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DIREITO PENAL I (UNIDADE I) PROFESSOR: ERMESSON RODRIGUES DE LOIOLA 1 UNIDADE I DIREITO PENAL: DELIMITAÇÃO CONCEITUAL Ramo do Direito Público composto por um conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado; Estudo: base de convivência social (bens jurídicos), fatos e/ou condutas que violam a norma jurídica; Nucci (2008): “Direito Penal é o corpo de normas jurídicas voltadas à fixação dos limites do poder punitivo do Estado, instituindo as infrações penais e as sanções correspondentes, bem como regras atinentes à sua aplicação. DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO Direito Penal Objetivo: Conjunto de normas jurídicas que descrevem os crimes e impõem como consequência sanções; Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir exercido exclusivamente pelo Estado, coibindo-se, assim, a vingança privada. Espécies => Direito Penal Subjetivo Abstrato ou Primário: Surge com a criação da norma penal; Obediência as leis; Direito Penal Subjetivo Concreto ou Secundário: Surge com o cometimento da infração penal; Poder-dever do Estado de punir. DIREITO PENAL SUBSTANTIVO E DIREITO PENAL ADJETIVO Direito Penal Substantivo (material): Direito Penal Objetivo; Direito Penal Adjetivo (formal): Direito Processual Penal (o como deve ser aplicado o Direito Penal. DIREITO PENAL COMUM E DIREITO PENAL ESPECIAL Direito Penal Comum: Aplicado pela Justiça Comum (todas as pessoas); Direito Penal Especial: Justiça especializada. Ex.: Justiça Militar. RELAÇÃO DO DIREITO PENAL COM OUTROS RAMOS JURÍDICOS Dogmática Penal: conjunto de saber jurídico penal (discutir valores e finalidades da norma); Garantir a proteção dos direitos fundamentais do cidadão frente ao poder arbitrário do Estado; Direito Penal e Direito Constitucional: Constituição Federal como o fundamento do ordenamento jurídico em um Estado Democrático de Direito; Bens jurídicos tutelados e controle social; Direitos fundamentais como o núcleo central de legitimação e limite de ação do Estado; Ferrajoli (2002): O Direito em geral e o Direito Penal em particular, no Estado Democrático Constitucional, vinculam-se a princípios políticos e jurídicos éticos que delimitam os parâmetros valorativos de produção, interpretação e aplicação das normas jurídicas, devendo declarar-se inválidas as normas que violam direitos fundamentais. Direito Penal e Direito Processual Penal: Direito Processual regula a aplicação do Direito Penal; Direito Penal define as condutas criminosas e comina as sanções; Da formalidade à medida de segurança; “Crime de menor potencial ofensivo e a pena alternativa”; Direito Penal e Direito Privado: Da indenização à sanção penal; A responsabilidade penal é sempre individual e personalíssima; No Direito civil é admitida a responsabilidade por ato de terceiros (Ex.: Pai que responde pelo filho menor); Direito Penal e Direito Administrativo: O Direito Administrativo rege o funcionamento e organização da Administração Pública e o Direito Penal trás as penas restritivas de direitos; Os ilícitos penais e administrativos não se confundem; A condenação penal pode gerar efeitos na esfera administrativa. CRIMINOLOGIA E A FUNÇÃO ÉTICA DO DIREITO PENAL A Criminologia busca compreender/explicar o crime, além de prevenir o bem estar social e individual e “corrigir” as funções do sistema punitivo; Para o Direito Penal, o problema do crime se encerra com a aplicação e execução da pena; A Criminologia é o saber acerca da questão do crime, suas causas, características, natureza, bem como fatores relacionados com o criminoso e a criminalização. COMPREENDENDO PRINCÍPIOS E REGRAS DO DIREITO PENAL Os princípios possuem força normativa e são expressão dos valores necessários para a vida em sociedade; A norma jurídica prescreve o agir do ser humano; Norma jurídica, norma moral e norma religiosa; Aspectos da norma jurídica: Propositivo: dever ser do comportamento humano; Prescritivo: o Estado legitima e disciplina as condutas; Comunicacional: a norma jurídica estabelece relações de subordinação e coordenação. AS DIFERENÇAS ENTRE REGRAS E PRINCÍPIOS Quanto à Hierarquia: - Os princípios constituem valores fundamentais de qualquer ramo do direito, por isso são superiores as regras; 2. Quanto ao Conteúdo: Os princípios exercem valores ou finalidades; As regras descrevem condutas que devem ser observadas. 3. Quanto à Estrutura Formal: As regras descrevem fatos e atribuem consequências; Os princípios expressam valores e concepções; 4. Quanto à Aplicação: A regra trás a adequação de uma conduta ao fato concreto (Subsunção); Os princípios são aplicados usando critérios de ponderação. 5. Quanto ao Impedimento do Retrocesso: Os princípios estabelecem conceitos ideais de justiça; As regras trazem consequências/punições aos atos criminosos. PRINCÍPIOS BASILARES DO DIREITO PENAL Princípio da Dignidade Humana: Fundamento primeiro da ordem política e jurídica brasileira; Qualidade ao atributo inerente a todo ser humano; Efetivação no período pós-guerras; Veda a aplicação de penas cruéis, trabalhos forçados ou banimento; Ponto de apoio para os Tribunais. Princípio da Legalidade: Impede a arbitrariedade do Estado (Reserva Legal); art. 179, n.I, CF/1824: “Nenhum Cidadão pode ser obrigado a fazer, ou deixar de fazer alguma cousa, senão em virtude da Lei”; Art. 5°, XXIX, CF/88: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, redação semelhante dada ao art. 1° do CP; Proibida a retroatividade da lei mais grave. Analogia: aplicação da lei a fatos semelhantes sem expressa previsão legal; Analogia In Malam Partem: adota lei prejudicial ao réu, reguladora de caso semelhante, em caso de omissão do legislador; Analogia In Bonam Partem: Julgar os casos do direito penal sem prejuízo ao réu. Princípio da Culpabilidade: Juízo de reprovação sobre aquele que praticou o fato típico e antijurídico e poderia e deveria ter agido de acordo com o direito. PRINCÍPIOS DECORRENTES Princípio da Retroatividade Benéfica da Lei Penal: Na regra, a lei penal deve ser anterior ao crime; Princípio da Insignificância ou da Bagatela: O fato é punível, mas sua insignificância é causa de excludente de punibilidade; Princípio do Fato: Ninguém pode ser punido pelo simples fato de pensar; Princípio da Alteridade ou Transcendentalidade: O Direito Penal apenas deve ocupar-se de comportamentos que produzam lesões em bens alheios. É o caso, por exemplo, da tentativa de suicídio. Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos: No Estado Democrático de Direito, não pode tutelar valores morais, religiosos, éticos ou ideológicos; Princípio da Lesividade: Apenas são passíveis de punição as condutas que lesionem ou coloquem em risco bens juridicamente tutelados (exclui perigo abstrato ou presumido); Princípio da Intervenção Mínima (Subsidiariedade ou Fragmentariedade): O Direito penal como último recurso para o controle social; Princípio da Adequação Social: As condutas devem ser dentro dos limites da vida social; Princípio do Ne Bis In Idem: Vedação da dupla incriminação penal; Princípio da Humanidade: As sanções devem sempre ser aplicadas observando um tratamento humanizado aos sujeitos apenados. NORMA PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO Em regra, a norma penal, como toda norma jurídica, é um preceito, um comando, seguido de sanção; Normas Penais Permissivas Justificantes: afastar a ilicitude da conduta (ex.: estado de necessidade); Norma Penais Permissiva Exculpantes: busca eximir a culpa do agente (E.: embriaguez completa, caso furtuito ou força maior); Normas Penais Explicativas: destina-se à explicar um conceito (Ex.: art. 327 CP, conceito de Funcionário Público); Normas Penais Complementares: se destinam a estabelecer princípios gerais para a adequada aplicação penal (Ex.: Art. 59 CP, o Juiz analisa todas as circunstâncias antes de aplicar a pena); Normas Penais em Branco em Sentido Lato (Homogêneasou Impróprias) : O complemento advém da mesma fonte legislativa (Ex.: CP e CC); Normas penais em branco em sentido estrito (heterogêneas ou próprias) : O complemento advém de fonte diversa (Ex.: CP e ANVISA); Norma Penal Imperfeita: Para aplicar uma punição o legislador necessita de outra norma penal (Ex.: Lei do Genocídio e Código Penal). CARACTERÍSTICAS DA NORMA PENAL LEI PENAL NO TEMPO Art. 2º do CP que: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime (...)”; As normas processuais tem aplicação imediata (regem o restante dos períodos processuais); Os atos realizados sob a vigência de lei anterior são considerados válidos; Retroatividade e Ultratividade. Conflitos de Leis Penais no Tempo (Conflito Intertemporal) Eficácia das Leis Penais Temporárias e Excepcionais Lei temporária é aquela criada para vigorar durante período de tempo certo e determinado; Lei excepcional é a elaborada para disciplinar as situações que ocorrem durante período típico, por exemplo, guerra ou calamidade; São auto revogáveis. LEI PENAL NO ESPAÇO Aplica-se o Princípio da Territorialidade (art. 5º CP); LEI PENAL NO ESPAÇO Aplica-se a lei estrangeira à crimes praticados em território brasileiro, quando, tratados ou convenções internacionais assim determinarem, imunidades parlamentares e imunidades diplomáticas; Princípio da Extraterritorialidade: A lei penal aplicada fora do Brasil; OBRIGADO PELA ATENÇÃO