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EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE W B A 01 29 _v 2. 1 2 Bruna Argolo Soares Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Juliana Caramigo Gennarini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Camila Braga de Oliveira Higa Revisor Danielle Leite de Lemos Oliveira Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Soares, Bruna Argolo. S676e Educação permanente em saúde/ Bruna Argolo Soares, Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 41 p. ISBN 978-65-5903-025-5 1. Propostas pedagógicas 2. Educação 3. Organização I. Título. CDD 370 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 6/2786 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Educação permanente em saúde: conceitos e definições ___________ 05 Construção da educação permanente em saúde ___________________ 20 Diretrizes da educação permanente em saúde _____________________ 34 Financiamento e avaliação da educação em saúde _________________ 47 EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE 5 Educação permanente em saúde: conceitos e definições Autoria: Bruna Argôlo Soares Leitura crítica: Danielle Leite de Lemos Oliveira Objetivos • Compreender as diferentes práticas pedagógicas para produção do conhecimento. • Caracterizar a linha histórica da educação permanente em saúde. • Descrever conceitos de educação em saúde. 6 1. Introdução Transmitir conhecimento é uma forma importante de compartilhar o saber entre os povos e indivíduos. Quando esse conhecimento considera a vivência e o contexto onde essa população está inserida, torna-se ainda mais consolidado e transformador. A educação permanente em saúde, prepara profissionais e a população para atuarem em diversas situações observadas a partir do cotidiano. A partir da identificação da problemática identificada, é estruturado e realizado acompanhamento e troca de conhecimentos para que esses profissionais e a população possam atuar com maior autonomia no autocuidado e no cuidado ao outro. Ao se tratar de educação em saúde ou a educação em qualquer contexto, deve-se considerar importante o “como ensinar” para que se consiga chegar ao objetivo esperado, que é a transformação da realidade onde este sujeito está inserido. Dentre as abordagens pedagógicas, veja a seguir. 1.1 Abordagem tradicional A abordagem tradicional de transmissão está focada em um agente transmissor do conhecimento, que ensina, e outro receptor, que “não sabe” e está recebendo as informações. Dessa forma, a lógica dessa abordagem é puramente transmitir o conhecimento a outrem. A pessoa que “sabe mais”, supostamente está apto a ensinar, aconselhar e corrigir quem está apto à recepção desse conhecimento. Uma limitação desta abordagem se dá quando o profissional, que foi ensinado nesse modelo, se considera autoridade máxima no tema e se torna um repetidor de informações e ações o que pode acarretar também em não atualização do tema diante das crenças, dos contextos, 7 valores e realidades dos sujeitos que receberão as informações (pessoas que “devem” aprender) (OLIVEIRA; LEITE, 2011). 1.2 Condicionamento Outra abordagem é o condicionamento. Ele baseia-se na concentração e condutas com estímulos para que o aprendiz emita respostas necessárias e esperadas para determinada situação, ou seja, são dadas instruções para que os indivíduos executem uma tarefa, ou ação, mediante aquelas instruções, não considerando conhecimento prévio que trazem consigo e nem o “por que” da realização de determinada tarefa de um modo e não de outro. Essa abordagem é condicionada a estímulos (“ordens”) para que os aprendizes executem ações, o que pode limitar a reflexão deles a respeito do motivo e justificativa para qual a tarefa é realizada de tal forma (OLIVEIRA; LEITE, 2011). 1.3 Abordagem humanista A abordagem humanista, considera a personalidade da pessoa que está no papel de aprendiz, de receptor do conhecimento, ou seja, caracteriza- se pelo ensino centrado no aluno. Como relatam Oliveira e Leite (2011), a aprendizagem é realizada considerando as percepções do indivíduo e buscando a ressignificação de experiências pessoais que traz consigo. Nessa abordagem, o aluno é o principal autor do seu processo de aprendizagem, em que o professor atua como um facilitador desse processo, auxiliando e norteando ações e direcionando o sentido da aprendizagem, valorizando as relações entre os sujeitos do processo e orientando para que seja formado além de um estudante, um indivíduo, com suas características e personalidade com capacidade crítica de entendimento e socialmente envolvido no seu processo de conhecimento. 8 1.4 Abordagem cognitivista A abordagem cognitivista, considera o caminho percorrido pelo indivíduo, desde o nascimento, como um processo de construção do conhecimento. Considera que as pessoas trazem consigo importantes traços culturais, afetivos, de personalidade, o momento histórico e cronológico em que está inserido. O indivíduo constrói seu conhecimento desde o momento do nascimento até a morte, e a intervenção pedagógica de ensino-aprendizagem contribui de forma significativa para o desenvolvimento da capacidade de realizar aprendizagens que sejam capazes de modificar a realidade em que o sujeito está inserido. 1.5 Abordagem sociocultural A abordagem sociocultural coloca no centro do processo de ensino- aprendizagem contextos políticos, econômicos, social e cultural aos quais a ação educativa está inserida. Considera que a educação deve ser problematizadora, ou seja, considerar problemas do cotidiano e da vivência do indivíduo que está inserido em um contexto, envolvendo-o no processo de produção do conhecimento como parte integrante da sociedade. A relação entre o professor e aluno, torna-se igualitária, em que o professor, enquanto facilitador e crítico, deve estimular e questionar os alunos para que se tornem produtores do conhecimento desejado. A escolha da melhor abordagem pedagógica para utilização com a equipe ou com a população, deve considerar que há momentos em que a transmissão do conteúdo e do conhecimento são necessárias para proporcionar embasamento teórico e vivência para esses indivíduos e que haverá momentos em que será necessário considerar os saberes prévios e conhecimentos vividos e trazidos pelos participantes para que o conceito seja compreendido e a realidade seja transformada. 9 1.6 Contexto histórico da educação em saúde No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (brasil, 1988) deu o ponta pé inicial para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em seu art. 196, em que descreve que “a saúde é direito de todos e dever do Estado,garantido mediante políticas sociais e econômicas”, tornando as ações e serviços de saúde parte integrante de um sistema único em todo território nacional. Ainda segundo a Constituição Federal, em seu art. 200 trata que “Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: [...] III–ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde”, demonstrando a relevância de formação profissional para o SUS (BRASIL, 1988). Nesse contexto, no ano de 1990 foi sancionada a Lei Orgânica da Saúde, nº 8080 de 19 de setembro (BRASIL, 1990), que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Nos artigos 11 e 12 da referida lei, discorre sobre a criação de Comissões Intersetoriais com objetivo de articular políticas e programas de interesses inerentes à saúde abrangendo, entre outras ações, às de atividades voltadas para recursos humanos. De acordo com o parágrafo único do art. 14: Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. (BRASIL, 1990, p. 10) Dessa maneira, desde a Constituição Federal, já houve preocupação quanto à capacitação profissional para saúde, consolidando ainda mais a temática por meio da Lei Orgânica da Saúde. 10 Em 2003, o Conselho Nacional de Saúde aprovou a Resolução de nº 335 de 27 de novembro, que afirmar a aprovação da “Política Nacional de Formação e Desenvolvimento para o SUS: Caminhos para a Educação Permanente em Saúde” e a estratégia de “Polos ou Rodas de Educação Permanente em Saúde” como instâncias loco regionais e interinstitucionais de gestão da educação permanente. Essa resolução recomenda, ainda, aos gestores do SUS que implementem com maior brevidade a política mencionada e assegurem os recursos necessários para que seja viável sua realização conjuntamente com as instituições de ensino de todo Brasil. No ano seguinte, em 2004, mediante as discussões e importância elencadas da educação em saúde, foi instituída a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) por meio da então Portaria GM/MS nº 198 de 19 de fevereiro de 2004, que em seu texto trata: “Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor”. Essa portaria descreve os objetivos e ações necessárias para a implementação e execução da educação permanente em saúde e a conceitua como: Conceito pedagógico, no setor da saúde, para efetuar relações orgânicas entre ensino e as ações e serviços e entre docência e atenção à saúde, sendo ampliado, na Reforma Sanitária Brasileira, para as relações entre formação e gestão setorial, desenvolvimento institucional e controle social em saúde. (BRASIL, 2004, p. 1) A criação dessa política foi um marco importante para a implementação e institucionalização da educação permanente em saúde, visto que ela se tornou instrumento facilitador e relevante para a capacitação e atualização dos profissionais envolvidos na prestação de serviços de saúde para a população. 11 No ano de 2007, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria GM/MS nº 1.996 de 20 de agosto (BRASIL, 2007), publicou sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, considerando a “responsabilidade constitucional do Sistema Único de Saúde de ordenar a formação de recursos humanos para a área de saúde e de incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico” (BRASIL, 2007, p. 1). Essa portaria apresenta, ainda, orientações para elaboração de Planos Estadual e Regionais de Educação Permanente em Saúde e, ainda, dispõe sobre como deve ser a transferência de recursos financeiros federais destinados à educação permanente de profissionais dentro dos seus estados e regiões de saúde. Após a criação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, o Ministério da Saúde publicou diversas portarias dispondo sobre o detalhamento dos recursos financeiros destinados às ações de educação permanente em saúde nas instâncias federal, estadual e municipal. Alguns exemplos foram as portarias nº 2813 de 20 de novembro de 2008, nº 2953 de 25 de novembro de 2009, nº 4033 de 17 de dezembro de 2010 e nº 2200 de 14 de setembro de 2011. Em 2017, a Portaria GM/MS de nº 198/2004 e a Portaria GM/MS de 1996/2007 foram revogadas e compiladas nas Portarias de Consolidação GM/MS nº 2, de 28 de setembro de 2017, que dispõe sobre as “normas relativas às políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde”, e na Portaria de Consolidação GM/MS nº 6, de 28 de setembro de 2017, que dispõe sobre as “normas de financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde”. Ainda em 2017, houve publicação da Portaria GM/MS de nº 3.194, de 28 de novembro de 2017, que “Dispõe sobre o Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no Sistema Único de Saúde–PRO EPS-SUS”, que considera “a necessidade 12 de desenvolver ações para a formação e a Educação Permanente de profissionais e trabalhadores em saúde necessários ao SUS” (BRASIL, 2017, p. 1). E descreve em seu art. 2º que o: PRO EPS-SUS tem como objetivo geral estimular, acompanhar e fortalecer a qualificação profissional dos trabalhadores da área da saúde para a transformação das práticas de saúde em direção ao atendimento dos princípios fundamentais do SUS, a partir da realidade local e da análise coletiva dos processos de trabalho. (BRASIL, 2017, p. 1) Diante desse contexto de publicações e normativas a respeito da educação permanente em saúde, reforça a importância de falar em formação profissional específica para atuação dentro do SUS, que envolve desafios, limites, responsabilidades, possibilidades e ações que integram todos os níveis de atenção à saúde, seja o primário, secundário ou terciário. Em todos é necessário atualização constante, e a elaboração e implementação dessas normativas e portarias auxiliam na prestação de serviços voltados à capacitação profissional e, ainda, fortalecem o setor saúde e sensibiliza os gestores e a população sobre como a educação em saúde é capaz de modificar a realidade, melhorando a assistência e os serviços prestados às pessoas que têm direito à saúde e aos cuidados de qualidade e resolutividade. A educação em saúde, vem ainda romper paradigmas e superar a visão curativista e biologicista da formação profissional, superando a visão do profissional da saúde como um ser de execução técnica e manual, para um ser de construção de conhecimento abrangente e ampliado sobre o processo de prevenção e promoção da saúde e o processo de adoecimento da população. Dessa forma, essa educação contribui para o fortalecimento da saúde pública e ainda melhoria na assistência dispensada a sociedade. 13 Figura 1 – Linha histórica da Educação Permanente em Saúde Fonte: elaborada pelo autor. Portaria nº 198 de 19 de fevereiro de 2004 14 A figura anterior, demonstra, de forma esquematizada e estratégica, a linha do tempo apresentada até o momento sobre a educação permanente. Importante que você saiba identificar quais os principais acontecimentos e marcos dentro da expansão e consolidação da educação no âmbito da saúde. 1.7 Educação em saúde O MS define educação em saúde como: Processo educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população [...]. Conjunto de práticas do setor que contribui para aumentar a autonomia das pessoas no seu cuidado e no debate com os profissionais e os gestores a fim de alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. (BRASIL, 2009, p.22) A educação em saúde, teve início no final do século XIX e o início do século XX como um momento de construção importante de práticas de educação e prevenção com um discurso higienista, e com a finalidade de controlar e prevenir doenças, o que dava autonomia ao indivíduo na produção de sua saúde. Esse contexto de educação em saúde foi influenciado pela concepção de educação transmissora e na reprodução de conhecimento, sem ainda, provocar uma reflexão no educando/ indivíduo. Em 2003, houve uma reestruturação junto ao Ministério da Saúde, o que acarretou na criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), gerando importante mobilização para ações gerenciais voltadas para o campo da educação em saúde, no trabalho e formação profissional, valorizando e qualificando os trabalhadores do setor saúde. A comunicação entre essa tríade é um fator fundamental para a construção de vínculos e troca de conhecimento, envolvendo a 15 população nesse processo, e gestores para que a educação seja efetiva e aplicável à prática das unidades de saúde e, também, no cotidiano da população assistida pela unidade. A educação em saúde, enquanto um processo pedagógico, deve gerar um pensamento crítico e reflexivo acerca da realidade vivida, permitindo que ela seja transformada para melhoria nos cuidados, autonomia e emancipação do sujeito, tornando-o capaz de opinar e tomar decisões no cuidar de si e do outro. A pratica da educação em saúde, envolve diversos setores e atores principais em seu processo: os profissionais da saúde que são parte integrante e importante desse processo no que diz respeito a prevenção de doenças e promoção da saúde; os gestores que devem apoiar e fomentar a instalação e implementação da educação em saúde em todo âmbito local, regional e nacional; e a população que apresenta necessidade de adquirir e construir seus conhecimentos com objetivo de aumentar sua autonomia e auto responsabilização pelo seu cuidado, da família e comunidade. O campo de atuação profissional na saúde, requer, além de atualização constante, inteligência emocional para lidar com as relações interpessoais e para que sejam sempre profissionais voltados para a integralidade do cuidado. Essa ação, promove bem-estar e assistência à saúde de qualidade à população. Dessa forma, a educação em saúde se torna um processo essencial para atualização tecnológica e assistencial, além de fonte inesgotável de conhecimento e aperfeiçoamento na formação desse profissional. 1.8 Educação popular em saúde Faz-se necessário considerar o saber popular em saúde, importante para o processo de validação e aplicabilidade do conteúdo e conhecimento compartilhado. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), conceitua 16 educação popular como ações educativas com o objetivo de promover, na população, a educação em saúde, mediante inclusão social e promoção de sua autonomia na participação em saúde. Esse tipo de educação, valoriza os saberes e o conhecimento prévio da população, e não somente o conhecimento científico, mas também o conhecimento empírico e popular, buscando transformar e preencher lacunas das informações dispostas por essas pessoas, não com objetivo de corrigi-las, mas de agregar valor e informações aos saberes já existentes. Para educação popular em saúde é necessário adotar metodologias de compartilhamento de conhecimento que desenvolvam o pensamento reflexivo, e que seja capaz de induzir a mudança da realidade. Para uma educação popular, você pode utilizar a metodologia da problematização e a pesquisa-ação. A metodologia problematizadora, leva em consideração a complexidade do conhecimento e as redes de conexão e de vivência do indivíduo. Com essa metodologia é possível fazer a junção, a conjugação dos saberes e crenças advindos da população, e levá-los em consideração para propor a mudança e transformação. A pesquisa-ação, possibilita a aplicação de uma pesquisa para o levantamento diagnóstico do local ou da situação de saúde. Baseado nisso, é preciso elencar os problemas, destacar as prioridades e buscar soluções integrada e dinâmica entre os educadores e a população. A execução da pesquisa-ação, requer apropriação da realidade, integração entre os atores envolvidos e repetição de um processo sistemático, com a análise da situação, elaboração das ações, execução e avaliação, continuadamente. Deve-se, assim, sempre avaliar e realizar as adaptações da estratégia, conforme necessário. 17 Figura 2 – Esquematização da pesquisa-ação Fonte: elaborada pelo autor. A educação em saúde, seja ela permanente ou popular, é de fundamental importância no processo de formação do profissional da saúde e de todos os profissionais envolvidos direta e indiretamente na prestação de serviços de saúde. Considerar o saber e, crenças e valores trazidos pela população, torna a educação em saúde enriquecedora, proporcionando às pessoas acesso à informação atualizada e democratizada. A educação popular em saúde, se conecta à necessidade de atualização e responsabilização da população sobre sua saúde e processo de adoecimento, oferendo autonomia para que o indivíduo possa, não só adquirir conhecimento, mas também modificar as ações de vida, refletindo na melhoria da qualidade de vida da comunidade. 18 A execução da educação em saúde, requer fundamentos e conhecimentos pedagógicos de estratégias capazes de identificar os problemas, definindo prioridades e ações que serão geradores de transformação da realidade em que a população está inserida, considerando seu cotidiano, trabalho, constituição familiar e problemas de saúde mais prevalentes e relevantes, e que necessitem de intervenção e modificação com auxílio da comunidade. Ainda há muito o que discutir e discorrer sobre a educação em saúde, educação permanente em saúde e educação popular em saúde, pois, muitas mudanças e transformações ainda estão por ocorrer. Nesta leitura, foi possível identificar os principais conceitos de educação em saúde e principais propostas pedagógicas que se envolvem no processo, assim como as etapas para identificação de problemas e prioridades para execução do plano de ação. Portanto, é de extrema importância considerar a subjetividade dos processos e da população ao qual o plano está inserido, assim, como o público-alvo de compartilhamento de conhecimento, para que toda ação gere inovações e transformações que possam ajudar na prevenção de doenças e promoção da saúde da população. Referências Bibliográficas BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: D.O.U., 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 15 ago. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de educação popular e saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/caderno_educacao_popular_saude_p1.pdf. Acesso em: 15 ago. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_educacao_popular_saude_p1.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_educacao_popular_saude_p1.pdf 19 Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1996_20_08_2007.html. Acesso em: 15 ago. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS de nº 3.194, de 28 de novembro de 2017. Dispõe sobre o Programa para o Fortalecimento das Práticas de Educação Permanente em Saúde no Sistema Único de Saúde–PRO EPS-SUS. Acesso em: 16 ago. 2020. ______. Ministério da Saúde. Gabinete doMinistro. Portaria GM/MS de nº 198 de 13 de fevereiro de 2004. Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor e dá outras providências. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, 2009. Disponível em: http://portal.anvisa.gov. br/documents/33856/396770/l%C3%ADtica+Nacional+de+Educa%C3%A7%C3%A3o +Permanente+em+Sa%C3%BAde/c92db117-e170-45e7-9984-8a7cdb111faa. Acesso em: 16 ago. 2020. OLIVEIRA, L. M. P.; LEITE, M. T. M. Concepções Pedagógicas. Módulo Pedagógico. Especialização em Saúde da Família – Modalidade a Distância. UNA-SUS UNIFESP, 2011. Disponível em: https://edisciplinas. usp.br/pluginfile.php/4514719/mod_folder/content/0/TENDENCIAS_ PEDAGOGICAS_UNIFESP.pdf?forcedownload=1. 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Introdução A educação permanente em saúde (EPS), atua como ferramenta fundamental no desenvolvimento e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS). A EPS é uma ferramenta fundamental de análise crítica e reflexiva do processo e cotidiano de trabalho. Possibilita identificar fragilidades e movimentos advindos delas para mudança e transformação da realidade. Para efetivação e execução da educação permanente em saúde é necessária a aplicação de um plano de ação, que atua como guia norteador dos processos que serão realizados a partir da identificação e planejamento do movimento de transformação e mudança do conhecimento. 1.1 Construção da educação permanente em saúde A educação permanente em saúde (EPS) está vinculada à realidade das ações e dos serviços de saúde disponíveis para a população, assim como, favorece a formação dos profissionais por meio da integração de mecanismos, espaços, temas que geram reflexão e autoanálise do cotidiano, provocando mudança institucional e na prestação de serviços, ou seja, o pensamento gera a experimentação e aprendizado que, por sua vez, gera mudanças. A política de educação permanente, instituída pela Portaria n° 198, de 2004, dispõe de ferramentas para implementação da educação permanente em todo âmbito nacional, e destaca a importância da aprendizagem significativa para a transformação das práticas profissionais. Mesmo antes dessa portaria, a EPS já existia, no entanto, não era institucionalizada e aplicada com demasiada importância como agora. 22 A problematização do processo de trabalho na EPS, deve servir para embasar e fundamentar o planejamento e tomada de decisões por meio da delimitação do problema e prioridades pela gestão responsável pela aplicação da EPS. As ações educativas, devem priorizar para além de somente transmitir e proporcionar aquisição do conhecimento, mas desenvolver o conhecimento, as habilidades e as atitudes que os atores envolvidos na EPS precisam desenvolver, contribuindo para a formação crítica e reflexiva para transformação do meio e ambiente de serviços. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2017a) diz que: O papel da EPS enquanto uma ferramenta de gestão pode ser desenvolvida para além de ações pontuais, contemplando necessidades locais. A prerrogativa da EPS está na construção coletiva das estratégias para o alcance de soluções relacionadas ao cotidiano de trabalho e na otimização dos processos para superação de problemas e proposição de soluções. (BRASIL, 2017a, p.10) Dessa forma, pensar em execução da EPS é pensar em estratégias com finalidade coletiva, e o plano de ação deve ser elaborado conjuntamente entre todos os sujeitos envolvidos na programação, execução e avaliação da EPS. 1.2 Plano de ação em educação permanente O Ministério da Saúde elaborou, em 2017, um manual para execução do plano de ação em educação permanente em saúde de um determinado tema, explanando que este pode ser modificado ou adequado à realidade em que esse plano de ação será implementado. A primeira etapa do plano de ação é formar um grupo de trabalho em educação permanente em saúde. Para a criação do grupo de trabalho é necessário a identificação dos atores que serão responsáveis pela elaboração desse plano, os quais são: profissionais da gestão, 23 dos serviços de saúde, nas organizações de participação social, e se necessário, representantes das escolas da região, caso esse plano envolva educação popular em saúde também. As pessoas envolvidas na elaboração do plano de ação, devem ser representativas da comunidade, da gestão ou do serviço onde estão inseridos, pessoas que possam contribuir, ativamente, para o processo de planejamento, trazendo vivencias e experiências de diferentes setores e da sociedade para enriquecer e expandir a abrangência da EPS dentro do território. A Figura 1 destaca importantes questionamentos quanto à escolha da composição do grupo de trabalho para o plano de ação. As pessoas envolvidas nesse processo, devem contribuir de forma significativa para sua elaboração e implementação e, ainda, considerar o segmento em que a pessoa está inserida, se é social, educacional, profissional, de gestor. Importante, também, destacar as experiências e vivências que as pessoas trazem consigo e podem enriquecer e auxiliar na elaboração das ações para execução. Ainda, importante conhecer, qual grupo social essa pessoa está envolvida e como fazer para articular todos os atores nesse processo de elaboração, considerando logística, espaço físico e coletivo, competências e disponibilidade para participar efetivamente da construção do plano. Após a escolha do grupo de trabalho é necessário identificar o território em que a educação em saúde vai ocorrer. 24 Figura 1 – Pontos reflexivos para escolha do grupo de trabalho Fonte: elaborada pela autora. Antes de começar efetivamente a criação do plano de ação, é necessário o conhecimento da realidade do território em que será realizada a educação em saúde, identificar os condicionantes e determinantes de saúde, como se dá a organização e o funcionamento da rede de serviços, as características e as informações epidemiológicas do local, a partir de dados oficiais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Secretaria Estadual de Saúde (SES) e Ministério da Saúde (MS), assim como as demandas e necessidades de ações voltadas para educação em saúde e demais aspectos que possam interferir e/ou colaborar com a elaboração do plano (BRASIL, 2017a). É necessário realizar o diagnóstico situacional do território, consolidando e agregando dadosde saúde, assim como sobre problemas e necessidades relacionados às demandas da população do local escolhido para intervenção, compreendendo quais são seus 25 determinantes e buscando possibilidades e facilidades para intervenção em saúde. Entende-se por diagnóstico situacional: A definição de prioridades ocorre por meio da análise situacional, que permite identificar, formular e priorizar os problemas, abordados de acordo com as condições de saúde e os aspectos da gestão. O diálogo entre os diferentes atores, suas posições e análises contextualizadas devem se refletir nos problemas descritos, para que o exercício de formular consensualmente os planos de ação se apresente como uma oportunidade política favorável [...]”. (BRASIL, 2013) Para entender, descrever e escolher o local para aplicação da educação em saúde, devem ser consideradas informações e experiências, de modo que sejam obtidas, pensadas e debatidas no sentido de conhecer o contexto e que podem auxiliar na construção do diagnóstico situacional. É importante perceber as variáveis que podem interferir na escolha desse local geograficamente delimitado, questione-se sobre a real necessidade e relevância da temática para determinada população e realidade social que esses indivíduos estão inseridos. 26 Figura 2 – Pontos reflexivos para escolha do território para ação Fonte: elaborada pela autora. Após conhecer e descrever o território onde será executada a ação de educação permanente em saúde, é necessário identificar e priorizar problemas. Assim, identificar um problema, contribui para que seja possível a elaboração da intervenção direcionada, juntamente com as características necessárias ao atendimento dessa necessidade e da necessidade do território onde será aplicada a ação. Deve-se, ainda, priorizar os problemas para a gestão, em uma ordem de resolução, o que certamente facilitará e os tornará passíveis de adequações e resoluções, considerando sempre as características desses problemas, causas e as consequência de sua resolução ou não. Para determinar quais são os problemas e definir as prioridades, existem diversas ferramentas que podem auxiliar, e a “Árvore de Problemas” é uma delas. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2017ª, 27 [s.p.]), trata-se de uma ferramenta de planejamento que se orienta por problemas, realizando sua priorização, “consistindo em um diagrama de causa-efeito que possibilita uma análise a partir da compreensão das relações causais em questão”. A partir da construção da Árvore de Problemas são estabelecidas as relações de causa e efeito mais importantes, ou seja, o que pode estar causando aquele problema, e quais seus efeitos, visando analisar a realidade e traçar objetivos, estratégias e soluções para implementação da ação de forma eficiente. Essa árvore é composta por diagramas que analisam os problemas elencados a partir do que os causam e objetiva encontrar essas causas e desenvolver planos e ações para eliminarem ou ao menos minimizarem elas. O problema central “compreende algum obstáculo que dificulta a mudança da situação existente para a situação desejada” (BRASIL, 2017a, p.17), representado na Figura 3 pelo tronco da árvore. Este, por sua vez, está medianamente entre o efeito (raízes), que pode ser qualquer consequência causada pelo problema central ou ter relação direta alguma das causas e, a causa representada pelas folhas, que são as possíveis relações de determinantes e condicionantes, para que determinado problema esteja ocorrendo, podem estar proximais (mais próximas do problema) ou distais (mais distantes) e devem ser levantadas mediante discussão com o grupo de trabalho. Após a identificação dos principais problemas, suas causas e seus efeitos e da definição dos que são prioritários na linha de resolução, torna-se possível a elaboração do plano de educação permanente, com ações educativas necessárias para a resolução dos problemas elencados, que auxiliem a superação dos desafios a fim de atingir um determinado objetivo. 28 Figura 3 – Árvore de Problemas Fonte: adaptada de alazur/iStock.com. O próximo passo é a elaboração do plano de educação permanente efetivamente. Em primeiro lugar, é preciso elaborar a justificativa do plano, qual a lógica e o porquê da elaboração do plano, a partir do diagnóstico situacional e dos problemas elencados, justifique a importância da realização do plano, bem como das atividades e ações que neles estão descritas. Na justificativa, pode-se considerar o uso de referências teóricas importantes para a delimitação e descrição das ações e que reforcem a relevância dos problemas indicados (BRASIL, 2017a). Após justificar a necessidade do plano, é necessário a elaboração dos objetivos, indicando qual a finalidade educativa do plano. É importante que, assim como nas outras etapas para construção do plano, os atores responsáveis estejam de acordo e sejam participativos na definição 29 do objetivo, visto que o plano é uma construção coletiva de apoio institucional para a melhoria das ações de saúde voltadas à população. Para realização e implementação do plano de ação, é necessário dispor de estratégias e possibilidades de ações educativas. A seguir, estão descritas ações educativas, segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017a) que podem ser utilizadas para execução do plano de ação: • Rodas de conversa: tem o objetivo de promover diálogo entre a população, equipe e os demais atores envolvidos no planejamento, produzindo conhecimento e saberes de forma coletiva e horizontal (sem hierarquias), considerando todas as experiências dos sujeitos. • Oficinas: formas de trabalho que preveem o ensino e formação coletiva. Podem ser utilizadas para formação institucional ou pedagógica, capacitando seus participantes para compartilhar o conhecimento adquirido, tornando-se multiplicadores dos conteúdos e ações abordadas. • Cursos: podem ser de forma presencial, semipresencial ou à distância, o tempo e modalidade dependem do objetivo que se quer alcançar de acordo com as necessidades do público-alvo destinado para participação. A participação do trabalhador em cursos, deve ser fomentada pela instituição ao qual ele faz parte, pois é uma importante ferramenta de aprendizado e qualificação profissional. • Exposição dialogada: nessa ação educativa, o facilitador ou expositor, que é a pessoa responsável por compartilhar o conhecimento, deve fomentar e oportunizar a todo momento a participação e integração entre os participantes da ação, seja com questões norteadores, situações problema, ou debates e discussões a respeito do tema abordado. • Palestra: essa ação é composta por uma pessoa que atua como expositor do tema. Geralmente é uma comunicação vertical, em 30 que um indivíduo transmite o conhecimento que sabe e o ouvinte tem papel passivo diante das informações adquiridas, podendo fazer questionamentos no momento em que lhes e oportunizado. • Reuniões técnico-científicas: tem o objetivo de atualização técnica, com produção de documentos, diretrizes e afins, com propósito estritamente científico. • Trabalho em grupo: como o nome sugere é um trabalho feto de forma coletiva, em grupo, com a finalidade de resolver um problema em questão ou situações emergentes. Trabalha de forma horizontal com troca e compartilhamento de saberes cumprindo objetivos estabelecidos com metas claras e objetivas que são compartilháveis entre o grupo. • Fóruns educacionais: os fóruns constituem-se de espaços horizontais para discussão de temas variados e preestabelecido. Existem diversos facilitadores e interlocutores que direcionam e organizam as discussões em coletividades com objetivo de ressignificar, transformar ou estabelecer conceitos. • Tele-Educação: essa é uma ação educativa votada prioritariamente para qualificação profissional no Sistema Único de Saúde (SUS), são realizados cursos, módulos educacionais, web aulas, e palestras todas na modalidade ensino adistância. Para planejar e por em prática essas ações educativas é necessário empregar uma metodologia ativa de compartilhamento de conhecimento. Na metodologia ativa, o conhecimento é compartilhado de forma horizontal, em que o expositor ou instrutor atua como mediador e facilitador incentivando os participantes a pensarem crítica e reflexivamente sobre a temática trabalhada, com ideias e ações capazes de transformar a realidade social onde essas pessoas estão inseridas. 31 Diferente da metodologia tradicional, quando o expositor tem uma relação verticalizada com os participantes, com abordagem mais expositiva do conteúdo trabalhado, previamente estruturado seguido um roteiro de aula, objetivando a aquisição de um conhecimento ou habilidade específica. Definindo a metodologia usada, você precisará estabelecer a matriz que usará para operacionalizar seu plano de ação. Essa, por sua vez, é uma estratégia que pode ser adequada a cada realidade social, cada município ou Estado pode estabelecer a matriz de implementação que julgar mais adequada à sua vivência e realidade. A seguir, temos um exemplo de matriz para implementação do plano de educação permanente em saúde, retirada e adaptada do manual do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017a). Quadro 1 – Matriz de Implementação do Plano de Educação Permanente em Saúde Objetivo específico Estratégia Ação Responsáveis Parceiros Período de execução Indicadores Metas Resultados Fonte: adaptado (BRASIL, 2017a). Nos objetivos específicos serão discriminados todos os problemas elencados para resolução; na estratégia, descreve-se qual será a forma de compartilhamento do conhecimento com os participantes da ação de educação permanente em saúde. A ação diz respeito em como será executada essa estratégia, os responsáveis são as pessoas facilitadores do processo, que atuarão na elaboração e condução das ações. Já os parceiros são pessoas ou instituições que podem contribuir no processo de compartilhamento de conhecimento e resolução dos problemas; o período de execução é o período ao qual aquela ação será realizada e o problema solucionado. Já os indicadores, são formas de monitorar e avaliar se as ações estão sendo efetivas e cumprindo seu objetivo, as 32 metas são projeções que se pretendem alcançar com determinada ação. Por fim, o resultado são os produtos finais da ação proposta no início da matriz. Após realizar o planejamento e a estruturação do plano de ação é necessário definir como será o monitoramento e a avaliação das ações que foram propostas. O monitoramento é realizado com a finalidade de acompanhar, periodicamente, as ações propostas no plano de ação, acompanhando as estratégias de execução, os custos financeiros, os prazos estipulados, entre outras variáveis. Para monitorar é interessante questionar sobre o que está sendo realizado, considerando a atividade proposta no plano de ação, se as mesas estão sendo desenvolvidas conforme o planejado ou se houve a necessidade de adaptações e adequações em alguma delas. A avaliação também deve ser realizada por meio dos indicadores elencados na matriz para implementação do plano de educação permanente em saúde, quais foram os efeitos das ações propostas, o que a intervenção alcançou, se houve transformação da realidade como esperado, se os efeitos são mesmos advindos das intervenções propostas, por exemplo. “Ambos, monitoramento e avaliação, são usados como práticas reflexivas para melhorar a intervenção e subsidiar decisões gerenciais” (BRASIL, 2017b, p.14). Executar os passos do plano de ação é muito importante para sua efetivação e consolidação. Por isso, é essencial que estes passos estejam claros e delimitados para que as ações sejam planejadas e executadas da maneira mais eficiente possível. Ao final do plano de ação de educação permanente em saúde, espera- se que todo o processo de diagnóstico situacional, de elaboração das ações, aplicabilidade da árvore de problemas, da matriz de ação, sejam implementadas ações educativas efetivas que possam, realmente, transformar a realidade social ao qual aquele território está inserido, 33 proporcionando um pensamento e conhecimento crítico e reflexivo voltado para melhoria das ações e serviços de saúde, tanto para os profissionais quanto para os usuários dos serviços. Implementar um plano de ação requer disciplina, colaboração e responsabilidade de todos os envolvidos no processo, assim como para seu monitoramento e avaliação é de extrema importância que o plano seja acompanhado por profissionais e gestores comprometidos com o processo de mudança da realidade. Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS. Planejamento estratégico do Ministério da Saúde: 2011 – 2015: resultados e perspectivas. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Cinco passos para elaboração de plano de educação permanente em saúde para as IST, HIV/Aids e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2017a. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente transmissíveis, do HIV/ Aids e das Hepatites Virais. Cinco passos para o monitoramento e avaliação das ações de IST, HIV/AIDS e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2017b. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS de nº 198 de 13 de fevereiro de 2004. Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde [...]. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 34 Diretrizes da educação permanente em saúde Autoria: Bruna Argôlo Soares Leitura crítica: Danielle Leite de Lemos Oliveira Objetivos • Descrever as diretrizes da educação permanente em saúde. • Compreender a importância dos Polos de Educação Permanente em Saúde. • Caracterizar o processo de trabalho nos polos de educação permanente em saúde. 35 1. Introdução O Sistema Único de Saúde (SUS), garante a saúde como um direito de todos e dever estatal, atuando como um bem público conquistado por meio das lutas sociais. Dessa forma, o direto a saúde deve ser garantido da melhor qualidade possível, livre de danos aos usuários. Nessa perspectiva, a educação permanente em saúde vem para aprimorar e auxiliar no compartilhamento de conhecimento e aprimoramento intelectual e técnico dos profissionais da saúde, com vistas a melhorar a assistência ao indivíduo usuário do SUS e de outros sistemas privados de prestação de serviços de saúde. 1.1 Pacto pela saúde e o Sistema Único de Saúde O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado e implementado pela Lei nº 8080 de 19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990). Essa lei “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes” (BRASIL, 1990 p. 1). Em seu art. 14, essa lei define a criação de Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior, com a finalidade de articular estratégias e métodos para formação e educação dos recursos humanos do SUS. O SUS é pautado em seus princípios doutrinários e organizacionais. Dentre os princípios doutrinários temos a universalidade que corresponde ao acesso em todos os níveis de complexidade, a integralidade, que garante um conjunto de ações e serviços com objetivos de prevenção e cura, individuais e da comunidade, de acordo com cada necessidade e complexidade e, ainda, a equidade, considerando que o cidadão tem suas necessidades e particularidades, elas devem ser atendidas mediante cumprimento de todos os princípios, 36 oferecendo-lhe assistência de qualidade e resolutividade de acordo com suas especificidade. Esses princípios se integramà Educação Permanente em Saúde (EPS) no momento que o profissional de saúde deve estar capacitado a atender os indivíduos em todos os seus aspectos, suas necessidades e em todos os níveis de complexidade disponíveis no sistema de saúde ao qual esse indivíduo está inserido. Segundo a Portaria ministerial nº 1996 de 20 de agosto de 2007 (BRASIL, 2007), as novas diretrizes e estratégias para a implementação da Política Nacional de EPS, devem ser adequadas às diretrizes operacionais do SUS e ao regulamento do Pacto pela Saúde. O pacto pela saúde contempla o pacto firmado entre os gestores do SUS, em suas três dimensões: pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Esses pactos foram firmados e implementados a partir da publicação da portaria nº 399, de 22 de fevereiro de 2006 (BRASIL, 2006), apresentando diretrizes e perspectivas para melhorias dentro do SUS, incluindo as ações de educação em saúde e educação para o trabalho. Essa portaria descreve que a: Educação permanente parte essencial de uma política de formação e desenvolvimento dos trabalhadores para a qualificação do SUS e que comporta a adoção de diferentes metodologias e técnicas de ensino- aprendizagem inovadoras. (BRASIL, 2006 p. 39) Nas três dimensões do pacto pela saúde, estão contempladas ações de educação premente em saúde presencial e à distância, abordando as áreas de conhecimento, como a saúde do idoso e o fortalecimento da atenção básica por meio da EPS, descrevendo os financiamentos disponíveis para cada área, assim como fomentando sobre a importância da educação popular em saúde para ampliar e qualificar a participação social no SUS. 37 Além de incentivar a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, o pacto pela saúde ainda descreve a importância do ensino e da troca de saberes e experiências para com os profissionais em seus diversos locais de atuação na saúde, assim como da importância da educação popular, dando autonomia para que o indivíduo também seja responsável pela sua saúde, prevenindo doenças e promovendo saúde em seu conceito ampliado, com o bem-estar físico, mental, social e espiritual, assim como considerando os determinantes e condicionantes que podem influenciar no processo saúde-doença do indivíduo. 1.2 Diretrizes da educação em saúde As diretrizes sobre educação permanente em saúde foram implementadas por meio da publicação da Portaria nº 198 de13 de fevereiro de 2004 (BRASIL, 2004, [s.p.]), que “Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o desenvolvimento de trabalhadores para o setor”. Essa portaria publicou, além de instruções para implementação da educação permanente em saúde (EPS), as diretrizes que compõem essa política. A implementação da política, necessita de trabalho conjunto entre o sistema de saúde municipal, estadual e federal e as instituições de ensino e pesquisa, evidenciando a formação para o Sistema Único de Saúde e para o aperfeiçoamento teórico e prático/técnico dos profissionais da saúde, agregando desenvolvimento individual e, também, da instituição de saúde ao qual o profissional está inserido, entre ações e serviços de saúde entre as instituições e o controle social. Para que a Política de educação Permanente em Saúde seja implementada efetivamente, é necessário conhecimento e aprimoramento sobre as diretrizes para a educação em saúde, que 38 servem como base e auxiliam para a efetivação da EPS no âmbito do SUS e dos demais sistemas de saúde. Tais diretrizes constam no pacto pela saúde do Ministério da Saúde, publicado em 2006 (BRASIL, 2006). Este documento traz, em seu interior, diversas atribuições e condutas para que os gestores das esferas municipal, estadual e federal implementem os objetivos dos pactos nas três esferas, e consta, ainda, um trecho descrevendo as diretrizes para a educação em saúde que serão descritas a seguir. • Primeira diretriz: diz respeito ao avanço na implementação da Política Nacional de Educação Permanente, por meio da aprendizagem dos conceitos de formação e educação permanente em saúde, e adequando-os aos diferentes contextos, lógicas e especificidades de cada local onde a política será implantada. • Segunda diretriz: considera a educação permanente em saúde parte primordial de uma política voltada para a área da formação e desenvolvimento dos trabalhadores, com objetivo de qualificá-los e que comporte assim, a incorporação de diversas metodologias e técnicas para ensino-aprendizagem e compartilhamento de conhecimentos, que sejam inovadores e concisas para melhor aproveitamento das temáticas de EPS trabalhadas. • Terceira diretriz: considera a Política de Educação Permanente em Saúde uma estratégia importante incorporada ao SUS para o desenvolvimento e para a formação teórica e prática dos trabalhadores desse sistema e do setor saúde, orientada sempre pelos princípios do SUS e da educação permanente em saúde. • Quarta diretriz: apresenta-se, também, como diretriz (quarta), o compromisso de discutir a avaliar os processos e desdobramentos necessários para implementar a política de educação permanente em saúde, além de realizar os ajustem necessários. Dessa forma, promove atualizações constantes conforme as experiências aos 39 quais essa política passou em seu processo de implementação em cada território, seja no Estado ou município, sempre agregando e integrando os locais nesse processo de implementação. • Quinta diretriz: busca revisar as normatizações vigentes que institui a política e que fazem menção a ela, incentivando e contemplando a descentralização das atividades de planejamento, monitoramento, avaliação e execução orçamentária da EPS para trabalhadores do SUS, direcionando as competências de cada gestor (municipal, estadual e federal) dentro das atividades acima mencionadas. • Sexta diretriz: descrita no pacto pela saúde, ressalta a importância de monitorar e avaliar o planejamento, a programação e acompanhamento das atividades educativas de EPS, assim como acompanhar as alocações de recursos financeiros, materiais e humanos, frisando o fortalecimento e a qualificação para o SUS e atendimento das necessidades sociais da população. Além disso, essa diretriz considera suas peculiaridades e características para alcançar uma prestação de serviço de saúde adequada a cada local que o profissional de saúde estará inserido. • Sétima diretriz: retrata a necessidade de cooperação técnica para desenvolvimento das ações para formação e desenvolvimento dos profissionais da saúde que estarão diretamente com os usuários do SUS, articulando diálogos entre os gestores das três esferas de governo, assim como articulação com as instituições de ensino e pesquisa, serviços de assistência à saúde e também, o controle social, contemplando ações no campo da formação técnica e do trabalho em saúde. Ter conhecimento e saber implementar as diretrizes para educação em saúde são de extrema importância, seja para a área gestores e profissionais que trabalham nos sistemas de saúde, seja no SUS ou sistema privado, pois a implementação da política de educação 40 permanente colabora diretamente com a melhoria da assistência prestada à população usuária desses sistemas, e que tem direito a uma prestação de serviço de qualidade e resolutividade. Entender as diretrizes da educação permanente em saúde é de fundamental importância para a elaboração do plano de ação em educação permanente em saúde, que será utilizado para implementar as estratégias delimitadas em cada território de maneira eficaz e resolutiva para os indivíduos que acessam os serviços de saúde e para os profissionais, melhorando e aprimorando sua capacitação teórica e prática. Figura 1 – Diretrizes para educação em saúde Fonte: elaborada pela autora. Entender as diretrizes da Política Nacional de Educação Permanente em saúde é fundamental para sua implementação e gerenciamento,41 monitoramento e avaliação das ações propostas, a fim de aprimorar o conhecimento e melhorar a assistência prestada aos usuários. 1.3 Colegiado de gestão regional A Portaria nª 1996 de 20 de agosto de 2007 (BRASIL, 2007, p. 1) foi publicada para definir “novas diretrizes e estratégias para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde adequando-a às diretrizes operacionais e ao regulamento do Pacto pela Saúde”. Em seu art. 1º, parágrafo único traz as atribuições e condições para a implementação da política nacional de educação permanente em saúde: A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde deve considerar as especificidades regionais, a superação das desigualdades regionais, as necessidades de formação e desenvolvimento para o trabalho em saúde e a capacidade já instalada de oferta institucional de ações formais de educação na saúde. (BRASIL, 2007, p. 8) Ainda conforme a portaria, a condução dessa política será feita pelos Colegiados de Gestão Regional, com a participação das Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES), através dos Polos de Educação Permanente em Saúde. Esse Colegiado de Gestão, deve implementar o processo de planejamento regional para a educação permanente em saúde (EPS) e definir as responsabilidades e atribuições de cada esfera da gestão (municipal, estadual e federal) e apoio para o processo de planejamento das ações locais. Todas essas atribuições e responsabilidades assumidas, devem ser descritas nos Termos de Compromissos e os Planos de Saúde das instituições participantes. O Colegiado de Gestão Regional tem por atribuição no âmbito da EPS (BRASIL, 2007): 42 I. Construir e definir o Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde, coletivamente, para cada região, obedecendo as diretrizes nacionais, estaduais e municipais para educação em saúde que devem constar nos Termos de Compromisso de gestão, com objetivo de formação e desenvolvimento dos trabalhadores da saúde. II. Dispor o Plano Regional de Educação Permanente em Saúde à Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovação e homologação. III. Estabelecer pacto com a gestão responsável pelo provimento de recursos financeiros no âmbito regional, recurso este que poderá ser distribuído pelo Estado, ou por municípios que constam na abrangência territorial dentro do plano. IV. Promover a participação da Comissão de Integração Ensino- Serviço, assim como dos gestores, dos serviços de saúde, das instituições atuantes na área de formação para saúde e desenvolvimento de pessoal para o setor saúde, participação dos colaboradores e trabalhadores da área da saúde, dos movimentos sociais, e dos concelhos de saúde da área de abrangência sob gestão do Colegiado de Gestão Regional. V. Realizar o acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações e estratégias de educação em saúde propostas e implementadas na região. VI. Avaliar com periodicidade a composição e o trabalho das Comissões de Integração Ensino-Serviço e, caso haja necessidade propor alterações em sua composição e/ou estratégia de trabalho. 1.4 Comissões Permanentes de Integração Ensino- Serviço Para compor e articular os Colegiados de Gestão Regional foram definias Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço, com objetivo de articular o planejamento de ações entre as instituições de ensino 43 e pesquisa, as instituições do setor saúde e os trabalhadores que a compõe. Articular esses setores, traz para a educação permanente em saúde um grande avanço, visto que para ampla participação e definição das ações do Plano de Ação de Educação Permanente em saúde, todos os atores devem estar envolvidos no processo, são eles: gestores municipais, estaduais e federais, instituições de ensino e pesquisa, instituições parceiras, instituições de saúde, profissionais da área da saúde e o controle social, levando em consideração as características e peculiaridades das diferentes regiões onde essas comissões serão implantadas. A Portaria nº 1196/2007(CIES) (BRASIL, 2007) traz, ainda, a definição da Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço: As Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES) são instâncias Intersetoriais e interinstitucionais permanentes que participam da formulação, condução e desenvolvimento da Política de Educação Permanente em Saúde. (BRASIL, 2007, p. 9) As Comissões Permanentes de Integração Ensino-Serviço (CIES) serão compostas por gestores das três esferas de gestão: trabalhadores do Sistema Único de Saúde, instituições de ensino com cursos na área da saúde, e movimentos sociais juntamente com o controle social do território adscrito sob gestão dessas comissões. São atribuições dessas comissões (BRASIL, 2007): I. Auxiliar e cooperar com os Colegiados de Gestão Regional para a construção dos Planos Regionais de Educação Permanente em Saúde da sua área territorialmente delimitada. II. Realizar articulação com as instituições de ensino e saúde para propor estratégias de intervenção no que diz respeito à formação 44 de trabalhadores seguindo os princípios e diretrizes constantes no Plano Regional para a Educação Permanente em Saúde. III. Incentivar a cooperação entre as instituições formadoras e capacitadoras dos trabalhadores do setor saúde, incentivar à condução e desenvolvimento da Educação Permanente em Saúde, aumentando sua abrangência e capacidade pedagógica para toda rede de educação e saúde. IV. Auxiliar no acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações propostas para a Educação Permanente em Saúde que foram implementadas a partir do Plano de Ação de Educação Permanente em Saúde. V. Dispor de apoio e cooperação aos gestores para as discussões sobre Educação Permanente em Saúde, no campo das intervenções, no planejamento e desenvolvimento de ações que auxiliem no cumprimento das ações e responsabilidades assumidas nos Termos de Compromisso de Gestão. O conhecimento e articulação dessas comissões, junto aos gestores, engrandecem e favorecem a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, refletindo diretamente na assistência prestada aos usuários dos sistemas de saúde, com uma atenção qualificada em todos os níveis de complexidade, considerando os determinantes e condicionantes que influenciam no seu processo- doença da população assistida e objetivando aprimoramento e capacitação dos profissionais envolvidos no processo de educar e de assistência à saúde. 1.5 Polos de Educação Permanente em Saúde A criação dos Polos de Educação Permanente em Saúde foi publicada por meio da Resolução nº 335, de 27 de novembro de 2003 do Conselho Nacional De Saúde, aprovando a “Política Nacional de Formação e Desenvolvimento para o SUS: Caminhos para a Educação Permanente 45 em Saúde” e a estratégia de “Pólos ou Rodas de Educação Permanente em Saúde, ” como instâncias locorregionais e interinstitucionais de gestão da Educação Permanente” (BRASIL, 2003). Esses polos, tem como característica a integração entre as instituições de educação e de saúde, fomentando a formação e intervenção para realidade e são responsáveis, também, por articular e gerir os estudantes e docentes nos cenários das práticas nos serviços de saúde, atuando para fortalecer e levar educação superior e profissional aos profissionais. Esses polos devem funcionar como articuladores dentro do Sistema Único de Saúde, a fim de promoverem modificações práticas de saúde e também na educação na saúde, com rodas de conversas, momentos para debates, sendo uma ferramenta de construção coletiva. Devem, ainda, trabalhar com a perspectiva de construção dos espaços locais, com a capacidade de planejar e executar a formação profissional e o desenvolvimento das equipes que prestam serviços para a saúde, dos atores sociais e dos setores intersetoriais. Um exemplo de Polo de educação permanente em saúde é o da Bahia que em 2003 criou oito polos de educação permanente em saúde paraformar a rede de trabalhadores do SUS no âmbito estadual, esses polos estão localizados nas macrorregiões do estado, recebendo recursos financeiros do ministério da saúde a fim de financiar os planos de ação de educação permanente desses polos. Referências Bibliográficas BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: D.O.U., 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 5 set. 2020. about:blank about:blank 46 BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 335, de 27 de novembro de 2003. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: https:// conselho.saude.gov.br/resolucoes/2004/Reso335.doc. Acesso em: 5 set. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à Descentralização. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília: D.O.U., 2006. Disponível em: https://saude.mppr.mp.br/arquivos/File/ volume1.pdf. Acesso em: 3 set. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.996, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/ prt1996_20_08_2007.html. Acesso em: 6 set. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_educacao_ permanente_saude_fortalecimento.pdf. Acesso em: 6 set. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 198, de 13 de fevereiro de 2004. Institui a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde como estratégia do Sistema Único de Saúde [...]. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://www. nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/1832.pdf. Acesso em: 6 set. 2020. about:blank about:blank about:blank about:blank about:blank about:blank 47 Financiamento e avaliação da educação em saúde Autoria: Bruna Argôlo Soares Leitura crítica: Danielle Leite de Lemos Oliveira Objetivos • Descrever como funciona o financiamento da educação permanente em saúde. • Compreender como se dá o processo continuado de avaliação da educação permanente em saúde. • Apresentar a forma de avaliação dos processos de educação permanente em saúde. 48 1. Introdução A educação permanente em saúde (EPS) é uma importante ferramenta para atualização e compartilhamento de conhecimentos para os trabalhadores do Sistema Único de Saúde e dos demais sistemas complementares. Seu objetivo de ressignificar conceitos e práticas profissionais é de importância ímpar quando falamos de qualidade da assistência ao usuário, pois um profissional capacitado e atualizado dentro de suas condutas, consegue prestar atendimento de maior qualidade e resolutividade. As práticas de educação em saúde envolvem diversos atores em sua participação, como: os profissionais da saúde, com a valorização da prevenção e promoção da saúde, assim como de ações curativistas; os gestores das três esferas de gestão (municipal, estadual e federal) que devem apoiar e fomentar as ações de educação permanente em saúde e prover financiamento, monitoramento e avaliação das ações da EPS; e a população que, por meio da aquisição e construção de seu conhecimento, aumentam sua autonomia nos cuidados de saúde individuais e coletivos. Dessa forma, é de extrema relevância que esses atores trabalhem em conjunto para atingirem o objetivo final, que é a melhoria da assistência à saúde da comunidade. 1.1 Financiamento na área da saúde Para entender o financiamento em educação permanente em saúde, primeiro, precisamos entender como se dá o financiamento para a saúde dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A Constituição de 1988, no art. 198, definiu a organização do sistema de saúde como descentralizada, com direção única em cada nível de governo (BRASIL, 1988). Nos três níveis de governo, há uma direção: no Governo Federal, o Ministério da Saúde, nos Estados e Distrito Federal, as secretarias 49 estaduais de saúde, e nos municípios, as secretarias municipais de saúde. Em 1990 foi sancionada a Lei nº 8080 (BRASIL, 1990a, [s.p.]) que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”, descrevendo os princípios doutrinários (universalidade, integralidade e equidade) e organizacionais (descentralização, hierarquização, regionalização e participação popular). A descentralização é o princípio organizacional do SUS que diz respeito à redistribuição de responsabilidades e atribuições para as três esferas de gestão: a municipal, a estadual e a federal. Nesse princípio, cada esfera de gestão, tem sua autonomia no que tange suas decisões e atividades, desde que respeite os princípios gerais do SUS e a participação da sociedade. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer suas funções sem, necessariamente, precisar de autorização ou deliberação da instância maior. Para descrever especificadamente como deve ser o financiamento para a área da saúde foi sancionada a Lei nº 8142 de 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990b, [s.p.]) que “dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde”. Nessa Lei estão descritos os tipos de repasses financeiros e instancias responsáveis pelo monitoramento e avaliação dessas transferências de recursos. Como legislação importante, temos, ainda, a Emenda Constitucional 29/2000 que foi um marco histórico fundamental do financiamento da saúde, e definiu e dividiu a vinculação de recursos financeiros da Seguridade Social, com percentuais mínimos de investimento da Receita 50 Corrente Líquida (RCL) para os Estados (12%) e os municípios (15%) (CNM 2018). O financiamento em saúde era executado de forma que, para a recepção dos recursos federais, o Ministério da Saúde, por meio do Fundo Nacional de Saúde, abria para cada bloco uma conta bancária e, no caso do bloco de investimento, uma conta financeira para cada um dos projetos aprovados com plano de aplicação e prestação de contas específicas. Isso, muitas vezes, poderia ser confundido com a transferência de recursos financeiros realizada por meio do instrumento tipo convênios. Figura 1 – Financiamento na saúde: modelo anterior à Portaria n. 3.992/2017 Fonte: adaptada de BRASIL (2018). 51 A Portaria de n. 3.992 do Ministério da Saúde publicada em 28 de dezembro 2017 (BRASIL, 2017), alterou as normas sobre financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do SUS. Os recursos para manutenção da prestação dos serviços das ações e do serviço de saúde serão transferidos para uma única conta denominada de Bloco de Custeio. Já os recursos para investimento em saúde serão transferidos para uma única conta denominada Bloco de Investimento (BRASIL, 2018). As ações e os serviços aos quais serão destinados estes recursos financeiros, devem constar no plano de saúde do município recebedor e na Programação Anual de Saúde que deverão ser aprovadas pelo Conselho de Saúde do município. Figura 2 – Financiamento na saúde: modelo implementado pela Portaria n. 3.992/2017 Fonte: adaptada de Brasil (2018). 52 É muito importante conhecer as formasde financiamento do SUS, pois, a partir desses recursos financeiros é que será possível a execução das ações previstas no Plano de Ação em Educação Permanente em Saúde, e também, prover os insumos necessários para a assistência em saúde para a população. 1.2 Financiamento na área da saúde Educação Permanente em Saúde A Portaria nº 1996 de 20 agosto de 2007, que “dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde”, traz em seu art. 2º que a condução dessa política se dará por meio dos Colegiados de Gestão Regional que terão, além de outras funções, a de “Pactuar a gestão dos recursos financeiros no âmbito regional, que poderá ser realizada pelo Estado, pelo Distrito Federal e por um ou mais municípios de sua área de abrangência” (BRASIL, 2007, [s.p.]). O financiamento do componente federal para implementação e execução da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde é realizado por meio da transferência automática de recursos financeiros para o Bloco de Gestão do SUS. Esses recursos serão pactuados pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB), mediante critérios para a distribuição, a alocação e o fluxo dos recursos financeiros no âmbito da gestão estadual. Dessa forma, são estabelecidos três grupos de critérios para a alocação de recursos financeiros destinados à Educação Permanente de Saúde (ESP). O primeiro grupo de critérios, diz respeito à aceitação sobre as políticas de saúde que fazem propostas sobre modificações das formas de assistência à saúde. “Quanto maior a adesão à essas políticas maiores será a necessidade de investimentos na área de qualificação e desenvolvimento dos profissionais da saúde para atuares de forma 53 diferenciada” (BRASIL, 2007, [s.p.]). Para esse grupo de critérios, a distribuição dos recursos financeiros para Educação Permanente em Saúde, equivalente a 30% (trinta por cento) do total de recursos para a EPS (BRASIL, 2007). O segundo grupo de critérios trata-se da quantidade de profissionais que trabalham no setor de saúde para o Sistema Único de Saúde e o quantitativo da população total do Estado. Dessa forma, quanto mais profissionais estiverem trabalhando no setor saúde e quanto maior a população atendida pelo SUS, maior será a necessidade de provimento de recursos financeiros para as ações de formação profissional. Na distribuição de recursos financeiros federais para a Educação Permanente em Saúde, o peso desse grupo é de 30% (trinta por cento) do total de recursos disponíveis (BRASIL, 2007). O terceiro conjunto de critérios para o financiamento da EPS, diz respeito à diminuição das desigualdades regionais. Para esse grupo, estabeleceu-se como critério o índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) e a concentração de instituições de ensino com cursos da área da saúde. Justifica-se que “quanto menor o IDHM, maiores serão as barreiras sociais que deverão ser enfrentadas para prestar atendimento voltado à saúde da população e para a formação e desenvolvimento dos trabalhadores da área da saúde” (BRASIL, 2017, [s.p.]). Diferente e inversamente a isso, quanto menor a quantidade de instituições de ensino na área da saúde, maior será a dificuldade e maior serão os custos para formar os profissionais envolvidos no processo de saúde e doença dos indivíduos que serão atendidos. O peso desse último grupo de critérios na distribuição dos recursos financeiros federais para a Educação Permanente em Saúde equivale a 40% (quarenta por cento) do total de recursos financeiros disponíveis para financiamento (BRASIL, 2017). 54 Figura 3 – Critérios para financiamento em Educação Permanente em Saúde Fonte: elaborada pela autora. Cabe ao Colegiado de Gestão Regional fomentar a criação de recursos que assegurem, de forma legal, a gestão correta dos 55 recursos financeiros para cada região de saúde responsável por sua administração. Mas, caso haja necessidade, permita remanejamento desses recursos financeiros de acordo com a necessidade de cada nível de gestão (municipal, estadual e federal) do SUS e em consonância com o pactuado nas diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde. A previsão dos recursos financeiros destinados à educação permanente em saúde, deve estar descrito no Plano de Ação Regional de Educação Permanente em Saúde, construído coletivamente pelo Colegiado de Gestão Regional com apoio das Comissões de Integração Ensino-Serviço, consolidando um processo de planejamento das ações de educação na saúde. O plano de ação, deve estar em consonância com a Portaria nº 2135 de 25 de setembro de 2013, que aprova orientações gerais relativas aos instrumentos do Sistema de Planejamento do SUS e que revogou a Portaria nº 3.332, de 28 de dezembro de 2006. 1.3 Avaliação do processo em Educação Permanente em Saúde Monitorar e avaliar as ações propostas nos planos de ação em educação permanente é de extrema importância, pois, por meio desse monitoramento e avaliação é possível delimitar se as ações propostas estão surgindo efeito, e se é necessário ou não realizar alguma mudança ou adequação dessas ações. Avaliar os processos em educação permanente, significa estar sempre atendo às variáveis que podem influenciar no desenvolvimento das EPS nos setores da área da saúde e quais os efeitos que essas variáveis podem gerar. Dessa forma, a avaliação deve ser uma etapa indispensável da educação em saúde, pois tem o objetivo de melhorar as ações cada vez mais e aprimorá-las, o que reflete, diretamente, na capacitação teórica e prática dos trabalhadores do setor saúde e, consequentemente, na assistência prestada por eles à população. 56 A avaliação dos processos educativos da educação permanente em saúde, tem a função primordial de buscar o aperfeiçoamento das ações e, ainda, a reorientação do processo caso seja necessário. Essa análise das ações é de importância fundamental para mensurar os resultados obtidos, situando os educadores e os educandos sobre as potencialidades e fragilidades das propostas educativas pactuadas nos planos de ação em educação permanente em saúde em consonância com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. As informações coletadas e explanadas por meio da avaliação podem subsidiar adequações e novas propostas educativas e pedagógicas para ampliar a capacitação dos profissionais. Assim como todo o processo de construção das ações em educação permanente em saúde, a avaliação possui algumas dificuldades atreladas ainda, principalmente ao conceito tradicional da abordagem pedagógica para as ações em EPS, é necessário, ainda, uma execução efetiva do monitoramento e avaliação que transpasse as barreiras desses conceitos e considerem o aprendizado e o conhecimento como resultantes, também, de experiências dos sujeitos envolvidos. Smeke e Oliveira (2009) trazem uma importante reflexão sobre a avaliação do processo em educação em saúde: As dificuldades em estabelecer estratégias avaliativas podem estar atreladas às formas de organização das propostas de EPS como um todo e decorre, especialmente, de fatores como ausência de planejamento, em especial de um plano pedagógico institucional de educação em saúde; fatores culturais; ações educativas focalizadas no tecnicismo reducionista; diminuto contingente de trabalhadores, com sobrecarga de trabalho; questões econômicas e financeiras; e ainda processos de trabalho compartimentados entre concepção e execução. (SMEKE; OLIVEIRA, 2009) As propostas de avaliação da educação permanente em saúde, da educação para o trabalho, ainda necessitam avançar e transpassar a lógica puramente quantitativa e de avaliação “escolar” para a avaliar 57 o impacto que as ações de EPS causam no processo de trabalho do profissional da saúde e as transformações que a educação gera no conhecimento e na assistência ao usuário do sistema de saúde. O monitoramento das ações da EPS, deve acompanhar criteriosa e rotineiramente as ações que foram propostas no plano