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AUTOMOTIVA Sistemas mecânicos de veículos pesados e rodoviários Sistem as m ecânicos de veículos pesados e rodoviários 9 788583 934042 ISBN 978-85-8393-404-2 Alder Evandro Massuco Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Sistemas mecânicos de veículos pesados e rodoviários Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Massuco, Alder Evandro Sistemas mecânicos de veículos pesados e rodoviários / Alder Evandro Massuco. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 160 p. : il Inclui referências ISBN 978-85-8393-404-2 1. Automóveis - Mecânica 2. Mecânica aplicada 3. Automóveis - Funcionamento I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 629.287 Índice para o catálogo sistemático: 1. Automóveis – Mecânica 629.287 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMOTIVA Alder Evandro Massuco Sistemas mecânicos de veículos pesados e rodoviários Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional se multiplicam e, sobretudo, se diversificam. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firmemente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma atende às prioridades estratégicas da Indústria e as prio- ridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração como os cursos de Aprendi- zagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Ofe- rece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especialização Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que integra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário 1. Veículos pesados rodoviários 9 Histórico dos veículos da linha pesada 10 Tipos de veículos pesados e utilizações 11 Organização e segurança do local de trabalho 13 2. Pneu 35 Tipos de pneu em relação à sua construção 36 Especificação de pneus 38 Rodízios recomendados para caminhões e ônibus (a cada 10.000 km) 41 Recauchutagem 42 Desequilíbrio de rodas 43 Geometria do veículo 44 3. Conceitos de sistema de suspensão de veículos pesados rodoviários 46 Tipos de suspensão e suas características de funcionamento para linha pesada e semipesada 46 Amortecedores e suas características construtivas 48 4. Conceitos de sistemas rodoviários de direção pesada 51 Tipos de caixa de direção e seu funcionamento 51 Componentes do sistema de direção 56 5. Conceito do sistema de freios para veículos pesados 60 Tipos de sistemas de freios para linha pesada 61 6. Sistema de transmissão 64 Embreagem 65 Caixa de mudanças 66 Ponto morto 66 Alavanca de mudanças 67 Primeira velocidade 67 Segunda velocidade 68 Terceira velocidade 68 Quarta velocidade 69 Quinta velocidade 69 Marcha à ré 70 Transmissão articulada 70 Transmissão angular e diferencial 71 Relação de transmissão 71 7. Sistemas elétricos de veículo pesado 75 Componentes do sistema de carga e partida 75 Sistemas elétricos 86 Esquema elétrico 90 8. Sistema de alimentação diesel 91 Sistema de alimentação de ar 91 Funcionamento e componentes do sistema de alimentação 95 9. Motor de combustão interna ciclo Diesel 98 Utilização 98 Funcionamento dos motores 99 Componentes do motor 101 Distribuição mecânica 139 Sincronismo da bomba injetora 140 10. Sistema de arrefecimento 141 Componentes do sistema de arrefecimento 141 11. Sistema de lubrificação 150 Atrito 150 Engraxamento na linha pesada 153 Referências 155 1. Veículos pesados rodoviários Histórico dos veículos da linha pesada Tipos de veículos pesados e utilizações Organização e segurança do local de trabalho Um campo importante para reflexão é o da participação da iniciativa privada na construção e exploração comercial das rodovias e do transporte de cargas e passageiros, a chamada “indústria de transportes por automóveis”. A questão tem hoje grande destaque e pode ser interessante recuperar um pouco da história dessa atividade empresarial privada nas primeiras décadas do século. Os primeiros planos rodoviários do estado de São Paulo abriram espaço para a participação da iniciativa privada. Uma parte da demanda de obras rodoviárias teria sido até então atendida com esse tipo de participação, principalmente nas frentes pioneiras, em regiões mais afastadas, mas a obrigação de pagamento do pedágio era quase sempre mal recebida, gerando frequentes reclamações. Entre o início da administração de Morgado de Mateus até a criação do Depar- tamento de Estradas e Rodagens (DER), a rede de caminhos atendeu à demanda de uma economia agrária exportadora. A partir da criação do DER, o objetivo passou a ser o atendimento ao comércio e à indústria, ao lado de uma agricultura voltada, cada vez mais, para o mercado interno. A Calçada do Lorena e sua sucessora, a Estrada da Maioridade, serviram priori- tariamente durante cerca de 70 anos para escoar para Santos o açúcar produzido nas regiões de ltu, Campinas e Piracicaba. A partir do fim do século XIX, serviam para escoar o café, cuja produção começava a superar a do açúcar. Por volta de 1922, antes da construção da rodovia São Paulo-Campinas-Ribeirão Preto, a colônia de Nova Veneza enviava ao mercado de Campinas, nos melhores 10 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS dias, uma carroça com frutas e hortaliças. Após a conclusão das obras, esse nú- mero foi elevado a mais de 50 por semana. Histórico dos veículos da linha pesada Caminhões e carros têm um antepassado comum: o fardier movido a vapor de Nicolas-Joseph Cugnot, construído no fim do século XVIII. Contudo, caminhões a vapor não eram comuns até 1800. As estradas naquela época eram construídas para cavalos e carruagens, limitando o movimento desses veículos, conduzidos geralmente de uma fábrica até uma estação de comboio. O primeiro semiatrelado surgiu no final do século XIX, puxado por um trator a vapor Dion. Caminhões movidos a vapor foram vendidos na França e nos Estados Unidos até a véspera da Primeira Guerra Mundial; no Reino Unido, apenas no início da Segunda Guerra. O conceito de ônibus como modalidade de transporte público tem sua origem na cidade de Nantes, França, no final do século XIX. Stanislav Baudry decidiu estabelecer um transporte entre o centro da cidade e as instalações de banhos públicos de sua propriedade em Richebourg, nos arredores. O serviçocombi- nava as funções das carroças hackney com as das diligências, que percorriam uma rota predeterminada, transportando passageiros e correspondências. Havia bancos de madeira ao longo do veículo e a entrada era feita por trás dele. O termo ônibus parece vir do local onde os carros faziam o ponto final, diante de uma chapelaria, cujo dono, Omnes, em um jogo de palavras com seu próprio nome, denominou Omnes Omnibus – “tudo para todos”. O nome pareceu bas- tante apropriado para o novo transporte coletivo e acabou sendo adotado, por associação. Em outras versões da história, porém, ônibus simplesmente decorre de voiture omnibus (“carro para todos”). Quando os transportes motorizados comprovaram o seu valor após 1905, um omnibus motorizado era, por vezes, intitulado autobus. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 11 Tipos de veículos pesados e utilizações As Figuras 1, 2, 3 e 4 demonstram a utilização do caminhão nos diversos setores de transporte, fora da estrada e em competições. Figura 1 – Caminhão Truck 6x2. Figura 2 – Cavalo mecânico trucado 6x2. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o 12 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Figura 3 – Caminhão Truck 6x2 com eixo dianteiro auxiliar. Figura 4 – Caminhão chassi curto 6x4. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 13 Organização e segurança do local de trabalho Toda empresa deve ter um plano de prevenção de acidentes. As medidas preven- tivas devem incluir, por exemplo, a proteção dos funcionários contra riscos de diversos tipos, por meio de uso de equipamentos de proteção específicos. Equipes internas de segurança Toda empresa deve ter equipes internas dedicadas à segurança e prevenção de acidentes, assim como um programa preventivo, nos seguintes moldes: • Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); • Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) A equipe da CIPA é formada por um ou mais representantes escolhidos pela empresa e, em igual número, outros selecionados pelos funcionários. O número de membros que formarão a equipe é determinado de acordo com o número de funcionários. A CIPA tem como objetivo implantar ações de prevenção de acidentes no local de trabalho. Cabe a ela identificar as ameaças de acidentes, elaborar mapas de risco e rota de fuga em caso de incêndio, além de treinar os funcionários, prestar primeiros socorros às vítimas e acionar o Corpo de Bombeiros caso necessário. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) O PPRA tem como objetivo identificar e controlar, nos locais de trabalho, os prováveis riscos ambientais – agentes físicos (ruídos, temperatura etc.), químicos (produtos perigosos) ou biológicos (micro-organismos) – que possam apresentar perigo tanto ao trabalhador como às pessoas que vivem no entorno da empresa. 14 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Tipos de riscos de acidente no ambiente de trabalho Os riscos no ambiente de trabalho podem ser classificados em cinco tipos, de acordo com a Portaria no 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978. Essa Portaria contém uma série de normas regulamentadoras que consolidam a legislação trabalhista, relativas à segurança e medicina do trabalho. Os riscos e seus agentes são: • riscos mecânicos; • riscos ergonômicos; • riscos físicos; • riscos químicos; • riscos biológicos. Riscos mecânicos São aqueles que colocam o trabalhador em situação vulnerável e podem afetar sua integridade e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de possível risco de acidente: máquinas e equipamentos sem proteção, arranjo físico inadequado etc. Observação A utilização de anéis, relógios, colares, correntes, brincos, gravatas, pier- cings e outros objetos de adorno e de uso pessoal, assim como o uso de blusa de manga até o punho durante o trabalho com máquinas, podem representar situação de risco durante a realização de algumas atividades. Riscos ergonômicos São classificados como agentes de riscos ergonômicos fatores que podem interfe- rir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade (execução de movimentos repetidos), postura inadequada etc. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 15 Riscos físicos Consideram-se agentes de risco físico os diversos fatores a que possam estar ex- postos os trabalhadores: ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibração etc. Riscos químicos Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, os compostos ou pro- dutos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, na forma de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que, pela natureza da atividade, possam ser absorvidos através da pele ou ingeridos. Riscos biológicos São agentes de risco biológico bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros. Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) EPI é todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Ele também deve ser considerado uma ferramenta de trabalho que tem como função proteger a saúde do trabalhador e minimizar os riscos de ocorrência de acidentes de trabalho. O uso do EPI evita lesões ou minimiza sua gravidade em casos de acidente ou exposição a riscos. Também protege o corpo contra os efeitos de substâncias tóxicas, alérgicas ou agressivas, que causam doenças ocupacionais. O seu uso é uma exigência da legislação trabalhista brasileira, através das Normas Regulamentadoras. O não cumprimento poderá acarretar ações de responsabili- dade cível e penal, além de multas aos infratores. A obrigatoriedade está definida na Lei n° 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que altera o Capítulo V do Título II da CLT, estabelecendo uma série de disposições quanto à segurança e medicina do trabalho. Cabe aos responsáveis pela empresa tornar obrigatória a utilização dos EPIs quando forem necessários para execução das tarefas. Além disso, a empresa 16 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS deve possuir indicação formal, por exemplo: placas orientativas, instruções de segurança do trabalho, relatórios e solicitações verbais de pessoal competente. Figura 5 – Recebimento de EPI. Entretanto, os EPIs não devem ser usados quando não são obrigatórios, pois podem ser o fator gerador de acidentes com lesões graves. Não são permitidas quaisquer modificações nos EPIs ou o uso de aparelhos que prejudiquem sua eficácia. Exemplo: walkman, óculos de sol. Quando usar o EPI O EPI deve ser fornecido pela empresa aos empregados, de forma gratuita e em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas circunstâncias relacionadas a seguir: • sempre que medidas de proteção coletiva não ofereçam completa proteção con- tra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; • enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; • para atender a situações de emergência. Observação É recomendado que o fornecimento de EPI e os treinamentos minis- trados sejam registrados em documentação apropriada para eventuais esclarecimentos em causas trabalhistas. Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 17 Obrigações do empregador As obrigações do empregador são: • adquirir o EPI adequado ao risco da atividade; • exigir seu uso; • fornecer somente o EPI aprovado pelo órgão nacional competente; • orientar e treinar o trabalhador quanto ao uso, guarda, conservação, higie- nização e troca do EPI; • substituir imediatamente o EPI quando extraviado ou danificado; • responsabilizar-se por sua manutenção e higienização; • comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) qualquer irregula-ridade observada. O empregador poderá responder na área criminal ou cível, além de ser multado pelo Ministério do Trabalho, se não cumprir essas exigências. Obrigações do empregado As obrigações do empregado são: • utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina, durante a jornada de trabalho, de acordo com as atividades desenvolvidas e com os fatores de risco existentes; • responsabilizar-se por sua guarda e conservação; • comunicar qualquer alteração que o torne impróprio para uso; • cumprir as determinações do empregador sobre seu uso adequado. O funcionário está sujeito a sanções trabalhistas, podendo até ser demitido por justa causa, se não seguir essas orientações. Certificado de Aprovação de Equipamentos de Proteção Individual Todo EPI deve ter o Certificado de Aprovação de Equipamentos de Proteção Individual expedido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O Certificado de Aprovação (CA) é expedido pelo Fundacentro (órgão nacio- nal competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego). O Equipamento de Proteção Individual, de fabricação 18 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS nacional ou importada, deve ter eficiência quando em uso e no desenvolvimento de determinada atividade e/ou aplicação. O EPI deve ser testado e aprovado pela autoridade competente para comprovar sua eficiência. O fornecimento e a comercialização de EPI sem o CA é considerado crime e tanto o comerciante quanto o empregador ficam sujeitos às penalidades previstas em lei. Os critérios para aquisição de EPI são: • venda e uso só com Certificado de Aprovação; • recomendação do EPI adequado pela CIPA; • quando não houver órgãos especializados, o EPI deve ser recomendado por profissional tecnicamente habilitado; • apresentar, em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA; • laudo de ensaio em laboratório credenciado no MTE ou no Inmetro. Proteção das vias de exposição Para proteger a saúde do trabalhador é necessário minimizar os efeitos dos riscos de acidentes por meio da proteção das áreas de contato, também chamadas vias de exposição. A proteção das vias de exposição, indicadas abaixo, pode ser obtida pelo uso correto do EPI. dérmica - pele ocular - olhosinalatória - nariz oral - bocadérmica - pele ocular - olhosinalatória - nariz oral - boca dérmica - pele ocular - olhosinalatória - nariz oral - boca Figura 6 – Vias de exposição. Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 19 Principais equipamentos de proteção individual Cada caso ou situação deve ser avaliado criteriosamente, para que o equipamento seja escolhido conforme as condições exigidas no local e os procedimentos asso- ciados. Normas e padrões pertinentes devem sempre ser consultados. O EPI deve proteger adequadamente, ser resistente, prático e de fácil manutenção. Os principais EPIs utilizados são: • equipamentos de proteção para os olhos; • equipamentos de proteção para a face; • equipamento de proteção para a cabeça; • equipamentos de proteção para o ouvido; • equipamentos de proteção respiratória; • equipamentos de proteção do tronco e dos braços; • equipamentos de proteção dos membros inferiores; • equipamentos de proteção para o corpo. Equipamentos de proteção para os olhos Figura 7 – Óculos de segurança. Os óculos de segurança protegem os olhos contra impactos de partículas volan- tes, luz intensa, radiação e respingos de produtos químicos. Também os mantêm protegidos da exposição a poeiras minerais, vegetais e alcalinas que possam causar ferimentos ou irritação. O equipamento deve ser utilizado permanentemente, em qualquer local onde exista risco de projeção de partículas volantes, como operação de máquinas ope- ratrizes (torno, fresadora, serra de fita e outras); operação de máquinas portáteis (furadeira, policorte, esmerilhadeira etc.) e atividades que emitam luz intensa e radiação. Ed ne i M ar x 20 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Os principais tipos de óculos utilizados são: • óculos flexíveis, janela de ventilação aberta; • óculos flexíveis, ventilação protegida; • óculos rígidos, ajuste acolchoado; • óculos com proteções laterais tipo “persiana”; • óculos com proteção para luz intensa; • óculos com proteção para radiação. Equipamentos de proteção para a face Figura 8 – Equipamento de proteção para a face. Os equipamentos de proteção para a face protegem contra diversos agentes que podem representar risco: • protetor facial de segurança para proteção contra impactos de partículas volantes; • protetor facial de segurança para proteção contra respingos de produtos químicos; • protetor facial de segurança para proteção contra radiação infravermelha e ultravioleta (máscara de solda); • protetor facial de segurança para proteção dos olhos contra luminosidade intensa. Equipamento de proteção para a cabeça O uso de rede protetora é indicado nas atividades e operações em que haja risco de contato com partes giratórias ou móveis de máquinas e equipamentos – como nas operações de torno, fresadora, serra circular, motores de automóveis e má- quinas operatrizes diversas. Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 21 A rede protetora é igualmente necessária sempre que houver contato com fon- tes de calor e risco de imersão dos cabelos do funcionário em recipientes com líquidos, por exemplo, durante operações de limpeza que utilizam baldes com produtos químicos. Se o usuário tiver cabelos longos deverá utilizar a rede protetora ou outro recurso adequado permanentemente. É proibido usar bonés e toucas para fixação dos cabelos. Equipamentos de proteção para o ouvido Os protetores de ouvido devem ser utilizados sempre que os níveis de pressão sonora forem superiores ao estabelecido na NR 15, anexos I e II. Nesses casos, os protetores devem ser utilizados permanentemente, em quaisquer atividades: manutenção e conservação elétrica, hidráulica, predial e de limpeza, como opera- ção de tornos, fresadoras, serras circulares, serras de fita e outras máquinas ope- ratrizes; operação de máquinas portáteis, furadeira, policorte, esmerilhadeiras e lixadeiras ou, ainda na utilização de aparadores de grama, quando a exposição ao ruído superar os 80 dB (oitenta decibéis). Tipos de protetores auditivos • Protetor auditivo tipo concha: utilizado para proteção dos ouvidos nas ativi- dades e nos locais que apresentem ruídos excessivos (utilização de martelete, serra circular etc.). Figura 9 – Protetor auditivo tipo concha. Ed ne i M ar x 22 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS • Protetor auditivo tipo plug, confeccionado em silicone: utilizado para prote- ção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos elevados (áreas de trânsito intenso de veículos, utilização de máquinas e equipamentos ruidosos etc.). Figura 10 – Protetor auditivo tipo plug, confeccionado em silicone. • Protetor auditivo tipo inserção, confeccionado em espuma moldável (descar- tável): utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos elevados. Figura 11 – Protetor auditivo tipo inserção, confeccionado em espuma moldável. Como utilizar o protetor de ouvido Alguns cuidados garantem maior durabilidade ao produto, como os relacionados a seguir: Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 23 • não manusear o protetor com as mãos sujas; • utilizar o protetor somente durante o período de trabalho; • após o uso, guardar o protetor na embalagem; • lavar regularmente o protetor auditivo com água e sabão neutro; • para retirar o protetor do ouvido, puxá-lo pelo plug, nunca pelo cordão. Figura 12 – Como utilizar o protetor de ouvido. Equipamentos de proteção respiratória As máscaras de proteção respiratória são utilizadas em ambientes onde exista muito material particulado em suspensão no ar, por exemplo, o setorde funilaria e pintura automotiva. As máscaras com filtros são equipamentos que exigem treinamento adequado para seu uso, assim como cuidados especiais de manutenção e limpeza. Quando a atividade requer uso contínuo de máscaras e proteção respiratória, os cuidados com treinamento, higiene, manutenção do material e dos filtros e a condição de saúde do trabalhador/usuário nunca devem ser negligenciados. Ed ne i M ar x 24 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Tipos de máscaras de proteção • Protetor respiratório sem manutenção PFF 1 (descartável): protege contra poeiras e névoas (baixa concentração). Figura 13 – Protetor respiratório sem manutenção PFF 1 (descartável). • Protetor respiratório sem manutenção PFF 1 VO (com válvula e descartável): protege contra poeiras e vapores orgânicos (tintas, vernizes, solventes). Figura 14 – Protetor respiratório sem manutenção PFF 1 VO (com válvula e descartável). Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 25 • Respirador purificado de ar: protege o sistema respiratório contra partículas (poeiras, névoas e fumos) e gases emanados de produtos químicos. Figura 15 – Respirador purificado de ar. Atenção Para cada tipo de contaminante deve-se escolher um filtro apropriado. Equipamentos de proteção do tronco e dos braços Existem três tipos de equipamento para proteger o tronco e os braços: • luvas de segurança; • mangas de raspa; • cremes protetores. Luvas de segurança As luvas de segurança – que oferecem proteção contra riscos de origem térmica, mecânica, agentes perfurantes/cortantes e radiações – são usadas permanente- mente nas atividades de prestação de serviços, ensino, manutenção e conservação em que exista risco de ferimentos por contato ou por projeção de partículas e exposição a radiações, ionizantes ou não. Ed ne i M ar x 26 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Existem vários modelos de luvas de segurança, cada uma com um propósito: • Luva de proteção em raspa e vaqueta: utilizada para proteção das mãos e dos braços contra agentes abrasivos escoriantes (que podem provocar corte ou arranhões). Figura 16 – Luva de proteção em raspa e vaqueta. • Luva de proteção nitrílica: utilizada para proteção das mãos e dos punhos contra agentes químicos (solvente, tintas) e biológicos (vírus). Figura 17 – Luva de proteção nitrílica. • Luva de proteção em PVC: utilizada para proteção das mãos e dos punhos contra recipientes contendo óleo, graxa e solvente. Figura 18 – Luva de proteção em PVC. Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 27 • Luva de Kevlar: utilizada para proteção das mãos onde exista exposição a altas temperaturas (fornos). Figura 19 – Luva de Kevlar. Mangas de raspa Mangas de raspa oferecem proteção do braço e antebraço contra riscos de origem térmica e mecânica e agentes perfurantes/cortantes. Devem ser utilizadas per- manentemente nas atividades de oxicorte, soldagem e tratamento térmico e em trabalhos de manutenção e conservação com exposição à radiação ultravioleta e infravermelha e à luminosidade intensa. Cremes protetores Os cremes protetores ou cremes-barreira são substâncias aplicadas sobre a pele antes do trabalho com o objetivo de protegê-la contra danos causados por dife- rentes agentes de risco. Os cremes de proteção são enquadrados nos seguintes grupos: • grupo 1 – água-resistente: são aqueles que, quando aplicados à pele do usuá- rio, não são facilmente removíveis com água; • grupo 2 – óleo-resistente: são aqueles que, quando aplicados à pele do usuário, não são facilmente removíveis na presença de óleos ou substâncias apolares; Exemplo Contra agentes químicos (solventes, tintas etc.) Ed ne i M ar x 28 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS • grupo 3 – cremes especiais: são aqueles com indicações e usos definidos e bem especificados pelo fabricante. Exemplo Contra agentes biológicos (vírus, bactérias etc.) A pele pode apresentar dois tipos de reações após a aplicação do creme: • diretas: as reações diretas são causadas por agentes químicos (responsáveis por 80% das dermatoses), agentes físicos, agentes mecânicos e agentes biológicos; • indiretas: as reações indiretas são causadas por fatores como idade, sexo, etnia, clima e condições de trabalho. Características de um bom creme protetor Um bom creme protetor deve ter as seguintes características: • neutralizar a ação agressiva de agentes químicos, mantendo o pH da pele em níveis normais; • estabelecer um efeito de barreira, dificultando e impedindo o contato de elementos prejudiciais à saúde; • não ser irritante, nem sensibilizante; • oferecer real e adequada proteção; • ser fácil de aplicar; • ser fácil de remover; • facilitar a absorção cosmética. Como usar o creme protetor Para que ofereça a proteção necessária, é preciso aplicar o creme de modo apro- priado, seguindo os procedimentos: 1. Lavar e secar bem as mãos. 2. Aplicar pequena quantidade do creme, massageando toda a mão de modo uniforme. Passar entre os dedos e embaixo das unhas e, se necessário, nos an- tebraços. 3. Aguardar o produto secar. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 29 4. Reaplicar o creme sempre que lavar as mãos ou após mais de quatro horas de uso. 5. Retirar o excesso com uma estopa ou toalha de papel e lavar a pele nor- malmente. Figura 20 – Aplicação do creme protetor. Equipamentos de proteção dos membros inferiores Dois equipamentos são indicados para proteger pernas e pés: • calçados de segurança; • perneiras de segurança. Calçados de segurança Os calçados de segurança protegem os pés contra impactos de quedas de obje- tos sobre os artelhos, contra choques elétricos, contra agentes térmicos, contra agentes cortantes e escoriantes, contra umidade proveniente de operações com uso de água e contra respingos de produtos químicos. Tipos de calçados de segurança • Calçado de segurança de borracha: utilizado para proteção dos pés contra torção, escoriações, derrapagens e umidade. Figura 21 – Calçado de segurança de borracha. Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x 30 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS • Calçado de segurança com biqueira de aço: utilizado nos trabalhos em que houver risco de queda de peças ou ferramentas. Figura 22 – Calçado de segurança com biqueira de aço. Perneiras de segurança Perneiras de segurança são utilizadas permanentemente como proteção contra agentes térmicos, cortantes e com tensão de ruptura de 2.500 Kgf – 1,60 m. Equipamentos de proteção para o corpo O propósito dos equipamentos de proteção para o corpo é prevenir o uso de rou- pas inadequadas: conforme o material com que são confeccionadas, elas podem expor o trabalhador a riscos. Exemplos • Uniforme de trabalho: utilizado para realizar atividades em geral que não envolvam riscos físicos. Figura 23 – Uniforme de trabalho. Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 31 • Conjunto de segurança: utilizado para proteção do corpo contra chamas e choque elétrico. Figura 24 – Conjunto de segurança. • Avental guarda-pó: utilizado para realizar atividades em geral que não envolvam riscos físicos. Figura 25 – Avental guarda-pó. EPI e EPC na mecânica automotiva Nas oficinas de automóveis, a utilização de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva (EPI e EPC) é de suma importância, pois várias atividades apresentam riscos à saúde e à segurança do trabalhador. Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x 32 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Quando usar o EPI A seguir, algumas atividades nas quais o EPI deve ser utilizado, os riscos que oferecem e os equipamentos de segurança necessários para evitar acidentes: • serviços em sistemas de suspensão, direção e freio; • trabalhos com esmeril; • serviços no sistema de gerenciamento eletrônico do motor; • serviços internos no motor e transmissão (desmontagem e montagem). Serviços em sistemas de suspensão, direção e freioRiscos: em serviços com o veículo elevado há risco de caírem peças e ferramen- tas. Peças sujas de óleo e graxa podem contaminar a pele. EPI necessário: luva tricotada com pigmentos nitrílica na palma das mãos, óculos de segurança e sapato de segurança. Trabalhos com esmeril Riscos: fagulhas geradas pelo atrito entre a “pedra” do esmeril e a peça podem provocar queimaduras no olho e/ou na pele. Há também risco de a peça cair nos pés do profissional. EPI necessário: protetor facial, luva de couro e sapato de segurança. Serviços no sistema de gerenciamento eletrônico do motor Riscos: vazamento de combustível sob pressão (risco de contaminação na pele e nos olhos). Se o motor estiver quente, pode queimar a pele. EPI necessário: creme protetor, luva de pano (quando o motor estiver quente), luva de borracha (em trabalhos na linha de combustível), óculos e sapato de segurança. Serviços internos no motor e transmissão (desmontagem e montagem) Riscos: queda de componentes pode causar lesões nos pés ou nas pernas. Vaza- mento de óleo lubrificante pode contaminar a pele. EPI necessário: creme protetor para as mãos, óculos e sapatos de segurança. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 33 Dicas de segurança na oficina Algumas medidas contribuem para a segurança de uma oficina, como as rela- cionadas a seguir: • antes de efetuar qualquer trabalho ou procedimento de manutenção no veícu- lo, certificar-se de que ele não esteja engrenado, que o freio de estacionamento tenha sido acionado e que as rodas estejam travadas; • manter a área de trabalho limpa, seca e organizada; • não manter as ferramentas e peças no piso do local de trabalho nem sobre o veículo; • a área de trabalho deve ser ventilada e bem iluminada; • utilizar elevadores ou macacos-hidráulicos apropriados; • utilizar calços de segurança e cavaletes; • não usar anéis, relógios e outras joias; • cabelos compridos devem ser protegidos com uma rede; • certificar-se de que os extintores de incêndio da área de trabalho estão car- regados e têm a classificação adequada ao local, como especificado a seguir: • tipo A – madeira, papel, tecidos e lixo; • tipo B – líquidos inflamáveis; • tipo C – equipamentos elétricos. • não fumar na área de trabalho; • não direcionar o ar comprimido para o corpo ou roupas; • usar óculos de segurança e protetores auriculares quando trabalhar com ar comprimido; • certificar-se de que todas as ferramentas estejam em boas condições; • certificar-se de que todos os dispositivos e equipamentos de serviço sejam removidos do motor após efetuar o serviço; • esperar o motor esfriar para efetuar qualquer serviço de manutenção em seus componentes; • nunca trocar qualquer componente enquanto o motor estiver em funcio- namento. 34 VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Sistema de exaustão dos gases de escapamento O sistema de exaustão dos gases de escapamento é um Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) e deve ser utilizado sempre que o motor do veículo for mantido em funcionamento, em ambiente fechado. Esse equipamento expele os gases de escapamento dos veículos para fora do ambiente de trabalho. A inalação do monóxido de carbono (um dos gases emitidos pela queima de combustível) pode levar a óbito. Figura 26 – Sistema de exaustão de gases de escapamento. Observação Deve-se procurar um representante da CIPA na empresa sempre que se perceber um risco ou ocorrer um acidente, pois ele recebeu treina- mento para tomada de decisão adequada para cada situação. An to ni o Ci ril o de S ou za 2. Pneu Tipos de pneu em relação à sua construção Especificação de pneus Rodízios recomendados para caminhões e ônibus (a cada 10.000 km) Recauchutagem Desequilíbrio de rodas Geometria do veículo Os veículos movem-se sobre pneus inflados com ar comprimido ou nitrogênio. Os pneus são os únicos componentes da suspensão que estão em contato direto com a pista: rolam sobre ela e recebem a potência do motor, atuam como com- pensadores de impactos leves e aumentam o conforto da condução. Os pneus suportam o peso total do veículo e transmitem a força da direção e da frenagem à pista, controlando partida, aceleração, desaceleração, paradas e curvas. Figura 1 – Pneu. Gu st av o Lo ur en çã o 36 PNEU Tipos de pneu em relação à sua construção Quanto à sua construção, os pneus apresentam os seguintes tipos: • diagonal; • radial; • com câmara; • sem câmara. Pneu diagonal A carcaça do pneu diagonal é construída em camadas alternadas de fibras unidas e dispostas em um ângulo de 30o a 40o em relação à linha central da circunfe- rência do pneu. Essa disposição suporta a carga aplicada ao longo da circunferência e transver- salmente em relação ao diâmetro. Entretanto, quando o pneu está sujeito à carga vertical da pista, as fibras tendem a se deformar. carcaça de pneu convencional ou diagonal inclinação das �bras de 30° a 40° em relação à linha central Figura 2 – Pneu diagonal. Pneu radial A carcaça do pneu radial consiste em camadas de fibras unidas com borracha e dispostas perpendicularmente à circunferência do pneu. Essa construção oferece grande flexibilidade aos pneus na direção radial. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 37 Entretanto, somente essa carcaça não é capaz de suportar a carga total aplicada ao longo da circunferência do pneu. Por isso, ele possui cintas de fibras têxteis resistentes ou fios de aço unidos com borracha que firmam a carcaça, aumentan- do a rigidez da banda de rodagem. Nesse caso, o desempenho nas curvas e em altas velocidades é bom, mas as ondulações da pista são menos absorvidas em relação aos outros pneus, prejudicando o conforto dos passageiros. carcaça de pneu radial Figura 3 – Pneu radial. As bandas de rodagem do pneu diagonal tendem a se deformar ao tocar a pista. Já as bandas de rodagem dos pneus radiais mantêm-se juntas por causa das cintas de fibras ou dos fios de aço. Figura 4 – Marcas no solo de um pneu diagonal. Figura 5 – Marcas no solo de um pneu radial. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Pneu diagonal Pneu radial Os pneus diagonais proporcionam uma condução mais suave, mas são inferiores aos radiais em termos de desempenho e de resistência ao desgaste. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c 38 PNEU Pneu com câmara O pneu com câmara possui um tubo de borracha interno, que retém o ar ou o nitrogênio pressurizado, e dispõe de uma válvula de ar projetada para fora atra- vés de um orifício no aro da roda. Se for furado, o pneu com câmara se esvazia rapidamente. Pneu sem câmara O pneu sem câmara não possui tubo interno. O ar ou nitrogênio é mantido pressurizado por meio de um forro interno, construído com uma formulação especial de borracha espessa com alta eficiência de vedação. A válvula de ar é fixada diretamente no aro da roda. Figura 6 – Roda com pneu sem câmara de ar. Especificação de pneus A parede lateral do pneu apresenta gravações de codificações, sendo as principais: • largura; • diâmetro interno; • tipo de pneu em relação ao uso; Al de r E va nd ro M as su co SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 39 • índice de velocidade; • índice de carga (peso máximo suportado por pneu). Figura 7 – Características técnicas estampadas nos pneus. As marcações existentes nas laterais dos pneus são decodificadas conforme a Tabela 1: Tabela 1 – Interpretação das especificações dos pneus No Significado Marcações 10.00 R 20 146/143K Cap. 16 lonas (16 P.R.) TUBE TYPE REGROOVABLE Marcações 11 R 22.5 148/144 M Cap. 16 lonas (16 P.R.) TUBELESS REGROOVABLE 1 Nome do fabricante e tipo de pneu – – 2 Largura nominal da seção em polegadas 10.00 11 Pneu de estrutura radial R Diâmetro nominal do aro em polegadas 20 22.5 3 Índice de carga máxima por pneu para uso em rodas simples 146 148 Índice de carga máxima por pneu para uso em rodas duplas 143 144 Al de rE va nd ro M as su co (continua) 40 PNEU No Significado Marcações 10.00 R 20 146/143K Cap. 16 lonas (16 P.R.) TUBE TYPE REGROOVABLE Marcações 11 R 22.5 148/144 M Cap. 16 lonas (16 P.R.) TUBELESS REGROOVABLE 4 Símbolo de velocidade K M 5 Índice de resistência de carga Cap. 16 lonas (P.R.) 6 Pneu versão “com câmara” TUBE TYPE – 7 Pneu versão “sem câmara” – TUBELESS 8 Banda de rodagem ressulcável REGROOVABLE 9 Sentido de raspagem em pneu com cintura “zero grau” Tabela 2 – Índice de carga do pneu Índice Carga por pneu (kg) Índice Carga por pneu (kg) Índice Carga por pneu (kg) Índice Carga por pneu (kg) Índice Carga por pneu (kg) 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 335 345 355 365 375 387 400 412 425 437 450 462 475 487 500 515 430 545 560 580 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 600 615 630 650 670 690 710 730 750 775 800 825 850 875 900 925 950 975 1.000 1.030 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 1.060 1.090 1.120 1.150 1.180 1.215 1.250 1.285 1.320 1.360 1.400 1.450 1.500 1.550 1.600 1.650 1.700 1.750 1.800 1.850 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 1.900 1.950 2.000 2.060 2.120 2.180 2.240 2.300 2.360 2.430 2.500 2.575 2.650 2.725 2.800 2.900 3.000 3.075 3.150 3.250 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 3.350 3.450 3.550 3.650 3.750 3.875 4.000 4.125 4.250 4.375 4.500 4.625 4.750 4.875 5.000 5.150 5.300 5.450 5.600 5.800 SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 41 Rodízios recomendados para caminhões e ônibus (a cada 10.000 km) A Figura 8 apresenta um veículo equipado com todos os pneus novos (primeira vida) de mesma medida e tipo de desenho de banda de rodagem. Figura 8 – Rodízio de pneus do mesmo fabricante em todos os pontos de apoio da banda. As Figuras 9 e 10 apresentam veículos equipados com pneus de mesma medida e tipo de desenho ou com pneus dianteiros diferentes dos traseiros. Figura 9 – Rodízio de pneus (fabricantes diferentes entre os eixos). An to ni o Ci ril o de S ou za An to ni o Ci ril o de S ou za 42 PNEU Figura 10 – Rodízio de pneus (fabricantes diferentes entre os eixos). Nos veículos de carga, os esquemas de rodízio indicados são iguais tanto para pneus com estrutura diagonal quanto para pneus com estrutura radial. Em um mesmo eixo nunca se devem utilizar pneus com estruturas diferentes. Recauchutagem A reutilização da carcaça de um pneu é considerada atividade fundamental para as empresas, pois representa a possibilidade de explorar toda a tecnologia disponível, otimizando o custo por quilômetro e melhorando a relação custo- -benefício. Para reformar um pneu é necessário que ele esteja com a carcaça e as lonas do piso em bom estado. Pequenos estragos que ultrapassem ou não a carcaça do pneu poderão ser reparados durante o processo de recauchutagem, e somente o recauchutador poderá avaliar essas condições. É primordial que os pneus sejam retirados para recauchutagem com uma pro- fundidade de sulco proporcional à agressividade do terreno no qual eles são utilizados, evitando assim a retirada tardia (prejudicando a carcaça) ou precoce (perdendo quilometragem). An to ni o Ci ril o de S ou za SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 43 Figura 11 – Banda de rodagem que se usa para recapagem. Desequilíbrio de rodas O desequilíbrio das rodas e dos pneus é o principal causador de vibrações. O conjunto roda e pneu pode não ter uma distribuição uniforme de massas. Dessa forma, apresentará sempre certo desequilíbrio que, dependendo de sua grandeza e da rotação a que a roda é submetida, pode originar vibrações às ve- zes consideráveis, que afetam negativamente o conforto ao rodar, aumentam o desgaste dos pneus e podem reduzir a vida útil dos rolamentos, amortecedores e elementos da suspensão e direção do veículo. Figura 12 – Balanceamento de coluna. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o 44 PNEU Figura 13 – Balanceadora local. Geometria do veículo Durante dezenas de anos, os veículos automotores eram equipados com um só tipo de suspensão. Os componentes da direção do veículo eram montados para permitir poucas regulagens. Evidentemente, falava-se na época dos ângulos de ajuste do eixo dianteiro, já que o eixo traseiro era fixo e destinado apenas à tração do veículo. Os primeiros alinhadores utilizados foram os mecânicos, que trabalhavam com réguas nas quais se mediam os ângulos como, por exemplo, convergência, divergência e câmber. Com o passar do tempo, foram desenvolvidos alinhadores óticos capazes de ler os ângulos medidos em um painel que continha escalas. Duas cabeças óticas eram montadas com grampos especiais nos aros dianteiros do veículo e delas saíam fechos de luz que atingiam o painel com escala, fazendo com que o operador lesse no painel os ângulos existentes na roda. Já naquela época, chegava-se à conclusão de que o eixo traseiro não era apenas um simples suporte das rodas. São estes os ângulos da suspensão de um veículo que causam transtorno aos proprietários (desconforto ao dirigir ou consumo excessivo do pneu), quando desregulados ou fora do padrão estabelecido pelo fabricante: • caster; • câmber; Al de r E va nd ro M as su co SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 45 • convergência; • KPI ou SAI; • ângulo incluso (sai + câmber); • divergência em curva; • set back (diferença coaxial dos eixos). Figura 14 – Equipamento de alinhamento instalado na roda traseira do ônibus. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c 3. Conceitos de sistema de suspensão de veículos pesados rodoviários Tipos de suspensão e suas características de funcionamento para linha pesada e semipesada Amortecedores e suas características construtivas O sistema de suspensão reduz o impacto provocado pelas irregularidades da pista, melhora o conforto da direção e a estabilidade, bem como amplia as ca- racterísticas de aderência da roda à pista. A suspensão conecta a carroceria às rodas e tem as seguintes funções: • Quando o veículo está em movimento, atua junto aos pneus tanto para ab- sorver e compensar as várias vibrações, oscilações e impactos causados pelas irregularidades da pista, protegendo os passageiros e a carga, como para melhorar a estabilidade da condução do veículo. • Transmite à carroceria as forças de direção e frenagem geradas em decorrên- cia do atrito entre a superfície de rodagem e as rodas. • Apoia a carroceria sobre os eixos e mantém a geometria entre as rodas e a carroceria. Tipos de suspensão e suas características de funcionamento para linha pesada e semipesada Entre os tipos de suspensão, destacam-se: • suspensão dependente; • suspensão semi-independente. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 47 Suspensão dependente A suspensão dependente é caracterizada por um eixo rígido transversal unindo as rodas traseiras ou dianteiras. Na suspensão dependente, impactos sofridos por uma roda são transmitidos pelo eixo rígido até a outra roda, o que torna o rodar pouco confortável, principalmente em estradas irregulares e em más condições de uso. Esse tipo de suspensão é o mais usado para transporte de pessoas (ônibus) e de grandes cargas (caminhões). Figura 1 – Suspensão dependente. Suspensão semi-independente Suspensão semi-independente é aquela em que as rodas são conectadas por um único eixo. Quando as rodas se movimentam verticalmente em sentidos opostos, o movimento de torção é transformado em torção do eixo, amortecendo o im- pacto. Como as molas se apoiam no eixo e este, por sua vez, apoia-se na estrutura do veículo, elas suportam grandes cargas. Esse tipo de suspensão proporciona um conforto maior para as pessoas, se comparado com a suspensão dependente, pois a vibração ou o impacto absorvido por uma roda refletena outra em quanti- dade menor. Atualmente, o emprego da mola tipo bolsa de ar (bexigão) é o mais utilizado para esse tipo de suspensão. Gu st av o Lo ur en çã o 48 CONCEITOS DE SISTEMA DE SUSPENSÃO DE VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Figura 2 – Suspensão a ar. Amortecedores e suas características construtivas Quando o veículo é submetido a irregularidades da pista, as molas se comprimem e se expandem para absorvê-las. Em razão de uma característica das molas, po- rém, elas tendem a continuar oscilando, e essa oscilação leva muito tempo para parar, comprometendo o conforto ao dirigir e a estabilidade do veículo. Para isso existem os amortecedores, que absorvem essa oscilação das molas, melhorando o conforto e a aderência do pneu ao solo. Assim, o veículo ganha mais estabilidade. Figura 3 – Amortecedor de simples ação. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 49 O amortecedor hidráulico utiliza óleo para absorver as oscilações das molas. É composto de dois cilindros: um externo e outro interno. Entre esses cilindros se forma a câmara reservatório, que armazena o óleo do amortecedor. O cilindro interno recebe o nome de câmara de serviço, que é dividida por um êmbolo móvel. Ele está ligado ao sistema de fixação do amortecedor e nele estão as válvulas do amortecedor. Funcionamento interno do amortecedor de simples ação Quando o amortecedor é comprimido (recebendo impacto da pista de rodagem), o êmbolo comprime o óleo na parte inferior da câmara de serviço, que passa a ser chamada de câmara de compressão; a parte superior do cilindro é chamada de câmara de tração. câmara de compressão câmara de tração Figura 4 – Funcionamento interno do amortecedor de simples ação. Nessa condição, o óleo passa da câmara de compressão para a câmara de tração pelas válvulas da haste móvel, que não oferecem resistência à passagem do óleo. O amortecedor acompanha o movimento da mola, com parte do óleo saindo por uma válvula localizada na base do amortecedor, que libera a passagem do óleo para a câmara reservatório. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c 50 CONCEITOS DE SISTEMA DE SUSPENSÃO DE VEÍCULOS PESADOS RODOVIÁRIOS Funcionamento do amortecedor hidráulico de ação dupla O funcionamento do amortecedor de ação dupla é parecido com o de ação sim- ples, a única diferença é que, ao ser comprimido, o amortecedor de ação dupla também oferece uma pequena restrição. Nesse caso, a haste móvel possui mais uma válvula, garantindo assim mais estabilidade, porém comprometendo um pouco o conforto ao dirigir o veículo. câmara de reservatório câmara de serviço �uido ar câmara de reservatório câmara de serviço �uido ar Figura 5 – Funcionamento do amortecedor hidráulico de dupla ação. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c 4. Conceitos de sistemas rodoviários de direção pesada Tipos de caixa de direção e seu funcionamento Componentes do sistema de direção O sistema de direção permite que o motorista controle a direção do veículo pelo movimento das rodas dianteiras. Isso é feito por meio do volante e da coluna da direção, que transmite a rotação do volante da direção (feita pelo motorista) até as engrenagens da caixa de direção, que por sua vez transmite a rotação até a barra de direção e da barra de direção até as rodas dianteiras. As engrenagens do conjunto da caixa de direção não somente esterçam as rodas dianteiras como também atuam como engrenagens de redução, minimizando o esforço do volante da direção e aumentando o torque de saída. A relação de redução é chamada relação da caixa de direção e normalmente está entre 18 e 20:1. Uma relação maior faz reduzir o esforço da direção, mas torna necessário girar mais o volante da direção nas curvas. Há vários tipos de sistemas de caixa de direção, mas os tipos pinhão-cremalheira e esfera recirculante (ou rosca sem fim) são os mais utilizados nos veículos pesados. Tipos de caixa de direção e seu funcionamento A configuração do sistema de direção depende do projeto do veículo (sistemas de tração e suspensão usados para veículos comerciais ou para veículos de pas- sageiros). Atualmente são usados os tipos pinhão-cremalheira e setor/sem fim (esfera deslizante), ambos mecânicos ou hidráulicos. 52 CONCEITOS DE SISTEMAS RODOVIÁRIOS DE DIREÇÃO PESADA Caixa de direção mecânica Na caixa de direção mecânica pinhão-cremalheira, o pinhão da direção na ex- tremidade inferior do eixo principal da direção acopla-se com a cremalheira. Quando o volante da direção é esterçado, o pinhão da direção gira para movi- mentar a cremalheira para a direita ou para a esquerda. O movimento da cremalheira é transmitido à ponta do eixo por meio de barras e terminais da direção. Figura 1 – Caixa de direção tipo pinhão-cremalheira. Na caixa de direção mecânica esfera recirculante ou setor/sem fim, as duas ex- tremidades do eixo sem fim são acopladas pelos rolamentos de contato angular. As esferas rolam nessas canaletas projetadas, o que permite uma contínua cir- culação das esferas. An to ni o Ci ril o de S ou za SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 53 Figura 2 – Caixa de direção setor/sem fim. O eixo setor está instalado na carcaça da caixa por meio de rolamentos de agu- lhas. O setor acopla-se com os dentes da porta-esferas e, à medida que o sem fim gira, o porta-esferas movimenta-se. Esse movimento faz girar o eixo setor e acionar o braço pitman. A direção tipo esfera recirculante apresenta pouca resis- tência de engrenamento, pois o atrito entre o sem fim e o setor é muito pequeno em razão das esferas. Direção hidráulica Para melhorar a dirigibilidade, a maioria dos veículos modernos está equipada com pneus largos, de baixa pressão, com maior área de contato entre o pneu e a pista, o que gera, consequentemente, maiores esforços de esterçamento. O esforço de esterçamento pode ser reduzido aumentando-se a relação de engre- nagem da caixa de direção. Entretanto, isso causa maior movimento angular do volante da direção nas curvas, impossibilitando esterçamentos rápidos. Portanto, a fim de manter pequeno o esforço e ao mesmo tempo obter uma di- reção ágil, é preciso um dispositivo auxiliar. Esse dispositivo é conhecido como conjunto hidráulico ou conjunto de direção hidráulica. Gu st av o Lo ur en çã o 54 CONCEITOS DE SISTEMAS RODOVIÁRIOS DE DIREÇÃO PESADA Caixa de direção hidráulica pinhão-cremalheira eixo principal na coluna da direção tanque do reservatório válvula de controle caixa da direção cilindro hidráulico bomba de palhetas Figura 3 – Conjunto de direção hidráulica pinhão-cremalheira. Na posição neutra (rodas voltadas para a frente), o fluido da bomba é envia- do à válvula de controle. Se a válvula de controle estiver em posição neutra, todo o fluido será dirigido à passagem de alívio e retornará à bomba pelo reservatório. Neste ponto, quase nenhuma pressão será gerada e, uma vez que a pressão no êmbolo do cilindro é igual em ambos os lados, o êmbolo não terá movimento. An to ni o Ci ril o de S ou za SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 55 bomba válvula de controle cilindro de força êmbolo do cilindro Figura 4 – Esquema hidráulico pinhão-cremalheira. Nas curvas, quando o eixo principal da direção gira em qualquer sentido, a válvula de controle também se move, fechando uma das passagens de fluido. A outra passagem se abre, alterando o volume do fluxo do fluido e ao mesmo tempo gerando pressão. Consequentemente, haverá diferença de pressão nos dois lados do êmbolo; o êmbolo se moverá na direção da pressão mais baixa e o fluido que passa naquele cilindro retornará à bomba por meio da válvula de controle. bomba Figura 5 – Esquema hidráulico pinhão-cremalheira. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c 56 CONCEITOS DE SISTEMAS RODOVIÁRIOS DE DIREÇÃO PESADA Componentes do sistemade direção Os componentes do sistema de direção são: • coluna de direção; • barra da direção; • braço pitman; • barra de ligação; • amortecedor da direção; • terminal da barra da direção; • manga de eixo. Coluna de direção A coluna de direção é o eixo principal da direção que transmite a rotação do volante da direção à caixa de direção. Ela incorpora um mecanismo de absorção de impacto que absorve a força que normalmente seria aplicada ao motorista em caso de colisão. A coluna de direção é fixada à carroçaria por meio de um suporte deslocável que faz com que ela se rompa nos casos de colisões. Barra da direção A barra da direção é a combinação das hastes e dos braços que transmitem o movimento da caixa de direção para as rodas dianteiras. Ela deve transmitir com precisão o esterçamento do volante da direção às rodas. A adequação do projeto afeta decisivamente a estabilidade da direção. A barra da direção para a suspensão do tipo eixo rígido consiste em braço pitman, barra de comando, braços da direção, barra da direção e terminal da barra da direção. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 57 Figura 6 – Barra da direção. Braço pitman O braço pitman transmite o esterçamento da direção à barra de ligação ou barra de comando. A extremidade maior do braço é ligada ao eixo setor da caixa de direção por conexão cônica e é fixada por porca. A extremidade menor é conectada à barra de ligação ou barra de comando pela junta esférica. Figura 7 – Local da instalação do braço pitman. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o 58 CONCEITOS DE SISTEMAS RODOVIÁRIOS DE DIREÇÃO PESADA Barra de ligação A barra de ligação é conectada ao braço pitman e à barra da direção direita e esquerda. A barra de ligação transmite à barra da direção os movimentos do braço pitman e também está conectada ao braço intermediário. Figura 8 – Local de trabalho da barra de ligação. Amortecedor da direção O amortecedor da direção também está posicionado entre a barra da direção e o chassi para absorver o impacto e a vibração das rodas ao volante da direção. Figura 9 – Local de trabalho do amortecedor da direção. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 59 Terminal da barra da direção Os terminais da barra da direção são montados nas extremidades da barra para conectar os braços da direção à manga de eixo. Atualmente, os terminais da barra da di- reção usados nos veículos não requerem lubrificação. O material usado na sede da esfera deve ser resistente ao desgaste. A vedação da coifa deve ser melhor do que a do tipo padrão e a graxa usada deve ser do tipo não desgastante. Tam- bém é usado um terminal de direção, que incorpora uma mola compensadora de pré-carga e desgaste. Manga de eixo As mangas de eixo suportam a carga aplicada às rodas dianteiras e também funcionam como eixo de rotação das rodas. As mangas de eixo giram ao redor das juntas esféricas ou dos pinos-mestres dos braços da suspensão para esterçar as rodas dianteiras. A construção da manga de eixo e do cubo do eixo difere conforme a tração do veículo nas rodas dianteiras, nas rodas traseiras ou nas quatro rodas. Figura 11 – Manga de eixo dianteira. Figura 10 – Terminal de direção. Al de r E va nd ro M as su co Gu st av o Lo ur en çã o 5. Conceito do sistema de freios para veículos pesados Tipos de sistemas de freios para linha pesada Como qualquer sistema ou equipamento utilizado em veículos pesados, os siste- mas de freios evoluíram ao longo do tempo, passando de sistemas mecânicos para hidráulicos, hidrovácuo, sistemas mistos hidráulicos ativados por ar comprimido e sistemas puramente pneumáticos. Essa evolução foi motivada pela necessidade de acompanhar o desenvolvimento do transporte com as novas descobertas tecnológicas. Foi necessário superar limites, uma vez que o interesse comercial exige um transporte seguro do maior volume de carga no menor tempo possível, com um custo cada vez mais reduzido, sem se esquecer do conforto não só do motorista como também dos passageiros. A indústria automobilística de veículos de carga e passageiros oferece veículos cada vez maiores em poder de transporte, potência de motores e níveis de equipa- mentos pneumáticos, projetados para aplicações que necessitam de uma parada suave e proporcional e versatilidade de torque, uma vez que podem trabalhar com pressões de 0,5 bar a 10 bar. Outros equipamentos acionados por ar comprimido foram desenvolvidos para esses veículos, como caixas de câmbio, suspensões pneumáticas, portas, freio de estacionamento e sistemas ABS e ASR. Frear um veículo em condições de traba- lho não é uma tarefa simples. O que possibilita isso é um sistema composto por tubulações, mangueiras, válvulas, cilindros, reservatórios e sistemas auxiliares que trabalham de forma sincronizada para proporcionar uma frenagem uniforme e segura até a parada. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 61 Tipos de sistemas de freios para linha pesada Os sistemas de freios podem ser do tipo hidráulico ou pneumático. Hidráulico O sistema hidráulico consiste em um conjunto formado por cilindro e pistão, que se encarrega de transmitir, através da compressão de um líquido, a força exercida no ponto de aplicação (pedal) para o ponto de atuação (roda). Figura 1 – Sistema hidráulico. Pneumático No sistema pneumático, a abertura controlada da passagem de ar sob pressão faz com que a força exercida no ponto de aplicação (pedal) seja transmitida para o ponto de atuação (roda). Figura 2 – Sistema pneumático. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c 62 CONCEITO DO SISTEMA DE FREIOS PARA VEÍCULOS PESADOS Funcionamento e componentes básicos de um sistema de freio pneumático Figura 3 – Esquema dos componentes básicos do sistema de freio pneumático. 1. Manômetro de 0 a 16 bar 2. Compressor de ar 3. APU - Unidade de Tratamento de Ar 4. Válvula de proteção (4 circuitos) 5. Válvula reguladora de pressão com silenciador 6. Reservatório de ar comprimido 7. Reservatório de ar comprimido 8. Válvula do freio de mão (caminhão) 9 Válvula do freio de serviço 10. Cilindro de freio diafragma 11. Cilindro de freio combinado 12. Cilindro de freio diafragma 13. Válvula do freio de mão (carreta) 14. Válvula 2 vias 15. Cilindro de acionamento 16. Válvula reguladora de pressão 17. Válvula relê 18. Válvula de nivelamento 19. Válvula de descarga rápida 20. Válvula de acionamento 21. Bocal de engate automático (vermelho) 22. Bocal de engate Automático (amarelo) 23. Válvula de controle da carreta Seu funcionamento é o seguinte: o motor do veículo aciona um compressor que fornece ar comprimido ao reservatório. Como o volume do reservatório é fixo, o ar vai ficando com uma pressão cada vez maior dentro dele. No reservatório torna-se necessário impedir que a pressão do ar vá subindo sem parar. Por isso, quando essa pressão chega a um determinado valor, abre-se a válvula reguladora de pressão. 2 3 4 5 7 6 8 9 10 13 14 15 11 17 16 18 19 20 21 22 23 12 1 Al de r E va nd ro M as su co SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 63 O ar comprimido existente no reservatório é capaz de aplicar uma força nas sapa- tas de freio muito maior do que a força que o motorista aplica no pedal de freio. Porém, o ar que está comprimido no reservatório somente atinge os cilindros de freio quando o condutor aciona a válvula pedal. Uma vez que o ar comprimido chega até o cilindro de freio, este aciona a cunha ou o eixo “S”, expandindo em ambos os casos as sapatas contra o tambor do freio, o que faz com que a velocidade do veículo seja reduzida. acionamento tipo “S” Figura 4 – Acionamento do “eixo S”. Figura 5 – Local de atuação do “eixo S”. Ri ca rd o Pa on es sa /G lo ba lte c Gu st av o Lo ur en çã o 6. Sistema detransmissão Embreagem Caixa de mudanças Ponto morto Alavanca de mudanças Primeira velocidade Segunda velocidade Terceira velocidade Quarta velocidade Quinta velocidade Marcha à ré Transmissão articulada Transmissão angular e diferencial Relação de transmissão O sistema de transmissão do veículo recebe do motor a energia térmica transfor- mada em mecânica, deslocando-a até as rodas da seguinte forma: do motor ela vai para o câmbio pela embreagem, sai do câmbio e vai para o diferencial pelo cardam, chegando até as rodas pelas semiárvores (pontas de eixo). SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 65 Figura 1 – Conjunto do sistema de transmissão. Embreagem A embreagem liga ou desliga progressivamente a rotação do motor do restante do sistema de transmissão. Esse controle é feito por meio do pedal da embreagem. Figura 2 – Embreagem. Gu st av o Lo ur en çã o Gu st av o Lo ur en çã o 66 SISTEMA DE TRANSMISSÃO Caixa de mudanças A caixa de mudanças recebe a rotação transmitida do motor pela embreagem. Através de um conjunto de engrenagens, essa rotação é transmitida para a trans- missão articulada. A mudança de rotação tem a finalidade de possibilitar que o veículo: • desenvolva uma velocidade maior, se as condições de carga e o piso permi- tirem; • desenvolva mais força, isto é, maior torque motriz, com velocidade menor. Essa redução de velocidade e aumento de torque ocorrem na primeira e na se- gunda marchas, que permitem ao veículo transportar mais carga e vencer subidas mais íngremes. A escolha de engrenagens acopladas é feita pela alavanca de mudanças – aciona- da pelo motorista –, que corresponde às diversas marchas existentes no veículo. Assim, a primeira marcha permite ao veículo obter o máximo de torque motriz, mas com o mínimo de velocidade. Já a última marcha fornece, pelo contrário, um torque motriz menor para um máximo de velocidade. Figura 3 – Câmbio. Ponto morto Há situações em que precisamos manter o veículo parado, com o motor em fun- cionamento. É o que ocorre, por exemplo, quando se aguarda a luz verde de um Gu st av o Lo ur en çã o SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 67 semáforo. Nesse caso, a alavanca de mudanças deve ser posta em ponto morto, isto é, nenhuma marcha estará engrenada. Alavanca de mudanças Quando a alavanca está em ponto morto, isso desliga a árvore secundária das demais. Nesse caso, o movimento de rotação chega somente até a árvore inter- mediária, não sendo transmitido à árvore secundária. Figura 4 – Engrenamento ponto morto. Primeira velocidade A primeira marcha é de baixa velocidade e muita força, pois decorre da combi- nação da menor engrenagem da árvore intermediária com a maior engrenagem da árvore secundária. Com isso há uma redução de velocidade e um aumento do torque motriz. Figura 5 – Engrenamento primeira velocidade. Al de r E va nd ro M as su co Al de r E va nd ro M as su co 68 SISTEMA DE TRANSMISSÃO Segunda velocidade A segunda marcha é de velocidade maior do que a primeira, mas com menor torque motriz. Isso ocorre porque ela resulta de uma menor redução entre a engrenagem da árvore intermediária e a engrenagem da árvore secundária. Figura 6 – Engrenamento segunda velocidade. Terceira velocidade A terceira marcha supera, em velocidade, a segunda. Perde, entretanto, quanto ao torque motriz. Resulta de uma menor redução da engrenagem da árvore in- termediária para a engrenagem da árvore secundária. Figura 7 – Engrenamento terceira velocidade. Al de r E va nd ro M as su co Al de r E va nd ro M as su co SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 69 Quarta velocidade A quarta marcha supera, em velocidade, a terceira. Perde, entretanto, quanto ao torque motriz. Resulta de uma menor redução da engrenagem da árvore inter- mediária para a engrenagem da árvore secundária. Figura 8 – Engrenamento quarta velocidade. Quinta velocidade A quinta marcha não utiliza a árvore intermediária. As árvores primária e secun- dária ligam-se diretamente. Isso resulta, então, em uma velocidade maior do que a da quarta marcha, mas com menor torque motriz. Essa ligação direta entre a árvore primária e a secundária chama-se prise direta. Em veículos com cinco marchas à frente, da primeira à quarta marcha o movi- mento de rotação é transmitido pela árvore intermediária. Figura 9 – Engrenamento quinta velocidade. Al de r E va nd ro M as su co Al de r E va nd ro M as su co 70 SISTEMA DE TRANSMISSÃO Marcha à ré A marcha à ré é obtida por meio de uma engrenagem intermediária que inverte o sentido de rotação da árvore secundária. Figura 10 – Engrenamento marcha à ré. Transmissão articulada A transmissão articulada recebe da árvore secundária a rotação do conjunto de engrenagens e movimenta a transmissão angular, que, por sua vez, contém uma junta elástica para se movimentar em função de aclive ou declive do piso, oriundo da absorção do solo pela suspensão do veículo. Figura 11 – Junta elástica. Al de r E va nd ro M as su co Al de r E va nd ro M as su co SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 71 Transmissão angular e diferencial A transmissão angular e diferencial muda o plano de rotação em 90o. A caixa do diferencial permite rotações diferentes para cada roda motriz, graças ao conjunto planetárias e satélite. Principalmente quando o veículo se desloca em curvas, ou em função do desnível do piso, uma roda gira mais do que a outra. Figura 12 – Diferencial. Relação de transmissão A relação de transmissão permite compreender como se obtêm as diferentes marchas do veículo. Ela é necessária a cada situação de torque e velocidade. Por exemplo: a primeira marcha é utilizada para o início de movimento do caminhão, exigindo um torque mais elevado (alto giro do motor e pequeno giro da roda). Trata-se de um conjunto de engrenagens, ligadas entre si, em que cada dente funciona como alavanca, com as engrenagens menores ou maiores alternando entre si para fazer uma rotação maior ou um maior torque. Relação de transmissão – redução No sistema redutor, o número de dentes da engrenagem motora é menor do que o da engrenagem movida. Gu st av o Lo ur en çã o 72 SISTEMA DE TRANSMISSÃO engrenagem motora engrenagem movida Figura 13 – Relação de transmissão – redução. Exemplo de cálculo de uma redução: i = z2z1 Onde: i = relação de transmissão; z1 = número de dentes da engrenagem motora; z2 = número de dentes da engrenagem movida. Assim, se a engrenagem motora tiver 10 dentes e a movida 20 dentes, com rotação da árvore primária de 1.000 rpm, o resultado será: i = 2010 = 20 Portanto, a relação de transmissão é 2:1. Rotação de saída (árvore secundária) Rotação de saída = Rotação de entradai =Rs⇒ = 500 rpm 1.000 2 An to ni o Ci ril o de S ou za SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 73 Torque de saída Considerando um torque de entrada igual a 100 Nm, efetua-se o seguinte cálculo: Torque final = torque de entrada 3 i ⇒ TF = 100 3 2 = 200 Nm Esse resultado quer dizer que o torque da engrenagem movida é duas vezes o torque da engrenagem motora. A engrenagem movida, por ser maior que a motora, move-se mais lentamente (redução de rotação), mas, em compensação, apresenta um aumento no torque. É que seus dentes funcionam como alavancas maiores do que as alavancas correspondentes aos dentes da engrenagem motora. Relação de transmissão – multiplicação No sistema multiplicador, como o número de dentes da engrenagem motora é maior, ocorre um aumento da rotação e, portanto, uma redução do torque. Exemplo: engrenagem motora com 20 dentes e movida com 10 dentes. engrenagem motora engrenagem movida Figura 14 – Relação de transmissão – multiplicação. Relação de transmissão: i = 1020 = 0,5 Portanto, a relação de transmissão é 1:2. An to ni o Ci ril o de S ou za 74 SISTEMA DE TRANSMISSÃORotação de saída (árvore secundária) Rotação de saída = Rotação de entradai =Rs⇒ = 2.000 rpm 1.000 0,5 Torque de saída Considerando um torque de entrada igual a 100 Nm, efetua-se o seguinte cálculo: Torque final = torque de entrada 3 i ⇒ TF = 100 3 0,5 = 50 Nm Ou seja, o torque cai para a metade, ao mesmo tempo em que a rotação duplica (multiplicação por 2). Relação de transmissão – sistema prise direta No sistema prise direta as engrenagens, movida e motora, têm o mesmo número de dentes e, portanto, não ocorre redução nem multiplicação da rotação. Figura 15 – Relação de transmissão – sistema prise direta. An to ni o Ci ril o de S ou za 7. Sistemas elétricos de veículo pesado Componentes do sistema de carga e partida Sistemas elétricos Esquema elétrico Neste capítulo é descrito o funcionamento do sistema elétrico de um veículo pesado e seus componentes principais, de acordo com a evolução ocorrida nos sistemas elétricos e eletrônicos automotivos, pois o profissional deve obrigato- riamente se manter atualizado. Componentes do sistema de carga e partida O sistema de carga e partida é composto por: • bateria; • chave de ignição; • motor de partida; • alternador. Bateria A bateria é um dispositivo de armazenamento de energia química que tem a capacidade de se transformar em energia elétrica quando solicitado. Logo, ao contrário do que comumente se acredita, as baterias não são depósitos de energia elétrica, mas sim de energia química. Quando um circuito é conecta- do em seus polos, dá origem a uma reação química, que ocorre em seu interior, convertendo essa energia química em elétrica, que é então fornecida ao circuito. 76 SISTEMAS ELÉTRICOS DE VEÍCULO PESADO Funções da bateria A bateria tem como principais funções: • fornecer energia para fazer funcionar o motor de partida; • prover de corrente elétrica o sistema de ignição e injeção eletrônica durante a partida; • suprir de energia as lâmpadas das lanternas de estacionamento e outros equi- pamentos que poderão ser usados enquanto o motor não estiver operando; • agir como estabilizador de tensão para o sistema de carga e outros circuitos elétricos; • providenciar corrente quando a demanda de energia do automóvel exceder a capacidade do sistema de carga (alternador/dínamo). Tipos de baterias automotivas (ABNT NBR 15.940) Bateria chumbo-ácido com manutenção e com baixa manutenção Esse tipo de bateria requer manutenção com adição de água durante o uso. Ofe- rece, a partir de seus bujões, tampões ou rolha, uma forma de acesso ao eletrólito. Figura 1 – Bateria chumbo-ácido com manutenção e com baixa manutenção. Ed ne i M ar x SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 77 Bateria chumbo-ácido seco carregado Montada com placas que passaram por processo de carga e secagem, a bateria chumbo-ácido seco carregado é fornecida ao mercado sem eletrólito. Figura 2 – Bateria chumbo-ácido seco carregado. Bateria chumbo-ácido livre de manutenção Esta bateria é dotada de tecnologia capaz de minimizar a perda de água, para que não seja necessária reposição durante sua vida útil, atendendo aos requisitos de ensaio de perda de água. Figura 3 – Bateria chumbo-ácido livre de manutenção. Ed ne i M ar x Ed ne i M ar x 78 SISTEMAS ELÉTRICOS DE VEÍCULO PESADO Chave de ignição A chave de ignição libera a corrente que vem da bateria e vai ao solenoide do motor de partida. Figura 4 – Chave de ignição. Motor de partida Motor de partida é um motor elétrico de corrente contínua, utilizado para colo- car o motor de combustão do veículo em funcionamento. Figura 5 – Motor de partida. Al de r E va nd ro M as su co N at ál ia S ca pi n SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 79 Função do motor de partida O motor de combustão interna do veículo necessita de um dispositivo impulsor para sua partida. A função do motor de partida é fazer com que o motor do veícu- lo atinja um número mínimo de rotações (40 rpm a 80 rpm no motor a gasolina, 100 rpm a 200 rpm no motor diesel) para que seja admitida a mistura entre ar e combustível ideal e, no caso do motor diesel, para que se consiga também a temperatura necessária na câmara de combustão. Componentes do motor de partida O motor de partida é constituído por: • chave magnética (automático); • induzido; • impulsor (bendix); • escovas e porta-escovas; • bobinas de campo; • mancais traseiro e dianteiro; • garfo. garfo chave magnética porta-escovas bobina de campo induzido impulsor mancal traseiro mancal dianteiro Figura 6 – Componentes do motor de partida. N at ál ia S ca pi n 80 SISTEMAS ELÉTRICOS DE VEÍCULO PESADO Alternador O alternador é um componente do sistema de carga cuja função é fornecer energia elétrica a to- dos os consumidores e carregar a bateria do veículo. Para isso, o alternador transforma a energia mecânica do motor do veículo em energia elétrica. Figura 7 – Alternador. Princípio eletrodinâmico Os alternadores podem funcionar nos dois sentidos de rotação por não haver necessidade de inversão de corrente, como é o caso nos dínamos. O sentido da rotação depende exclusivamente do tipo de ventilador empregado. diodos de excitação diodos de potência escovas DF anéis coletores enrolamento do estator enrolamento de excitação D- D+ B+ Figura 8 – Princípio de funcionamento do alternador. N at ál ia S ca pi n N at ál ia S ca pi n SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 81 O princípio eletrodinâmico tem base em um condutor elétrico que corta as li- nhas de força de um campo magnético, produzindo uma tensão elétrica (força eletromotriz – FEM). É indiferente se o campo magnético fica estacionário e o condutor elétrico em movimento ou vice-versa, isto é, se o condutor fica esta- cionário e o campo magnético móvel. No alternador, o condutor elétrico, representado pelo enrolamento do estator, é estacionário, e o campo magnético efetua um movimento de rotação. Daí o nome de rotor. Como os polos do campo magnético modificam constantemente a sua posição em virtude da rotação, forma-se no condutor uma tensão com valores e direção que se alternam, isto é, gera-se então uma tensão alternada. A Figura 9 mostra a produção de corrente alternada em um condutor estacio- nário, com campo magnético em rotação. A mudança de sentido da corrente elétrica resulta no deslocamento do ponteiro para o lado oposto. + - + - Figura 9 – Produção de corrente alternada. A tensão entre os valores máximos, em caso de rotação uniforme do rotor, de- senvolve-se segundo uma curva senoidal. FE M ( V ) 0 rotações 0,5 1 Figura 10 – Curva de tensão alternada induzida. N at ál ia S ca pi n 82 SISTEMAS ELÉTRICOS DE VEÍCULO PESADO A força eletromotriz induzida é tanto maior quanto mais forte for o campo magnético, quanto mais concentradas forem as linhas de força e quanto mais alta for a velocidade com a qual as linhas de força são cortadas. Os alternadores têm eletroímãs para a produção do campo magnético. O campo eletromagnéti- co atua somente enquanto houver passagem de corrente pela bobina de campo (enrolamento de excitação). A fim de multiplicar o efeito de indução, não se expõe ao campo magnético apenas um condutor, mas um grande número deles, constituindo o enrolamento do estator. Corrente trifásica No alternador, o enrolamento do estator é composto de três bobinas. Em cada uma, forma-se uma tensão alternada que recebe o nome de fase (fases U, V, W). As bobinas são dispostas de maneira que cada fase fique defasada a 120o. Essa corrente alternada de três fases chama-se corrente trifásica e oferece melhor aproveitamento do gerador do que a corrente alternada de uma única fase. 1 rotaçãoUu Uv Uw 1 período u v w 120º 240º 360º Figura 11 – Corrente alternada de três fases = corrente trifásica. SISTEMAS MECÂNICOS DE VEÍCULOS PESADOS E RODOVIÁRIOS 83 As três fases
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