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Didática, Metodologia, e Avaliação do Processo de Ensino Aprendizagem

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CURSOS FIC NOVOS CAMINHOS
AUXILIAR PEDAGÓGICO
UNIDADE CURRICULAR: DIDÁTICA,
METODOLOGIA E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE
ENSINO APRENDIZAGEM
PROFESSORA ANDREA MARRAFON
TEXTO 1
DIDÁTICA E EDUCAÇÃO
09/2022
CÂMPUS POÇOS DE CALDAS-MG
Afinal de contas, o que é educação?
Nas duas unidades curriculares iniciais específicas do curso de Auxiliar
pedagógico, falamos de temas que abordam o universo da educação escolar.
Tratamos sobre o papel do profissional da educação na relação pedagógica e de
como é organizado o sistema nacional de educação, a partir das legislações.
No entanto, é importante compreender que a educação é um campo mais
amplo do conhecimento e da história da humanidade. Para nos auxiliar nesta
questão tão importante, nos reportamos a alguns estudiosos e pensadores que
buscaram definir a educação.
Primeiramente, precisamos entender que a educação é uma ação de
natureza humana. Para o professor Demerval Saviani (2011, p. 81 )
O que se chama desenvolvimento histórico não é outra coisa
senão o processo através do qual o homem produz a sua
existência no tempo. Agindo sobre a natureza, ou seja,
trabalhando, o homem vai construindo o mundo histórico, vai
construindo o mundo da cultura, o mundo humano. E a
educação tem suas origens nesse processo. No princípio, o
homem agia sobre a natureza coletivamente e a educação
coincidia com o próprio ato de agir e existir, com o trabalho,
portanto. O ato de viver era o ato de se formar homem, de se
educar.
A partir dessa acepção, podemos afirmar que, enquanto o animal vive em um
meio, o homem vive em um mundo social. Ou seja, os animais, até o ponto em
que podemos saber, apenas reagem às condições que lhes são impostas pelo meio
em que vivem, valendo-se de seu instinto, de sua capacidade de reação às ameaças
aos estímulos diversos.
O homem, que partilha com os demais seres vivos essa condição de animal,
vai além; cria um mundo, isto é, constrói seu próprio ambiente humano, cheio
de artefatos e pleno de significados por ele mesmo atribuídos. O homem é, em
suma, um ser capaz de construir a cultura.
Por meio dessa introdução é possível dizer que a educação é uma das
manifestações mais significativas da humanidade, constituída por um universo
de artefatos e de fenômenos culturais, construídos por meio da ação humana,
o que implica reconhecer que é através da educação que as sociedades
sobrevivem, perpetuam-se e se renovam, estabelecendo valores e os
transformando.
A Educação, em sua tarefa primordial, lança mão de modelos, que nada mais
são do que visões acerca do homem que se pretende educar. Por isso, as
concepções sobre o homem estão na base das várias Filosofias da Educação,
concebidas a partir de visões filosóficas sobre o próprio homem, sua vida, sua
cultura, e sobre as organizações socioeconômicas e políticas que estabelece.
Por fim, é importante compreender que a condição humana é fruto da vivência
coletiva dos homens num mundo comum e em condições sociais e históricas
determinadas. Nesse processo o homem se constitui a partir das relações que se
estabelecem ao longo de sua vivência o que implica entendê-lo imerso num contexto
social e histórico, processo que envolve a busca pelo entendimento e explicação da
sua realidade.
Em cada período histórico, os homens buscam valores e princípios que dêem
significado à sua vida, constroem explicações sobre seu mundo, mudam suas ações
e princípios, criam diferentes culturas, estabelecem relações sociais.
Nesse sentido, dizemos que o homem é um ser em processo, um ser
histórico. Os homens estão em constante transformação, seja nas suas
relações sociais ou nas suas produções. Por isso, devemos esclarecer que não
existe o homem, mas homens vivendo num determinado espaço e tempo, sendo
construtores de suas próprias vidas.
No período chamado de era Moderna, que teve seu marco temporal a partir
de três revoluções: a Revolução Americana (1775-1783), a Revolução Francesa
(1789-1799) e a Revolução Industrial (1760-1830). Essas revoluções alteram
profundamente os cenários social, econômico, político e cultural do Ocidente,
favorecendo o surgimento de um novo conceito de civilização e, consequentemente,
uma nova imagem do homem.
Uma das questões mais marcantes desse período era que a visão de
educação e conhecimento deixa de ser “divina” para ser racional. O
conhecimento é um fator de libertação do homem e seus conhecimentos são tidos
como fundamentais para o desenvolvimento e transformação da sociedade. Tal
libertação deve ser realizada no campo da individualidade, da “consciência humana”,
e depois irradiada para a coletividade.
A modernidade é considerada a era da racionalidade, como definiu Goergen
(1996, p. 16)
A modernidade veio no bojo de uma cultura na qual se quebram os
vínculos metafísicos que explicavam o homem e o mundo,
tornando-se a razão a fonte da produção dos saberes, da ciência,
ancorada em critérios de objetividade, distanciando-se dos objetos
ou dos poderes transcendentais, religiosos ou metafísicos. Também,
o sujeito, o eu, passa a ser considerado como um sujeito empírico,
objeto entre outros objetos do mundo real, mas que se constitui
simultaneamente como condição fundamental de qualquer
experiência possível e da sua análise
A instrução tornou-se imprescindível para essa nova ordem social.
Crescia a exigência para que fossem construídos sistemas educacionais públicos. A
educação assumiu papel de destaque no processo de construção do “novo homem”,
do “cidadão ilustrado”.
O século XIX foi marcado por um esforço significativo para efetivar os
sistemas nacionais de Educação e, a partir do século XX, há uma
intensificação na necessidade de escolaridade.
A ciência se desenvolveu, dando ao homem uma enorme capacidade de
intervir na natureza e a organização do trabalho tornou-se mais complexa.
Atualmente exige-se que o homem domine uma grande quantidade de
informações e a educação exigida para a maioria dos postos de trabalho é o
Ensino Médio. Poderíamos dizer que se aprofundou a exigência de
racionalidade.
Pensando o ensino: a Didática
Adentrando no processo formativo, especialmente no contexto do ensino e
aprendizagem, falaremos sobre a didática, a pedagogia e as práticas de ensino.
Para Cordeiro (2007), o núcleo da didática é a escola e o ensino e diz que:
A palavra didática tem sua origem no verbo grego didasko, que significava
ensinar ou instruir.
Como nome de uma disciplina autônoma ou como parte de uma disciplina
mais ampla (a Pedagogia), didática, desde Comenius, significa o tratamento dos
"preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la
eficiente".
De maneira mais abreviada, "arte de transmitir conhecimentos técnica de
ensinar”.
Você sabe que foi Comenius?
Jan Amos Komensky defendia uma educação para a vida cotidiana, com
sistematização de todos os conhecimentos e o estabelecimento de um
sistema universal de educação e elaborou uma de suas principais obras,
Didáctica Magna (1628-1632), na qual defende e expõe esses princípios.
A Didáctica Magna marca o início da sistematização da pedagogia e da
didática no Ocidente. A obra, à qual o autor se dedicou ao longo de sua
vida, tinha grande ambição. Comenius chama sua didática de ‘magna’
porque ele não queria uma obra restrita, localizada. No livro, o pensador
realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria
didática até as questões do cotidiano da sala de aula. A prática escolar,
para ele, deveria imitar os processos da natureza.
Se quiser saber mais sobre a Didática Magna, acesse:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co
_obra=110595
Ainda de acordo com Cordeiro (idem, p. 18) a Didática Magna “pode ser
considerada o marco de fundação da disciplina, tanto pelo seu pioneirismo
quanto pela sua influência na época e mesmo muito tempo depois”.
Você agora deve ter pensado se a pedagogia se assemelha à didática e
quais são suas relações. No dicionário prático de Pedagogia (2008) a defini-se
pedagogiacomo uma ciência que se dedica à educação e ao ensino, sendo um
conjunto de filosofias, princípios, técnicas e métodos de educação e instrução
que visam a um objetivo previamente determinado (QUEIROZ, 2008, p. 197).
Considerando a definição da didática e da pedagogia, podemos afirmar que
ambas se interrelacionam, pois apresentam o sentido de transmissão, orientação,
condução, guia, direção, transporte. E esse conjunto de significados parece ser
inseparável da própria ideia de ensinar e de ensino, por mais que isso tenha sido
criticado.
Sendo uma área da Pedagogia, a Didática tem no ensino seu objeto de
investigação.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=110595
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=110595
Considerá-lo uma prática educacional em situações historicamente situadas
significa examiná-lo nos contextos sociais nos quais se efetiva [...], estabelecendo os
nexos entre eles (PIMENTA, 2011, p. 17). Nesse sentido, a Didática centra-se em
pensar e refletir sobre teorias e práticas que envolvem o processo de ensino.
Para compreender de forma mais objetiva e prática, você vai conhecer os
elementos centrais da Didática. De acordo com Libâneo (1993) os elementos
fundantes da didática são os objetivos e os conteúdos, os métodos de ensino, a
avaliação, a aula, o planejamento e a relação professor e aluno.
No quadro a seguir, você vai conhecer os significados de cada um desses
elementos que constituem a Didática:
Quadro 1 : Elementos constituintes da Didática
Elementos Significados
Objetivos e
conteúdos
O processo de elaboração dos objetivos pressupõe, da
parte do professor, uma avaliação crítica com as
referências que utiliza, balizadas pelas suas opções em
face dos determinantes sócio-políticos da prática
educativa. Assim, o professor precisa saber avaliar a
pertinência dos objetivos e conteúdos propostos pelo
sistema escolar oficial, verificando em que medidas
atendem exigências de democratização política e social;
deve, também, saber compatibilizar os conteúdos com
necessidades, aspirações, expectativas da clientela
escolar, bem como torná-los exequíveis face às
condições sócio-culturais e de aprendizagem dos
alunos [...].
Métodos de ensino O conceito mais “simples” de método é o de caminho
para atingir um objetivo. Na vida cotidiana estamos
sempre perseguindo objetivos. Mas estes não se
realizam por si mesmos, sendo necessária a nossa
atuação, ou seja, a organização de uma sequência de
ações para atingi-los. Os métodos são, assim, meios
adequados para atingir objetivos.
Avaliação Pode ser concebida como “uma apreciação qualitativa
sobre dados relevantes do processo de ensino e
aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões
sobre o seu trabalho” .
A aula Devemos entender a aula como o conjunto de meios e
condições pelos quais o professor dirige e estimula o
processo de ensino em função da atividade própria do
aluno no processo da aprendizagem escolar, ou seja, a
assimilação consciente e ativa dos conteúdos.
Planejamento O processo de ensino é uma atividade conjunta de
professores e alunos, organizado sob a direção do
professor, com a finalidade de prover as condições e
meios pelos quais os alunos assimilam ativamente
conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções.
Relação Professor e
Aluno
É importante destacar que a relação pedagógica não
pode ficar sempre na representação estática onde o
professor ensina e os alunos cumprem a sua função do
aprender. A interação professor-alunos é um aspecto
fundamental da organização da “situação didática”,
tendo em vista alcançar os objetivos do processo de
ensino: a transmissão e assimilação dos
conhecimentos, hábitos e habilidades.
Fonte: Libâneo, 1993. Elaborado pela autora, em 2022.
Você pode estar pensando: O que a Didática tem a ver com o trabalho que
o Auxiliar Pedagógico vai realizar, uma vez que ele não atua em sala de aula
como professor?
A resposta é que ambas as atuações se associam, uma vez que para planejar,
elaborar e organizar os meios para promover a aprendizagem, é preciso conhecer
quais os caminhos possíveis. Por isso a importância da didática e de todos os
elementos que a envolvem, compreendo que o ensino e a aprendizagem são
finalidades nucleares da escola, portanto responsabilidade de todos e de todas
os/as profissionais que atuam na comunidade escolar.

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