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Resumo educação e ensino de geografia - Julia Silva

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Educação e ensino de Geografia na Realidade Brasileira 
 
Ariovaldo Umbelino de Oliveira 
“Eu perguntei se não prendiam nada de Geografia. Não precisa, disse um deles, isso a 
gente aprende é no pé. Os igarapés vão pro Tocantins. O Tocantins desce pro mar, é 
só olhá, né? No topo daquele monte não serve plantá. A terra é ruim. No baixo é boa. É 
no pé mesmo, andando e olhando.” 
Maria Regina – Espaço e Luta no Bico do Papagaio. 
 
A discussão deste tema entre aqueles que militam no ensino de geografia não 
tem sido tarefa fácil. Definir e produzir uma “ideologia patriótica e nacionalista” tem sido 
o papel do ensino da geografia na escola. São os operários em greve por melhores 
salários, a mostrar que a fábrica não é apenas um prédio. Os trabalhadores produziram 
uma cidade e não têm direito a ela. Os povos indígenas são vítimas da violência do 
grande capital. A sociedade se move, se agita. O Brasil se redefiniu. O país produz para 
nações avançadas consumirem e ficou endividado. E o que os professores de 1º e 2º 
grau ensinam sobre essa realidade viva e agitada? 
A Geografia que se ensina 
A grande maioria dos professores da rede de ensino sabe muito bem que o 
ensino atual da geografia não satisfaz nem o aluno e nem o professor. Esse quadro 
abriu espaço para que a indústria do livro didático ganhasse terreno, fazendo com que 
o livro virasse uma “bíblia”, onde os professores usam a ideologia de que “se está escrito 
no livro, está certo”. O resultado disso foi uma qualidade de ensino que deixa muito a 
desejar. 
 Mas que geografia é essa, que está presente nos livros didáticos? É a geografia 
“científica” e “neutra”, a mesma que vem sendo ensinada desde o século passado. Por 
que não têm chegado aos professores as transformações que têm ocorrido nos centros 
de pesquisa? 
 Precisamos então rever qual é o papel da geografia nas escolas, rever à quem 
servem seus conteúdos e qual é o função da escola na sociedade. 
A Geografia como ciência 
 Nos últimos anos um grande número de livros e de artigos interessando à 
discussão teórico-metodológica têm sido publicados. De forma correta, esta discussão 
tem começado pela reflexão acerca da geografia que se produz. Dentre as correntes 
em debate – positivista, neopositivista e dialética – ela tem sido responsável por grande 
parte dos trabalhos produzidos. 
 Este caminho pressupõe que o professor se envolva não só com os alunos, mas 
sobretudo com os conteúdos a serem ensinados. Ou seja, o professor deve deixar de 
dar os conceitos prontos para os alunos, e sim, juntos, professores e alunos participarem 
de um processo de construção de conceitos e de saber. 
A contradição como móvel da superação do impasse 
 Este debate entre professores da rede e professores pesquisadores tem 
permitido tomar consciência de que a geografia tem passado por um processo de 
discussão de suas teorias e métodos. Este processo de reflexão crítica tem permitido 
que a ciência avance e rompa-se o cerco da divisão do trabalho acadêmico entre 
produtores e transmissores do saber geográfico. Está nascendo pela primeira vez uma 
proposta para o ensino de 1º e 2º graus de geografia para a escola pública. Objetivando 
assim que o aluno que era tratado apenas como um receptáculo de informações para 
um ser crítico, capaz, desde o princípio do processo de aprendizagem, de criar e 
construir o saber. 
A contribuição da geografia no ensino de 1º e 2º graus 
 A geografia, como as demais ciências que fazem parte do currículo de 1º e 2º 
graus, procura desenvolver no aluno a capacidade de observar, analisar, interpretar e 
pensar criticamente a realidade tendo em vista a sua transformação. 
A geografia explica como as sociedades produzem o espaço, conforme seus 
interesses em determinados momentos históricos e que esse processo implica numa 
transformação contínua. Como são produzidos por sociedades desiguais, os espaços 
também são desiguais. A organização social leva à apropriação dos recursos. Essa 
apropriação leva à maior ou menor interferência na natureza. 
É fundamental o entendimento da sociedade para entender a natureza, já que 
esta é apropriada historicamente. É nesses termos que a geografia hoje se coloca. 
A educação e o ensino da geografia, como instrumento de conscientização 
 É na escola que uma parte do processo de conscientização se desenvolve. Com 
o professor de geografia no ensino de1º e 2º graus está a tarefa de desenvolver na 
criança e com ela a visão de totalidade da sociedade brasileira. Hoje só tem havido lugar 
para duas grandes vertentes: ensinar uma geografia que cria desde o início 
trabalhadores, ainda que crianças, ordeiros para o capital; ou ensinar uma geografia 
crítica, que forme criticamente a criança, se preocupando com sua formação como 
cidadão. 
 E certamente, para quem quer transformar a realidade presente, esta é a escola, 
a educação e a geografia que queremos. Porque senão nós professores e 
particularmente os de geografia, vamos ter que concordar com os sábios posseiros em 
luta do Bico do Papagaio: “Geografia a gente aprende no pé...”

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