Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS Patrícia Sebajos Vaz Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão. � Determinar a potência ou a carga instalada dos equipamentos elétricos. � Analisar a demanda de utilização dos equipamentos elétricos. Introdução Para que você possa utilizar e compreender os equipamentos elétricos, é necessário aprender inicialmente alguns conceitos básicos, como as suas características, especificações técnicas e funcionalidades. Neste capítulo, serão apresentadas ferramentas para que você possa ser capaz de definir, conhecer e ter a capacidade técnica para o dimensionamento e a escolha dos dispositivos utilizados em projetos de instalações elétricas prediais de baixa tensão por meio de um recurso tão importante atualmente para humanidade, que se chama energia elétrica. Abordaremos, ao longo deste texto, de onde a energia elétrica é fornecida, o que é carga instalada e como podemos dimensionar potência elétrica e demanda elétrica. Instalações elétricas Para compreender instalações elétricas de baixa tensão e tudo que envolve esse universo, é indispensável que possamos ir desvendando pouco a pouco os seus princípios e entendendo como é elaborado e projetado e de que forma funciona basicamente o nosso sistema elétrico brasileiro, cuja principal fina- lidade é transportar energia elétrica até nós. Basicamente, são quatro etapas: geração, transmissão, distribuição e utilização. O transporte é realizado por meio de linhas de transmissão ou subtransmissão em alta tensão, porém, para a nossa utilização, é preciso fazer o rebaixamento de baixa tensão ou média tensão. Isso acontece em subestações abaixadoras e essa etapa se chama distribuição primária, realizada atrávés de linhas aéreas, com cabos nus ou cobertos de alumínio ou cobre, suspensos por postes ou linhas subterrâneas com cabos isolados. Em ambos os casos as redes são protegidas contra aci-dentes. A distribuição secundária é quando chega até a entrada de energia do consumidor, em nossa residência ou prédio. Em geral, as linhas de distribuição alimentam diretamente indústrias, prédios comerciais e residenciais de grande porte, pois, para essas instalações, devem ser previstos subestações ou transformadores específicos. Para pequenos consumidores, ou seja, residências, a alimentação pode ser realizada sem a necessidade de uma subestação, como as linhas de distribuição que passam em nossa rua residencial. Como última etapa temos a utilização, ou seja, é quando, depois das etapas de geração, transmissão e distribuição, a energia elétrica pode finalmente ser consumida, por exemplo, quando utilizamos o nosso chuveiro, em que a resistência elétrica esquenta a água e podemos tomar banho. Como definição, a instalação elétrica é o conjunto de componentes elétricos constitu- ídos de características técnicas. São interligados, têm a finalidade de fornecer energia elétrica e estão classificados em: � instalações elétricas de baixa tensão, que são caracterizadas pelas tensões de alimentação não superiores a 1000 V, em corrente alternada (CA), ou a 1500 V, em corrente contínua (CC); � instalações de extrabaixa tensão, as quais são alimentadas com tensões não superiores a 50 V, em CA, ou a 120 V, em CC. Você pode estar se perguntando: de onde provém a energia elétrica? Onde ela é gerada? Como são classificadas as suas fontes? Quais os princípios de funcionamento? São questionamentos importantes para que você entenda a energia elétrica e saiba de onde vêm os processos de transformação ou, por exemplo, como denominamos as usinas de geração ou cogeração destinadas Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão2 à produção, à conversão e à distribuição. As usinas estão divididas em tipos, de acordo com a fonte primária que utiliza, e são as seguintes: � Hidrelétricas, cuja fonte é a energia mecânica de quedas d’água, prin- cipalmente de rios. � Termelétricas, que utilizam a energia térmica da queima de combus- tíveis, tais como carvão, óleo diesel, gasolina, gás, etc. � Nucleares, que utilizam a energia térmica produzida pela fissão nuclear de materiais, como urânio, tório, etc. � Eólicas, a quais utilizam a energia mecânica dos ventos. � Fotovoltaicas ou solares, que utilizam a luz do sol para geração de energia elétrica. De forma geral, as instalações elétricas estão classificadas em residenciais, comerciais e industriais. O nosso objetivo é estudar sobre as instalações elétrica de baixa tensão prediais. O que é um equipamento elétrico? Equipamento elétrico é todo aquele que faz parte de uma instalação elétrica. É constituído de componentes mecânicos distintos ou em conjunto e são aplicados para o funcionamento da instalação elétrica. Para o correto funcio- namento, devem estar aplicados a uma fonte de energia, tais como baterias, transformadores, geradores e rede elétrica da concessionária. O que é uma fonte energia? As fontes de energia são as diferentes formas de recursos que direta ou indire- tamente produzem energia e passam a fornecer intensidade, carga e potência para que algum determinado equipamento elétrico funcione ou opere e seja capaz ao seu propósito. São classificadas como fonte em CC ou fonte em CA. � Fontes de CC: são aquelas em que a circulação de corrente é contínua, ou seja, sempre a mesma polaridade, e não ocorrem oscilações na forma de onda, tendo um polo positivo e outro negativo. Exemplificando, equipamentos os quais são alimentados por uma fonte de CC, tais como as pilhas e baterias. 3Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão � Fontes de CA: são aquelas que têm oscilação em sua forma de onda diversas vezes em cada segundo, ou seja, a polaridade é invertida um certo número de vezes por segundo. A maioria dos equipamentos elétri- cos funciona em CA, como os motores de indução, os eletrodomésticos, as lâmpadas de iluminação, etc. Classificação dos equipamentos elétricos quanto ao tipo � Fixos: instalados em local permanentemente, tais como um disjuntor num quadro elétrico ou um transformador num poste ou numa subes- tação elétrica. � Estacionários: não têm alça para transporte, tais como geladeira, fre- ezer, fogão, forno elétrico, micro-ondas, ar-condicionado, exaustor, televisão, etc. � Portáteis: facialmente movimentados ou transportados, tais como aspirador, enceradeira, ventilador, liquidificador, cafeteira elétrica, batedeira, etc. � Manuais: para o funcionamento, são suportados pelas mãos, tais como furadeiras, ferro de passar, secador de cabelo, etc. Classificação dos equipamentos elétricos quanto à utilização Em geral, os equipamentos existem para atender às seguintes funções: alimen- tação da instalação (geradores, transformadores e baterias), manobra, comando e proteção (chaves em geral, disjuntores, dispositivo, fusíveis, contadores, etc.). Quanto à utilização, são os que transformam energia elétrica em uma outra forma de energia que seja utilizável (equipamentos a motor, equipamentos a resistor, equipamentos de iluminação, etc.). Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão4 A parte final de um sistema elétrico é a subestação abaixadora para a baixa tensão, ou seja, a tensão de utilização. No Brasil, há cidades onde a tensão é de 220 V (Florianópolis, por exemplo) e outras em que é 110 V (Porto Alegre e Curitiba, por exemplo). O motivo de isso acontecer é em razão de as redes elétricas terem equipamentos elétricos nessas tensões. Quando foram projetadas, adotou-se esse nível de tensão. Carga elétrica, tensão e potência Carga elétrica instalada É a soma das potências nominais de todos os aparelhos instalados em um consumidor ligados ou não a uma rede elétrica, isto é, a potência que pode ser absorvida pelo equipamento elétrico.Em relação aos circuitos dos equi- pamentos elétricos, podemos dizer que: funcionamento em carga, quando o circuito ou o equipamento está transferindo potência, ou funcionamento em vazio, quando o circuito ou o equipamento não está transferindo potência, sendo, porém, normais as outras condições de funcionamento. Tensão nominal nas instalações Os sistemas distribuição de energia nas instalações elétricas são caracterizadas por suas tensões nominais, dadas em valores eficazes. A tensão nominal de uma instalação alimentada por uma rede pública de baixa tensão é igual à da rede, isto é, do sistema de distribuição. Se a instalação for alimentada por um transformador próprio, sua tensão nominal é igual à tensão nominal do secundário do transformador. As tensões nominais são indicadas por U 0 /U ou por U, sendo U 0 a tensão fase-neutro e U a tensão fase-fase. Sistemas trifásicos a quatro condutores: observe um sistema trifásico a quatro condutores na Figura 1. 5Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão Figura 1. Sistema trifásico a quatro condutores. Fonte: Prysmian Cables & Systems (2010, p. 10). Sistemas monofásicos a três condutores: para entender os sistemas mono- fásicos a três condutores, observe a Figura 2. Figura 2. Sistema monofásico a três condutores. Fonte: Prysmian Cables & Systems (2010, p. 10-11). Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão6 Sistemas trifásicos a três condutores: visualize o sistema trifásico a três condutores nas Figuras 3 e 4. Figura 3. Sistema trifásico a três condutores. Fonte: Prysmian Cables & Systems (2010, p. 10). Figura 4. Sistema trifásico a três condutores. Fonte: Prysmian Cables & Systems (2010, p. 10). Nas Tabelas 1 e 2 são apresentados os principais valores de tensões nomi- nais utilizados no sistema elétrico brasileiro, tanto para equipamentos como na rede de distribuição. 7Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão Fonte: Adaptada de Prysmian Cables & Systems (2010). Sistemas trifásicos a 3 ou 4 condutores (V) Sistemas monofásicos a 3 condutores (V) 115/230* 110/220 120/280* 115/230* 220/380* 127/254* 220* 254/440 440 460 *Usadas em redes públicas de baixa tensão. Tabela 1. Tensões nominais de sistema de baixa tensão usadas no Brasil Fonte: Adaptada de Prysmian Cables & Systems (2010). Tipo Tensão nominal (V) Monofásicos 110 115 120 127 220 Trifásicos 220 380 400 Tabela 2. Tensões nominais de equipamentos de utilização no Brasil Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão8 Potência nominal: é aquela especificada na placa de identificação dos equipamentos elétricos. Normalmente contém os dados de fabricação do equipamento, tais como corrente, tensão de operação, frequência e número de série. Potência aparente: é o produto da tensão e da corrente, sua unidade de medida é o volt-ampère (VA). A potência aparente é composta pela soma da potência ativa e da potência reativa. Potência ativa: é a parcela da potência aparente efetivamente transformada em potência mecânica, potência térmica ou potência luminosa, ou seja, é o trabalho efetuado na unidade de tempo. Para exemplificar, podemos utilizar uma lâmpada. Ao ser percorrida pela corrente elétrica, ela acende e aquece. A luz e o calor produzidos nada mais são do que o resultado da potência elétrica que foi transformada em potência luminosa (luz) e potência térmica (calor). As fórmulas que podemos utilizar para o cálculo da potência são as seguintes: P = U × I (Watts) P = R × I² P =U² / R Onde: P: potência elétrica U: tensão elétrica I: corrente elétrica R: resistência elétrica Cálculo de energia elétrica: a energia elétrica (E) é a potência elétrica (P) vezes o tempo de utilização (em horas, por exemplo) que o fenômeno elétrico acontece (uma lâmpada acesa, por exemplo). E = (U x I) × t E = P × t Onde: t: tempo — normalmente, nesse caso, é adotado em horas (h). 9Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão A unidade de E é o Watt-hora e o seu símbolo é Wh. Potência reativa: é aquela em que a parcela da potência aparente é trans- formada em campo magnético, necessário ao circular, por exemplo, em dis- positivos como motores, transformadores e reatores, e cuja unidade de medida é o volt-ampère reativo (VAR). Fator de potência: é um índice (porcentagem) que mostra a forma como a energia elétrica recebida está sendo utilizada, ou seja, ele indica quando a energia solicitada da rede da concessionária (potência aparente) está sendo usada de forma útil (potência ativa). O fator de potência pode se apresentar de duas formas, em circuitos puramente resistivos e indutivos (Tabela 3). Fonte: Adaptada de Prysmian Cables & Systems (2010). Circuitos puramente resistivos FP = cos Ø = 1,0 Chuveiros, aquecedores elétricos e lâmpadas incandescentes Circuitos indutivos FP = cos Ø < 1,0 Motores de indução, reatores e transformadores elétricos Tabela 3. Circuitos puramente resistivos e indutivos Verifique na conta de energia da sua casa quantos kWh são consumidos por mês. Com- pare com alguma conta anterior. Procure identificar os equipamentos que consomem mais energia e elabore alternativas para minimizar essa situação. Se você morar em prédio, analise a conta de luz do condomínio, procure dar sugestões de melhorias para a redução do consumo de energia. Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão10 Fornecimento de energia elétrica O fornecimento de energia elétrica que recebemos é realizado pelas concessio- nárias. Conforme Cavalin e Cervelin (2006, p. 205-206), para o fornecimento de energia elétrica são definidos algumas terminologias e procedimentos que normalmente são adotados na elaboração e no desenvolvimento de projetos de instalações elétricas de baixa tensão, tanto residenciais como prediais. Esses conceitos têm a finalidade de padronizar e definir premissas, por isso, é muito importante que você os conheça. A seguir, apresentamos os principais conceitos definidos pelas concessionárias COPEL, CEMIG e CESP. Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica usuária de energia elétrica, isto é, quem, por meio da solicitação à concessionária por esse fornecimento, é responsável por todas as obrigações regulamentares e contratuais. Unidade consumidora é o ponto de entrega de energia elétrica. Pode ser em residenciais ou em edifícios, o que varia são os pontos de medição individual ou coletiva, como em edifícios de uso coletivo, tais como prédios residenciais ou comerciais. Ponto de entrega é o ponto de fixação dos condutores do ramal de ligação da propriedade do consumidor, sendo de responsabilidade da concessionária sua operação, manutenção e instalação. Ramal de ligação é o conjunto de condutores e acessórios instalados pela concessionária entre o ponto de derivação da rede secundária e o ponto de entrega. Ramal de entrada são o conjunto de condutores, acessórios e equipamentos instalados pelo consumidor a partir do ponto de entrega até a medição, inclusive. Ramal alimentador é o conjunto de condutores e acessórios instalados pelo consumidor após a medição para alimentação das instalações internas da unidade consumidora. Limitador de fornecimento é o equipamento de proteção (disjuntor ter- momagnético) destinado a limitar a demanda da unidade consumidora. Centro de medição é o local onde está situada a medição de dois ou mais consumidores. Caixa para medidor é a caixa lacrável destinada à instalação de medidor ou medidores de energia e seus respectivos acessórios, na qual pode ser instalado também o equipamento de proteção. Caixa para disjuntor de proteção é a instalação de disjuntor de proteção geral da entrada de serviço. 11Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão Caixa lacrável destinada é a instalação elétrica pertencente a um único consumidor. No caso de edifícios, cada apartamento, ou sala comercial, é uma unidade consumidora individual.Cabina é o compartimento localizado dentro da propriedade do consumidor, destinado a abrigar o transformador de distribuição, os equipamentos e os acessórios necessários à sua ligação. Medição direta é a medição de energia, efetuada por medidores conectados diretamente aos condutores do ramal de entrada. Medição indireta é a medição de energia efetuada com auxílio de equi- pamentos auxiliares (transformadores de corrente [TC], e para média e alta tensão transformador de potencial [TP]). Chave de aferição é um dispositivo que possibilita a retirada do medidor do circuito sem interromper o fornecimento, ao mesmo tempo em que coloca em curto-circuito o secundário dos transformadores de corrente. Alimentador principal ou prumada é a continuação ou o desmembra- mento do ponto de entrega e do ponto de entrada, do qual fazem parte os condutores, os eletrodutos e os acessórios, conectados a partir da proteção geral ou do quadro de distribuição principal (QDP) até as caixas de medição ou de derivação. Limite de fornecimento: utilização e demanda — potência de alimentação O fornecimento de energia elétrica é determinado pelas limitações estabelecidas pelas concessionárias em função da potência (carga) instalada ou da potência de demanda e do tipo ou de fornecimento. Especificar uma entrada de energia para um consumidor significa adequar uma categoria de atendimento (tipo de fornecimento) à respectiva carga desse consumidor, tais como potência ou carga instalada, demanda de utilização (provável demanda), fator de demanda e fator de potência. Dispositivos de conexão para os equipamentos elétricos A norma de instalações em baixa tensão NBR 5410:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004) classifica os componentes e os acessórios que são utilizados para a conexão física com o equipamento Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão12 elétrico, como tomadas, e estabelece o número mínimo que deve ser previsto numa residência em pontos específicos, conforme a utilização e ao que se destina: Tomada da corrente ou ponto de tomada: são componentes elétricos responsáveis por ligar equipamentos à fonte de energia por meio de um plugue. Tomadas de uso específico: destinadas a ligar equipamentos fixos ou estacionários de potência elevada (chuveiro elétrico, ar-condicionado, máquina de lavar, etc.). Tomadas de uso geral: destinadas aos equipamentos portáteis, manuais ou estacionários. Tomadas de uso geral (TUG): destinadas ao uso geral de equipamentos móveis ou portáteis. A norma orienta: quantidade em cômodos ou dependências com área inferior ou igual a 6 m²; no mínimo uma tomada para cômodos ou dependências com área superior a 6 m² e uma tomada para cada 5 m ou fração de perímetro e espaçadas tão uniformemente quanto possível. Em cozinhas, copas, copas- -cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos: uma tomada para cada 3,5 m ou fração de perímetro ou no mínimo potência de 600 VA por tomada até três tomadas e demais tomadas de 100 VA em diante; uma para bancada com largura igual ou superior a 0,3 m. Subsolos, varandas, garagens, sótãos, halls de escadarias, sala de bombas e locais análogos: no mínimo uma tomada em banheiros; pelo menos uma tomada junto ao lavatório com distância mínima de 60 cm do limite do boxe. Tomadas de uso específico (TUE): destinadas a aparelhos fixos de acordo como a norma verificar a potência nominal do equipamento; deve estar loca- lizada no máximo a 1,5 m do equipamento. Objetivos da especificação da entrada de energia A norma de instalações em baixa tensão NBR 5410:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, p. 12), no item 4.2.1.1.1, diz que “a determinação da potência de alimentação é essencial para a concepção econômica e segura de uma instalação, dentro de limites adequados de elevação de temperatura e de queda de tensão”. O item 4.2.1.1.2 diz também que devem ser “consideradas as possibilidades de não simultaneidade de funcionamento dos equipamentos, bem como a capacidade de reserva para futuras ampliações” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, p. 12). De acordo com Cavalin e Cervelin (2006, p. 209), devemos adotar os seguintes objetivos para especificar a entrada de energia: determinar o tipo de 13Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão fornecimento; dimensionar os equipamentos de medição e proteção; efetuar estimativa de carga e demanda declarada; efetuar estimativa de fator de potência (no caso de residências e apartamentos individuais, considera-se FP = 1,00); e, para se enquadrar na categoria adequada ou no tipo de fornecimento, obedecer ao seguinte roteiro: determinar a carga instalada, conforme NBR 5410:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004); verificar a demanda do consumidor, em kVA; verificar o número de fases das cargas do consumidor; verificar a potência dos motores, FN, 2F, 3F, em cv; verificar a potência dos aparelhos de solda e raio X, em kVA; e enquadrar o consumidor na categoria adequada, consultando a norma da concessionária local. Demanda de energia Demanda é a potência elétrica realmente absorvida em um determinado instante por um equipamento ou por um sistema. A demanda média de um consumidor ou sistema: é a potência elétrica média absorvida durante um intervalo de tempo determinado (15 minutos ou 30 minutos). A demanda máxima de um consumidor ou sistema é a maior de todas as demandas ocorridas em um período de tempo determinado; representa a maior média de todas as demandas verificadas em um dado período (um dia, uma semana, um mês ou um ano). A potência de alimentação, potência de demanda ou provável demanda é a demanda máxima da instalação. É o valor que será utilizado para o dimen- sionamento dos condutores alimentadores e dos respectivos dispositivos de proteção; será utilizado também para classificar o tipo de consumidor e seu padrão de atendimento pela concessionária local. Fator de demanda: razão entre a demanda máxima e a potência instalada: FD = Dmáx / Pinst. Demanda de utilização É a soma das potências nominais de todos os aparelhos elétricos que funcio- nam simultaneamente, utilizada para o dimensionamento dos condutores dos ramais alimentadores, dispositivos de proteção, categoria de atendimento ou tipo de fornecimento e demais características do consumidor. A demanda varia conforme a utilização dos equipamentos elétricos. O valor em watts (W) da carga instalada não varia, a variação que ocorre é conforme a demanda de utilização dos equipamentos. Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão14 O cálculo da demanda é utilizado para definir a categoria de atendimento da concessionária, conforme a respectiva carga do consumidor. Esse cálculo é estatístico, por meio de estudos realizados por projetistas, pois caso isso não fosse utilizado, ocorreria um superdimensionamento na entrada de energia, em condutores, disjuntores, postes, chaves, e, consequentemente, com custos maiores por parte da concessionária. Portanto, é calculado uma estimativa máxima de demanda prevista. Confira o cálculo de um consumidor residencial: D = (P1 × g1) + (P2 × g2) Onde: D: demanda individual da unidade consumidora, em kVA. P1: soma das potências ativas da iluminação e TUGs em W. P2: soma das potências de TUEs em W. g1: fator de demanda dado pela Tabela 4. g2: fator de demanda dado pela Tabela 5. Fonte: Adaptada de Cavalin e Cervelin (2006). Linha Potência (W) g1 01 0 a 1000 0,86 02 1001 a 2000 0,75 03 2001 a 3000 0,66 04 3001 a 4000 0,59 05 4001 a 5000 0,52 06 5001 a 6000 0,45 07 6001 a 7000 0,40 08 8001 a 9000 0,35 09 9001 a 10000 0,31 10 10001 a 11000 0,27 11 Acima de 10000 0,24 Tabela 4. Fatores de demanda para TUGs 15Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão Fonte: Adaptada de Cavalin e Cervelin (2006). Número de circuitos de TUEs g2 Número de circuitos de TUEs g2 01 1,00 11 0,49 02 1,00 12 0,48 03 0,8413 0,46 04 0,76 14 0,45 05 0,70 15 0,44 06 0,65 16 0,43 07 0,60 17 0,41 08 0,57 18-19-20 0,40 09 0,54 21-22-23 0,39 10 0,52 24 e 25 0,38 Tabela 5. Fatores de demanda para TUEs A Figura 5 traz um exemplo de curva da demanda diária em uma residência. Figura 5. Curva da demanda diária em uma residência. Fonte: Adaptada de Cavalin e Cervelin (2006). Pinst. DM 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 t(h) Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão16 Confira a Tabela 6 para entender melhor o cálculo para carga instalada em uma residência. Tipo de carga Potência nominal (W) Quantidade Total parcial (kVA) Lâmpada fluorescente 100 4 0,4 Lâmpada incandescente 60 4 0,24 Tomadas 100 8 0,8 Chuveiro 5400 2 5,4 Geladeira 300 1 0,3 TV 90 1 0,09 Ar-condicionado 1800 2 3,04 Ferro elétrico 1000 1 1 Aquecedor a gás 1000 1 1 Forno elétrico 6000 1 0,6 Total 12,87 Tabela 6. Exemplo de cálculo para carga instalada em uma residência Carga instalada total em “kW”: CI (kW) = 15,85 kVA × 0,92 = 14,58 kW Carga instalada total em “kVA”: CI kVA = 12,87 kVA 17Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2004. CAVALIN, G.; CERVELIN, S. Instalações elétricas prediais: conforme norma NBR 5410:2004. 14. ed. São Paulo: Erica, 2006. PRYSMIAN CABLES & SYSTEMS. Manual Prysmian de instalações elétricas. [S.l.]: Prys- mian, 2010. Leituras recomendadas AMPLA. Energia Elétrica do Grupo Ebel. Cálculo de demanda para medição de cliente em baixa tensão. Rio de Janeiro: Ampla, 2009. (ITA-001, rev. 3). CARVALHO, M. R. L. Instalações elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro, 2000. (Apostila). COTRIN, A. A. M. B. Instalações elétricas. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 1992. NISKIER, J.; MACINTYRE, A. J. Instalações elétricas. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1992. SOUZA, D. R. Instalações elétricas prediais. Jataí, GO: CEFET, 2006. 19Equipamentos elétricos de instalações prediais de baixa tensão
Compartilhar