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LUXAÇÃO E FRATURA DE PATELA ALUNA: TAMARA FINOTTI AMARAL LUXAÇÃO DE PATELA Primeiro episódio de luxação Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela A primeira vez que a patela sai do lugar pode ser decorrente de um trauma de maior energia, mas frequentemente ocorre após pequenas torções. Usualmente o paciente tem a sensação de que a patela saiu e voltou imediatamente para sua posição. O joelho fica inchado e o paciente apresenta dor na parte da frente e de dentro do joelho. Eventualmente a patela pode ficar presa na posição deslocada, e o próprio paciente a coloca de volta no lugar com a mão ou ao tentar esticar o joelho. Em alguns casos o paciente precisa que um médico, no hospital, coloque a patela no lugar. Passadas as primeiras semanas, o joelho desincha e a dor melhora; alguns pacientes apresentam melhora completa e levam uma vida normal, mas eventualmente os ligamentos estabilizadores da patela cicatrizam mais frouxos e o paciente passa a desenvolver uma luxação recidivante (recorrente) da patela. Quanto mais jovem o paciente no momento da primeira luxação e quanto menor a energia do trauma que fez com que a luxação ocorresse, maior o risco de novas luxações. LUXAÇÃO RECIDIVANTE DE PATELA A luxação recidivante da patela ocorre quando a patela já saiu do lugar duas ou mais vezes. Nestes casos, além de apresentar uma anatomia óssea que facilita o deslocamento, o paciente passa a apresentar uma insuficiência dos ligamentos que estabilizam a patela. Cada vez que a patela se desloca, estes ligamentos tornam-se mais insuficientes e a energia necessária para fazer com que a patela se desloque torna-se cada vez menor. Os ligamentos patelofemoral medial e patelotibial medial tornam-se tão frouxos que não precisam mais se romper para que ocorra o deslocamento. Como o trauma aos ligamentos é minimizado, a dor também tende a ser menor e a recuperação mais rápida. ANATOMIA E BIOMECÂNICA Biomedicina: Osteologia sanbiomedica.blogspot.com A patela é um osso tipo sesamóide (que fica no meio de um conjunto tendinoso), com formato triangular, e localizado na frente do joelho. Possui no polo superior a inserção da musculatura anterior da coxa (quadríceps) e no polo distal a origem do ligamento patelar. Tem como funções a melhora do movimento de flexo-extensão e proteção às estruturas internas. É um componente fundamental do chamado aparelho extensor do joelho. Possui conexões com praticamente todas as estruturas articulares, sofrendo assim ação de forças multidirecionais, que quando não bem equilibradas podem gerar sobrecargas e consequentemente condropatias ou luxações. Outro fator que influi na biomecânica patelar é o alinhamento do membro inferior (normalmente com valgo discreto) e o ângulo do aparelho extensor. Na face voltada para o interior do joelho existem múltiplas facetas para articular com a tróclea do fêmur, sendo a lateral a maior. Estas facetas, tal qual a superfície óssea em contato, são revestidas pela cartilagem articular, o que permite o deslizamento patelofemoral. Durante a flexão do joelho partindo da extensão total, a patela encontra-se inicialmente “livre”, e começa a encaixar na tróclea do fêmur conforme a progressão do movimento. A anatomia troclear permite uma união perfeita (tipo chave-fechadura). Conforme a flexão aumenta, o contato ósseo torna-se maior, e a pressão nas facetas articulares cresce proporcionalmente. Quaisquer alterações nas forças atuantes sobre a patela, ou imperfeições nas superfícies ou formato ósseo, podem precipitar o aparecimento de lesões na cartilagem. Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela CAUSAS DA LUXAÇÃO PATELAR Os motivos para que a patela luxe, ou saia da articulação, são muitos e devem ser cuidadosamente avaliados pelo seu ortopedista especialista em cirurgia do joelho. Alguns dos exemplos são: joelho valgo (perna em "X"), alterações ósseas do fêmur (displasia troclear) e da patela, patela muito alta, entre outras. É muito frequente nas mulheres jovens. A chamada "patela alta" é uma das principais causas de luxação da articulação patelofemoral (entre a patela e o fêmur), já que permite a patela ter uma maior mobilidade acima da tróclea, que controla o curso da patela. Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela Principais métodos para calcular a altura da patela, baseadas na imagem de radiografia em perfil do joelho a 30º graus de flexão: Métodos de Medição da Altura Patelar Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela Classificação das displasias trocleares (que são fatores envolvidos na luxação patelar): Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela Dr. Marcelo Tostes – Luxação Patelar ou Luxação da Patela DIAGNÓSTICO CLÍNICO Durante o exame físico, a principal característica da luxação recidivante da patela se manifesta quando o médico reproduz o movimento que causa a luxação e o paciente demonstra grande apreensão com a sensação de que a patela irá se deslocar. Pode-se ainda observar o sinal do J invertido, quando o paciente, sentado, estica o joelho e, no final da extensão, ocorre um deslocamento lateral da patela. https://ortopedistadojoelho.com.br/luxacao-da-patela-3/ EXAMES COMPLEMENTARES As radiografias simples e a tomografia computadorizada devem ser solicitadas para a avaliação dos fatores predisponentes para a luxação da patela e para avaliar o que está levando a mesma a se deslocar. A ressonância magnética ajuda na avaliação da cartilagem da patela e também do ligamento patelofemoral medial. Quando realizada pouco tempo depois de um episódio de luxação, pode apresentar um edema ósseo característico. Que ocorre tanto na patela como no fêmur, corroborando para o diagnóstico. Serve ainda para a avaliação de eventuais lesões associadas. Luxação da Patela/ Dr. João Hollanda - Ortopedista do Joelho TRATAMENTOS Se a patela não retornar ao sulco em forma de V por si só, o médico irá manipulá-la no lugar. O joelho será imobilizado com uma cinta para alcançar estabilidade e apoio. Você pode ter que usar a chave por até quatro semanas. Suas atividades serão limitadas até que o joelho se estabilize novamente. MEDICAMENTOS Medicamentos serão administrados para ajudar a reduzir o inchaço e aliviar a dor. FISIOTERAPIA A fisioterapia pode ser recomendada para: Alongamento e condicionamento dos músculos quadríceps e isquiotibiais. Manter força, flexibilidade e resistência muscular. Melhore o equilíbrio e a amplitude dos movimentos. A melhoria da força nas pernas pode ajudar a evitar futuras luxações. CIRURGIA Cirurgia pode ser necessária para luxação ou luxação patelar recorrente com lesões graves de tecidos moles. Pode também ser necessário para aqueles pacientes que não se recuperam com tratamento médico comum. Procedimentos cirúrgicos incluem: Reparo artroscópico de cartilagem danificada ou para realinhamento de ligamentos ou tendões que estabilizam a patela; Reconstrução do ligamento patelofemoral medial para auxiliar na estabilidade e prevenir luxações recorrentes. PREVENÇÃO Para ajudar a reduzir a probabilidade de luxação da patela, mantenha os músculos quadríceps e isquitibiais fortes com exercícios de fortalecimento e alongamento. CONCLUSÃO Apesar dos resultados animadores com o tratamento cirúrgico, observamos existir diferentes técnicas utilizadas na luxação da patela. Porém, com o conhecimento fisiopatológico atual, nos parece mais lógico realizar uma abordagem diretamente no local onde as estruturas foram lesadas. De qualquer forma, o tratamento conservador com imobilização por períodosde até quatro semanas e fortalecimento muscular precoce seguido de reabilitação prolongada também é considerado correto. Não podemos esquecer de que, independente da forma de tratamento, existem pacientes que continuaram a ter sintomas de instabilidade e/ou dor anterior no joelho, demonstrando que são necessários mais estudos experimentais e clínicos sobre essa complexa condição clínica. FRATURA DE PATELA A fratura de patela representa 1% de todas as lesões do esqueleto, mais comuns em jovens em torno de 20 a 50 anos e cerca de duas vezes mais frequente nos homens de que nas mulheres. https://www.diegoariel.com.br/uploads/noticias/df7e6d0131203217988f.png OCORRÊNCIAS DE FRATURA DE PATELA São decorrentes de trauma direto ou indireto. No trauma direto, uma força ou impacto é efetuado diretamente na patela. Esse mecanismo é frequente em agressões e acidentes automobilísticos. No trauma indireto, não há impacto direto sobre a patela. Geralmente, ocorre uma sobrecarga do mecanismo extensor, como no impulso vertical durante salto ou ato de tropeçar. https://www.diegoariel.com.br/uploads/images/Patela_2.jpg SINTOMAS Dor e edema (inchaço) do joelho, além de incapacidade de apoiar o peso do corpo de esticar o joelho. A hemartrose (derrame articular) é um sinal bastante frequente. Ao palpar o joelho, muitas vezes, é possível sentir os fragmentos separados da fratura. Já a exposição óssea (fratura exposta) também pode estar presentes e inspira maiores cuidados. DIAGNÓSTICO Além da história clínica e do exame físico, a utilização de alguns exames de imagens auxilia no diagnóstico e planejamento da conduta terapêutica. A radiografia (RX) é o exame mais acessível e o mais utilizado para essa finalidade. A tomografia é muito útil para uma melhor avaliação do padrão de fratura. https://www.diegoariel.com.br/uploads/images/Patela_3.jpg CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS Apesar de cada fratura ser diferente de uma pessoa para a outra, muitas apresentam padrões semelhantes. Tais padrões permitem criarmos uma classificação que orienta os médicos na condução do tratamento. Os principais aspectos observados são o Desvio dos Fragmentos (“quanto mais afastados os pedaços da fratura, mais difícil o tratamento”, por exemplo) e o Traço da Fratura (fratura em formato de “estrela”, fratura “transversa”, “multifragmentada”). As fraturas da patela diferem entre si em termos de gravidade. Dentre os principais parâmetros, 2 se destacam para dizermos quão mais grave é a fratura. São eles: 1- Fraturas expostas ou grave lesão de partes moles (pele, músculos, ligamentos, tendões, etc.); 2- Padrão da fratura. https://www.diegoariel.com.br/uploads/images/Patela_4.jpg TRATAMENTO O tratamento pode ser de duas formas: conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. A escolha do tipo de tratamento vai depender principalmente da gravidade e de alguns parâmetros, como os que citamos acima. TRATAMENTO CONSERVADOR O tratamento conservador geralmente é indicado em fraturas com pouco desvio (<2mm), fratura fechada, com mecanismo extensor íntegro e sem outras lesões associadas. Consiste basicamente no uso de imobilização (geralmente de gesso) por 4 a 6 semanas e carga conforme tolerado. Depois que o paciente voltar a caminhar, será necessário obter novas radiografias para verificar se a redução foi mantida. Se deslocar, cirurgia é indicada. TRATAMENTO CIRÚRGICO A técnica a ser utilizada vai depender dos parâmetros de gravidades que já discutimos. Dependendo do tipo de fratura, pode ser necessária mais de uma cirurgia. Dentre as principais técnicas empregadas, está a utilização de placas, parafusos e fios. Em alguns casos, até mesmo uma patelectomia (retirada de uma parte ou de toda a patela) pode ser necessária. https://www.diegoariel.com.br/uploads/images/Patela_5.jpg https://www.diegoariel.com.br/uploads/images/Patela_6.png POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES Rigidez do joelho (joelho duro), infecção, síndrome compartimental, Pseudartrose (“osso não cola”), deformidade residual, necrose, Artrose (também conhecido como Osteoartrite), lesão neurovascular, Trombose, embolia, dentre outras. PÓS CIRÚRGICO Logo após a cirurgia, o paciente já inicia a reabilitação fisioterápica. O plano de reabilitação é individualizado de paciente para paciente, pois depende da gravidade da fratura e das lesões associadas. Em média, o paciente, após a cirurgia, fica imobilizado por 3 a 6 dias e depois inicia mobilização. Geralmente, a carga total é liberada em torno de 6 semanas, contudo o retorno às atividades é muito variável, podendo ocorrer em 6 meses ou podendo demorar mais de 1 ano, nos casos graves. CONCLUSÃO Não é possível identificar um fator isolado que determine o resultado funcional final do tratamento das fraturas de patela. Fraturas transversas ocorrem em indivíduos mais velhos, através de mecanismo de baixa energia, são fechadas e tratadas com banda de tensão AO. Contudo, não apresentam, necessariamente, os melhores resultados. As fraturas estreladas costumam ser causadas por trauma de alta energia, em indivíduos jovens, sendo tratadas, preferencialmente, com patelectomia parcial, e não necessariamente apresentam resultados ruins. BIBLIOGRAFIA HERNANDEZ, Arnaldo José; FAVARO, Edimar; LARAYA, Marcos Henrique Ferreira. Luxação aguda da patela. Revista Brasileira de Ortopedia, volume 39, número 3, mar., 2004. INSTABILIDADE DA PATELA. Disponível em: <http://www.joelhomg.com.br/instabilidade-da-patela>. Acesso em: 27out.2019. PATELA. Disponível em: <https://www.amato.com.br/content/patela>. Acesso em: 27 out.2019. LUXAÇÃO DA PATELA. Disponível em: <https://www.drmarcelotostes.com/joelho/outras-lesoes-do-joelho/luxacao-da- patela>. Acesso em: 27 out.2019. LUXAÇÃO DA PATELA. Disponível em: <https://ortopedistadojoelho.com.br/luxacao-da-patela-3>. Acesso em: 27 out.2019. LUXAÇÃO PATELAR. Disponível em: <https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-doencas- tratamentos/luxacao-patelar>. Acesso em: 27 out.2019. FRATURA DA PATELA. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/fratura-da-patela.pdf>.Acesso em: 27 out.2019. FRATURA DA PATELA. Disponível em: <https://www.diegoariel.com.br/post/fratura-da-patela>. Acesso em: 27 out.2019. http://www.joelhomg.com.br/instabilidade https://www.amato.com.br/content/patela https://www.drmarcelotostes.com/joelho/outras-lesoes-do-joelho/luxacao-da-patela https://www.drmarcelotostes.com/joelho/outras-lesoes-do-joelho/luxacao-da-patela https://ortopedistadojoelho.com.br/luxacao-da-patela-3/ https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-doencas-%20tratamentos/luxacao-patelar https://www.hospitalinfantilsabara.org.br/sintomas-doencas-%20tratamentos/luxacao-patelar https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/fratura-da-patela.pdf%3e.Acesso https://www.diegoariel.com.br/post/fratura-da-patela