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Funilaria de brilho – Ferram entas e técnicas AUTOMOTIVA Funilaria de brilho Ferramentas e técnicas 9 788583 939542 ISBN 978-85-8393-954-2 Paulo Cesar da Silva Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Funilaria de brilho Ferramentas e técnicas SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br www.senaispeditora.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Silva, Paulo Cesar da Funilaria de brilho: ferramentas e técnicas / Paulo Cesar da Silva. – São Paulo: SENAI-SP Editora, 2019. 64 p.: il. Inclui referências ISBN 978-85-8393-954-2 1. Automóveis – Manutenção e reparação 2. Pintura 3. Funilaria 4. Retificação e polimento I. Título. CDD 629.287 Índices para o catálogo sistemático: 1. Automóveis – Manutenção e reparação 629.287 AUTOMOTIVA Funilaria de brilho Ferramentas e técnicas Paulo Cesar da Silva Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação pro- fissional multiplicam-se e, sobretudo, se diversificam. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qua- lidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firme- mente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e às prioridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração como os cur- sos de Aprendizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Su- periores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que inte- gra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário Introdução 9 1. A funilaria de brilho 11 Histórico 11 Aptidão e atitude do profissional 13 2. Aplicação 14 Análise da pintura 15 Tipos de amassado 16 3. Segurança no trabalho 18 Óculos de segurança 18 Protetor auricular 19 Luvas de malha de algodão, lona ou couro 20 4. Ferramentas 22 Alavancas 22 Espátulas 26 Martelos 26 Punções 28 Tasso 29 Ventosas de silicone e borracha 30 Repuxadeira de cola quente 30 Soprador térmico 31 Luminárias 32 5. Técnicas de desamassamento 34 Visualização com luminárias 34 Arraste 37 Alavancas 37 Espátulas 38 Técnica do punção 39 Repuxo com cola quente 40 Cola estrutural 41 6. Treinamento 44 7. Funilaria tradicional 46 Lima flexível 47 Martelo de funileiro 49 Tasso 50 Rebatedeira 50 Repuxadeira elétrica 52 8. Organização do trabalho e meio ambiente 55 Local de trabalho 55 Organização das ferramentas 56 Divulgação 56 Atendimento móvel (delivery) 57 Relação com o meio ambiente 58 Considerações finais 60 Referências 61 Sobre o autor 62 Introdução Funilaria de brilho, ou martelinho de ouro, como é mais conhe- cida, é um conjunto de técnicas que emprega ferramentas específicas para o desamassamento de chapas automotivas sem danificar a pintura. As técnicas de trabalho são simples, constituídas basicamente pelas ações de empurrar ou puxar as chapas amassadas. A dificulda- de reside em não danificar a pintura. Desenvolvidas por funileiros na indústria automotiva, a funilaria de brilho tornou-se uma profissão rentável e em crescimento. São incríveis os resultados atingidos nos veículos amassados – partes diagnosticadas para substituição são recuperadas sem danificar a pintura, mantendo a originalidade e valorizando o patrimônio do cliente, por um custo e tempo muito menores em comparação ao processo tradicional. Este livro descreve, de maneira simples, os procedimentos da fu- nilaria de brilho, sua história, suas ferramentas, as técnicas de desa- massamento, o desenvolvimento dessa profissão e sua importância para o meio ambiente, pois cada peça de automóvel recuperada pelo profissional é uma peça a menos a ser pintada na oficina. As imagens apresentadas facilitam o entendimento dos processos, bem como a análise da pintura do automóvel, pois nem todos os casos são passíveis de reparação. As referências em cores de algumas figuras dos capítulos 5 e 7 podem ser visualizadas no site da editora. O ícone INTRODUÇÃO10 de download está posicionado abaixo dessas figuras, que estão disponíveis no link <https://www.senaispeditora.com.br/ downloads/ respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_coloridas.zip>. Os tipos de amassado são abordados, mostrando quais podem ser reparados e como deve ser realizada a escolha da técnica e da ferra- menta ideal. Esta obra é destinada aos estudantes da área automotiva, bem como aos profissionais de reparação que desejam conhecer as técni- cas da funilaria de brilho. 1. A funilaria de brilho Histórico Aptidão e atitude do profissional Histórico Funilaria de brilho, funilaria artesanal, martelinho de ouro, desa- massamento sem pintura (DSP), paintless dent repair (PDR) são no- mes de uma mesma técnica, que consiste em desamassar a carroceria do automóvel sem danificar a pintura. Essa técnica foi desenvolvida na indústria automobilística para permitir que os reparadores removessem pequenos amassados nos veículos novos sem danificar a pintura. Para tanto, surgiram técnicas e ferramentas, evitando que o veículo fosse reparado pelo processo de funilaria e pintura tradicional, o que causaria prejuízo à montadora. A FUNILARIA DE BRILHO12 sb -b or g/ Th in ks to ck Figura 1 – Amassado na lataria. Os profissionais começaram a levar essas técnicas para fora da montadora, tornando-se um sucesso e um ótimo negócio, tanto na realização do trabalho propriamente dito como no treinamento de novos técnicos. As ferramentas utilizadas no início eram improvisadas, como martelinhos leves e alavancas com as pontas arredondadas, para não danificar a pintura. Hoje profissionalizadas, há vários tipos de ala- vanca, martelo, pino etc., que facilitam o trabalho, porém o principal continua sendo a habilidade do profissional, que deve ser desenvol- vida com treino incessantemente. O desamassamento sem pintura pode ser realizado pelo lado in- terno da carroceria, empurrando a chapa com alavancas, ou pelo lado externo, puxando com uma ventosa com ou sem cola. O que vai definir a técnica ideal é o local, o tipo do amassado ou a qualidade da pintura. Por exemplo, se for repintura ou pintura velha (calcinada), é um risco trabalhar com cola. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 13 Aptidão e atitude do profissional As técnicas podem ser aprendidas por qualquer pessoa, mas o conhecimento da funilaria tradicional ajuda no desenvolvimento do processo. O capítulo 7 édedicado ao tema. Para desenvolver a técnica, é importante ter boa visão, boa coor- denação motora e, principalmente, calma e determinação para desa- massar, sempre tendo como meta não danificar a pintura. Um bom profissional deve treinar muito, dedicar-se a desenvolver todas as técnicas, entender como reage a chapa de aço em cada par- te do veículo e escolher a ferramenta ideal para cada procedimento. Além disso, deve ser paciente, pois uma tarefa pode levar desde mi- nutos até horas para sua execução. 2. Aplicação Análise da pintura Tipos de amassado A análise inicial do estado da pintura do veículo é fundamental para identificar se a funilaria de brilho pode ser aplicada. Já a defi- nição da melhor técnica a ser utilizada depende dos tipos de amas- sado presentes no automóvel. kz en on /T hi nk st oc k Figura 1 – A análise do profissional. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 15 Verifica-se que a funilaria de brilho é indicada para amassados que não danificaram a pintura, que podem ser pequenos ou grandes danos. A escolha da técnica depende: • da capacidade do profissional; • do local com ou sem acesso; • da dureza do local, pois, embora a chapa externa do veículo seja a mesma, em locais arredondados a resistência torna-se maior que em locais mais planos; • da existência de estruturas internas, que podem ser um pro- blema, pois, quando coladas, são removidas para facilitar o levantamento da folha; quando soldadas, é necessário recupe- rar primeiro a estrutura. Análise da pintura Quanto mais nova a pintura automotiva, melhor o resultado ao aplicar a técnica, pois mais flexível e resistente ela é, estando mais próxima de sua pintura original. Ao fazer a análise de uma pintura, é importante verificar o ano de fabricação do veículo, que dará o primeiro sinal; na sequência, observar a conservação do automóvel e o estado do teto e do capô – se estiverem calcinados e sem brilho, isso pode refletir a possibili- dade de trincar e desplacar durante o desamassamento. Veículos repintados podem ser desamassados também, mas com certo cuidado. Deve-se observar a pintura do local do amassado mi- nuciosamente, ver se não há microtrincas, comparar o brilho e a APLICAÇÃO 16 textura do verniz com outras partes – para isso, ficar em diagonal (15 graus) em relação ao brilho e observar os reflexos para notar dife- renças de tonalidades e texturas: a superfície deve ser homogênea; se houver diferenças, principalmente nos cantos e nas junções, é possí- vel que retoques tenham sido realizados em oficina. Essa análise deve ser treinada diariamente pelos profissionais de funilaria de brilho. Ao caminhar por uma calçada, ficar próximo aos veículos esta- cionados, observar a pintura e analisar os reflexos, os amassados, as diferenças de tonalidade, as texturas do verniz (casca de laranja) e o desalinhamento de partes. Esse exercício deve ser constante para treinar o olhar. Tipos de amassado Podem-se destacar dois tipos de amassado: • boleados: são arredondados, sem quinas, gerando pouca ten- são lateral, o que facilita o reparo – basta puxar ou empurrar com cuidado para não levantar demais; • vincados: como o próprio nome revela, formam quinas inter- nas ou laterais que dificultam a desdobra sem trincar a pintu- ra; as tensões geradas são resistentes, exigindo perícia do pro- fissional. A maioria dos amassados é negativa, ou seja, de fora para dentro. Já os amassados positivos são gerados de dentro para fora, o que costuma esticar a chapa e deixar marcas na pintura, por isso devem ser removidos lentamente para controle do estiramento. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 17 Um dano maior pode conter um ou dois tipos de amassado. De- pendendo do local, o profissional inicia pelo raso e vai ao mais pro- fundo gradativamente. Durante o empurrar da chapa deve-se tomar cuidado para não levantá-la demais, fazendo pontos positivos, os quais são mais difíceis de baixar pois esticam a chapa. Exercícios 1. Quando é indicada a funilaria de brilho? 2. O que se deve analisar antes de aplicar a técnica de funilaria de brilho? As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com. br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_ coloridas.zip>. 3. Segurança no trabalho Óculos de segurança Protetor auricular Luvas de malha de algodão, lona ou couro Trabalhar com segurança é fundamental, por isso este capítulo mostra os principais equipamentos de proteção individual (EPIs) utilizados. De acordo com a Norma Regulamentadora n. 6 (NR 6), o forne- cimento do EPI adequado aos riscos aos quais os funcionários estão submetidos é uma responsabilidade da empresa, porém a sua utili- zação é um dever de cada operador durante as atividades. A segurança no trabalho inclui, além de usar os EPIs adequados, prestar atenção para evitar possíveis riscos. Óculos de segurança Com lentes endurecidas ou confeccionados em policarbonato, são grandes aliados dos profissionais que executam atividades de risco (ponteamento, lixamento e desbaste de superfície). Caso o operador necessite de óculos com lentes corretivas, deve notificar sua empresa e providenciar uma receita com um oftalmologista. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 19 kz en on /T hi nk st oc k Figura 1 – Óculos de segurança. Protetor auricular Existem quatro tipos disponíveis: • tipo plugue, de policloreto de polivinila (PVC), em três tama- nhos (descartáveis); • tipo espuma moldável cilíndrico (descartável); • tipo espuma moldável cônico (descartável); • tipo concha (fone). Sua utilização é necessária em todo local onde o nível de ruído exceda a 85 db(A), segundo a NR 15. To ny Lo m as /T hi nk st oc k Figura 2 – Protetores auriculares de plugue e concha. SEGURANÇA NO TRABALHO20 Luvas de malha de algodão, lona ou couro Oferecem conforto e segurança ao funileiro durante suas ativida- des, pois as flanges e os cantos das chapas podem provocar cortes nas mãos. Outra função das luvas é oferecer maior sensibilidade ao fu- nileiro para reconhecer defeitos na superfície das peças. As luvas não devem ser usadas em atividades de soldagem metal inert gas (MIG) ou metal active gas (MAG). Figura 3 – Luvas tricotadas de algodão e sintéticas. O uso de máscara respiratória PFF2 é necessário quando se pro- voca poeira ou se manipulam produtos químicos, como tíner, que raramente é usado nas tarefas da funilaria de brilho. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 21 Exercícios 1. O que diz a NR 6 sobre o fornecimento de EPI? 2. Em que locais devem ser utilizados os protetores auricu- lares? As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com. br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_ coloridas.zip>. 4. Ferramentas Alavancas Espátulas Martelos Punções Tasso Ventosas de silicone e borracha Repuxadeira de cola quente Soprador térmico Luminárias Este capítulo apresenta as principais ferramentas utilizadas na funilaria de brilho. Alavancas Elas foram as primeiras ferramentas desenvolvidas para o reparo sem pintura. No início, tinham suas pontas arredondadas, para em- purrar a chapa sem marcar. Na Itália, os artesãos recebiam o nome de boleiro, por causa da forma arredondada de suas ferramentas. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 23 kz en on /T hi nk st oc k Figura 1 – Ferramentas desenvolvidas para trabalho de boleiro. Fonte: Manual de Reparação Fiat, 1996. Atualmente, existem vários tipos de ponta de alavanca, conforme a necessidade do profissional. A ponta arredondada levanta a chapa com mais suavidade. É ideal para iniciar a tarefa sem marcar. Deve ser arrastada na parte interna para indicar seu posicionamento. Figura 2 – Ponta de alavanca do tipo arredondada. FERRAMENTAS24 A ponta bicuda, ou bullet, é ideal para finalizar o desamassamen-to por ser mais precisa. Figura 3 – Pontas de alavancas bicudas. A ponta achatada, rabo de peixe ou blade é adequada para traba- lhar em locais apertados, empurrando lateralmente. Figura 4 – Pontas de alavancas achatadas (rabo de peixe). FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 25 Uma novidade é a alavanca com esfera imantada na ponta, que gira na parte interna da peça e arrasta uma pequena esfera sobre a pintura, indicando o posicionamento exato da alavanca, facilitando o arraste. As alavancas de madeira, ou ponteiras de madeira, são feitas com goiabeira, pau-ferro e até taco de sinuca. Outras alavancas artesanais são produzidas de aço trefilado, barras de aterramento, aço inox etc. Figura 5 – Alavancas artesanais. As alavancas podem ser adquiridas individualmente ou em kits, ou ser manufaturadas pelo próprio profissional, conforme sua neces- sidade. Normalmente, usa-se barra de aço trefilado redondo ou inox como matéria-prima. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 25 Uma novidade é a alavanca com esfera imantada na ponta, que gira na parte interna da peça e arrasta uma pequena esfera sobre a pintura, indicando o posicionamento exato da alavanca, facilitando o arraste. As alavancas de madeira, ou ponteiras de madeira, são feitas com goiabeira, pau-ferro e até taco de sinuca. Outras alavancas artesanais são produzidas de aço trefilado, barras de aterramento, aço inox etc. Figura 5 – Alavancas artesanais. As alavancas podem ser adquiridas individualmente ou em kits, ou ser manufaturadas pelo próprio profissional, conforme sua neces- sidade. Normalmente, usa-se barra de aço trefilado redondo ou inox como matéria-prima. Figura 6 – Kit comercial de martelinho de ouro.Figura 6 – Kit comercial de martelinho de ouro. FERRAMENTAS26 Espátulas Fabricadas com lâminas de suspensão dianteira do Fusca, com a ponta afilada e polida, têm a função de levantar amassados em locais em que as alavancas não entram, ou seja, locais estreitos em que só a lâmina das espátulas penetra sob a pintura. Podem ser usadas tam- bém para receber batidas com o martelo, abrangendo uma área maior e aliviando tensões. Figura 7 – Espátulas de aço. Martelos Sua função no processo é principalmente aliviar as tensões que se formam em volta dos amassados. Para isso, ele deve ser levemente arredondado e polido para não marcar a pintura. Para conseguir o polimento, deve-se esmerilhar a base do marte- lo até conseguir o formato arredondado, depois lixar várias vezes com grão 80, 150, 320, 600, 1.000 e, finalmente, aplicar um polimento, lembrando que cada lixa tem a função de tirar as marcas da anterior e manter o formato; uma lixadeira roto-orbital facilita o processo. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 27 Os martelos também vão auxiliar a bater nos punções e nos tocos e a tirar os pontos positivos. Existem vários tipos de martelo utilizados no processo. Martelos de 100 g e 50 g devem ter a base arredondada e polida para não mar- car a pintura. São usados para pequenas tensões e pontos positivos. Figura 8 – Martelos de 50 g e 100 g com a face arredondada e polida. O martelo de funileiro tem a face arredondada e polida; se possí- vel, aliviar o peso. Figura 9 – Martelo tradicional de funileiro. FERRAMENTAS28 O martelo de alumínio apresenta o mesmo formato do de funila- ria, é leve e polido. O martelo de borracha é sempre útil para aliviar a tensão e tirar ondulações na peça. Figura 10 – Martelos de borracha. Punções O punção, pino ou toquinho – o nome muda conforme o profis- sional – é um pino feito de aço, alumínio, náilon, acrílico, latão ou até madeira (goiabeira é uma boa matéria-prima) que tem a função de levantar pontos negativos ou baixar positivos, com o auxílio do martelo. Amassados arredondados, como os causados por chuva de granizo, são rapidamente resolvidos com o punção pelo lado interno da lataria, dependendo do acesso e da técnica do profissional. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 29 Figura 11 – Punções produzidos com materiais variados. Tasso Também chamado de encontrador, é uma ferramenta tradicional na funilaria. Serve de apoio para o martelo quando se bate na chapa. Alguns profissionais repudiam seu uso na funilaria de brilho, pois a possibilidade de esmagar a pintura é acentuada, já que qualquer mar- ca ou sujeira estraga a pintura – por isso, ele deve ser alisado e poli- do. O mais comum é o de cunha redondo. Figura 12 – Tasso do tipo cunha. FERRAMENTAS30 Ventosas de silicone e borracha Usadas para puxar pelo lado de fora, resolvem rapidamente amas- sados grandes e sem vincos. Deve-se utilizar o martelo para tirar as tensões durante a tarefa. Figura 13 – Ventosas de silicone. Repuxadeira de cola quente Também chamada de kit americano, consiste em pequenas e mé- dias ventosas coladas na parte externa da carroceria com cola quen- te e puxadas com uma marreta dinâmica, ideal para áreas sem aces- so interno. Existem no mercado tipos diferentes de cola, mais ou menos aderentes, conforme a dificuldade do amassado. O profissio- nal deve ter cuidado com repinturas ou tintas velhas, pois a força de tração remove-as com facilidade. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 31 Figura 14 – Kit americano. Soprador térmico Usado inicialmente para aquecer e flexibilizar a pintura, ajuda a evitar as trincas. É também empregado na remoção de antirruídos internos, estruturas coladas, emblemas e adesivos. Deve-se ter cuidado para não aquecer demais a pintura. Se tiver sido aplicada massa de poliéster, o soprador pode fazer bolhas; se for utilizado em peças plásticas, como para-choques, o cuidado deve ser maior para evitar deformações. Figura 15 – Soprador térmico removendo antirruído. FERRAMENTAS32 Luminárias Têm a função de fornecer um reflexo da pintura, realçando o amassado e facilitando a visualização dos pontos positivos e negati- vos. Existem vários tipos de luminária no mercado. Elas devem ter uma placa de acrílico fosca para dar reflexo sem irritar a vista. Podem ser brancas, amarelas, listradas, conforme a preferência do profis- sional. Para fixá-las no veículo, usa-se uma ventosa, um ímã ou um tripé. Figura 16 – Luminária com ventosa. Figura 17 – Luminária com tripé. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 33 Exercícios 1. Quais foram as primeiras ferramentas desenvolvidas para reparo sem pintura? 2. Como podem ser adquiridas as alavancas? 3. Qual é a função das espátulas? 4. Qual é o tipo de ferramenta utilizado em amassados origi- nários de chuva de granizo? 5. Fornece um reflexo da pintura, realçando o amassado e facilitando a visualização dos pontos positivos e negativos. Qual é a ferramenta que tem essa função? As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com. br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_ coloridas.zip>. 5. Técnicas de desamassamento Visualização com luminárias Arraste Alavancas Espátulas Técnica do punção Repuxo com cola quente Cola estrutural As técnicas de desamassamento e a utilização das ferramentas para funilaria de brilho são temas deste capítulo. Visualização com luminárias Primeiramente, colocar a luminária à frente do amassado para verificar tecnicamente o tipo e a profundidade. A Figura 1 mostra um amassado na pintura. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 35 Figura 1 – Luminária mostrando amassado na pintura. Não existe uma distância determinada para a colocação da lumi- nária. O profissional deve posicionar-se em um ângulo que permita visualizar, constantemente, o reflexo da lâmpada no amassado en- quanto faz a reparação. Isso permite fazer o arraste e observar o efei- to da ferramenta escolhida levantando os pontos negativos, até que a chapa esteja nivelada. Figura 2 – Luminária listrada mostrando amassado no para-lama. TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO36 Na Figura 3, o reflexo da lâmpada sobre a pintura mostraum amassado negativo. Nesse caso, o profissional deve levantar a chapa. Figura 3 – Reflexo de amassado negativo. Na Figura 4, o reflexo da lâmpada mostra um ponto positivo, o que indica que o profissional deve abaixar a chapa. Figura 4 – Reflexo de amassado positivo. Nos amassados vincados, deve-se colocar a luz paralelamente à linha do vinco, pois isso facilita a visualização durante o trabalho. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 37 Depois de identificar o amassado, é necessário procurar o melhor acesso para escolher a técnica mais efetiva: • local fácil: todas as técnicas são possíveis – alavanca, punção, espátula, cola, martelo; • local apertado: alavanca, espátula, cola; • local muito apertado: espátula, cola; • local sem acesso: cola; caso a pintura do veículo não suporte a cola, fazer um furo de 10 mm internamente para dar acesso à alavanca e, após a tarefa, fechar com tampa de borracha. Arraste Tarefa a ser efetuada nas ferramentas que trabalham sob a chapa. Para saber a localização da ferramenta, arrastá-la sob a chapa em direção ao amassado e ver uma onda na pintura, indicando seu po- sicionamento; parar sob o defeito e começar a empurrá-lo para cima. Alavancas O desamassamento utilizando alavancas foi a primeira técnica desenvolvida na montadora. Trata-se de empurrar a chapa de dentro para fora, forçando até o limite do nível da lataria para não fazer pontos positivos. A localização do local correto é percebida por meio de um arraste que se faz suavemente com a alavanca pelo lado inter- no da lataria, em direção ao dano. Na pintura, vê-se uma onda no arraste indicando o local da alavanca; quando se estiver abaixo do dano, começa-se o processo de empurrar a chapa para cima e soltar. TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO38 Esse processo pode ser feito do centro para as extremidades; pode ser rápido, quando a tensão não está rígida, ou demorado. Figura 5 – Arraste da alavanca sob a chapa. Alavancas de pontas boleadas são indicadas para iniciar o pro- cesso de empurrar a chapa. Se restar uma pequena sombra do amas- sado, deve-se usar uma alavanca de ponta bicuda para finalizar. Alavancas do tipo rabo de peixe (blade) são ideais para locais estreitos, pois trabalham lateralmente, mas são complicadas de visua- lizar no arraste. Uma boa dica é medir com a alavanca sobre a chapa, do ponto de acesso até o amassado, e definir o comprimento. Espátulas As espátulas são finas e, por isso, adequadas para local muito apertado. Usa-se a ponta arredondada e polida para empurrar a cha- pa com cuidado; em locais próximos a dobras, não se deve forçar a chapa, pois isso pode levantar um ponto positivo de difícil remoção. Os pequenos pontos positivos devem ser baixados com o marte- lo de 100 g ou com os punções de aço, náilon ou alumínio; já as FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 39 ondas positivas e as tensões devem ser baixadas com martelos planos ou de borracha. Técnica do punção Também chamada de técnica do toquinho, consiste basicamente em empurrar a chapa com punções. É muito eficiente, mas exige muito treino. Coloca-se o punção sob a chapa, faz-se o arraste até o centro do amassado e bate-se com um martelo suavemente, aumen- tando a força conforme o resultado. Deve-se usar o dedo apoiado na chapa para o punção não sair do ponto durante as batidas. Figura 6 – Técnica do punção ou do toquinho. TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO40 É uma técnica que responde de modo muito rápido ao desamas- samento. Necessita ter bom acesso e facilidade de visualização, por isso retirar as portas dos automóveis e colocá-las sobre um cavalete torna o trabalho mais confortável e preciso. Repuxo com cola quente O repuxo com cola quente vem se tornando a técnica mais usada na montadora pela facilidade de não se desmontar nada, já que o trabalho é todo feito sobre a pintura. Figura 7 – Repuxo com cola quente. Aplica-se a cola quente na ventosa, que deve ser menor que o dano, e imediatamente coloca-se no centro do amassado. Deixa-se esfriar por um ou dois minutos (de acordo com a temperatura e a quantidade de cola), em seguida encaixa-se a repuxadeira e começa- -se a bater. De início, emprega-se pouca força e depois aumenta-se gradativamente. Deve-se observar lateralmente para não passar do FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 41 nível e criar um ponto positivo. Se necessário, remover a ventosa com desengraxante, analisar o resultado e repetir a operação. Observações • Dependendo da qualidade da pintura, utilizar uma cola com menos aderência. • Para a técnica do repuxo com cola quente, atrapalha aque- cer a peça com soprador térmico. • Para soltar a cola da pintura ou da ventosa, utilizar desen- graxante. • Existem vários tipos de ventosa, inclusive alongado para vincos. • Se no final do trabalho restarem pequenos pontos nega- tivos, colocar pouca cola na ventosa e bater fortemente. • Cuidado com a cola quente: se cair sobre a pele, resfriá-la imediatamente. Cola estrutural As colas de poliuretano têm a função de prender a folha do teto ou da porta, evitando vibração e aumentando a resistência mecânica. Para grandes amassados em teto, portas e tampas de porta-malas, primeiro é necessário removê-las, descolando travessas que também tenham se deformado, e prender a folha. Deve-se utilizar uma espá- tula de aço aquecida com o soprador térmico para remover a cola, pois muitas vezes o amassado volta imediatamente. TÉCNICAS DE DESAMASSAMENTO42 Figura 8 – Cola estrutural fixando estrutura na chapa. Após remover a cola estrutural, prender a ventosa de silicone e puxar, utilizando um martelo de borracha para aliviar a tensão ao redor do amassado. É possível usar também a ventosa com parafuso e o repuxador de cola; existem no mercado ventosas grandes de bor- racha com repuxador fixado. Nos grandes amassados, após aliviados, ainda restam vários pequenos danos, e cabe ao profissional definir a melhor técnica para cada um. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 43 Figura 9 – Martelos aliviando a tensão enquanto se puxa a ventosa de silicone. Para aliviar a tensão em áreas pequenas, pode-se usar o marteli- nho de 100 g; para áreas maiores, as opções são o martelo de borra- cha ou mesmo o de funileiro, desde que bem polido. Bater sobre a espátula para áreas maiores evita marcas na pintura. Exercícios 1. Com que ferramenta os pequenos pontos positivos devem ser baixados? E as ondas positivas? 2. Qual é a técnica também conhecida como toquinho? 3. Qual é a técnica mais usada nas montadoras? Por quê? As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com. br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_ coloridas.zip>. 6. Treinamento A funilaria de brilho requer muito treino por parte do profissio- nal. Por esse motivo, este capítulo é dedicado ao tema. A habilidade manual exigida é diferente de qualquer tarefa, pois, ao mesmo tempo que se observa o reflexo da luminária e o movi- mento da ferramenta empurrando a chapa, dosa-se a força para em- purrar o ponto negativo, evitando subir além do nível e aliviando a tensão várias vezes por tempo indeterminado; o que exige concen- tração na tarefa sem perder o foco, que é desamassar sem danificar a pintura. Figura 1 – Cavalete com porta e luminária para treinamento. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 45 O treino é feito em peças automotivas (descartadas pelas oficinas) apoiadas e amarradas sobre um cavalete com a luminária fixada no ângulo ideal. O profissional simula vários tipos de amassado e treina as várias técnicas, utilizando suas respectivas ferramentas. Procurar manter a peça polida e brilhante é essencial, pois o reflexo é muito importante. Outro ponto fundamental no treino e na prática diária é a ergo- nomia. O profissional deve colocar-se sempre de forma confortável, de preferência sentado. A tarefa pode durar horas, e trabalhar numa posição curvadaou agachada pode cansar e levar a erros ou desis- tência. Uma boa ideia é ter banquinhos de várias alturas, assim pode- -se trabalhar sentado. A concentração também é relevante. Para não perder o foco, pro- curar trabalhar só ou pedir que não o interrompam. Alguns profis- sionais têm um espaço apropriado, onde ninguém interfere, outros têm tanta prática que trabalham em qualquer lugar, com ou sem barulho, com pessoas observando e até perguntando. Durante a tarefa, o profissional deve fazer algumas pausas para relaxar, sair do ambiente, tomar água, espairecer, principalmente quando o raciocínio estiver prejudicado. Procurar visualizar por ou- tros ângulos, para que a criatividade mostre outras maneiras de re- solver o problema. A atitude é o principal atributo do profissional de funilaria de brilho: não desistir, não desanimar, concentrar-se no trabalho e ter certeza de seu objetivo – não estragar a pintura. 7. Funilaria tradicional Lima flexível Martelo de funileiro Tasso Rebatedeira Repuxadeira elétrica A funilaria surgiu antes mesmo do automóvel. Os funileiros do passado, também chamados de lanterneiros e chapeiros, faziam ar- maduras, bacias, baldes, lanternas a querosene, alambiques etc. Todas as chapas marteladas à mão eram feitas por artesãos. Quando inven- taram o automóvel, pegaram uma carroça toda de madeira e coloca- ram um motor no lugar do cavalo. pa va le na /T hi nk st oc k Figura 1 – Automóveis antigos. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 47 Com a evolução dos automóveis, foi colocada uma carenagem de chapa de aço modelada à mão pelos funileiros. Com a criação da linha de montagem, as peças começaram a ser produzidas em série por prensas, e os chamados funileiros de linha ficaram na montagem das carrocerias e na reparação, como é até os dias de hoje. O processo de desamassamento manual costuma danificar a pin- tura, diferentemente da funilaria de brilho. Em geral, ele é usado quando não existe a possibilidade de desamassar com martelinho ou quando a pintura já está danificada. A seguir, apresentam-se as principais ferramentas utilizadas na funilaria tradicional. Lima flexível O desamassamento manual começa com a identificação dos pon- tos danificados. Em seguida, o funileiro passa a lima flexível sobre a chapa em movimentos diagonais. Figura 2 – Lima flexível. FUNILARIA TRADICIONAL48 As lâminas da lima têm a função de marcar a chapa nos pontos mais altos, identificando o amassado. Nesse momento, o funileiro remove a tinta da área marcada – o ideal é utilizar um disco de fibra plástica (remuver, CS ou strip disk) que não desbasta nem aquece o aço da peça. Na sequência, o funileiro passa a lima novamente para marcar a chapa, identificando os pontos mais altos do dano, os pontos positi- vos e o centro, onde a lima não marcou os negativos. Figura 3 – Aplicação da lima flexível em diagonal. Para confirmar, o funileiro passa a mão espalmada sobre a chapa: o tato revela a intensidade da tensão. As tensões laterais são rugas e vincos que se formam em volta do amassado, em forma de pontos positivos. Para removê-las, coloca-se o tasso no centro sob a chapa, pressionando para cima, e bate-se com o martelo levemente nas tensões para baixo; passa-se a lima nova- FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 49 mente e a mão, confirmando que os pontos altos baixaram. Se ainda existirem pontos altos, é necessário repetir a operação. Martelo de funileiro Fabricado de aço forjado 1045, como a maioria das ferramentas, tem a característica de ser leve – de 200 g a 300 g – e a face de impac- to larga, lisa e arredondada, para moldar a chapa sem marcar. Pode ser usado tanto para descer pontos positivos como para subir os ne- gativos. Existem vários modelos: bico, pena horizontal, pena vertical, face dupla etc. Figura 4 – Martelo de funileiro do tipo pena horizontal. O martelo tem a função de bater em pontos positivos e baixá-los, ou seja, nivelar a chapa e tirar a tensão, sempre com o apoio do tasso sob a lataria. FUNILARIA TRADICIONAL50 Tasso Figura 5 – Tipos de tasso. É um bloco de aço forjado, também chamado de encontrador. Tem vários formatos conforme a necessidade do local ou do tipo de amassado. Suas áreas planas ou arredondadas encaixam-se no for- mato da lataria do automóvel. Rebatedeira Também conhecida como abrasadeira, tem a função de levantar os pontos baixos. A técnica é bem simples: pressionar o lado arre- dondado do tasso sob o ponto negativo e bater com o lado recarti- lhado da rebatedeira de duas a três vezes em cada ponto. A chapa sobe em função da ação e reação, ou seja, o tasso, que está pressio- nado embaixo, empurra a chapa para cima; quando a rebatedeira bate, levanta o ponto negativo. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 51 Figura 6 – Aplicação da rebatedeira. Passar a lima flexível novamente e a mão para confirmar o nive- lamento da lataria. Essas tarefas devem ser repetidas até o reparo ficar completo. Observações • Não bater repetidamente sobre a chapa no mesmo ponto, para não dilatar o aço por esmagamento; se isso acontecer, será necessário usar calor para contrair. • Não passar a lima flexível com força, pois pode ocorrer o desbaste exagerado do aço – lembrar que a chapa tem 0,7 mm de espessura. • Se for necessário aplicar massa de poliéster para nivela- mento completo, no máximo 3 mm de espessura para que ela possa acompanhar a dilatação da chapa em dias quen- tes, sem trincar. FUNILARIA TRADICIONAL52 Repuxadeira elétrica Também conhecida como spotter, ela faz a maioria das tarefas da funilaria artesanal de maneira prática e rápida. Funciona com um transformador que produz calor para soldar uma ponteira ou várias arruelas para puxar a chapa em pontos negativos ou aplicar calor com uma ponteira arredondada, contraindo a chapa e baixando pontos positivos. Figura 7 – Repuxadeira elétrica. Ferramenta indispensável nas oficinas modernas, reduz o tempo de trabalho consideravelmente e aumenta a qualidade do reparo. É ideal para pontos sem acesso, como colunas, soleiras, capôs e tampas traseiras. Deve-se remover a tinta da área trabalhada para realizar o FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 53 contato elétrico do equipamento, já que a tinta é um isolante elétrico. Também é necessário desligar a bateria, já que os picos de ampera- gem podem danificar o sistema elétrico. A Figura 8 mostra o funileiro soldando várias arruelas para puxar um amassado na lataria do automóvel. Figura 8 – Spotter soldando arruelas para repuxo. FUNILARIA TRADICIONAL54 Exercícios 1. Quem surgiu primeiro: a funilaria ou o automóvel? 2. O processo de desamassamento manual não danifica a pin- tura. Essa afirmativa está correta? 3. Qual é a ferramenta fabricada de aço forjado 1045, leve e com face de impacto larga, lisa e arredondada? 4. Qual é a função da rebatedeira? 5. Qual é a ferramenta também conhecida como spotter? As respostas dos exercícios deste livro estão disponíveis para download no seguinte link: <https://www.senaispeditora.com. br/downloads/respostas/funilaria_brilho_respostas_figuras_ coloridas.zip>. 8. Organização do trabalho e meio ambiente Local de trabalho Organização das ferramentas Divulgação Atendimento móvel (delivery) Relação com o meio ambiente Este capítulo destaca uma das premissas de uma oficina: a orga- nização do trabalho. Era comum na funilaria tradicional ver oficinas bagunçadas, carros desmontados e peças para todo lado. Atualmen- te, esse pensamento está mudado: várias oficinas investem em lim- peza e organização das peças, etiquetando-as e encaixotando-as, com leiaute adequado. Local de trabalho Na funilaria de brilho, as oficinas parecem lojas, limpas e chama- tivas. A imagem é muito importante: um piso bonito e claro e uma iluminação que realce o brilho da pintura dos automóveis são essen- ciais para atrair o cliente. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MEIO AMBIENTE56 Certificados profissionaisexpostos em quadros fixados na parede, pôsteres de automóveis e fotos de trabalhos realizados podem ser usados para criar um espaço atrativo. A fachada da loja deve ter um nome que inspire segurança para o serviço de desamassamento sem danificar a pintura. No Brasil, o termo “martelinho de ouro” virou significado dessa profissão. Aliás, na montadora quem efetua o trabalho é o funileiro de linha. O trabalho geralmente é realizado em boxes nos postos de com- bustíveis, lava-rápidos, estacionamentos, autopeças, acessórios, shopping centers e até supermercados. São instalados em locais onde os clientes vão com seus veículos, para facilitar o acesso e a forma de oferecer o serviço e o orçamento. Organização das ferramentas Um quadro de ferramentas disposto na parede com fundo que realce e mostre volume e organização gera confiança no cliente. Além desse aspecto, é fundamental para facilitar o trabalho do profissional. Como há várias opções de ferramentas no mercado, é importante que estejam todas identificadas e organizadas. A oficina precisa sempre se munir de ferramentas e novos produtos, atuali- zando-se sempre. Divulgação Para o sucesso do negócio, é fundamental a divulgação. Anunciar a loja em jornais e revistas especializadas atrai muitos clientes. FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 57 Uma possibilidade de gerar renda para a oficina é por meio de treinamentos. Ao mesmo tempo que se realiza o trabalho nos carros dos clientes, aproveita-se para ensinar os novos profissionais, capa- citando-os. A internet é outro veículo importante na divulgação, principal- mente a plataforma YouTube, por meio da qual é possível postar vídeos de serviços executados com sucesso, explicando o passo a passo, atraindo clientes e gerando confiança. Atendimento móvel (delivery) Uma opção de trabalho complementar ou alternativo é realizar atendimento onde o cliente está: em sua residência, no trabalho, em uma loja de carros etc. A sugestão é montar um kit com ferramentas, distribuir cartões e empregar todas as formas de divulgação para atrair clientes e iniciar essa modalidade de serviço. Uma dica é ficar atento à previsão de chuvas de granizo, pois nessas situações a demanda é grande, sobretudo em lojas de auto- móveis, que geralmente deixam os veículos em pátios abertos, sem cobertura. Existem equipes de profissionais internacionais que já fazem isso, principalmente durante o inverno europeu. Costumam viajar para Portugal, por exemplo, onde estabelecem seu local de partida e ficam atentos às previsões de granizo, muito comum nessa região. Adqui- rem ferramentas no local e viajam pelos países de trem ou com car- ros alugados, prestando serviços de martelinho de ouro durante toda a temporada. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E MEIO AMBIENTE58 Relação com o meio ambiente Imaginar o seguinte quadro: um pátio com 2 mil veículos amas- sados por uma chuva de granizo, com danos no capô, na porta e/ou no teto. Para pintar uma peça automotiva, é necessário lixar o local, re- movendo tinta velha, aplicar massa de poliéster de nivelamento, lixar, aplicar primer PU e lixar novamente; ao final aplicar tinta poliéster e verniz poliuretano. Considerar que se deve limpar a peça com de- sengraxante várias vezes, que o lixamento produz muito pó e que, após aplicação do primer e da tinta, é necessário lavar a pistola com tíner. Fazendo um cálculo simples, cerca de 500 ml de solvente deixam de ser liberados na natureza cada vez que uma peça é recuperada pela funilaria tradicional, além do pó que poluiria o ar. Um profissional que desamasse dois veículos por dia – alguns têm rendimento maior – evita que um litro de solvente vá para a nature- za. Ao multiplicar esse valor pela média dos 20 dias úteis de um mês, são 20 litros; em um ano, são 240 litros de solvente. Portanto, utilizar a técnica de funilaria de brilho, quando possível, também pode trazer benefícios ao meio ambiente. Há vários trabalhos sobre os compostos orgânicos voláteis e seu efeito sobre a natureza. Há leis que exigem tratamentos de sobra de solventes para reúso, porém, na realidade brasileira, ainda só as mon- tadoras fazem esse controle. Observa-se, na maioria das oficinas, que não se usa sequer a máscara de filtro pelo profissional, quanto mais controlar suas emissões. Pensar no meio ambiente é fundamental. Em qualquer área e qualquer trabalho que se for realizar, devem-se aproveitar os recursos FUNILARIA DE BRILHO: FERRAMENTAS E TÉCNICAS 59 disponíveis, fazendo o reúso quando possível e o descarte adequado, conforme os produtos que utilizar. Deve-se estar atento às normas ambientais relacionadas ao traba- lho desenvolvido. Elas são também um fator essencial no cotidiano de um profissional consciente. Considerações finais Ao final do estudo, conheceram-se as principais ferramentas e técnicas de funilaria de brilho, bem como a importância do treina- mento do profissional. Observou-se que as técnicas de trabalho são bem simples – basi- camente, empurrar ou puxar a chapa amassada –, porém a dificul- dade maior está em não danificar a pintura. Os resultados que a funilaria de brilho proporciona são incríveis, além de não causar danos ao meio ambiente. É uma profissão em ascensão e rentável. É importante se manter atualizado e buscar novas ferramentas e técnicas para aprimorar o trabalho. Além disso, a prática, o treino, a atenção e o cuidado são essenciais nessa profissão. Referências BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 6: equipamento de proteção indivi- dual – EPI. Disponível em: <http://portalfat.mte.gov.br/wp-content/uploa- ds/2016/04/NR6.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017. ______. ______. NR 15: atividades e operações insalubres. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017. FIAT. Manual de reparação. Betim, 1996. LOCKDALL, Randy. A complete guide to starting a paintless dent repair business. Bloomington: AuthorHouse, 2016. SENAI-SP. Fundamentos da funilaria de automóveis. São Paulo, 2006. ______. Fundamentos da funilaria de brilho. São Paulo, 2011. Sobre o autor Paulo Cesar da Silva foi aluno do SENAI no curso de Mecânica Automotiva em São Bernardo do Campo (SP) e formou-se em Logística na Fatec-Santos. Trabalhou em algumas oficinas. Em 1988, iniciou o trabalho em funilaria em Santo André. Em 1993, mudou-se para Santos, onde atuou em outras oficinas e desen- volveu a parte de pintura automotiva. Em 1999, foi contratado pelo SENAI de Santos como instrutor de Funilaria e Pintura, inclusive pintura de embarcações. Em 2004, foi transferido para a Escola Móvel de Funilaria Automotiva, lecionan- do por todo o estado de São Paulo. Em 2005, conheceu a funilaria de brilho com o professor Bauru no SENAI do Ipiranga, em São Paulo. Em 2012, fez aperfeiçoamento no Martelinho de Ouro Jundiaí. A SENAI-SP Editora empenhou-se em identificar e contatar todos os responsáveis pelos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro. Se porventura for constatada omissão na identificação de algum material, dispomo-nos a efetuar, futuramente, os possíveis acertos. Gerência de produção editorial e gráfica Caroline Mori Ferreira Edição Ana Lucia Sant’Ana dos Santos Preparação Breno Beneducci Karinna A. C. Taddeo Revisão Muiraquitã Editoração Gráfica Produção gráfica Rafael Zemantauskas Sirlene Nascimento Vanessa Lopes dos Santos Diagramação Globaltec Editora Capa Inventum Design Imagens Acervo do autor Thinkstock © SENAI-SP Editora, 2019
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