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Atuação da fisioterapia na incontinência urinária 
em mulheres idosas 
Actuation of the Physiotherapy in urinary incontinence in 
elderly women 
Arieni Belisário Previatto1 
Cíntia Sabino Lavorato Mendonça2 
 
Resumo: 
O presente trabalho consiste de uma revisão de literatura, que teve como objetivo 
comparar dados de artigos científicos, monografias e livros acadêmicos sobre a 
incontinência urinária (I.U.) que acomete mulheres idosas. A I.U. é perda involuntária 
de urina, apresentando-se com diferentes fatores e graus de comprometimento, 
suficientes para acarretar problemas higiênicos e sociais, causando isolamento e 
depressão. De acordo com os estudos encontrados, ainda há mitos que afirmam que a 
I.U. é parte natural do envelhecimento, o que dificulta a procura por tratamento. Sendo 
assim, é importante que esta informação seja passada para a população estudada a 
fim de promover o tratamento fisioterapêutico, que consiste basicamente de exercícios 
que visam sanar ou minorar o problema. 
Palavra Chave: Idosas, Incontinência Urinária, tratamento fisioterápico. 
 
Abstract: 
The present study consists of a literature review, which had as objective to compare 
data from scientific articles, monographs and academic books on the urinary 
incontinence (I.U.) that affects the elderly women.I.U. is the unintentional loss of urine, 
presenting with different factors and degrees of impairment, sufficient to cause 
problems napkins and social, causing isolation and depression. In accordance with the 
studies found there are still myths that say the I.U. is a natural part of aging, which 
complicates the search for treatment. Thus, it is important that this information is 
passed to the studied population in order to promote the physiotherapeutic treatment, 
which consists basically of exercises that aim to remedy or alleviate the problem. 
Key word: Elderly, Urinary Incontinence, physiotherapeutic treatment 
 
Introdução 
O aumento da expectativa de vida feminina nos últimos anos despertou 
maior preocupação e interesse com a saúde e qualidade de vida dessas 
mulheres, surgindo então a necessidade de atualizar o conhecimento sobre o 
processo natural do envelhecimento, patologias e mudanças físicas [1]. 
De acordo com Oliveira et al,[2] existem ainda mitos populares de que 
a incontinência urinária I.U. faz parte da “maturidade feminina”, sendo definida 
como a perda involuntária de urina suficiente para acarretar problemas 
 
1 Acadêmica do 10º termo do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – 
Araçatuba – Sp. 
2 Fisioterapeuta Especialista em Ginecologia e Obstetrícia Supervisora Docente de Estágio da Area de 
Ginecologia e Obstetrícia do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium- Araçatuba – Sp. 
higiênicos e sociais, então com a falta de conhecimento desta população traz 
conformidade diante ao assunto . 
A I.U. é um estado anormal e que se realizarmos uma abordagem 
adequada, na maioria dos casos é resolvida ou minorada. Em qualquer faixa 
etária, a continência urinária não depende somente da integridade do trato 
urinário inferior. Alterações da motivação, da destreza manual, da mobilidade, 
da lucidez e a existência de doenças associadas (diabetes mellitus e 
insuficiência cardíaca, entre outras) estão entre os fatores que podem ser 
responsáveis pela disfunção, sem que haja comprometimento significativa do 
trato urinário inferior. Embora essas alterações sejam raras nas pacientes 
jovens, são frequentemente encontradas em idosas que podem agravar ou 
causar incontinência urinária. O trato urinário inferior apresenta alterações 
relacionadas ao envelhecimento, que ocorrem mesmo na ausência de 
doenças. A força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical 
e a habilidade de adiar a micção aparentemente diminuem. Contrações 
involuntárias da musculatura vesical e o volume residual pós-miccional 
aumentam com a idade em ambos os sexos. Entretanto a pressão máxima de 
fechamento uretral e as células da musculatura estriada do esfíncter alteram-se 
predominantemente nas mulheres. A identificação de fatores que predispõem a 
I.U. não localizada no trato urinário inferior é de fundamental importância para 
que seja abordada de forma adequada [3]. 
Assim, dependendo do tipo e da severidade da I.U., o tratamento 
fisioterapêutico tem sido recomendado como uma forma de abordagem inicial. 
Os exercícios fisioterapêuticos de fortalecimento do assoalho pélvico, os cones 
vaginais e a eletroestimulação intravaginal têm apresentado resultados 
expressivos para a melhora dos sintomas de I.U. em até 85% dos casos. No 
caso do fortalecimento dos músculos e a melhora de força e da função 
favorece uma contração consciente e efetiva nos momentos de aumento da 
pressão intra-abdominal, evitando assim as perdas urinárias. Também 
colaboram na melhora do tônus e das transmissões de pressões da uretra, 
reforçando o mecanismo da continência urinária. Embora a I.U. não coloque 
diretamente a vida das pessoas em risco, é uma condição que pode trazer 
sérias implicações médicas, sociais, psicológicas e econômicas, afetando 
adversamente a qualidade de vida [4]. 
Sendo assim o presente estudo teve como objetivo analisar a atuação 
fisioterapêutica na incontinência urinária de idosas. 
 
Material e Método 
O presente estudo foi desenvolvido através de uma revisão de 
literatura, selecionando 13 artigos científicos, 2 livros acadêmicos, sendo estes 
em língua portuguesa específicos nas aréas de geriátria, ginecologia e 
obstetrícia, entre os anos de 2003 e 2013. 
 
Discussão 
Para compreender a incontinência urinária devemos entender primeiro 
o mecanismo de continência, que é a capacidade que a pessoa tem de 
acumular tanto urina quanto as fezes, junto com noções básicas de tempo 
suportável e lugar apropriado para poder elimina–los, assim a incontinência é a 
incapacidade de armazenamento, sendo definida como perda involuntária de 
urina em horas e locais inapropriados [5]. 
A I.U. era considerada apenas um sintoma até o ano de 1998, a partir 
dessa data até os dias atuais, passou a ser classificada como doença 
(CID/OMS). A nova definição de I.U. ocorreu a partir da valorização da baixa 
qualidade de vida (Q.V.), pelo sentimento de vergonha e constrangimento que 
causa e dificuldade de diagnóstico, por não procurar atendimento para esse 
problema, assim configura-se como uma epidemia “escondida” [6]. 
Este problema tem sido subestimado não recebendo atenção 
adequada, sendo de relevante importância identificar a causa da I.U., para um 
tratamento adequado com eficácia, pois há uma baixa valorização dos 
sintomas, que mantém a ideia de que não é necessária ajuda médica, ou seja, 
o assunto é ignorado pelos portadores, cuidadores e profissionais da saúde 
pelo não conhecimento que abrange de forma global estas mulheres [2,3,7]. 
Segundo Lopes e Higa, [7] a I.C.S. (International Continence Society) 
definiu a perda involuntária de urina como um problema social ou higiênico, 
valorizando assim a queixa das pacientes, sendo confirmado pelas pesquisas 
realizadas principalmente na literatura médica. 
Os fatores de risco para incontinência urinária são: predisponentes 
(sexo, genéticos, raça, cultura, neurológicos, anatômicos, status de colágenos); 
fatores desencadeantes (paridade, cirurgias, lesões do nervo pudendo ou 
muscular, radiação); fatores promotores (disfunção intestinal, irritantes 
dietéticos, tipo de atividade, obesidade, menopausa, infecção, medicamentos, 
estado de doença pulmonar, estado de doença psiquiátrica); fatores transitórios 
e reversíveis (idade, delírio, infecção, vaginite atrófica, ação medicamentosa, 
distúrbios psicológicos, poliúria, capacidade de movimentação limitada, 
constipação intestinal) [8]. 
Reis et al,[3] verificaram que o trato urinário inferior apresentaalterações com a chegada do envelhecimento, e que também pode acontecer 
decorrente de patologias, um exemplo para citar é a hipertensão arterial que 
exige o uso de drogas anti-hipertensiva que ocasionam, como efeitos 
colaterais, distúrbios miccionais. Assim Berlezi et al,[1] ressaltam que dentre as 
alterações prévias relacionadas ao sistema geniturinário como infecções 
urinárias e cirurgias geniturinárias, uma das complicações sequenciadas é a 
I.U. em decorrência: da diminuição da força de contração da musculatura 
detrusora , da capacidade vesical e da habilidade de adiar a micção, sendo 
importante mostrar que a perda da continência urinária ocorre em cerca de 
50% das mulheres em alguma fase da vida causando: depressão, isolamento, 
angústia, irritação, principalmente quando são submetidas a falar sobre o 
assunto. Além disso, a população idosa apresenta contrações involuntárias da 
musculatura vesical e volume residual pós – miccional aumentado, uma das 
particularidades da mulher idosa é que a pressão máxima de fechamento 
uretral, o comprometimento uretral e as células da musculatura estriada do 
esfíncter podem sofrer alterações. 
O envelhecimento pode ocorrer de duas maneiras: envelhecimento 
normal (senescência) e acompanhado de doença (senilidade). Alterações da 
motivação, da destreza manual, da mobilidade, da lucidez junto com outras 
doenças existentes são causas da incontinência urinária, algumas alterações 
surgem com o decorrer do envelhecimento, porém é importante ressaltar que 
problemas urinários não são consequência natural da idade. Um estudo 
realizado nos E.U.A. mostrou que aproximadamente 13 milhões de adultos já 
sofreram algum episódio de I.U. no qual 85% (11 milhões) são mulheres, 
lembrando que não são todas idosas, porém também afeta mulheres-jovens e 
de meia idade e homens, e mesmo não sendo consequência do 
envelhecimento a prevalência é em mulheres idosas, sendo resultante de 
fatores físicos, psicológicos, sociais, comportamentais e ambientais, sendo 
assim também um fator considerável de institucionalizações em asilos e casas 
de repouso [2,3,7]. 
Atualmente cerca de milhões de homens e mulheres são afetados pela 
I.U. nos E.U.A., mas a prevalência nas mulheres é duas vezes maior que nos 
homens, afetando todos os grupos etários com uma porcentagem de 15 a 30%. 
Idosos formam um grupo com maior probabilidade para sofrer de I.U., todavia 
esta condição não está diretamente ligada ao envelhecimento. O impacto 
causado pelo envelhecimento está relacionado à diminuição da complacência 
uretral ou ausência de contratilidade do detrusor. Além de que a idade tende a 
diminuir o suporte do colo vesical, o comprimento da uretra e a competência do 
assoalho pélvico que oferece suporte suplementar à uretra. Desse modo, há 
coexistência de fatores exteriores ao trato urinário, que afetam a continência os 
quais são mais frequentes nos idosos [9]. 
Segundo Lopes e Higa [7], há relação da I.U. com mulheres idosas 
multíparas, outros autores observou que este comprometimento pode ter 
relação com os tipos de parto, sendo mais evidente em mulheres que tiveram 
de três a cinco partos sendo o parto normal o mais frequente causador, assim a 
literatura explica que o parto vaginal predispõe a I.U. decorrente ao trauma 
neuromuscular do assoalho pélvico, deslocamento da fáscia pubocervical e 
estiramento ou compressão mecânica dos nervos pélvicos. Oliveira e Garcia, 
[10] mostram a relação de I.U. e paridade, em 91,07% dos casos o parto que 
mais apresentou o problema foi o normal e 8,93% de parto cesariana. Porém o 
deslocamento dos músculos do assoalho pélvico estão ligados a 
particularidade de cada mulher, estando relacionado também às diferenças 
anatômica, alterações hormonais, traumas ligados a gestação e o tipo de parto. 
 Além disso, outra problemática do sexo feminino se refere à 
menopausa, que é definida como a cessação permanente da menstruação, e é 
caracterizada como um evento e não um período. Normalmente pode ocorrer 
entre a faixa etária que varia de 40 a 58 anos, está fisiologicamente 
relacionado à diminuição da secreção de estrógeno resultante da perda da 
função folicular, para caracterização da menopausa são necessários 12 meses 
de amenorréia. A diminuição ou queda do estrógeno, chamado de 
hipoestrogenismo, frequentemente acarreta alterações fisiológicas, essas 
alterações provocam mudanças atróficas na parede vaginal com perda de 
elasticidade, atrofia nas estruturas de apoio do trato genital, atrofia do epitélio 
da bexiga, incluindo o trígono e a uretra, podendo dar lugar a alterações de 
frequência miccional, disúria, estresse e incontinência. A queda de estrógeno 
apresenta uma grande relação com a I.U., pois o trato inferior é rico em 
receptores que tem a ação de provocar um aumento do fluxo sanguíneo e 
como consequência promove uma melhor coaptação da mucosa uretral, 
aumentando sua pressão e promovendo a continência, então quando há 
diminuição ou queda do nível de estrógeno no período da pós menopausa 
pode ocorrer a I.U. . Outros fatores podem ser citados como contribuintes, 
sendo eles: o tabagismo que causa danos na sustentação do assoalho pélvico 
frente à tosse crônica; as contrações induzidas pela nicotina no músculo 
detrusor e pelas alterações na síntese e qualidade do colágeno [5,9,11]. 
 De acordo com Oliveira et al,[2] a maioria dos pacientes não relatam a 
perda involuntária de urina para os profissionais da saúde e aos familiares por 
acreditarem ser um processo natural do envelhecimento, pois desconhecem a 
existência de tratamento composto por técnicas fisioterapêuticas, o uso de 
medicamentos e até cirurgias com grande índice de curas, possibilitando 
retornarem as suas atividades diárias, melhorando o convívio social, e a 
qualidade de vida sem restrições e inseguranças. 
Estudos realizados revelam que a prevalência de incontinência urinária 
no idoso pode variar de 8% a 34 %, a explicação desta grande variação de 
dados pode estar relacionada com a falta de conhecimento sobre a patologia e 
uniformização nas definições. E de acordo com estudos do IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2005, em 1980 o Brasil apresentava 
uma população de 590.968 pessoas com 80 anos de idade ou mais. Em 2005, 
este número subiu para 2.044.787, e a previsão estatística para o ano de 2050 
é de 13.748.705 idosos acima de 80 anos de idade [3,11]. 
Foi elaborada na I Conferência Internacional de Promoção de Saúde 
realizada no Canadá, em 1986, a carta de Ottawa, que definiu algumas áreas 
operacionais para a implementação de estratégias que promovam a saúde, 
entre elas, a elaboração de projetos que preconizem propostas que gerem 
saúde e garantam melhor qualidade de vida para a população. A partir deste 
fundamento a fisioterapia deve atuar neste setor para promover o fator principal 
deste cenário: a saúde. Desde então a atuação da Fisioterapia no campo da 
urologia e uroginecologia ainda é muito tímida, apesar das inúmeras conquistas 
dos profissionais que atuam nesta área, os indivíduos acometidos 
desconhecem a abordagem fisioterapêutica para a I.U. e com isso acabam 
sendo desprestigiados dos recursos que podem ser proporcionados, perdendo 
assim, a possibilidade de decidirem buscar melhorias no seu estado geral 
através de tratamentos conservadores. Desde 1999 a Organização Mundial da 
Saúde (OMS) recomenda a assistência fisioterapêutica em pacientes com I.U. 
como primeiro tratamento, sendo que após aproximadamente três meses, é 
que se deve avaliar a necessidade das alternativas cirúrgicas ou 
farmacológicas. A fisioterapia por meio dos seus métodos e técnicas 
minimamente invasivos e onerosos, torna-se viável por facilitar sua implantação 
nos serviços mantenedores de saúde, objetivando a prevenção e o tratamento 
desta afecção na sociedade através de seus recursos, torna-se competente 
para elaborarplanos de ação para o enfrentamento deste problema, 
proporcionando melhorias na qualidade de vida para estes pacientes e, 
consequentemente, gerando saúde. Utilizando alguns recursos como a 
cinesioterapia, a eletroestimulação, o biofeedback e o tratamento 
comportamental, podendo de maneira positiva e satisfatória interervir nos 
componentes da continência [9,11,12]. 
Foi demonstrado que no Brasil a abordagem terapêutica ainda é 
tradicionalmente cirúrgica, envolvendo procedimentos invasivos que podem 
ocasionar complicações, são de custo elevado e podem ser contra-indicados 
em algumas mulheres, então logo percebe-se o interesse por tratamentos mais 
conservadores assim, dependendo do tipo e da severidade da I.U., o 
tratamento fisioterapêutico tem sido recomendado como uma forma de 
abordagem inicial [11]. 
A avaliação fisioterapêutica esclarecerá as situações que 
desencadeiam as perdas de urina; como por exemplo: tossir, espirrar, levantar-
se, caminhar, manter relações sexuais, entre outras, pois o tipo de 
incontinência é classificado de acordo com a sintomatologia apresentada pela 
paciente. Entre os vários tipos de I.U. destacam-se a incontinência urinária de 
esforço (I.U.E.) a urgeincontinência ou bexiga hiperativa (B.H.) e a 
incontinência urinária mista (I.U.M.) que é definida pela incontinência urinária 
de esforço associada à bexiga hiperativa. Então de acordo com I.C.S. a I.U.E. é 
definida pela perda involuntária de urina durante o esforço, por meio de 
exercícios físicos, espirro ou tosse, estando associada a qualquer atividade que 
aumente a pressão intra-abdominal, devido a deficiência no suporte vesical e 
uretral que é feito pelos músculos do assoalho pélvico e/ou por uma fraqueza 
ou lesão do esfíncter uretral; também é caracterizada pela frequência de mais 
de sete micções diurnas, ou em intervalos entre as micções menores que duas 
horas, sendo este o tipo de I.U. mais comum no idoso. Já a B.H. foi definida em 
2002 como uma síndrome de urgência, com ou sem urge-incontinência (perda 
urinária involuntária acompanhada ou imediatamente precedida de urgência), é 
associada com o aumento da frequência urinária, sendo utilizado este termo 
quando não há casos de cistite ou outras patologias associadas. Então a B.H. é 
caracterizada pela presença de contrações involuntárias do músculo detrusor, 
espontâneas ou provocadas, durante o período de enchimento vesical, 
podendo ser causada por doenças neurológicas como, por exemplo, a Doença 
de Parkinson [7,10,11,12,13]. 
O tratamento fisioterapêutico tem como objetivo a melhora ou a cura da 
perda da urina, visando a prevenção por meio da educação da função 
miccional, informação a respeito do uso adequado da musculatura do assoalho 
pélvico, bem como o aprendizado de técnicas e exercícios para aquisição do 
fortalecimento muscular, sendo objetivo principal da fisioterapia a reeducação 
da musculatura do assoalho pélvico e seu fortalecimento [10,12,13]. 
O exame ginecológico se iniciará pela inspeção do períneo aonde será 
observado se há presença de dermatite amoniacal e distopias [14]. 
 Podem ser realizados alguns testes como o do absorvente que tem a 
finalidade de mensurar a quantidade de urina perdida em um determinado 
período para estimar a gravidade da perda deste volume. O absorvente é 
pesado antes e depois do uso por um determinado tempo, o volume acima de 8 
gramas é considerado positivo, inferior a este valor pode ser considerado 
sudorese ou corrimento vaginal. O diário miccional também é considerado um 
teste de grande importância, que fornece informação imparcial sobre o ritmo 
miccional da paciente e com as respostas coletadas pode-se confrontar a 
história clínica [8,14]. 
Os exames por imagem também são de grande importância para 
avaliação, com preferência para a ultrassonografia, e o estudo urodinâmico é 
muito útil para especificar de maneira precisa o tipo de I.U. apresentado pela 
paciente [14]. 
Para falar do tratamento fisioterapêutico que se utiliza da cinesioterapia 
não podemos deixar de citar Arnold Kegel; médico ginecologista e pesquisador 
dos E.U.A. que foi um precursor em 1948, sendo o primeiro a descrever o 
método de avaliação e um programa de exercícios ativos para fortalecimento 
desta musculatura do assoalho pélvico, enfatizando a importância da 
motivação das pacientes devido a necessidade dos exercícios serem 
realizados diariamente, e a conscientização/reeducação da musculatura 
perineal, e não realizar contrações da musculatura abdominal , adutores de 
quadril e glúteos, estes exercícios estão fundamentados nos movimentos 
voluntários repetidos que proporcionam aumento da força muscular assim 
utilizados ate hoje, sendo denominados exercícios de Kegel [11,13,15]. 
A reeducação da musculatura do assoalho pélvico torna-se imperativa 
no programa de exercícios atribuídos para as pacientes vindos sob forma 
preventiva ou até mesmo curativa da patologia, além de melhorar a função 
sexual. Porém, os melhores resultados do tratamento fisioterapêutico da 
incontinência urinária são obtidos nos casos leves ou moderados, os casos 
graves normalmente são encaminhados para o tratamento cirúrgico, onde a 
fisioterapia atua no pós-operatório e prevenção para que não haja reincidência 
[9]. 
Já o biofeedback é um aparelho cuja técnica possibilita que a 
informação sobre o processo normal, fisiológico e inconsciente da contração 
muscular do assoalho pélvico seja introduzida ao paciente e/ou ao terapeuta 
como sinal visual, auditivo ou tátil. É um método de reeducação que utiliza uma 
retro-informação externa como meio de aprendizagem, seu objetivo é a 
conscientização. Sua contribuição consiste também em garantir a aquisição 
rápida, precisa, segura da participação da paciente e sua reeducação. Utilizado 
com rigor em combinação com outras técnicas, ele representa um ganho de 
tempo na obtenção de uma conscientização completa, sendo utilizado também 
para mensurar efeitos fisiológicos internos ou condições físicas das quais o 
indivíduo não tem conhecimento. Fornece uma informação imediata à paciente 
para, posteriormente, levá-la a um controle voluntário dessas funções. 
Considerando que muitas mulheres não têm a percepção da sua região 
urogenital e são incapazes de contrair voluntariamente seus músculos do 
assoalho pélvico [10,11,13]. 
De acordo com Kegel, o biofeedback é essencialmente toda e qualquer 
abordagem que o fisioterapeuta utiliza para conscientizar um paciente de seu 
corpo e suas funções, sejam estímulos táteis, visuais, auditivos ou elétricos, 
melhorando as contrações voluntárias dessa musculatura, favorecendo 
também o treino do relaxamento [9]. 
Os cones vaginais foram desenvolvidos por Plevnik em 1985. Ele 
demonstrou que a mulher pode melhorar o tônus da musculatura pélvica 
introduzindo na cavidade vaginal cones de material sintético, exercitando a 
musculatura do períneo na tentativa de reter os cones e aumentando 
progressivamente o peso dos mesmos. Esses cones são atualmente 
comercializados em número de cinco e possuem um peso que varia de 20 a 70 
gramas. Em relação ao uso dos cones deve se verificar o peso inicial ideal do 
cone a ser adotado, ou seja, aquele cuja sobrecarga estimula o reflexo sacral. 
Conforme a contenção do cone pelos músculos do assoalho pélvico se torna 
fácil, aumenta-se progressivamente a sua carga até que seja empregado o 
cone de peso máximo. [10,11]. 
A eletroestimulação já é uma técnica totalmente passiva, sendo 
diferente dos exercícios de Kegel, biofeedback e cones vaginais. É um 
aparelho que apresenta um eletrodo interno que quando ligado, produz 
impulsos elétricos, promovendo uma contração perineal. Esta contração pode 
ser aumentada ou diminuída pelo aparelho, sendo indicado principalmente às 
pacientes de estágio mais avançados de incontinência e hipotonia muscular, 
onde não há percepção, conscientização corporaldesta musculatura. O tempo 
de uso pode variar de 20 a 30 minutos, sendo associado com técnicas ativas, o 
resultado será mais rápido [14]. 
O tratamento comportamental aborda basicamente como a paciente 
reagirá fora do alcance dos olhos do fisioterapeuta, sendo assim de extrema 
importância a comunicação sobre as orientações, consistindo assim no 
desenvolvimento de estratégias para minimizar a incontinência. Podendo 
realizar o treinamento vesical (para adquirir o reflexo sobre o controle de 
micção, e o intervalo destas micções sendo anotados no diário miccional). 
Assim a paciente tendo esta conscientização de uma forma mais visual será 
reeducada mais facilmente e aumentará os intervalos de ida ao banheiro 
progressivamente; orientações quanto a alimentação e ingestão de líquidos, 
também são técnicas úteis [11]. 
 
Conclusão 
Concluiu-se que a I.U. é um problema comum na paciente idosa, 
porém nem sempre o tratamento é procurado pela sua associação como 
consequência natural do envelhecimento. O tratamento fisioterapêutico é 
composto por várias técnicas que acarretam em adequada conscientização 
corporal, fortalecimento muscular e prevenção de possíveis patologias 
decorrentes, proporcionando conscientização e melhora na qualidade de vida 
desta população. 
 
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