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AUTOMAÇÃO Diante da importância do estudo das medições, este livro aborda as terminologias e conceitos de metrologia; os princí- pios de funcionamento, técnicas de utilização e aplicações do paquímetro, micrômetro, goniômetro, durômetro e traçador de perfil; classificação e técnicas de empilhamento do blo- co-padrão; sistemas de ajuste e tolerância dimensional; uso e aplicações do relógio comparador; tipos de calibrador e réguas de controle. Destaca, ainda, o papel da rugosidade no comportamento dos componentes mecânicos, os critérios de avaliação e medição, além dos conceitos, da classificação e dos tipos de tolerância geométrica. M etro lo g ia ISBN 978-85-8393-157-7 Metrologia Metrologia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Metrologia / SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. – São Paulo : SENAI-SP Editora, 2019. 280 p. : il. Inclui referências ISBN 978-85-8393-157-7 1. Metrologia 2. Sistemas de medição I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial II. Título. CDD 389.1 Índices para o catálogo sistemático: 1. Metrologia 389.1 2. Sistemas de medição 389.1 2 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4o andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br AUTOMAÇÃO Metrologia Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Comitê técnico Aderval Ferreira de Lima Filho Alexandre Batista Alves André Tritiac de Farias Carlos Aurelio Gonzalez Cardoso César Augusto Mateus Cleber de Paula Elias Felipe de Carvalho Mario Henrique Luchiari Paulo José Rodolpho Wagner Roberto Colaboração Célio Torrencilha Fábio Rossetti de Oliveira Joel Alves da Silva Marcos Oliveira Gentil Nelson Wilson Paschoalinoto Rogério Augusto Spatti Material didático encaminhado pela Gerência de Educação do SENAI-SP e validado pelas Escolas “Armando de Arruda Pereira”, “Anchieta”, “Roberto Simonsen” e “Antonio A. Lobbe”. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional se multiplicam, sobretudo, se diversificam. Essa permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente. Em sintonia com essa realidade e com a missão da SENAI-SP Editora – desen- volver conteúdo para formar e qualificar bons profissionais para a indústria – criamos a coleção Informações Tecnológicas, na qual este livro está inserido. Esta coleção foi especialmente desenvolvida para apoiar e capacitar tanto estu- dantes nas diversas modalidades de cursos, como profissionais de diferentes áreas tecnológicas, visando fornecer conhecimentos essenciais, linguagem acessível e uma abordagem didática. Sumário 1. Fundamentos de metrologia 11 Breve histórico das medidas 11 Terminologia e conceitos de metrologia 16 Medida 18 Erro de medição 18 As principais fontes de erro na medição 19 Princípios básicos de controle 21 Critério de seleção do instrumento de medição 23 Classificação dos instrumentos de medição 24 Sistema Internacional de Unidades 25 2. Medidas e conversões 28 O sistema inglês 28 Representação gráfica 33 3. Paquímetro 35 Tipos e usos 37 Princípio do nônio 39 Cálculo de resolução 41 Sistema métrico 41 Sistema inglês 43 Erros de leitura 50 Forma de contato 52 Técnica de utilização do paquímetro 55 4. Micrômetro 57 Origem e função do micrômetro 57 Princípio de funcionamento 58 Nomenclatura 59 Tipos e usos 60 Aplicação 60 Sistema métrico 63 Sistema inglês 66 Leitura no sistema inglês 66 Micrômetro com resolução de ,0001’’ 68 Calibração (regulagem da bainha) 68 Micrômetro interno 69 5. Bloco-padrão 74 Bloco-padrão protetor 75 Classificação 76 Erros admissíveis 77 Técnica de empilhamento 79 Blocos e acessórios 81 6. Tolerância dimensional 84 Eixo 85 Furo 85 Elemento 86 Dimensão 86 Linha zero 87 Tolerância 90 Sistema de tolerância e ajuste (ABNT/ISO) 92 Folga 93 Interferência 94 Ajuste 95 Sistemas de ajustes 96 Designação de tolerâncias e ajustes 99 Tabelas 100 7. Relógio comparador 125 Relógio comparador eletrônico 128 Mecanismos de amplificação 129 Condições de uso 131 Aplicações dos relógios comparadores 132 Relógio com ponta de contato de alavanca (apalpador) 134 8. Traçador de altura 136 Utilização e conservação 138 9. Calibrador e verificador 140 Tipos de calibrador 141 Verificador 148 Régua de controle 148 Réguas de faces retificadas ou rasqueteadas 149 Esquadro de precisão 151 Cilindro-padrão e coluna-padrão 153 Gabaritos 153 Fieira 157 10. Goniômetro 160 Cálculo da resolução 162 Leitura do goniômetro 162 Régua e mesa de seno 163 Mesa de seno 165 11. Projetor de perfil 168 Característica e funcionamento 168 Sistemas de projeção 170 Medição de roscas 172 Montagem e regulagem 173 12. Durômetro 175 Aplicações 176 Ensaio de dureza 176 Escalas de dureza 177 Ensaio de dureza Brinell 179 Dureza Rockwell 183 Descrição do processo 185 Equipamento para ensaio de dureza Rockwell 186 Dureza Vickers 191 Comparando Brinell e Vickers 196 Defeitos de impressão 197 Vantagens e limitações do ensaio Vickers 198 13. Rugosidade 199 Rugosidade das superfícies 199 Rugosidade 200 Conceitos básicos 201 Composição da superfície 204 Critérios para avaliar a rugosidade 205 Sistemas de medição da rugosidade superficial 207 Parâmetros de rugosidade 207 Rugosidade máxima (Ry) 211 Rugosidade total (Rt) 212 Rugosidade média (Rz) 213 Rugosidade média do terceiro pico e vale (R3Z) 214 Indicações do estado de superfície no símbolo 217 Indicação nos desenhos 218 Rugosímetro 219 Processo da determinação da rugosidade 222 14. Tolerância geométrica 224 A tolerância geométrica nas normas brasileiras e internacionais 226 Conceitos básicos para interpretação das normas 227 Como se classificam as tolerâncias geométricas 228 Símbolos indicativos das tolerâncias geométricas 229 Tolerâncias de forma 230 Tolerâncias de orientação 242 Tolerâncias de posição 258 Tolerância de batimento 268 Referências 277 1. Fundamentos de metrologia Breve histórico das medidas Terminologia e conceitos de metrologia Medida Erro de medição As principais fontes de erro na medição Princípios básicos de controle Critério de seleção do instrumento de medição Classificação dos instrumentos de medição Sistema Internacional de Unidades Breve histórico das medidas Como o ser humano fazia, cerca de 4.000 anos atrás, para medir comprimentos? As unidades de medição primitivas estavam baseadas em partes do corpo huma- no, que eram referências universais, pois ficava fácil chegar a uma medida que podia ser verificada por qualquer pessoa. Foi assim que surgiram medidas-pa- drão como a polegada, o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo. 12 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA Algumas dessas medidas-padrão continuam sendo empregadas até os dias atuais. Veja os seus correspondentes em centímetros: • 1 polegada = 2,54 cm; • 1 pé = 30,48 cm; • 1 jarda = 91,44 cm. O Antigo Testamento da Bíblia é um dos registros mais antigos da história da humanidade. E lá, no Gênesis, lê-se que o Criador mandou Noé construir uma arca com dimensões muito específicas, medidas em côvados. O côvado, medida-padrão da região onde morava Noé, é equivalente a três pal- mos (aproximadamente, 66 cm). METROLOGIA 13 Em geral, essas unidades eram baseadas nas medidas do corpo do rei, e tal pa- drão deveria ser respeitado por todas as pessoas que, naquele reino, fizessem as medições. Há cerca de4.000 anos, os egípcios usavam, como padrão de medida de compri- mento, o cúbito: distância do cotovelo à ponta do dedo médio. Cúbito é o nome de um dos ossos do antebraço. Como as pessoas têm tamanhos diferentes, o cúbito variava de uma pessoa para outra, ocasionando as maiores confusões nos resultados das medidas. Para se- rem úteis, era necessário que os padrões fossem iguais para todos. Diante desse problema, os egípcios resolveram criar um padrão único: no lugar do próprio corpo, eles passaram a usar, em suas medições, barras de pedra com o mesmo comprimento. Foi assim que surgiu o cúbito-padrão. Com o tempo, as barras passaram a ser construídas de madeira, para facilitar o transporte. Como a madeira logo se gastava, foram gravados comprimentos equivalentes a um cúbito-padrão nas paredes dos principais templos. Desse modo, cada um podia conferir periodicamente sua barra ou mesmo produzir outras, quando necessário. Nos séculos XV e XVI, as medidas mais usadas na Inglaterra para medir com- primentos eram a polegada, o pé, a jarda e a milha. Na França, no século XVII, ocorreu um avanço importante na questão de medi- das. A toesa, que era então utilizada como unidade de medida linear, foi padro- nizada em uma barra de ferro com dois pinos nas extremidades e, em seguida, foi chumbada na parede externa do Grand Chatelet, nas proximidades de Paris. 14 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA Dessa forma, assim como o cúbito-padrão, cada interessado poderia conferir seus próprios instrumentos. Uma toesa é equivalente a seis pés (aproximadamente, 182,9 cm). Essa medida, entretanto, também foi se desgastando com o tempo e teve que ser refeita. Surgiu, então, um movimento no sentido de estabelecer uma unidade natural, que pudesse ser encontrada na natureza e, assim, ser facilmente copiada, constituindo um padrão de medida. Além disso, ela deveria ter seus submúltiplos estabelecidos segundo o sistema decimal, que já havia sido inventado na Índia, quatro séculos antes de Cristo. Finalmente, um sistema com essas características foi apresentado por Talleyrand, na França, em um projeto que se transformou em lei naquele país, sendo aprovada em 8 de maio de 1790. Estabelecia-se, então, que a nova unidade deveria ser igual à décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Essa nova unidade passou a ser chamada de metro (o termo grego metron significa medir). METROLOGIA 15 Os astrônomos franceses Delambre e Mechain foram incumbidos de medir o me- ridiano. Utilizando a toesa como unidade, mediram a distância entre Dunkerque (França) e Montjuich (Espanha). Feitos os cálculos, chegou-se a uma distância que foi materializada em barra de platina de seção retangular de 4,05 mm × 25 mm. O comprimento dessa barra era equivalente ao comprimento da unidade-padrão metro, que assim foi definido: metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Foi esse metro, transformado em barra de platina, que passou a ser denominado metro dos arquivos. Com o desenvolvimento da ciência, verificou-se que uma medição mais precisa do meridiano fatalmente daria um metro um pouco diferente. Assim, a primei- ra definição foi substituída por uma segunda: metro é a distância entre os dois extremos da barra de platina depositada nos Arquivos da França e apoiada nos pontos de mínima flexão na temperatura de 0 ºC. Escolheu-se a temperatura de 0 ºC por ser, na época, a mais facilmente obtida com o gelo fundente. No século XIX, vários países já haviam adotado o sistema métrico. No Brasil, o sistema métrico foi implantado pela Lei Imperial nº 1157, de 26 de junho de 1862. Estabeleceu-se, então, o prazo de dez anos para que padrões antigos fossem inteiramente substituídos. Com exigências tecnológicas maiores, decorrentes do avanço científico, notou- --se que o metro dos arquivos apresentava certos inconvenientes. Por exemplo, o paralelismo das faces não era perfeito. O material, relativamente mole, poderia se desgastar, e a barra também não era suficientemente rígida. Em 1889, surgiu a terceira definição: metro é a distância entre os eixos de dois traços principais marcados na superfície neutra do padrão internacional depo- sitado no Bureau Internacional des Poids et Mésures (BIPM), na temperatura de 0 ºC, sob uma pressão atmosférica de 760 mmHg e apoiado sobre seus pontos de mínima flexão. Atualmente, a temperatura de referência para calibração é de 20 ºC. É nesta temperatura que o metro, utilizado em laboratório de metrologia, tem o mesmo comprimento do padrão que se encontra na França, na temperatura de 0 ºC. 16 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA Ocorreram, ainda, outras modificações. Atualmente, o padrão do metro em vigor no Brasil é recomendado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), baseado na velocidade da luz, de acordo com decisão da 17ª Conferência Geral dos Pesos e Medidas de 1983. O Inmetro, em sua resolução 3/84, assim definiu o metro: “metro é o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante o intervalo de tempo de do segundo”. É importante observar que todas essas definições estabeleceram com maior exa- tidão o valor da mesma unidade: o metro. Medidas inglesas A Inglaterra e todos os territórios dominados há séculos por ela utilizavam um sistema de medidas próprio, facilitando as transações comerciais ou outras atividades de sua sociedade. Acontece que esse sistema difere totalmente do sistema métrico que passou a ser o mais usado em todo o mundo. Em 1959, a jarda foi definida em função do metro, valendo 0,91440 m. As divisões da jarda (3 pés; cada pé com 12 polegadas) passaram, então, a ter seus valores expressos no sistema métrico: • 1 yd (uma jarda) = 0,91440 m; • 1 ft (um pé) = 304,8 mm; • 1 inch (uma polegada) = 25,4 mm. Padrões do metro no Brasil Em 1826, foram feitas 32 barras-padrão na França. Em 1889, determinou-se que a barra nº 6 seria o metro dos Arquivos e a de nº 26 foi destinada ao Brasil. Este metro-padrão encontra-se no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Terminologia e conceitos de metrologia Muitas vezes, uma área ocupacional apresenta problemas de compreensão devi- do à falta de clareza dos termos empregados e dos conceitos básicos. O Inmetro 1 299 792 458. . METROLOGIA 17 possui uma publicação conhecida como Vocabulário internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia (VIM) editada de acordo com a Portaria no 29, de 10 de março de 1995, que trata de muitos desses termos e conceitos buscando uma padronização para que o vocabulário técnico de Metrologia no Brasil seja o mesmo utilizado em todo o mundo. A seguir vamos conhecer alguns termos principais tomando como referência o VIM. VIM 2.1 – Medição Conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de uma grandeza. Do ponto de vista técnico, quando uma medição é realizada espera-se que ela seja: • exata, isto é, o mais próximo possível do valor verdadeiro; • repetitiva, com pouca ou nenhuma diferença entre medições efetuadas sob as mesmas condições; • reprodutiva, com pouca ou nenhuma diferença entre medições realizadas sob condições diferentes. VIM 2.2 – Metrologia É a ciência da medição. Abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza, em quaisquer campos da ciência ou tecnologia. VIM 2.6 – Mensurando Objeto da medição. Grandeza específica submetida à medição. VIM 3.5 – Exatidão de medição Grau de concordância entre o resultado de uma medição e um valor verdadeiro do mensurando. Exatidão é um conceito qualitativo. O termo “precisão” não deve ser usado como “exatidão”. 18 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA VIM 5.12 – Resolução Menor diferença entre indicações de um dispositivo mostrador que pode ser significativamente percebida. Medida Valor correspondente ao valor momentâneo da grandeza a medir no instante da leitura. A leitura é obtida pela aplicação dos parâmetros do sistema de medição à leiturae é expressa por um número acompanhado da unidade de grandeza a medir. Não existe medição 100% exata, isto é, isenta de dúvidas no seu resultado final. Na realidade, o que buscamos é conhecer a grande incerteza, identificando os erros existentes, corrigindo-os ou mantendo-os dentro de limites aceitáveis. Erro de medição Erro de medição é a diferença entre o resultado de uma medição e o valor ver- dadeiro convencional do objeto a ser medido. Podemos dividir os erros da medição em três grupos: aleatórios, sistemáticos e grosseiros. VIM 3.13 – Erro aleatório É resultado de uma medição menos a média que resultaria de um infinito número de medições do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de repetitividade. Acontecem em função de causas irregulares, imprevisíveis, e dificilmente podem ser eliminados. METROLOGIA 19 VIM 3.14 – Erro sistemático É a média que resultaria de um infinito número de medições do mesmo men- surando, efetuadas sob condições de repetitividade, menos o valor verdadeiro do mensurando. Pode ser eliminado na calibração, pois normalmente ocorrem em função de uma causa constante. Erro grosseiro Este erro não está definido no VIM, uma vez que ele ocorre devido a fatores ex- ternos e não aos instrumentos. Ele pode decorrer de leitura errônea, de operação indevida ou de dano no sistema de medição. Normalmente correspondem a um valor que deve ser desprezado quando iden- tificado e não deve ser tratado estatisticamente. As principais fontes de erro na medição Um erro pode decorrer de medição e do operador, sendo muitas as causas pos- síveis. O comportamento metrológico do sistema de medição é influenciado por perturbações externas e internas. Fatores externos podem provocar erros, alterando diretamente o comportamento do sistema de medição ou agindo diretamente sobre a grandeza a medir. O fator mais crítico, de modo geral, é a variação da temperatura ambiente. Essa variação provoca, por exemplo, dilatação das escalas dos instrumentos de medição de com- primento, do mesmo modo que age sobre a grandeza a medir, isto é, sobre o com- primento de uma peça que será medida. A variação de temperatura pode também ser causada por fator interno. Exemplo típico é o da não estabilidade dos sistemas elétricos de medição, em determinado tempo, após serem ligados. É necessário aguardar a estabilização térmica dos instrumentos/equipamentos para reduzir os efeitos da temperatura. Algumas das principais fontes de erros na medição são listadas a seguir. 20 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA Variação de temperatura A temperatura padrão de referência é de 20 °C para todos os países industriali- zados. Norma Mercosul (NM) International Organization for Standardization (ISO) 1/96 e NBR-06165 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Força de medição Os processos simples de medida envolvem o contato entre o instrumento e a peça, e a força de contato não deve causar deformações na peça ou no instrumento. Forma da peça Imperfeições na superfície, retitude, cilindricidade e planeza exigem posiciona- mento correto do instrumento de medição. Forma do contato Deve-se sempre buscar um contato entre a peça e o instrumento que gere uma linha ou um ponto. Erro de paralaxe Ocorre quando os traços de uma escala principal e uma secundária estiverem em planos diferentes. Estado de conservação do instrumento Folgas provocadas por desgaste em qualquer parte do instrumento poderão acarretar erros de consideração. Habilidade do operador Falta de prática ou desconhecimento do sistema de medição pode ser fonte im- portante de erros. METROLOGIA 21 Princípios básicos de controle O aumento sucessivo de produção e a melhoria da qualidade requerem desenvol- vimento e aperfeiçoamento contínuos da técnica de medição. Quanto maiores as exigências de qualidade e rendimento, maiores serão as necessidades de aparatos, instrumentos de medição e profissionais habilitados. Quando efetuamos uma medida qualquer, é preciso considerar três elementos fundamentais: o método, o instrumento de medição e o operador. Método A medição por comparação pode ser direta ou indireta. A medição direta é feita mediante instrumentos, aparelhos e máquinas de medir. É empregada na confecção de peças-protótipo, isto é, peças originais utilizadas como referência ou ainda em produção de pequena quantidade de peças. A medida indireta por comparação consiste em confrontar a peça que se quer medir com aquela de padrão ou dimensão aproximada. Assim, um eixo pode ser controlado por medida indireta utilizando-se um calibrador para eixos. Um calibrador para eixos, tipo boca fixa, possui duas bocas. O eixo a ser medido deve passar pela boca maior, ou seja, pelo lado passa, mas não pode passar pela boca menor (que é o lado não passa, pintado de vermelho). 22 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA Outro calibrador do tipo passa não passa é o tampão para furos, em que o lado não passa é o mais curto. Seu funcionamento é semelhante ao do calibrador fixo para eixos. O relógio comparador é um instrumento comum de medição por comparação. As diferenças nele percebidas pelo apalpador são amplificadas mecanicamente e vão movimentar o ponteiro rotativo dianteiro da escala. METROLOGIA 23 Instrumento de medição Para se ter uma medida precisa, é indispensável que o instrumento corresponda ao padrão adotado. É necessário, também, que ele possibilite executar a medida com a tolerância exigida. Em suma, a medição correta depende da qualidade do instrumento empregado. Operador É quem deve apreciar as medidas e executá-las com habilidade. Daí a sua impor- tância em relação ao método e ao instrumento. É mais provável que um operador habilidoso consiga melhores resultados com instrumentos limitados do que um operador inábil, com instrumentos excelentes. É necessário, portanto, que o operador conheça perfeitamente os instrumentos que utiliza, além de tomar a iniciativa de escolher o método de medição mais adequado e saber interpretar corretamente os resultados obtidos. Critério de seleção do instrumento de medição Antes de efetuarmos uma medição qualquer, devemos escolher um sistema de medição que, com suas características, seja compatível com o uso destinado a ele. Em geral, a escolha nem sempre segue uma regra, pois a instrução de um pro- cesso ou mesmo o conhecimento do operador pode determinar o instrumento adequado. De qualquer forma, podemos obedecer a dois critérios básicos: campo de tolerância da medida a ser verificada e o tipo de instrumento requerido. Campo de tolerância O instrumento ideal para cada caso deve ter uma leitura ou resolução de acor- do com medida a ser verificada e sua tolerância. Assim, recomenda-se que o instrumento possua uma leitura no mínimo igual à decima parte do campo de tolerância da peça ou, no pior dos casos, igual à quinta parte. 24 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA Portanto, a regra fica assim: Leitura ≤ Tol/10 (como ideal) Leitura ≤ Tol/5 (como mínimo) Se considerarmos como exemplo uma peça com tolerância de ± 0,25 mm (cam- po de tolerância igual a 0,50 mm), podemos concluir que um instrumento com leitura de 0,05 mm seria satisfatório, porém, outro com leitura de 0,10 mm ainda poderia ser utilizado. Este critério está fundamentado na existência de uma rela- ção direta entre um instrumento e sua resolução. O passo seguinte é a definição do tipo de instrumento requerido, levando em conta o tamanho da peça, sua forma, a pressão e a frequência com que a medição deve ser feita. Classificação dos instrumentos de medição O resultado de uma medição depende em grande parte do instrumento selecionado. O conhecimento de suas características e da classe de exatidão que lhe corres- ponde poderá contribuir para escolher o instrumento mais adequado. A figura a seguir ilustra os diversos graus de exatidão dos instrumentos de acordo com o seu tipo e capacidade. Classificação dos instrumentos de medição segundo sua aplicação, capacidade e exatidão. METROLOGIA 25À direita da figura, os instrumentos encontram-se agrupados de acordo com a sua aplicação no sentido vertical (medição externa, interna, profundidade, al- tura e outros). Eles estão divididos horizontalmente em faixas de forma que na parte superior se localizam os de menor exatidão e, nos níveis abaixo, aparecem, progressivamente, os de maior exatidão. À esquerda da figura apresenta-se um gráfico cartesiano cuja abscissa está re- presentada pela capacidade do instrumento, de 0 mm a 1.000 mm, e em sua ordenada a resolução do instrumento de 0 a mais de 50 μm. Assim, para cada faixa horizontal (numeradas de 1 a 6) corresponde uma faixa inclinada no gráfico cartesiano, de acordo com a capacidade do instrumento. Podemos concluir, por exemplo, que os instrumentos da faixa horizontal n° 1 e com capacidade de 250 mm definem uma incerteza de medição entre 12 μm e 30 μm e os de capacidade de 1.000 mm definem entre 30 μm e 60 μm. Pode-se fazer uma análise comparativa entre os diversos sistemas de medição, o que ajudará a entender melhor por que alguns instrumentos podem auxiliar na verificação de outros (ação que chamamos de calibração). Faixa Instrumentos 1 Paquímetros, traçadores, esquadros combinados. 2 Calibradores e instrumentos com relógios comparadores. 3 Micrômetros internos e externos em geral centesimais. 4 Micrômetros milesimais, microscópios, projetores, relógios apalpadores. 5 Banco micrométrico e aferidores em geral. 6 Padrões de altura, blocos-padrão. Sistema Internacional de Unidades O Sistema Internacional de Unidades (SI) é o fundamento da metrologia moder- na. Sua abreviatura, SI, vem do nome francês Système International d’Unités. O SI é usado internacionalmente por acordos legais mesmo em países com sistema próprio, como os Estados Unidos, onde o sistema internacional de medidas é o 26 FUNDAMENTOS DE METROLOGIA U.S. Customary System. Entretanto, unidades como polegada, pé, jarda, libra etc. são definidas em termos das unidades bases do SI (1 in = 0,0254 m etc.). O SI consiste em 28 unidades (7 unidades de base, 2 unidades derivadas adimensio- nais e 19 unidades derivadas). Apresentaremos a seguir apenas as unidades de base. Unidades de base No SI, apenas sete grandezas físicas independentes são definidas, as chamadas unidades de base. Todas as demais unidades são derivadas dessas sete. Embora o valor de cada grandeza seja sempre fixo, não é raro que a forma de definir uma grandeza sofra alteração. Quando ocorrem, essas alterações são motivadas por algum avanço tecnológico que cria melhores condições de reprodução do valor unitário dessa grandeza, isto é, praticidade e menor chance de erro. Grandeza Nome Símbolo Erro atual de reprodução Comprimento metro m 10–11 Massa quilograma kg 10–9 Tempo segundo s 3·10–14 Corrente elétrica ampère A 3·10–7 Temperatura termodinâmica kelvin K 1 K→3·10–3 Intensidade luminosa candela cd 10–4 Quantidade de matéria mol mol 6·10–7 Múltiplos e submúltiplos (Prefixos do SI) Todas as unidades podem ser estendidas sobre uma faixa de 48 ordens de gran- deza do seu valor base. Os multiplicadores são todos potências de 10. Os prefixos da tabela podem ser empregados por unidades que não pertencem ao SI. A seguir é apesentada a tabela de múltiplos e submúltiplos da unidade de base comprimento, que é o metro. METROLOGIA 27 Múltiplos e submúltiplos do metro Nome Símbolo Fator pelo qual a unidade é múltipla Exâmetro Em 1018= 1.000.000.000.000.000.000 m Peptâmetro Pm 1015= 1.000.000.000.000.000 m Terâmetro Tm 1012= 1.000.000.000.000 m Gigâmetro Gm 109= 1.000.000.000 m Megâmetro Mm 106= 1.000.000 m Quilômetro km 103= 1.000 m Hectômetro hm 102= 100 m Decâmetro dam 101= 10 m Metro m 1 = 1 m Decímetro dm 10–1= 0,1 m Centímetro cm 10–2= 0,01 m Milímetro mm 10–3= 0,001 m Micrômetro µm 10–6= 0,000 001 m Nanômetro nm 10–9= 0,000 000 001 m Picômetro pm 10–12= 0,000 000 000 001 m Fentômetro fm 10–15= 0,000 000 000 000 001 m Atômetro am 10–18= 0,000 000 000 000 000 001 m 2. Medidas e conversões O sistema inglês Representação gráfica Apesar de o metro ser usado como unidade de medida, outras unidades também são usadas. Na Mecânica, por exemplo, é comum usar a polegada. O sistema inglês ainda é muito utilizado na Inglaterra e nos Estados Unidos, assim como no Brasil, devido ao grande número de empresas procedentes desses países. Esse sistema, porém, está, aos poucos, sendo substituído pelo sistema métrico, embora ainda permaneça a necessidade de se converter o sistema inglês em sistema métrico, e vice-versa. O sistema inglês Esse sistema tem como padrão a jarda, que é um termo vindo da palavra inglesa yard, que significa vara, em referência ao uso de varas nas medições. Esse padrão foi criado por alfaiates ingleses. No século XII, em consequência da sua grande utilização, a jarda foi oficializada pelo rei Henrique I. Esse padrão teria sido definido como a distância entre a ponta do nariz do rei e a de seu polegar, com o braço esticado. A exemplo dos antigos bastões de um cúbito, foram construídas e distribuídas barras metálicas para facilitar as medições. Apesar da tentativa de uniformização da jarda na vida prática, não foi possível evitar que o padrão sofresse modificações. METROLOGIA 29 As relações existentes entre a jarda, o pé e a polegada também foram instituídas por leis, nas quais os reis da Inglaterra fixaram que: • 1 pé = 12 polegadas; • 1 jarda = 3 pés; • 1 milha terrestre = 1.760 jardas. Leitura de medida em polegada A polegada divide-se em frações ordinárias de denominadores iguais a: 2, 4, 8,16, 32, 64, 128... Temos, então, as seguintes divisões da polegada: 1 2 " (meia polegada) 1 4 " (um quarto de polegada) 1 8 " (um oitavo de polegada) 1 16 " (um dezesseis avos de polegada) 1 32 " (um trinta e dois avos de polegada) 1 64 " (um sessenta e quatro avos de polegada) 1 128 " (um cento e vinte e oito avos de polegada) 30 MEDIDAS E CONVERSÕES Os numeradores das frações devem ser números ímpares: Quando o numerador for par, deve-se proceder à simplificação da fração: 6 8 2 2 3 4 " : : " → Fração decimal A divisão da polegada em submúltiplos de em vez de facilitar, complica os cálculos. Por essa razão, criou-se a divisão decimal da polegada. Na prática, a polegada subdivide-se em milésimo e décimos de milésimo. Exemplos a. 1,003" = 1 polegada e 3 milésimos. b. 1,1247" = 1 polegada e 1.247 décimos de milésimos. c. 0,725" = 725 milésimos de polegada. Note que, no sistema inglês, o ponto indica separação de decimais. Nas medições em que se requer maior exatidão, utiliza-se a divisão de milionésimos de polegada, também chamada de micropolegada. Em inglês, micro inch. É representado por µinch. Exemplo 0,000 001" = 1 µinch Conversões Sempre que uma medida estiver em uma unidade diferente da dos equipamentos utilizados, deve-se convertê-la (ou seja, mudar a unidade de medida). Para converter polegada fracionária em milímetro, deve-se multiplicar o valor em polegada fracionária por 25,4. 1 2 3 4 5 8 15 16 " , " , " , " 8 64 8 8 1 8 " : : " → 1 2 1 4 1 128 " , " , ... " METROLOGIA 31 Exemplos a. 2" = 2 × 25,4 = 50,8 mm. b. A conversão de milímetro em polegada fracionária é feita dividindo-se o valor em milímetro por 25,4 e multiplicando-o por 128. O resultado deve ser escrito como numerador de uma fração cujo denominador é 128. Caso o numerador não dê um número inteiro, deve-se arredondá-lo para o número inteiro mais próximo. Exemplos a. Simplificando: 64 128 32 64 16 32 8 16 4 8 2 4 1 2 = = = = = = " b. Simplificando: 100 128 50 64 25 32 = = " Regra prática • Para converter milímetro em polegada ordinária, basta multiplicar o valor em milímetro por 5,04, mantendo-se 128 como denomina- dor. Arredondar, se necessário. Exemplos a. b. 3 8 3 25 4 8 76 2 8 9 525 " , , ,= × == mm. 12 7 12 7 25 4 128 128 0 5 128 128 64 128 , , , , "mm = ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟× = × = 19 8 19 8 25 4 128 128 99 77 128 100 1 , , , , . "mm Arredondando: = ⎛ ⎝⎜ ⎞ ⎠⎟ × = 228 . 12 7 5 04 128 64 008 128 64 128 , , , . "× = Arredondando: . Simplificando: 11 2 " . 19 8 5 04 128 99 792 128 100 128 , , , . "× = Arredondando: . Simplificando:: 25 32 " . 32 MEDIDAS E CONVERSÕES Observação • O valor 5,04 foi encontrado pela relação que arre- dondada é igual a 5,04. A polegada milesimal é convertida em polegada fracionária quando se multiplica a medida expressa em milésimo por uma das divisões da polegada, que passa a ser o denominador da polegada fracionária resultante. Exemplos a. Escolhendo a divisão 128 da polegada, usaremos esse número para: • Multiplicar a medida em polegada milesimal: ,125" x 128 = 16". • Figurar como denominador (e o resultado anterior como numerador): b. Converter ,750” em polegada fracionária: Para converter polegada fracionária em polegada milesimal, divide-se o numerador da fração pelo seu denominador. Exemplos a. 3 8 3 8 375 " , "= = b. 5 16 5 16 3125" , "= = Para converter polegada milesimal em milímetro, basta multiplicar o valor por 25,4. 128 25 4 5 03937 , ,= 16 128 8 64 1 8 = = " , " " "750 8 6 8 3 4 = = METROLOGIA 33 Exemplo Converter ,375" em milímetro: ,375" × 25,4 = 9,525 mm. Para converter milímetro em polegada milesimal, basta dividir o valor em milímetro por 25,4. Exemplos a. 5 08 5 08 25 5 200, , , , ".mm = b. 18 18 25 5 7086 709mm Arredondando: , , ". , ".= Representação gráfica A equivalência entre os diversos sistemas de medidas vistos anteriormente pode ser mais bem compreendida por meio de gráficos. Sistema inglês de polegada fracionária. 34 MEDIDAS E CONVERSÕES Sistema inglês de polegada milesimal. Sistema métrico. 3. Paquímetro Tipos e usos Princípio do nônio Cálculo de resolução Sistema métrico Sistema inglês Erros de leitura Forma de contato Técnica de utilização do paquímetro O paquímetro é um instrumento usado para medir as dimensões lineares inter- nas, externas, de profundidade e de ressaltos de uma peça. Compõe-se de uma régua graduada, com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. É largamente usado na indústria mecânica devido a sua grande versatilidade. Serão apresentados a seguir conceitos, tipos, uso e conservação desse instrumento. 36 PAQUÍMETRO 1. Orelha fixa 2. Orelha móvel 3. Nônio ou vernier (polegada) 4. Parafuso de trava 5. Cursor 6. Escala fixa de polegadas 7. Bico fixo 8. Encosto fixo 9. Encosto móvel 10. Bico móvel 11. Nônio ou vernier (milímetro) 12. Impulsor 13. Escala fixa de milímetros 14. Haste de profundidade O cursor ajusta-se à régua e permite sua livre movimentação com um mínimo de folga. Ele é dotado de uma escala auxiliar chamada nônio ou vernier. Essa escala permite a leitura de frações da menor divisão da escala fixa. O paquímetro é usado quando a quantidade de peças que se quer medir é pequena. Os instrumentos mais utilizados apresentam uma resolução de: 0,05 mm; 0,02 mm; 1 128 " ou ,001". As superfícies do paquímetro são planas e polidas, e o instrumento geralmente é feito de aço inoxidável. Suas graduações são calibradas a 20 ºC. METROLOGIA 37 Tipos e usos Paquímetro universal É utilizado em medições internas, externas, de profundidade e de ressaltos. Tra- ta-se do tipo mais usado. Paquímetro universal com relógio O relógio acoplado ao cursor facilita a leitura, agilizando a medição. Paquímetro com bico móvel (basculante) Empregado para medir peças cônicas ou peças com rebaixos de diâmetros diferentes. 38 PAQUÍMETRO Paquímetro de profundidade Serve para medir a profundidade de furos não vazados, rasgos, rebaixos etc. Esse tipo de paquímetro pode apresentar haste simples ou haste com gancho. Veja a seguir os dois tipos de paquímetro de profundidade. Haste simples. Haste com gancho. Paquímetro duplo Serve para medir dentes de engrenagens. METROLOGIA 39 Paquímetro digital Utilizado para leitura rápida, livre de erro de paralaxe e ideal para controle estatístico. Princípio do nônio A escala do cursor é chamada de nônio ou vernier, em homenagem ao português Pedro Nunes e ao francês Pierre Vernier, considerados seus inventores. O nônio possui uma divisão a mais que a unidade usada na escala fixa. 40 PAQUÍMETRO No sistema métrico, existem paquímetros em que o nônio possui dez divisões equivalentes a nove milímetros (9 mm). Há, portanto, uma diferença de 0,1 mm entre o primeiro traço da escala fixa e o primeiro traço da escala móvel. Essa diferença é de 0,2 mm entre o segundo traço de cada escala, de 0,3 m entre o terceiro traço, e assim por diante. METROLOGIA 41 Cálculo de resolução As diferenças entre a escala fixa e a escala móvel de um paquímetro podem ser calculadas pela sua resolução. A resolução é a menor medida que o instrumento oferece. Ela é calculada utili- zando-se a seguinte fórmula: Resolução = UEF NDN Onde: UEF = unidade da escala fixa; NDN = número de divisões do nônio. Exemplos a. Nônio com 10 divisões: Resolução = 1 10 0 1 mm divisoes mm � = , b. Nônio com 20 divisões: Resolução = 1 mm 20 divisoes = 0,05 mm � c. Nônio com 50 divisões: Resolução = 1 mm 50 divisoes = 0,02 mm � Sistema métrico Leitura no sistema métrico Na escala fixa ou principal do paquímetro, a leitura feita antes do zero do nônio corresponde à leitura em milímetro. 42 PAQUÍMETRO Em seguida, deve-se contar os traços do nônio até o ponto em que um deles coincidir com um traço da escala fixa. Depois, soma-se o número que leu na escala fixa ao número que leu no nônio. Para que fique claro o processo de leitura no paquímetro, são apresentados, a seguir, exemplos de leitura. • Escala em milímetro e nônio com 10 divisões: Resolução: UEF NDN = 1 mm 10 div. = 0,1mm Leitura 1,0 mm → escala fixa 0,3 mm → nônio (traço coincidente: 3º) 1,3 mm → total (leitura final) Leitura 103,0 mm → escala fixa 0,5 mm → nônio (traço coincidente: 5o) 103,5 mm → total (leitura final) • Escala em milímetro e nônio com 20 divisões: Resolução = 1 mm 20 div. = 0,05 mm Leitura 73,00 mm → escala fixa 0,65 mm → nônio 73,65 mm → total METROLOGIA 43 • Escala em milímetro e nônio com 50 divisões: Resolução = 1 mm 50 div. = 0,02 mm Leitura 68,00 mm → escala fixa 0,32 mm → nônio 68,32 mm → total Sistema inglês Depois de aprender a leitura de paquímetros no sistema métrico, é necessário aprender a ler no sistema inglês. Leitura de polegada milesimal No paquímetro em que se adota o sistema inglês, cada polegada da escala fixa di- vide-se em 40 partes iguais. Cada divisão corresponde a: 1 40 " (que é igual a 0,025"). Como o nônio tem 25 divisões, a resolução desse paquímetro é: R UEF NDN R 0,025" 25 = = = 0 001, " O procedimento para a leitura é o mesmo utilizado para a escala em milímetro. Contam-se as unidades ,025" que estão à esquerda do zero (0) do nônio e, a se- guir, somam-se os milésimos de polegada indicados pelo ponto em que um dos traços do nônio coincide com o traço da escala fixa. 44 PAQUÍMETRO Leitura ,050" → escala fixa + ,014" → nônio ,064" → total Leitura 1,700" → escala fixa + ,021" → nônio 1,721" → total Leitura de polegada fracionária No sistema inglês, a escala fixa do paquímetro é graduada em polegada e frações de polegada. Esses valores fracionários da polegada são complementados com o uso do nônio. Para utilizar o nônio, é necessário saber calcular sua resolução: Resolução = UEF NDN R== ÷ = × = 1 16 8 1 16 8 1 16 1 8 1 128 " Assim, cada divisão do nônio vale 1 128 " . Duas divisões corresponderão a 2 128 1 64 " "ou , e assim por diante. METROLOGIA 45 A partir daí, vale a explicação dada no item anterior: adicionar à leitura da escala fixa a do nônio. Exemplo Na figura a seguir, podemos ler 3 4 " na escala fixa e 3 128 " no nônio. A medida total equivale à soma dessas duas leituras. Escala fixa→ 3 3 16 " ; nônio → 5 128 " 46 PAQUÍMETRO Portanto: 1 3 16 5 128 1 24 128 5 128 + + ⇒ + Total: 1 29 128 " Escala fixa → 1 16 " ; nônio → 6 128 " Portanto: 1 16 6 128 8 128 6 128 14 128 + ⇒ + = Total: 7 64 " Observação • As frações sempre devem ser simplificadas. Você deve ter percebido que medir em polegada fracionária exige operações mentais. Para facilitar a leitura desse tipo de medida, recomendamos os seguintes procedimentos: 1. Verifique se o zero (0) do nônio coincide com um dos traços da escala fixa. Se coincidir, faça a leitura somente na escala fixa. Leitura = 7 1 4 " 2. Quando o zero (0) do nônio não coincidir, verifique qual dos traços do nônio está nessa situação e faça a leitura do nônio. METROLOGIA 47 3. Verifique na escala fixa quantas divisões existem antes do zero (0) do nônio. 4. Sabendo que cada divisão da escala fixa equivale a 1 16 2 32 4 64 8 128 = = = e com base na leitura do nônio, escolhemos uma fração da escala fixa de mesmo denominador. Exemplos Leitura do nônio 3 64 " ; fração escolhida da escala fixa 4 64 " . Leitura do nônio 7 128 " ; fração escolhida da escala fixa 8 128 " . 5. Multiplique o número de divisões da escala fixa (item 3) pelo numerador da fração escolhida (item 4). Some com a fração do nônio (item 2) e faça a leitura final. Exemplos de leitura utilizando os passos a. 2. → 3 64 " 3. → 1 divisão 4. → 3 64 " ; fração escolhida → 4 64 " 48 PAQUÍMETRO 5. → 1 4 64 3 64 7 64 × + = " " Leitura final: 7 64 " b. 2. → 3 128 " 3. → 2" + 8 divisões 4. → 3 128 " ; fração escolhida 8 128 " 5. → 2 8 8 128 3 128 2 67 128 " " " + × + = Leitura final: 2 67 128 " Colocação de medida no paquímetro em polegada fracionária Para abrir um paquímetro em uma medida dada em polegada fracionária, devemos: 1. Verificar se a fração tem denominador 128. Se não tiver, deve-se substituí-la pela sua equivalente, com denominador 128. METROLOGIA 49 Exemplo 9 64 " não tem denominador 128. 9 64 18 128 " " → é uma fração equivalente, com denominador 128. Observação • O numerador é dividido por 8, pois 8 é o número de divisões do nônio. 2. Dividir o numerador por 8. Utilizando o exemplo anterior: 18 8 2 2 resto quociente 3. O quociente indica a medida na escala fixa; o resto mostra o número do traço do nônio que coincide com um traço da escala fixa. Exemplo Abrir o paquímetro na medida 25 128 " . A fração já está com denominador 128. 50 PAQUÍMETRO 25 8 1 3 resto quociente O paquímetro deverá indicar o 3o traço da escala fixa e apresentar o 1o traço do nônio coincidindo com um traço da escala fixa. Conservação • Manejar o paquímetro sempre com cuidado, evitando choques. • Não deixar o paquímetro em contato com outras ferramentas, o que pode lhe causar danos. • Evitar arranhaduras ou entalhes, pois isso prejudica a graduação. • Ao realizar a medição, não pressionar o cursor além do necessário. • Limpar e guardar o paquímetro em local apropriado, após sua utilização. Erros de leitura Além da falta de habilidade do operador, outros fatores podem provocar erros de leitura no paquímetro, como a paralaxe e a pressão de medição. Paralaxe Dependendo do ângulo de visão do operador, pode ocorrer o erro por paralaxe, pois devido a esse ângulo, aparentemente há coincidência entre um traço da escala fixa com outro da móvel. METROLOGIA 51 O cursor onde é gravado o nônio, por razões técnicas de construção, normal- mente tem espessura mínima (a) e é posicionado sobre a escala principal. Assim, os traços do nônio (TN) são mais elevados do que os traços da escala fixa (TM). Colocando o instrumento em posição não perpendicular à vista e estando so- brepostos os traços TN e TM, cada um dos olhos projeta o traço TN em posição oposta, o que ocasiona um erro de leitura. Para não cometer o erro de paralaxe, é aconselhável que se faça a leitura situando o paquímetro em uma posição perpendicular aos olhos. 52 PAQUÍMETRO Pressão de medição O erro de pressão de medição origina-se no jogo do cursor, controlado por uma mola. Pode ocorrer uma inclinação do cursor em relação à régua, o que altera a medida. Para se deslocar com facilidade sobre a régua, o cursor deve estar bem regulado: nem muito preso, nem muito solto. O operador deve, portanto, regular a mola, adaptando o instrumento à sua mão. Caso exista uma folga anormal, os parafusos de regulagem devem ser ajustados, girando-os até encostar no fundo e, em se- guida, retornando 1/8 de volta, aproximadamente. Após esse ajuste, o movimen- to do cursor deve ser suave, porém sem folga. Forma de contato As recomendações seguintes referem-se à utilização do paquímetro para deter- minar medidas: METROLOGIA 53 • externas; • internas; • de profundidade; • de ressaltos. Medidas externas Nas medidas externas, a peça a ser medida deve ser colocada o mais profunda- mente possível entre os bicos de medição para evitar qualquer desgaste na pon- ta dos bicos. Para maior segurança nas medições, as superfícies de medição dos bicos e da peça devem estar bem apoiadas. Medidas internas Nas medidas internas, as orelhas precisam ser colocadas o mais profundamente possível. O paquímetro deve estar sempre paralelo à peça que está sendo medida. 54 PAQUÍMETRO Para maior segurança nas medições de diâmetros internos, as superfícies de medição das orelhas devem coincidir com a linha de centro do furo. Toma-se, então, a máxima leitura para diâmetros internos e a mínima leitura para faces planas internas. Medidas de profundidade No caso de medidas de profundidade, apoia-se o paquímetro corretamente sobre a peça, evitando que ele fique inclinado. Medidas de ressaltos Nas medidas de ressaltos, coloca-se a parte do paquímetro apropriada para res- saltos perpendicularmente à superfície de referência da peça. METROLOGIA 55 Não se deve usar a haste de profundidade para esse tipo de medição, pois ela não permite um apoio firme. Técnica de utilização do paquímetro Para ser usado corretamente, o paquímetro precisa: • ter seus encostos limpos; • que a peça a ser medida esteja posicionada corretamente entre os encostos. É importante abrir o paquímetro com uma distância maior que a dimensão do objeto a ser medido. O centro do encosto fixo deve ser encostado em uma das extremidades da peça. Convém que o paquímetro seja fechado suavemente até que o encosto móvel toque a outra extremidade. 56 PAQUÍMETRO Feita a leitura da medida, o paquímetro deve ser aberto e a peça retirada, sem que os encostos a toquem. Em resumo, destacamos os seguintes erros de leitura: • paralaxe; • pressão de medição; • forma de contato; • habilidade do operador; • conservação do instrumento, entre outros. 4. Micrômetro Origem e função do micrômetro Princípio de funcionamento Nomenclatura Tipos e usos Aplicação Sistema métrico Sistema inglês Leitura no sistema inglês Micrômetro com resolução de ,0001’’ Calibração (regulagem da bainha) Micrômetro interno O micrômetro é um instrumento que permite medição com grande exatidão. Possui uma variedade de modelos cujas principais características serão apre- sentadas a seguir. Origem e função do micrômetro Jean Louis Palmer apresentou, pela primeira vez, um micrômetro para requerer sua patente. O instrumento permitia a leitura de centésimos de milímetro de maneira simples. Com o decorrer do tempo, o micrômetro foi aperfeiçoado e possibilitou medi- ções mais rigorosas e exatas que o paquímetro. 58 MICRÔMETRO De modo geral, o instrumento é conhecido como micrômetro. Na França, entre- tanto, em homenagem ao seu inventor, o micrômetro é denominado palmer. Micrômetro de Palmer (1848). Princípio de funcionamento O princípio de funcionamento do micrômetro assemelha-se ao do sistema para- fuso e porca. Assim, há uma porca fixa e um parafuso móvel que, se der uma volta completa, provocará um deslocamento igual ao seu passo. Dividindo-se a “cabeça” do parafuso, pode-seavaliar frações menores que uma volta e, com isso, medir comprimentos menores do que o passo do parafuso. METROLOGIA 59 Nomenclatura Vamos ver os principais componentes de um micrômetro: • o arco é constituído de aço especial ou fundido, tratado termicamente para eliminar as tensões internas; • o isolante térmico, fixado ao arco, evita sua dilatação pois isola a transmissão de calor das mãos para o instrumento; • o fuso micrométrico é construído de aço especial temperado e retificado para garantir exatidão do passo da rosca; • as faces de medição tocam a peça a ser medida e, para isso, apresentam-se rigorosamente planas e paralelas. Em alguns instrumentos, os contatos são de metal duro, de alta resistência ao desgaste; • a porca de ajuste permite o ajuste da folga do fuso micrométrico quando necessário; • o tambor é onde se localiza a escala centesimal. Ele gira ligado ao fuso mi- crométrico, portanto, a cada volta seu deslocamento é igual ao passo do fuso micrométrico; • a catraca ou fricção assegura uma pressão de medição constante; • a trava permite imobilizar o fuso em uma medida predeterminada. Componentes de um micrômetro. 60 MICRÔMETRO Tipos e usos Os micrômetros caracterizam-se pela: • Capacidade – A capacidade de medição dos micrômetros normalmente é de 25 mm (ou 1"), variando o tamanho do arco de 25 mm em 25 mm (ou 1" em 1"). Podem chegar a 2.000 mm (ou 80"). • Resolução – A resolução nos micrômetros pode ser de 0,01 mm, 0,001 mm, 0,001" ou 0,0001". No micrômetro, de 0 mm a 25 mm ou de 0 a 1", quando as faces dos contatos estão juntas, a borda do tambor coincide com o traço zero (0) da bainha. A linha longitudinal, gravada na bainha, coincide com o zero (0) da escala do tambor. Aplicação Para diferentes aplicações, temos os seguintes tipos de micrômetro. De profundidade Conforme a profundidade a ser medida, utilizam-se hastes de extensão, que são fornecidas com o micrômetro. METROLOGIA 61 Com arco profundo Serve para medições de espessuras de bordas ou de partes salientes das peças. Com disco nas hastes O disco aumenta a área de contato possibilitando a medição de papel, cartolina, couro, borracha, pano etc. Também é empregado para medir dentes de engrenagens. Para medição de roscas Especialmente construído para medir roscas triangulares, este micrômetro pos- sui as hastes furadas para que se possa encaixar as pontas intercambiáveis, con- forme o passo para o tipo da rosca a ser medida. 62 MICRÔMETRO Com contato em forma de V É especialmente construído para medição de ferramentas de corte que possuem número ímpar de cortes (fresas de topo, macho, alargadores etc.). Os ângulos em V dos micrômetros para medição de ferramentas de 3 cortes é de 60º; 5 cortes, 108º; e 7 cortes, 128º34’17”. 3 cortes, 60°. 5 cortes, 108°. Para medir parede de tubos Este micrômetro é dotado de arco especial e possui o contato a 90º com a haste móvel, o que permite a introdução do contato fixo no furo do tubo. METROLOGIA 63 Contador mecânico É para uso comum, porém, sua leitura pode ser efetuada no tambor ou no con- tador mecânico. Facilita a leitura independentemente da posição de observação (erro de paralaxe). Digital eletrônico Ideal para leitura rápida, livre de erros de paralaxe, próprio para uso em contro- le estatístico de processos com microprocessadores. Sistema métrico Micrômetro com resolução de 0,01 mm Vejamos como se faz o cálculo de leitura em um micrômetro. A cada volta do tambor, o fuso micrométrico avança uma distância chamada passo. 64 MICRÔMETRO A resolução de uma medida tomada em um micrômetro corresponde ao menor deslocamento do seu fuso. Para obter a medida, divide-se o passo pelo número de divisões do tambor. Resolução = passo da rosca do fuso micrométrico número de divisões do tambor Se o passo da rosca é de 0,5 mm e o tambor tem 50 divisões, a resolução será: 0,5 mm 50 = 0,01 mm Assim, girando o tambor, cada divisão provocará um deslocamento de 0,01 mm no fuso. Leitura no micrômetro com resolução de 0,01 mm 1. Leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha. 2. Leitura dos meios milímetros, também na escala da bainha. 3. Leitura dos centésimos de milímetro na escala do tambor. METROLOGIA 65 Exemplos Micrômetro com resolução de 0,001 mm Quando no micrômetro houver nônio, ele indica o valor a ser acrescentado à leitura obtida na bainha e no tambor. A medida indicada pelo nônio é igual à leitura do tambor, dividida pelo número de divisões do nônio. Se o nônio tiver dez divisões marcadas na bainha, sua resolução será: R = 0,01 10 = 0,001 mm Leitura no micrômetro com resolução de 0,001 mm 1. Leitura dos milímetros inteiros na escala da bainha. 2. Leitura dos meios milímetros na mesma escala. 3. Leitura dos centésimos na escala do tambor. 4. Leitura dos milésimos com o auxílio do nônio da bainha, verificando qual dos traços do nônio coincide com o traço do tambor. 66 MICRÔMETRO Leituras no micrômetro com resolução de 0,001 mm. Sistema inglês Embora o sistema métrico seja oficial no Brasil, muitas empresas trabalham com o sistema inglês. É por isso que existem instrumentos de medição nesse sistema, inclusive micrômetros, cujo uso depende de conhecimentos específicos. Leitura no sistema inglês No sistema inglês, o micrômetro apresenta as seguintes características: • na bainha está gravado o comprimento de uma polegada, dividido em 40 partes iguais. Desse modo, cada divisão equivale a 1" : 40 = 0,025"; • tambor do micrômetro, com resolução de ,001", possui 25 divisões. METROLOGIA 67 Para medir com o micrômetro de resolução 0,001”, lê-se primeiro a indicação da bainha. Depois, soma-se essa medida ao ponto de leitura do tambor que coincide com o traço de referência da bainha. Exemplo Leitura bainha → ,675" + tambor → ,019" leitura → ,694" 68 MICRÔMETRO Micrômetro com resolução de ,0001’’ Para a leitura no micrômetro de ,0001", além das graduações normais que exis- tem na bainha (25 divisões), há um nônio com dez divisões. O tambor divide-se, então, em 250 partes iguais. A leitura do micrômetro é: Sem o nônio → resolução = passo da rosca número de divisoes do tambor� = =0 025 25 0 001, " , "" Com o nônio → resolução = número de divisões do nônio = = 0,001" 10 0,0001" resolução do tambor Para medir, basta adicionar as leituras da bainha, do tambor e do nônio. Exemplo 0,0004" Leitura bainha → ,375" + tambor → ,005" + nônio → ,0004" leitura total → ,3804" Calibração (regulagem da bainha) Antes de iniciar a medição de uma peça, devemos calibrar o instrumento de acordo com a sua capacidade. Para os micrômetros cuja capacidade é de 0 mm a 25 mm, ou de 0" a 1", preci- samos tomar os seguintes cuidados: • limpe cuidadosamente as partes móveis, eliminando poeiras e sujeiras, com pano macio e limpo; • antes do uso, limpe as faces de medição; • use somente uma folha de papel macio; METROLOGIA 69 • encoste suavemente as faces de medição usando apenas a catraca; • em seguida, verifique a coincidência das linhas de referência da bainha com o zero do tambor. Se estas não coincidirem, faça o ajuste movimentando a bainha com a chave de micrômetro, que normalmente acompanha o instrumento. Para calibrar micrômetros de maior capacidade, ou seja, de 25 mm a 50 mm, de 50 mm a 75 mm etc. ou de 1" a 2", de 2" a 3" etc., deve-se ter o mesmo cuidado e utilizar os mesmos procedimentos para os micrômetros citados anteriormente, porém, com a utilização de barra-padrão para calibração. Conservação • Limpar o micrômetro, secando-o com um pano limpo e macio (flanela). • Untar o micrômetro com vaselina líquida, utilizando um pincel. • Guardar o micrômetro em armário ou estojo apropriado para não deixá-lo exposto à sujeira e à umidade. • Evitar contatos e quedas que possam riscar ou danificar o micrômetro e sua escala. Micrômetro interno É um micrômetro de alta exatidão, destinado exclusivamente para medições de dimensões internas, comofuros cilíndricos, furos quadrados ou retangulares, rasgos e canais etc. 70 MICRÔMETRO Tipos de micrômetro interno Para medição de partes internas empregam-se dois tipos de micrômetros: mi- crômetro interno de três contatos, micrômetro interno de dois contatos (tubular e tipo paquímetro). Micrômetro interno de três contatos Este tipo de micrômetro é usado exclusivamente para realizar medidas em super- fícies cilíndricas internas, permitindo leitura rápida e direta. Apresenta grande robustez, sendo fabricado de aço inoxidável. Sua característica principal é a de ser autocentrante, devido à forma e à disposição de suas pontas de contato, que for- mam, entre si, um ângulo de 120º. Micrômetro interno de três contatos com pontas intercambiáveis Esse micrômetro é apropriado para medir furos roscados, canais e furos sem saída, pois suas pontas de contato podem ser trocadas de acordo com a peça que será medida. Observe a ilustração a seguir. METROLOGIA 71 Para obter a resolução, basta dividir o passo do fuso micrométrico pelo número de divisões do tambor. Resolução = passo do fuso micrométrico número de divisões do tambor = 0,5 1100 = 0,005 mm Sua leitura é feita no sentido contrário à do micrômetro externo. A leitura em micrômetros internos de três contatos é realizada da seguinte maneira: • O tambor encobre a divisão da bainha correspondente a 36,5 mm. • A esse valor deve-se somar aquele fornecido pelo tambor: 0,240 mm. • O valor total da medida será, portanto, 36,740 mm. Precaução • Devem-se respeitar, rigorosamente, os limites mínimo e máximo da capaci- dade de medição, para evitar danos irreparáveis ao instrumento. Micrômetro interno de dois contatos Os micrômetros internos de dois contatos são o tubular e o tipo paquímetro. Micrômetro interno tubular O micrômetro tubular é empregado para medições internas acima de 30 mm. Devido ao uso em grande escala do micrômetro interno de três contatos pela sua versatilidade, o micrômetro tubular atende quase somente a casos especiais, principalmente os de grandes dimensões. 72 MICRÔMETRO O micrômetro tubular utiliza hastes de extensão com dimensões de 25 mm a 2.000 mm. As hastes podem ser acopladas umas às outras. Nesse caso, há uma variação de 25 mm em relação a cada haste acoplada. As figuras a seguir ilustram o posicionamento para a medição. Micrômetro tipo paquímetro Esse micrômetro serve para medidas acima de 5 mm e, a partir daí, varia de 25 mm em 25 mm. A leitura em micrômetro tubular e micrômetro tipo paquímetro é igual à leitura em micrômetro externo. METROLOGIA 73 Observação • A calibração dos micrômetros internos tipo paquímetro e tubular é feita por meio de anéis de referência, dispositivos com blocos- -padrão ou com micrômetro externo. Os micrômetros internos de três contatos são calibrados com anéis de referência. 5. Bloco-padrão Bloco-padrão protetor Classificação Erros admissíveis Técnica de empilhamento Blocos e acessórios Os blocos-padrão são peças utilizadas como padrão de referência na indústria moderna, desde o laboratório até a oficina, para auxiliar os dispositivos de me- dição, as traçagens de peças e as próprias máquinas operatrizes. Para realizar qualquer medida, é necessário estabelecer previamente um padrão de referência. Ao longo do tempo, diversos padrões foram adotados (o pé, o braço etc.) até se chegar ao sistema métrico. Em 1898, C. E. Johanson solicitou a patente de blocos-padrão: peças em forma de pequenos paralelepípedos, padronizadas nas dimensões de 30 mm ou 35 mm × 9 mm, variando de espessura a partir de 0,5 mm. Atualmente, são encontrados nas indústrias blocos-padrão em milímetro e em polegada. METROLOGIA 75 Existem jogos de blocos-padrão com diferentes quantidades de peças. Não de- vemos, porém, adotá-los apenas por sua quantidade de peças, mas pela variação de valores existentes em seus blocos fracionários. As dimensões dos blocos-padrão são extremamente exatas, mas o uso constante pode interferir nessa exatidão. Por isso, são usados os blocos protetores, mais resistentes, com a finalidade de impedir que os blocos-padrão entrem em contato direto com instrumentos ou ferramentas. Bloco-padrão protetor A fabricação dos protetores obedece às mesmas normas utilizadas na constru- ção dos blocos-padrão normais, entretanto, emprega-se material que permite a obtenção de maior dureza. Em geral são fornecidos em jogos de dois blocos, e suas espessuras normalmente são de 1 mm, 2 mm ou 2,5 mm, podendo variar em situações especiais. Os blocos protetores têm como finalidade proteger os blocos-padrão no momen- to de sua utilização. 76 BLOCO-PADRÃO Exemplo Composição de um jogo de blocos-padrão, contendo 114 peças, já incluídos dois blocos protetores: • 2 blocos-padrão protetores de 2,00 mm de espessura; • 1 bloco-padrão de 1,0005 mm; • 9 blocos-padrão de 1,001 mm, 1,002 mm, 1,003 mm... 1,009 mm; • 49 blocos-padrão de 1,01 mm, 1,02 mm, 1,03 mm... 1,49 mm; • 49 blocos-padrão de 0,50 mm, 1,00 mm, 1,50 mm, 2,00 mm... 24,5 mm; • 4 blocos-padrão de 25 mm, 50 mm, 75 mm e 100 mm. Classificação De acordo com o trabalho, os blocos-padrão são encontrados em quatro classes. DIN/ISO/ JIS BS FS Aplicação 00 00 1 Para aplicação científica ou calibração de blocos-padrão. 0 0 2 Calibração de blocos-padrão destinados à operação de inspeção e à calibração de instrumentos. 1 Ι 3 Para inspeção e ajuste de instrumentos de medição nas áreas de inspeção. 2 ΙΙ B Para uso em oficinas e ferramentas. Normas: Deutsches Institut für Normung (DIN) 861 Federal Standard FS GCG-G-15C British Standard BS 4311 ISO 3650 Japanese Industrial Standards (JIS) B-7506 Nota O bloco-padrão é encontrado, também, em uma classe denominada K, que é classificada entre as classes 00 e 0, porque apresenta as características de desvio dimensional dos blocos-padrão classe 0, porém, com desvio de paralelismo das faces similar aos blocos-padrão da classe 00. É normalmente utilizado para a calibração de blocos-padrão nos laboratórios de referência devido ao custo reduzido em relação ao bloco de classe 00. METROLOGIA 77 Os materiais mais utilizados para a fabricação dos blocos-padrão são: • aço; • metal duro; • cerâmica. Aço Atualmente é o mais utilizado nas indústrias. O aço é tratado termicamente para garantir a estabilidade dimensional, além de assegurar dureza acima de 800 HV. Metal duro São blocos geralmente fabricados em carboneto de tungstênio. Atualmente, este tipo de bloco-padrão é mais utilizado como bloco protetor. A dureza deste tipo de bloco-padrão está acima de 1.500 HV. Cerâmica O material básico utilizado é o zircônio. A utilização desse material ainda é recente, e suas principais vantagens são a excepcional estabilidade dimensional e a resistência à corrosão. A dureza obtida nos blocos-padrão de cerâmica está acima de 1.400 HV. Erros admissíveis As normas internacionais estabelecem os erros dimensionais e de planeza nas superfícies dos blocos-padrão. Apresentamos a seguir uma tabela com os erros permissíveis para os blocos-pa- drão (normas DIN/ISO/JIS), e orientação de como determinar o erro permissível do bloco-padrão, conforme sua dimensão e sua classe. 78 BLOCO-PADRÃO Dimensão Exatidão a 20 °C (µm) (mm) Classe 00 Classe 0 Classe 1 Classe 2 até 10 ±0,06 ±0,12 ±0,20 ±0,45 10 – 25 ±0,07 ±0,14 ±0,30 ±0,60 25 – 50 ±0,10 ±0,20 ±0,40 ±0,80 50 – 75 ±0,12 ±0,25 ±0,50 ±1,00 75 – 100 ±0,14 ±0,30 ±0,60 ±1,20 100 – 150 ±0,20 ±0,40 ±0,80 ±1,60 150 – 200 ±0,25 ±0,50 ±1,00 ±2,00 200 – 250 ±0,30 ±0,60 ±1,20 ±2,40 250 – 300 ±0,35 ±0,70 ±1,40 ±2,80 300 – 400 ±0,45 ±0,90 ±1,80 ±3,60 400 – 500 ±0,50 ±1,10 ±2,20 ±4,40 500 – 600 ±0,60 ±1,30 ±2,60 ±5,00 600 – 700 ±0,70 ±1,50 ±3,00 ±6,00 700 – 800 ±0,80 ±1,70 ±3,40 ±6,50 800 – 900 ±0,90 ±1,90 ±3,80 ±7,50 900 – 1000 ±1,00 ±2,00 ±4,20 ±8,00 Fonte: DIN/ISO/JIS Exemplo Para saber a tolerância de um bloco-padrão de 30 mm na classe 0 (DIN), basta descer a coluna Dimensão, localizar a faixa emque se situa o bloco-padrão (no caso, 30 mm), e seguir horizontalmente a linha até encontrar a coluna correspondente à classe desejada (classe 0). Dimensão Classe 00 Classe 0 Classe 1 Classe 2 até 10 mm ↓ 10 a 25 mm ↓ 25 a 50 mm→ → → ± 0,20 50 a 75 mm No caso do exemplo, um bloco-padrão de 30 mm na classe 0 pode apresentar desvio de até ± 0,20 µm. METROLOGIA 79 Técnica de empilhamento Os blocos deverão ser, inicialmente, limpos com algodão embebido em benzina ou em algum tipo de solvente. Depois, retira-se toda impureza e umidade, com um pedaço de camurça, papel ou algo similar, que não solte fiapos. Os blocos devem ser colocados de forma cruzada, um sobre o outro. Isso deve ser feito de modo que as superfícies fiquem em contato. Em seguida, devem ser girados lentamente, exercendo-se uma pressão modera- da até que suas faces fiquem alinhadas e haja perfeita aderência, de modo que expulse a lâmina de ar que as separa. A aderência assim obtida parece ser con- sequência do fenômeno físico conhecido como atração molecular (com valor de aproximadamente 500 N/cm2), que produz a aderência de dois corpos metálicos que tenham superfície de contato finamente polidas. Para a montagem dos demais blocos, deve-se proceder da mesma forma, até atingir a medida desejada. Em geral, são feitas duas montagens para estabelecer 80 BLOCO-PADRÃO os limites máximo e mínimo da dimensão que se deseja calibrar, ou de acordo com a qualidade prevista para o trabalho (IT). Exemplo Os blocos-padrão podem ser usados para verificar um rasgo em forma de rabo de andorinha com roletes, no valor de 12,573 + 0,005. Devemos fazer duas montagens de blocos-padrão, uma na dimensão mínima de 12,573 mm e outra na dimensão máxima de 12,578 mm. Faz-se a combinação por blocos de forma regressiva, procurando utili- zar o menor número possível de blocos. A técnica consiste em eliminar as últimas casas decimais, subtraindo da dimensão a medida dos blocos existentes no jogo. METROLOGIA 81 Exemplo Dimensão máxima Dimensão mínima 12,578 12,573 DIM 12,578 DIM 12,573 BLOCO 12,578 → 2 blocos protetores DIM − 4,000 BLOCO 4,000 → 2 blocos protetores DIM − 8,573 BLOCO 1,008 → 1 DIM − 7,570 BLOCO 1,003 → 1 DIM − 7,570 BLOCO 1,270 → 1 DIM − 6,300 BLOCO 1,070 → 1 DIM − 6,500 BLOCO 1,300 → 1 DIM − 5,000 BLOCO - 6,500 → 1 DIM 0 5 blocos BLOCO - 5,000 → 1 DIM 0 6 blocos Blocos e acessórios Há acessórios de diversos formatos que, com os blocos-padrão, permitem que se façam vários tipos de controle. Verificação de um calibrador de boca. Verificação de distância entre furos. 82 BLOCO-PADRÃO Grampo para fixar blocos-padrão conservando as montagens posicionadas. Observação • No jogo consta apenas um padrão de cada medida; não pode haver repetição de blocos. Existe um suporte, acoplado a uma base, que serve para calibrar o micrômetro interno de dois contatos. METROLOGIA 83 Nele, pode-se montar uma ponta para traçar, com exatidão, linhas paralelas à base. Geralmente, os acessórios são fornecidos em jogos acondicionados em estojos protetores. Conservação • Evitar a oxidação pela umidade, marcas de dedos ou aquecimento utilizando luvas sempre que possível. • Evitar quedas de objetos sobre os blocos e não deixá-los cair. • Limpar os blocos após sua utilização com benzina pura, enxugando-os com camurça ou pano. Antes de guardá-los, é necessário passar uma leve camada de vaselina (os blocos de cerâmica não devem ser lubrificados). • Evitar contato dos blocos-padrão com desempeno, sem o uso dos blocos protetores. 6. Tolerância dimensional Eixo Furo Elemento Dimensão Linha zero Tolerância Sistema de tolerância e ajuste (ABNT/ISO) Folga Interferência Ajuste Sistemas de ajustes Designação de tolerâncias e ajustes Tabelas Em um conjunto mecânico, as peças não funcionam isoladamente; trabalham associadas a outras, desempenhando funções determinadas; portanto, é indis- pensável que sejam articuladas corretamente conforme prescrito no projeto. Os desvios aceitáveis, para mais ou para menos nas características dimensionais das peças, constituem o que chamamos de tolerância dimensional. As peças pro- duzidas dentro das tolerâncias especificadas podem não ser idênticas entre si, mas quando montadas em conjunto devem funcionar perfeitamente. Do mesmo modo, se for necessário substituir uma peça de qualquer conjunto mecânico, é necessário que ela seja semelhante à peça substituída, isto é, elas devem ser intercambiáveis. A construção de peças intercambiáveis, atendendo a METROLOGIA 85 padrões de qualidade competitiva no processo produtivo industrial, só é possível se os valores de medidas obedecerem racionalmente às tolerâncias dimensionais e ajustes propostos pelo projeto. A fabricação de peças intercambiáveis segue um conjunto de princípios e regras normalizados. No Brasil, a norma que estabelece o procedimento adequado para a escolha racional de tolerâncias e ajustes nas características dimensionais das peças é a NBR-6158/95, baseada na ISO 286-1 e na ISO 286-2/88. Para a compreensão da norma técnica é necessário definir alguns termos adotados. Eixo É o termo convencional utilizado para descrever uma característica externa de uma peça, incluindo também elementos não cilíndricos. Eixo-base É o eixo cujo afastamento superior é zero. Furo É o termo convencional utilizado para descrever uma característica interna de uma peça, incluindo também elementos não cilíndricos. Furo-base É o furo cujo afastamento inferior é igual a zero. 86 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL Elemento Parte em observação de uma peça que pode ser um ponto, uma reta ou uma superfície. Dimensão É um número que expressa, em uma unidade particular, o valor numérico de uma dimensão linear. Dimensão nominal É a dimensão a partir da qual são derivadas as dimensões-limite pela aplicação dos afastamentos superior e inferior. Dimensão efetiva É a dimensão obtida pela medição de um elemento. Dimensão-limite São as duas dimensões extremas permissíveis para um elemento, entre as quais a dimensão efetiva deve estar. Dimensão máxima É a maior dimensão admissível de um elemento. Dimensão mínima É a menor dimensão admissível de um elemento. METROLOGIA 87 Linha zero É a linha reta que representa a dimensão nominal e serve de origem aos afasta- mentos em uma representação gráfica de tolerâncias e ajustes. De acordo com a convenção adotada, a linha zero é desenhada horizontalmente, com afastamentos positivos mostrados acima e afastamentos negativos mostra- dos a seguir. 88 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL Afastamentos fundamentais Afastamento fundamental é a diferença algébrica entre qualquer um dos tipos de dimensão (dimensão efetiva, dimensão-limite etc.) e a correspondente dimensão nominal. Os afastamentos são designados por letras maiúsculas para furos (A ... ZC) e por letras minúsculas para eixos (a ... zc). • Afastamento superior (ES, es) – é a diferença algébrica entre a dimensão máxima e a correspondente dimensão nominal. No caso de afastamentos em furos, usam-se as letras maiúsculas ES; quando se trata de eixos, usam-se as minúsculas es. • Afastamento inferior (EI, ei) – é a diferença algébrica entre a dimensão mí- nima e a correspondente dimensão nominal. As letras EI designam afasta- mentos em furos e as letras ei são usadas em eixos. A figura a seguir mostra a representação esquemática das posições dos afasta- mentos fundamentais em relação à linha zero. METROLOGIA 89 Por convenção, o campo de tolerância dos eixos será representado por hachu- ras à esquerda, menos espaçadas (eixo), e à direita, mais espaçadas (furo). Na representação dos furos, as hachuras serão desenhadas à direita com maior 90 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL espaçamento do que na representação dos eixos, conforme mostra a figura a seguir. Tolerância É a diferença entre a dimensão máxima e a dimensão mínima, ouseja, a dife- rença entre o afastamento superior e o afastamento inferior em valor absoluto, sem sinal. Tolerância-padrão (IT) Qualquer tolerância pertencente a este sistema. As letras IT significam interna- tional tolerance. Graus de tolerância-padrão Grupo de tolerância correspondente ao mesmo nível de exatidão para todas as dimensões nominais. Os graus de tolerância-padrão também conhecidos como qualidade de trabalho são designados pelas letras IT e por um número: IT 7. Quando o grau de tolerância é associado a um afastamento fundamental para formar uma classe de tolerância, as letras IT são omitidas: h7. O sistema ISO de tolerâncias e ajustes prevê 20 graus de tolerância-padrão, de- signados IT01, IT0, IT1 a IT18 na faixa de dimensões de 0 a 500 mm (inclusive) e 18 graus de tolerância-padrão na faixa de dimensões acima de 500 mm até 3150 mm (inclusive), designados IT 1 a IT 18. O sistema ISO é derivado da ISA Bulletin 25, que cobre somente dimensões nominais até 500 mm, e baseado em experiências praticadas na indústria. Os valores de tolerância-padrão para METROLOGIA 91 dimensões nominais a partir de 500 mm até 3150 mm (inclusive) foram desen- volvidos para propósitos experimentais e, uma vez aceitos pela indústria, foram incorporados pelo sistema ISO. Os valores numéricos de alguns graus de tolerância-padrão IT são apresentados na tabela a seguir. Extrato da tabela de valores numéricos de graus de tolerância- padrão IT Tabela 1 – Desvios em micrômetros (µm) para furo-base (H) ou eixo-base (h) Dimensão nominal Graus de tolerância-padrão mm IT6 IT7 IT8 IT9 IT10 IT11 Acima Até einclusive Tolerância µm – 3 6 10 14 25 40 60 3 6 8 12 18 30 48 75 6 10 9 15 22 36 58 90 10 18 11 18 27 43 70 110 18 30 13 21 33 52 84 130 30 50 16 25 39 62 100 160 50 80 19 30 46 74 120 190 80 120 22 35 54 87 140 220 120 180 25 40 63 100 160 250 Campo de tolerância É uma representação gráfica de tolerâncias que consiste em esquematizar as dimensões máxima e mínima por meio da largura de um retângulo, definindo a magnitude da tolerância e sua posição relativa em relação à linha zero. 92 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL Sistema de tolerância e ajuste (ABNT/ISO) As tolerâncias não são escolhidas ao acaso. Em 1926, entidades internacionais organizaram um sistema normalizado que acabou sendo adotado no Brasil pela ABTN: o sistema de tolerância e ajustes ABNT/ISO (NBR-6158). O sistema ISO consiste em um conjunto de princípios, regras e tabelas que pos- sibilita a escolha racional de tolerâncias e ajustes de modo a tornar mais econô- mica a produção de peças mecânicas intercambiáveis. Este sistema foi estudado, inicialmente, para a produção de peças mecânicas cilíndricas com até 500 mm de diâmetro; depois, foi ampliado para peças com até 3150 mm de diâmetro. Ele estabelece uma série de tolerâncias fundamentais que determinam a precisão da peça, ou seja, a qualidade de trabalho, uma exigência que varia de peça para peça, de uma máquina para outra. Como citado anteriormente, a NBR prevê 20 índices de qualidade de trabalho (graus de tolerância-padrão). Essas qualidades são identificadas pelas letras: IT seguidas de numerais. A cada uma delas corresponde um valor de tolerância. Observe, no quadro a seguir, a qualidade de trabalho para eixos e furos: METROLOGIA 93 Qualidade de trabalho IT 01 IT 0 IT 1 IT 2 IT 3 IT 4 IT 5 IT 6 IT 7 IT 8 IT 9 IT 10 IT 11 IT 12 IT 13 IT 14 IT 15 IT 16 IT 17 IT 18 Eixos Mecânica Mecânica Mecânica Furos Extraprecisa Corrente Grosseira A letra I vem de international e a letra T vem de tolerância; os numerais 01, 0, 1, 2, ... 18 referem-se às 20 qualidades de trabalho; a qualidade IT 01 corresponde ao menor valor de tolerância. As qualidades 01 e 3, no caso dos eixos, e 01 a 5, no caso dos furos, estão associadas à mecânica extraprecisa. É o caso dos cali- bradores, que são instrumentos de alta precisão. Eles servem para verificar se as medidas das peças produzidas estão dentro do campo de tolerância especificado. Peças que funcionam acopladas a outras têm, em geral, sua qualidade estabele- cida entre IT 4 e IT 11, se forem eixos; já os furos têm sua qualidade entre IT 6 e IT 11. Essa faixa corresponde à mecânica corrente (ou mecânica de precisão). Classe de tolerância É a combinação de letras que representam o afastamento fundamental, seguido por um número que representa o grau de tolerância padrão, por exemplo: H7(- furos) h7 (eixos). Folga É a diferença positiva entre as dimensões do furo e do eixo, isto é, o diâmetro efetivo do eixo é menor do que o diâmetro efetivo do furo. 94 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL Folga mínima É a diferença positiva entre a dimensão mínima do furo e a dimensão máxima do eixo. Folga máxima É a diferença positiva entre a dimensão máxima do furo e a dimensão mínima do eixo. Interferência É a diferença negativa entre as dimensões do furo e do eixo, isto é, o diâmetro efetivo do eixo é maior do que o diâmetro efetivo do furo. METROLOGIA 95 Interferência mínima É a diferença negativa entre a dimensão máxima do furo e a dimensão mínima do eixo. Interferência máxima É a diferença negativa entre a dimensão mínima do furo e a dimensão máxima do eixo. Ajuste É a relação resultante, antes da montagem, entre as dimensões dos dois elementos a serem montados. Essa relação têm em comum a dimensão nominal. Ajuste com folga É o ajuste no qual sempre ocorre uma folga entre o furo e o eixo quando mon- tados, isto é, a dimensão mínima do furo é sempre maior ou, em caso extremo, igual à dimensão máxima do eixo. 96 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL Ajuste com interferência É o ajuste no qual ocorre uma interferência entre o furo e o eixo quando mon- tados, isto é, a dimensão máxima do furo é sempre menor ou, em caso extremo, igual à dimensão mínima do eixo. Ajuste incerto É o ajuste no qual pode ocorrer uma folga ou uma interferência entre o furo e o eixo quando montados, dependendo das dimensões efetivas do furo e do eixo, isto é, os campos de tolerância do furo e do eixo se sobrepõem parcialmente ou totalmente. Sistemas de ajustes O sistema de ajustes compreende eixos e furos associados a um sistema de tolerância. METROLOGIA 97 Sistema de ajustes eixo-base É um sistema de ajustes no qual as folgas ou interferências exigidas são obtidas pela associação de furos de várias classes de tolerâncias com eixos de uma única classe de tolerância. Neste sistema, a dimensão do eixo é idêntica à dimensão nominal, isto é, o afastamento superior é igual a zero, portanto, pertence à classe de tolerância h. Os ajustes com folga, incerto ou com interferência, são obtidos selecionando-se a posição das classes de tolerância para superfícies internas (furos). A paridade com as classes de tolerância resultam em: • Ajustes com folga – posição de A até H. • Ajustes incertos – posição de J até N. • Ajustes com interferência – posição de P até Z. Notas • As linhas contínuas horizontais representam os afastamentos fundamentais para furos ou eixos. • As linhas tracejadas representam os outros afastamentos e mostram as possi- bilidades de diferentes combinações entre furos e eixos, relacionados ao seu grau de tolerância (por exemplo, G7/h4, H6/h4, M5/h4). 98 TOLERÂNCIA DIMENSIONAL Sistema de ajuste furo-base É um sistema de ajuste no qual as folgas ou interferências exigidas são obtidas pela associação de várias classes de tolerância, com furos de uma única classe de tolerância. Neste sistema, a dimensão mínima do furo é idêntica à dimensão nominal, isto é, o afastamento inferior é igual a zero, portanto, pertence à classe de tolerância H. Os ajustes com folga, incerto ou com interferência, são obtidos selecionando-se a posição das classes de tolerância para superfícies externas (eixos). A paridade com as classes de tolerância resultam em: • Ajustes com folga – posição de a até h. • Ajustes incertos – posição de j até n. • Ajustes com interferência – posição de p até z. Notas • As linhas
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