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AUTOMOTIVA Eletrônica embarcada Eletrônica em barcada 9 788583 933748 ISBN 978-85-8393-374-8 Esta publicação foi elaborada para tratar das características dos sistemas eletrônicos embarcados automotivos. Ela abrange o estudo sobre os componentes e funcionamento dos freios ABS, tipos de airbag e testes de impacto, sistema de alarme, trava elétrica, sistema de subida elétrica dos vidros entre outros sistemas automotivos. O funcionamento da Multiplexagem também é abordado, além da arquitetura da rede, comunicação via rede CAN e protocolo VAN e as vantagens do diagnóstico de falhas no sistema multiplexado. Eletrônica embarcada Senai-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Eletrônica embarcada / SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 104 p. : il Inclui referências ISBN 978-85-8393-374-8 1. Automóveis − Mecânica 2. Automóveis – Equipamento elétrico 3. Freios 4. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 629.287 Índice para o catálogo sistemático: 1. Automóveis − Instalações elétricas − Manutenção e reparos 629.287 AUTOMOTIVA Eletrônica embarcada Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Elaboração Sérgio Atílio Grigio Colaboração Alexandre de Almeida Guimarães Ulisses Miguel Vander da Silva Souza Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional se multiplicam e, sobretudo, se diversificam. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora fir- memente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, ofere- cendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indús- tria e às prioridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração, como os cursos de Aprendizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Ini- ciação Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Pro- fissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que in- tegra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário 1. Freios ABS 9 Componentes 10 Funcionamento 22 Controles realizados pelo sistema ABS 26 Tipos de freios ABS 31 Manutenção 32 2. Airbag 34 Componentes 34 Tipos de airbag 37 Testes de impacto (crash tests) 40 3. Sistema de conforto e conveniência 43 Sistema de alarme 44 Sistema de trava elétrica 49 Relação entre os sistemas de alarme e travas elétricas 55 Sistema de subida elétrica dos vidros 56 Outros sistemas automotivos 62 4. Multiplexagem 70 Funcionamento 71 Arquitetura da rede 77 Rede CAN (Controller Area Network) 77 Protocolo VAN (Vehicle Area Network) 93 Arquitetura completa com rede multiplexada 95 Central de processamento das informações na rede 97 Diagnóstico de falhas no sistema multiplexado 98 Referências 101 1. Freios ABS Componentes Funcionamento Controles realizados pelo sistema ABS Tipos de freios ABS Manutenção O sistema antibloqueio (ABS) atua por meio do controle da pres- são do fluido nos circuitos de freio, como se o sistema fosse aciona- do diversas vezes em um curto espaço de tempo, mesmo que o con- dutor do veículo mantenha o freio acionado de forma uniforme e constante. O sistema de freios ABS apresenta as seguintes características: • pequena alteração no sistema básico de freio; • em caso de falha, independência funcional entre o ABS e o servofreio; • alta flexibilidade de montagem. Esse sistema explora a faixa ideal de frenagem, considera o desli- zamento e o atrito das rodas em relação ao solo, as acelerações ou desacelerações periféricas, as forças laterais das rodas e as reações da carroceria, tal como a tendência de girar sobre o seu centro de gra- vidade em curvas. Na sua parte lógica, ele combina todas essas variá- veis e escolhe a melhor regulagem de frenagem em cada situação. O deslizamento é o movimento relativo entre duas ou mais su- perfícies de contato. É uma força que se produz ao frenar ou acelerar FrEIoS ABS 10 o veículo. O valor do deslizamento em uma roda que esteja girando livremente, sem aceleração ou frenagem, é de 0%. Componentes Os componentes do sistema de freios ABS abordados são os da Bosch. O sistema é projetado sobre uma base modular, que o torna compatível com todos os veículos munidos de sistemas de freio hi- dráulico. O ABS – Bosch possui sensores de rotação de roda e anel de impulso, unidade de comando eletrônico e uma unidade hidráulica. Sensor de rotação O sensor pode ter como princípio de funcionamento a indução e o efeito Hall. Os sensores indutivos de rotação localizados nas rodas captam, por meio dos anéis de impulsos, a informação de velocidade e deslizamento das rodas e informam à unidade de comando ABS a rotação de cada roda. Os anéis de impulso podem ser fixados às juntas homocinéticas, ao lado das rodas ou nos tambores de freio. Para exercer essa função, o sensor de rotação é composto por um cabo, um ímã permanente, uma bobina e um pino polo (núcleo de ferro). ElETrÔNICA EMBArCADA 11 Figura 1. O pino polo, localizado na extremidade do ímã permanente, fica quase em contato com o anel de impulso (folga aproximada de 0,5 mm). Ao girar, o anel de impulso intercepta o campo magnético e, por indução, gera uma tensão alternada no enrolamento do sensor, que é enviada à unidade de comando ABS. A frequência dessa tensão é determinada pela rotação do anel de impulso. Figura 2. Cabo Enrolamento Ímã permanente Ímã permanente Bobina Pino polo (núcleo de ferro) Pino de polo Anel de impulso Tensão alternada. Sinal enviado para a unidade de comando ABS. FrEIoS ABS 12 Diagnóstico Nos sensores, podem ser feitos testes, tais como: medição de re- sistência, sinal em osciloscópio ou por meio do equipamento ABS 2 Led Tester. Na montagem do sensor de rotação, devem-se verificar a distância e o posicionamento entre o sensor e o anel excitador. Valores para verificação dos sensores: • Resistência do sensor: 800 a 1.600 Ω. • Distância entre o sensor e o anel de impulso: 0,5 a 1,5 mm. • Diferença máxima entre sensores: 25%. • Velocidade de captação do sinal: 6 a 15 km/h. Unidade de comando eletrônico A unidade de comando eletrônico, projetada com a mais alta tecnologia digital de microprocessadores, avalia os sinais dos sen- sores de rotação e calcula o deslizamento admissível para cada roda para uma frenagem ideal. Além disso, regula a pressão necessária pa ra frenagem nos cilindros de freio das rodas por meio de válvu- las magnéticas situadas na unidade hidráulica. Por meio de um sofisticado software, a unidade de comando eletrônico testa e mo- nitora todo o sistema a cada partida. Figura 3. ElEtrônica Embarcada 13 Funcionamento No amplificador de entrada (A), o sinal é filtrado para evitar in- terferências. A tensão alternada é convertida em sinais digitais (im- pulsos retangulares) e esses sinais são enviados ao bloco (B). Em (B),por meio dessa informação, são calculadas as velocidades das rodas e do veículo; essa última é chamada de velocidade de referência (Vref). Esse cálculo é feito considerando-se as rodas aos pares e em diagonal. Essas informações são registradas na memória e constan- temente atualizadas. A partir da Vref, o sistema calcula valores ideais ou possíveis de deslizamento, atrito, aceleração, desaceleração, forças laterais das rodas e momento de giro da carroceria e, com tais infor- mações, escolhe a regulagem ideal de frenagem, só liberando esses dados se, na frenagem, uma das rodas se aproximar do bloqueio. Processado o cálculo e estando uma das rodas na eminência do blo- queio em um processo de frenagem, o bloco (B) envia a informação da regulagem aos blocos seguintes. Em (C), a informação será trans- formada em sinal, que comandará a válvula eletromagnética na uni- dade de comando do sistema hidráulico correspondente à roda com tendência ao bloqueio. Esse comando será atualizado de quatro a dez vezes por segundo, garantindo, pelo controle da pressão do fluido no circuito de freio, que a roda não bloqueie e a frenagem seja a mais eficiente possível. A informação do bloco (C) é enviada a (D), que inicia uma sequên cia de testes para avaliar a condição de funcionamento do sistema. Constatada alguma irregularidade, a lâmpada indicadora do sistema ABS (quando existir) é ligada e o sistema antibloqueio ABS desativado; isto é, o processo de frenagem passa a ser feito pelo sistema normal de freios do veículo. FrEIoS ABS 14 Figura 4. A lâmpada indicadora do sistema ABS, durante a partida, perma- nece acesa, permitindo controle do próprio funcionamento. Em ope- ração, acende em caso de falha no sistema antibloqueio ABS. Figura 5. 1. Sensor de rotação 2. Cilindro de freio 3. Unidade de comando do sistema hidráulico 4. Cilindro mestre 5. Unidade de comando ABS 6. Lâmpada indicadora do sistema ABS A. Filtro/amplificador de sinais B. Cálculo C. Comando D. Monitação ElETrÔNICA EMBArCADA 15 A seguir, o esquema geral da unidade de comando: Figura 6. Unidade hidráulica A unidade hidráulica consiste em válvulas magnéticas, em uma câmara acumuladora para cada circuito de freio e em uma bomba de retorno. As válvulas magnéticas são acionadas pela unidade de co- mando eletrônico e, dependendo do estágio em que esse acionamen- to ocorre, fazem a conexão dos cilindros de freio da roda com o ci- lindro mestre do freio ou com a bomba de retorno. Essas válvulas também desconectam o cilindro de freio da roda, tanto do circuito como da bomba. Quando a pressão é reduzida, a bomba de retorno conduz o fluido de freio dos cilindros de freio da roda de volta ao cilindro mestre do freio, pelo acumulador correspondente. Os acu- muladores servem para armazenar temporariamente o fluido de freio excedente, após uma queda repentina da pressão. Entrada Computador Válvula eletromagnética Relé do motor da eletrobomba Motor da eletrobomba Lâmpada de advertência Computador Oscilador Regulador da tensão Circuito de segurança Circuito de teste A m pl ifi ca do r En tr ad a Re gu la do r d e in te ns id ad e Es tá gi o fin al Sensores de rotação Interruptor de luz de freio D+/Kl.61 Tensão de alimentação SaídaProcesso do sinal FrEIoS ABS 16 Os itens que devem ser observados na unidade hidráulica são: • teste de estanqueidade; • valor de resistência das válvulas solenoides, que vai de 0,7 a 1,7 Ω; • posição correta das tubulações. Observação Não aplicar tensão, pois a resistência das eletroválvulas é mui- to baixa. Figura 7. Relé da unidade de comando ABS O relé da unidade de comando ABS está instalado próximo à cen- tral elétrica, na coluna A, e garante que a unidade de comando não sofra danos, caso ocorram sobretensões na sua linha de alimentação. Capa protetora (abaixo dela, conexão elétrica, relé do motor da bomba e relé das válvulas solenoides) Motor da bomba de retorno Válvulas solenoides ElETrÔNICA EMBArCADA 17 Outra função desse relé é alimentar a linha de comando dos relés da bomba de alívio de tensão e das válvulas eletromagnéticas. Figura 8. Ligações do relé • 30 – Recebe tensão da bateria, protegido pelo fusível (10 A). • 31 – Ligado à massa no terminal fixado na coluna das dobra- diças, lado esquerdo. • 15 – Linha de comando: é ativada com o sinal (+) da linha 15 proveniente do comutador de ignição. • 87 – Linha de trabalho: depois de ativado, o relé protege e alimenta os seguintes consumidores: – unidade de comando ABS; – relé da bomba de alívio de pressão; – relé das válvulas solenoides. FrEIoS ABS 18 Figura 9. Relé das válvulas eletromagnéticas Está instalado na unidade de comando do sistema hidráulico e tem como função alimentar as válvulas eletromagnéticas e acender a lâmpada indicadora do sistema ABS, acusando o não funcionamen- to deste relé ou do relé da unidade de comando ABS. Figura 10. Comutador de ignição (linha 15) Unidade de comando ABS Fúsivel (10 A) Bateria Relé da bomba de alívio de pressão Relé das vávulas eletromagnéticas Relé da unidade de comando ABS 30 31 15 87 ElETrÔNICA EMBArCADA 19 Ligações do relé • 87 – Recebe tensão direto da bateria. • 87a – Ligado direto à massa. • 86 – Recebe tensão do relé da unidade de comando ABS. • 85 – Linha de comando: a unidade de comando ABS libera o sinal (-) de acionamento quando a ignição for ligada. • 30 – Linha de trabalho: a partir do acionamento do relé pela ligação 85, a tensão de alimentação das quatro válvulas eletro- magnéticas é liberada pelas 30. • L1 – Libera passagem de negativo para a lâmpada indicadora do sistema ABS, acusando o não funcionamento deste relé ou do relé da unidade de comando ABS. Figura 11. Relé das válvulas eletromagnéticas Válvulas eletromagnéticas Lâmpada Bateria Unidade de comando ABS Relé da unidade de comando ABS 30 L1 86 85 87 87a FrEIoS ABS 20 Relé da bomba de alívio de pressão Está instalado na unidade de comando do sistema hidráulico e tem como função acionar a bomba de alívio de pressão quando, du- rante o processo de modulação, for necessário diminuir a pressão do freio em determinada roda. Figura 12. Ligações do relé • 86 – Recebe tensão do relé da unidade de comando ABS. • 85 – Linha de comando: a unidade de comando ABS libera o sinal negativo de acionamento, quando for necessário dimi- nuir a pressão no circuito hidráulico. • 87 – Recebe tensão direta da bateria. • 30 – Linha de trabalho: com o acionamento do relé, a bateria é ativada. Na mesma linha, a unidade de comando ABS mo- nitora seu funcionamento e o do relé que, em caso de pane, acenderá a lâmpada indicadora do sistema ABS. ElETrÔNICA EMBArCADA 21 Figura 13. Cilindro mestre O cilindro mestre é diferenciado, apesar do sistema antibloqueio ABS ser montado sobre o sistema normal de freio. Com o sistema antibloqueio ABS, o cilindro mestre tem duas saídas e aciona os ci- lindros de roda por meio da unidade de comando do sistema hidráu- lico. A unidade de comando do sistema hidráulico possui duas en- tradas e quatro saídas, pelas quais mantém a característica do circuito de freio duplo em diagonal. O sistema antibloqueio ABS só entra em ação em situações anormais (iminência de travamento da roda). Tais situações são reconhecidas pela unidade de comando ABS através dos sinais constantemente emitidos pelos quatro sensores de rotação das rodas. Quando o sistema antibloqueio ABS está atuando, o controle da pressão do fluido de freio é exercido pelas unidades de comando do sistema hidráulico e de comando ABS. Quando não está Relé da unidade de comando ABS Bateria Bomba de alívio de pressão Relé da bomba de alívio de pressão 30 85 86 87 Unidade de comando ABS FrEIoS ABS 22 atuando, a pressão do fluido é comandada apenas pelo servofreio e pelo cilindro mestre. Figura 14. Funcionamento O funcionamento do sistema antibloqueio (ABS) acontece da se- guinte maneira: quando se iniciaa frenagem, há o surgimento corres- pondente da força de frenagem e seu aumento gradativo, ao mesmo tempo em que a velocidade periférica da roda torna-se menor que a velocidade do veículo, o que significa que está havendo deslizamento da roda. Os deslizamentos são toleráveis, mas devem permanecer den- tro da faixa de 8% a 35%, quando ocorre a maior força de frenagem. Essa é a faixa de atuação do sistema antibloqueio (ABS). Acima de 35% de deslizamento, passa-se à zona instável de frenagem e, mesmo com a força de frenagem caindo, aproxima-se rapidamente de 100% de des- lizamento, que é o ponto em que ocorre o travamento da roda. ElETrÔNICA EMBArCADA 23 Quando há o travamento das rodas dianteiras, perde-se o contro- le direcional (dirigibilidade). Já quando há o travamento das rodas traseiras, o veículo torna-se instável. Em ambos os casos, os espaços de frenagens tornam-se maiores. A força lateral em uma roda que esteja girando livremente é máxima, já que não há deslizamento. Em uma roda bloqueada, a força lateral é mínima, tendendo a 0 (zero). O freio ABS regula-a em um intervalo de 8% a 35%. Figura 15. Durante o processo de frenagem, é bom lembrar que, embora o motorista acione um sistema que atua sobre as rodas do veículo, a força que opera no sentido de pará-lo é a força de atrito entre o pneu e o solo. Em outras palavras, o motorista freia a roda e a força de atrito freia o veículo. Faixa de regulagem Zona estável Zona instável µB µB µS µS µS máx. µB máx. Roda girando livre Roda bloqueda λ otim. λ 100% µS min. µB min. FrEIoS ABS 24 Quando ocorre o processo de travamento da roda, a força de atrito diminui, pois o coeficiente de atrito passa a ser o coeficiente dinâmico, e não o estático. É o que acontece quando você tenta em- purrar um bloco muito pesado sobre uma superfície lisa; o esforço inicial para movimentar o bloco é muito maior do que o esforço para mantê-lo em movimento. O coeficiente de atrito com o bloco em movimento (dinâmico) é menor do que o coeficiente de atrito com o bloco parado (estático). Quando ocorre o travamento da roda, aquele ponto de contato do pneu com o solo desloca-se sempre em contato com este e o coeficiente de atrito diminui. Resultado: a força de atrito sendo menor, a distância de frenagem será maior. A título de curiosidade, um sistema antibloqueio pode reduzir a distância de frenagem em até: • 18% em concreto seco; • 19% em paralelepípedo; • 20% em asfalto seco; • 20% em asfalto molhado; • 22% em concreto molhado. A Figura 16 mostra o processo de frenagem de um veículo sem ABS. ElETrÔNICA EMBArCADA 25 Figura 16. A próxima figura mostra o comportamento da velocidade do veí- culo, da velocidade da roda e da pressão do fluido de freio em relação ao tempo de um veículo que possui o sistema antibloqueio (ABS). Figura 17. Observe que, no início do processo (tempo = 0), as velocidades do veículo e da roda são iguais. À medida que a pressão de frenagem Velocidade da roda e roda bloqueda Tempo Velocidade do veículo Velocidade/ Pressão Velocidade do veículo Velocidade da roda Modulação de pressão 0 1 2 Tempo Zona instável Pressão da roda atinge o valor máximo FrEIoS ABS 26 começa a aumentar, essas velocidades passam a diminuir. Primeira- mente, cai a velocidade da roda e surge uma diferença entre essas velocidades. Essa diferença é o deslizamento da roda em relação ao solo; quando o valor atinge 100%, acontece o bloqueio da roda. O sistema antibloqueio atua na faixa de deslizamento e força de frena- gem ideal, permitindo melhor controle do veículo e menores distân- cias de frenagens. A Figura 17 mostra o ponto (tempo = 1) em que a velocidade da roda está caindo muito em relação à velocidade do veículo. Isso indica alto deslizamento e possibilidade de travamento da roda. O sistema antibloqueio (ABS) entra em ação neste instante e impede que a pressão do fluido continue crescendo. Por meio dos sinais dos sensores de rotação das rodas, o sistema percebe que, mes- mo mantendo a pressão, a roda continua perdendo velocidade des- proporcionalmente em relação ao veículo e a possibilidade de blo- queio aumenta. No ponto (tempo = 2), o sistema diminui a pressão do fluido, até que a velocidade da roda comece a aumentar, elimi- nando o risco de travamento. Observando a Figura 17, nota-se que o sistema consegue obter melhor a frenagem através do controle da pressão do fluido de freio. No processo de frenagem, o sistema antibloqueio (ABS) altera a pres- são do fluido em uma frequência de quatro a dez vezes por segundo. Controles realizados pelo sistema ABS Em frenagens sem ABS, as rodas são bloqueadas quando o mo- torista aplica muita pressão no freio ou o coeficiente de atrito entre pneu e piso é baixo. Desse bloqueio, resulta uma perda de controle lateral e o desempenho máximo possível do freio não é atingido. ElEtrônica Embarcada 27 Toda vez que se dá a partida no motor e inicia-se um trajeto, o siste- ma automaticamente executa uma verificação operacional de acordo com o programa fornecido. Os sinais gerados durante o processo de frenagem são simulados e transmitidos ao modulador hidráulico, onde todo o sistema é testado e as funções de cada componente são verificadas para garantir sua precisão Durante o trajeto, o sistema se automonitora, comparando a se- quência lógica dos sinais de entrada e saída com valores limitados já memorizados, além de verificar a tensão de alimentação. Se um de- feito no sistema é detectado, o ABS se desliga e o sistema volta a ser o de freio convencional, não mais controlado pelo sistema antiblo- queio. Essa condição é indicada por meio de uma lâmpada de adver- tência ativada no painel de instrumentos. Durante uma frenagem controlada pelo ABS Bosch, a pressão do freio é automaticamente ajustada para impedir o bloqueio das rodas, assumindo o controle da pressão hidráulica no circuito de cada uma das rodas, de maneira a oferecer a condição ideal de frenagem. O controle da pressão é feito pelas válvulas eletromagnéticas e por uma bomba acoplada a um motor elétrico, por meio de comandos emitidos pelo módulo eletrônico, atuando de modo a proporcionar três situa- ções distintas no funcionamento hidráulico de cada circuito: • aumento da pressão de frenagem; • manutenção da pressão de frenagem; • redução da pressão de frenagem. Aumento da pressão de frenagem No instante da fase inicial de frenagem, a pressão do circuito de freio é comandada pelo conjunto servofreio e cilindro mestre. O sistema an- tibloqueio (ABS) não está ativo, permitindo que o cilindro mestre atue FrEIoS ABS 28 diretamente no cilindro de roda. As interligações com a câmara acumu- ladora (3b) e com a bomba de alívio de pressão (3c) estão fechadas. Essa situação é mantida até que a roda tenda ao bloqueio ou o condutor in- terrompa o processo de frenagem. É importante frisar que o aumento de pressão do circuito de freio é obtido sempre pelo cilindro mestre. Figura 18. Manutenção da pressão de frenagem A fase anterior, aumento da pressão, mantém-se até que a roda apre- sente a tendência de bloqueio. Continuando o processo de frenagem, o sistema antibloqueio (ABS) é ativado por meio de constantes sinais emitidos pelos sensores de rotação da roda, que são recebidos pela unidade de comando ABS. Esta analisa os sinais e compara os parâme- tros ideais de desaceleração e deslizamento da roda com a velocidade de referência adotada no início do processo de frenagem e envia sinal à unidade de comando do sistema hidráulico, válvula eletromagnética, para o fechamento da interligação (A), cilindro mestre e válvula eletro- magnética. É mantida, assim, a pressão no circuito de freio. O valor da corrente elétrica na válvula solenoide, neste momento, é de 2,1 A. 1. Sensor de rotação 2. Cilindro de freio 3. Unidade de comando do sistema hidráulico 3a. Válvula magnética 3b. Câmara acumuladora 3c. Bomba de alívio de pressão 4. Cilindro mestre 5. Unidadede comando ABS ElETrÔNICA EMBArCADA 29 Figura 19. Redução da pressão de frenagem Se, apesar de mantida a pressão no circuito de freio, a tendência ao bloqueio continuar, torna-se necessária redução da pressão. A unidade de comando ABS, recebendo os sinais dos sensores de ro- tação das rodas, faz o processamento destes e emite sinais para a válvula eletromagnética e para a bomba de alívio de pressão. A válvula eletromagnética se desloca, permitindo a abertura da interligação (B) entre cilindro de roda e câmara acumuladora, que tem por função amortecer o primeiro pico de pressão, o qual pode danificar a bomba. Simultaneamente, a bomba de alívio de pressão recoloca, na ligação da unidade de comando do sistema hidráulico com cilindro mestre, o fluido que se desviou para a válvula acu- muladora. O valor da corrente elétrica na válvula solenoide, neste momento, é de 5,2 A. A corrente de arranque do motor pode atingir 170 A e a corrente de funcionamento sob carga (corrente de estabilização) atinge valores entre 50 e 80 A. FrEIoS ABS 30 Figura 20. O ciclo de controle recomeça. Existem, aproximadamente, de 4 a 6 ciclos de controle por segundo, dependendo do estado da superfí- cie da estrada. Esse índice é propiciado pelo rápido processamento do sinal eletrônico e pelos curtos intervalos de resposta da válvula solenoide e às vezes da eletrobomba. Sem ABS A pressão do freio atinge nível máximo, bloqueiam-se rodas. Ve lo ci da de d a ro da Pr es sã o do fr ei o Tempo Com ABS A pressão de frenagem é mantida não atingindo nível máximo. 1 2 A ElETrÔNICA EMBArCADA 31 Figura 21. Quando o veículo é freado com capacidade total, o ABS permite manter a completa estabilidade direcional e dirigibilidade, evitando o bloqueio das rodas acima de uma velocidade mínima de 3 km/h, em qualquer tipo de piso. A operação do sistema não é afetada pela forma de dirigir, pelo estado dos pneus ou pela carga do veículo. Tipos de freios ABS Os tipos de sistemas de freios ABS são classificados de acordo com o número de canais, ou seja, com o número de válvulas que são controladas individualmente e pelo número de sensores de rotação. Quatro canais e quatro sensores Existe um sensor de rotação e uma válvula para cada roda. Com essa configuração, a unidade de comando monitora cada roda indi- vidualmente, para assegurar a máxima potência de frenagem. Ve lo ci da de d a ro da Pr es sã o do fr ei o Tempo Com ABS A pressão do freio é reduzida. 3 B C 4 Com ABS A pressão do freio é aumentada. FrEIoS ABS 32 Três canais e três sensores Utilizado em caminhonetes, possui um sensor de rotação e uma válvula para cada roda dianteira, e apenas uma válvula e um sensor de rotação para as duas rodas traseiras. O sensor de rotação para as rodas traseiras está localizado no eixo traseiro. Um canal e um sensor Esse sistema é utilizado em algumas caminhonetes, por exemplo, as primeiras “Ranger”, que tinham o equipamento disponível apenas para as rodas traseiras. Possui apenas uma válvula que controla ambas as rodas traseiras e um sensor de rotação situado no eixo traseiro. Manutenção Na manutenção dos freios ABS, alguns cuidados devem ser ob- servados: • Reparos com solda elétrica no veículo: devem-se desligar o alternador e a unidade de comando ABS. • Verificar se todos os cabos ligados à massa, aos conectores dos sensores e à unidade de comando ABS estão firmemente co- nectados. • Retirar a unidade de comando elétrica, quando o veículo for colocado em estado de secagem (acima de 80˚C). • Desconectar os cabos da bateria antes de recarregá-la ou antes de qualquer reparo no sistema antibloqueio ABS. • Não conectar qualquer fonte de tensão, seja bateria ou carre- gador, com valor de tensão superior a 16 V como auxiliar da partida. ElEtrônica Embarcada 33 • Não retirar ou colocar os conectores da unidade de comando ABS com o comutador de ignição ligado. • Não desligar a bateria com o motor em funcionamento. • Não alterar o diâmetro do pneu. • Não dirigir o veículo com o aparelho de teste conectado. • Substituir o fluido de freio a cada um ano. 2. Airbag Componentes Tipos de airbags Testes de impacto (crash tests) Os airbags são bolsas infláveis, utilizadas para proteção dos pas- sageiros no momento de uma colisão. É um sistema de proteção pas- siva, pois atua imediatamente após um acidente, procurando reduzir os danos causados aos ocupantes. A primeira patente relacionada ao sistema de airbag foi registra- da durante a Segunda Guerra Mundial e refere-se a um dispositivo inflável de proteção contra danos causados por colisões durante a aterrissagem de aviões. Entretanto, a primeira aplicação comercial foi no setor automotivo. Vários países no mundo possuem legislações que obrigam a uti- lização de airbags em 100% dos veículos comercializados. Nesses países, estatísticas mostram que esse sistema de proteção reduz em cerca de 30% o risco de morte no momento de uma colisão frontal. Componentes Baseando-se nesses dados, as engenharias de produtos das mon- tadoras de veículos têm aplicado recursos no desenvolvimento de novas tecnologias e na aplicação do airbag. Basicamente, esse sistema é formado por quatro componentes: ElEtrônica Embarcada 35 • Bolsa inflável Feita de náilon, é instalada dentro do volante e do painel de ins- trumentos para os airbags frontais e na porta ou laterais dos bancos, ou mesmo nas colunas ou no forro do teto, para os airbags laterais. • Sistema de insuflação É baseado na reação de azida sódica (NaN3) e nitrato de potássio (KNO3), cujo resultado é a liberação intensa de gás nitrogênio, que infla quase que instantaneamente a bolsa. A velocidade de propaga- ção do gás dentro da bolsa é de, aproximadamente, 320 km/h. • Sensores São acelerômetros, que detectam a desaceleração do veículo, ou seja, o decrescimento na velocidade dentro de um intervalo deter- minado de tempo. • Unidade de controle do airbag É o módulo eletrônico que processa os sinais dos acelerômetro e comanda o acionamento das bolsas infláveis. Essa unidade de con- trole denomina-se Sensing and Diagnostic Module (SDM). Na Figu- ra 1, é possível ver o diagrama de conexões elétricas de uma SDM. AIrBAg36 Figura 1. O sistema de airbags não atua isoladamente no momento de uma colisão. O cinto de segurança é fundamental para que o sistema, como um todo, funcione de maneira eficiente. Para se ter uma ideia da força de atuação exigida dos cintos de segurança, no impacto contra uma barreira rígida, a 50 km/h, os cintos devem absorver uma energia comparável à energia de uma pessoa em queda livre do quar- to andar de um edifício. Para reduzir o movimento do passageiro durante a desaceleração causada por uma colisão, os cintos de segurança trabalham com os chamados sistemas pré-tensionadores, instalados no sistema de re- tração dos cintos, puxando-os no momento de uma batida. Dessa maneira, os ocupantes ficam praticamente imobilizados, enquanto as bolsas são infladas, reduzindo ainda mais a possibilidade de danos. Os pré-tensionadores são disparados por cargas pirotécnicas, coman- dadas pela SDM. Para esclarecer a capacidade de resposta de um Acelerômetros Comunicação de dados Comunicação discreta M ic ro co nt ro la do r D riv er + D ia gn ós tic o SDM Airbag lateral – Bolsa esquerda Airbag lateral – Bolsa direita Airbag Dianteiro – Bolsa esquerda Airbag Dianteiro – Bolsa direita Airbag lateral – Sensor esquerdo Airbag lateral – Sensor direito Lâmpada indicadora de funcionamento Saída indicadora de colisão Linha de comunicação de diagnóstico ElEtrônica Embarcada 37 pré-tensionador, atualmente existem sistemas que retraem 18 cm de cinto em apenas 5 ms. Tipos de airbags Airbag frontal A função dos airbags frontais (ou dianteiros) é proteger o moto- rista e o passageiro dianteiro de danos na cabeça e no peito, na ocor- rência de uma colisão contra uma barreira rígida emvelocidade de até 100 km/h (aproximadamente), ou em uma colisão frontal entre dois veículos em velocidade até 60 km/h (também aproximados). Os airbags dianteiros são acionados nas colisões ocorridas em velocida- de acima da faixa de 20 km/h a 25 km/h (considerando a força equi- valente a uma colisão contra uma barreira rígida). A Figura 2 exibe os dois airbags dianteiros inflados. Figura 2. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c AIrBAg38 Considerando um impacto a 50 km/h, o tempo que as bolsas demoram para encher completamente é 40 ms. A Figura 3 revela o conteúdo de um volante equipado com airbag. Figura 3. Em alguns veículos, o sistema de airbag frontal atua em conjunto com o chamado airbag de joelho (knee airbag), que protege os joe- lhos e as pernas, reduzindo ainda mais os danos causados aos ocu- pantes. A Figura 4 mostra o conceito de instalação do airbag de joe- lho, no painel de instrumentos. Figura 4 – Conceito de instalação do airbag de joelho.. Sensor de colisão In�ador Airbag Conceito de instalação do airbag de joelho. Painel de instrumentosAirbag Perna do ocupante Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Iv an N av ar ro S ar de lla /G lo ba lte c ElEtrônica Embarcada 39 Airbag lateral Os impactos laterais correspondem a 20% dos acidentes ocorri- dos. Portanto, proteger os ocupantes contra essas ocorrências é a segunda prioridade dos engenheiros de produtos responsáveis por airbags. Existem alguns tipos de airbag lateral (side airbag) fundamental- mente responsáveis pela proteção da cabeça e da lateral do corpo dos ocupantes. Os tipos de airbag lateral normalmente encontrados são tubulares, de janelas ou de cortina, montados nas portas e laterais dos bancos. Em virtude do pequeno espaço existente entre os ocupantes e as laterais do veículo, os airbags laterais devem ser acionados mais ra- pidamente, se comparados aos airbags frontais, sendo o tempo de 5 ms (em vez dos 40 ms indicados anteriormente para os frontais). A Figura 5 mostra um tipo de airbag lateral já inflado no comparti- mento dos passageiros. Figura 5. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c AirbAg40 Testes de impacto (crash tests) O funcionamento dos sistemas de airbag é regulamentado por legislações nacionais e internacionais. Para o desenvolvimento, vali- dação e certificação dos componentes do sistema, as montadoras de veículo realizam os chamados testes de impacto ou colisão (crash tests). Esses testes identificam o comportamento da carroçaria du- rante uma colisão, o desempenho das bolsas infláveis e os danos causados aos ocupantes. Durante os testes, são utilizados bonecos – equivalentes em tama- nho e peso aos ocupantes reais do veículo –, equipados com dezenas de sensores para que os impactos da colisão sejam medidos e poste- riormente processados. Esses bonecos são chamados de dummies. A Figura 6 mostra um dummy utilizado em teste de impacto au- tomotivo. Figura 6. 3d re nd er in gs /iS to ck /T hi nk st oc k ElEtrônica Embarcada 41 As Figuras 7 e 8 exibem um veículo antes e depois de um teste de impacto frontal. Na Figura 8 é possível perceber o airbag do moto- rista, já inflado, após a colisão. Figura 7. Figura 8. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c AIrBAg42 Os sistemas de airbag e pré-tensionadores dos cintos de seguran- ça operam de forma dinâmica, utilizando reações químicas como fonte de energia: • azida sódica; • nitrato de potássio; • elementos pirotécnicos. Vale a pena lembrar que, se os ocupantes não utilizarem cinto de segurança, de nada adianta o veículo possuir airbags. 3. Sistema de conforto e conveniência Sistema de alarme Sistema de trava elétrica Relação entre os sistemas de alarme e travas elétricas Sistema de subida elétrica dos vidros Outros sistemas automotivos O sistema de conforto e conveniência é formado, basicamente, pelo trio elétrico: alarme, travas elétricas e levantador elétrico dos vidros. E tem como objetivo principal aumentar o conforto do mo- torista e dos passageiros. A procura por esse opcional é intensa. Em geral, deseja-se o alar- me por uma questão de segurança do veículo e dos objetos deixados dentro dele. Já as travas elétricas são procuradas para facilitar a aber- tura e o fechamento das portas; e os levantadores elétricos dos vidros, por questão de conforto e comodidade. No Brasil, há uma grande procura por modelos equipados com o trio elétrico. Em outros países, por exemplo, os da Europa, o comportamen- to dos consumidores é diferente. O alarme praticamente não é so- licitado na compra de um veículo, isso em razão dos baixos índices de furto no continente. Apesar de sempre solicitarem as travas elé- tricas, pela questão do conforto, os europeus costumam comprar seus veículos com vidros elétricos somente nas portas dianteiras. Nas portas traseiras, normalmente, o sistema mecânico/manual é o mais utilizado. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 44 No setor automotivo, especificamente na engenharia de produtos das montadoras de veículos, cada sistema integrante do conjunto trio elétrico tem uma sigla que o identifica: • ATWS = anti theft warning system – sistema de alarme anti- furto; • CDL = central door locking – central de travas; • PWL = power window lifter – levantadores elétricos dos vidros. Sistema de alarme O sistema de alarme tem como função proteger o veículo e seu interior contra furtos. Nesse sentido, vários sensores são utilizados para monitorar as regiões por onde uma pessoa pode acessar o veí- culo. A seguir são apresentadas as partes monitoradas nas quais são instalados os sensores: • Porta do motorista Utiliza-se normalmente um interruptor, instalado na região da dobradiça da porta, conhecida como coluna A – lado esquerdo. • Porta do passageiro dianteiro Um interruptor, instalado na região das dobradiças, coluna A – lado direito. • Porta dos passageiros traseiros Interruptores instalados na região das dobradiças das portas, co- luna B – lado direito e coluna B – lado esquerdo. ElEtrônica Embarcada 45 • Tampa do porta-malas: Interruptor instalado na própria tampa do porta-malas. • Capô (compartimento do motor) Um interruptor colocado geralmente sobre a torre do amortece- dor ou próximo ao painel que separa o compartimento do motor do compartimento dos passageiros. • Vidro traseiro ou vigia Utiliza-se o sistema desembaçador do vidro como sensor de que- bra do vidro. • Vidros laterais e dianteiro (para-brisa) Usa-se um sensor ultrassônico instalado no teto do veículo, na região da luz de leitura dianteira. Esse sensor monitora se algo ou alguém invadiu o veículo, após uma eventual quebra dos vidros la- terais ou dianteiro, por exemplo. Os sinais dos interruptores e dos sensores são lidos por um mó- dulo eletrônico, que processa tais informações e determina se o alar- me sonoro do veículo deve ou não ser disparado. A Figura 1 mostra um exemplo de sistema de alarme com todos os seus componentes. Perceba que todos estão conectados à peça 10. Essa peça é o modulo eletrônico de controle, cérebro do sistema. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 46 Figura 1. O Quadro 1 relaciona cada componente apresentado na Figura 1. Quadro 1 – Componentes do sistema de alarme Número Componente 1 Interruptor da coluna A – porta do motorista 2 Interruptor da coluna A – porta do passageiro dianteiro 3 Interruptor da coluna B – porta do passageiro traseiro do lado direito 4 Interruptor da coluna B – porta do passageiro traseiro do lado esquerdo 5 Interruptor do capô – compartimento do motor 6 Interruptor do porta-malas – tampa traseira 7 Buzina ou sirene de aviso sonoro 8 Sensor de quebra do vidro traseiro 9 Sensor ultrassônico (USM – ultra sound module) 10 Módulo eletrônico de controle do alarme 11 Controle remoto da chave (RF-sender ou RF-transmitter) Farol Farol Lanterna Lanterna 2 3 1 4 5 107 9 8 6 11 Iv an N av arro S ar de lla /G lo ba lte c ElEtrônica Embarcada 47 A Figura 2 mostra dois exemplos de módulos de alarme automo- tivos. Um deles está equipado com alguns fusíveis de proteção sobre a sua própria estrutura. O outro, em contrapartida, deve ser protegi- do por fusíveis localizados na caixa de fusíveis do veículo. Figura 2. Relembrando, um módulo eletrônico funciona como um compu- tador, que lê e processa entrada e comanda saída em função de um programa internamente gravado. O programa que controla um sis- tema de alarme está preparado para lidar com todas as possibilidades desse sistema. É um programa dedicado a essa aplicação. A Figura 3 mostra um kit básico de alarme, contendo um módu- lo eletrônico, uma sirene, dois controles remotos e uma quantidade de chicote elétrico para viabilizar a instalação do kit no veículo. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 48 Figura 3. A Figura 4 mostra um exemplo de sensor ultrassônico. Nesse caso, as luzes de leitura foram incorporadas ao sensor, formando um conjunto que pode ser montado na parte frontal do teto. As duas regiões em preto são as cápsulas de transmissão e recepção de ondas ultrassônicas. Figura 4. ElEtrônica Embarcada 49 Sistema de trava elétrica Esse sistema é um módulo eletromecânico formado por pequenos motores elétricos e algumas engrenagens. É instalado nas portas do veículo e responsável pelo destravamento, travamento e, eventual- mente, pelo travamento mecânico (deadlock) das portas. Os termos utilizados para descrever esse sistema serão abordados a seguir. • Destravar – unlock Significa liberar mecanicamente as portas, para que elas possam ser efetivamente abertas com o uso da maçaneta interna ou externa. • Travar – lock Significa travar as portas, impedindo a abertura pela maçaneta externa. As maçanetas internas podem ser utilizadas em condições específicas, variáveis conforme o veículo. • Travamento mecânico – deadlock ou deadbolt Representa uma proteção adicional ao veículo e ao seu interior. Com o deadlock acionado, as portas não podem ser abertas pelas maçanetas externas ou internas. Esse sistema está relacionado à se- gurança do veículo, e não ao conforto propriamente dito. Além dis- so, não é encontrado em todos os sistemas de trava elétricas dispo- níveis no mercado. A Figura 5 mostra um exemplo de fechadura elétrica, com seu pequeno motor elétrico e algumas engrenagens. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 50 Figura 5. As Figuras 6 e 7 mostram os diagramas eletromecânicos de alguns tipos de fechaduras. A diferença entre os dois diagramas é que a peça utilizada na porta do motorista tem um microswitch adicional, rela- cionado ao cilindro de chave existente nessa porta. Ambos os exem- plos consideram dois motores elétricos, um para travar e destravar as fechaduras e outro para realizar a função deadlock. Vale reforçar que os microswitches mostrados nestas figuras estão mecanicamente co- nectados aos motores elétricos L/U e DL (lock /unlock e deadlock). Figura 6. Motor elétrico Engrenagens L/U L U SW Lock SW Lock SW Deadlock SW Key Cylinder L UDL Iv an n av ar ro S ar de lla /G lo ba lte c Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c ElEtrônica Embarcada 51 Figura 7. O responsável pelo controle das fechaduras elétricas é o módulo de travas, representado pelo componente 14 da Figura 8, que apresenta os principais componentes e ligações do sistema de travas elétricas. Figura 8. L/U L U SW Lock SW Lock SW Deadlock DL 6 Farol Farol Lanterna Lanterna 2 3 1 4 14 10 15 11 13 12 7 5 8 Iv an n av ar ro S ar de lla /G lo ba lte c Iv an n av ar ro S ar de lla /G lo ba lte c SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 52 O Quadro 2 relaciona cada um dos componentes apresentados na Figura 8. Quadro 2 – Componentes do sistema de travas Número Componente 1 Interruptor de coluna – porta do motorista 2 Interruptor de coluna – porta do passageiro dianteiro 3 Interruptor de coluna – porta do passageiro traseiro, lado direito 4 Interruptor de coluna – porta do passageiro traseiro, lado esquerdo 5 Fechadura da porta do motorista (latch) 6 Fechadura da porta do passageiro dianteiro (latch) 7 Fechadura da porta do passageiro traseiro do lado direito (latch) 8 Fechadura da porta do passageiro traseiro do lado esquerdo (latch) 9 Atuador da portinhola de combustível 10 Atuador da tampa traseira 11 Atuador de destranca do porta-malas 12 Interruptor trava e destrava portas (confort switch) 13 Interruptor de destranca do porta-malas (lid/trunk release switch) 14 Módulo eletrônico de controle das travas 15 Controle remoto das chaves (RF-sender ou RF-transmitter) Perceba que, além das fechaduras das portas, há outros três atua- dores no sistema: • Atuador da portinhola de combustível Controla o acesso ao bocal de abastecimento de combustível. ElEtrônica Embarcada 53 • Atuador da tampa traseira Controla o acesso ao porta-malas. • Atuador de destranca do porta-malas Efetua o destrancamento da tampa traseira mediante um coman- do interno do motorista, pelo interruptor de destranca do porta- -malas ou por um comando via controle remoto da chave. A Figura 9 mostra os componentes de um sistema de destrava do porta-malas. Figura 9. A seguir, a Figura 10 mostra um kit básico de travas elétricas, contendo um módulo eletrônico, quatro atuadores, dois controles remotos, alguns liames, placas metálicas e uma quantidade de chi- cotes elétricos. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 54 Figura 10. Na Figura 11, são apresentados alguns exemplos de controles re- motos (ou RF-sender), destacando as pequenas placas de circuito impresso (PCB). Figura 11. ElEtrônica Embarcada 55 A funcionalidade descrita pode ser facilmente encontrada em boa parte dos sistemas de travas elétricas comercializados atualmente. Entretanto, alguns sistemas procuram ir um pouco adiante no que- sito segurança do ocupante. É o caso do sistema que conta com um sensor de colisão (crash sensor), que detecta o momento de uma batida e o informa ao módulo eletrônico de controle que, imediata- mente, comanda o destravamento das portas, facilitando a saída ou a remoção de eventuais feridos. Em outros casos, alguns sistemas procuram aumentar ainda mais a comodidade ao dirigir. Como exemplo, destacam-se os sistemas que travam as portas automaticamente, depois de um tempo ou em função de uma determinada velocidade do veículo. Relação entre os sistemas de alarme e travas elétricas Dificilmente essas funções encontram-se separadas, controladas por módulos independentes. Normalmente, um único módulo de controle recebe todos os sinais necessários e aciona as saídas rela- tivas a cada sistema. A Figura 12 mostra a relação de entradas e saídas dos sistemas de alarme e travas e os componentes utilizados em cada ligação. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 56 Figura 12. Sistema de subida elétrica dos vidros Sistema eletromecânico composto por motores elétricos e algu- mas alavancas e/ou cabos de aço, instalado nas portas do veículo. É o responsável pela abertura ou pelo fechamento dos vidros. São as chamadas máquinas de vidro elétrico. As funções desempenhadas por alguns sistemas atualmente comercializados e os termos utiliza- dos para descrevê-las estão listados a seguir: • Fechamento automático – confort closing Função que fecha todas as janelas no momento em que o veículo é travado. Ele requer as travas elétricas para operar. • Subida e descida expressa – express up and express down Possibilitam a subida e a descida das janelas com apenas um toque no interruptor de comando. Interruptor porta motorista Interruptor porta traseira lado direito Interruptor porta traseira lado esquerdo Interruptor porta traseira lado direito Interruptor do capô Interruptor do porta-malas Sensor de quebra de vidro traseiro Interruptor destranca porta-malas Interruptor trava/destrava portas Buzina do alarme Lâmpadas de setaAtuadores das portas (fechaduras elétricas) Atuador trava da tampa traseira (porta-malas) Atuador destranca porta-malas Atuador trava da portinhola de combustível Interruptor Lâmpada Bobina elétrica Motor elétrico LIN bus ou CAN bus RF (wireless)Módulo de controle trava e alarme Sensor ultrassônico (por LIN bus, CAN bus, por exemplo) Controle remoto da Chave – RF Sender (Radiofrequência – Wireless) Entradas Saídas Legenda ElEtrônica Embarcada 57 • Proteção antiesmagamento – pitch protection Reverte o sentido do deslocamento das janelas quando elas forem fechadas e algo obstruir seu caminho, como uma mão, por exemplo. Evita acidentes que poderiam ser fatais em alguns casos. • Alívio interno de pressão – internal pressure relief Toda vez que uma das portas é aberta, uma das janelas também se abre automaticamente, em alguns centímetros, voltando a se fe- char imediatamente após o fechamento da porta. O intuito dessa função é eliminar a sensação de pressão no ouvido ao fechar as por- tas com todas as janelas fechadas. O sistema levantador dos vidros funciona, basicamente, com as máquinas de vidro elétrico, os interruptores do comando do sistema e um módulo eletrônico de controle. A Figura 13 ilustra um exemplo do sistema levantador elétrico do vidro com todos os seus compo- nentes. Perceba que todos são conectados à peça 13 – módulo elétri- co de controle. Figura 13. 13 2 3 1 4 6 7 5 8 10 11 9 12 Iv an N av ar ro S ar de lla /G lo ba lte c SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 58 O Quadro 3 relaciona cada um dos componentes apresentados na Figura 13. Quadro 3 – Componentes do sistema de subida elétrica dos vidros Número Componente 1 Interruptor de coluna – porta do motorista 2 Interruptor de coluna – porta do passageiro dianteiro 3 Interruptor de coluna – porta do passageiro traseiro lado direito 4 Interruptor da coluna – porta do passageiro traseiro lado esquerdo 5 Máquina levantadora do vidro – porta do motorista 6 Máquina levantadora do vidro – passageiro dianteiro 7 Máquina levantadora do vidro – passageiro traseiro do lado direito 8 Máquina levantadora do vidro – passageiro traseiro do lado esquerdo 9 Interruptores levantadores do vidro – porta do motorista 10 Interruptor levantador do vidro – passageiro dianteiro 11 Interruptor levantador do vidro – passageiro traseiro do lado direito 12 Interruptor levantador do vidro – passageiro traseiro lado esquerdo 13 Módulo eletrônico do controle dos vidros Existem dois tipos de máquinas levantadoras de vidros, sendo ambas baseadas no “conceito tesoura”. A Figura 14 apresenta o con- ceito tesoura. ElEtrônica Embarcada 59 Figura 14. Já nas Figuras 15 e 16 é apresentado o conceito cabo de aço. Figura 15. Figura 16. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 60 Sobre os interruptores levantadores dos vidros, também se pode separá-los em dois grupos, com conceitos mecânicos diferentes: os push-push e os push-pull. Empurra-empurra – Push-push Para subir ou descer os vidros, o motorista ou passageiro precisa apertar os interruptores. Esse tipo de interruptor deve ser montado em superfície bem inclinada. Se montado em superfícies pouco in- clinadas ou paralelas ao solo, ele pode causar acidentes, especialmen- te em crianças e animais, pois estes costumam se apoiar no interrup- tor de subida da janela e podem prender parte do corpo entre a janela e o quadro da porta. Em superfície bem inclinada, essa possi- bilidade é extremamente minimizada. A Figura 17 mostra algumas peças desse conceito. Figura 17. Empurra-puxa – Push-pull Para subir a janela, o interruptor deve ser puxado. Para descer a janela, o interruptor precisa ser pressionado. Além de mais seguro, esse sistema é mais intuitivo à operação e mais atraente do ponto de vista do design. É, atualmente, uma ten- dência mundial. A Figura 18 mostra algumas peças desse conceito. ElEtrônica Embarcada 61 Figura 18. Apesar de se explorar cada um dos sistemas de forma indepen- dente, geralmente, em especial no Brasil, eles são montados em con- junto, no mesmo veículo. A Figura 19 ilustra um exemplo de como os componentes principais desses três sistemas ficariam distribuídos pelo veículo, cada qual ligado ao seu módulo eletrônico de controle. Figura 19. Farol Farol Lanterna Lanterna Iv an N av ar ro S ar de lla /G lo ba lte c SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 62 Outros sistemas automotivos Os sistemas até aqui apresentados são os comumente encontrados atualmente. Entretanto, muito ainda deve ser analisado quando se pensa em eletrônica embarcada automotiva. A seguir, serão aborda- dos, resumidamente, alguns dos demais sistemas de eletrônica em- barcada utilizados atualmente pelas montadoras de veículos ao redor do mundo. Sistema de áudio para o banco traseiro – Rear Seat Audio (RSA) Normalmente localizado na parte traseira do console central, a unidade de sistema de áudio para ocupantes traseiros possui entrada para fones de ouvidos e controle de sintonia de emissoras e volume independentes. Enquanto o motorista e o passageiro dianteiro escutam músicas ou notícias pelos alto-falantes do veículo, os passageiros traseiros podem se divertir ouvindo, com o uso de fones, outras emissoras. Figura 20. ElETrÔNICA EMBArCADA 63 Sistema de dados para rádio – Radio Data System (RDS) Trata-se de um sistema de transmissão e recepção de dados para equipamentos domésticos e automotivos. As informações transmi- tidas pelo RDS abrangem uma ampla gama, que vai desde propagan- da comercial à utilidade pública, como o alerta de trânsito. Além das informações que os usuários de alguns receptores de FM podem acessar, espontaneamente e sem custo, em alguns casos o sinal de RDS pode alterar a configuração do rádio. Para tanto, o receptor deve possuir a capacidade de receber e processar os dados enviados por RDS. O RDS é fundamental na transmissão de informação e programas nas faixas de FM, de 87 MHz a 108.0 MHz. Seu objetivo é aumentar a funcionalidade do receptor de rádio, tornando-o mais amigável, por meio da transmissão de identificadores de programação e pro- gramas de serviço. Figura 21. Divisor de frequência (1187.5Hz) Decodificador BI-Fásico Receptor AM-FM RDS Demodulador estéreo e de ênfase Processadores de áudio e amplificador Direito Esquerdo Sinal MPX-FM Decodificador Diferencial FPB 2.4KHz FPF 57KHz Sincronismo Oscilador 57KHz Recuperação da portadora Informação RDS recuperada Processador do rádio Acionador do display do rádio Display Mixer SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 64 Sistema de rastreamento − Tracking system (TRACK) Sistemas como este têm sido fortemente solicitados pelas empre- sas seguradoras. Seu objetivo principal é monitorar, em tempo real, a localização do veículo. Várias são as formas de rastrear um veículo. A mais utilizada é por meio de receptores GPS. A comunicação do sistema com a cen- tral de monitoramento pode ser feita via: • Telefone celular Comunicação do veículo com a rede de telefonia celular da região, por meio de um transmissor celular do módulo de rastreamento. • Radiofrequência Comunicação do veículo com uma rede de antenas instaladas pela cidade. Alguns sistemas de rastreamento agregam funções adicio- nais, como piscar as setas e tocar a buzina a distância, para que o proprietário encontre com facilidade o veículo em um estacionamen- to, por exemplo, ou como bloquear a partida ou cortar a injeção de combustível, caso o veículo seja furtado e a central avisada. Figura 22. ElETrÔNICA EMBArCADA 65 Sistema de navegação – Navigation system (NAV) Ainda pouco utilizados no Brasil, esses sistemas têm sido ampla- mente comercializados na América do Norte e na Europa. A função básica de um sistema de navegação é, de fato, indicar o melhor ca- minho ao motorista, mediante aseleção de um endereço. Por meio de frases curtas e um display, utilizando mapas ou simplesmente setas, o caminho é, passo a passo, informado ao motorista. Alguns sistemas agregam outras funções, como, por exemplo, uma lista de pontos de interesse (points of interest – POI), em que o motorista seleciona uma categoria específica (hotéis, por exemplo) ou diretamente o nome de uma loja conhecida. Figura 23. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 66 Assistente de estacionamento – Parking Assistant System (PAS) Por meio de sensores instalados nos para-choques, um módulo eletrônico de controle e uma sirene instalada no compartimento dos passageiros, o PAS auxilia o motorista na realização de manobras de estacionamento. Em geral, os sensores trabalham com a transmissão e a recepção ultrassônica. Os sinais de sensores são enviados ao módulo eletrôni- co, que os processa e decide pelo acionamento ou não da sirene, as- sim como a modulação da frequência com que a sirene deve operar para passar a correta impressão de aproximação ou distanciamento do obstáculo ao motorista. Figura 24. ElEtrônica Embarcada 67 Entrada passiva e ignição por interruptor – Passive Entry Passive Start (PEPS) Um veículo equipado com esse sistema possui antenas instala- das nas portas, na parte traseira, na parte dianteira e no seu inte- rior. A função delas é monitorar o contorno do veículo e identifi- car o momento em que o controle remoto de abertura das portas se aproximar. Quanto o controle remoto é detectado nas proximi- dades do veículo, automaticamente a porta mais próxima dele ou a tampa do porta-malas é destravada. Essa é a porção “entrada passiva” do sistema PEPS. A parcela “ignição por interruptor” permite que o veículo seja ligado com o simples apertar de interruptor, localizado no painel de instrumentos, após a colocação de um cartão de identificação em algum leitor de transponder − também localizado no painel. Figura 25. Regulagem automática de altura dos faróis – Automatic Headlamp Leveling (AHL) Um sensor instalado na parte traseira do veículo identifica alte- ração na inclinação da carroçaria, por exemplo, em função da colo- cação de bagagem no porta-malas. Com o valor da inclinação provocada, o sistema pode atuar no posicionamento das lâmpadas dos faróis, ajustando-as, para que o feixe de luz permaneça sempre na posição ideal de operação. SISTEMA DE CoNForTo E CoNvENIêNCIA 68 Iluminação – Adaptive Forward Lighting (AFL) Esse sistema identifica a situação do condutor no veículo, como o acionamento de setas e o movimento sobre o pedal do acelerador, por exemplo, e ajusta, em função dessas informações, a altura e a abertura dos feixes dos faróis, garantindo ao motorista a melhor con- dição de iluminação. Exemplos • Se o veículo estiver em uma autoestrada, em alta veloci- dade, o feixe é ajustado para iluminar vários metros à frente do veículo. • Se o veículo estiver em uma rua ou avenida, em média velocidade, o feixe é ajustado com o melhor ajuste entre alcance e abertura. • Se o veículo estiver parado em cruzamento e a seta para a direita for acionada, boa parte do feixe de luz é direcio- nada para a direita, facilitando a visualização de parte da rua na qual se deseja entrar. A Figura 26 mostra a dife- rença entre um sistema convencional e um sistema equi- pado com a função AFL. Figura 26. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c ElEtrônica Embarcada 69 Controle de cruzeiro adaptativo – Adaptive Cruise Control (ACC) É a automatização da função controle de cruzeiro (ou piloto au- tomático). Na função piloto automático, o condutor pode ajustar a velocidade com que o veículo deve viajar, sem que o acelerador pre- cise ser continuamente pressionado. Para desligar a função, o moto- rista precisa, por exemplo, pressionar o pedal do freio. Caso a função ACC esteja disponível em um veículo “A”, o piloto automático pode ser imediatamente desligado e os freios ABS acio- nados, caso o sensor do sistema, instalado na frente do veículo, de- tecte uma frenagem e a consequente aproximação do automóvel logo à frente do veículo “A”. Esse é um sistema de segurança que minimi- za as chances de uma colisão, especialmente em autoestradas. Sistema de monitoramento da pressão dos pneus – Tire Pressure Monitoring System (TPMS) Sensores instalados dentro dos conjuntos roda-pneu monitoram continuamente a pressão dos pneus. Caso alguma anormalidade seja detectada, os sensores informam ao módulo de controle, por meio de um link de comunicação de radiofrequência (RF), que avisa o motorista. Essa função já é requisito legal nos Estados Unidos e, em alguns anos, será requisito legal também na Europa. 4. Multiplexagem Funcionamento Arquitetura da rede Rede CAN (Controller Area Network) Protocolo VAN (Vehicle Area Network) Arquitetura completa com rede multiplexada Central de processamento das informações na rede Diagnóstico de falhas no sistema multiplexado Multiplexagem é um método inteligente de comunicação, que potencializa as trocas de informações entre os sistemas eletrônicos dos automóveis. Ele já existia nas redes telefônicas, televisão, rádio e aviação. Com o aumento da segurança, conforto e sofisticação, os veícu- los atuais contam com acessórios ultramodernos, como faróis e lim- padores de para-brisa que ligam sozinhos e outros tantos opcionais eletrônicos. Por isso é necessária a utilização de vários fios e cone- xões elétricas que interliguem esses elementos. Para solucionar esse problema, as montadoras passaram a desen- volver a eletrônica embarcada de seus veículos com base em um sistema denominado multiplexagem. Esse sistema é capaz de fazer a ligação e interação entre os diversos componentes eletrônicos do ve- ículo, reduzindo, assim, o número de cabos e conexões elétricas. Foi por esse motivo que a engenharia automobilística buscou a multiplexagem a fim de reduzir o custo de produção (tomando-se como base um veículo luxuoso atual, ele tem mais de 40 kg de cobre ElEtrônica Embarcada 71 em fios e cerca de 15% de seu custo vem de sua arquitetura eletroe- letrônica) e de otimizar o espaço do veículo para a implantação dos sistemas e cabos elétricos. Além disso, a multiplexagem possibilita aumentar a confiabilidade dos produtos e facilitar ao reparador o diagnóstico de falhas e reparação dos sistemas. Com os projetos eletrônicos embarcados desenvolvidos a partir da multiplexagem, foram reduzidos, em média, de 2.500 m para 1.000 metros a quantidade de fios de um veículo, em comparação ao seu antecessor sem rede de multiplexagem. Funcionamento Multiplexagem significa transmitir simultaneamente duas ou mais informações por uma única via, neste caso, por meio de fios. Como a multiplexagem é baseada nesse compartilhamento de infor- mações, ocorre uma redução considerável na quantidade de fios, sensores, conectores, unidades de comando etc., permitindo, assim, evoluções no âmbito da eletrônica embarcada. Fazendo uma analogia com a internet, para buscar uma informa- ção em um determinado site, o internauta deverá possuir meios fí- sicos (computador, linha telefônica), acesso a um provedor e também um código de acesso, chamado de endereço eletrônico. Em um veí- culo, a rede multiplexada está interligada por meio de uma central eletrônica, que processa e difunde as informações na rede (essa cen- tral possui diversas denominações, de acordo com a montadora) que são provenientes de sensores, atuadores e unidades de comando. Todas as informações que circulam pela rede multiplexada estão na forma digital, ou seja, em código binário. A central eletrônica 72 MulTIPlExAgEM pode ser comparada com o provedor da internet. As informações que chegam às unidades de comando (internauta) são codificadas, po- dendo ser comparadas ao endereço eletrônico da internet. É como se as unidades de comando acessassem as informações de um sensor (site) por meio da central eletrônica (provedor da internet) e as redes propagassemo código digital (endereço eletrônico). Na Figura 1, um exemplo de rede multiplexada, tem-se um único cabo chamado de bus de dados, composto por dois fios. Um bus de dados compõe uma rede. Figura 1. No sistema eletroeletrônico de um veículo pode existir apenas uma rede ou várias redes interligadas, de acordo com a montadora, sendo denominadas: • VENICE (Vehicle Network with Integrated Control Eletronics) – veículos Fiat, da família Palio, Doblò, Idea. • FLORENCE – veículos Fiat, da família Stilo. • Rede CAN BUS ou Sistema Gateway – veículos Volkswagen, como Golf, Passat, Bora, New Beetle, Polo. • Na Peugeot, Citroën, Renault, GM, Ford, a rede é basicamen- te denominada de multiplexada. Cabos da rede Aprox. 0 V Aprox. 5 V ElETrÔNICA EMBArCADA 73 No entanto, o que realmente nos interessa é entender o sistema e diagnosticar falhas, pois essas denominações variam muito entre as montadoras. As vias de comunicação da rede multiplexada podem ser de fios de cobre, fibra óptica, ondas de rádio etc., por onde trafegarão sinais elétricos (tensão, corrente), ondas eletromagnéticas ou luz. Para que ocorra comunicação entre todos os elementos da rede multiplexada, é necessário gerar uma linguagem de comunicação comum denominada Protocolo de Dados. O Protocolo de Dados, ou Protocolo de Comunicação, define to- das as regras de comunicação de dados entre os equipamentos. Essas regras são: o modo de transmissão (analógico ou digital), o tipo de código, o endereço, a ordem de transmissão, a detecção de erros, prioridade de informações. O protocolo é gerado a partir de uma combinação de bits. Cada bit pode assumir um estado lógico de cada vez, sendo “0” para desligado ou “1” para ligado. Um exemplo de como é gerado um estado lógico de operação é o interruptor do pedal de freio, que serve para acender ou apagar a luz sinalizadora, isto é, pode adotar apenas dois estados operacionais distintos: ligado (1) ou desligado (0). Figura 2. 74 No caso do Protocolo de Comunicação, o funcionamento é, ba- sicamente, da mesma forma. As unidades de comando ligadas à rede também podem gerar dois estados operativos de um bit para a difu- são de uma ou mais informações na rede. A unidade de comando que lança a informação na rede conecta 5 V em uma das vias do bus de dados na área de rede (essa tensão pode variar de acordo com o tipo de rede e sua configuração ope- racional). Figura 3. A unidade de comando que lançou a informação na rede conec- ta 0 V simultaneamente na outra via de comunicação do bus de dados na área de rede (essa tensão pode variar de acordo com o tipo de rede e sua configuração operacional). Figura 4. 5 V 5 V 0 V 0 V MulTIPlExAgEM ElEtrônica Embarcada 75 Nessa forma de comunicação de dados, são asseguradas a trans- missão, a recepção e a emissão das informações, mesmo na ausência de uma via de comunicação. O bus de dados é constituído por dois fios entrelaçados entre si, para evitar fontes parasitas na rede e asse- gurar a operação do sistema no caso de pane em um dos cabos. Da mesma forma que é possível determinar o estado operacio- nal de um circuito da luz de freio, podem-se transmitir informações por meio de dois ou mais bits unidos, sendo que, com dois bits, obtém-se quatro diferentes variáveis; com três bits, têm-se oito va- riáveis; e assim por diante. A cada variável, pode-se assinalar uma informação específica, com caráter formal para todas as unidades de comando. Atualmente, os sistemas multiplexados operam em uma veloci- dade de transmissão de dados de: Rede CAN de alta velocidade (CAN High Speed Intersystems) – 500 Kbits/s Essa rede estabelece comunicação entre sistemas de segurança do veículo, como sistema de gerenciamento do motor, ABS, ESP, caixa de velocidades automática, suspensão ativa e sistema de direção ele- troeletrônico. Rede CAN de baixa velocidade (CAN Low Speed) – 125 Kbits/s Essa rede pode estabelecer comunicação entre sistemas ligados ao conforto do veículo como: climatização, sistema de áudio, eleva- dor de vidros, teto solar, bancos eletroeletrônicos e painel de instru- mentos. Também pode ser configurada para comunicar-se entre sistemas ligados à carroçaria do veículo, como: sistema de airbag, 76 alarme antifurto, sensor de chuva e luminosidade etc. Sendo, neste caso, o veículo dotado de rede CAN Carroceria e CAN Conforto. Linha K – 10,4 Kbits/s Essa rede estabelece comunicação com o aparelho de diagnóstico pelo conector OBD II. Permite apenas a comunicação com equipa- mentos ligados ao programa antipoluição OBD II e com alguns sis- temas de segurança do veículo, como sistema de gerenciamento do motor e caixa de velocidades automática, ESP, ABS, airbag (o critério depende da montadora). Rede VAN (Vehicle Area Network) – 125 Kbits/s Esta rede pode estabelecer comunicação entre sistemas ligados ao conforto do veículo como: climatização, sistema de áudio, elevador de vidros, teto solar, bancos eletroeletrônicos, painel de instrumentos. Também pode ser configurada para comunicar-se entre sistemas liga- dos à carroçaria do veículo como: sistema de airbag, alarme antifurto, sensor de chuva e luminosidade. Neste caso, o veículo é dotado de rede VAN Carroceria e VAN Conforto. Essas redes foram desenvolvidas pela PSA e são aplicadas nos veículos Peugeot e Citroën mais antigos. Os veículos atuais da maioria das montadoras se utilizam do sistema CAN da Bosch. MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 77 Arquitetura da rede Uma rede multiplexada, dependendo da sua aplicação, poderá ter até centenas de módulos conectados. O valor máximo para a conexão de módulos em um bus de dados depende da norma que se utiliza em dada aplicação. Outra característica de determinadas aplicações fundamentadas em redes multiplexadas é que estas poderão ter duas ou mais redes traba- lhando, cada qual em uma velocidade diferente. Os dados são transfe- ridos de uma rede para a outra por meio de unidades de comando centrais, que atuam nas duas redes. Essas unidades variam de nomen- clatura de acordo com a montadora. Figura 5. Rede CAN (Controller Area Network) A rede CAN Bus foi desenvolvida pela empresa alemã Robert Bosch e disponibilizada em meados dos anos 1980. Sua aplicação inicial foi realizada em ônibus e caminhões. Atualmente, é utilizada na indústria, em veículos automotivos, navios e tratores, entre outros. Controle do motor Central de travas Painel de instrumentos ABS A/C Vidro elétrico TerminadorTerminador Alta velocidade Baixa velocidade 78 O protocolo CAN é um protocolo de comunicação serial síncro- no. O sincronismo entre os módulos conectados à rede é feito em relação ao início de cada mensagem lançada à rede (evento que ocor- re em intervalos de tempo conhecidos e regulares). Esse protocolo é baseado no conceito multimestre, no qual todos os módulos podem se tornar mestres em determinado momento e escravos em outro, além de suas mensagens serem enviadas em regime multicast, carac- terizado pelo envio de toda e qualquer mensagem para todos os mó- dulos existentes na rede. Outro ponto forte desse protocolo é o fato de que todos os mó- dulos verificam o estado da rede, analisando se outro módulo está ou não enviando mensagens com maior prioridade. Caso isso seja percebido, o módulo cuja mensagem tiver menor prioridade cessará sua transmissão e o de maior prioridade continuará enviando sua mensagem a partir desse ponto, sem ter de reiniciá-la. Figura 6. Para utilização do protocolo CAN em aplicações de eletrônica em- barcada, foi escolhido um par de condutores entrelaçados, denomina- dos bus de dados. Desta forma, evitam-se emissões eletromagnéticas CVAABSSUS CSI ECM MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 79 perturbadoras procedentes do próprio cabo do bus de dados ou de outras fontes existentes no veículo como: • circuitos de potência; • centelhas; • telefone celular; • emissões de rádio. Figura 7. Cada um dos fios do bus de dados tem níveis lógicos diferentes,denominados CAN – High e CAN – Low e, por isso, a soma das tensões é constante em qualquer momento e elas se anulam mutua- mente, minimizando os efeitos eletromagnéticos de ambos os cabos do bus de dados. Aprox. 5 V Aprox. 0 V 80 Figura 8. Figura 9. UCAN-H – UCAN-L ≥ 2 V ➞ Bit 0 UCAN-H – UCAN-L = 0 V ➞ Bit 1 CAN-H CAN-L Tempo Bit a 1 1,5V 2,5V 3,5V U U U S Bit a 0 Parasita Data Data B Data B Data A Sinal “filtrado” tBSI007D S = A – B S MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 81 Interface de multiplexagem Em uma rede multiplexada, é integrada à unidade de comando uma interface de multiplexagem. Essa interface está conectada ao bus de dados e ao processador da unidade de comando. A interface de multiplexagem é composta de dois elementos: • controlador de protocolo; • interface de linha. Figura 10. O controlador de protocolo, além de transmitir informações gerenciadas pela unidade de comando para os bus de dados, tam- bém recebe informações provenientes do bus de dados e decodifi- ca para a unidade de comando. O controlador de protocolo pode ser integrado em um processador específico. A interface de linha tem por função a recepção e a transmissão das mensagens sobre o bus de dados. entradas saídas Processador Unidade de comando Controlador de protocolo Interface de linha Bus de dados Interface Multiplexagem 82 Figura 11. A recepção das mensagens feita pela interface de linha utiliza um comparador que realiza a medida da diferença de tensão entre os bus de dados. • Se a tensão CAN_H > tensão CAN_L → S = 0. • Se a tensão CAN_H = tensão CAN_L → S = 1. Figura 12. Interface de linha Filtro Can-L Bus Tx R0 Recepção Transmissão Can-H CAN-H CAN-L R R S A B S = A ≥ B – + MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 83 Figura 13. Além disso, a interface de linha recebe a mensagem proveniente do controlador de protocolo, que deve ser transmitida à rede por meio da CAN_H e CAN_L. Figura 14. U CAN-H U CAN-L S 0 1 0 0 t t t 1,5V 1,5V 2,5V 2,5V 3,5V 3,5V Transmissão de dados Tx (controlador de protocolo) U U U t t t 010011 101100 010011 +5V +5V 84 Os componentes multiplexados funcionam como uma rede de computadores e estão continuamente atualizando as informações dos diversos sistemas ligados à rede. Portanto, mesmo após a chave de ignição ter sido desligada, as unidades de comando continuam atua lizando as informações, rastreando falhas, gravando estado au- toadaptativo dos sistemas e adotando estratégias para a próxima ativação do sistema. Isso é realizado por volta de 5 minutos após a chave de ignição ser desligada (estratégia que pode variar de acordo com a montadora e o sistema). Pode-se dizer então que, durante o funcionamento do veículo e nesse período após o seu desligamento, a rede está ativa. Após esse período, diz-se que a rede está em repouso. A rede pode ser “despertada”, por exemplo, pela desativação do alar- me antifurto do veículo. Neste momento, a rede entra em funciona- mento e começa a emitir e buscar dados entre as unidades de comando. Por isso é muito importante tomar cuidado ao desligar a bateria de um veículo multiplexado. É preciso esperar, pelo menos, cerca de 15 minutos após a chave de ignição ter sido desligada e nenhum componente eletroeletrônico do veículo ser ativado. Isso garante que a rede multiplexada está em repouso. É como desligar o computador: um procedimento deve ser seguido para que nenhuma informação seja perdida. Formato da mensagem de comunicação As informações provenientes das unidades de comando interli- gadas à rede CAN são compartilhadas na linha de comunicação. A codificação das informações é digital, a transmissão de dados é serial e existe uma estratégia de gerenciamento de prioridades na difusão das informações na rede. MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 85 O controlador de protocolo é o responsável por transformar as informações provenientes da unidade de comando em mensagem de comunicação a ser transmitida na rede CAN, e transformar, também, a mensagem de comunicação proveniente na rede em informação para a unidade de comando. Por isso, essa mensagem de comunica- ção que transita pela rede precisa ser padronizada, para que todas as unidades de comando ligadas à rede saibam o conteúdo da informa- ção. Uma mensagem de comunicação é composta por oito campos, sendo cada um deles formado por um ou vários bits, dependendo da função de cada um dos campos da mensagem; nela podem existir dois níveis lógicos (bit 0 – nível lógico baixo – bit dominante e bit 1 – nível lógico alto – bit recessivo). Figura 15. Campo de início de mensagem Nesse campo, encontra-se o símbolo indicativo do início de uma mensagem. Ele é formado por um único bit e sempre se inicia por bit dominante. É utilizado para sincronizar automaticamente os re- ceptores dos módulos. Identificador de início de trama Campo de identificação Campo de comando Campo de dados Campo de verificações de dados Campo de regularização Campo separador Campo de fim de trama Bit RTR 86 Figura 16. Campo de identificação de arbitragem O campo de identificação indica a quem se destina a mensagem. Esse campo é composto por 12 bits, os quais podem ser separados em 11 + 1. Os 11 primeiros bits servem para indicar a quem se des- tina a mensagem, assim como um endereço postal, e também servem como arbitragem, no caso de dois emissores comunicarem-se ao mesmo tempo. O último bit é sempre do tipo dominante (0) e per- mite a um módulo chamar outro módulo para envio de dados neces- sários naquele momento. Figura 17. Bus livre Bit dominante em início Start Recessivo (1) Pedido Dominante (0) Dados 1 0 S 1 1 1 0 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Identificador MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 87 Os módulos conectados ao barramento podem querer iniciar o envio das mensagens ao mesmo tempo. Isso gera um conflito na prio- ridade de acesso ao barramento. Para evitar conflitos, o procedimento definido para acesso ao bar- ramento tem sempre que ser executado por todos os módulos, em qualquer circunstância. O que ocorre é que cada módulo permanece à escuta, enquanto faz sua própria transmissão. O módulo, então, coloca um bit no barramento e logo após o lê e o compara com o que enviou. Se forem iguais, está tudo bem, e o módulo continua com a transmissão do próximo bit. Mas, se forem diferentes, é indicativo de que existe algum problema. Figura 18. Campo de comando O campo de comando é composto por seis bits, sendo os dois primeiros reservados a uma futura evolução do protocolo CAN. Já os quatro últimos permitem codificar o número de bytes de dados contidos no campo seguinte (campo de dados). Início Identificador Emissão interrompida Estação 1 Estação 2 0 bus Estado 1 recessivo Estado 1 recessivo Estado 0 dominante Estado 0 dominante t 88 Figura 19. Campo de dados No campo de dados, os dados são transmitidos sob a forma de bytes. Esse campo tem de 0 a 8 bytes de dados, com o bit mais signi- ficativo no início e o menos significativo colocado no fim. Figura 20. Campo de controle de validade de sistema O campo de controle permite verificar a validade da mensagem e se os dados não foram alterados. Esse campo é constituído por duas partes: Estado de bytes de código de tamanho Número de bytes do campo de dados Campo de dados de 0 a 8 bytes Bit no 1 Bit no 4 Bit no 3 Bit no 2 Bit no 1 Bit Res 2 Bit Res 1 0 0 0 0 0 0 4 1 0 0 0 2 0 1 0 0 6 1 1 0 0 1 0 0 1 0 5 1 0 1 0 3 0 1 1 0 7 1 1 1 1 8 0 0 0 Bit no 2 Bit no 3 Bit no 4 Bit de peso forte Bit de peso fraco 1o Byte 2o Byte no Byte MulTIPlExAgEM ElETrÔNICA EMBArCADA 89 • Código de verificações – possui um tamanho de 15 bits e é calculado pelo emissor a partir dos bits contidos na totalidade da mensagem. O receptor faz um cálculo idêntico, a partir dos dados que ele recebe. Se um ou mais bits são parasitados,
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