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Kamilla Galiza / 5º P / APG Objetivos Ø Conceituar os fenômenos psicológicos, destacando a consciência. Ø Identificar a etiologia e os fatores de risco das alterações de consciência (AC). Ø Analisar as alterações de nível, campo, fisiológicos e patológicos da consciência. Ø Discorrer sobre as manifestações clinicas, o diagnostico e o tratamento das AC. Definições básicas Existem três definições distintas sobre consciência: Neuropsicológica: consciência é o estado vígil, grau de clareza do sensório. É estar desperto, acordado, lúcido. ↓ Nível de consciência ↓ O nível de consciência é um continuum de sensibilidade e alerta do organismo perante estímulos internos e externos. Algumas de suas características são: 1. Facilitar a interação da pessoa com o ambiente de acordo com o contexto; 2. O nível de consciência adequado pode ser evocado por estímulos externos ambientais, como internos; 3. Pode ser modulado tanto pelas características dos estímulos externos, como pela motivação dos estímulos 4. Varia desde um estado de total alerta ao sono (variação normal) ou ao coma (variação patológica) Psicológica: soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. ↓ Campo da consciência ↓ Demarca um campo, no qual pode se delimitar um foco e uma margem: na margem da consciência se formam ou automatismos mentais e estados subliminares. Dimensão subjetiva da atividade psíquica do sujeito que se volta para a realidade Ético-filosófica: capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir responsabilidades. Causas das alterações da consciência As alterações do nível ou grau da consciência ocorrem como resultado do entorpecimento do cérebro, causado por medicamentos, drogas, condições fisiológicas alteradas ou doenças, e varia da lucidez plena ao coma profundo, passando pelos estágios conhecidos como obnubilação, torpor e coma superficial. Alterações normais da consciência Três tipos de alterações normais da consciência: • Ritmos circadianos • Sono • Sonhos Ritmos circadianos Oscilações endógenas autossustentadas do ritmo biológico no período de um dia de 24 horas que inclui centralmente as oscilações do nível de consciência da vigília e do sono), as quais, nesse intervalo, organizam a temporalidade dos sistemas biológicos do organismo e otimizam a fisiologia, o comportamento e a saúde. Tem como propriedades: • Sincronizados pelo ambiente (como pelo nível de luminosidade) • Permitem respostas eficientes perante os desafios e oportunidades no ambiente físico e social; • Modulam a homeostase interna do cérebro, assim como de outros sistemas, como demais órgãos e tecidos. • Se expressam em vários níveis do funcionamento do organismo, desde o molecular, celular, órgãos e circuitos orgânicos até sistemas sociais aos quais o individuo pertence. Sono Estados comportamentais endógenos e recorrentes que expressam mudanças dinâmicas na organização da função cerebral e que otimizam aspectos como fisiologia, comportamento e saúde. Processos circadianos (do período de um dia de 24 horas) homeostáticos regulam a propensão do organismo à vigília e ao sono. Caracteriza-se por: • Ser um estado reversível, tipicamente expresso pela postura de repouso, comportamento quieto e redução da responsividade; • Ter uma arquitetura neurofisiológica complexa, com estados cíclicos de sono não REM e de sono REM, tendo tais estados substratos neuronais distintos (neurotransmissores, moduladores, circuitos específicos) e propriedades oscilatórias do eletrencefalograma (EEG); • Ter duração e intensidade dos seus vários períodos afetados por mecanismos de regulação homeostáticos; ser afetado por experiências ocorridas durante a vigília; • Ter efeitos restauradores e transformadores que otimizam funções neurocomportamentais da vigília. Pode-se, portanto, descrever o sono como um estado especial da consciência, que ocorre de forma recorrente e cíclica nos organismos. É também, ao mesmo tempo, um Consciência alterações Consciência Kamilla Galiza / 5º P / APG estado comportamental e uma fase fisiológica normal e necessária do organismo. Sonhos Para Freud, o sonho é a solução de compromisso, o resultado de uma intensa negociação entre o inconsciente e o consciente. Alterações patológicas da consciência Quantitativa Qualitativa Alterações quantitativas Rebaixamento da consciência Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de consciência diminui de forma progressiva, desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual não há qualquer resquício de atividade consciente. Os diversos graus de rebaixamento da consciência são: 1) obnubilação, 2) torpor, 3) sopor e 4) coma. Examinemo-los com mais detalhes. 1º grau: Obnubilação • Turvação da consciência ou sonolência patológica leve. Trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. • Diminuição no grau de clareza do sensório; • Lentidão da compreensão; • Dificuldade de concentração; • Dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente; • Observa-se, nos quadros de obnubilação, que a pessoa se encontra um tanto perplexa, com a compreensão dificultada, podendo o pensamento que expressa revelar confusão mental. • O individuo diminui a atenção para as solicitações externas, dirigindo-se para a sonolência • Pode apresentar traços de crítica e pudor; 2º grau: Torpor • É um grau mais acentuado de rebaixamento da consciência; • Paciente evidentemente sonolento; • Resposta a estímulos externos mais curta que na obnubilação; • Pode apresentar traços de crítica e pudor; 3º grau: Sopor • É um estado de marcante e profunda turvação da consciência, de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado apenas por um tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos, do nível de uma dor intensa. • Paciente sempre se mostra intensamente sonolento, quase em coma. • Incapaz de ações espontâneas; 4º grau: Coma • Perda completa da consciência; • Não é possível qualquer ação voluntária consciente; • Os seguintes sinais neurológicos podem ser verificados: movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) e ausência do reflexo de acomodação. Os graus de intensidade de coma são classificados de I a IV: I, semicoma; II, coma superficial; III, coma profundo; e IV, coma dépassé. Perdas abruptas da consciência Vários fatores e condições médicas e/ou psicopatológicas podem produzir a perda abrupta da consciência. Tal perda pode ser causada por fatores emocionais, neurofuncionais ou orgânicos de diversas naturezas. Podem também ser rapidamente reversíveis ou irreversíveis, indicando quadros orgânicos mais graves. As perdas abruptas e transitórias (duram geralmente segundos a minutos) da consciência recebem várias denominações médicas e populares: lipotimia, síncope, desmaios e perdas da consciência de outra natureza Lipotimia se caracteriza por perda parcial e rápida da consciência (dura apenas segundos), geralmente com visão borrada, palidez da face, suor frio, vertigens e perda parcial e momentânea do tônus muscular dos membros, com ou sem queda do corpo ao chão. A pessoa tem a sensação desagradável de que vai desmaiar. A lipotimia é rápida e completamente reversível. Às vezes, utiliza- se o termo “lipotimia” para descrever a fase inicial da síncope. Sincope designa um colapso bem súbito, com perda abrupta e completa da consciência, perda total do tônus muscular, com queda completa ao chão. O mecanismo básico é a instalação rápida de irrigaçãocerebral insuficiente por causas diversas. A síncope pode ou não ser reversível, dependendo dos fatores causais envolvidos Desmaio Perda abrupta da consciência. Forma genérica de se referir à lipotimia e síncope Condições que mais frequentemente produzem perdas abruptas da consciência: tipos Kamilla Galiza / 5º P / APG ® Hipotensão ortostática ® Hipoglicemia ® Sincope vasovaginal após súbita, inesperada e desagradável visão, som, cheiro ou dor ® Hipocapnia por hiperventilação ® Sincopes por condições cardíacas ® Crise dissociativa abrupta e curta ® Crises convulsivas (epilepsia) ® Sincope por tosse intensa ® Sincope por micção, defecação ou dor vesical. Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento prolongado do nível de consciência Delirium É o termo atual mais adequado para designar a maior parte das síndromes confusionais agudas. O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se de um quadro que oscila muito ao longo do dia. Geralmente, o paciente está com o sensório claro pela manhã, e, no início da tarde, o nível de consciência “afunda”, piorando no fim da tarde e à noite. Podem surgir, então, ilusões e alucinações visuais, bem como intensificar-se a desorientação e a confusão do pensamento e do discurso, com a possibilidade de haver também agitação psicomotora e sudorese. Estado onírico Termo usado para designar uma alteração da consciência na qual, paralelamente à turvação da consciência, o indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido. A pessoa vê cenas complexas, ricas em detalhes, às vezes 1. terríficas, com lutas, matanças, fogo, assaltos, sangue, etc. Há carga emocional marcante na experiência onírica, com angústia, terror ou pavor. Há geralmente amnésia consecutiva ao período em que o doente permaneceu nesse estado onírico. Tal estado ocorre com mais frequência devido a psicoses tóxicas, síndromes de abstinência de substâncias (com maior frequência no delirium tremens) e quadros febris tóxico-infecciosos. Alterações qualitativas Ocorre mudança parcial ou focal/conteúdo do campo da consciência. Uma parte fica preservada enquanto a outra se altera. Há quase sempre algum grau de rebaixamento. Estados crepusculares • Estado patológico transitório com obnubilação leve e duração variável de causas frequentemente orgânicas havendo relativa conservação da atividade motora coordenada • Ocorre um estreitamento transitório do campo da consciência e afunilamento da consciência; • O estado “crepuscular” caracteriza-se por surgir e desaparecer de forma abrupta e ter duração variável, de poucos minutos ou horas a algumas semanas • Podem ocorrer atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional; • Geralmente ocorre amnésia lacunar - o indivíduo esquece tudo ou pode se lembrar de fragmentos isolados; • Associado à epilepsia, intoxicação por álcool ou outras substâncias, quadros dissociativos histéricos agudos ou choques emocionais intensos Estado segundo • Caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada; • Natureza mais psicogenética; • Produzido por fatores emocionais – choques emocionais intensos; • Os atos cometidos durante o estado segundo são geralmente incongruentes, extravagantes, em contradição com a educação, as opiniões e conduta habitual do sujeito, mas quase nunca graves ou perigosas; • Mais próximo da dissociação da consciência; Dissociação da consciência • Designa a fragmentação ou divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano; • Ocorre com mais frequência em estados histéricos, assemelhando-se a um sonho (caráter de estado onírico); • Pode ocorrer em quadros de ansiedade intensa - o paciente se desliga da realidade para parar de sofrer; • Também frequentes em pessoas diagnosticadas com transtorno da personalidade borderline; Transe • Estado de alteração qualitativa da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença em geral de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. • O transe histérico é o estado dissociativo da consciência relacionado a conflitos interpessoais e alterações psicopatológicas; Estado hipnótico • Estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada que pode ser induzido por outra pessoa; • Aumenta a sugestionabilidade do indivíduo; • Técnica refinada de atenção concentrada; • Podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez muscular, alterações vasomotoras Condutas em rebaixamento do nível de consciência As alterações no nível de consciência constituem emergência médica, portanto a abordagem deve ser focada e objetiva, começando sempre pelo CAB (Circulation - circulação, Airways - proteção de vias aéreas, Breathing - respiração). Após a estabilização do paciente, deve-se fazer um rápido exame físico geral seguido pelo exame neurológico. CAB Verificar se as vias aéreas estão desobstruídas; checar se a respiração está fornecendo oxigenação adequada (ofertar oxigênio suplementar nos casos de hipoxemia ou estabelecer via aérea e assistência ventilatória se o Glasgow for menor do que 9); aferir a pressão arterial e a frequência cardíaca. Kamilla Galiza / 5º P / APG Exame físico geral Procurar por sinais de trauma. Hematomas perioculares bilaterais (sinal do Guaxinim) são sugestivos de fratura de base do crânio. Se houver suspeita de trauma, a coluna cervical deve ser imobilizada até a realização de exames de imagem (tomografia e/ou ressonância da região cervical). Marcas de agulha sugerem uso de drogas ilícitas. Petéquias ocorrem em meningites e na coagulação intravascular disseminada. Rigidez de nuca é observada nos casos de meningite e hemorragia subaracnóide. História clínica Instalações súbitas, de segundos a minutos, sugerem eventos vasculares como acidentes vasculares encefálicos isquêmicos ou hemorrágicos, traumas ou intoxicações. Instalações subagudas e crônicas ocorrem nos casos de processos expansivos, infecções e distúrbios metabólicos. Uso de anticoagulantes pode sugerir sangramento encefálico. Uso de drogas antiepiléticas podem sugerir estado de mal epiléptico ou intoxicação pelas drogas. Questionar quanto a ocorrência de trauma. História de doença psiquiátrica ou depressão são alertas para a possibilidade de intoxicação exógena. Queixa de cefaleia e febre sugerem meningoencefalites. Nos casos de cefaleia súbita deve-se investigar hemorragia subaracnóide, e cefaleia subaguda e crônica sugerem processos expansivos. Obter um acesso venoso calibroso. Checar a glicemia capilar o mais rápido possível. Exame físico geral Procurar por sinais de trauma. Hematomas perioculares bilaterais (sinal do Guaxinim) são sugestivos de fratura de base do crânio). Marcas de agulha sugerem uso de drogas ilícitas. Petéquias ocorrem em meningites e na coagulação intravascular disseminada. Rigidez de nuca é observada nos casos de meningite e hemorragia subaracnóide. Nível de consciência Determinar a intensidade do estímulo necessário para obter uma resposta, e qualificar a resposta obtida, através de estímulos verbais seguido de estímulo doloroso caso o paciente não apresente resposta a voz. Padrão respiratório Irregularidades neste padrão podem ajudar a localizar a topografia da lesão encefálica. As alterações mais frequentes do padrão ventilatório são: respiração de Cheyne-Stokes, hiperventilação, respiração apnéustica, respiração atáxica e síndrome de Ondine. Tamanho e reatividade daspupilas Apresentam grande valor localizatório. É a parte do exame físico mais importante para diferenciar causa metabólica da estrutural do coma. A aferência desse reflexo é via nervo óptico (II nervo craniano), e a eferência, via nervo oculomotor (III nervo craniano). Motricidade ocular e respostas óculo-vestibulares Ao examinar o paciente, primeiro deve-se observar a posição primária do olhar, com atenção para desvio do olhar conjugado, estrabismo, desalinhamento vertical do olhar, nistagmo ou movimentação oculares espontâneas. Caso o paciente atenda a comandos, testar a movimentação ocular solicitando que olhe para cima, para baixo e para cada um dos lados. Resposta motora 1. Déficits motores podem ser documentados observando através do estímulo doloroso. A resposta será assimétrica, com menor movimentação no lado acometido. 2. Disfunções corticais ou subcorticais acima do mesencéfalo: flexão e rotação interna com adução dos membros superiores e extensão e rotação interna dos inferiores. 3. Lesões abaixo do núcleo rubro mas sem acomentimento do núcleo vestibular podem apresentar a postura de decerebração, ou seja, extensão e pronação dos membros superiores e extensão dos membros inferiores ao estímulo doloroso. As posturas de decerebração e de corticação podem estar presentes também em comas de causas metabólicas. Exames complementares 1. Sangue: hemograma, eletrólitos (sódio, cálcio, fósforo, magnésio), função renal, hepática, tireoidiana, coagulograma, gasometria arterial. Em casos selecionados, dosar nível sérico de algumas drogas e screening toxicológico. 2. Tomografia de crânio deve ser o primeiro exame de imagem. Boa sensibilidade para detectar sangramentos (hemorragia subaracnoíde, hematoma subdural, hematoma extradural, hematoma intraparenquimatoso), hidrocefalia, tumores e infartos cerebrais extensos. 3. Em casos sugestivos de herniação, deve-se tomar medidas urgentes como a administração de solução salina hipertônica ou manitol, intubação orotraqueal, ventilação mecânica e hiperventilação. 4. Caso o exame mostre infarto cerebral extenso, avaliar indicação de craniectomia descompressiva. 5. Se houver um hematoma intraparenquimatoso, hematoma extradural ou subdural pode haver indicação de drenagem do hematoma com urgência. 6. Eletroencefalograma deve ser realizado nos casos em que há histórico de crise convulsiva, ou nos casos em que a etiologia do coma permanece indefinida. Orientações de retorno ao pronto-atendimento 1. Cefaleia 2. Sonolência excessiva 3. Irritabilidade e ansiedade Kamilla Galiza / 5º P / APG 4. Desmaio, fraqueza, perda de força muscular e parestesia 5. Dificuldade na fala, ou compreensão e memória 6. Distúrbios de personalidade 7. Confusão mental ou rebaixamento do nível de consciência 8. Náuseas, vômitos ou tonturas 9. Déficit auditivo ou visual Referencias Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. PITTA, José Cássio do Nascimento. Diagnóstico e conduta dos estados confusionais. Psiquiatria na prática médica UNIFESP/EPM [online]. Disponível em< http://www. unifesp. br/dpsiq/polbr/ppm/atu2_07. htm, 2001.
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