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Funilaria de Brilho

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Funilaria de brilho – Ferram
entas e técnicas
AUTOMOTIVA
Funilaria de brilho
Ferramentas e técnicas
9 788583 939542
ISBN 978-85-8393-954-2
Paulo Cesar da Silva
Esta publicação integra uma série da 
SENAI-SP Editora especialmente criada 
para apoiar os cursos do SENAI-SP. 
O mercado de trabalho em permanente 
mudança exige que o profissional se 
atualize continuamente ou, em muitos 
casos, busque qualificações. É para esse 
profissional, sintonizado com a evolução 
tecnológica e com as inovações nos 
processos produtivos, que o SENAI-SP 
oferece muitas opções em cursos, em 
diferentes níveis, nas diversas 
áreas tecnológicas.
Funilaria de brilho
Ferramentas e técnicas 
SENAI-SP Editora
Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP
F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br
www.senaispeditora.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Silva, Paulo Cesar da 
 Funilaria de brilho: ferramentas e técnicas / Paulo Cesar da Silva. – São 
Paulo: SENAI-SP Editora, 2019.
 64 p.: il.
 Inclui referências
 ISBN 978-85-8393-954-2
 
1. Automóveis – Manutenção e reparação 2. Pintura 3. Funilaria 4. 
Retificação e polimento I. Título.
 CDD 629.287
Índices para o catálogo sistemático:
1. Automóveis – Manutenção e reparação 629.287
AUTOMOTIVA
Funilaria de brilho
Ferramentas e técnicas 
Paulo Cesar da Silva
Departamento Regional 
de São Paulo
Presidente 
Paulo Skaf
Diretor Superintendente Corporativo 
Igor Barenboim
Diretor Regional 
Ricardo Figueiredo Terra
Gerência de Assistência 
à Empresa e à Comunidade 
Celso Taborda Kopp
Gerência de Inovação e de Tecnologia 
Osvaldo Lahoz Maia
Gerência de Educação 
Clecios Vinícius Batista e Silva
Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP.
Apresentação
Com a permanente transformação dos processos produtivos e das 
formas de organização do trabalho, as demandas por educação pro-
fissional multiplicam-se e, sobretudo, se diversificam.
Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação 
profissional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia 
também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qua-
lidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firme-
mente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo 
modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. 
Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e às 
prioridades sociais do mercado de trabalho.
A instituição trabalha com cursos de longa duração como os cur-
sos de Aprendizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Su-
periores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial 
e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação 
Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Profissional, 
Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação.
Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que inte-
gra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar 
os alunos das diversas modalidades.
Sumário
Introdução 9
1. A funilaria de brilho 11
Histórico 11
Aptidão e atitude do profissional 13
2. Aplicação 14
Análise da pintura 15
Tipos de amassado 16
3. Segurança no trabalho 18
Óculos de segurança 18
Protetor auricular 19
Luvas de malha de algodão, lona ou couro 20
4. Ferramentas 22
Alavancas 22
Espátulas 26
Martelos 26
Punções 28
Tasso 29
Ventosas de silicone e borracha 30
Repuxadeira de cola quente 30
Soprador térmico 31
Luminárias 32
5. Técnicas de desamassamento 34
Visualização com luminárias 34
Arraste 37
Alavancas 37
Espátulas 38
Técnica do punção 39
Repuxo com cola quente 40
Cola estrutural 41
6. Treinamento 44
7. Funilaria tradicional 46
Lima flexível 47
Martelo de funileiro 49
Tasso 50
Rebatedeira 50
Repuxadeira elétrica 52
8. Organização do trabalho e meio ambiente 55
Local de trabalho 55
Organização das ferramentas 56
Divulgação 56
Atendimento móvel (delivery) 57
Relação com o meio ambiente 58
Considerações finais 60
Referências 61
Sobre o autor 62
Introdução
Funilaria de brilho, ou martelinho de ouro, como é mais conhe-
cida, é um conjunto de técnicas que emprega ferramentas específicas 
para o desamassamento de chapas automotivas sem danificar 
a pintura.
As técnicas de trabalho são simples, constituídas basicamente 
pelas ações de empurrar ou puxar as chapas amassadas. A dificulda-
de reside em não danificar a pintura. 
Desenvolvidas por funileiros na indústria automotiva, a funilaria 
de brilho tornou-se uma profissão rentável e em crescimento. São 
incríveis os resultados atingidos nos veículos amassados – partes 
diagnosticadas para substituição são recuperadas sem danificar a 
pintura, mantendo a originalidade e valorizando o patrimônio do 
cliente, por um custo e tempo muito menores em comparação ao 
processo tradicional.
Este livro descreve, de maneira simples, os procedimentos da fu-
nilaria de brilho, sua história, suas ferramentas, as técnicas de desa-
massamento, o desenvolvimento dessa profissão e sua importância 
para o meio ambiente, pois cada peça de automóvel recuperada pelo 
profissional é uma peça a menos a ser pintada na oficina.
As imagens apresentadas facilitam o entendimento dos processos, 
bem como a análise da pintura do automóvel, pois nem todos os casos 
são passíveis de reparação. As referências em cores de algumas figuras 
dos capítulos 5 e 7 podem ser visualizadas no site da editora. O ícone 
INTRODUÇÃO10
de download está posicionado abaixo dessas figuras, que estão 
disponíveis no link <https://www.senaispeditora.com.br/ downloads/
respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_coloridas.zip>.
Os tipos de amassado são abordados, mostrando quais podem ser 
reparados e como deve ser realizada a escolha da técnica e da ferra-
menta ideal.
Esta obra é destinada aos estudantes da área automotiva, bem 
como aos profissionais de reparação que desejam conhecer as técni-
cas da funilaria de brilho.
1. A funilaria de brilho
Histórico 
Aptidão e atitude do profissional
Histórico 
Funilaria de brilho, funilaria artesanal, martelinho de ouro, desa-
massamento sem pintura (DSP), paintless dent repair (PDR) são no-
mes de uma mesma técnica, que consiste em desamassar a carroceria 
do automóvel sem danificar a pintura. 
Essa técnica foi desenvolvida na indústria automobilística para 
permitir que os reparadores removessem pequenos amassados nos 
veículos novos sem danificar a pintura. Para tanto, surgiram técnicas 
e ferramentas, evitando que o veículo fosse reparado pelo processo 
de funilaria e pintura tradicional, o que causaria prejuízo à montadora. 
A FUNILARIA DE BRILHO12
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Figura 1 – Amassado na lataria.
Os profissionais começaram a levar essas técnicas para fora da 
montadora, tornando-se um sucesso e um ótimo negócio, tanto na 
realização do trabalho propriamente dito como no treinamento de 
novos técnicos.
As ferramentas utilizadas no início eram improvisadas, como 
martelinhos leves e alavancas com as pontas arredondadas, para não 
danificar a pintura. Hoje profissionalizadas, há vários tipos de ala-
vanca, martelo, pino etc., que facilitam o trabalho, porém o principal 
continua sendo a habilidade do profissional, que deve ser desenvol-
vida com treino incessantemente.
O desamassamento sem pintura pode ser realizado pelo lado in-
terno da carroceria, empurrando a chapa com alavancas, ou pelo lado 
externo, puxando com uma ventosa com ou sem cola. O que vai 
definir a técnica ideal é o local, o tipo do amassado ou a qualidade 
da pintura. Por exemplo, se for repintura ou pintura velha (calcinada), 
é um risco trabalhar com cola.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 13
Aptidão e atitude do profissional
As técnicas podem ser aprendidas por qualquer pessoa, mas o 
conhecimento da funilaria tradicional ajuda no desenvolvimento do 
processo. O capítulo 7 édedicado ao tema.
Para desenvolver a técnica, é importante ter boa visão, boa coor-
denação motora e, principalmente, calma e determinação para desa-
massar, sempre tendo como meta não danificar a pintura.
Um bom profissional deve treinar muito, dedicar-se a desenvolver 
todas as técnicas, entender como reage a chapa de aço em cada par-
te do veículo e escolher a ferramenta ideal para cada procedimento. 
Além disso, deve ser paciente, pois uma tarefa pode levar desde mi-
nutos até horas para sua execução.
2. Aplicação 
Análise da pintura 
Tipos de amassado
A análise inicial do estado da pintura do veículo é fundamental 
para identificar se a funilaria de brilho pode ser aplicada. Já a defi-
nição da melhor técnica a ser utilizada depende dos tipos de amas-
sado presentes no automóvel.
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Figura 1 – A análise do profissional.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 15
Verifica-se que a funilaria de brilho é indicada para amassados 
que não danificaram a pintura, que podem ser pequenos ou grandes 
danos. A escolha da técnica depende:
• da capacidade do profissional; 
• do local com ou sem acesso;
• da dureza do local, pois, embora a chapa externa do veículo 
seja a mesma, em locais arredondados a resistência torna-se 
maior que em locais mais planos;
• da existência de estruturas internas, que podem ser um pro-
blema, pois, quando coladas, são removidas para facilitar o 
levantamento da folha; quando soldadas, é necessário recupe-
rar primeiro a estrutura.
Análise da pintura 
Quanto mais nova a pintura automotiva, melhor o resultado ao 
aplicar a técnica, pois mais flexível e resistente ela é, estando mais 
próxima de sua pintura original. 
Ao fazer a análise de uma pintura, é importante verificar o ano 
de fabricação do veículo, que dará o primeiro sinal; na sequência, 
observar a conservação do automóvel e o estado do teto e do capô 
– se estiverem calcinados e sem brilho, isso pode refletir a possibili-
dade de trincar e desplacar durante o desamassamento.
Veículos repintados podem ser desamassados também, mas com 
certo cuidado. Deve-se observar a pintura do local do amassado mi-
nuciosamente, ver se não há microtrincas, comparar o brilho e a 
APLICAÇÃO 16
textura do verniz com outras partes – para isso, ficar em diagonal (15 
graus) em relação ao brilho e observar os reflexos para notar dife-
renças de tonalidades e texturas: a superfície deve ser homogênea; se 
houver diferenças, principalmente nos cantos e nas junções, é possí-
vel que retoques tenham sido realizados em oficina. Essa análise deve 
ser treinada diariamente pelos profissionais de funilaria de brilho.
Ao caminhar por uma calçada, ficar próximo aos veículos esta-
cionados, observar a pintura e analisar os reflexos, os amassados, as 
diferenças de tonalidade, as texturas do verniz (casca de laranja) e o 
desalinhamento de partes. Esse exercício deve ser constante para 
treinar o olhar.
Tipos de amassado
Podem-se destacar dois tipos de amassado:
• boleados: são arredondados, sem quinas, gerando pouca ten-
são lateral, o que facilita o reparo – basta puxar ou empurrar 
com cuidado para não levantar demais; 
• vincados: como o próprio nome revela, formam quinas inter-
nas ou laterais que dificultam a desdobra sem trincar a pintu-
ra; as tensões geradas são resistentes, exigindo perícia do pro-
fissional.
A maioria dos amassados é negativa, ou seja, de fora para dentro. 
Já os amassados positivos são gerados de dentro para fora, o que 
costuma esticar a chapa e deixar marcas na pintura, por isso devem 
ser removidos lentamente para controle do estiramento. 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 17
Um dano maior pode conter um ou dois tipos de amassado. De-
pendendo do local, o profissional inicia pelo raso e vai ao mais pro-
fundo gradativamente. Durante o empurrar da chapa deve-se tomar 
cuidado para não levantá-la demais, fazendo pontos positivos, os 
quais são mais difíceis de baixar pois esticam a chapa.
Exercícios
1. Quando é indicada a funilaria de brilho? 
2. O que se deve analisar antes de aplicar a técnica de funilaria 
de brilho?
As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para 
download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.
br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_
coloridas.zip>.
3. Segurança no 
trabalho
Óculos de segurança 
Protetor auricular 
Luvas de malha de algodão, lona ou couro 
Trabalhar com segurança é fundamental, por isso este capítulo 
mostra os principais equipamentos de proteção individual (EPIs) 
utilizados.
De acordo com a Norma Regulamentadora n. 6 (NR 6), o forne-
cimento do EPI adequado aos riscos aos quais os funcionários estão 
submetidos é uma responsabilidade da empresa, porém a sua utili-
zação é um dever de cada operador durante as atividades.
A segurança no trabalho inclui, além de usar os EPIs adequados, 
prestar atenção para evitar possíveis riscos. 
Óculos de segurança
Com lentes endurecidas ou confeccionados em policarbonato, são 
grandes aliados dos profissionais que executam atividades de risco 
(ponteamento, lixamento e desbaste de superfície). Caso o operador 
necessite de óculos com lentes corretivas, deve notificar sua empresa 
e providenciar uma receita com um oftalmologista.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 19
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Figura 1 – Óculos de segurança.
Protetor auricular
Existem quatro tipos disponíveis:
• tipo plugue, de policloreto de polivinila (PVC), em três tama-
nhos (descartáveis);
• tipo espuma moldável cilíndrico (descartável);
• tipo espuma moldável cônico (descartável);
• tipo concha (fone).
Sua utilização é necessária em todo local onde o nível de ruído 
exceda a 85 db(A), segundo a NR 15.
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Figura 2 – Protetores auriculares de plugue e concha. 
SEGURANÇA NO TRABALHO20
Luvas de malha de algodão, lona ou couro
Oferecem conforto e segurança ao funileiro durante suas ativida-
des, pois as flanges e os cantos das chapas podem provocar cortes nas 
mãos. Outra função das luvas é oferecer maior sensibilidade ao fu-
nileiro para reconhecer defeitos na superfície das peças. As luvas não 
devem ser usadas em atividades de soldagem metal inert gas (MIG) 
ou metal active gas (MAG).
Figura 3 – Luvas tricotadas de algodão e sintéticas.
O uso de máscara respiratória PFF2 é necessário quando se pro-
voca poeira ou se manipulam produtos químicos, como tíner, que 
raramente é usado nas tarefas da funilaria de brilho.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 21
Exercícios
1. O que diz a NR 6 sobre o fornecimento de EPI?
2. Em que locais devem ser utilizados os protetores auricu-
lares?
As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para 
download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.
br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_
coloridas.zip>.
4. Ferramentas
Alavancas 
Espátulas 
Martelos 
Punções 
Tasso 
Ventosas de silicone e borracha 
Repuxadeira de cola quente 
Soprador térmico 
Luminárias
Este capítulo apresenta as principais ferramentas utilizadas na 
funilaria de brilho.
Alavancas 
Elas foram as primeiras ferramentas desenvolvidas para o reparo 
sem pintura. No início, tinham suas pontas arredondadas, para em-
purrar a chapa sem marcar. Na Itália, os artesãos recebiam o nome 
de boleiro, por causa da forma arredondada de suas ferramentas. 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 23
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Figura 1 – Ferramentas desenvolvidas para trabalho de boleiro. 
Fonte: Manual de Reparação Fiat, 1996.
Atualmente, existem vários tipos de ponta de alavanca, conforme 
a necessidade do profissional.
A ponta arredondada levanta a chapa com mais suavidade. É 
ideal para iniciar a tarefa sem marcar. Deve ser arrastada na parte 
interna para indicar seu posicionamento.
Figura 2 – Ponta de alavanca do tipo arredondada.
FERRAMENTAS24
A ponta bicuda, ou bullet, é ideal para finalizar o desamassamen-to por ser mais precisa.
Figura 3 – Pontas de alavancas bicudas.
A ponta achatada, rabo de peixe ou blade é adequada para traba-
lhar em locais apertados, empurrando lateralmente.
Figura 4 – Pontas de alavancas achatadas (rabo de peixe).
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 25
Uma novidade é a alavanca com esfera imantada na ponta, que 
gira na parte interna da peça e arrasta uma pequena esfera sobre a 
pintura, indicando o posicionamento exato da alavanca, facilitando 
o arraste.
As alavancas de madeira, ou ponteiras de madeira, são feitas com 
goiabeira, pau-ferro e até taco de sinuca. Outras alavancas artesanais 
são produzidas de aço trefilado, barras de aterramento, aço inox etc.
Figura 5 – Alavancas artesanais.
As alavancas podem ser adquiridas individualmente ou em kits, 
ou ser manufaturadas pelo próprio profissional, conforme sua neces-
sidade. Normalmente, usa-se barra de aço trefilado redondo ou inox 
como matéria-prima.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 25
Uma novidade é a alavanca com esfera imantada na ponta, que 
gira na parte interna da peça e arrasta uma pequena esfera sobre a 
pintura, indicando o posicionamento exato da alavanca, facilitando 
o arraste.
As alavancas de madeira, ou ponteiras de madeira, são feitas com 
goiabeira, pau-ferro e até taco de sinuca. Outras alavancas artesanais 
são produzidas de aço trefilado, barras de aterramento, aço inox etc.
Figura 5 – Alavancas artesanais.
As alavancas podem ser adquiridas individualmente ou em kits, 
ou ser manufaturadas pelo próprio profissional, conforme sua neces-
sidade. Normalmente, usa-se barra de aço trefilado redondo ou inox 
como matéria-prima.
Figura 6 – Kit comercial de martelinho de ouro.Figura 6 – Kit comercial de martelinho de ouro.
FERRAMENTAS26
Espátulas
Fabricadas com lâminas de suspensão dianteira do Fusca, com a 
ponta afilada e polida, têm a função de levantar amassados em locais 
em que as alavancas não entram, ou seja, locais estreitos em que só 
a lâmina das espátulas penetra sob a pintura. Podem ser usadas tam-
bém para receber batidas com o martelo, abrangendo uma área maior 
e aliviando tensões.
Figura 7 – Espátulas de aço.
Martelos
Sua função no processo é principalmente aliviar as tensões que se 
formam em volta dos amassados. Para isso, ele deve ser levemente 
arredondado e polido para não marcar a pintura.
Para conseguir o polimento, deve-se esmerilhar a base do marte-
lo até conseguir o formato arredondado, depois lixar várias vezes com 
grão 80, 150, 320, 600, 1.000 e, finalmente, aplicar um polimento, 
lembrando que cada lixa tem a função de tirar as marcas da anterior 
e manter o formato; uma lixadeira roto-orbital facilita o processo.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 27
Os martelos também vão auxiliar a bater nos punções e nos tocos 
e a tirar os pontos positivos. 
Existem vários tipos de martelo utilizados no processo. Martelos 
de 100 g e 50 g devem ter a base arredondada e polida para não mar-
car a pintura. São usados para pequenas tensões e pontos positivos.
Figura 8 – Martelos de 50 g e 100 g com a face arredondada e polida.
O martelo de funileiro tem a face arredondada e polida; se possí-
vel, aliviar o peso.
Figura 9 – Martelo tradicional de funileiro.
FERRAMENTAS28
O martelo de alumínio apresenta o mesmo formato do de funila-
ria, é leve e polido.
O martelo de borracha é sempre útil para aliviar a tensão e tirar 
ondulações na peça.
Figura 10 – Martelos de borracha.
Punções
O punção, pino ou toquinho – o nome muda conforme o profis-
sional – é um pino feito de aço, alumínio, náilon, acrílico, latão ou 
até madeira (goiabeira é uma boa matéria-prima) que tem a função 
de levantar pontos negativos ou baixar positivos, com o auxílio do 
martelo. Amassados arredondados, como os causados por chuva de 
granizo, são rapidamente resolvidos com o punção pelo lado interno 
da lataria, dependendo do acesso e da técnica do profissional.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 29
Figura 11 – Punções produzidos com materiais variados.
Tasso
Também chamado de encontrador, é uma ferramenta tradicional 
na funilaria. Serve de apoio para o martelo quando se bate na chapa. 
Alguns profissionais repudiam seu uso na funilaria de brilho, pois a 
possibilidade de esmagar a pintura é acentuada, já que qualquer mar-
ca ou sujeira estraga a pintura – por isso, ele deve ser alisado e poli-
do. O mais comum é o de cunha redondo. 
Figura 12 – Tasso do tipo cunha.
FERRAMENTAS30
Ventosas de silicone e borracha
Usadas para puxar pelo lado de fora, resolvem rapidamente amas-
sados grandes e sem vincos. Deve-se utilizar o martelo para tirar as 
tensões durante a tarefa. 
Figura 13 – Ventosas de silicone.
Repuxadeira de cola quente
Também chamada de kit americano, consiste em pequenas e mé-
dias ventosas coladas na parte externa da carroceria com cola quen-
te e puxadas com uma marreta dinâmica, ideal para áreas sem aces-
so interno. Existem no mercado tipos diferentes de cola, mais ou 
menos aderentes, conforme a dificuldade do amassado. O profissio-
nal deve ter cuidado com repinturas ou tintas velhas, pois a força de 
tração remove-as com facilidade.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 31
Figura 14 – Kit americano.
Soprador térmico
Usado inicialmente para aquecer e flexibilizar a pintura, ajuda a 
evitar as trincas. É também empregado na remoção de antirruídos 
internos, estruturas coladas, emblemas e adesivos.
Deve-se ter cuidado para não aquecer demais a pintura. Se tiver 
sido aplicada massa de poliéster, o soprador pode fazer bolhas; se for 
utilizado em peças plásticas, como para-choques, o cuidado deve ser 
maior para evitar deformações.
Figura 15 – Soprador térmico removendo antirruído.
FERRAMENTAS32
Luminárias
Têm a função de fornecer um reflexo da pintura, realçando o 
amassado e facilitando a visualização dos pontos positivos e negati-
vos. Existem vários tipos de luminária no mercado. Elas devem ter 
uma placa de acrílico fosca para dar reflexo sem irritar a vista. Podem 
ser brancas, amarelas, listradas, conforme a preferência do profis-
sional. Para fixá-las no veículo, usa-se uma ventosa, um ímã ou 
um tripé.
Figura 16 – Luminária com ventosa.
Figura 17 – Luminária com tripé.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 33
Exercícios
1. Quais foram as primeiras ferramentas desenvolvidas para 
reparo sem pintura? 
2. Como podem ser adquiridas as alavancas?
3. Qual é a função das espátulas?
4. Qual é o tipo de ferramenta utilizado em amassados origi-
nários de chuva de granizo? 
5. Fornece um reflexo da pintura, realçando o amassado e 
facilitando a visualização dos pontos positivos e negativos. 
Qual é a ferramenta que tem essa função?
As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para 
download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.
br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_
coloridas.zip>.
5. Técnicas de 
desamassamento
Visualização com luminárias 
Arraste 
Alavancas 
Espátulas 
Técnica do punção 
Repuxo com cola quente 
Cola estrutural
As técnicas de desamassamento e a utilização das ferramentas 
para funilaria de brilho são temas deste capítulo. 
Visualização com luminárias
Primeiramente, colocar a luminária à frente do amassado para 
verificar tecnicamente o tipo e a profundidade. A Figura 1 mostra 
um amassado na pintura.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 35
Figura 1 – Luminária mostrando amassado na pintura. 
Não existe uma distância determinada para a colocação da lumi-
nária. O profissional deve posicionar-se em um ângulo que permita 
visualizar, constantemente, o reflexo da lâmpada no amassado en-
quanto faz a reparação. Isso permite fazer o arraste e observar o efei-
to da ferramenta escolhida levantando os pontos negativos, até que 
a chapa esteja nivelada.
Figura 2 – Luminária listrada mostrando amassado no para-lama. 
TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO36
Na Figura 3, o reflexo da lâmpada sobre a pintura mostraum 
amassado negativo. Nesse caso, o profissional deve levantar a chapa.
Figura 3 – Reflexo de amassado negativo. 
Na Figura 4, o reflexo da lâmpada mostra um ponto positivo, o 
que indica que o profissional deve abaixar a chapa.
Figura 4 – Reflexo de amassado positivo. 
Nos amassados vincados, deve-se colocar a luz paralelamente à 
linha do vinco, pois isso facilita a visualização durante o trabalho.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 37
Depois de identificar o amassado, é necessário procurar o melhor 
acesso para escolher a técnica mais efetiva:
• local fácil: todas as técnicas são possíveis – alavanca, punção, 
espátula, cola, martelo;
• local apertado: alavanca, espátula, cola;
• local muito apertado: espátula, cola;
• local sem acesso: cola; caso a pintura do veículo não suporte 
a cola, fazer um furo de 10 mm internamente para dar acesso 
à alavanca e, após a tarefa, fechar com tampa de borracha.
Arraste
Tarefa a ser efetuada nas ferramentas que trabalham sob a chapa. 
Para saber a localização da ferramenta, arrastá-la sob a chapa em 
direção ao amassado e ver uma onda na pintura, indicando seu po-
sicionamento; parar sob o defeito e começar a empurrá-lo para cima.
Alavancas
O desamassamento utilizando alavancas foi a primeira técnica 
desenvolvida na montadora. Trata-se de empurrar a chapa de dentro 
para fora, forçando até o limite do nível da lataria para não fazer 
pontos positivos. A localização do local correto é percebida por meio 
de um arraste que se faz suavemente com a alavanca pelo lado inter-
no da lataria, em direção ao dano. Na pintura, vê-se uma onda no 
arraste indicando o local da alavanca; quando se estiver abaixo do 
dano, começa-se o processo de empurrar a chapa para cima e soltar. 
TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO38
Esse processo pode ser feito do centro para as extremidades; pode 
ser rápido, quando a tensão não está rígida, ou demorado.
Figura 5 – Arraste da alavanca sob a chapa. 
Alavancas de pontas boleadas são indicadas para iniciar o pro-
cesso de empurrar a chapa. Se restar uma pequena sombra do amas-
sado, deve-se usar uma alavanca de ponta bicuda para finalizar. 
Alavancas do tipo rabo de peixe (blade) são ideais para locais 
estreitos, pois trabalham lateralmente, mas são complicadas de visua-
lizar no arraste. Uma boa dica é medir com a alavanca sobre a chapa, 
do ponto de acesso até o amassado, e definir o comprimento.
Espátulas
As espátulas são finas e, por isso, adequadas para local muito 
apertado. Usa-se a ponta arredondada e polida para empurrar a cha-
pa com cuidado; em locais próximos a dobras, não se deve forçar a 
chapa, pois isso pode levantar um ponto positivo de difícil remoção.
Os pequenos pontos positivos devem ser baixados com o marte-
lo de 100 g ou com os punções de aço, náilon ou alumínio; já as 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 39
ondas positivas e as tensões devem ser baixadas com martelos planos 
ou de borracha.
Técnica do punção
Também chamada de técnica do toquinho, consiste basicamente 
em empurrar a chapa com punções. É muito eficiente, mas exige 
muito treino. Coloca-se o punção sob a chapa, faz-se o arraste até o 
centro do amassado e bate-se com um martelo suavemente, aumen-
tando a força conforme o resultado. Deve-se usar o dedo apoiado na 
chapa para o punção não sair do ponto durante as batidas.
Figura 6 – Técnica do punção ou do toquinho. 
TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO40
É uma técnica que responde de modo muito rápido ao desamas-
samento. Necessita ter bom acesso e facilidade de visualização, por 
isso retirar as portas dos automóveis e colocá-las sobre um cavalete 
torna o trabalho mais confortável e preciso.
Repuxo com cola quente
O repuxo com cola quente vem se tornando a técnica mais usada 
na montadora pela facilidade de não se desmontar nada, já que o 
trabalho é todo feito sobre a pintura.
Figura 7 – Repuxo com cola quente. 
Aplica-se a cola quente na ventosa, que deve ser menor que o 
dano, e imediatamente coloca-se no centro do amassado. Deixa-se 
esfriar por um ou dois minutos (de acordo com a temperatura e a 
quantidade de cola), em seguida encaixa-se a repuxadeira e começa-
-se a bater. De início, emprega-se pouca força e depois aumenta-se 
gradativamente. Deve-se observar lateralmente para não passar do 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 41
nível e criar um ponto positivo. Se necessário, remover a ventosa com 
desengraxante, analisar o resultado e repetir a operação.
Observações
• Dependendo da qualidade da pintura, utilizar uma cola 
com menos aderência.
• Para a técnica do repuxo com cola quente, atrapalha aque-
cer a peça com soprador térmico.
• Para soltar a cola da pintura ou da ventosa, utilizar desen-
graxante.
• Existem vários tipos de ventosa, inclusive alongado para 
vincos.
• Se no final do trabalho restarem pequenos pontos nega-
tivos, colocar pouca cola na ventosa e bater fortemente.
• Cuidado com a cola quente: se cair sobre a pele, resfriá-la 
imediatamente.
Cola estrutural
As colas de poliuretano têm a função de prender a folha do teto 
ou da porta, evitando vibração e aumentando a resistência mecânica. 
Para grandes amassados em teto, portas e tampas de porta-malas, 
primeiro é necessário removê-las, descolando travessas que também 
tenham se deformado, e prender a folha. Deve-se utilizar uma espá-
tula de aço aquecida com o soprador térmico para remover a cola, 
pois muitas vezes o amassado volta imediatamente.
TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO42
Figura 8 – Cola estrutural fixando estrutura na chapa.
Após remover a cola estrutural, prender a ventosa de silicone e 
puxar, utilizando um martelo de borracha para aliviar a tensão ao 
redor do amassado. É possível usar também a ventosa com parafuso 
e o repuxador de cola; existem no mercado ventosas grandes de bor-
racha com repuxador fixado. Nos grandes amassados, após aliviados, 
ainda restam vários pequenos danos, e cabe ao profissional definir a 
melhor técnica para cada um.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 43
Figura 9 – Martelos aliviando a tensão enquanto se puxa a ventosa de silicone.
Para aliviar a tensão em áreas pequenas, pode-se usar o marteli-
nho de 100 g; para áreas maiores, as opções são o martelo de borra-
cha ou mesmo o de funileiro, desde que bem polido. Bater sobre a 
espátula para áreas maiores evita marcas na pintura.
Exercícios
1. Com que ferramenta os pequenos pontos positivos devem 
ser baixados? E as ondas positivas?
2. Qual é a técnica também conhecida como toquinho?
3. Qual é a técnica mais usada nas montadoras? Por quê?
As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para 
download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.
br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_
coloridas.zip>.
6. Treinamento
A funilaria de brilho requer muito treino por parte do profissio-
nal. Por esse motivo, este capítulo é dedicado ao tema.
A habilidade manual exigida é diferente de qualquer tarefa, pois, 
ao mesmo tempo que se observa o reflexo da luminária e o movi-
mento da ferramenta empurrando a chapa, dosa-se a força para em-
purrar o ponto negativo, evitando subir além do nível e aliviando a 
tensão várias vezes por tempo indeterminado; o que exige concen-
tração na tarefa sem perder o foco, que é desamassar sem danificar 
a pintura.
Figura 1 – Cavalete com porta e luminária para treinamento.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 45
O treino é feito em peças automotivas (descartadas pelas oficinas) 
apoiadas e amarradas sobre um cavalete com a luminária fixada no 
ângulo ideal. O profissional simula vários tipos de amassado e treina 
as várias técnicas, utilizando suas respectivas ferramentas. Procurar 
manter a peça polida e brilhante é essencial, pois o reflexo é muito 
importante.
Outro ponto fundamental no treino e na prática diária é a ergo-
nomia. O profissional deve colocar-se sempre de forma confortável, 
de preferência sentado. A tarefa pode durar horas, e trabalhar numa 
posição curvadaou agachada pode cansar e levar a erros ou desis-
tência. Uma boa ideia é ter banquinhos de várias alturas, assim pode-
-se trabalhar sentado.
A concentração também é relevante. Para não perder o foco, pro-
curar trabalhar só ou pedir que não o interrompam. Alguns profis-
sionais têm um espaço apropriado, onde ninguém interfere, outros 
têm tanta prática que trabalham em qualquer lugar, com ou sem 
barulho, com pessoas observando e até perguntando.
Durante a tarefa, o profissional deve fazer algumas pausas para 
relaxar, sair do ambiente, tomar água, espairecer, principalmente 
quando o raciocínio estiver prejudicado. Procurar visualizar por ou-
tros ângulos, para que a criatividade mostre outras maneiras de re-
solver o problema.
A atitude é o principal atributo do profissional de funilaria de 
brilho: não desistir, não desanimar, concentrar-se no trabalho e ter 
certeza de seu objetivo – não estragar a pintura.
7. Funilaria tradicional
Lima flexível 
Martelo de funileiro 
Tasso 
Rebatedeira 
Repuxadeira elétrica 
A funilaria surgiu antes mesmo do automóvel. Os funileiros do 
passado, também chamados de lanterneiros e chapeiros, faziam ar-
maduras, bacias, baldes, lanternas a querosene, alambiques etc. Todas 
as chapas marteladas à mão eram feitas por artesãos. Quando inven-
taram o automóvel, pegaram uma carroça toda de madeira e coloca-
ram um motor no lugar do cavalo.
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Figura 1 – Automóveis antigos.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 47
Com a evolução dos automóveis, foi colocada uma carenagem de 
chapa de aço modelada à mão pelos funileiros. Com a criação da 
linha de montagem, as peças começaram a ser produzidas em série 
por prensas, e os chamados funileiros de linha ficaram na montagem 
das carrocerias e na reparação, como é até os dias de hoje.
O processo de desamassamento manual costuma danificar a pin-
tura, diferentemente da funilaria de brilho. Em geral, ele é usado 
quando não existe a possibilidade de desamassar com martelinho 
ou quando a pintura já está danificada.
A seguir, apresentam-se as principais ferramentas utilizadas na 
funilaria tradicional.
Lima flexível
O desamassamento manual começa com a identificação dos pon-
tos danificados. Em seguida, o funileiro passa a lima flexível sobre a 
chapa em movimentos diagonais. 
Figura 2 – Lima flexível.
FUNILARIA TRADICIONAL48
As lâminas da lima têm a função de marcar a chapa nos pontos 
mais altos, identificando o amassado. Nesse momento, o funileiro 
remove a tinta da área marcada – o ideal é utilizar um disco de fibra 
plástica (remuver, CS ou strip disk) que não desbasta nem aquece o 
aço da peça.
Na sequência, o funileiro passa a lima novamente para marcar a 
chapa, identificando os pontos mais altos do dano, os pontos positi-
vos e o centro, onde a lima não marcou os negativos.
Figura 3 – Aplicação da lima flexível em diagonal. 
Para confirmar, o funileiro passa a mão espalmada sobre a chapa: 
o tato revela a intensidade da tensão.
As tensões laterais são rugas e vincos que se formam em volta do 
amassado, em forma de pontos positivos. Para removê-las, coloca-se 
o tasso no centro sob a chapa, pressionando para cima, e bate-se com 
o martelo levemente nas tensões para baixo; passa-se a lima nova-
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 49
mente e a mão, confirmando que os pontos altos baixaram. Se ainda 
existirem pontos altos, é necessário repetir a operação.
Martelo de funileiro
Fabricado de aço forjado 1045, como a maioria das ferramentas, 
tem a característica de ser leve – de 200 g a 300 g – e a face de impac-
to larga, lisa e arredondada, para moldar a chapa sem marcar. Pode 
ser usado tanto para descer pontos positivos como para subir os ne-
gativos. Existem vários modelos: bico, pena horizontal, pena vertical, 
face dupla etc.
Figura 4 – Martelo de funileiro do tipo pena horizontal.
O martelo tem a função de bater em pontos positivos e baixá-los, 
ou seja, nivelar a chapa e tirar a tensão, sempre com o apoio do tasso 
sob a lataria.
FUNILARIA TRADICIONAL50
Tasso
Figura 5 – Tipos de tasso.
É um bloco de aço forjado, também chamado de encontrador. 
Tem vários formatos conforme a necessidade do local ou do tipo de 
amassado. Suas áreas planas ou arredondadas encaixam-se no for-
mato da lataria do automóvel.
Rebatedeira
Também conhecida como abrasadeira, tem a função de levantar 
os pontos baixos. A técnica é bem simples: pressionar o lado arre-
dondado do tasso sob o ponto negativo e bater com o lado recarti-
lhado da rebatedeira de duas a três vezes em cada ponto. A chapa 
sobe em função da ação e reação, ou seja, o tasso, que está pressio-
nado embaixo, empurra a chapa para cima; quando a rebatedeira 
bate, levanta o ponto negativo.
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 51
Figura 6 – Aplicação da rebatedeira. 
Passar a lima flexível novamente e a mão para confirmar o nive-
lamento da lataria. Essas tarefas devem ser repetidas até o reparo 
ficar completo.
Observações
• Não bater repetidamente sobre a chapa no mesmo ponto, 
para não dilatar o aço por esmagamento; se isso acontecer, 
será necessário usar calor para contrair.
• Não passar a lima flexível com força, pois pode ocorrer o 
desbaste exagerado do aço – lembrar que a chapa tem 
0,7 mm de espessura.
• Se for necessário aplicar massa de poliéster para nivela-
mento completo, no máximo 3 mm de espessura para que 
ela possa acompanhar a dilatação da chapa em dias quen-
tes, sem trincar.
FUNILARIA TRADICIONAL52
Repuxadeira elétrica
Também conhecida como spotter, ela faz a maioria das tarefas da 
funilaria artesanal de maneira prática e rápida. Funciona com um 
transformador que produz calor para soldar uma ponteira ou várias 
arruelas para puxar a chapa em pontos negativos ou aplicar calor com 
uma ponteira arredondada, contraindo a chapa e baixando pontos 
positivos.
 
Figura 7 – Repuxadeira elétrica.
Ferramenta indispensável nas oficinas modernas, reduz o tempo 
de trabalho consideravelmente e aumenta a qualidade do reparo. É 
ideal para pontos sem acesso, como colunas, soleiras, capôs e tampas 
traseiras. Deve-se remover a tinta da área trabalhada para realizar o 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 53
contato elétrico do equipamento, já que a tinta é um isolante elétrico. 
Também é necessário desligar a bateria, já que os picos de ampera-
gem podem danificar o sistema elétrico.
A Figura 8 mostra o funileiro soldando várias arruelas para puxar 
um amassado na lataria do automóvel.
Figura 8 – Spotter soldando arruelas para repuxo.
FUNILARIA TRADICIONAL54
Exercícios
1. Quem surgiu primeiro: a funilaria ou o automóvel?
2. O processo de desamassamento manual não danifica a pin-
tura. Essa afirmativa está correta? 
3. Qual é a ferramenta fabricada de aço forjado 1045, leve e 
com face de impacto larga, lisa e arredondada? 
4. Qual é a função da rebatedeira?
5. Qual é a ferramenta também conhecida como spotter?
As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para 
download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com.
br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_
coloridas.zip>.
8. Organização do 
trabalho e meio 
ambiente
Local de trabalho 
Organização das ferramentas 
Divulgação 
Atendimento móvel (delivery) 
Relação com o meio ambiente
Este capítulo destaca uma das premissas de uma oficina: a orga-
nização do trabalho. Era comum na funilaria tradicional ver oficinas 
bagunçadas, carros desmontados e peças para todo lado. Atualmen-
te, esse pensamento está mudado: várias oficinas investem em lim-
peza e organização das peças, etiquetando-as e encaixotando-as, com 
leiaute adequado.
Local de trabalho
Na funilaria de brilho, as oficinas parecem lojas, limpas e chama-
tivas. A imagem é muito importante: um piso bonito e claro e uma 
iluminação que realce o brilho da pintura dos automóveis são essen-
ciais para atrair o cliente.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MEIO AMBIENTE56
Certificados profissionaisexpostos em quadros fixados na parede, 
pôsteres de automóveis e fotos de trabalhos realizados podem ser 
usados para criar um espaço atrativo.
A fachada da loja deve ter um nome que inspire segurança para 
o serviço de desamassamento sem danificar a pintura. No Brasil, o 
termo “martelinho de ouro” virou significado dessa profissão. Aliás, 
na montadora quem efetua o trabalho é o funileiro de linha.
O trabalho geralmente é realizado em boxes nos postos de com-
bustíveis, lava-rápidos, estacionamentos, autopeças, acessórios, 
 shopping centers e até supermercados. São instalados em locais onde 
os clientes vão com seus veículos, para facilitar o acesso e a forma de 
oferecer o serviço e o orçamento.
Organização das ferramentas
Um quadro de ferramentas disposto na parede com fundo que 
realce e mostre volume e organização gera confiança no cliente. 
Além desse aspecto, é fundamental para facilitar o trabalho do 
profissional. Como há várias opções de ferramentas no mercado, é 
importante que estejam todas identificadas e organizadas. A oficina 
precisa sempre se munir de ferramentas e novos produtos, atuali-
zando-se sempre.
Divulgação
Para o sucesso do negócio, é fundamental a divulgação. Anunciar 
a loja em jornais e revistas especializadas atrai muitos clientes. 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 57
Uma possibilidade de gerar renda para a oficina é por meio de 
treinamentos. Ao mesmo tempo que se realiza o trabalho nos carros 
dos clientes, aproveita-se para ensinar os novos profissionais, capa-
citando-os.
A internet é outro veículo importante na divulgação, principal-
mente a plataforma YouTube, por meio da qual é possível postar 
vídeos de serviços executados com sucesso, explicando o passo a 
passo, atraindo clientes e gerando confiança.
Atendimento móvel (delivery)
Uma opção de trabalho complementar ou alternativo é realizar 
atendimento onde o cliente está: em sua residência, no trabalho, em 
uma loja de carros etc. A sugestão é montar um kit com ferramentas, 
distribuir cartões e empregar todas as formas de divulgação para 
atrair clientes e iniciar essa modalidade de serviço.
Uma dica é ficar atento à previsão de chuvas de granizo, pois 
nessas situações a demanda é grande, sobretudo em lojas de auto-
móveis, que geralmente deixam os veículos em pátios abertos, sem 
 cobertura.
Existem equipes de profissionais internacionais que já fazem isso, 
principalmente durante o inverno europeu. Costumam viajar para 
Portugal, por exemplo, onde estabelecem seu local de partida e ficam 
atentos às previsões de granizo, muito comum nessa região. Adqui-
rem ferramentas no local e viajam pelos países de trem ou com car-
ros alugados, prestando serviços de martelinho de ouro durante toda 
a temporada. 
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MEIO AMBIENTE58
Relação com o meio ambiente 
Imaginar o seguinte quadro: um pátio com 2 mil veículos amas-
sados por uma chuva de granizo, com danos no capô, na porta e/ou 
no teto. 
Para pintar uma peça automotiva, é necessário lixar o local, re-
movendo tinta velha, aplicar massa de poliéster de nivelamento, lixar, 
aplicar primer PU e lixar novamente; ao final aplicar tinta poliéster 
e verniz poliuretano. Considerar que se deve limpar a peça com de-
sengraxante várias vezes, que o lixamento produz muito pó e que, 
após aplicação do primer e da tinta, é necessário lavar a pistola com 
tíner.
Fazendo um cálculo simples, cerca de 500 ml de solvente deixam 
de ser liberados na natureza cada vez que uma peça é recuperada pela 
funilaria tradicional, além do pó que poluiria o ar.
Um profissional que desamasse dois veículos por dia – alguns têm 
rendimento maior – evita que um litro de solvente vá para a nature-
za. Ao multiplicar esse valor pela média dos 20 dias úteis de um mês, 
são 20 litros; em um ano, são 240 litros de solvente.
Portanto, utilizar a técnica de funilaria de brilho, quando possível, 
também pode trazer benefícios ao meio ambiente.
Há vários trabalhos sobre os compostos orgânicos voláteis e seu 
efeito sobre a natureza. Há leis que exigem tratamentos de sobra de 
solventes para reúso, porém, na realidade brasileira, ainda só as mon-
tadoras fazem esse controle. Observa-se, na maioria das oficinas, que 
não se usa sequer a máscara de filtro pelo profissional, quanto mais 
controlar suas emissões.
Pensar no meio ambiente é fundamental. Em qualquer área e 
qualquer trabalho que se for realizar, devem-se aproveitar os recursos 
FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 59
disponíveis, fazendo o reúso quando possível e o descarte adequado, 
conforme os produtos que utilizar.
Deve-se estar atento às normas ambientais relacionadas ao traba-
lho desenvolvido. Elas são também um fator essencial no cotidiano 
de um profissional consciente.
Considerações finais
Ao final do estudo, conheceram-se as principais ferramentas e 
técnicas de funilaria de brilho, bem como a importância do treina-
mento do profissional.
Observou-se que as técnicas de trabalho são bem simples – basi-
camente, empurrar ou puxar a chapa amassada –, porém a dificul-
dade maior está em não danificar a pintura. 
Os resultados que a funilaria de brilho proporciona são incríveis, 
além de não causar danos ao meio ambiente. É uma profissão em 
ascensão e rentável.
É importante se manter atualizado e buscar novas ferramentas e 
técnicas para aprimorar o trabalho. Além disso, a prática, o treino, a 
atenção e o cuidado são essenciais nessa profissão.
Referências
BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 6: equipamento de proteção indivi-
dual – EPI. Disponível em: <http://portalfat.mte.gov.br/wp-content/uploa-
ds/2016/04/NR6.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.
______. ______. NR 15: atividades e operações insalubres. Disponível em: 
<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf>. 
Acesso em: 10 ago. 2017.
FIAT. Manual de reparação. Betim, 1996.
LOCKDALL, Randy. A complete guide to starting a paintless dent repair 
business. Bloomington: AuthorHouse, 2016.
SENAI-SP. Fundamentos da funilaria de automóveis. São Paulo, 2006.
______. Fundamentos da funilaria de brilho. São Paulo, 2011.
Sobre o autor
Paulo Cesar da Silva foi aluno do SENAI no curso de Mecânica 
Automotiva em São Bernardo do Campo (SP) e formou-se em 
Logística na Fatec-Santos. Trabalhou em algumas oficinas. 
Em 1988, iniciou o trabalho em funilaria em Santo André. Em 
1993, mudou-se para Santos, onde atuou em outras oficinas e desen-
volveu a parte de pintura automotiva.
Em 1999, foi contratado pelo SENAI de Santos como instrutor de 
Funilaria e Pintura, inclusive pintura de embarcações. Em 2004, foi 
transferido para a Escola Móvel de Funilaria Automotiva, lecionan-
do por todo o estado de São Paulo.
Em 2005, conheceu a funilaria de brilho com o professor Bauru 
no SENAI do Ipiranga, em São Paulo.
Em 2012, fez aperfeiçoamento no Martelinho de Ouro Jundiaí.
A SENAI-SP Editora empenhou-se em identificar e contatar todos os responsáveis pelos direitos 
autorais das imagens reproduzidas neste livro. Se porventura for constatada omissão na 
identificação de algum material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos.
Gerência de produção 
editorial e gráfica 
Caroline Mori Ferreira
Edição 
Ana Lucia Sant’Ana dos Santos
Preparação 
Breno Beneducci 
Karinna A. C. Taddeo
Revisão 
Muiraquitã Editoração Gráfica
Produção gráfica 
Rafael Zemantauskas 
Sirlene Nascimento 
Vanessa Lopes dos Santos
Diagramação 
Globaltec Editora
Capa 
Inventum Design
Imagens 
Acervo do autor 
Thinkstock
© SENAI-SP Editora, 2019

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