falaremos dos aspectos técnicos do método jornalístico: que instrumentos o 
jornalista precisa ter à disposição para realizar uma boa apuração, por onde começar, 
onde e como encontrar dados para embasar os relatos, e como usar a Lei de Acesso 
à Informação como recurso para fornecer, à sociedade, informações relevantes e de 
interesse público.
Disponibilizaremos as principais características e funções do fact checking, um 
movimento contemporâneo que se dedica a checar fatos já publicados ou afirmações 
proferidas por autoridades públicas. Entenderemos em que contexto esse movimento 
se localiza e refletiremos a respeito das potencialidades do combate à desinformação, 
um dos maiores desafios que o jornalismo contemporâneo precisa enfrentar. 
Vamos lá?! 
2 APURAÇÃO E CHECAGEM: O CORAÇÃO DO MÉTODO 
JORNALÍSTICO
O objetivo primeiro do método jornalístico é encontrar a verdade dos fatos, e 
isso só é possível a partir dos processos rigorosos de apuração e checagem de dados 
e informações. Esses processos podem incluir uma variedade de técnicas, como a 
entrevista, por exemplo, a respeito da qual nos aprofundaremos na Unidade 3 deste livro. 
Neste momento, convidamos você, acadêmico, a pensar na importância da apuração 
e da checagem para o cumprimento da principal função do jornalismo: informar, à 
sociedade, fatos de interesse público. 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
2.1 A QUESTÃO DA VERDADE NO JORNALISMO
A verdade é uma noção filosófica complexa, a respeito da qual muitos filósofos 
já refletiram. No contexto do jornalismo, entendemos a verdade como correspondência, 
isto é, “a verdade de uma proposição consiste em sua relação com o mundo, isto é, uma 
correspondência com os fatos ou estados de coisas” (TAMBOSI, 2007, p. 37). Por esse motivo, 
dizemos que os fatos são a matéria-prima do jornalismo, o “material” a partir do qual os 
jornalistas constroem relatos, os quais devem ser os mais próximos possíveis da realidade. 
A busca pela verdade é um imperativo ético do jornalismo (BUCCI, 2000) e a 
primeira obrigação dos jornalistas para com o público (KOVACH; ROSENSTIEL, 2004). A 
verdade que interessa ao jornalismo só se alcança a partir de uma rigorosa disciplina de 
checagem, o que constitui a essência do jornalismo:
No esclarecimento desses mal-entendidos e na melhora da disciplina 
da verificação reside o passo mais importante que os jornalistas 
podem dar para a qualidade da informação e a discussão pública. 
No fim, essa disciplina é o que separa o jornalismo de outros campos 
e cria uma razão econômica para sua sobrevivência. Uma disciplina 
mais consciente da verificação é o melhor antídoto para evitar que 
o velho jornalismo de verificação seja atropelado pelo jornalismo de 
afirmação, e forneceria, aos cidadãos, uma base para confiarem nos 
relatos jornalísticos (KOVACH; ROSENSTIEL, 2004, p. 122). 
Para encontrar a verdade dos fatos, os jornalistas se guiam por uma série de 
procedimentos que são próprios desse grupo profissional, os quais alguns autores 
chamam de “método jornalístico”. Entretanto, o que é esse método? Quais etapas o 
compõem? Esse método garante a veracidade das informações? Vamos descobrir!
2.2 MÉTODO JORNALÍSTICO 
Um método é um conjunto de ações, ou decisões, planejadas, de forma 
consciente, para alcançar um determinado objetivo. As ciências, por exemplo, têm 
métodos muito específicos para conhecer a realidade, os chamados métodos científicos, 
dos quais você, com certeza, já ouviu falar. Nas ciências, o objetivo é a compreensão de 
fenômenos em busca de leis gerais, universais, que se apliquem a todos os casos. No 
jornalismo, no entanto, o objetivo não é explicar a realidade, mas permitir que as pessoas 
conheçam os fatos do mundo que elas não são capazes de vivenciar diretamente. 
Ao longo da sua formação, você, com certeza, já ouviufalar da objetividade 
jornalística. Esse conceito designa um "sistema de regras que tem, como objetivo, a 
produção de uma semelhança estrutural entre realidade social e realidade midiática” 
(SPONHOLZ, 2009, p. 17). Para produzir essa semelhança entre a realidade dos fatos 
e os relatos jornalísticos, o jornalista precisa, primeiramente, informar-se a respeito 
dos fatos, para, depois, informar os outros, e da forma mais precisa possível. Esse é o 
objetivo do método jornalístico. 
5
No jornalismo, o método a ser adotado depende do nível de dificuldade da tarefa a 
ser executada. Apurar informações para escrever uma nota breve, certamente, exige muito 
menos trabalho do que escrever uma reportagem especial, ou multimídia. O que todo 
material jornalístico tem em comum é que ele inicia com a apuração das informações.
A apuração é o momento em que o jornalista busca as informações das quais 
precisa para orientar o próprio trabalho. A partir da apuração, é possível identificar se 
um determinado fato preenche os critérios de noticiabilidade (já aprendidos). Caso 
preencha, a partir das primeiras informações apuradas, o jornalista começa a escrever a 
história, seja ela uma nota, notícia ou reportagem. 
A apuração pode ser feita de diversas formas: indo até o local onde os fatos 
aconteceram, ou acontecerão, para presenciar o desenrolar dos acontecimentos, 
entrevistando fontes por telefone ou pela internet, fazendo buscas on-line, investigando 
documentos públicos, dentre outras maneiras. O que devo apurar? A resposta, para essa 
pergunta, é muito variável em relação ao assunto, mas um bom começo, no caso de fatos 
quentes, é seguir as perguntas fundamentais do lead, como um roteiro para a apuração: 
O que aconteceu? Onde? Quando? Quem estava envolvido? Como aconteceu? Por quê? 
É importante se lembrar de que mesmo os conteúdos jornalísticos mais simples 
e breves devem ter compromisso com a verdade dos fatos que estão sendo relatados. 
Por isso, mesmo depois de apuradas, todas as informações devem ser checadas. 
A checagem consiste em verificar, quantas vezes forem necessárias, se todas as 
informações, dados, nomes e números que você colocou no texto estão corretos. 
Essa é uma etapa que não pode ser negligenciada, pois se algo passa despercebido 
pela apuração, pode ser revisto no momento da checagem, deixando o jornalista mais 
próximo da precisão do relato. 
A apuração jornalística, para a construção de uma reportagem, exige a 
execução de, pelo menos, cinco procedimentos: pesquisa, observação, entrevista, 
documentação e checagem. 
No momento da pesquisa, é preciso levantar o que já foi publicado a respeito 
do assunto naquele veículo, para evitar repetir enfoques e para recolher os dados que 
já são conhecidos (e avançar a partir do que já se sabe). Também, neste momento, o 
jornalista busca pessoas que entendam o assunto para, posteriormente, entrevistar. Por 
isso, é preciso estudar questões técnicas relativas ao tema (quando for o caso), para ser 
capaz de fazer as melhores perguntas a essas fontes. 
Mecanismos de busca, como o Google, tornaram o processo de pesquisa 
jornalística mais fácil, mas não resolvem tudo. Afinal, nem tudo que precisamos está 
on-line. Muitas vezes, é necessário pesquisar, no arquivo do veículo de comunicação, o 
que já foi publicado a respeito de um determinado assunto, para obter uma perspectiva 
histórica dos fatos e evitar a repetição de enfoques. Além dos mecanismos de busca 
on-line (assunto que retomaremos mais adiante, no Tópico 3 desta unidade), é possível 
6
pesquisar no arquivo de um jornal, em dicionários temáticos, em anuários, em obras de 
referência. Recorrer a especialistas da área e a repórteres experientes na cobertura de 
um determinado assunto, também, é uma alternativa. 
A observação é um processo que deve permear todo o trabalho do jornalista. 
É preciso manter um olhar atento e crítico para as situações com as quais se depara 
durante o processo de apuração. Isso pode levar o jornalista a ter boas ideias para novas 
pautas ou novos enfoques e a identifi car contradições entre os discursos das fontes e 
a realidade observada. 
A entrevista é uma etapa muito importante desse processo, mas não deve ser 
a única. Existem casos nos quais toda a reportagem é baseada, apenas, em entrevistas, 
mas esse não é o ideal, pois o trabalho do jornalismo fi ca, excessivamente, dependente 
dos entrevistados. Por isso, é preciso ir além, complementando as entrevistas com um 
trabalho de pesquisa jornalística, que envolva o levantamento de dados concretos, a 
busca de documentos e de observação, dentre outros procedimentos. 
Se a fonte A dá uma versão; a fonte B, outra; e, a fonte C, uma terceira, 
contraditórias, ou só, parcialmente, coincidentes, de um evento, 
deve haver uma quarta versão que corresponda ao que, realmente, 
aconteceu. Frequentemente, essa versão mais completa, ou correta, 
está disponível em algum lugar, e pode ser investigada e recuperada 
(LAGE, 2003, p. 133). 
Durante a entrevista, é preciso que o jornalista tenha clareza de o porquê 
precisar entrevistar uma determinada fonte. A habilidade de fazer as perguntas certas 
para chegar às melhores respostas (e mais perto da verdade dos fatos) é uma das 
competências mais importantes que um jornalista precisa desenvolver ao longo da 
carreira. Antes da entrevista, é preciso se preparar, além de estudar o assunto e elaborar 
perguntas prévias para guiar a conversa, a qual deve ser maleável, a partir da interação 
com o entrevistado. Lembre-se: a entrevista é um diálogo, não questionário. Ela se dá 
no relacionamento da subjetividade do jornalista com a subjetividade do entrevistado. 
A Unidade 3 deste livro será, inteiramente, dedicada à entrevista jornalística. 
Estudaremos questões teóricas, técnicas e éticas que envolvem o processo 
de entrevista. 
ESTUDOS FUTUROS
A documentação é o procedimento que garante segurança ao jornalista em 
relação às informações que irá publicar. Mas de quais documentos estamos falando? 
Relatórios ofi ciais, estatísticas de fontes confi áveis, documentos extraídos a partir de 
fontes seguras, entrevistas devidamente gravadas, entre muitos outros possíveis. Todas 
7
as informações presentes em um texto jornalístico informativo precisam ter condições 
de ser provadas de forma documental ou, no mínimo, atribuídas a fontes que tenham 
legitimidade para falar do assunto. 
A checagem é outro procedimento que deve permear todo o trabalho do 
jornalista, mas é importante checar tudo novamente depois que o texto está pronto. 
Para isso, sugere-se ler atentamente o texto finalizado para identificar se há alguma 
inconsistência entre o que será publicado e as informações coletadas e documentadas 
nas outras etapas do processo. 
2.3 INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO JORNALISTA
Sabemos que o mundo tem sofrido muitas transformações e as tecnologias de 
telecomunicações evoluem a cada dia. Uma excelente apuração jornalística pode ser 
feita (ou pelo menos iniciada) com um simples telefonema. A visita à redação de um 
jornal exemplifica bem essa situação. Na foto abaixo, vemos a redação do jornal Folha 
de S. Paulo, o maior jornal do país. Ela é composta, basicamente, por mesas, cadeiras, 
computadores e telefones. 
FIGURA 1 – REDAÇÃO DE JORNAL
FONTE: <https://acontecendoaqui.com.br/comunicacao/folha-de-s-paulo-e-agora-integram-redacao>. 
Acesso em: 20 set. 2021. 
Nomes e números são sempre fontes comuns de erro no relato jornalístico, 
por isso devem ser checados de forma muito criteriosa. Não hesite em pedir 
que alguém soletre seu nome ou sobrenome, para garantir que será redigido 
de forma correta. 
ATENÇÃO
8
A redação de uma emissora de televisão, por exemplo, segue um padrão muito 
semelhante ao da foto acima. Isso porque o elemento mais importante para uma boa 
apuração jornalística é aquele que está por trás da máquina: o jornalista. 
Essa frase es, estampava um pôster que vi na Folha assim que 
comecei a trabalhar e nunca me saiu dacabeça: o principal 
instrumento de trabalho do jornalista é seu cérebro. É preciso saber 
pensar, ser crítico, curioso, atento. Conhecer o assunto e ser capaz 
de fazer relações. Criar, ousar, assumir riscos e ter bons argumentos 
para defendê-los (PINTO, 2009, p. 37). 
Alguns itens são indispensáveis, principalmente quando o trabalho de apuração 
é feito fora da redação, então vejamos os mais importantes: 
• Bloco de notas: obviamente, qualquer bloco de notas cumpre sua função. Mas, 
quando possível, opte por blocos que tenham capa dura, de modo que você consiga 
fazer anotações com segurança e agilidade mesmo estando de pé, sem o apoio de 
uma mesa. Evite usar folhas soltas, que se perdem facilmente, e sempre identifique 
seu bloco de notas e escreva seu telefone na capa. Se perder, maior a chance de 
consegui-lo de volta. 
• Canetas: pode parecer simples, mas a falta de uma caneta do momento da 
correria pode colocar um jornalista em problemas. Por isso é importante ter várias, 
espalhadas por todos os lugares possíveis (gaveta, bolso, mochila) e testá-las antes 
de sair da redação. Se precisar escrever na chuva, use lápis. 
• Gravador: hoje em dia, praticamente todos os jornalistas gravam com o celular, 
por isso é importante garantir que ele tenha bateria e armazenamento suficientes 
para cumprir a tarefa. O uso do gravador durante entrevistas não é unanimidade 
entre repórteres. Há quem acredite que o uso do gravador inibe a fonte. De qualquer 
forma, gravar as entrevistas é sempre uma forma de garantir que você poderá provar 
todas as informações que atribuir ao entrevistado. No dia a dia 
• das redações não é viável transcrever todas as entrevistas gravadas, por isso é 
importante anotar as informações mais importantes e usar a gravação para conferir 
a fidelidade das afirmações contidas no texto. 
Quando for gravar uma entrevista, certifique-se de gravar também a conversa 
inicial com o entrevistado, em que você explica qual o assunto da entrevista 
e deixa claro que as informações serão publicadas. Desse modo, a pessoa 
entrevistada não pode alegar desconhecimento em relação ao contexto da 
entrevista. 
DICA
9
• Agenda de contatos: pode ser física ou digital, mas é necessário que exista um 
lugar em que estejam organizadas e categorizadas as fontes às quais você recorre 
com frequência e as pessoas que você já entrevistou. A agenda de contatos é, sem 
dúvida, o instrumento de trabalho mais importante de um jornalista, que vai sendo 
construída ao longo do tempo e precisa estar sempre atualizada. Uma boa opção é 
usar softwares de planilhas, pois são fáceis de usar e permitem buscar por termos 
específi cos (nome, função, área de atuação etc.). Construir sua agenda de contatos 
é um exercício diário: fi nalize o expediente passando todos os contatos que utilizou 
durante o dia para a sua agenda de contatos. 
• Agenda diária: serve não apenas para anotar compromissos, mas também 
possibilidades de pautas futuras, assuntos que precisam ser acompanhados 
periodicamente (como os prazos de uma obra pública, por exemplo). A jornalista Ana 
Estela de Souza Pinto (2009, p. 51) também sugere que os jornalistas se agendem 
para entrar em contato com suas fontes periodicamente: “Ligar para a fonte sem 
necessidade de levantar informação costuma render boas conversas, intimidade, 
confi ança e futuras pautas. Para isso é preciso estar agendado, senão a correria do 
dia a dia joga contra”. 
• Cartão de visitas: a profi ssão de jornalista exige que você faça contatos, conheça 
pessoas de áreas diversas. Ter um cartão de visitas com seu nome, telefone e e-mail 
ajuda a trocar contatos e transmite uma imagem bastante profi ssional, mesmo que 
você trabalhe como freelancer, não associado a uma empresa específi ca. 
• Pen drive: em muitas situações, as fontes ou assessorias de imprensa podem ter 
documentos digitais para fornecer aos jornalistas. Nesses casos, o ideal é que você 
tenha em mãos um pen drive para armazenar esses arquivos quando encontrar a 
fonte ou o assessor. Desse modo, não fi ca na dependência de recebê-los por e-mail, 
por exemplo, o que poderia levar mais tempo a depender das demandas de trabalho 
da sua fonte. Em alguns casos (produção de matérias investigativas, por exemplo), 
a fonte pode não se sentir segura enviando documentos sensíveis ou confi denciais 
por e-mail. 
A roupa do jornalista pode infl uenciar na qualidade do seu trabalho. Essa 
afi rmação parece absurda, mas fará todo o sentido quando tiver que sair 
da redação para executar uma pauta. Quando já se sabe a pauta do dia, é 
aconselhável adaptar a roupa à situação. Em resumo: “não vá de terno a 
um deslizamento de terra, não vá de salto a um protesto de camelôs nem 
de camiseta rasgada a uma coletiva do governador” (PINTO, 2009, p. 55). 
Quando não se sabe a pauta do dia, é recomendado usar uma roupa que 
seja confortável e apresentável ao mesmo tempo. 
DICA
10
2.4 A IMPORTÂNCIA DE ESTAR BEM-INFORMADO 
Para fazer um bom trabalho e ter condições de enxergar os fatos a partir de uma 
perspectiva crítica é preciso manter-se muito bem-informado, não apenas sobre os 
assuntos de uma determinada editoria, mas em relação ao panorama geral da cidade, 
estado e país. Essa não é uma tarefa fácil, mas é possível se acompanharmos com rigor 
os principais jornais diários, telejornais e portais de notícia. Acompanhar as notícias é 
obrigação do jornalista e faz parte do seu trabalho. Ana Estela Souza Pinto, jornalista que 
já foi responsável pelo programa de treinamento em jornalismo diário da Folha de S. Paulo, 
sustenta que o jornalista que não lê jornal não será capaz de fazer um bom trabalho. 
Não é exagero. Dou dois motivos básicos para sustentar uma posição 
que talvez pareça radical à primeira vista: (1) A característica básica da 
notícia é ser novidade. Um jornalista que não acompanha o noticiário 
será incapaz de saber o que é novo e o que é velho; (2) sem estar bem-
informado, ele pode ser facilmente enganado pelas fontes. Em vez de 
repórter, vira o que nas anedotas se chama de “capivara de gravador”, 
uma espécie de moleque de recados, que grava o que a fonte diz e 
simplesmente transporta para o jornal (PINTO, 2009, p. 38). 
Essa é uma prática que você deve praticar desde já, mesmo que ainda não 
trabalhe com jornalismo. Crie uma rotina de consumo de informação que inclua a leitura 
dos principais jornais e o acompanhamento dos assuntos jornalísticos mais comentados 
nas redes sociais. No atual ritmo de disseminação de informação, basta um dia para ficar 
completamente por fora de um assunto.
3 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
A Constituição Federal de 1988 garante a todos os cidadãos brasileiros o direito 
de acessar informações de órgãos públicos. No entanto, esse dispositivo constitucional 
foi regulamentado de forma ampla apenas em 2011, através da Lei Federal nº 12.527/2011, 
que entrou em vigor em 16 de maio de 2012. Essa lei beneficia a todos os brasileiros, mas 
também tem sido muito utilizada por jornalistas que desejam conseguir informações 
para embasar suas reportagens ou mesmo para investigar possíveis pautas, como mau 
uso do dinheiro público, por exemplo. Por isso é importante que você, futuro jornalista, 
conheça os principais aspectos dessa lei e entenda como ela pode ser usada em 
apurações e investigações jornalísticas. 
Na prática, qualquer cidadão (incluindo jornalistas, que farão uso das informações 
de forma profissional) pode realizar um pedido de informação a qualquer órgão público no 
âmbito dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), nos níveis federal, estadual 
e municipal. Não é necessário justificar o motivo pelo qual você deseja ter acesso a 
essas informações. Basta identificar-se e especificar as informações solicitadas, o que 
pode ser feito de forma remota (por e-mail, por exemplo) ou presencialmente junto aos 
órgãos públicos. Feito isso, dá-se um prazo de 20 dias para o órgão público fornecer 
11
as informações, prazo que pode ser prorrogadopor mais 10 dias. Por isso, os pedidos 
de acesso à informação via LAI têm muito potencial para ajudar jornalistas a encontrar 
pautas e embasar investigações mais planejadas, que vão além dos conteúdos do dia a 
dia das redações. 
Mas o que é uma informação pública? 
• informações produzidas ou armazenadas por órgãos e entidades públicas;
• informação produzida ou armazenadas por pessoa física ou privada decorrente de 
vínculo com órgãos públicos;
• informações sobre atividades de órgãos públicos;
• informações sobre o patrimônio público, uso de recursos públicos, licitação e 
contratos administrativos;
• informações sobre políticas públicas, auditorias e prestação de contas. 
Antes de fazer um pedido de informação, é conveniente verificar se esses dados 
já estão publicados on-line. É possível fazer uma busca, inclusive, em outros pedidos de 
informação feitos por outros cidadãos, através do Portal que vemos na figura a seguir: 
http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/SitePages/principal.aspx.
FIGURA 2 – BUSCA DE PEDIDOS DE INFORMAÇÃO RESPONDIDOS
FONTE: <http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/SitePages/principal.aspx>. Acesso em: 29 set. 2021.
Existem outras plataformas através das quais podemos verificar se essas 
informações já estão disponíveis (antes de realizar um pedido de acesso à informação):
• Portal Brasileiro de Dados Abertos: < https://dados.gov.br>
• Portais da Transparência de Estados e municípios
• Plataforma Achados e Perdidos: < https://www.achadosepedidos.org.br>
12
No entanto, todo esse potencial ainda não é completamente explorado pelos 
jornalistas brasileiros. Uma pesquisa publicada em 2021 pela Associação Brasileira de 
Jornalismo Investigativo (Abraji) revelou que quase metade dos jornalistas participantes 
nunca usaram a Lei de Acesso à Informação para apurar suas reportagens. 
Segundo a entidade, os jornalistas que nunca fi zeram pedidos usando a lei 
apontaram difi culdades no uso desse instrumento, afi rmaram que nunca precisaram dela 
ou preferiram apurar informações junto às assessorias de imprensa. Os jornalistas que 
utilizaram a LAI também identifi caram algumas difi culdades, como o atraso nas respostas, 
sigilos indevidos e respostas que não correspondem às solicitações (ABRAJI, 2021). 
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) organizou uma 
planilha em que constam dezenas de bases públicas de dados. Confi ra 
neste link: <https://docs.google.com/spreadsheets/d/1oe4vWQkNhJ3qWZd
gKeTb1rYyjPRtK4hyfCYIruzBjU0/edit#gid=0>. 
DICA
4 FACT CHECKING: FENÔMENO CONTEMPORÂNEO
Como você já sabe, a checagem é um elemento fundamental do método 
jornalístico. Nos últimos anos, no entanto, muitos veículos e iniciativas de jornalismo 
independente têm se voltado especifi camente para a checagem de boatos ou 
declarações de autoridades públicas, transformando a checagem em um novo formato 
de apresentação do conteúdo jornalístico, conhecido como fact-checking (em inglês, 
checagem ou verifi cação de fatos). Este é um fenômeno jornalístico contemporâneo que 
se inscreve no contexto da disseminação de desinformação, principalmente através das 
plataformas digitais e aplicativos de mensagens instantâneas. 
As primeiras iniciativas desse tipo surgiram nos Estados Unidos, ainda na 
década de 1990, e eram voltadas para a checagem de declarações de políticos em suas 
campanhas eleitorais. Com o passar dos anos, elas passaram a ser incorporadas pelos 
A leitura complementar desta Unidade traz uma lista de sugestões de 
pauta que podem ser realizadas com o auxílio da LAI. Confi ra! O texto da 
lei, na íntegra, pode ser conferido neste link: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm.
ESTUDOS FUTUROS
13
jornais: em 2006, cerca de 80% dos maiores jornais dos Estados Unidos já tinham seções 
destinadas ao fact-checking (GRAVES, 2016). Hoje em dia, as plataformas de fact-
checking mais importantes dos Estados Unidos são os sites FactCheck.org, Politifact e 
Fact Checker, este último mantido pelo jornal The Washington Post. Na imagem abaixo, 
vemos a chamada para uma checagem produzida pelo Politifact que marcou uma 
declaração de Donald Trump sobre as eleições presidenciais como falsa. 
FIGURA 3 – CHECAGEM POLITIFACT
FONTE: <https://www.politifact.com>. Acesso em: 29 set. 2021.
No Brasil, as primeiras iniciativas desse gênero surgiram durante as campanhas 
eleitorais de 2010 e 2014. O blog Preto no Branco (do jornal O Globo) é considerado 
o primeiro projeto brasileiro de checagem de fatos a adotar um modelo semelhante 
ao fact-checking estadunidense. Ele foi lançado em 2014, com foco nas eleições 
presidenciais e foi descontinuado no ano seguinte. Sua idealizadora, Cristina Tardáguila, 
fundou a Agência Lupa, a primeira plataforma a se dedicar exclusivamente à checagem 
de fatos no Brasil. 
Plataformas de fact-checking produzem checagens em formato de texto, 
áudio e vídeo que são publicadas em suporte próprio (geralmente on-line) ou vendidas 
a outros meios de comunicação. Normalmente trabalham com dois focos de atuação: a 
checagem de declarações de autoridades públicas e o chamado debunking, que trata 
de desmentir boatos que circulam nas redes sociais. 
A Agência Lupa adota uma metodologia de oito passos para realizar suas 
checagens: o primeiro processo é a observação diária do que é dito por celebridades 
públicas em veículos de comunicação e redes sociais. A partir de então, os jornalistas 
selecionam frases a serem verificadas, a partir de três critérios de relevância: preferência 
a figuras de destaque nacional, assuntos de interesse público que afetam o maior número 
possível de pessoas e assuntos que tenham sido destaque na imprensa ou na internet 
recentemente. Com a frase selecionada, os jornalistas promovem um levantamento 
de tudo o que foi publicado sobre o assunto em veículos de comunicação e também 
14
buscam informações em bases de dados oficiais (quando necessário, o jornalista pode 
fazer um pedido via Lei de Acesso à Informação ou às assessorias de imprensa). Se 
julgar necessário, também pode ir à campo e entrevistar especialistas. A última etapa 
do método é pedir a posição oficial da personalidade que teve sua declaração checada. 
A cada uma das declarações ou boatos verificados, os jornalistas da agência atribuem 
uma etiqueta que demonstra o grau de veracidade daquela informação (LUPA, 2015). 
FIGURA 4 – ETIQUETAS AGÊNCIA LUPA
FONTE: <https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/wp-content/uploads/2021/04/IMAGENS-SITE-3.png>. 
Acesso em: 27 set. 2021. 
Um aspecto interessante em relação ao conteúdo publicado pelas agências de 
fact-checking é o fato de que elas trazem para a superfície do texto os procedimentos 
adotados pelo jornalista no processo de checagem. Isso contribui para educar o público 
em relação aos processos de produção da notícia, que normalmente não adquirem 
transparência em outros formatos jornalísticos. 
Vejamos um debunking produzido pela Agência Lupa em setembro de 2021. 
#Verificamos: É golpe petição para impeachment de Alexandre de Moraes 
que circula no WhatsApp
Gustavo Queiroz
17/09/2021
Circula no WhatsApp uma suposta petição pública que pede o impeachment 
do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A publicação 
leva o usuário a clicar em um link onde deve decidir se concorda ou não que Moraes 
praticou abuso de poder. Para validar o voto, a pessoa é obrigada a compartilhar a 
mensagem com outros cinco amigos. Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que 
esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:
“Chega de nos curvarmos diante das atrocidades praticadas por ele, é hora 
de acabar com a impunidade por seus atos ilegais. Precisamos demonstrar a posição 
e força do nosso povo. Vamos lutar pelo IMPEACHMENT de Alexandre de Moraes e 
mostrar que supremo é o POVO! Assine e compartilhe muito essa petição! Precisamos 
do seu apoio!”
15
Texto que circula no Whatsapp
A informação analisada pela Lupaé falsa. O endereço usado para coletar 
apoiadores para um pedido de impeachment de Alexandre de Moraes não leva a uma 
petição real, mas a um site que obriga o usuário a compartilhar links pelo WhatsApp. 
Depois disso, a pessoa é direcionada para páginas maliciosas, que tentam roubar 
dados ou forçá-la a ver anúncios. Trata-se de um golpe de phishing, termo em inglês 
para uma prática destinada a coletar informações pessoais das vítimas. 
Ao entrar no endereço compartilhado na mensagem, o usuário é levado a 
um site que simula uma publicação no Facebook, supostamente com 2,5 milhões de 
likes. Além disso, a foto principal do post usa o slogan “petições da comunidade” e as 
cores azul e branco, que originalmente pertencem à identidade visual do site Avaaz, 
já muito conhecido como plataforma de petições. O design, no entanto, é malfeito e 
usa o logotipo “PeticaoPublica”, sem acentuação.
Outro indício de fraude é que, apesar de a petição contar com supostas 9,5 
milhões de assinaturas – número que não muda com o tempo –, o site não pede nome ou 
contato do usuário, como seria comum para assinar esse tipo de documento. Há apenas 
uma pergunta: se a pessoa acredita que Alexandre de Moraes praticou abuso de poder. 
Se o usuário clicar em “sim”, é levado para uma segunda etapa da suposta 
petição, em que deve decidir se quer assinar o pedido de impeachment. Para validar a 
participação, a vítima é obrigada a compartilhar o link com cinco amigos no WhatsApp, 
o que não é exigido em nenhuma plataforma real. Conforme a Lupa já mostrou 
anteriormente, essa prática permite o roubo de informações, incluindo dados bancários. 
Mais uma prova da fraude é que, em algumas tentativas, independentemente de 
votar “sim” ou “não”, o usuário é levado a sites aleatórios, sem qualquer relação com 
a petição, onde constam links maliciosos que atingem o mesmo fim de sequestro de 
dados pessoais. 
Mais um ponto importante que aponta a existência de um golpe é que a 
página falsa plagia não somente a identidade visual do site Avaaz, mas também 
o nome de outro endereço de petições: o Petição Pública, do link peticaopublica.
com.br. A versão falsa tem um final diferente, o “.me”, em vez do “.com.br”. A Lupa já 
verificou outro pedido de impeachment, dessa vez do presidente Jair Bolsonaro, que 
usou o mesmo site fraudulento como forma de obter informações pessoais. 
Procurados, os responsáveis pelo Petição Pública original apontaram que o 
domínio “.me” é falso. “Este tipo de site copia o nosso nome de domínio ‘peticaopublica’ 
e coloca um design parecido com o Avaaz de forma a iludir os usuários e roubar 
os seus dados. Fazem isto há vários anos, utilizando temas quentes e atuais para 
enganar, roubar dados, gerar tráfego e receberem dinheiro de publicidade duvidosas”, 
diz a nota, enviada por e-mail.
16
Por meio de denúncias, o site original conseguiu encerrar o domínio 
“peticaopublica.org”, que também era empregado de forma fraudulenta. “Mesmo 
quando temos sucesso e conseguimos fechar um site (meses ou anos depois das 
denúncias) os criminosos abrem outros sites novos como nomes semelhantes e 
continuam a praticar os seus golpes”, conclui o texto.
Há uma diferença entre acessar o link do post falso por um computador ou 
por um navegador do celular. Como a fraude exige o compartilhamento de links por 
aplicativos de mensagens, o endereço compartilhado no WhatsApp não funciona 
quando acessado pelo PC. Em vez de abrir uma petição, ele sugere a instalação 
de um aplicativo chamado WhatsApp Plus. Na verdade, o WhatsApp não precisa 
de extensão para funcionar no computador, bastando apenas acessar o link ofi cial 
da plataforma para isso. A versão “Plus” é considerada pirata e usa códigos-fonte 
diferentes dos ofi ciais.
Diferentemente da versão aberta no celular, o endereço acessado pelo 
computador apresenta de fato uma petição pelo impeachment de Alexandre de Moraes, 
com argumentação e espaço para inclusão de nome, e-mail e motivo da assinatura. A 
página, contudo, também é falsa e tem o mesmo objetivo de facilitar o crime. A URL 
difere da que circula no WhatsApp e o número de supostas assinaturas é bem diferente 
da versão móvel: 1,2 milhão de pessoas já teria concordado com a petição.
FONTE: <https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2021/09/17/verifi camos-golpe-peticao/>. Acesso em: 22 
set. 2021. 
Este vídeo do canal Fiocruz Brasília no YouTube explica em linguagem 
simples e didática como identifi car notícias falsas. É um bom conteúdo 
para compartilhar com amigos e familiares: https://www.youtube.com/
watch?v=IIbuMHZPsNs. 
DICA
17
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A apuração é o elemento central do método jornalístico. 
• A apuração jornalística para a produção de uma reportagem preconiza a 
execução de, pelo menos, cinco procedimentos: pesquisa, observação, entrevista, 
documentação e checagem.
• A Lei de Acesso à Informação proporcionou aos jornalistas novas possibilidades de 
levantamento de dados e investigações para embasar matérias jornalísticas. 
• A disseminação da desinformação em ambientes digitais levou ao crescimento do 
número de plataformas que se dedicam exclusivamente à checagem de declarações 
públicas. 
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 Encontrar a verdade dos fatos é o objetivo do método jornalístico. Isso só é possível 
a partir de um processo rigoroso de apuração e checagem, que pode incluir uma 
variedade de técnicas. Com base no que você estudou sobre o método jornalístico e 
a busca do jornalismo pela verdade, analise as sentenças a seguir:
I- No contexto do jornalismo, entendemos a verdade como correspondência, isto é, 
uma afirmação é verdadeira se ela corresponde com a realidade dos fatos. 
II- A verdade é a essência do jornalismo e só se alcança a partir de uma rigorosa 
disciplina de verificação. 
III- A objetividade jornalística é um sistema de regras que permitem produzir uma 
semelhança entre a realidade dos fatos e os relatos midiáticos.
IV- A apuração é uma etapa importante do método, mas se aplica apenas a alguns 
formatos de conteúdo. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.
b) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 
d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. 
2 A apuração é o momento em que o jornalista busca as informações de que precisa 
para orientar seu trabalho. Através desse processo é possível identificar se um 
determinado fato preenche os critérios de noticiabilidade. Caso preencha, é a partir 
das primeiras informações apuradas que o jornalista vai começar a escrever a sua 
história, seja ela uma nota, notícia ou reportagem. Levando em consideração o que 
você estudou sobre a apuração jornalística, analise as sentenças a seguir:
I- Um bom processo de apuração deve ser feito apenas de forma presencial, no local 
em que os fatos aconteceram e a partir do relato de fontes oficiais. 
II- Procurar as informações que permitam responder as perguntas fundamentais do 
lead jornalístico é um bom começo para a apuração de factuais. 
III- A apuração jornalística para a construção de uma reportagem exige a execução de, 
pelo menos, cinco procedimentos: pesquisa, observação, entrevista, documentação 
e checagem.
IV- Nomes e números são sempre fontes comuns de erro no relato jornalístico, por isso 
devem ser checados de forma muito criteriosa.
AUTOATIVIDADE
19
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 
d) ( ) Somente a sentença I está correta. 
3 O mundo tem sofrido muitas transformações e as tecnologias de telecomunicações 
evoluem a cada dia. É possível fazer uma excelente apuração jornalística com um 
simples telefonema, desde que você saiba para quem ligar e quais perguntas fazer. 
Com base no que você estudou sobre os instrumentos indispensáveis para o trabalho 
diário do jornalista,classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) O gravador (que pode ser o do celular) é um item indispensável para o trabalho do 
jornalista, mas há quem acredite que ele inibe a fonte. 
( ) Gravar as entrevistas é sempre uma forma de garantir que você poderá provar 
todas as informações que atribuir ao entrevistado. 
( ) A agenda de contatos é o instrumento de trabalho mais importante de um jornalista. 
Ela pode ser física ou digital, mas precisa manter organizadas e categorizadas as 
fontes às quais você recorre com frequência e as pessoas que você já entrevistou.
( ) No contexto atual, os cartões de visita caíram em desuso e não são mais necessários 
para trocar contatos com as fontes de forma profissional. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F - V.
b) ( ) V – V – V - F.
c) ( ) V – F – V - F.
d) ( ) F – F – V - V.
4 Como vimos ao longo do Tópico 1, é preciso manter-se bem-informado para ser 
capaz de fazer um bom trabalho e ter condições de enxergar os fatos a partir de uma 
perspectiva crítica. Com base nos seus conhecimentos, disserte sobre a importância 
de acompanhar o noticiário para desempenhar um bom trabalho. 
5 No cenário contemporâneo, muitos veículos e iniciativas de jornalismo independente 
têm se voltado especificamente para a checagem de boatos ou declarações 
de autoridades públicas, transformando a checagem em um novo formato de 
apresentação do conteúdo jornalístico, chamado fact-checking. Com base no que 
você estudou, explique as origens dessa prática no Brasil e as principais características 
do trabalho desenvolvido pelos projetos de checagem de fatos:
20
21
PAUTA JORNALÍSTICA
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2 desta Unidade, vamos estudar sobre a pauta jornalística, 
um dos elementos mais importantes para o planejamento de uma reportagem bem-
sucedida. No jornalismo, chamamos de pauta uma espécie de roteiro para a execução 
dos processos que compõem a reportagem. Esse roteiro serve para organizar os dados 
coletados, entrevistas agendadas e guiar o repórter na produção. 
Ao longo deste Tópico, vamos entender para que serve uma pauta, quais os 
elementos que a compõe e, principalmente, como produzir uma boa pauta. Vamos 
refletir, também, sobre sua importância na economia de um dos recursos mais preciosos 
para o jornalismo: o tempo. Vamos ver também a diferença entre pautas frias, quentes 
e pautas de grandes reportagens. 
2 O QUE É A PAUTA?
O termo “pauta” pode ser usado tanto para falar da “ideia” de uma reportagem, 
quando para designar o documento escrito em que se encontra o planejamento de 
produção dessa reportagem. 
Quando um jornalista diz que quer “vender uma pauta” para o editor-chefe, 
ele está fazendo referência ao primeiro uso do termo, ou seja, ele quer sugerir uma 
ideia de reportagem. Nesse caso, o verbo “vender” é usado como sinônimo de defender, 
argumentar, convencer o editor de que aquela é uma boa ideia de reportagem para o 
jornal. Nesse caso, a sugestão de pauta tem a ver com os critérios que os jornalistas 
usam para decidir quais assuntos vão virar notícia, os chamados valores-notícia ou 
critérios de noticiabilidade, sobre os quais você já estudou. 
Quando um repórter pergunta, no meio da redação, “onde está minha 
pauta?”, ele está se referindo a um documento, uma ou algumas folhas de papel onde 
estão sistematizadas todas as etapas de produção da reportagem: as fontes a serem 
entrevistadas, os horários e locais das entrevistas, as perguntas que devem ser feitas, 
a explicação sobre o foco e a abordagem da reportagem a ser produzida. É sobre essa 
pauta que falaremos ao longo dos próximos subtópicos. 
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
22
A pauta é, portanto, um roteiro para a realização da reportagem, um esquema 
organizado que tem como objetivo orientar o repórter e o editor. É o primeiro passo na 
rotina produtiva do jornalismo. Quando falamos de pauta, também podemos nos referir 
ao conjunto das pautas de uma determinada editoria, como consta na definição do 
Manual de Redação da Folha de S. Paulo:
Primeiro roteiro para a produção de textos jornalísticos e material 
iconográfico. Cada editoria faz sua própria pauta e a discute com 
as outras editorias e com a Secretaria de Redação em reunião 
matinal diária. Cada editoria deve ter uma relação de temas a serem 
periodicamente acompanhados. Essa lista deve ser definida em razão 
da estratégia de cada editoria, levando em conta o perfil do leitor e 
os temas que são mais importantes no seu cotidiano (FOLHA DE SÃO 
PAULO, 2010, p. 47). 
A pauta pode se referir, então, tanto ao planejamento das matérias de um veículo 
quanto o planejamento de uma matéria em específico. Como recupera Lage (2005, 
p. 140), “depende de quem fala: editores tendem a considerar o conjunto, enquanto 
repórteres falam de pauta referindo-se ao projeto de matéria que lhe foi atribuído”. 
Pensar e elaborar pautas é um dos exercícios mais importantes e difíceis para 
os jornalistas iniciantes. Mas, com o tempo, a habilidade de pensar, sugerir e estruturar 
pautas vai se tornando natural e quase automática. A elaboração de pautas exige várias 
capacidades básicas do jornalismo, apontadas por Pinto (2009, p. 59):
• Descobrir o que é notícia.
• Hierarquizar informação.
• Prever etapas de apuração.
• Imaginar o material finalizado. 
Afinal: por que a pauta é importante? Nas rotinas produtivas do jornalismo, 
o tempo é um dos recursos mais escassos e importantes. Imagine quanto tempo o 
repórter poderia desperdiçar se saísse da redação para produzir uma reportagem 
sem qualquer orientação, sem entrevistas agendadas, sem dados levantados, sem 
uma abordagem definida. Quantos dias levaria essa produção até que tudo isso se 
encaixasse? Provavelmente, vários dias, sem garantia de sucesso. Saindo da redação 
com uma pauta bem pensada, apurada e estruturada, os processos seguintes se tornam 
mais fáceis e maiores a chances de o trabalho resultar em uma excelente reportagem. 
2.1 TIPOS DE PAUTA 
Existem, basicamente, três tipos de pauta: pautas factuais (quentes), pautas 
não-factuais (frias) e pautas especiais (grandes reportagens). Todas as pautas são 
planos de ação, não simples ideias. O que varia de um tipo para outro é o nível de 
detalhamento que cada uma delas abrange, levando em consideração o tempo que o 
jornalista tem para produzir a pauta e o tempo que o repórter terá para executá-la. 
23
Existe, também, uma diferença entre pautas para notícias e pautas para 
reportagens. Na verdade, a diferença entre um formato e outro começa exatamente 
pela pauta. Isso porque as pautas voltadas para a reportagem são mais completas: 
“reúnem as informações disponíveis sobre o tema ou evento e sugestões de tratamento 
editorial; fornecem sugestões quanto a sua abordagem e preveem até́ custos e prazo 
de produção. Em televisão, é provável que uma pesquisa ou investigação prévia permita 
criar um pré-roteiro exequível” (LAGE, 2005, p. 140-141). 
Nos próximos subtópicos, vamos estudar com mais detalhes quais as características 
das pautas quentes, frias e especiais. 
2.1.1 Pautas quentes
As pautas quentes são aquelas que surgem a partir de factuais (incêndio, 
queda de avião, crimes, operações policiais etc.). Nesses casos, não há muito tempo 
para elaborar uma pauta detalhada, de modo que a cobertura do fato vai se dar, 
prioritariamente, no local onde os fatos estão acontecendo. Mesmo assim, é necessário 
algum nível de sistematização prévia das informações que já se tem (mesmo que sejam 
poucas) para que o repórter designado para a cobertura possa se inteirar do que está 
acontecendo e chegue ao local com alguma ideia do que o espera. 
Desse modo, uma pauta simples sobre um fato que está se desenvolvendo 
e sobre o qual a redação possui poucas informações deve apresentar, no mínimo, os 
seguintes elementos: local (endereço exato) ao qual a equipe de reportagem deve se 
dirigir, breve descrição dos fatos que justificam a cobertura eum nome e contato de 
uma fonte de referência que está no local e que o repórter pode procurar para se orientar 
durante a cobertura. Em algumas oportunidades, a urgência em cobrir o fato é tamanha 
que não é possível elaborar nada por escrito antecipadamente. As informações vão 
sendo compartilhadas entre produtores/pauteiros, repórteres e editores ao longo da 
cobertura por telefone, e-mail ou mensagens de texto. 
Essa situação se aplica, principalmente, aos jornais impressos, emissoras de 
rádio e televisão. Nos portais de notícia, por exemplo, a cobertura de pautas quentes já 
inicia a partir da redação, com a publicação quase imediata das primeiras informações 
sobre o tema, mesmo que o repórter (se houver) ainda nem tenha chegado ao local do 
fato. A imediaticidade dos meios on-line, no entanto, não pode se sobrepor às regras da 
boa apuração, para evitar “barrigas”. 
As redações on-line publicam imediatamente tudo o que conseguem 
apurar e vão complementando o tema à medida que novos dados 
são confirmados, muitas vezes sem gerar novos textos, apenas 
atualizando o primeiro publicado. Depois que a história se consolida, 
é fundamental fazer um texto maior, explicando os detalhes do 
acontecimento [...]. Em caso recente, alguns sites noticiaram a 
queda de um avião. Nos minutos seguintes, a verdade: tratava-se da 
explosão de uma fábrica. A ansiedade por uma notícia pode produzir 
‘barrigas’ como essa (FLORESTA; BRASLAUSKAS; PRADO, 2009, p. 5). 
24
Ainda no contexto das pautas “quentes”, existem as situações em que um fato 
gera uma cobertura que se estende por vários dias ou semanas, exigindo suítes no 
noticiário. Como você já sabe, uma suíte é continuação de uma determinada história, a 
sequência de uma reportagem que já foi publicada anteriormente e sobre a qual existem 
informações novas. Na imagem abaixo, vemos uma notícia publicada pelo jornal Folha de 
S. Paulo em 29 de setembro de 2021 que atualiza a situação de saúde de Pelé, internado 
desde 31 de agosto para a retirada de um tumor. Com percebemos pela linha de apoio, o 
jornalista acompanha suas fontes pelas redes sociais, através das quais ficou sabendo 
dessa atualização em relação ao estado de saúde do atleta. 
FIGURA 5 – EXEMPLO
FONTE: <https://bit.ly/3vnPZ63>. Acesso em: 29 set. 2021.
No caso das suítes, é importante que constem na pauta as informações que já 
foram publicadas pelo veículo anteriormente e, principalmente, que estejam explícitas 
as razões pelas quais o assunto vai voltar a ser noticiado, ou seja, quais as informações 
novas disponíveis que justificam o retorno ao assunto. Quando possível, a continuação 
de uma reportagem deve ser realizada pela mesma equipe que já trabalhou o assunto 
nas etapas anteriores. 
No jargão jornalístico, chamamos de “barriga” ou “barrigada” a publicação 
de notícias que não são verdadeiras. Esses casos acontecem quando 
os fatos foram mal apurados ou quando o jornalista, na ansiedade em 
publicar antes dos outros veículos, divulgou informações sobre as quais 
não havia confirmação. Tenha em mente que é sempre melhor publicar 
poucas informações que estejam completamente checadas do que correr 
o risco de cometer um erro grave de informação. Se o erro acontecer, é 
fundamental explicar ao leitor, no topo da notícia, que a informação estava 
incorreta e foi corrigida. 
NOTA
25
2.1.2 Pautas frias
As pautas “frias” ou não-factuais são aquelas que não nascem atreladas a 
um fato específi co, mas que são elaboradas a partir de uma observação, sugestão, 
questionamento ou mesmo a partir de um gancho factual ou efeméride. Floresta, 
Braslauskas e Prado (2009) consideram um erro tratar as pautas frias como 
desimportantes ou desnecessárias, pois defendem que são essas pautas que conferem 
“tempero” à edição. São exemplos de pautas frias as reportagens de comportamento, 
de serviço e, geralmente, as matérias do caderno de cultura. Na imagem abaixo, vemos 
a manchete de uma matéria produzida pela agência Reuters e publicada pela Folha de 
S. Paulo sobre um projeto que transforma canos de PVC em violinos. 
FIGURA 6 – EXEMPLO MATÉRIA FRIA
FONTE: <https://bit.ly/3hkDKPo>. Acesso em: 29 set. 2021.
No jargão jornalístico, o termo efeméride faz referência a um “texto 
publicado em jornal por motivo de aniversário de evento importante 
na história: cinquentenário de revolução, aniversário de país ou cidade, 
centenário da morte de artista etc.” (FOLHA DE SÃO PAULO, 2010, p. 66). 
NOTA
Vejamos um exemplo de pauta fria que surge a partir da observação atenta 
de um repórter, como recuperado por Pinto (2009): o repórter foi às principais ruas 
comerciais da cidade e percebeu que a metade delas não tinha lixeiras ou andou pelas 
maiores avenidas e percebeu que os bueiros estavam entupidos. São duas observações 
que podem render boas reportagens sobre o acúmulo de lixo das cidades. 
26
Agora, vejamos um exemplo de pauta que usa um fato como gancho: “motivado 
pelos projetos que propõem aumentar penas de prisão ou impedir que presos sejam 
benefi ciados por redução de pena, um repórter sugere mostrar o que acontecerá com 
o sistema penitenciário se mais gente fi car mais tempo presa (o sistema ‘explodirá’, pois 
não haverá vagas para todos)” (PINTO, 2009, p. 63). 
2.1.3 Pautas especiais
As pautas especiais são aquelas que resultam em reportagens especiais 
(também chamadas de reportagens em profundidade ou grandes reportagens). Nesses 
casos, a elaboração da pauta se dá em conjunto (produtor/pauteiro, repórter e editor) e 
pressupõe um tempo maior de pré-produção, execução e pós-produção. 
As pautas para reportagens especiais são roteiros detalhados de todas as etapas 
de produção e exige intenso trabalho de apuração prévia (levantamento de fontes, pré-
entrevista com as fontes, levantamento de locações para imagens ou fotos, apuração 
de dados para sustentar a história etc.). Reportagens especiais nunca são produzidas 
em um único dia, como as reportagens do dia a dia, por isso a pauta deve organizar as 
etapas considerando cada dia de trabalho e a melhor logística possível para otimização 
dos recursos disponíveis. 
Imagine um programa jornalístico de televisão, como o Globo Repórter (da Rede 
Globo), por exemplo. Em muitas oportunidades, as reportagens são gravadas fora do 
país, mas a pré-produção é realizada antes da viagem, ainda no Brasil, via Internet e 
telefone. Os produtores precisam levantar, à distância, as histórias mais interessantes 
para compor o programa, encontrar personagens e entrar em contato com eles, agendar 
entrevistas que se encaixem na rotina desses personagens e na rotina pensada pela 
produção para os dias de gravação. Tudo isso considerando os equipamentos que 
serão necessários para produzir as melhores imagens, os deslocamentos que serão 
necessários entre um local de gravação e outro, entre muitos outros detalhes. Trata-se 
de um processo complexo que não pode ser feito sem planejamento detalhado. 
Quando assistir a uma reportagem especial na televisão, tente imaginar 
as etapas que precisaram ser executadas previamente para que essa 
reportagem fosse viabilizada: a escolha das fontes, o agendamento das 
entrevistas, a escolha dos locais de gravação, o levantamento de dados 
que estão no texto da reportagem. Você verá com outros olhos o trabalho 
dos jornalistas de televisão que não aparecem em frente às câmeras. 
DICA
27
2.2 PAUTAS DE ASSESSORIAS DE IMPRENSA
Uma das principais ocupações de um assessor de imprensa é conferir visibilidade 
midiática aos seus clientes. Para isso, os assessores constantemente sugerem pautas 
aos veículos de comunicação. As pautas provenientes das assessorias de imprensa 
(de órgãos públicos ou privados) devem ser analisadas criticamente, levando em 
consideração que elas sempre estão voltadas para interesses específicos, que podem 
ser conflitantes com o interesse público que os jornalistas têm o dever ético de defender. 
Por isso, no cotidiano das redações, as pautas que provém da própria redação 
sãoas que tem mais valor e espaço editorial. No entanto, em algumas oportunidades 
(como em dias em que há poucos factuais), é preciso recorrer aos releases enviados por 
assessorias de imprensa. Nessas situações, existem algumas regras preconizadas pelo 
bom jornalismo, como recupera Pinto (2009, p. 64):
• Nunca se publica o release do modo como foi enviado pela assessoria. Essa é 
uma prática comum em veículos pouco profissionais, mas não condiz com os 
procedimentos esperados de um bom jornalista. A partir das informações do release, 
cheque as informações e escreva seu próprio texto. 
• Pergunte e tente descobrir o que o release não diz: cubra o assunto criticamente.
• Quando o release tratar de evento oficial, “ligue o senso crítico ao máximo” (PINTO, 
2009, p. 64). 
2.3 REUNIÃO DE PAUTA
As reuniões de pauta são momentos em que o editor-chefe de um produto 
jornalístico (um jornal, telejornal, radiojornal, portal de notícias) se reúne com sua equipe 
de produtores, repórteres e editores para pensar as pautas que serão produzidas no 
decorrer do mesmo dia ou no dia seguinte (a depender do veículo e do produto), bem 
como designar as responsabilidades de cada repórter e editor. Essa reunião normalmente 
é realizada em uma sala usada especificamente para esse fim, com todos os jornalistas 
em torno da mesa e o editor-chefe na cabeceira, como na foto abaixo, em que vemos 
uma reunião de pauta do Jornal Hoje, em 2014. 
Um release ou press release é um comunicado feito pela assessoria de imprensa 
de uma organização pública ou privada que tem o objetivo de divulgar um 
acontecimento para a mídia. O objetivo do press release é conseguir “emplacar” 
em algum veículo de imprensa, isto é, conseguir virar notícia e garantir 
visibilidade para a empresa ou órgão público que representa. 
DICA
28
FIGURA 7 – REUNIÃO DE PAUTA
FONTE: <https://glo.bo/3vwMhXL>. Acesso em: 24 set. 2021.
Para os iniciantes, essa pode ser uma situação tensa, pela falta de experiência, 
mas é importante ter em mente que as negativas em relação às pautas oferecidas são 
comuns mesmo para repórteres experientes. As negativas nos ajudam a compreender 
cada vez melhor as preferências do editor-chefe, que estão sempre alinhadas com a 
proposta editorial do produto, o perfil do público e as expectativas da empresa jornalística. 
É comum que jornalistas iniciantes cheguem às reuniões de pauta com 
sugestões que são apenas temas genéricos ou palpites, mas ainda não configuram 
uma pauta. Uma pauta é sempre um recorte/abordagem bastante específico, que 
normalmente pode ser expressa em uma frase ou um título. 
Pensar pautas sempre exige algum nível de apuração prévia, de modo que 
não se pode chegar à reunião com meros palpites, é preciso ter dados concretos para 
justificar a pauta e convencer o editor. De outro modo, mesmo que uma pauta sem 
embasamento seja aceita, são grandes as chances de a pauta “morrer” ou “cair” antes 
mesmo de começar a ser executada. 
 Uma hipótese (ou uma pré-pauta) pode se transformar em uma boa pauta, mas 
apenas depois de apuradas as informações que justifiquem a abordagem. Ana Estela 
Souza Pinto (2009, p. 67) ensina um truque para descobrir se você tem uma pauta ou 
uma pré-pauta: “veja se consegue dar um título que afirme algo. Se conseguir, é pauta. 
Se ainda estiver só na interrogação, é pré-pauta”. 
As clássicas reuniões de pauta, com todos os jornalistas sentados em torno 
de uma mesa, são muito características dos jornais e das emissoras de televisão, 
mas mesmo os repórteres de Internet (que trabalham com deadlines praticamente 
instantâneos) discutem pautas: “muitas das discussões ocorrem em conversas 
29
realizadas em diferentes momentos do dia, e é comum que aconteçam imediatamente 
após um fato importante. Nessas ocasiões, as equipes se reúnem com seu editor direto 
e com a chefi a da redação para defi nir o encaminhamento da apuração” (FLORESTA; 
BRASLAUSKAS, 2009, p. 17). 
3 MODELOS E FORMATOS DE PAUTA
Existem muitos modelos de pauta, cada veículo usa seus próprios modelos, 
que podem variar mesmo dentro de um mesmo veículo de comunicação. Nas reuniões 
de pauta, normalmente as ideias de matéria são defendidas apenas verbalmente, em 
diálogo com todos os presentes. Isso não signifi ca que elas não exijam apuração prévia, 
como vimos no subtópico anterior. Em casos em que há dados concretos para mostrar 
ao editor, eles devem ser levados impressos e apresentados na reunião para defender a 
pertinência da pauta. 
Ao fi nal da reunião em que se decide quais pautas serão produzidas, o editor-
chefe costuma enviar um e-mail com o resumo do que fi cou decidido e o nome dos 
repórteres responsáveis por cada uma das pautas. Com as ideias de pautas aprovadas, 
é preciso estruturar o roteiro da reportagem, o que inclui selecionar, entrar em contato 
e agendar entrevista com as fontes, sistematizar questionamentos a serem feitos para 
cada uma delas, levantar dados e informações contextuais, entre outros processos a 
depender do tipo de pauta e da profundidade do material que se pretende produzir. As 
pautas de televisão, por exemplo, costumam ter mais detalhamento do que as pautas 
de jornal, porque são feitas por jornalistas que se dedicam exclusivamente à produção 
de pautas, chamados de produtores ou pauteiros. Vejamos alguns exemplos de pautas 
trazidos por autoras que se dedicam a estudar a prática jornalística. 
19 de novembro de 2008
Sequestro em Santo André, ABC Paulista
O repórter terá de acompanhar a reconstituição que está marcada 
para às 10h. No local, estarão peritos da polícia e a estudante 
Nayara, que diz que Lindemberg só atirou após os disparos dos 
policiais. Precisamos encontrar um local bem próximo de onde 
será a reconstituição. Um repórter tentará acompanhar tudo de um 
prédio da frente. Enquanto isso, outro repórter estará embaixo para 
observar a ação da polícia. Tentaremos entrevistar o delegado e a 
estudante após a reconstituição. Estaremos no local com fotógrafos 
(FLORESTA; BRASLAUSKAS; PRADO, 2009, p. 9). 
No jargão jornalístico, deadline é o prazo para a fi nalização de uma matéria. 
NOTA
30
Percebe-se, pela referência aos fotógrafos, que a pauta acima refere-se a 
uma matéria de jornal ou portal de notícias. Esse tipo de pauta, atrelada ao factual 
(reconstituição de crime) não exige muitos agendamentos, apenas a presença do 
repórter no local do acontecimento. Como se trata de uma suíte, ou seja, a continuação 
de uma cobertura relativa ao sequestro e à morte de uma adolescente, a pauta deve 
conter, além das informações acima, um resumo de todo o caso e do que já foi publicado 
sobre ele no veículo. 
Pautas de telejornalismo costumam ter no topo o que chamamos de “locações”, 
ou seja, os locais onde serão feitas as gravações (seja para entrevistas ou imagens). 
Assim, um modelo possível para pautas de TV é o seguinte:
Locação 1
Endereço: é importante que o endereço esteja correto e tenha sido checado 
diretamente com a fonte no momento do agendamento. Se for prédio, detalhar andar e 
sala/apartamento. 
Horário: o horário da pauta refere ao agendamento da entrevista. Logo, para 
que o repórter esteja com a fonte na hora marcada, é preciso que chegue com alguns 
minutos de antecedência. 
Entrevistado: O nome do entrevistado deve estar completo, com a grafia 
previamente checada. Isso não exime o repórter de conferir novamente. Também deve 
constar o cargo/função/profissão do entrevistado e sobre quais questões ele tem 
autoridade para falar. 
Contato: indispensável que esteja na pauta. Imprevistos podem acontecer, a 
pauta pode precisar ser desmarcada ou o repórter pode precisar falar com o entrevistado 
novamente depois da gravação. 
Sobre a pauta: nesse ponto, explica-se qual é a proposta da pauta e a 
abordagem, de forma breve (quatro a dez linhas, em média). 
A pauta acima faz referência ao que ficou conhecido na imprensa brasileira 
como “Caso Eloá”, o mais longo sequestro já registrado pela polícia no estado 
de São Paulo, que

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