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DEPRESSÃO, DELIRIUM, DISTURBIOS DO SONO, QUEDAS, TONTURA

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DEPRESSÃO, DELIRIUM, DISTURBIOS DO SONO, 
QUEDAS, TONTURA 
2 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 
DEPRESSÃO ................................................................................................ 12 
DELIRIUM ..................................................................................................... 33 
DISTÚRBIOS DO SONO ............................................................................... 52 
QUEDAS ....................................................................................................... 70 
TONTURA ..................................................................................................... 87 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 91 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A carga de doenças relacionadas aos agravos não-transmissíveis tem se 
elevado rapidamente e sua prevenção tem sido o maior desafio para a saúde 
pública. 
Nessa perspectiva, as quedas de idosos são atualmente uma das 
preocupações por sua frequência e por trazerem consequências negativas à 
qualidade de vida dessas pessoas. As quedas em idosos possuem significado muito 
relevante, pois podem levá-los à incapacidade, injúria e morte; seu custo social é 
elevado e torna-se maior quando o idoso tem diminuição da autonomia e da 
independência, ou passa a necessitar de institucionalização. 
Estudo transversal, com amostra composta por 4.003 idosos (65 anos ou 
mais) residentes na área de abrangência de unidades básicas de saúde de 41 
municípios com mais de 100 mil habitantes, de sete estados brasileiros, mostrou 
que a prevalência de quedas entre idosos foi de 34, 8%, sendo significativamente 
maior em mulheres (40,1%); a prevalência de quedas associou-se com idade 
avançada, sedentarismo, auto percepção da saúde sendo ruim e referência a maior 
número de medicações de uso contínuo. 
No Brasil, em 2000, as quedas foram responsáveis por 2.030 mortes na faixa 
de 60 anos ou mais, ocupando o terceiro lugar na mortalidade por causas externas, 
tanto entre homens quanto entre mulheres. Em relação à morbidade, as quedas 
aumentam sua importância, ocupando o primeiro lugar nas internações. Neste 
mesmo ano, 48.940 pessoas foram hospitalizadas devido à ocorrência de quedas. 
Em relação às lesões determinadas por esses acidentes, 68,3% são fraturas, 
chamando a atenção as fraturas de fêmur. 
Considerando-se sua natureza etiológica múltipla, é importante compreender 
os fatores relacionados a quedas e traçar o perfil de ocorrência das mesmas, 
procurando investigar as variáveis envolvidas, uma vez que a eficácia de medidas 
para prevenção de quedas depende da identificação das variáveis relacionadas com 
risco de quedas em idosos. 
5 
 
 
 
 
 
Além das variáveis de saúde, de capacidade funcional e relacionadas ao 
contexto ambiental, outro fator de risco tem sido mencionado na literatura. Trata-se 
de problemas do sono que, por sua vez, são associados às mudanças fisiológicas 
do envelhecimento normal, à presença de comorbidades, à depressão e ao uso de 
medicamentos, entre outros. Há poucos estudos avaliando a relação entre distúrbios 
do sono no envelhecimento e sua relação com a ocorrência de quedas em 
indivíduos idosos. Entretanto, vem aumentando o interesse pela compreensão do 
fenômeno do sono na pessoa idosa, com o intuito de melhorar a qualidade de vida 
desta população. 
O sono é um processo fisiológico vital. São caracterizados dois padrões 
fundamentais de sono: sem movimentos oculares rápidos (NREM, do inglês Non-
rapid eyes moviment) e com movimentos oculares rápidos (REM). O sono NREM é 
composto por quatro etapas em grau crescente de profundidade: os estágios I e II, 
superficiais, e os estágios profundos III e IV, ou sono delta. No sono NREM há 
relaxamento muscular comparativamente à vigília, porém é mantida alguma 
tonicidade basal. O sono REM ou sono paradoxal, embora seja um estágio profundo 
no tocante à dificuldade de despertar, o indivíduo nessa fase exibe padrão 
eletroencefalográfico que se assemelha à vigília, sendo este um dos seus aparentes 
paradoxos. Além disso, apesar da atonia muscular que acompanha este estágio, 
observam-se movimentos corporais fásicos e erráticos, de diversos grupamentos 
musculares, principalmente na face e nos membros, bem como emissão de sons. 
Ou seja, mesmo em meio à inibição motora, há liberação fásica de atividade 
muscular de localização multifocal. 
Quanto à arquitetura do sono, em condições normais um indivíduo inicia o 
sono noturno pelo estágio I do sono NREM, após uma latência aproximada de 10 
minutos. Seguindo-se uns poucos minutos no estágio I, ocorre o aprofundamento 
para o estágio II. Depois de 30 a 60 minutos, instala-se o sono delta. 
Aproximadamente 90 minutos após o início do sono, acontece o primeiro sono REM, 
que costuma ter curta duração no início da noite (5 a 10 minutos), completando-se o 
primeiro ciclo NREM-REM. A saída do sono REM para os estágios superficiais do 
sono NREM pode ocorrer com intrusão de microdespertar (3 a 15 segundos de 
duração), sem um despertar completo do indivíduo. 
6 
 
 
 
 
 
Desta forma, cumprem-se cerca de cinco a seis ciclos de sono NREM-REM, 
durante uma noite de oito horas de sono. 
A velhice, por si só, não é causa direta de problemas relacionados ao 
sono, embora torne o idoso mais vulnerável a essas ocorrências.18 Com o 
envelhecimento, ocorrem mudanças quantitativas e qualitativas do sono. O tempo 
total de sono noturno diminui significantemente com o avançar da idade, porém 
tende a manter-se após os 65 anos. A principal mudança ocorre na arquitetura do 
sono, com a redução percentual do sono de ondas lentas e REM.21 O estágio IV 
não mais se registra, havendo redução do estágio III e aumento dos despertares 
noturnos, o que traz como consequência direta sua menor eficiência, principalmente 
na presença de comorbidades, e do uso de medicamentos para tratar essas 
condições. 
As principais doenças relacionadas à má qualidade do sono em idosos 
são: 
 Depressão, 
 Alterações de humor e ansiedade, 
 Cardiopatia, 
 Diabetes, 
 Doença pulmonar obstrutiva crônica, 
 Dor crônica, 
 Doença gastrointestinal, 
 Alzheimer e 
 Doença de Parkinson. 
A insônia é a queixa de alteração do sono mais comum entre idosos. De 
acordo com o DSM IV27 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – 
IV), a insônia é definida como uma queixa de insatisfação com a qualidade e 
quantidade do sono, composta por um ou mais dos seguintes sintomas: dificuldade 
em iniciar o sono, dificuldade em mantero sono, que se caracteriza por frequentes 
despertares noturnos ou dificuldade em retomar o sono após despertar, despertar 
precoce e sono não restaurador. 
7 
 
 
 
 
 
Essas queixas, coletivamente denominadas de problemas do sono, são 
acompanhadas por prejuízo no desempenho de atividades diurnas, indicado por 
pelo menos um dos seguintes sintomas: fadiga ou baixa energia, sonolência diurna, 
déficits de atenção, concentração e memória, irritabilidade, hiperatividade e 
agressão, diminuição no rendimento profissional e nas relações sociais. 
A insônia pode ser classificada como autoinduzida, secundária ou 
primária. Os fatores relacionados à insônia autoinduzida são estilo de vida 
(estresse e fatores ambientais) e interrupção abrupta ou uso abusivo de substâncias 
psicoativas (álcool, cafeína, hipnóticos, ansiolíticos, sedativos, anfetaminas e 
opióides); 
Quanto à insônia Secundária, as principais relações referem-se aos distúrbios 
do humor (depressão, ansiedade), doenças (artrite, cardiopatia, doença de 
Parkinson), distúrbios respiratórios durante o sono (apneia do sono) e outros 
distúrbios do sono (síndrome das pernas inquietas, distúrbios do ritmo circadiano); 
quanto à insônia primária, ainda não foram identificados os fatores causais 
relacionados à sua ocorrência. Desta forma, a insônia parece representar a queixa 
maior de alterações do sono, e envolve um grupo vasto de fatores causais. 
Em idosos não-institucionalizados, a dificuldade em iniciar o sono foi relatada 
por 15 a 45% da população; sono fragmentado, em aproximadamente 20 a 65%; 
despertar precoce em 15 a 54%; e cansaço após noite de sono em 
aproximadamente 10% da população estudada. O estudo também afirma que a 
prevalência de insônia é maior em mulheres do que em homens. 
As consequências clínicas dos problemas do sono em idosos podem resultar 
frequentemente em desorientação, alteração cognitiva, retardo psicomotor e 
diminuição da função física, com implicações diretas nas atividades de vida diária 
(AVDs), risco aumentado de acidentes e traumas, pior estado de saúde e aumento 
do risco de morte. Há uma associação direta entre noites de sono de má qualidade 
e o desempenho funcional diurno. Desta forma, sugere-se que a má qualidade do 
sono constitui fator independente de risco de queda em idosos. 
8 
 
 
 
 
 
Sendo assim, buscou-se com esta revisão sistematizar os estudos que 
examinaram a relação entre distúrbios do sono, desempenho funcional e ocorrência 
de quedas em idosos da comunidade. 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
Problemas do sono são comuns com o avançar da idade, e ocorrem em 
mais da metade dos indivíduos acima dos 65 anos. Apesar da prevalência 
elevada, a velhice por si só não é causa de distúrbios do sono. Essas alterações 
comumente estão associadas à comorbidades e a piores escores de qualidade de 
vida. 
 
Intervir preventivamente pressupõe a realização de investigações detalhadas 
e bem direcionadas. Ações preventivas baseadas em evidências claras e pontuais 
11 
 
 
 
 
 
trazem como consequência melhor condição de vida e bem-estar da população-
alvo. Neste sentido, percebe-se que ainda se destina pouca atenção a avaliação da 
qualidade do sono em idosos e seus possíveis desdobramentos. 
Por outro lado, tanto os distúrbios do sono, quanto a ocorrência de 
quedas comprometem a qualidade de vida dos idosos. Investigar esta interação 
torna-se relevante por revelar possíveis associações ainda pouco conhecidas, cuja 
melhor compreensão pode trazer benefícios a esta população. 
Até o presente, a maioria dos estudos que investigaram a relação entre 
distúrbios do sono e quedas em idosos são de caráter transversal. 
Entretanto, a ocorrência de quedas em idosos possui natureza etiológica 
multifatorial, e assim os estudos prospectivos são mais refinados para determinar e 
explorar os fatores de risco de quedas em idosos. As amostras de conveniência não 
são generalizáveis; portanto, determinados resultados não podem ser aplicados a 
grupos específicos, como idosos institucionalizados, ou os adultos jovens. 
Entretanto, mesmo diante de algumas limitações, os estudos são 
consistentes, de amostras consideráveis, e apontam para um cuidado especial, e a 
necessidade de avaliação e observação mais criteriosa da qualidade do sono do 
idoso, e suas possíveis consequências. 
 
12 
 
 
 
 
 
DEPRESSÃO 
 
Envelhecer. Uma fase do ciclo da vida 
pela qual, provavelmente, todos nós iremos 
passar um dia. Aliás, uma fase que está 
ficando cada vez mais larga na pirâmide 
etária, de acordo com dados do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
Os avanços tecnológicos e a melhora na qualidade vida estão 
aumentando a expectativa de vida das pessoas, fazendo com que o número de 
idosos cresça a cada ano. 
Em 1980 a população brasileira com 60 anos ou mais de idade era de 
7.197.964 pessoas, em 2010 este número saltou para quase 20 milhões. E a 
previsão é de que em 2050 a população com 60 anos ou mais seja de mais 60 
milhões de brasileiros. A pirâmide está se invertendo, característica de países 
desenvolvidos, por isso é importante pensarmos em como queremos envelhecer e 
nos males que mais acometem os idosos. 
 Fonte: IBGE 
A depressão é uma das doenças mentais que mais atinge os idosos. A 
prevalência da doença e como ela se manifesta pode variar de acordo com a 
situação vivida pelo idoso. “Para aqueles que vivem com a família e estão inseridos 
na comunidade, a prevalência de sintomas depressivos gira em torno de 15% da 
13 
 
 
 
 
 
população idosa. Esse número pode dobrar quando nos deparamos com idosos 
institucionalizados, que estão em casas de repouso ou asilos. Em pacientes 
hospitalizados por problemas de saúde, a prevalência chega a quase 50%”, explica 
Fabio Armentano, coordenador da equipe de psicogeriatria do AME Psiquiatria Dra. 
Jandira Masur. 
A depressão consiste em enfermidade mental frequente no idoso, associada 
a elevado grau de sofrimento psíquico. Na população geral, a depressão tem 
prevalência em torno de 15% (Kaplan et al., 1997); em idosos vivendo na 
comunidade, essa prevalência situa-se entre 2 e 14% (Edwards, 2003) e em idosos 
que residem em instituições, a prevalência da depressão chega a 30% (Pamerlee et 
al., 1989). 
No idoso, a depressão tem sido caracterizada como uma síndrome que 
envolve inúmeros aspectos clínicos, etiopatogênicos e de tratamento. Quando 
de início tardio, frequentemente associa-se a doenças clínicas gerais e a 
anormalidades estruturais e funcionais do cérebro. 
Se não tratada, a depressão aumenta o risco de morbidade clínica e de 
mortalidade, principalmente em idosos hospitalizados com enfermidades gerais. 
As causas de depressão no idoso configuram-se dentro de um conjunto 
amplo de componentes onde atuam fatores genéticos, eventos vitais, como luto e 
abandono, e doenças incapacitantes, entre outros. Cabe ressaltar que a depressão 
no idoso frequentemente surge em um contexto de perda da qualidade de vida 
associada ao isolamento social e ao surgimento de doenças clínicas graves. 
Enfermidades crônicas e incapacitantes constituem fatores de risco para 
depressão. Sentimentos de frustração perante os anseios de vida não realizados 
e a própria história do sujeito marcada por perdas progressivas - do companheiro, 
dos laços afetivos e da capacidade de trabalho - bem como o abandono, o 
isolamento social, a incapacidade de reengajamento na atividade produtiva, a 
ausência de retorno social do investimento escolar, a aposentadoria que mina os 
recursos mínimos de sobrevivência, são fatores que comprometem a qualidade de 
vida e predispõem o idoso ao desenvolvimento de depressão. 
14 
 
 
 
 
 
Aspectos Clínicos da Depressão e Diagnóstico 
 
O diagnóstico da depressão passa por várias etapas: anamnese detalhada, 
com o paciente e com familiares ou cuidadores, exame psiquiátricominucioso, 
exame clínico geral, avaliação neurológica, identificação de efeitos adversos de 
medicamentos, exames laboratoriais e de neuroimagem. 
Estes são procedimentos preciosos para o diagnóstico da depressão, 
intervenção psicofarmacológica e prognóstico, especialmente em função da maior 
prevalência de comorbidades e do maior risco de morte. 
Em pacientes idosos, além dos sintomas comuns, a depressão costuma 
ser acompanhada por queixas somáticas, hipocondria, baixa auto-estima, 
sentimentos de inutilidade, humor disfórico, tendência autodepreciativa, alteração do 
sono e do apetite, ideação paranóide e pensamento recorrente de suicídio. 
Cabe lembrar que nos pacientes idosos deprimidos o risco de suicídio é 
duas vezes maior do que nos não deprimidos (Pearson & Brown, 2000). 
Os sintomas (Tabela 1), em geral, estão associados à presença de 
doenças físicas ou ao uso de medicamentos. 
 
15 
 
 
 
 
 
As pessoas que têm depressão na terceira idade estão divididas em dois 
grupos. 
 Aqueles que nunca tiveram depressão e passam e ter. 
 Aqueles que já vêm de um quadro de depressão ao longo da vida. 
No primeiro caso, o componente hereditário é menor, a doença fica muito 
mais relacionada a dificuldades trazidas pelo envelhecimento em si, tais como a 
problemas cognitivos e quadros demenciais, perda de papel social e limitações 
trazidas por doenças físicas. Já o segundo grupo envolve pacientes cujo histórico 
nos remete a quadros depressivos prévios, tratados ou não, e que podem 
apresentar características de cronificação. 
 
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A DEPRESSÃO QUE ATINGE A 
POPULAÇÃO IDOSA FRENTE À QUE ACOMETE OS MAIS JOVENS 
 
Clinicamente, uma das principais diferenças entre a depressão que atinge a 
população idosa frente à que acomete os mais jovens são as queixas somáticas, 
muito mais intensas e freqüentes nos mais velhos. “Frequentemente os sintomas 
depressivos nesta população traduzem-se por queixas de dores pelo corpo, falta de 
apetite e insônia, perda de energia para realizar as tarefas do dia-dia, sendo a 
tendência ao isolamento e a apatia dois sinais de alerta para a identificação da 
doença. Em um primeiro momento, muitas vezes não há a exteriorização de 
sintomas depressivos mais clássicos, como tristeza, angústia, crises de choro. Em 
geral, o quadro de depressão no idoso é menos exuberante”, destaca Armentano. 
16 
 
 
 
 
 
6 FATORES PRINCIPAIS ASSOCIADOS À DEPRESSÃO: 
 
 Fator 1: aspectos sociodemográficos. Os fatores sociodemográficos que 
apresentaram algum tipo de associação foram a idade, a escolaridade, a au-
topercepção de situação financeira ruim e o sexo feminino. Os eventos estressores 
da vida, possivelmente, são mais esperados e, por isso, melhor tolerados por idosos 
mais velhos, podendo, dessa maneira, não mais evocar depressão nesses 
indivíduos. Além disso, os idosos com menos idade que vivem em (ILPI- Instituição 
de Longa Permanência para Idosos) geralmente são os que apresentam mais 
doenças graves ou comprometimento cognitivo severo e, por isso, podem ser mais 
propensos a desenvolver sintomatologia depressiva. O grau de instrução, associado 
à depressão, pode ser justificado por uma reação em cadeia, em que o baixo nível 
de escolaridade pode levar à inadequação de renda e impedir o acesso a cuidados 
de saúde, lazer e apoio social. 
 Fator 2: condições de saúde. A depressão é mais frequentemente 
associada à autopercepção de saúde ruim, à dor, à deficiência visual, à presença de 
comorbidades, ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) e ao maior risco de 
desnutrição. 
A auto avaliação da saúde é uma variável complexa que capta múltiplas 
dimensões da relação entre saúde física e outras características pessoais e sociais. 
No idoso, a autopercepção de saúde é influenciada pelas condições de suporte 
familiar, estado conjugal, oportunidades de educação e emprego, renda, capacidade 
funcional, condições crônicas de saúde, estilo de vida, dentre outros. O processo de 
institucionalização favorece a vivência de perdas em vários desses aspectos da 
vida, aumentando a vulnerabilidade a quadros depressivos e contribuindo para uma 
pior percepção do estado de saúde. 
A dor é uma experiência vital que afeta de maneira integral o ser, 
ocasionando sofrimento, que quando prolongado e severo, como na maioria dos 
casos de dor crônica, afeta a qualidade de vida de quem a sofre de maneira 
significativa, gerando maior risco de comorbidade psiquiátrica, podendo esta relação 
ser de dupla via, sendo a dor fator de risco ou consequência de transtornos 
17 
 
 
 
 
 
psíquicos. Em pessoas idosas, os mecanismos de cronificação da dor estão 
relacionados à diminuição da capacidade de adaptação que acompanha o 
envelhecimento, ao aumento da sensibilidade dolorosa, às comorbidades médicas e 
psiquiátricas e ao isolamento social. 
Idosos com déficits visuais estão mais propensos a desenvolver 
quadros depressivos, uma vez que podem precisar alterar seu estilo de vida e sua 
independência funcional, requerendo mais assistência nas atividades básicas de 
vida diária, quando comparados com aqueles que não têm tal deficiência. 
 
A associação entre doenças crônicas e sintomas depressivos é bimodal, de 
modo que a depressão pode precipitar o surgimento de doenças crônicas ou estas 
podem exacerbar sintomas depressivos por meio dos efeitos diretos na função 
cerebral ou através de alterações psicológicas e psicossociais. 
A depressão está diretamente relacionada ao estado nutricional, uma 
vez que interfere no centro de controle neural, responsável pela fome, ansiedade e 
compulsões alimentares, podendo levar à desnutrição ou à obesidade. As questões 
econômicas, sociais, biológicas, psíquicas e alimentares também são determinantes 
do estado nutricional dos indivíduos idosos institucionalizados, tendo a depressão 
sido identificada como a maior causa de perda de peso nesse grupo populacional. 
A relação entre depressão e AVC é complexa e também pode ocorrer nos 
dois sentidos. O surgimento de quadro depressivo em pacientes pós-AVC tende a 
ser visto como uma reação psicológica compreensível resultante da perda ou das 
incapacidades associadas à doença, sendo, por este motivo, subdiagnosticado . No 
primeiro ano após o AVC, considerado o período agudo, a depressão é a 
18 
 
 
 
 
 
complicação psiquiátrica mais prevalente e a que tem sido mais associada a um pior 
prognóstico, uma vez que os pacientes com essa complicação apresentam 
recuperação funcional mais lenta, comprometimento das atividades da vida diária, 
internação hospitalar mais longa na fase aguda e maior mortalidade. 
 Fator 3: capacidade funcional. Baixa capacidade ou incapacidade 
funcional e limitação funcional pela dor. Define-se como capacidade funcional a 
condição que o indivíduo possui de viver de maneira autônoma e de se relacionar 
em seu meio. Pessoas idosas com depressão tendem a apresentar maior 
comprometimento físico, social e funcional, afetando sua qualidade de vida, 
cursando em redução ou perda da independência funcional. 
 Fator 4: comportamento. Vários tipos de comportamento foram associados 
à depressão, desde agressão física, abuso verbal e agir psicótico, neuroticismo, 
pensamentos suicidas recentes, indisponibilidade em ajudar aos outros e em 
participar de atividades, dificuldade em resolver problemas e em estabelecer bons 
relacionamentos. Dentre esses fatores, a ideação suicida, tentativas de suicídio 
e o suicídio merecem especial atenção, uma vez que representam instâncias da 
vida — expectativas, doença, sofrimento — que se tornaram difíceis de suportar, 
representando o auge da insatisfação com o viver. Investigações a respeito da 
ideação suicida são problemáticas, uma vez que esse fenômeno é pouco per-
guntado por pesquisadores e também muito pouco relatado pelos idosos, e, quando 
isso ocorre, pode ser confundido com processos depressivos.A população 
institucionalizada tende a declarar com mais frequência a presença de pensamentos 
suicidas do que a não institucionalizada. 
 Fator 5: cognição. Os estudos também apresentaram divergências quanto 
a este aspecto. Em quatro deles, a depressão foi associada a um pior estado 
cognitivo e em duas pesquisas a um melhor estado cognitivo. A grande frequência 
de queixas cognitivas em idosos depressivos levou à criação do termo pseu-
dodemência depressiva, caso em que os sintomas de depressão são acompanha-
dos pelas dificuldades de concentração e atenção e pela falta de memória. Muitas 
alterações cognitivas observadas em idosos com depressão se assemelham às 
observadas em quadros demenciais, enquanto outras se assemelham ao envelhe-
cimento normal. 
19 
 
 
 
 
 
 Fator 6: medicamentos. A polifarmácia e o uso de antidepressivos e de 
psicotrópicos foram associados à sintomatologia depressiva. Os pacientes 
internados em (ILPI- Instituição de Longa Permanência para Idosos) merecem 
atenção especial quanto ao consumo de psicofármacos, tendo em vista seu uso 
corriqueiro em quadros demenciais, depressões e distúrbios comportamentais. 
Estima-se que a prevalência de psicofármacos em asilados chegue a 63%, sendo 
esses medicamentos usualmente prescritos por médicos não psiquiatras em 
decorrência da necessidade de controle comportamental, presença de sintomas de 
depressão e transtornos do sono. 
 Outros fatores associados que merecem destaque são: a solidão, 
depressão prévia e a falta de apoio social ou insatisfação com o mesmo. Na velhice, 
o fenômeno depressivo em si pode representar a recorrência de episódios ante-
riores que se manifestaram em outras épocas da vida: pode ser a continuidade de 
uma depressão crônica anterior do tipo Distimia, pode ser uma depressão reativa, 
pode ainda surgir como consequência do prejuízo na qualidade de vida 
proporcionada por alguma outra doença orgânica concomitante ou, simplesmente, 
pode ser um episódio originado após os 60 anos. 
Vivenciar a solidão pode indicar uma rede social insatisfatória e tem sido um 
dos fatores de risco para a depressão mais citado pelos diferentes investigadores, 
além de um dos principais motivos para a admissão em instituições. Os eventos es-
tressores, como o luto, situações em que há dificuldade de se estabelecer relações 
interpessoais e a falta de apoio social e familiar, também podem contribuir para a 
manifestação de sintomas depressivos. 
Como isso afeta a vida do paciente? 
A depressão não tem uma causa específica, podendo ser desencadeada por 
uma mistura de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Além de fatores 
ambientais, inerentes ao envelhecimento, a depressão em idosos pode se 
manifestar a partir de uma série de problemas relacionados à terceira idade como o 
afastamento da família, a perda do papel social com a aposentadoria, falecimento 
do cônjuge e solidão. Limitações físicas e fatores clínicos como AVC, infarto e 
20 
 
 
 
 
 
doenças cardiovasculares também podem contribuir para o desenvolvimento de um 
quadro de depressão. 
Além da qualidade de vida, a doença pode também interferir em aspectos 
físicos à medida que leva o indivíduo a uma menor disponibilidade para colocar em 
prática medidas essenciais para a manutenção de uma boa qualidade de vida e 
para controle de outros problemas de saúde, tais como manter uma dieta saudável 
e praticar exercícios físicos regularmente. A depressão dificulta o tratamento de 
outras doenças físicas. Estudos mostram que a depressão tem uma influência muito 
negativa no prognóstico de pacientes que sofreram infarto, por exemplo. 
 
Aspectos Neurobiológicos da Depressão 
 
A identificação do início e das condições específicas em que surge um 
quadro depressivo constitui fator de extrema importância para o diagnóstico 
etiológico da depressão e das comorbidades, para o tratamento e prognóstico. 
Assim, o paciente idoso, cuja depressão tenha tido início em épocas remotas de sua 
vida e se prolongado na velhice, tende a apresentar componente genético 
significativo. Por outro lado, naquele cuja depressão tenha iniciado após os 65 anos, 
a interferência genética tende a ser menos intensa e os fenômenos neurobiológicos 
tendem a ser mais importantes. 
Obviamente, não se pode excluir a ação de componentes de natureza 
psíquica que se acumulam ao longo da vida. Determinados fatores 
neurobiológicos podem conduzir à depressão de início tardio por aumentarem 
o risco e a vulnerabilidade do idoso à depressão, tais como alterações 
neuroendócrinas (redução da resposta ao hormônio estimulador da tireóide), 
alterações de neurotransmissores (redução da atividade serotoninérgica e 
noradrenérgica), alterações vasculares e processos de degeneração de 
circuitos corticais e subcorticais responsáveis pelo processamento e elaboração 
da vida afetiva e emocional. 
21 
 
 
 
 
 
A produção diminuída de serotonina pelos Núcleos da Rafe e a diminuição 
dos receptores para estes neurotransmissores representam fatores de 
vulnerabilidade à depressão no idoso. 
Comprometimento dos Núcleos da Base, particularmente do Núcleo Caudado 
e do Tálamo, tem sido associado com depressão de início tardio. Hipofrontalidade, 
constatada por neuroimagem funcional, como o SPECT cerebral (Single Photon 
Emission Computerized Tomography), demonstrando a redução da atividade cortical 
pré-frontal, também tem sido correlacionada com depressão de início tardio. 
Na depressão com sintomas psicóticos (delírios e alucinações), os 
recursos de neuroimagem estrutural e funcional podem ser aplicados. Kim et 
al. (1999) desenvolveram estudo comparativo de volumetria de diversas estruturas 
cerebrais, com a utilização de ressonância magnética, entre dois grupos - 19 idosos 
com depressão acompanhada de sintomas psicóticos (delírios) e 26 idosos com 
depressão, porém, sem sintomas psicóticos. Eles constataram volumes 
significativamente menores nas regiões corticais pré-frontais no grupo de pacientes 
deprimidos com delírios. 
No idoso, a depressão com sintomas psicóticos, ansiedade, irritabilidade 
e instabilidade emocional tendem a predizer o surgimento de distúrbios de 
comportamento, principalmente, agressividade e agitação psicomotora. 
 
 
Figura: Depressão na terceira idade. Crédito: freshidea – Fotolia. Direitos autorais: freshidea - 
Fotolia 
 
22 
 
 
 
 
 
Depressão e Doenças Clínicas Gerais 
 
A depressão no idoso costuma manifestar-se por meio de queixas físicas 
freqüentes e associada a doenças clínicas gerais, sobretudo aquelas que imprimem 
sofrimento prolongado, levando à dependência física e à perda da autonomia, e que 
induzem à hospitalização ou institucionalização. Por outro lado, a depressão nesses 
pacientes agrava as enfermidades clínicas gerais e eleva a mortalidade. 
Embora com prevalência elevada nas doenças clínicas gerais, a depressão 
não tem sido adequadamente diagnosticada e tratada. Muitas vezes, os sintomas 
depressivos são confundidos com a própria doença clínica geral ou como uma 
consequência “normal” do envelhecimento, sendo pouco valorizados. 
Depressão e doença clínica geral exercem influência recíproca na evolução 
clínica do paciente. Em algumas condições específicas, freqüentes no idoso, a 
prevalência da depressão mostra-se bastante elevada: 
 Doença de Parkinson (40 a 60%); 
 Demência de Alzheimer (30 a 40%); 
 Acidente vascular cerebral (30 a 60%); 
 Doença de Huntington (30 a 40%); 
 Esclerose múltipla (20 a 60%) e 
 Epilepsia (10 a 50%). 
 Quadros como síndrome de Cushing, hipotireoidismo, diabetes 
mellitus, doenças cardíacas e doenças auto-imunes também possuem 
prevalência elevada de depressão 
 
Cabe lembrar que medicações de ação central podem causar sintomas 
depressivos, como anti-hipertensivos (alfa-metildopa, clonidina, nifedipina, 
propranolol, digoxina), antiparkinsonianos (L-dopa, amantadina),benzodiazepínicos (diazepam e outros), além de corticóides. 
O paciente deprimido diminui o autocuidado, recusa-se a se alimentar e a 
seguir as recomendações do clínico, permanecendo por maior tempo restrito ao leito 
23 
 
 
 
 
 
ou com pouca mobilidade física. Estes fatores, associados à debilidade clínica geral, 
podem diminuir a imunidade, com maior vulnerabilidade a processos infecciosos. 
 
Depressão e Funções Cognitivas 
 
O aparecimento de transtornos depressivos em idosos tem sido considerado 
um fator de risco para o desenvolvimento posterior de processo demencial. 
Alguns estudos sugerem que 50% dos pacientes com depressão evoluem 
para quadro demencial num período de cinco anos. A comorbidade de depressão e 
demência contribui para o comprometimento de suas capacidades funcionais. 
A depressão pode conduzir a alterações das funções cognitivas 
temporariamente, muitas vezes dificultando o diagnóstico diferencial entre este 
quadro e demência. 
Por outro lado, em muitos pacientes, o início de um processo demencial do 
tipo Alzheimer apresenta-se com sintomas depressivos. Além disso, há associação 
entre sintomas depressivos e comprometimento das funções cognitivas em idosos, 
com ou sem demência. 
Queixas de memória são comuns em pacientes deprimidos, sugerindo, 
tradicionalmente, o aparecimento do termo “pseudodemência depressiva”. 
De acordo com Stoppe Jr e Louzã Neto (1999), a relação recíproca entre 
depressão e demência manifesta-se da seguinte maneira: 
a) Depressão na demência: os sintomas depressivos constituem parte 
integrante do processo demencial; 
b) Demência com depressão: coexistência de ambos os fenômenos, sendo 
que os sintomas depressivos instalam-se em um quadro demencial preexistente; 
c) Depressão com comprometimento cognitivo: a depressão evolui com 
dificuldades cognitivas, particularmente, de concentração e de memória recente; 
24 
 
 
 
 
 
d) Demência na depressão: onde o comprometimento cognitivo resulta do 
processo depressivo (“pseudodemência depressiva”). 
 
 
Tratamento da Depressão no Idoso 
 
O tratamento da depressão no idoso tem por finalidade reduzir o sofrimento 
psíquico causado por esta enfermidade, diminuir o risco de suicídio, melhorar o 
estado geral do paciente e garantir uma melhor qualidade de vida. O tratamento da 
depressão, como também de outras doenças neuropsiquiátricas no idoso, constitui 
um desafio que envolve intervenção especializada. 
As estratégias de tratamento, comentadas a seguir, envolvem psicoterapia, 
intervenção psicofarmacológica e, quando necessário, eletroconvulsoterapia. O 
papel terapêutico da atividade física será analisado em item específico. 
Inicialmente, há a necessidade da identificação de fatores que estariam 
desencadeando o surgimento de um processo depressivo, ou mesmo, agravando 
uma depressão já existente. Assim, é pertinente verificar se o paciente possui 
alguma doença clínica que esteja relacionada com a depressão e observar se o uso 
de algum medicamento (antiinflamatório, anti-hipertensivo, remédio para insônia, 
etc.) não estaria levando ao surgimento de sintomas depressivos. 
A seguir, convém investigar aspectos de natureza psicológica e psicossocial, 
como lutos, isolamento social, abandono e outros fatores que tendem a 
desencadear sintomas depressivos. 
25 
 
 
 
 
 
A intervenção psicoterapêutica, preferencialmente com profissionais 
especializados em idosos, ajuda a identificar os fatores desencadeadores do 
processo depressivo, contribuindo para a orientação dos familiares, dos 
cuidadores e do próprio paciente. 
Atividades do tipo terapia ocupacional, participação em atividades artísticas e 
de lazer também têm seu papel no tratamento do idoso deprimido. A intervenção 
psicoterapêutica, particularmente indicada para idosos, é a modalidade denominada 
de psicoterapia breve. Esta modalidade, além de minimizar o sofrimento psíquico 
do paciente, ajuda o idoso deprimido a reorganizar seu projeto de vida. É uma 
terapia prospectiva, voltada para o presente e para o futuro, com duração, em geral, 
de seis meses. 
Quando os sintomas da depressão colocam em risco a condição clínica 
do paciente e quando sofrimento psíquico é significativo, faz-se necessária a 
intervenção psicofarmacológica. 
 
Recomendam-se os antidepressivos de segunda geração, por 
constituírem medicamentos mais seguros para os idosos. 
A depressão não tratada coloca em risco a vida do paciente e eleva muito 
seu sofrimento, como visto anteriormente, não se justificando o não tratamento da 
depressão. 
O tratamento psicofarmacológico da depressão no idoso depende 
essencialmente do perfil de tolerabilidade do paciente em relação aos 
antidepressivos. 
26 
 
 
 
 
 
Os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina) constituem a 
primeira escolha, sobretudo, citalopram e sertralina. 
Dentre os medicamentos desta categoria, estes dois têm sido os mais 
estudados na população idosa. Paroxetina e fluoxetina, além de outros menos 
comuns em idosos, como venlafaxina, também têm sido prescritos. Em geral, os 
antidepressivos tricíclicos não constituem a primeira escolha para pacientes idosos 
devido aos efeitos adversos, principalmente anticolinérgicos. 
Quando necessário prescrever medicamento dessa classe, recomenda-se a 
nortriptilina, iniciando-se com baixas doses e com elevação cautelosa das mesmas. 
Deve-se ter atenção para os efeitos adversos dos medicamentos 
prescritos e para o risco de interação medicamentosa. Devido à presença de 
várias enfermidades que comumente acometem os idosos, eles tendem a fazer uso 
de vários medicamentos, com risco elevado de interação medicamentosa com 
potencialização de efeitos adversos. 
Especialmente, deve-se evitar drogas que produzam ou potencializem 
efeitos anticolinérgicos, hipotensão postural, distúrbios do sistema de 
condução cardíaca e delirium. 
A associação do tratamento psicofarmacológico com psicoterapia tem 
demonstrado bons resultados. Quando o paciente tem risco iminente de suicídio e 
uma resposta rápida é necessária, em quadros catatônicos que não respondem ao 
tratamento medicamentoso e quando o paciente não tem tolerabilidade aos 
psicofármacos, a eletroconvulsoterapia (ECT) constitui opção valiosa e segura para 
o tratamento da depressão. Eventualmente, podem ocorrer episódios de delirium e 
de distúrbios cognitivos, em geral transitórios. Cabe salientar que a 
eletroconvulsoterapia somente pode ser efetuada dentro dos parâmetros 
determinados pelo Conselho Federal de Medicina, entre eles, a realização do ECT 
em ambiente hospitalar, sob anestesia geral e com equipe especializada, 
respeitando-se a condição clínica geral do paciente. Consideram-se contra-
indicações absolutas ao ECT os quadros de hipertensão intracraniana e a 
ocorrência de infarto agudo do miocárdio (3 meses) ou acidente vascular cerebral (6 
meses). 
27 
 
 
 
 
 
Obviamente, recomenda-se exame clínico completo do paciente e de 
laboratório antes da realização do procedimento, para verificar a existência de 
outras contra-indicações. 
 
Depressão e Atividade Física 
 
O fato do paciente com a depressão permanecer no leito por muito tempo, 
sem praticar atividade física, traz prejuízos acentuados à saúde geral, 
particularmente no idoso. Do ponto de vista biológico, a não mobilidade física 
compromete a atividade pulmonar e isto leva ao acúmulo de secreções nas vias 
respiratórias, predispondo o idoso a desenvolver pneumonias bacterianas. 
A permanência excessiva no leito, somada à lentificação psicomotora que a 
depressão provoca, com freqüência desmotiva o idoso andar ou praticar exercícios 
físicos, e isto leva ao descontrole da pressão arterial com agravamento do quadro 
hipertensivo, além do comprometimento da circulação periférica, da perfusão 
cerebral e do próprio funcionamento cardíaco, artrose e outros distúrbios articulares 
tambémse agravam devido à falta de atividade física do idoso deprimido. 
Segundo Cooper (1982), o exercício físico, em particular o chamado aeróbio, 
realizado com intensidade moderada e longa duração (a partir de 30 minutos) 
propicia alívio do estresse ou tensão, devido a um aumento da taxa de um conjunto 
de hormônios denominados endorfinas que agem sobre o sistema nervoso, 
reduzindo o impacto estressor do ambiente e com isso pode prevenir ou reduzir 
transtornos depressivos, o que é comprovado por vários estudos. 
Em um estudo desenvolvido por Blumenthal et al. (1999), 156 idosos com 
desordem depressiva principal (maior ou igual a 13 na escala de Hamilton), com 
duração de 4 meses, foram divididos em três grupos: 
Grupo de Medicamento (GM) – cloridrato de sertralina (inibidor seletivo de 
recaptura de serotonina); 
28 
 
 
 
 
 
Grupo de Exercício (GE) – a uma intensidade de 70 a 85% da freqüência 
cardíaca de reserva, com duração de 45 minutos (10 minutos de aquecimento; 30 
minutos pedalando ou andando forçadamente ou correndo levemente; 5 minutos de 
volta à calma), com 3 sessões semanais, e 
Grupo Combinado – medicamento associado ao exercício. 
Ao final de 16 semanas, os três grupos apresentaram resultados 
semelhantes, com redução dos níveis de depressão, conquanto os pacientes sob 
medicamento tenham mostrado uma resposta inicial mais rápida. Os autores 
concluem que a atividade física regular deve ser considerada como uma 
alternativa não-farmacológica do tratamento do transtorno depressivo. Estes 
mesmos sujeitos foram acompanhados durante os seis meses seguintes, 
concluindo-se, ao final, que os sujeitos do GE apresentaram menores taxas de 
recaída que os sujeitos do GM, evidenciando que a terapia através da atividade 
física é viável e é associada com benefício terapêutico, especialmente se o 
exercício é mantido ao longo do tempo (Babyak et al., 2000). 
Miranda et al. (1996) também verificaram, em 27 idosos com média de idade 
de 70 anos, que 45 minutos de atividade física aeróbia diminuíram a tensão e a 
depressão. 
A atividade física regular deve ser considerada como uma alternativa 
não-farmacológica do tratamento do transtorno depressivo. O exercício físico 
apresenta, em relação ao tratamento medicamentoso, a vantagem de não 
apresentar efeitos colaterais indesejáveis, além de sua prática demandar, ao 
contrário da atitude relativamente passiva de tomar uma pílula, um maior 
comprometimento ativo por parte do paciente que pode resultar na melhoria da 
auto-estima e auto-confiança. 
Strawbridge et al. (2002), objetivando comparar os efeitos de níveis mais 
elevados de atividade física em depressão prevalente ou incidente em indivíduos 
portadores e não-portadores de incapacidades, realizaram estudo longitudinal de 
acompanhamento, por cinco anos, em 1947 adultos [idade média - 63 anos; 
amplitude de 50 a 94 anos; 56 % mulheres] envolvidos no Alameda County Study. 
Os achados (resumidos na Tabela 2) mostraram efeitos protetores da atividade 
29 
 
 
 
 
 
física na depressão em indivíduos idosos, independentemente de portarem ou não 
incapacidades. 
 
São vários os mecanismos que têm sido propostos, através dos quais a 
atividade física pode reduzir a incidência de depressão; contudo, sem ainda 
mostrarem conclusões definitivas, dois mecanismos constantemente discutidos 
incluem níveis aumentados de dois tipos de neurotransmissores pós-exercício, as 
monoaminas e as endorfinas. Os aspectos preventivos da atividade física para 
Doenças e Agravos Não- Transmissíveis (DANT), tais como diabetes e doenças 
cardíacas, podem ser importantes devido à forte associação entre saúde física e 
prevenção da depressão na velhice. 
Outros mecanismos possíveis incluem aptidão funcional melhorada e 
aumento da auto-estima, como resultado de maiores níveis de atividade física; 
idosos fisicamente ativos podem interagir mais e estabelecer relações com aqueles 
que entram em contato em razão da própria atividade física. 
 
Do ponto de vista da saúde mental, no idoso, a lentificação psicomotora e a 
não mobilidade física provocam baixa auto-estima, diminuição da sua participação 
na comunidade e a redução do círculo das relações sociais. 
30 
 
 
 
 
 
Como consequência, são agravados o sofrimento psíquico, a sensação de 
incapacidade funcional e os sentimentos de isolamento e de solidão. 
Por outro lado, a atividade física tem sido associada a vários fatores 
favoráveis a uma melhor qualidade de vida no idoso, implementando melhor 
perfusão sanguínea sistêmica e, particularmente, cerebral. 
É evidente o benefício da atividade física para a redução dos níveis de 
hipertensão arterial, para a implementação da capacidade pulmonar e para 
prevenção de pneumopatias. 
Ganho de força muscular e de massa óssea e desempenho mais eficiente 
das articulações são outros benefícios que o idoso obtém com a prática regular e 
adequada de atividade física, constituindo-se em importante fator de prevenção de 
quedas e outros acidentes, que também se apresentam como comorbidades em 
relação à depressão. 
Do ponto de vista mental, a atividade física, sobretudo quando praticada em 
grupo, eleva a autoestima do idoso, contribui para a implementação das relações 
psicossociais e para o reequilíbrio emocional. 
Capacidade de atenção concentrada, memória de curto prazo e desempenho 
dos processos executivos (planejamento de ações sequenciais logicamente 
estruturadas e capacidade de autocorreção das ações) constituem funções 
cognitivas imprescindíveis na vida cotidiana e que são estimuladas durante a prática 
de exercícios bem planejados. 
Embora haja necessidade de maior clareza quanto aos mecanismos 
neurobiológicos e psicológicos envolvidos na recuperação do paciente, admite-se 
que a atividade física regular contribua para a minimização do sofrimento psíquico 
causado pelo quadro depressivo. 
 
A influência do sexo na terceira idade 
 
Muitos ainda vêem o sexo na terceira idade como um tabu, mas uma vida 
sexual saudável faz parte da qualidade de vida de qualquer pessoa, inclusive dos 
31 
 
 
 
 
 
idosos. Por isso, problemas relacionados ao sexo também podem contribuir 
para o desenvolvimento de depressão. 
Homens que passam por cirurgia de próstata e que podem vir a ficar 
impotentes, por exemplo, mulheres na menopausa e que experimentam a 
sensação de perda da libido e dor durante a relação, baixa autoestima ou até 
mesmo o cansaço trazido pela velhice, são fatores que podem mexer com o 
psíquico de forma determinante. 
Além da satisfação física, prazer e libertação, o sexo na terceira idade 
também ajuda o idoso a se manter bem nesta fase. O fato de sair com o 
parceiro, namorar, demonstrar afeto, tudo isso contribui para uma boa qualidade de 
vida. Mas, é importante lembrar que, assim como em qualquer outro momento da 
vida, sexo exige proteção. 
 
A presença da família e o tratamento 
 
Nunca considerar uma alteração no comportamento do idoso como sendo 
algo normal do envelhecimento. Se existe alteração no comportamento, na forma 
como o idoso se apresenta, se está mais quieto e isolado, comendo menos, mais 
apático, menos ativo, tudo isso precisa ser sempre levado em consideração. Ainda 
enfrentamos grandes dificuldades pelo fato de as pessoas considerarem o 
aparecimento de sintomas depressivos, alterações cognitivas e declínio funcional 
como sendo próprios do processo natural de envelhecimento e que, portanto, não 
requerem atenção e tratamento. Isso atrasa a busca por ajuda especializada e 
prejudica intensamente o tratamento. O envelhecimento normal é o envelhecimento 
saudável, e a família pode e deve oferecer ajuda ao perceber mudanças. 
32 
 
 
 
 
 
O tratamento une a combinação de medicamentos antidepressivos, outras 
medicações acessórias, se for preciso, e a abordagem de outros aspectos da vida, 
como a psicoterapia, a retomada de atividadesque contribuam para um papel social 
na comunidade, a retomada do convívio social, estimular os exercícios físicos e o 
bom cuidado da saúde. 
 
 
Comentários Finais 
 
A depressão constitui condição mental nem sempre diagnosticada, o que 
favorece a cronificação desta enfermidade, agravando o sofrimento psíquico do 
paciente. Além disso, devido à íntima relação entre depressão e doenças clínicas 
gerais no idoso, a não identificação e o não tratamento da depressão contribuem 
para o agravamento de eventuais doenças orgânicas que acometem o paciente, 
aumentando a morbidade e o risco de morte. 
Por outro lado, a atividade física contribui de diferentes maneiras para 
melhorar a condição clínica geral e a condição mental do idoso deprimido. Do ponto 
de vista biológico, a atividade física tem sido associada a vários fatores favoráveis a 
uma melhor qualidade de vida no idoso, principalmente no que tange à perfusão 
sanguínea sistêmica e cerebral com redução dos níveis de hipertensão arterial; 
implementação da capacidade pulmonar com prevenção de pneumopatias; ganho 
de força muscular e de massa óssea com melhor desempenho das articulações. 
 
 
33 
 
 
 
 
 
DELIRIUM 
 
Delírio é um distúrbio agudo, transitório e em geral reversível, flutuante 
da atenção, da cognição e do nível de consciência. As causas incluem quase 
todos os distúrbios ou drogas. O diagnóstico é clínico, com testes 
laboratoriais e imagens para identificar a causa. O tratamento consiste em 
correção da causa e medidas de suporte. 
Altera a capacidade de atenção, cognição e consciência dos indivíduos 
afetados. Trata-se ainda de uma desordem grave, sub-reconhecida e, 
frequentemente, fatal que pode afetar qualquer faixa etária. No entanto, é muito 
comum entre os idosos principalmente em internações de longa permanência como 
um sinal de alguma desordem aguda que necessita de investigação. Ou ainda como 
trajetória natural de doenças avançadas que seguem para fase final de vida. 
 
O delírio pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum entre idosos. 
Pelo menos 10% dos pacientes idosos internados em hospital têm delirium; 15 a 
50% apresentam delirium em algum período durante a hospitalização. O delírio 
também é comum depois de cirurgia e em residentes de clínicas de repouso e 
pacientes de UTI. Quando ocorre delirium em pessoas mais jovens, geralmente 
resulta de uso de drogas ou distúrbios sistêmicos com risco de morte. 
 
34 
 
 
 
 
 
Um estudo realizado nos EUA indica que as taxas de incidência em pacientes 
idosos internados após fratura podem ser de 28% a 61%, após procedimento 
cirúrgico 15% a 53% e durante hospitalizações comuns pode chegar a 3% a 29%. 
Já a prevalência de idosos que apresentam delirium em Unidades de Terapia 
Intensiva (UTI) com ventilação mecânica pode chegar de 60% a 80%. Sem 
ventilação, essa taxa reduz para 20% a 50%. Por outro lado, cerca de 83% dos 
pacientes idosos que possuem doenças avançadas podem apresentar delirium na 
trajetória da doença para a fase final de vida que, primeiramente, deve ser 
investigado e tratado ou compreendido como o processo natural dessa fase. 
 
DELIRIUM X DEMÊNCIA 
 
O delírio, algumas vezes, é denominado estado confusional agudo ou 
encefalopatia tóxica ou metabólica. 
O delírio e a demência são distúrbios distintos, às vezes difíceis de serem 
diferenciados. A cognição é afetada em ambos os distúrbios, mas o seguinte ajuda 
a diferenciá-los: 
 O delirium afeta principalmente a atenção, costuma ser causado por 
enfermidade aguda ou toxicidade por fármacos (às vezes com risco de morte) 
e, em geral, é reversível. 
 Demência afeta principalmente a memória, costuma ser causada por 
alterações anatômicas no encéfalo, tem início mais lento e, em geral, é 
irreversível. 
 
Muitas vezes ocorre delírio em pacientes com demência. Deve-se evitar 
confundir delirium com demência em pacientes idosos — um erro clínico 
comum —, em particular quando o delirium se sobrepõe à demência crônica. 
Nenhum teste laboratorial pode estabelecer definitivamente a causa do 
comprometimento cognitivo; história e exame físico completos assim como o 
conhecimento da função basal são essenciais. 
35 
 
 
 
 
 
VISÃO GERAL DO DELÍRIO 
 
Etiologia 
 
As causas mais comuns do delirium são: 
 Fármacos, particularmente anticolinérgicos, drogas psicoativas e opioides 
 Desidratação 
 Infecção 
Várias outras condições podem causar delirium. Em cerca de 10 a 20% dos 
pacientes a causa não é identificada. 
Os fatores predisponentes incluem distúrbios encefálicos (p. ex., demência, 
AVC, doença de Parkinson), idade avançada, déficit sensorial (p. ex., visão ou 
audição prejudicada), intoxicação alcoólica e múltiplos distúrbios coexistentes. 
Os fatores precipitantes incluem o uso de drogas (particularmente ≥ 3 
drogas novas), infecção, desidratação, choque, hipoxia, anemia, imobilidade, 
desnutrição, uso de cateteres vesicais (se retenção urinária estiver ou não 
presente), hospitalização, dor, falta de sono e estresse emocional. Insuficiência 
hepática ou renal não reconhecida pode causar delirium e toxicidade por fármacos 
prejudicando o metabolismo e reduzindo o clearance de um fármaco previamente 
bem tolerada. 
A exposição recente à anestesia também aumenta o risco, em especial se a 
exposição for prolongada e ocorrer administração de anticolinérgicos durante a 
cirurgia. Após cirurgia, dor e uso de analgésicos opioides também podem contribuir 
para o delirium. A diminuição de estímulos sensitivos à noite pode deflagrar o 
delirium em pacientes de risco. 
Para pacientes idosos em UTI, o risco de delirium (psicose de UTI) é 
particularmente alto. Estado epiléptico não convulsivo é cada vez mais reconhecido 
como uma causa do estado mental alterado em pacientes de UTI. 
36 
 
 
 
 
 
Fisiopatologia 
Os mecanismos não são completamente compreendidos, mas podem 
envolver: 
 Comprometimento reversível do metabolismo oxidativo cerebral 
 Múltiplas alterações dos neurotransmissores, especialmente deficiência 
colinérgica 
 Geração de marcadores inflamatórios, incluindo proteína C-reativa, 
interleucina-1 beta e 6 e fator de necrose tumoral alfa 
O estresse de qualquer tipo regula positivamente o tônus simpático e 
negativamente o parassimpático, prejudicando a função colinérgica e, portanto, 
contribuindo para o delirium. Os idosos são particularmente vulneráveis à 
transmissão colinérgica reduzida, aumentando o risco de apresentarem delirium. 
Independentemente da causa, os hemisférios cerebrais ou os mecanismos de 
alerta do tálamo e do SAR do tronco encefálico se tornam deficientes. 
 
SINAIS E SINTOMAS 
 
Delírio é caracterizado principalmente por Dificuldade de focalizar, manter 
ou desviar a atenção (desatenção). 
O nível de consciência flutua; os pacientes são desorientados em relação a 
tempo, e às vezes espaço ou pessoas. Podem ter alucinações, delírios e paranoia. 
A confusão relacionada a eventos cotidianos e rotinas diárias é comum, assim como 
alterações de personalidade e afeto. O pensamento torna-se desorganizado e, em 
geral, a fala é desordenada com evidência de pronúncia indistinta, rapidez, 
neologismos, erros afásicos ou padrões totalmente caóticos. 
Os sintomas do delirium oscilam por minutos a horas; podem diminuir durante 
o dia e piorar à noite. 
37 
 
 
 
 
 
Outros sintomas podem incluir comportamento inadequado, medo e paranoia. 
Os pacientes podem se tornar irritados, agitados, hiperativos e hiperalertas, ou 
podem ficar quietos, introvertidos e letárgicos. Pacientes muito idosos com delirium 
tendem a se tornar quietos e isolados — as alterações podem ser confundidas com 
depressão. Alguns pacientes alternam entre as duas possibilidades. 
Em geral, os padrões de sono e alimentação são bastante distorcidos. 
Em razão dos vários distúrbios cognitivos, a percepção é precária e o 
julgamento deficiente.Outros sinais e sintomas dependem da causa. 
 
DIAGNÓSTICO 
 
 Exame do estado mental 
 Critérios diagnósticos padrão para confirmar delirium 
 História completa 
 Exame físico direto e testes selecionados para determinar a causa 
O delírio, particularmente em idosos, em geral é negligenciado pelos 
médicos. Os médicos devem considerar delirium em paciente idoso que apresenta 
comprometimento da memória ou atenção. 
 Considerar delirium, bem como demência, em idosos com comprometimento 
da memória. 
 
38 
 
 
 
 
 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
 
Os pacientes com qualquer sinal de comprometimento cognitivo necessitam 
um exame formal do estado mental. 
A atenção é avaliada primeiro. Os testes simples incluem repetição imediata 
do nome de 3 objetos, amplitude de dígitos (capacidade de repetir 7 dígitos em 
ordem direta e 5 em ordem inversa) e nomear os dias da semana nas ordens certa 
e inversa. Falta de atenção (paciente não registra instruções ou outras informações) 
deve ser diferenciado da memória de curto prazo reduzida (em que os pacientes 
registram as informações, mas as esquecem rapidamente). Os testes cognitivos 
adicionais são inúteis em pacientes que não conseguem registrar informação. 
Após a avaliação inicial, pode-se usar um critério padrão de diagnóstico, 
como Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th Edition (DSM-5) ou 
Confusion Assessment Method (CAM). 
 
As seguintes características são necessárias para o diagnóstico do delirium 
usando os critérios DSM-5: 
 Perturbação da atenção (p. ex., dificuldade de concentração ou de 
acompanhar o que é dito) e consciência (i.e., orientação reduzida em 
relação ao ambiente) 
 A perturbação se desenvolve ao longo de um curto período de tempo 
(ao longo de horas a dias) e tende a oscilar durante o dia. 
 Alteração aguda na cognição (p. ex., déficits de memória, linguagem, 
percepção, pensamento) 
Além disso, deve haver evidências a partir da história, exame físico e/ou 
testes laboratoriais sugerindo que a perturbação é causada por uma doença 
médica, uma substância (incluindo fármacos ou toxinas), ou interrupção de 
substâncias. 
39 
 
 
 
 
 
CAM usa os seguintes critérios: 
 Nível alterado de consciência (p. ex., hiperalerta, letárgico, estuporoso, 
comatoso) ou o pensamento desorganizado (p. ex., divagação, conversação 
irrelevante, fluxo ilógico de ideias). 
 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
 
O exame do estado mental é o conhecimento da capacidade mental ativa por 
meio da avaliação de aspecto geral, comportamento, qualquer crença e percepção 
incomum ou bizarra (p. ex., delírios, alucinações), humor e todos os aspectos da 
cognição (p. ex., atenção, orientação, memória). 
O exame do estado mental é realizado em qualquer indivíduo com alteração 
do estado mental ou comprometimento da cognição, seja agudo ou crônico. Há 
várias ferramentas de triagem disponíveis; as seguintes são especialmente úteis: 
Montreal Cognitive Assessment (MOCA) para triagem geral porque 
abrange uma ampla variedade de funções cognitivas 
Miniexame do estado mental ao avaliar pacientes para doença de 
Alzheimer porque focaliza testes de memória 
Os resultados basais são registrados e o exame é repetido anualmente e 
sempre que houver suspeita de alteração do estado mental. 
Deve-se avisar os pacientes que o registro do estado mental é rotina e que 
eles não devem ficar constrangidos com a realização do exame. 
O exame é realizado em uma sala silenciosa, e o examinador deve ter 
certeza de que o paciente pode ouvir claramente as perguntas. Os pacientes que 
não falam português como língua principal devem ser questionados na língua em 
que são fluentes. 
O exame do estado mental avalia os diferentes parâmetros da função 
cognitiva. Inicialmente, o examinador deve constatar que o paciente está atento — 
40 
 
 
 
 
 
p. ex., avaliando seu nível de atenção enquanto a história está sendo tomada ou 
solicitando que ele repita 3 palavras imediatamente. Não é apropriado testar um 
paciente desatento. 
Os parâmetros da função cognitiva a serem testados e exemplos de 
como testá-los incluem: 
Orientação 
Teste os 3 parâmetros de orientação: 
Pessoa (qual é seu nome?) 
Data/hora (qual é a data hoje?) 
Local (qual é o nome desse local?) 
 
Memória a curto prazo 
Pedir que o paciente repita o nome de 3 objetos após aproximadamente 2 a 5 
minutos. 
 
Memória a longo prazo 
Fazer uma pergunta ao paciente sobre seu passado, como: 
“Que cor de terno você usou em seu casamento?” ou “Qual era a marca de 
seu primeiro carro?” 
 
Cálculos matemáticos 
Utilize qualquer teste matemático simples. 
O teste “7 seriado” é comum: peça ao paciente para começar com 100, 
subtrair 7 e com os resultados subtrair 7 sucessivamente. Alternativamente pergunte 
quantas moedas de cinco centavos há em R$ 1,35. 
Procura de palavras 
41 
 
 
 
 
 
Peça ao paciente para nomear, em 1 min, o máximo de palavras possível em 
uma única categoria, como artigos de vestuário ou animais. 
 
Atenção e concentração 
Peça ao paciente para soletrar uma palavra de 5 letras em ordem natural e 
inversa. Em geral, usa-se a palavra “Mundo”. 
 
Identificação de objetos 
Mostrar um objeto, como uma caneta, um livro ou uma régua, e peça que o 
paciente nomeie o objeto e uma parte dele. 
 
Obedecer a comandos 
Começar com um comando de uma fase, como: “Toque seu nariz com a mão 
direita”. Depois, um comando de 3 fases, Pegue esse pedaço de papel com a mão 
direita. Dobrá-lo pela metade. Colocar o papel no chão”. 
 
Escrita 
Pedir ao paciente para escrever uma frase. A sentença deve conter um 
sujeito e um objeto e deve fazer sentido. Erros ortográficos devem ser ignorados. 
 
Orientação espacial 
Solicite que o paciente desenhe uma casa ou um relógio e marque o relógio 
com uma hora específica. Ou peça que o paciente desenhe 2 pentágonos se 
interseccionando. 
 
Raciocínio abstrato 
Peça ao paciente para identificar o tema em comum entre 3 ou 4 objetos (p. 
ex., são todas frutas, são todos meios de transporte, são todos instrumentos 
musicais). Peça ao paciente para explicar um provérbio como: “Quem tem telhado 
de vidro não deve atirar pedras no do vizinho”. 
42 
 
 
 
 
 
 
Julgamento 
Peça ao paciente para explicar o que faria em uma situação hipotética: “O 
que você faria se encontrasse uma carta com selo na calçada?” A resposta correta 
é colocar no correio; abrir a carta sugere um distúrbio de personalidade. 
 
Figura: Para que a consulta tenha bons resultados é necessário que ela seja feita forma 
mais detalhada, pois o idoso tem mais demandas que outros pacientes. Criador: didesign021. 
Crédito: Getty Images/iStockphoto. Direitos autorais: didesign021 
 
HISTÓRIA 
A história é obtida por entrevista com familiares, cuidadores e amigos. Pode 
determinar se a alteração do estado mental é recente e distinta de qualquer 
demência basal. A história ajuda a distinguir distúrbio mental de delirium. Ao 
contrário do delirium, os distúrbios mentais raramente causam desatenção ou 
consciência flutuante e o seu início quase sempre é subagudo. 
A deterioração comportamental durante o entardecer (sundowning), que 
é comum em pacientes institucionalizados com demência, pode ser difícil de 
diferenciar; novas deteriorações sintomáticas devem ser interpretadas como 
delirium, até que se prove o contrário. 
A história também deve incluir o uso de álcool, todas as drogas ilícitas e 
fármacos comercializados com e sem prescrição, concentrando-se principalmente 
nos fármacos com efeitos anticolinérgicos e/ou sobre o SNC e em novas adições, 
43 
 
 
 
 
 
interrupções ou alterações na dose, incluindo overdose. Suplementos nutricionais 
(p. ex., produtos fitoterápicos) também devem ser incluídos. 
 
EXAME FÍSICO 
O exame, particularmente em pacientes que não cooperam completamente, 
deve enfocar o seguinte: 
 Sinais vitais 
 Estado dehidratação 
 Focos potenciais de infecção 
 Pele, cabeça e pescoço 
 Exame neurológico 
Resultados podem sugerir a causa como a seguir: 
 Febre, meningismo, sinais de Kernig e Brudzinski sugerem infecção no SNC. 
 Tremor e mioclonia sugerem uremia, insuficiência hepática, ou intoxicação 
medicamentosa ou certos distúrbios eletrolíticos (p. ex., hipocalcemia, 
hipomagnesemia). 
 Oftalmoplegia e ataxia sugerem síndrome de Wernicke-Korsakoff. 
 Anormalidades neurológicas focais (p. ex., paralisias de nervos cranianos, 
déficits motores ou sensitivos) ou papiledema sugerem doença estrutural do 
SNC. 
 Lacerações na face ou no couro cabeludo, hematomas, edemas e outros 
sinais de traumatismo craniano sugerem lesão cerebral traumática. 
 
EXAMES 
Os testes geralmente incluem 
 TC ou RM 
44 
 
 
 
 
 
 Testes para infecções suspeitas (p. ex., hemograma completo, hemoculturas, 
radiografia de tórax, exame de urina) 
 Avaliação para hipóxia (oximetria de pulso ou gasometria arterial) 
 Medição de eletrólitos, ureia, creatinina, glicose plasmática e níveis 
sanguíneos de qualquer droga suspeita de ter efeitos tóxicos 
 Triagem de drogas na urina 
Se o diagnóstico não está claro, outros testes podem incluir testes de função 
hepática; medição de cálcio sérico e albumina; TSH, vitamina B12, velocidade de 
hemossedimentação, AAN; reações sorológicas para sífilis (p. ex., RPR) ou VDRL. 
Se o diagnóstico ainda permanecer não esclarecido, os exames podem incluir 
análise do LCR (particularmente para excluir meningite, encefalite ou hemorragia 
subaracnoidea), medida de amônio sérico e teste para verificar a presença de 
metais pesados. 
Se houver suspeita de atividade epilética não convulsiva (sugerida por 
alterações motoras sutis, automatismos e padrão oscilante de perplexidade e 
torpor), deve ser realizado o monitoramento do EEG. 
 
PROGNÓSTICO 
As taxas de morbidade e mortalidade são altas em pacientes com delirium e 
que são hospitalizados ou naqueles que desenvolvem delirium durante a 
hospitalização; 35 a 40% dos pacientes hospitalizados com delirium morrem em 1 
ano. As taxas podem ser parcialmente altas porque esses pacientes tendem a ser 
mais velhos e ter outras doenças graves. 
O delirium devido a certas condições (p. ex., hipoglicemia, intoxicação por 
droga ou álcool, infecção, fatores iatrogênicos, toxicidade por fármacos, 
desequilíbrio eletrolítico) em geral é rapidamente corrigido com o tratamento. No 
entanto, a recuperação pode ser lenta (dias e até mesmo semanas ou meses), em 
especial em idosos, resultando em períodos mais longos de internação, mais 
complicações, custos mais altos e incapacidade prolongada. Alguns pacientes 
45 
 
 
 
 
 
nunca se recuperam totalmente do delirium. Há maior risco de déficit cognitivo e 
declínio funcional, institucionalização e morte em até 2 anos após o delirium. 
 
TRATAMENTO 
 Correção da causa e remoção de fatores agravantes 
 Cuidados de suporte 
 Tratamento da agitação 
O tratamento consiste na correção da causa (p. ex., tratar infecção, 
administrar líquidos e eletrólitos para desidratação) e na remoção de fatores 
agravantes (p. ex., interrupção do uso de drogas, tratamento de infecção), que 
podem levar à resolução do delirium. As deficiências nutricionais (p. ex., carência de 
tiamina ou vitamina B12) devem ser corrigidas e devem ser fornecidas nutrição e 
hidratação adequadas. 
 
MEDIDAS GERAIS 
O meio ambiente deve ser estável, tranquilo e bem iluminado e incluir sinais 
visuais para orientar o paciente (p. ex., calendário, relógios, fotografias da família). A 
frequente reorientação e tranquilização, pela equipe médica do hospital ou pelos 
membros da família, também pode ajudar. Os déficits sensitivos do paciente devem 
ser minimizados (p. ex., substituindo-se a bateria de aparelhos auditivos, 
encorajando os pacientes que necessitam de óculos ou aparelhos auditivos a usá-
los). 
A abordagem deve ser multidisciplinar (com um médico, fisioterapeutas e 
terapeutas ocupacionais, enfermeiros e assistentes sociais); deve envolver 
estratégias para aumentar a mobilidade e a amplitude de movimento, tratar a dor e o 
desconforto, prevenir lesões na pele, melhorar a incontinência e minimizar o risco de 
aspiração. 
A agitação pode ameaçar o bem-estar do paciente, de um cuidador ou um 
membro da equipe médica. Simplificar o regime de medicamentos e evitar o máximo 
46 
 
 
 
 
 
possível o uso de acessos IV, cateteres de Foley e métodos de contenção física (em 
particular no ambiente do tratamento prolongado) pode ajudar a prevenir a 
exacerbação da agitação e reduzir o risco de lesão. No entanto, em certas 
circunstâncias, pode ser necessária a contenção física para impedir que os 
pacientes causem danos a si mesmos ou a outros. A contenção deve ser realizada 
por um membro da equipe médica treinado para tal, devendo ser interrompida pelo 
menos a cada 2 h para prevenir lesão e descontinuada o mais breve possível. O uso 
de assistentes hospitalares (cuidadores) como observadores constantes pode 
ajudar a evitar a necessidade de contenção. 
Explicar a natureza do delirium para os membros da família pode auxiliar a 
enfrentar a situação. Eles devem ser informados de que habitualmente o delirium é 
reversível, porém os déficits cognitivos em geral levam semanas ou meses para 
desaparecerem após a resolução da doença aguda. 
 
FÁRMACOS 
Fármacos, como haloperidol em dose baixa (0,5 a 1,0 mg, VO, IV ou IM, 1 
vez e então repetido a cada 1 a 2 h, se necessário). Entretanto, os fármacos não 
corrigem o problema de base e podem prolongar ou exacerbar o delirium. 
Antipsicóticos de segunda geração ou atípicos (p. ex., risperidona 0,5 a 3 mg, 
VO, a cada 12 h, olanzapina 2,5 a 15 mg, VO, 1 vez/dia, quetiapina, 25 a 200 mg, 
VO, a cada 12 h) podem ser preferíveis porque têm menos efeitos adversos 
extrapiramidais; no entanto, o uso prolongado em pessoas idosas pode aumentar o 
risco de AVC e morte. Normalmente, esses fármacos não são administradas por via 
intravenosa ou intramuscular. 
Benzodiazepinas (p. ex., lorazepam 0,5 a 1,0 mg VO ou IV, 1 vez, então 
repetido a cada 1 a 2 h, como necessário) são os fármacos de escolha para delirium 
causado pela interrupção de álcool ou benzodiazepínicos. Seu início de ação é mais 
rápido (5 minutos após a administração parenteral) do que os antipsicóticos. 
Benzodiazepínicos deve ser evitadas se o delirium resulta de outras condições 
porque esses fármacos agravam a confusão e sedação. 
 
47 
 
 
 
 
 
PREVENÇÃO 
Como o delirium agrava muito o prognóstico de pacientes hospitalizados, a 
prevenção deve ser enfatizada. Os membros da equipe devem ser treinados para 
adotar medidas para manter a orientação, mobilidade e cognição, bem como 
assegurar um sono de qualidade, boa nutrição, hidratação e alívio suficiente da dor, 
particularmente em pacientes idosos. Os membros da família devem ser 
estimulados a ajudar nessas estratégias. 
O número e a dose dos fármacos devem ser reduzidos, se possível. 
 
PONTOS-CHAVE 
 Delírio, que é muito comum em idosos hospitalizados, é frequentemente 
causado por fármacos, desidratação e infecções (p. ex., ITU), mas pode 
ter muitas outras causas. 
 Considerar o delirium em pacientes idosos, particularmente aqueles que 
manifestam comprometimento da memória ou atenção. 
 A história é feito de familiares, cuidadores e amigos e o exame do 
estado mental são fundamentais para reconhecer delirium. 
 Avaliar cuidadosamente em pacientes com delirium possíveis causas 
neurológicas e sistêmicas e gatilhos. 
 Fazer uma revisão meticulosa do uso de fármacos e interromper todos 
os fármacos potencialmente contributivos. 
 Cerca de 35 a 40% dos pacientes hospitalizados com delirium morrem 
em 1 ano. 
Tratar a causa do delirium e fornecer tratamento de suporte, incluindo 
sedação quando necessário. 
 
TABELA 
4849 
 
 
 
 
 
 
Como avaliar instrumentos para medição da gravidade do delirium? 
 
Particularmente em idosos, muitas vezes o diagnóstico é negligenciado. Pois 
mesclam-se outras doenças, por exemplo, síndromes demenciais com 
manifestações clínicas semelhantes. Então, é de extrema importância que durante a 
avaliação do idoso em que haja comprometimento cognitivo, o delirium seja levado 
em consideração. 
Uma das recomendações de melhores práticas assistências é que toda a 
equipe de profissionais da saúde inseridos no cuidado e, principalmente, a equipe 
de Enfermagem estejam aptos na prevenção, identificação e prestação dos 
melhores cuidados. Porém uma das maiores dificuldades entre os profissionais é a 
identificação precoce desta condição. 
50 
 
 
 
 
 
Sendo assim, os principais sinais e sintomas são: 
 Flutuação do nível de consciência; 
 Perda da capacidade de manter um diálogo; 
 Dificuldade de manter atenção; 
 Desorientação tempo espaço; 
 Hipoatividade: os pacientes podem permanecer quietos, isolados e olhar 
parado ou apresentarem Hiperatividade: com agitação, inquietude e falas 
desconexas; 
 Alterações no padrão de sono: sonolência diurna e agitação no período 
noturno; 
 Alucinações, delírios ou paranoias; 
 Alterações de personalidade e de capacidade de demonstrar afeto. 
Principais intervenções para prevenção e tratamento de delirium: 
 Investigar e tratar as causas; 
 Avaliar sintomas que possam exacerbar o delirium (ex: dor). Atenção especial 
aos idosos não comunicantes; 
 Identificação precoce dos fatores de risco e precipitantes. Eliminá-los 
conforme seja possível; 
 Contenção química, se necessário. Contenção mecânica está contraindicada, 
pois aumenta a agitação e fere o princípio da dignidade humana; 
 Monitoração de sinais vitais e manifestações clínicas que indiquem 
complicações; 
 Revisar medicações que possam causar ou aumentar o delirium; 
 Administrar medicações prescritas e monitorar resposta; 
 Vincular um profissional que realizará a assistência, evitar muitos 
profissionais realizando o cuidado no mesmo paciente; 
51 
 
 
 
 
 
 Incentivar a presença de um familiar ou pessoa em que o paciente sinta 
confiança; 
 Educar a família sobre as causas e tratamento; 
 Promover ambiente com iluminação adequada e ausência de ruídos que 
possam causar incomodo; 
 Retirar equipamentos desnecessários e ruidosos do ambiente; 
 Adaptar objetos de uso diário, por exemplo, livros com letras grandes ou 
telefones com números maiores; 
 Fornecer acesso a um relógio e calendário; 
 Orientar e reorientar sobre onde eles estão, cada procedimento e cuidados a 
serem realizados e a condição de saúde; 
 Se identificar sempre ao se apresentar ao paciente; 
 Promover atividades que estimulem a cognição; 
 Incentivar a ingestão de líquidos caso não haja restrições; 
 Considerar a hidratação via intravenosa ou subcutânea aos pacientes 
incapazes de ingerir por via oral se indicado; 
 Incentivar exercícios de amplitude de movimento mesmo em pacientes 
acamados e ainda a mobilização precoce sempre que possível; 
 Evitar procedimentos e realização de cuidados durante repouso. 
 
Os episódios devem ser levados em consideração durante a história clínica 
da pessoa. Pois é um importante marcador de vulnerabilidade cerebral de idosos 
com potencial de desenvolver danos cognitivos permanentes. E ainda como 
indicador de segurança dos pacientes em hospitais, ambulatórios, domicílio e 
instituições de longa permanência. Deve ser levado em conta no desenvolvimento 
tanto de protocolos hospitalares quanto na construção do plano de cuidados 
individuais. 
52 
 
 
 
 
 
DISTÚRBIOS DO SONO 
 
Mais da metade dos idosos que têm acima de 60 anos que moram em casa e 
2/3 dos institucionalizados experimentam algum tipo de dificuldade para dormir A 
perda do sono pode ter sérias consequências nos idosos comprometem a atenção, 
a capacidade de planejar e de tomar decisões. 
 
FATORES QUE INTERFEREM NO SONO DOS IDOSOS: 
 Distúrbios psiquiátricos (depressão/ansiedade); 
Síndromes demenciais - doenças neurológicas (DP); 
Inatividade física; 
Dor crônica; 
Doenças osteoarticulares; 
Doenças cardiovasculares/respiratórias; 
Medicamentos; 
Causas ambientais; 
Álcool; 
53 
 
 
 
 
 
Existem aproximadamente 100 tipos de problemas do sono. Os distúrbios 
mais freqüentes nos idosos são: 
 Insônia; 
 Apnéia do sono; 
 Distúrbios dos movimentos noturnos; 
 Distúrbios do ciclo circadiano; 
 
INSÔNIA 
Insônia pode ser definida como a dificuldade em conciliar e manter o sono. 
Inclui-se aqui (indevidamente?) também, os casos onde a pessoa julga que seu 
sono não está sendo suficiente. É bom lembrar que a Insônia, apesar de referida 
sempre como um estado isolado, normalmente é apenas um sintoma e não a 
doença em si. 
 Uma das classificações mais simples é quanto à parte do sono 
comprometida. Assim sendo, teríamos Insônia Inicial, quando a pessoa custa a 
pegar no sono, a Insônia Intermediária, quando acorda durante a noite e 
a Insônia Final, quando acorda muito cedo. 
 Assim sendo, a Insônia pode ser tanto a dificuldade de iniciar o sono como 
de manter o sono ou mesmo a percepção de que o sono não foi reparador. Para 
alguns autores, o diagnóstico de Insônia exige que, além do dormir mal ou não 
dormir, exista também as perturbações do bem-estar no dia seguinte. Estas 
perturbações seriam: fadiga, cansaço fácil, ardência nos olhos, irritabilidade, 
ansiedade, fobias, incapacidade de concentrar-se, dificuldades de atenção e 
memória, mal-estar e sonolência. 
 Surpreendentemente, porém, alguns pacientes que relatam passar a noite 
em claro, dizem-se bem dispostos de dia. Tais pacientes não poderiam ser 
classificados como verdadeiros insones mas como pessoas com baixa necessidade 
de sono. Essas pessoas que dormem pouco não se queixam de Insônia e nem 
mesmo reconhecem a má qualidade do sono como um problema sério em suas 
vidas. 
54 
 
 
 
 
 
 Em termos de gravidade podemos dizer que 
a Insônia "não mata mas maltrata". Isso quer dizer que 
a Insônia afeta mais o aspecto psíquico e social da vida 
do que ameaça o seu componente biológico. Idosos 
com Insônia tendem a ter mais acidentes. 
 Em relação aos dados estatísticos, podemos dizer 
que todos os grupos etários, raciais e socioeconômicos apresentam Insônia mas, 
de modo geral, são as mulheres que mais referem o problema, o qual aumenta com 
a idade e nas pessoas que vivem sós. O sintoma Insônia tem múltiplas causas que 
podem ser reunidas em seis grupos. As causas situacionais, as psiquiátricas, as 
clínicas, as disritmias circadianas, os fatores comportamentais e os distúrbios do 
sono primários. 
 CAUSAS FARMACOLÓGICAS DE INSÔNIA 
As drogas consideradas metilxantinas, tais como a cafeína e a teofilina, as 
drogas simpatomiméticas como a efedrina, o álcool, os corticóides, as tiroxinas, 
alguns neurolépticos e antidepressivos, particularmente os modernos inibidores 
seletivos de recaptação da serotonina, todas elas têm grande potencial para causar 
55 
 
 
 
 
 
a Insônia. 
 Uma das informações muito úteis aos clínicos, é em relação aos anti-
histamínicos e tranqüilizantes diazepínicos (Valium®, Diempax®, Diazepam®, 
Lorax®, Dormonid®...) podem causar efeito paradoxal em idosos, ou seja, podem 
produzir mais Insônia ao invés de melhorá-la. Também o álcool, utilizado em 
pequenas doses por alguns idosos para induzir ao sono, pode ser uma das causas 
do sono fragmentado e de má qualidade. 
 
CAUSAS MÉDICAS DE INSÔNIA 
Em geral, qualquer doença crônica capaz de causar dor ou desconforto pode 
produzir alterações na qualidade do sono. Nos idosos, as causas clínicas mais 
freqüentemente relacionadas às alterações do sono são: dificuldades urinárias, 
doenças articulares, bursites, refluxo gastro-esofágico, dificuldades digestivas com 
flatulência

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