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AUTOMOTIVA Injeção eletrônica de motocicletas Injeção eletrônica de m otocicletas 9 788583 933809 ISBN 978-85-8393-380-9 Paulo José de Sousa Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Injeção eletrônica de motocicletas Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sousa, Paulo José de Injeção eletrônica de motocicletas / Paulo José de Sousa. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 280 p. : il Inclui referências ISBN 978-85-8393-380-9 1. Motocicletas – Manutenção e reparo 2. Motocicletas – Equipamento elétrico I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 629.2275 Índice para o catálogo sistemático: 1. Motocicletas – Manutenção e reparo 629.2275 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br Injeção eletrônica de motocicletas AUTOMOTIVA Paulo José de Sousa Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional se multiplicam e, sobretudo, se diversificam. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firmemente o conceito de “educação ao longo de toda a vida” oferecendo, modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e às prio- ridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração, como os cursos de Apren- dizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especiali- zação Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário Introdução 15 1. A evolução do controle da ignição 17 Platinado 17 2. Diferenças entre a injeção eletrônica de combustível e o carburador 21 Composição do sistema de alimentação a carburador 21 Definição de injeção eletrônica 22 A importância do diagnóstico de defeitos 23 Componentes 25 3. Baterias MF – livre de manutenção 28 Ativação e instalação 29 Partida do motor com bateria auxiliar 32 4. A influência da bateria no sistema de ignição e injeção eletrônica 33 Equilíbrio elétrico 34 Cuidados na instalação da bateria 34 Motocicletas equipadas com freio ABS e outras tecnologias 35 Atitudes que causam descarga da bateria 36 Sulfatação da bateria 36 Autodescarga da bateria 37 5. Unidades e módulos – ECU/ECM 41 Autodiagnóstico 42 6. Circuitos principais da unidade 45 Circuito de entrada e saída de sinal 45 Módulo de comando 45 Circuito suplementar 45 7. Outras ações do módulo do motor 47 Corte do combustível nas acelerações excessivas e desacelerações 47 Reparos da ECU/ECM 48 Módulos com chave codificada e sistema imobilizador 48 Configuração e reconfiguração das centrais 49 8. Gerenciamento da injeção eletrônica e ignição 50 Grupo de sensores 51 9. Módulo de controle do motor (ECM) 52 Procedimento de remoção do ECM 53 10. Linha de raciocínio de diagnóstico em módulos do sistema de injeção eletrônica (PGM-FI) 54 Conector do ECM – 33 pinos 54 11. Ferramentas e diagnósticos 59 Scanner 61 Teste dos atuadores 75 Verificando os defeitos memorizados 76 Modo de ajuste de CO 78 Procedimento de remoção da ferramenta de diagnósticos 80 12. Diagnósticos do sistema de injeção eletrônica programada PGM-FI 84 Levantamento dos códigos de defeitos 85 Ferramenta de diagnósticos – dispositivo de testes 33p 88 Scanner multimarcas 90 13. Bomba de combustível – sistema in-tank 91 Linha de combustível 92 Filtro de combustível externo 93 Pressão da linha de combustível 95 Amortecedor de pulsação 95 14. Diagnóstico da pressão de combustível 97 15. Localização e estrutura da bomba de combustível 99 16. Instalação do manômetro de pressão de combustível 103 17. Acionamento da bomba de combustível 104 18. Dispositivos de ajuste de marcha lenta 106 Partida a frio 107 Enriquecimento da mistura ar/combustível 108 19. FID (Fast Idle) 109 Funcionamento da válvula FID 110 Diagnósticos da válvula FID 112 Falhas nas vedações FID 113 20. Ajuste da rotação do motor 115 Ajuste da marcha lenta nas motocicletas Fazer/Lander 250cc 115 Ajuste da marcha lenta nas motocicletas XT 660cc 116 Ajuste de marcha nas motocicletas modo automático 118 Idle Air Control Valve (IACV) 118 Causas de falhas na rotação de marcha lenta 130 Sintomas de mau funcionamento do motor 131 21. Injetor de combustível 133 Características 135 A importância da substituição dos reparos do injetor 138 22. Falhas no funcionamento da motocicleta 140 Panes elétricas do injetor 140 Panes mecânicas do injetor 141 23. Diagnósticos no injetor de combustível 142 Diagnósticos com o auxílio de um multímetro 142 Diagnóstico por meio da ferramenta de diagnósticos da injeção 143 Diagnóstico com estetoscópio 144 Diagnóstico pela pressão de combustível 144 24. Diagnóstico e limpeza do bico injetor com o auxílio de uma máquina 145 Vazão 146 Equalização 147 Formato do spray ou padrão de aspersão 147 Vedação ou estanqueidade 147 Limpeza 147 25. Bobina de ignição 149 Construção 150 Sintomas de falhas na bobina de ignição 150 Diagnósticos via painel da motocicleta 151 Diagnóstico por meio do scanner 151 Diagnósticos com o auxílio de um multímetro 153 Limpeza do histórico de defeitos memorizados na ECU 154 Avaliações preliminares aos diagnósticos propostos 155 26. Sensores 157 Unidade de sensores/sensor híbrido 158 Diagnóstico – sensor híbrido com o auxílio de um multímetro 162 Procedimento de desmontagem do corpo da borboleta 163 Procedimento de montagem do sensor híbrido 165 Pinos do ECM – unidade de sensores 167 Possível sintoma do sensor 167 Classificação da injeção 168 Permanência da injeção 168 Cuidados na lavagem da motocicleta 169 27. Procedimento de reinicialização da válvula da borboleta de aceleração 171 Recomendações 171 Reinicialização da válvula da borboleta de aceleração 172 Limpeza do defeito memorizado 175 28. Outras aplicações dos componentes da unidade de sensores individualizados 176 Sensor de temperatura do ar da admissão (IAT) 176 Sensor de pressão do ar da admissão (MAP) 177 Sensor de posição da borboleta (TPS) 179 29. Sensor de ângulo de inclinação do chassi 183 Funcionamento – motocicletas Fazer/Lander 184 Queda e código 185 Diagnósticos de defeitos 186 Causas de panes no funcionamento do sensor 187 Utilização da ferramenta de diagnósticos 187 30. Análise do sensorde inclinação do chassi – scooter Lead 110cc 188 Diagrama elétrico do sensor de inclinação do chassi 189 Diagnósticos de defeitos 191 Dicas para todos os tipos de sensores de inclinação do chassi 193 31. Sensor de temperatura do óleo do motor 194 Partida a frio 195 Estratégias de arrefecimento no motor superaquecido 196 Diagnósticos e códigos de falha 198 32. Sensor de temperatura do motor – motocicletas Titan/Bros 150cc 202 Autodiagnóstico do sensor EOT 202 Estratégia do ECM para a falta do sensor de temperatura do motor 202 33. Diagnósticos 204 Verificação da tensão (V) de entrada do sensor EOT 204 Verificação de curto-circuito no sensor de temperatura do motor 205 Verificação da resistência (Ω) no corpo do sensor de temperatura do motor 206 Possíveis causas de anomalias no funcionamento da motocicleta 207 34. Sensor de posição do virabrequim 210 Funcionamento 211 Diagnósticos 214 35. Sensor de oxigênio, ou sonda lambda 217 Descrição e funcionamento 219 36. Diagnósticos do sensor de oxigênio – sistema PGM-FI 226 Leitura de código de defeito 228 Verificação de curto-circuito na linha do sensor de O2 229 Verificação do sensor de oxigênio – aquecedor do sensor 231 Verificação do sensor de oxigênio – resistência do aquecedor 232 Limpeza do código de defeito memorizado 234 Causas de contaminação do sensor do oxigênio 235 37. Outros sensores e componentes da motocicleta 236 Sensor de pressão atmosférica 236 Sensor de velocidade 237 Análises do sensor 238 Interruptor GP – Gear Position 240 Interruptor do apoio lateral 240 Interruptor de freio dianteiro 241 Interruptor de freio ou embreagem 241 Relé de partida 242 38. Sistema PAIR ou sistema de indução de ar (IAS) 243 Funcionamento 244 Sintomas de possíveis falhas na motocicleta 245 Causas prováveis de falhas no dispositivo 245 39. Motocicleta bicombustível 247 Painel da motocicleta 248 Pane seca no sistema bicombustível 249 Programas do sistema bicombustível 250 Funcionamento 251 40. Manutenção no corpo da borboleta de aceleração – motocicletas Fazer/Lander 253 Descrição e funcionamento da FID 254 Limpeza do corpo de aceleração 257 Ajuste da marcha lenta 258 41. Manutenção no corpo da borboleta de aceleração – sistema PGM-FI 259 Procedimentos para a remoção do corpo da borboleta de aceleração – motocicletas Titan/Bros 150 260 Procedimentos para a desmontagem do corpo da borboleta de aceleração – motocicletas Titan/Bros 150 260 Limpeza do corpo da borboleta de aceleração 262 Montagem dos componentes no corpo da borboleta de aceleração 263 Sintomas que justificam a desmontagem e a limpeza do conjunto 263 42. Tabelas multimarcas de diagnósticos de piscadas 264 Lógica do funcionamento da luz “FI” da injeção eletrônica 271 Glossário 274 Referências 278 Introdução O sistema de injeção eletrônica de combustível colabora com a redução e o controle de emissões de poluentes despejados diariamente na atmosfera. Além de proporcionar muitas vantagens e benefícios, representa um grande avanço na tecnologia, possibilitando o bem-estar e a preservação do ambiente global. Este livro foi desenvolvido com base em uma coletânea de artigos relacionados ao tema da injeção eletrônica em motocicletas. A abordagem do assunto foi pensada para atender os reparadores profissionais e os que estão começando na profissão. A tecnologia aqui estudada está presente na maior parte da frota nacional de motocicletas. Há alguns procedimentos em forma de passo a passo nas principais marcas para possibilitar o desenvolvimento do raciocínio, facilitando o trabalho do dia a dia, assegurar o mais alto nível de qualidade nos serviços prestados e estabelecer a melhor relação possível com as novidades tecnológicas das motocicletas. Dessa forma, a capacitação e a atualização técnica são primordiais para o su- cesso na carreira do técnico em motocicletas, no intuito de alcançar a satisfação do cliente. O motor é uma máquina que converte a energia térmica proveniente da queima da mistura ar/combustível em energia mecânica (força motriz). O motor térmico realiza uma série de processos para converter a energia calorí- fica produzida pela combustão em trabalho mecânico. O motor térmico empre- gado na motocicleta é o motor de combustão interna de ciclo Otto. Na motocicleta, teoricamente, não há diferenças de estrutura entre os motores alimentados por injeção eletrônica ou a carburador. 16 INTRODUÇÃO No motor de combustão interna equipado com sistema de injeção eletrônica, o volume de admissão de ar depende de uma série de variáveis e de sua conserva- ção, assim como ocorre com o motor a carburador. O motor necessita de uma quantidade precisa de combustível para que seu fun- cionamento seja uniforme e produza a combustão completa. Os mecanismos que serão apresentados proporcionam ótimo controle do vo- lume de combustível injetado no motor em todas as condições de uso, porém, o volume de ar necessário para suprir as solicitações está sujeito às alterações constantes de massa e volume os quais não se tem controle. Algumas variáveis influenciam o volume e a massa do ar admitidos no motor. A pressão atmosférica, por exemplo, é derivada da massa do ar influenciada pelas grandes altitudes. Dependendo da pressão atmosférica, a quantidade do ar que é aspirado pelo motor varia, ou seja, quanto mais alto o local menor será a pressão atmosférica. A temperatura também influencia o ar, pois é um fluido que está sujeito à variação de densidade. À medida que a temperatura se eleva, a densidade do ar cai. Como consequência, a mistura enriquecerá pela redução do ar na proporção da mistura. A umidade do ar é outra variável que influencia o volume e a massa do ar do motor. A quantidade de água no ar é conhecida como umidade relativa do ar e, à medida que aumenta a umidade, diminui a massa de ar necessária para a mis- tura que alimenta o motor. Portanto, quanto maior for a umidade, menor será a concentração do ar disponível na formação da mistura. Nos motores equipados a carburador, as variáveis pressão, temperatura e umida- de exercem alterações profundas no funcionamento, no consumo e nas emissões de poluentes. As oscilações citadas fazem que o carburador necessite frequente- mente de regulagens para assegurar o seu bom funcionamento. No sistema de gerenciamento eletrônico de combustível, o módulo do motor, por meio do monitoramento dos sensores, e os valores de temperatura e pressão fornecerão parâmetros suficientes para o cálculo do volume de combustível e o tempo de ignição, com o objetivo de assegurar uma mistura perfeita em qualquer condição normal de uso. 1. A evolução do controle da ignição Platinado As primeiras motocicletas nacionais tinham a ignição controlada por um in- terruptor mecânico, o famoso platinado. Um came era utilizado para fazer o interruptor abrir; nesse momento, a tensão elétrica concentrada em um conden- sador era descarregada na bobina de ignição e, posteriormente, chegava até a vela de ignição. O componente apresentava como deficiência o desgaste mecânico de seus contatos e das demais partes, fazendo que a ignição ficasse fora do ponto, comprometendo o funcionamento do motor. Platinado 1. Superfícies de contato (platina) 2. Parte negativa 3. Mola 4. Braço, parte positiva 5. Ponto de contato com o came de abertura – baquelite 3 2 1 5 4 Figura 1 – Interruptor mecânico – platinado. 18 A EVOLUÇÃO DO CONTROLE DA IGNIÇÃO Nos motores monocilíndricos OHV e nos motores de dois tempos, o acionamen- to do came do platinado era dado por meio do virabrequim. Nos motores OHC monocilíndricos, o acionamento do platinado era dado por meio de um came ligado ao comando de válvulas. Desvantagens A resistência elétrica pode ser alterada em razão dos desgastes das superfícies, depósitos de sujeira e outras incrustações localizadas nas áreas de contato. Esses elementos podem influenciar diretamente o funcionamento do motor, alterando a condição e otempo da faísca na vela de ignição. A manutenção consiste em ajustar a folga e efetuar a limpeza dos contatos. A. Volante magnético B. Ímãs C. Platinado D. Condensador E. Bobina de campo F. Interruptor G. Bobina de ignição H. Vela de ignição A B B C D B B E F G H Figura 2 – Diagrama elétrico do sistema de ignição a platinado. Funcionamento O volante magnético é equipado com ímãs permanentes. O movimento dos ímãs ao redor da bobina de campo produz uma corrente alternada, que é induzida na bobina. Por sua vez, o platinado é acionado pelo came do volante em sincronismo com o pistão, que está próximo ao ponto morto superior (PMS). Nesse momento, uma tensão (V) chega ao primário da bobina de ignição; na sequência, a tensão é ampliada, produzindo faísca na vela de ignição. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 19 Finalmente, o interruptor mecânico promove o fornecimento de corrente elétri- ca para o enrolamento primário da bobina de ignição, desligando ou ligando, e causando a autoindução. As motocicletas de médio e grande portes utilizavam um sistema em que a tensão era fornecida pela bateria. Sistema a CDI Com o passar do tempo, a ignição teve significativa evolução ao adotar o uso do CDI, cuja sigla significa ignição por descarga capacitiva. O mecanismo era alimentado pela tensão alternada vinda de um conjunto de bobinas (estator); como vantagem, era obtido um controle melhor da ignição e uma faísca mais forte na vela. O sistema não tinha contato mecânico, eliminando de vez os desgastes apre- sentados pelo mecanismo anterior, porém apresentava como desvantagem a alimentação por tensão alternada, que dependia da rotação do motor para gerar alta tensão no CDI AC. A deficiência foi superada ao adotar o CDI DC, que era alimentado pela tensão proveniente da bateria ou do sistema de carga da bateria, não dependendo mais da rotação do motor para produzir uma faísca forte na vela de ignição. O sistema CDI DC ainda é muito utilizado. Figura 3 – Módulo CDI (ignição por descarga capacitiva). Sistema controlado por um cérebro eletrônico (ECU) Com a adoção do sistema controlado por um cérebro eletrônico, que integra a ignição e a injeção de combustível, adequando o volume de injeção e o tempo de 20 A EVOLUÇÃO DO CONTROLE DA IGNIÇÃO ignição às necessidades do motor, houve um ganho significativo na economia de combustível e na redução das emissões de poluentes. Figura 4 – Módulo do motor – ECU (Unidade de Controle Eletrônico). 2. Diferenças entre a injeção eletrônica de combustível e o carburador Composição do sistema de alimentação a carburador Definição de injeção eletrônica A importância do diagnóstico de defeitos Componentes Composição do sistema de alimentação a carburador No sistema a carburador, o combustível geralmente chega até a cuba do carbura- dor pela força da gravidade, onde tem seu nível controlado por uma boia. O fluxo criado pelo movimento do pis- tão e a diferença da pressão de admissão (venturi variável) são responsáveis por atomizar a mistura do carburador e dosar o combustível do motor na quantidade solicitada, porém com pouca precisão. Figura 1 – Carburador a vácuo. 22 DIFERENÇAS ENTRE A INJEÇÃO ELETRÔNICA DE COMBUSTÍVEL E O CARBURADOR Definição de injeção eletrônica A injeção eletrônica é um sistema inteligente; nele há integração dos controles tanto para a ignição quanto para a injeção de combustível. A ECU, que é o cérebro eletrônico, faz o gerenciamento com base nos dados fornecidos pelos sensores e interruptores para assegurar o melhor funcionamento do motor em qualquer solicitação. Por meio de um sinal luminoso, o sistema informa quando há alguma anomalia em um dos componentes da injeção. O resultado é um melhor desem- penho, menor consumo de combustível e menor índice de emissões de poluentes. Vantagens e desvantagem do sistema de injeção eletrônica em relação ao sistema a carburador Vantagens • Redução de emissão de gases poluentes. • Melhor dirigibilidade da motocicleta em razão do melhor funcionamento do motor e da resposta na aceleração. • Facilidade de partida com o motor quente ou frio, não necessitando de afo- gador. • Maior economia de combustível e perfeito ajuste da mistura ar/combustível. • Melhor atomização do combustível, permitindo a utilização de coletores de admissão com o desenho adequado ao desenvolvimento de maiores torques e potências. • Composto de diversos sensores e atuadores que proporcionam a adequação da massa de combustível ideal nos diversos regimes de funcionamento do motor e que avaliam as condições ambientais. • Menor índice de manutenção, baixa sensibilidade ao congelamento, não so- frendo os efeitos da gravitação. Desvantagem • Maior custo dos componentes. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 23 A importância do diagnóstico de defeitos Durante a elaboração de uma análise, o reparador, seja ele profissional, seja iniciante, deve evitar as concepções prévias que justifiquem o mau funciona- mento da motocicleta. É um risco usar a intuição para solucionar um defeito. Serviço bem-feito requer pouca suposição, muito conhecimento, experiência e trabalho; portanto, o mecânico deve ter o hábito de analisar e eliminar a causa do problema reclamado. Os primeiros procedimentos a serem adotados para um diagnóstico dos defeitos no sistema de injeção eletrônica da motocicleta devem atuar sistematicamente nos sintomas irregulares e na identificação das possíveis causas. Se a pane apresentada for óbvia, a solução poderá ser rápida, sem inspeções mais detalhadas. No entanto, mesmo que os sintomas por vezes pareçam iguais, para um fenômeno de mau funcionamento há diversas causas potenciais. Sendo assim, cada reparo segue um processo, e a dificuldade será maior se não forem observados os procedimentos determinados pelos fabricantes das motocicletas. Resumidamente, os métodos de análises são baseados em três palavras que de- vem fazer parte da rotina diária de uma oficina: defeito, sintoma e causa (DSC). O sintoma normalmente é reclamado pelo cliente; o defeito é identificado pelo reparador de forma visual ou com o auxílio dos equipamentos em testes dinâ- micos ou estáticos. A detecção da causa é a etapa mais importante e complicada do trabalho, pois envolve processos detalhados para a elaboração do diagnóstico. Observação O reparador que apenas substitui peças, sem avaliar e eliminar a causa do problema, não consertou completamente a motocicleta, e a conse- quência disso será ter de refazer o serviço para um cliente insatisfeito e, provavelmente, sem paciência. Fluxograma de diagnósticos Com base em um sintoma de mau funcionamento informado pelo cliente, avalie a motocicleta. Se possível, deixe-a funcionando em ambiente arejado, com ven- 24 DIFERENÇAS ENTRE A INJEÇÃO ELETRÔNICA DE COMBUSTÍVEL E O CARBURADOR tilação forçada no motor e escapamento durante alguns minutos, até que ocorra o problema. Caso isso não aconteça, faça o teste de pilotagem, conduzindo a motocicleta durante algum tempo até que a pane reclamada ocorra. Os detalhes do problema devem ser coletados previamente em um breve relato feito pelo proprietário da moto. Saiba exatamente como e quando a falha ocorre, analise o sintoma e determine a provável causa. As possíveis falhas são o desempenho abaixo do esperado, o ruído no motor, as trepidações, o consumo excessivo de combustível etc. Defeitos intermitentes nem sempre aparecem, mas podem gerar códigos de falhas que ficarão armazenados no histórico da central eletrônica; alarmes e rastreado- res também podem influenciar o funcionamento do sistema. Usuário: reclamação da ocorrência do sintoma de defeito/mau funcionamento Reparador: constatação do sintoma do defeito via teste de oficina ou pilotagem Diagnósticos: defeito/causa Reparo: eliminação das causas, substituição de peças defeituosas e/ ou realização de ajustes de regulagens Scanner Multímetro/outros equipameantos Detecção do efeito:via código de piscadas, luz do painel da motocicleta Detecção do defeito: via sintoma de mau funcionamento Figura 2 – Diagnósticos no sistema de injeção eletrônica: defeito, sintoma e causa (DSC). INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 25 Componentes Embora os sistemas de injeção eletrônica sejam semelhantes entre si, as nomen- claturas dos componentes, adotadas pelas fábricas, são ligeiramente diferentes. A Tabela 1 auxilia a compreender os sistemas de injeção eletrônica das diferentes marcas. Tabela 1 – Multimarcas de componentes da injeção eletrônica de acordo com o fabricante da motocicleta Componentes do sistema de injeção eletrônica Nomenclatura/fabricante Honda Yamaha Dafra Kawasaki Kasinski Sensor de posição da árvore de manivelas/ virabrequim CKP Sensor de posição do virabrequim CKPS Sensor do virabrequim Bobina de indução U ni da de d e se ns or Sensor de posição da borboleta/sensor de posição do acelerador TP/TPS Sensor de posição do acelerador/ TPS TPS *TPS principal TPS secundário *TPS Sensor de temperatura do ar da admissão IAT Sensor de temperatura do ar da admissão IATS *TA *IAT Sensor de pressão do ar da admissão MAP Sensor de pressão do ar da admissão MAP/IAPS *PV *IAP Sensor de temperatura do motor EOT Sensor de temperatura do motor ETS TW – Temperatura do líquido de arrefecimento ET/ETS Sensor de oxigênio/ lambda Sensor de O2 Sensor de oxigênio Sensor de oxigênio Sensor de oxigênio Sistema de injeção eletrônica PGM-FI FI DCP-FI DFI EFI Unidade de controle eletrônico/módulo de controle do motor/ unidade de controle do motor, unidade de controle da injeção eletrônica ECM ECU ECU ECU ECU (continua) 26 DIFERENÇAS ENTRE A INJEÇÃO ELETRÔNICA DE COMBUSTÍVEL E O CARBURADOR Componentes do sistema de injeção eletrônica Nomenclatura/fabricante Honda Yamaha Dafra Kawasaki Kasinski Memória apenas de leitura programável e apagável eletricamente EEPROM/E2PROM SIM SIM SIM SIM SIM Luz de advertência de falha/anomalia/ luz indicadora FI/luz indicadora de mau funcionamento MIL FI FI FI FI A válvula de controle de ar que proporciona o fluxo de rápida marcha lenta NT FID IACV NT NT Válvula de controle do ar admitido/motor de passo/válvula de controle de ar IACV NT NT Válvula de controle de ar ISC Conector de diagnóstico DLC Conector de diagnóstico Conector de diagnóstico Terminal de autodiagnóstico Conector de diagnóstico Injeção de ar pulsativo secundário no sistema de escape PAIR Sistema de indução de ar ND Válvula de controle de ar secundária SAV Sensor de ângulo de inclinação do chassi/ sensor de queda BAS Sensor de ângulo de inclinação do chassi TOS Sensor de queda NT Interruptor de ângulo de inclinação do chassi/ tombamento NT NT NT NT RO NT 5 não tem. * Não pertencem à unidade de sensores; os componentes são individuais. ND 5 não declarado. A unidade de sensores não está presente nas marcas Kasinski e Kawasaki, porém os sensores MAP, IAT e TPS estão presentes no sistema de forma individualizada. A tabela de nomenclaturas contempla as seguintes motocicletas: • Honda: Titan 150, Titan/Fan 150 Flex; Biz gasolina e flex; Lead; Bros150 gasolina e flex; CB300R e XRE300. • Yamaha: YS250 Fazer; Lander 250; Lander X; Ténéré 250 e Fazer150. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 27 • Kawasaki: Ninja 250. • Kasinski: Comet 250/650; Mirage 250/650. • Dafra: Smart. Outros modelos das marcas também obedecem à mesma nomenclatura, porém têm mais componentes no sistema. 3. Baterias MF – livre de manutenção Ativação e instalação Partida do motor com bateria auxiliar O tema tensão de bateria será lembrado inúmeras vezes em razão da sua impor- tância no sistema de injeção eletrônica. Cada componente, assim como o módu- lo do motor, depende da tensão fornecida pela bateria, de modo que assegure o correto funcionamento dos mecanismos e iniba panes no sistema de injeção eletrônica, alterações no tempo básico de injeção, ignição e ajustes na emissão de gases (CO2). A bateria selada está presente na grande maioria das motocicletas equipadas com injeção eletrônica. A bateria MF é semelhante ao modelo convencional, porém é mais compacta para a mesma capacidade de carga e, por ser submetida a reações químicas, produz oxigênio e hidrogênio. No entanto, durante a reação, as placas não transformam totalmente o sulfato de chumbo em chumbo. A placa positiva produz oxigênio, que reage com o chum- bo, gerando água e repetindo o ciclo con- forme o seu funcionamento. Sendo selada, os vapores ficam concentrados dentro de sua caixa, se condensam e retornam às placas, sem a necessidade de completar o seu nível de eletrólito, ou seja, não requer manutenção. Por esse motivo, foi batizada de bateria livre de manutenção. Figura 1 – Bateria selada. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 29 Ativação e instalação O roteiro inicia-se na ativação da bateria de reposição ou da bateria que equipa a motocicleta zero-quilômetro. O que determina a vida útil da bateria é o pro- cesso de ativação inicial bem-feito, que, certamente, proporcionará satisfação ao cliente. Abra a embalagem da bateria, verifique se ela está acompanhada de um conjunto de frascos de eletrólito e se ele é compatível com a bateria. Em seguida: 1. Retire o lacre da bateria. 2. Remova o conjunto de tampas do eletrólito, que será utilizado posteriormente para selar a bateria. 3. Alinhe os bicos do recipiente de solução ácida e encaixe-os na bateria, para que o lacre seja rompido e todo eletrólito flua para as células. 4. Após alguns minutos, vede a bateria pressionando o conjunto de tampas. 5. Limpe a bateria. FIQUE ALERTA O eletrólito da bateria é venenoso, por isso utilize equipamento de segurança ao manuseá-lo e evite o descarte em locais não apropriados. Aguarde até que a bateria esteja total- mente fria (cerca de 1 hora) e, com um voltímetro, efetue a medição da voltagem conforme a Tabela 1. Figura 2 – Bateria nova em processo de ativação. 30 BATERIAS MF – LIVRE DE MANUTENÇÃO Tensão da bateria tempo de carga A Tabela 1 aplica-se às motocicletas Fazer/Lander 250; portanto, para outras marcas de motocicletas e baterias, é recomendável seguir as orientações dos fabricantes aplicadas aos modelos. Tabela 1 – Tensão da bateria tempo de carga Tensão (V) da bateria Condição de carga da bateria (%) Ação de reparo 13,00 volts 100% carregada Não necessita de carga 12,80 volts 75% carregada Não necessita de carga 12,50 volts 50% carregada Dar carga lenta de 3 a 6 horas 12,20 volts 25% carregada Dar carga lenta de 5 a 11 horas 12,00 volts a 11,50 volts Descarregada Dar carga lenta de 13 horas Abaixo de 11,50 volts Descarregada Dar carga lenta de 20 horas Se necessário, aplique carga inicial à bateria com amperagem equivalente a 10% de sua capacidade total; o tempo necessário é variável (ver Tabela 1), de acordo com a condição de carga. Durante a carga, não deixe a temperatura da bateria exceder os 55oC. Exemplo Se a bateria possui 9 A (ampères), sua corrente de carga deverá ser igual a 0,9 A. FIQUE ALERTA Durante o período de carga, não deixe a temperatura da bateria exce- der os 55oC. Para períodos longos de carga, é conveniente monitorar a voltagem e a temperatura da bateria. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 31 Pontos importantes: • Jamais retire as tampas de uma bateria selada, nova ou usada, pois ela poderá ser danificada. • Não utilize eletrólito comum para ativar a bateria, somente o especificado. • Algumas baterias são comercializadas ativadas, e existem motocicletas zero- -quilômetro que estão chegando à concessionária com a bateria ativada, mas também é necessário que se faça uma verificação da tensão (V). • As baterias seladas usadas também podem ser recuperadas, basta seguir o procedimento de carga conforme a Tabela 1 (tempo de carga); não retire as tampas no processo de carregamento. • Baterias seladas necessitamde carregador específico. • Convém certificar-se de que a motocicleta não apresenta nenhuma pane no sistema elétrico. Para isso, o mecânico deve seguir fielmente o manual de serviços do modelo nos seguintes testes: o método de tensão e corrente de carga e o de fuga de corrente da bateria. • Dispositivos de segurança, como alarmes ou rastreadores, também podem descarregar a bateria. • A falta de uso do veículo afeta o desempenho da bateria e provoca a sulfatação das placas da bateria, quando, na maioria das vezes, o dano é irreversível. • Após um período em atividade, a bateria sofre um desgaste natural e poderá indicar uma tensão insatisfatória, com o desempenho abaixo do recomenda- do, portanto deverá ser substituída. • A oxidação nos terminais positivo e negativo pode interromper o processo de carregamento da bateria. Figura 3 – Verificação da tensão (V) da bateria. 32 BATERIAS MF – LIVRE DE MANUTENÇÃO Partida do motor com bateria auxiliar Em motocicletas com partida elétrica, a aplicação desse recurso é necessária em uma situação de emergência, quando a bateria está descarregada e não há possibilidade de recarga no momento. Para tanto, é prudente utilizar um jogo de cabos, fazendo a conexão em paralelo entre os terminais positivo da bateria auxiliar e o positivo da bateria instalada na motocicleta e entre o negativo da bateria auxiliar e o negativo da bateria da motocicleta. 4. A influência da bateria no sistema de ignição e injeção eletrônica Equilíbrio elétrico Cuidados na instalação da bateria Motocicletas equipadas com freio ABS e outras tecnologias Atitudes que causam descarga da bateria Sulfatação da bateria Autodescarga da bateria No sistema de injeção eletrônica, tudo depende da bateria. A tensão é que ali- menta a central eletrônica, que, por sua vez, distribui a energia aos componentes, como sensores, atuadores, sistema de ignição e injeção de combustível. Como explicado, todos os fabricantes definem um valor de tensão da bateria como referência padrão para assegurar o bom funcionamento do sistema em qualquer condição normal de utilização do veículo. Em outras palavras, se o valor de voltagem estiver diferente do recomendado, algo não vai funcionar bem. Ainda há outros agravantes que podem ocorrer, como alterações no consumo de combustível, ligeiro aumento nas emissões de poluentes ou não funcionamento da motocicleta. Responsabilizar a bateria por qualquer pane no sistema elétrico não é o melhor caminho. 34 A INFLUÊNCIA DA BATERIA NO SISTEMA DE IGNIÇÃO E INJEÇÃO ELETRÔNICA Equilíbrio elétrico Os fabricantes desenvolveram um sistema de alternador adequado, capaz de abastecer a bateria que supre os demais componentes consumidores elétricos originais da motocicleta. Para o caso de instalação posterior de um acessório adicional que geraria um consumo extra, como alarme, rastreador, lâmpada do farol mais potente, lâmpada auxiliar, buzina etc., o alternador original pode não conseguir gerar energia suficiente capaz de completar a carga da bateria, que, por sua vez, não terá capacidade de suprir a demanda excessiva ocasionada pelos acessórios instalados. O resultado será certamente uma bateria com carga incompleta, que trará com- plicações no momento em que for mais solicitada, apresentando dificuldades na partida, comprometendo assim a sua vida útil, entre outros problemas relacio- nados anteriormente. Normalmente a instalação de uma bateria maior e de um alternador mais potente exigiria alterações na estrutura da motocicleta, além de estes estarem limitados ao espaço físico que ocupam portanto, as modificações não são recomendáveis. Para manter o equilíbrio elétrico, é necessário manter todos os componentes originais ou similares que apresentem o mesmo consumo. Cuidados na instalação da bateria A correta instalação da bateria é importante para que o sistema de carga supra a demanda exercida sobre ela. Certifique-se de que o fusível está em bom estado e de que os cabos da bateria (positivo e negativo) estão encaixados nos respectivos terminais e seus parafusos corretamente apertados e livres de ferrugem e demais oxidações, que provocam queda de tensão durante o processo de carregamento e funcionamento da mo- tocicleta. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 35 Figura 1 – Caixa de fusíveis e terminal positivo da bateria – motocicleta Fazer 250CC. Após a avaliação da bateria, se tudo estiver de acordo, dê prosseguimento na análise da motocicleta; verifique o sistema de carga da bateria e se há fuga de corrente. Se algo estiver consumindo a carga da bateria, é provável que muito em breve ela descarregará mesmo estando em bom estado. Motocicletas equipadas com freio ABS e outras tecnologias As motocicletas modernas de médio e grande portes são equipadas com sistemas sensíveis, como computadores de bordo, ABS, módulos, amortecedor de direção eletrônico, entre outros. Por isso, não remova ou instale a bateria sem conhecer os procedimentos reco- mendados pelos fabricantes de cada modelo, pois, na instalação, os componentes podem exigir algum procedimento de reinicialização e a limpeza de defeitos memorizados nos módulos ECU ou ECM. Ao remover uma bateria, desligue o interruptor de ignição (contato), inicie o processo pelo polo negativo e depois desconecte o polo positivo. Para a instala- ção, inicie com o polo positivo e, em seguida, com o polo negativo. 36 A INFLUÊNCIA DA BATERIA NO SISTEMA DE IGNIÇÃO E INJEÇÃO ELETRÔNICA Atitudes que causam descarga da bateria A pouca utilização do veículo pode proporcionar um suprimento de carga in- ferior ao consumo geral da motocicleta, ocasionando, em um curto período de tempo, uma carga insuficiente para a bateria. Nesse caso, não há defeito na bateria nem no sistema de carga da moto. A solução é rever a maneira de utilização do veículo. Essa situação é comum ocorrer na época do inverno. Outra atitude que implica o carregamento da bateria é quando o usuário utiliza seu veículo e não percebe que seu pé direito está repousando sobre o pedal de freio traseiro, acionando assim a luz de freio. Essa atitude proporciona um con- sumo elevado da carga da bateria, pois o sistema utiliza uma ou mais lâmpadas na faixa entre 21 watts a 23 watts. Também é importante orientar os usuários que permanecem com a mão direita sobre o manete do freio dianteiro; há casos em que o interruptor de freio está travado, ocasionando a descarga descrita. Outro ponto importante que também gera consumo excessivo da carga da bateria é a dificuldade na partida. O condutor aciona o botão de partida diversas vezes até a motocicleta funcionar e a falha é ocasionada pela falta de manutenção na moto. E, por último, está a prática de deixar o farol da motocicleta aceso com o motor desligado, provocando assim descarga da bateria. Sulfatação da bateria Quando a motocicleta é pouco utilizada ou usada apenas nas épocas mais quentes do ano (sazonalmente), o reparador precisa informar a seu cliente que alguns procedimentos devem ser feitos com o auxílio do técnico automotivo: • carregue a bateria e armazene-a em um local ventilado, longe do alcance de crianças e animais; • se for necessário que a bateria permaneça na motocicleta, desconecte o ter- minal negativo; • verifique a tensão da bateria mensalmente e, se necessário, recarregue-a. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 37 A carga poupará a bateria de um processo destrutivo que ocorre quando está descarregada. Esse processo é conhecido como sulfatação e, dependendo da condição, poderá ser irreversível. Autodescarga da bateria Toda bateria tem uma tendência natural a descarregar, esteja ela em uso ou não, mesmo que não haja nenhum componente ligado. Nem sempre é por isso que ela tem de ser substituída; normalmente é só questão de repor a carga. Ao longo do tempo, toda a energia armazenada na bateria tende a desaparecer, e o processo é proporcional à tecnologia aplicada na bateria e também à idade dela. As variáveistemperatura e umidade ambiente também colaboram. Quanto maior a temperatura e a umidade, mais carga é perdida. Denominamos esse processo autodescarga. Itens consumidores da carga da bateria As motocicletas mais sofisticadas são providas de alguns acessórios originais de fábrica que consomem energia mesmo com o interruptor principal desligado, como os computadores de bordo, painel equipado com relógio, leds que piscam todo o tempo e outros dispositivos de segurança que estão entre os itens que mais consomem. Panes no sistema de carga – Sobrecarga Não adianta trocar a bateria sem saber a causa da pane na peça. Sobrecarga quer dizer carga excessiva, ou seja, um aumento da corrente de carga é o que causa esse efeito e provoca a alta temperatura, proporcionado pelo processo de carre- gamento da bateria da motocicleta. O regulador/retificador de voltagem defeituoso pode ser a peça responsável pela carga excessiva na bateria. Para as baterias convencionais, vale lembrar que o consumo excessivo do eletrólito da bateria pode ser um indicador da sobrecarga, que será identificada na inspeção do sistema de carga. 38 A INFLUÊNCIA DA BATERIA NO SISTEMA DE IGNIÇÃO E INJEÇÃO ELETRÔNICA Figura 2 – Regulador/retificador de tensão – motocicleta Titan 150cc. Fuga de corrente O processo pelo qual a corrente (A) da bateria descarrega é causado geralmente por um curto-circuito em algum componente. A fuga é detectada quando todos os componentes da motocicleta estão desligados e, mesmo assim, é registrado um consumo de energia elétrica. Se o consumo for alto, a bateria descarregará rapidamente ou permanecerá par- cialmente descarregada. Ambas as condições comprometerão sua vida útil, por isso, é um defeito e deve ser corrigido. Como identificar a fuga de corrente nas motocicletas O procedimento para medir a fuga de corrente ou “corrente em vazio” é o seguinte: 1. Desligue a motocicleta e remova a chave do interruptor da ignição. 2. Solte o cabo negativo da bateria da motocicleta. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 39 3. Com um multímetro em mãos (DCA para medir amperagem), instale a ponta de prova vermelha do aparelho ligado em série com o cabo negativo da motoci- cleta e a ponta de prova vermelha da preta ao polo negativo da bateria. O resul- tado será o mesmo se o procedimento for efetuado por meio do polo positivo da bateria. 4. A fuga máxima de corrente permitida é igual a 0,1 mA. Outros fabricantes atribuem como valor permitido de fuga de corrente igual a 0. Figura 3 – Verificação da fuga de corrente (A) – motocicleta Honda. Figura 4 – Verificação da fuga de corrente (A) – motocicleta Yamaha. 40 A INFLUÊNCIA DA BATERIA NO SISTEMA DE IGNIÇÃO E INJEÇÃO ELETRÔNICA Se a fuga for diferente do limite estabelecido, significa que o sistema opera com um curto-circuito. Sendo assim, localize a causa desligando os componentes da motocicleta, um a um, até que o problema desapareça. Depois execute a operação de montagem na ordem inversa e execute o reparo no item identificado. SAIBA MAIS Inspeção do sistema de carga da bateria – motocicleta Fazer/Lander 250 Outro procedimento de avaliação do sistema de carga é checar o valor de tensão (V) que entra na bateria no momento do funcionamento da mo- tocicleta. Para a exatidão do teste, é necessário que a bateria esteja com a carga completa. Uma vantagem do teste é que não há necessidade de remover nenhum terminal da bateria. 1. Com um multímetro, utilize a escala DC 20 V em paralelo. 2. Conecte a ponta preta do multímetro no polo negativo da bateria e a ponta vermelha do multímetro no polo positivo da bateria. 3. Dê a partida no motor e acelere até cerca de 5.000 rpm. 4. Confira a tensão (V) no aparelho. 5. O valor da tensão de carga deverá ser por volta dos 14 V. 6. Se a tensão estiver muito abaixo ou acima do valor estabelecido, verifique bobinas de carga, regulador/retificador da bateria e conexões. Tensão de carga 14,35 V Figura 5 – Verificação da tensão (V) de carga. 5. Unidades e módulos – ECU/ECM Autodiagnóstico O entendimento das funções essenciais da unidade de controle eletrônico facilita o diagnóstico e suas principais causas. O modulo é o cérebro do sistema de injeção eletrônica. Ele é previamente alimen- tado pela bateria da motocicleta e recebe vários sinais de entrada provenientes dos sensores e interruptores com as condições instantâneas do funcionamento do motor e também do ambiente. Figura 1 – Unidade de Comando Eletrônico (ECU). A central eletrônica calcula e controla: o tempo e o volume da injeção de combus- tível; o momento exato da ignição; e comanda o injetor, bomba de combustível e demais atuadores. Também processa todas as informações recebidas, realiza diagnósticos, compen- sações, com histórico de falhas etc. 42 UNIDADES E MÓDULOS – ECU/ECM Independentemente da nomenclatura que recebem, esses módulos possuem uma arquitetura semelhante entre todas as marcas de motocicletas que estão no mercado. Alguns são conhecidos como ECM (Módulo de Controle do Motor). Essas unidades são potentes microcomputadores que processam inúmeras ope- rações por segundo. Nas motocicletas, motonetas e scooters de pequeno porte, por uma questão de espaço, o módulo pode estar instalado embaixo do assento, na lateral, ou atrás da carenagem frontal. A localização é importante para proteger a peça do contato com a água e evitar o calor excessivo, que são dois inimigos mortais da ECU. Figura 2 – ECU – Fazer 250, equipada com sensor de oxigênio. Figura 3 – ECU – Fazer 250, sem o sensor de oxigênio. Autodiagnóstico O módulo do motor informa o condutor da motocicleta quando há alguma ano- malia no sistema de injeção de combustível e ignição por meio das piscadas na luz de advertência localizada no painel da moto. Para o correto funcionamento do motor em todas as rotações, garantindo a máxima potência com o mínimo consumo de combustível e proporcionando a menor emissão de poluentes, é necessário que o sistema de injeção eletrônica esteja em perfeito estado e a tensão da bateria de acordo com a recomendação do manual de serviços do fabricante: valores entre 12,6 V e 12,8 V. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 43 Luz de alerta de falha na injeção eletrônica Figura 4 – Painel de instrumentos/Luz de alerta da injeção eletrônica – motocicleta Fazer 150cc. A luz indicadora de defeitos na injeção é um sinal de saída da ECU/ECM, que informa, por meio de piscadas, quando há uma pane ou mais nos sinais de en- trada no módulo do motor. As anomalias detectadas no sistema de injeção eletrônica serão convertidas em piscadas da seguinte forma: • para um sinal luminoso de longa duração, o código corresponde a “10”; • para um sinal de curta duração, o código correspondente é “1”. Sempre que houver uma pane ou mais, os códigos dos defeitos ficam registrados na ECU/ECM e podem ser exibidos por meio da luz de alerta ou da ferramenta de diagnósticos (scanner). Para as motocicletas Comet GT/GTR, equipadas com injeção eletrônica Delphi, a lógica de piscadas da lâmpada de alerta é diferente. Os módulos ECU/ECM monitoram o funcionamento geral da motocicleta por meio dos sensores e interruptores espalhados em locais específicos, e todas as decisões são tomadas de acordo com os sinais recebidos. Os módulos trazem as informações sobre pressão do ar da admissão, temperatura do ar da admissão e posição da borboleta do acelerador, posição do virabrequim, percentual de oxi- gênio no escape, temperatura do motor, ângulo de inclinação do chassi, rotação do motor etc. 44 UNIDADES E MÓDULOS – ECU/ECM A ECU/ECM calcula o volume do ar que entra no motor e, com base nesses parâ- metros, determina o tempo ideal da ignição e o volume da injeção de combustível para assegurar uma mistura ar/combustível adequada a todas as solicitações impostas à motocicleta. Para a falta de determinado sinal de um sensor, a ECU/ECM adota um plano de emergência para que a motocicleta funcione da melhormaneira possível e o usuário possa perceber a pane por meio da luz de alerta e recorrer à oficina mais próxima. Após a solução do problema, os códigos ainda ficam armazenados no histórico de falhas da ECU/ECM e podem ser visualizados para posteriormente serem apagados. Mais adiante será abordado com mais detalhe o procedimento de avaliação do histórico de falhas das motocicletas. 6. Circuitos principais da unidade Circuito de entrada e saída de sinal Módulo de comando Circuito suplementar Circuito de entrada e saída de sinal Esse circuito é responsável por transformar os sinais análogos recebidos em sinais digitais para que o processador possa efetuar os controles do motor. Módulo de comando Composto de algumas memórias, ele funciona com uma tensão aproximada de 5 V, recebe sinais da CPU (Unidade de Processamento Central) e trabalha com os dados recebidos da memória ROM. A CPU também envia comando para os atuadores. Durante o funcionamento do motor, os dados são armazenados na memória RAM, que são importantes para os cálculos. Circuito suplementar É o circuito de alimentação elétrica que converte a tensão de 12 V da bateria em 5 V, tensão necessária para ativar o módulo de comando, os sensores. 46 CIRCUITOS PRINCIPAIS DA UNIDADE Também há o circuito de comunicação, que é o elo entre a ECU e o painel da motocicleta, para indicar os dados sobre o motor e a motocicleta, como, por exemplo, a rotação, a temperatura e os diagnósticos pela luz de alerta da injeção. O cérebro do sistema recebe vários sinais de entrada, executa processamento e gera sinais de saída. A ECU/ECM transforma os sinais vindos de alguns sensores e o interruptor de partida, que estão em forma análoga, em sinais digitais que são compreensíveis ao seu sistema. Também detecta a condição do motor com base nos sinais recebidos. Com estas informações, o computador calcula a duração e o ponto da injeção. Então, envia sinais aos atuadores, inclusive injetor(es), e controla o motor. 7. Outras ações do módulo do motor Corte do combustível nas acelerações excessivas e desacelerações Reparos da ECU/ECM Módulos com chave codificada e sistema imobilizador Configuração e reconfiguração das centrais Corte do combustível nas acelerações excessivas e desacelerações No painel da motocicleta, há uma faixa vermelha indicando um limite de rota- ção máxima a ser atingida. Nessa situação, a motocicleta não evolui, pois há um limite imposto para proteger o motor. Outro tipo de corte de alimentação, que visa reduzir as emissões, ocorre quando o motor está em alta rotação e o acelerador retorna bruscamente. Nesse momen- to, ocorre um enriquecimento da mistura, pois o ar é cortado e há uma grande quantidade de combustível no coletor. A ECU determinará o corte com base no ângulo da borboleta dado pelo sensor de ângulo (Throtthe Position Sensor – TPS). A injeção será restabelecida quando a rotação do motor cair para um valor normal de funcionamento. 48 OUTRAS AÇÕES DO MÓDULO DO MOTOR Observações • A ignição da motocicleta produz interferência por radiofrequência (IRF), por isso o supressor e a vela de ignição são equipados com resistores, a fim de minimizar ao máximo qualquer interferência que possa alterar o funcionamento do motor. • Alarmes e outros dispositivos eletrônicos podem interferir no con- trole do módulo de comando. • Os defeitos presentes podem ser indicados quando se pressiona o botão de partida e, em seguida, ocorre um sinal de alerta por meio da luz de anomalia para informar ao condutor que o sistema de injeção eletrônica está com alguma pane e a motocicleta poderá não funcionar. • Há fabricante que orienta que os códigos de defeitos gravados na memória sejam removidos, a fim de assegurar o perfeito funcio- namento do sistema. Reparos da ECU/ECM Os fabricantes não recomendam esse trabalho, porém o preço da peça sugere sua recuperação. No mercado existem especialistas que conseguem efetuar seu recondicionamento, substituindo alguns componentes internos. Quanto ao re- sultado do trabalho, restam as dúvidas. Módulos com chave codificada e sistema imobilizador Na maioria das motocicletas equipadas com chaves codificadas e sistema imo- bilizador, normalmente a ECU não pode ser transferida para outra motocicleta, tampouco recodificada, pois o módulo não reconhecerá o chip da chave de igni- ção. No entanto, se for substituído em conjunto – a ECU, a chave com o contato da ignição e o imobilizador –, o sistema funcionará normalmente. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 49 Configuração e reconfiguração das centrais Na maioria das motocicletas, a reconfiguração da ECU/ECM não é possível. Os fabricantes não disponibilizam o programa para a elaboração do trabalho, porém as motocicletas da Comet/Mirage 250/650 têm o módulo semelhante entre si, tornando a configuração possível para os modelos que utilizam injeção eletrônica Daewoo. Por meio do scanner, basta selecionar a opção reconfiguração e ade- quar a ECU para a motocicleta escolhida. Em motocicletas com injeção Delphi, não há a opção no scanner. No mercado, há centrais eletrônicas que permitem a configuração e a reconfiguração com o objetivo de melhorar o desempenho da motocicleta, porém não são peças genuínas. 8. Gerenciamento da injeção eletrônica e ignição Grupo de sensores Interruptor Tensão da bateria Sensores Atuadores Painel Outras informações Módulo do motor Sinais de entrada Sinais de saída Processamento das informações Figura 1 – Sinais de entrada e saída na ECU/ECM. Os atuadores obedecem aos comandos da ECU/ECM, fornecem combustível, faísca e ar ao motor. A cada ação de um atuador, a condição do motor se altera. Essa mudança na condição retorna ao módulo do motor por meio das infor- mações fornecidas pelos sensores, e a ECU controla o motor de forma cíclica e instantânea. 1. Sinais de entrada na ECU/ECM. • Tensão da bateria. • Interruptores. • Sensores. 2. Sinais de saída da ECU/ECM. Informações de painel: • Luz de alerta de falhas na injeção. • Rotação do motor. • Temperatura. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 51 Atuadores: • Bomba de combustível. • Fid (válvula solenoide de partida rápida). • Injetor de combustível. • Bobina de ignição. • IACV – motor de passo. Grupo de sensores 1. Sensor de temperatura do ar da admissão (IAT). 2. Sensor de pressão no coletor da admissão (MAP). 3. Sensor de posição de borboleta (TPS). 4. Sensor de posição do virabrequim (CKP). 5. Sensor de ângulo de inclinação do chassi (BAS). 6. Sensor de temperatura do motor (EOT). 7. Sensor de oxigênio ou sonda lambda. Os sensores enviam os seguintes sinais de controle à ECU: rotação; posição do vi- rabrequim; pressão no coletor da admissão; concentração de oxigênio no escape; temperatura do motor; temperatura do ar; posição da borboleta de aceleração; ângulo de inclinação do chassi etc. Na maioria das motocicletas de pequeno porte, os sensores 1, 2 e 3 pertencem à mesma peça, denominada unidade de sensor, sensor híbrido ou sensor triplex. 9. Módulo de controle do motor (ECM) Procedimento de remoção do ECM A localização do ECM pode variar entre os diversos modelos de motocicleta; porém, na Figura 1, ele está localizado na lateral esquerda da rabeta da moto. Figura 1 – Módulo de controle do motor (ECM) – motocicleta (CG Titan 150). FIQUE ALERTA Nunca responsabilize um componente da motocicleta pelo mau fun- cionamento do sistema de injeção eletrônica antes de se certificar de que o defeito não está no ECM ou na comunicação entre o módulo e os demais sensores ou atuadores. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 53 Procedimento de remoção do ECM Figura 2 – Remova o assento. Figura 3 – Solte os parafusos da tampa lateral esquerda. Figura 4 – Remova a lateral esquerda. Figura 5 – Remova o conector do ECM. Figura 6 – Remova o ECM. Figura 7 – ECM 10. Linha de raciocínio de diagnóstico em módulos do sistema de injeção eletrônica (PGM-FI) Conectordo ECM – 33 pinos As panes ocorridas nos módulos podem apresentar diversas causas, e durante o diagnóstico o reparador deve analisar os seguintes itens: • tensão da bateria abaixo da especificada pelo fabricante da motocicleta; • fusível queimado; • falha em algum componente do circuito de alimentação do ECM (ver Figura 1 do Capítulo 9); • oxidação nos pinos do ECM; • interferência por radiofrequência ocasionada por algum dispositivo eletrôni- co instalado na motocicleta; • falha de contato do conector do ECM; • falha no aterramento do ECM. Conector do ECM – 33 pinos Cada pino do ECM corresponde a um ou mais elementos do sistema de injeção, por isso devem ser analisados (ver Figura 1). Na fiação principal que segue entre o ECM e os demais sensores e atuadores, deverá haver continuidade. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 55 Exemplo Identificação dos pinos do sensor de temperatura do óleo do motor “04” e “24”. Figura 1 – Vista do ECM 33 pinos – lado do ECM. Figura 2 – Conector do ECM – lado da fiação principal. 56 LINHA DE RACIOCÍNIO DE DIAGNÓSTICO EM MÓDULOS... VM VM/BR Fusível Alternador Bateria Regulador reti�cador VM/AM VM/BR PT/VM VM AM/VD VM VM PT/AZ A M /V D ECM VM/BR Interruptor de ignição Relé de distribuição de carga Cores dos fios AZ Azul VM Vermelho PT Preto BR Branco VD Verde AM Amarelo Figura 3 – Circuito de alimentação do ECM. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 57 Sensor CKP Sensor EOT Unidade de sensores Sensor BAS Sensor de O2 DLC AZ/AM BR/AM VC/AM AM/VD PT/AZ MR RS/BR RS/AZ MR/BR AZ/BR MR/PT AZ/PT BR/AZ VD/VM PT/AZ PT PT PT /A Z AM/VM AM VD/BR PT/BR AM VD/PT PT/AZ VD VD AZ VM/AZ AM/AZ CZ/AZ Bomba de combustível Injetor de combustível Bobina de ignição IACV Interruptores Alimentação do ECM relé de distribuição de carga Pós-contato de ignição PT/AZ PT/VM Luz de alerta da injeção 2 30 15 3 26 4 24 5 6 27 14 23 12 10 29 18 32 31 21 20 11 16 8 7 1 9 ECM Cores dos fios AZ Azul VC Verde-claro AC Azul claro BR Branco CZ Cinza AM Amarelo MR Marrom VD Verde LR Laranja VM Vermelho RS Rosa PT Preto Figura 4 – Numeração dos pinos do ECM e os componentes da injeção eletrônica – motocicleta 150cc, gasolina. 58 LINHA DE RACIOCÍNIO DE DIAGNÓSTICO EM MÓDULOS... Sensor CKP Sensor EOT Unidade de sensores Sensor BAS Sensor O2 DLC AZ/AM BR/AM VC/AM AM/VD PT/AZ MR RS/BR RS/AZ MR/BR AZ/BR MR/PT AZ/PT RS AM BR/AZ VD/VM PT/AZ PT PT PT /A Z AM/VM AM VD/BR BR PT/BR AM VD/PT PT/AZ VD VD AZ VM/AZ AM/AZ CZ/AZ Bomba de combustível Injetor de combustível Bobina de ignição IACV Interruptores Alimentação do ECM relé de distribuição de carga Pós-contato de ignição PT/AZ PT/VM Luz de alerta da injeção 2 30 15 22 3 26 4 24 5 6 27 14 23 12 10 29 18 32 31 21 20 11 16 8 7 1 9 ECM CZ BR PT/AZ Luzes de alerta de mistura álcool/gasolina 28 33 PT PT ALC MIX PT Cores dos fios AZ Azul VC Verde-claro AC Azul-claro BR Branco CZ Cinza AM Amarelo MR Marrom VD Verde LR Laranja VM Vermelho RS Rosa PT Preto Figura 5 – Numeração dos pinos do ECM e os componentes da injeção eletrônica – motocicleta 150cc, gasolina – bicombustível. 11. Ferramentas e diagnósticos Scanner Teste dos atuadores Defeitos memorizados Modo de ajuste de CO Procedimento de remoção da ferramenta de diagnósticos Neste capítulo, serão apresentadas algumas dicas de diagnósticos e as ferramentas utilizadas na análise do sistema de injeção eletrônica. SAIBA MAIS Como utilizar o multímetro Realize as medições seguindo as recomendações do manual de serviços do modelo de motocicleta analisada. A bateria do aparelho deverá estar em plena carga para que o resultado seja preciso. Observe a Figura 1. 60 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS – Ohmímetro (medidor de resistência (). Modo de usar: em paralelo. Testes: medições de continuidade da fiação, bobinas, interruptores, atuadores e outros componentes. VmA – Conexão do cabo positivo (fio vermelho) para medir tensão (V), resistência () e corrente mA (miliampère). DVC – Voltímetro (medidor de tensão contínua (DC). Modo de usar: ligação em paralelo, obedecendo à polaridade + e –. Testes: bateria, sistema de carga, sensores, atuadores, piscas, buzina, luz de freio, farol, lanterna etc. ACV – Voltímetro (medidor de tensão alternada (AC). Modo de usar: ligação em paralelo. Testes: verificação de tensão do farol (alguns modelos de motocicleta). A – Amperímetro (medidor de amperagem (DC). Modo de usar: em série. Testes: fuga de corrente pela bateria e corrente de carga etc. 10 ADC – Conexão do cabo positivo (fio vermelho) para medir a corrente (A). COM – Conexão do cabo negativo (fio preto). Figura 1 – Multímetro. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 61 Scanner No mercado existem inúmeros modelos e marcas de aparelhos de diagnósticos. Veremos um scanner original do fabricante, apropriado para as motocicletas 250cc (gasolina), MT03 de 660cc e alguns quadriciclos do mesmo fabricante. Figura 2 – Scanner, aparelho de diagnóstico da injeção eletrônica. Dominar o conhecimento do uso da ferramenta é muito importante, mas não isenta o reparador de saber utilizar o multímetro nos diagnósticos gerais. Atualmente existem inúmeros aparelhos desenvolvidos para análises dos siste- mas de injeção eletrônica, de modo que o equipamento atende a uma gama maior de motocicletas das diferentes marcas e modelos. Esses aparelhos são conhecidos como scanners multimarcas. A visualização dos códigos de defeitos e diagnósticos é apresentada conforme a marca e o modelo do scanner. Alguns aparelhos pretendem facilitar o trabalho do técnico, por isso listam em seu display todos os diagnósticos com os respectivos componentes e resultados, dispensando assim a necessidade da conversão de códigos em defeitos ou diagnósticos. 62 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS O scanner apresentado não contém memória, não comporta bateria, não contém entrada USB nem espaço para acoplar um cartão de memória com informações relativas ao sistema de cada motocicleta. Funções do scanner Esse aparelho possibilita ao reparador as seguintes opções: • ler as informações enviadas à ECU pelos sensores, para efeito de comparação com os parâmetros estabelecidos pela fábrica; • realizar ajuste do gás de exaustão (com a ajuda de um analisador de gases); • checar a temperatura, a rotação do motor; • acessar e limpar o histórico de falhas anteriores que foram memorizadas; • impor sinais de atuação por meio da ECU, para que os atuadores funcionem e sejam testados. Os procedimentos devem ser seguidos rigorosamente para assegurar um resul- tado preciso. Checagem da luz de alerta de falha e aplicação do scanner Figura 3 – Painel de instrumentos – motocicleta Fazer 250cc. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 63 Enquanto a motocicleta estiver sendo pilotada, se o autodiagnóstico da ECU detectar um sinal anormal de um componente, seu programa fornecerá ao motor as instruções alternativas para o melhor funcionamento possível, de acordo com o defeito percebido e, posteriormente, a luz de alerta de falha piscará por cerca de 3 segundos sempre que o contato da ignição estiver posicionado em “ON” ou quando o interruptor de partida for acionado. A ECU é dotada de algumas estratégias de programas de segurança para reduzir as falhas. Para a falta de alguns sinais de saída dos sensores, é adotado um valor preestabelecido, e a motocicleta funciona da melhor maneira possível até ser reparada. Os detalhes das estratégias de segurança sobre as possíveis panes são fornecidos nas Tabelas 1 e 2. Entenda o significado dos códigos de piscadas iniciando os diagnósticos pela Tabela 1. Tabela 1 – Códigos de falhas – Fazer/Lander 250cc Código de falhas Provável peça com defeito Sintoma Causa Diagnóstico com o scanner – Tabela 2 12 Sensor de posição do virabrequim Motocicleta não funciona, sensor não emite nenhum sinal.Mau contato nas conexões, circuito aberto/curto-circuito na fiação, defeito físico na peça ou falha na ECU. 13/14 Sensor de pressão do ar de adm (MAP) Motocicleta falha em baixa rotação, consumo excessivo de combustível ou não funciona. Mau contato nas conexões, circuito aberto/curto-circuito na fiação, defeito físico na peça, falha na ECU, obstrução na entrada de ar da peça, falha na vedação entre a peça e o corpo da injeção ou entrada de ar no circuito. D03 (continua) 64 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS Código de falhas Provável peça com defeito Sintoma Causa Diagnóstico com o scanner – Tabela 2 15/16 Sensor de posição da borboleta (TPS) Falha nas acelerações médias para alta rotação, baixo desempenho do motor, TPS travado ou motocicleta não funciona. Circuito aberto ou em curto, TPS com defeito ou instalado incorretamente, falha na comunicação com a ECU ou falha na ECU, pane mecânica na peça ou oxidação interna. D01 22 Sensor de temperatura do ar da admissão Dificuldade na partida, consumo alto de combustível, motocicleta falha. Curto-circuito no sistema ou circuito aberto, falha na comunicação com a ECU, peça contaminada por resíduos ou ECU com defeito. D05 28 Sensor de temperatura do motor Dificuldade na partida a frio, consumo excessivo de combustível, motocicleta falha com o motor frio. Curto-circuito no sistema ou circuito aberto, falha na comunicação com a ECU ou falha na ECU, sensor mal instalado ou sensor oxidado. D11 30/41 Sensor do ângulo de inclinação do chassi Motocicleta não funciona. Motocicleta caiu ou está com inclinação superior a 45o, curto- -circuito no sistema ou circuito aberto, falha na comunicação com a ECU, falha na instalação, peça com defeito mecânico ou elétrico, falha na ECU; curto- -circuito no sistema ou circuito aberto, falha na comunicação com a ECU, peça contaminada por água, peça instalada incorretamente, peça com defeito mecânico ou elétrico. D08 (continua) INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 65 Código de falhas Provável peça com defeito Sintoma Causa Diagnóstico com o scanner – Tabela 2 33 Bobina de ignição Motocicleta não funciona. Circuito aberto ou em curto nos enrolamentos primário ou secundário da bobina de ignição ou falha no circuito da moto. Falha na ECU ou no corta-corrente. D30 39 Injetor de combustível Motocicleta não funciona. Curto-circuito no sistema ou circuito aberto, falha na comunicação com a ECU, falha na ECU, defeito elétrico no enrolamento do bico injetor. D36 44 Erro no código de falha mostrado no E2PROM Erro detectado durante a leitura ou a gravação do E2PROM, proporcionando falha na gravação do valor de CO e falha na captação e na interpretação do sinal do TPS. Curto-circuito no sistema ou circuito aberto, falha na comunicação com a ECU, peça contaminada por água, ECU com defeito, tensão da bateria muito baixa. D60 46 Tensão no sistema elétrico Queda no fornecimento de tensão vinda da bateria para o sistema elétrico. Falha no sistema de carga da bateria, falha na bateria, falha na ECU, curto-circuito, circuito aberto, conexões oxidadas, presença de alarme no circuito. 50 ECU Possibilidades: motocicleta não funciona, mau funcionamento na ECU, o código de defeitos pode não ser apontado na ferramenta de diagnósticos nem por meio da luz de anomalia do painel. Defeito na memória da ECU. 66 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS Com base nas informações da Tabela 1, proceda ao diagnóstico com o auxílio da Tabela 2. Tabela 2 – Diagnósticos do scanner (com a motocicleta desligada) Códigos dos diagnósticos mostrados no display do scanner Provável peça com defeito Estratégias da ECU Valor padrão dos componentes mostrado no display da ferramenta de diagnósticos. Os parâmetros são para efeito de comparação D01 Sensor de posição da borboleta (TPS) A ECU seleciona e adota valores preestabelecidos em sua memória, para assegurar o funcionamento do motor. Pode ocorrer alteração no tempo de injeção de combustível. O sensor estará pronto se atender às seguintes condições: em abertura total do acelerador for de 0 ~ 125 graus, com o acelerador fechado: 15 ~ 18 graus com o acelerador aberto: 94 ~ 99 graus. D03 Sensor de pressão do ar de admissão (MAP) A ECU seleciona e adota valores preestabelecidos em sua memória, para assegurar o funcionamento do motor. Pode ocorrer alteração no tempo de injeção de combustível. O sensor estará pronto se atender às seguintes condições: a pressão indicada no display da ferramenta for igual à pressão atmosférica local. D05 Sensor de temperatura do ar de admissão Na falta da informação de temperatura, a ECU adota um valor de temperatura- -referência de 30oC e ajusta a mistura ar/ combustível. Pode ocorrer alteração no tempo de injeção de combustível. O sensor estará pronto se atender à seguinte condição: a temperatura apresentada no display da ferramenta de diagnósticos for igual à temperatura medida no local de instalação do sensor. D08 Sensor do ângulo de inclinação do chassi Não há estratégias de compensação da ECU; a motocicleta não funcionará. O sensor estará pronto se atender às seguintes condições: com a motocicleta em pé, a tensão apontada no display da ferramenta de diagnóstico variar de 0,4 a 1,4 V ou, com a motocicleta caída, a variação da tensão for de 3,8 ~ 4,2 V. (continua) INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 67 Códigos dos diagnósticos mostrados no display do scanner Provável peça com defeito Estratégias da ECU Valor padrão dos componentes mostrado no display da ferramenta de diagnósticos. Os parâmetros são para efeito de comparação D09 Voltagem do sistema de injeção de combustível Não há compensação da ECU. O valor padrão mínimo de segurança para a tensão da bateria é de 12,8 V; a motocicleta pode funcionar com tensões inferiores, porém algumas compensações da ECU e o ajuste de CO poderão ser comprometidos. D11 Sensor de temperatura do motor Em caráter de emergência, a ECU entra no programa, estabelecendo valores de temperatura para o caso de falha no sensor, portanto trabalhará com temperaturas preestabelecidas para o motor; ex.: para os primeiros 10 s de funcionamento, a temperatura será de 40oC e entre 10 s e 20 s de 40oC a 100oC e posteriormente 100oC. O sensor estará bom para utilização se atender à seguinte condição: a temperatura do motor for igual ao valor de temperatura mostrado no display da ferramenta de diagnósticos. D30 Bobina de ignição Para panes na bobina, não há compensação da ECU; a motocicleta não funcionará. A peça estará boa para utilização se atender à seguinte condição: ao acionar o botão “MODE” da ferramenta de diagnósticos, a faísca da vela de ignição “saltará” cinco vezes, e a luz de advertência “Warning” piscará simultaneamente. Verifique a faísca com um testador dinâmico de faíscas. (continua) 68 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS Códigos dos diagnósticos mostrados no display do scanner Provável peça com defeito Estratégias da ECU Valor padrão dos componentes mostrado no display da ferramenta de diagnósticos. Os parâmetros são para efeito de comparação D36 Injetor de combustível Para panes elétricas no injetor, não há compensações na ECU; a motocicleta não funcionará. Em análises de problemas elétricos, o atuador estará pronto se atender à seguinte condição: ao pressionar o botão “MODE” da ferramenta de diagnósticos, o bico injetor será acionado cinco vezes, e a luz de advertência “Warning” piscará simultaneamente. Ouça o som do funcionamento para certificar-se. D54 Fid – válvula solenoide da marcha lenta rápida A motocicleta funcionará; pode apresentar algumas dificuldades para manter a marcha lenta. Em análise de problemaselétricos, a peça estará pronta se atender à seguinte condição: ao pressionar o botão “MODE” da ferramenta de diagnósticos, a válvula será acionada cinco vezes, e a luz de advertência “Warning” piscará simultaneamente. Ouça o som do funcionamento. D60 Código de falhas apresentado no E2PROM (ECU) Indicação de defeitos apontados por meio das respectivas sequências de códigos, e o processo se repetirá. Os registros anormais estão no E2PROM, como os códigos de falha 44 (CO e TPS). No display da ferramenta de diagnósticos deve aparecer o código 01, correspondente ao valor de CO detectado, e o código 00, que mostra quando não há mau funcionamento. D61 Defeitos memorizados no histórico de falhas No display da ferramenta de diagnósticos, é exibido um relatório de panes registradas em sua memória em um intervalo que se repete, em média, a cada 2 segundos. Se aparecer no display o código 00, significa que não há nenhum registro de falha gravada na memória. Se o display exibir a sequência entre 12 ~ 50, são falhas que existem ou existiram e foram solucionadas, e devem ser deletadas da memória. (continua) INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 69 Códigos dos diagnósticos mostrados no display do scanner Provável peça com defeito Estratégias da ECU Valor padrão dos componentes mostrado no display da ferramenta de diagnósticos. Os parâmetros são para efeito de comparação D62 Limpeza dos defeitos memorizados (solucionados) Nessa opção, será exibida a quantidade de defeitos memorizados no histórico de defeitos passados. Quando o botão “MODE” é pressionado, os códigos armazenados dos problemas solucionados serão deletados. Se aparecer no display o código 00, significa que não há nenhum registro de falha gravada na memória. Outros valores entre 00 ~ 12 deverão ser deletados. D70 Código do controle Nessa opção, o display da ferramenta de diagnósticos exibe o número do mapeamento da ECU. 00 ~ 254. FIQUE ALERTA Na opção diagnósticos do scanner, a motocicleta não funcionará. O trabalho de diagnóstico apontado na Tabela 2 deve ser acompanhado da fer- ramenta de diagnósticos e também de um multímetro. Consulte sempre o manual de serviços da motocicleta e procure eliminar, primei- ramente, os defeitos básicos relacionados à tensão da bateria, falhas nas conexões, fusíveis e interruptores. Precisão do scanner A ferramenta não é 100% precisa porque pode apresentar erros, e alguns virão com mensagens como Waiting for connection ou de “nenhum sinal recebido”, que podem ser causados por problemas nas conexões, pinos da ECU, defeitos na chave de ignição, defeitos na própria ferramenta. 70 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS Também é possível aparecer uma mensagem indicativa de error 4, remetendo à falha nos comandos da ferramenta, que podem não estar sendo aceitos. A causa poderá ser baixa tensão na bateria, defeito na ferramenta, defeito na ECU. Quando há problemas, é sempre bom reiniciar o procedimento para eliminar algumas falhas no sistema. Como instalar o scanner Recomenda-se que a instalação da ferramenta seja efetuada com a motocicleta desligada, a chave de ignição na posição “OFF” e o botão engine stop na posição “ON”. A ferramenta possui duas garras que deverão ser conectadas aos polos da bateria, ou seja, a garra do fio preto no polo negativo e a garra do fio vermelho no polo positivo. Um conector simples de cor verde-claro deve ser acoplado à fiação da motocicleta em um conector de mesma cor, que geralmente está localizado próximo à bateria. No kit de equipamentos da ferramenta, há um chicote auxiliar para ser utilizado em conexão com a motocicleta MT03. Ponto de instalação do scanner Figura 4 – Conector de diagnósticos – Fazer/Lander 250. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 71 Figura 5 – Instalação da ferramenta de diagnósticos (scanner). Manuseio Após a instalação da ferramenta, posicione a chave de ignição em “ON”, sendo que o display da ferramenta mostrará a temperatura e o rpm do motor. O LED “POWER” da ferramenta acenderá. Figura 6 – Imagem do scanner. Indicação da rotação e da temperatura do motor. 72 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS Levantamento dos códigos de defeitos Caso haja um ou mais defeitos, deverão ser apresentados automaticamente no painel da ferramenta, e os defeitos memorizados, que já foram solucionados, não serão exibidos nesse modo. Com a ferramenta conectada ao sistema elétrico da moto, a função de piscar da luz de detecção de defeitos será desabilitada, e a ferramenta interpretará o diagnóstico do defeito elaborado pela ECU, transformando-o em um código numérico igual ao número de piscadas, e o LED “WARNING” acenderá, lem- brando que cada piscada longa corresponde a “10” e, para cada piscada curta, o número correspondente será “1”. Se houver mais de um defeito no sistema, a ordem de apresentação no display de cristal líquido da ferramenta será crescente, repetindo novamente a sequência até que seja feito o reparo. Todos os defeitos apontados serão armazenados na ECU da motocicleta e, mes- mo após o reparo, é importante que o histórico de falhas seja acessado sempre que a motocicleta for reparada, para que seja feita uma limpeza da memória. A margem de acertos da ferramenta é alta, porém existem defeitos que podem não estar no componente apontado por ela, como oxidações, um curto-circuito ou um circuito aberto. Uma falha na entrada ou na saída da ECU será interpretada como defeito, e o código numérico correspondente a um componente aparecerá no display da ferramenta, por isso é importante analisar, depois, cada componente, de modo separado, do circuito elétrico da motocicleta. Um multímetro completo é capaz de sanar as dúvidas quando se trata de valores relacionados a tensão, resistência, temperatura, continuidade, rotação etc. As oxidações, as entradas de água e os conectores mal encaixados podem sugerir a troca de um componente em perfeito estado ou até criar um código de defeito inexistente. INJEÇÃO ELETRÔNICA DE MOTOCICLETAS 73 Como fazer os diagnósticos Por meio dos diagnósticos, é possível obter o valor fornecido pelos sensores; acessar o histórico do código de falhas memorizados; efetuar a limpeza; impor o funcionamento dos atuadores: bico injetor, FID e bobina de ignição, para que se possa certificar do perfeito funcionamento dos componentes analisados. Apenas elabore um diagnóstico se houver indicação da anomalia apontada pelo código de falha na ferramenta ou por meio das piscadas da luz de anomalia, ou se for constatada alguma dúvida relacionada ao componente, lembrando que é necessário assegurar-se da exatidão do diagnóstico. O mesmo deve ser refeito por meio de outros métodos. O manual de serviços traz várias sugestões de análise para cada componente do sistema. Na Figura 7, o reparador está diagnosticando o sensor de posição da borbole- ta “TPS”. De acordo com a Tabela 2, esta é a primeira análise da sequência de testes. O scanner está indicando o grau de abertura do sensor “16o”. De acordo com o manual de serviços para a condição de acelerador fechado, a peça estará apropriada se o valor mostrado no display da ferramenta estiver de 15o ~ 18o. Figura 7 – Sequência D01, que indica o grau de abertura do TPS. 74 FERRAMENTAS E DIAGNÓSTICOS Figura 8 – Sequência D09, que indica a tensão 12,4 V da bateria da motocicleta. Procedimento Nessa etapa é recomendável que o conector da bomba de combustível seja des- ligado. • Após a instalação do scanner na motocicleta, pressione o botão “MODE” e vire a chave de ignição para ON. Enquanto mantém pressionado o botão, pressione o botão UP, para selecionar o modo DIAG, que quer dizer DIAG- NÓSTICOS. • Pressione o botão MODE novamente; os diagnósticos aparecerão em ordem crescente. Conforme a Figura 9, aparece à esquerda do display o diagnóstico D60, que quer dizer “diagnóstico sequência 60”; à direita do display aparece o “00”, que indica que não
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