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Clim atização autom otiva 9 788583 930495 ISBN 978-85-8393-744-9 REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO Climatização automotiva Flávio Gomes de Macedo Geraldo Arantes Filho Mário Kuroda Esta publicação integra uma série da SENAI-SP Editora especialmente criada para apoiar os cursos do SENAI-SP. O mercado de trabalho em permanente mudança exige que o profissional se atualize continuamente ou, em muitos casos, busque qualificações. É para esse profissional, sintonizado com a evolução tecnológica e com as inovações nos processos produtivos, que o SENAI-SP oferece muitas opções em cursos, em diferentes níveis, nas diversas áreas tecnológicas. Climatização automotiva Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Macedo, Flávio Gomes de Climatização automotiva / Flávio Gomes de Macedo, Geraldo Arantes Filho, Mario Kuroda. – São Paulo: SENAI-SP Editora, 2019. 144 p., 123 ils. Inclui referências ISBN 978-85-8393-744-9 1. Automóveis - Ar-condicionado 2. Refrigeração 3. Eletrônica I. Título II. Arantes Filho, Geraldo III. Kuroda, Mario. CDD 629.2772 Índice para o catálogo sistemático: 1. Automóveis - Ar-condicionado 629.2772 SENAI-SP Editora Avenida Paulista, 1313, 4º andar, 01311 923, São Paulo – SP F. 11 3146.7308 | editora@sesisenaisp.org.br | www.senaispeditora.com.br REFRIGERAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO Climatização automotiva Flávio Gomes de Macedo Geraldo Arantes Filho Mário Kuroda Departamento Regional de São Paulo Presidente Paulo Skaf Diretor Superintendente Corporativo Igor Barenboim Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Gerência de Assistência à Empresa e à Comunidade Celso Taborda Kopp Gerência de Inovação e de Tecnologia Osvaldo Lahoz Maia Gerência de Educação Clecios Vinícius Batista e Silva Revisão técnica Anderson Galdino Leite Material didático utilizado nos cursos do SENAI-SP. Apresentação Com a permanente transformação dos processos produtivos e das formas de organização do trabalho, as demandas por educação profissional multiplicam-se e, sobretudo, diversificam-se. Em sintonia com essa realidade, o SENAI-SP valoriza a educação profissional para o primeiro emprego, dirigida a jovens. Privilegia também a qualificação de adultos que buscam um diferencial de qualidade para progredir no mercado de trabalho. E incorpora firmemente o conceito de “educação ao longo de toda a vida”, oferecendo modalidades de formação continuada para profissionais já atuantes. Dessa forma, atende às prioridades estratégicas da Indústria e as prio- ridades sociais do mercado de trabalho. A instituição trabalha com cursos de longa duração como os cursos de Apren- dizagem Industrial, os cursos Técnicos e os cursos Superiores de Tecnologia. Oferece também cursos de Formação Inicial e Continuada, com duração variada nas modalidades de Iniciação Profissional, Qualificação Profissional, Especiali- zação Profissional, Aperfeiçoamento Profissional e Pós-Graduação. Com satisfação, apresentamos ao leitor esta publicação, que integra uma série da SENAI-SP Editora, especialmente criada para apoiar os alunos das diversas modalidades. Sumário 1. História do ar-condicionado veicular 9 2. Noções básicas de termodinâmica 14 Transferência de calor 15 Unidades de medida de calor 16 Tipos de calor 17 Temperatura 18 Umidade relativa 19 Umidade absoluta 20 Pressão 20 3. Sistema de ar-condicionado veicular 24 Sistema de ventilação 25 Ventilador da caixa de ar 26 Sistema de ar-condicionado 27 Distribuição de ar 29 Boa visibilidade 33 Filtros de cabine 35 4. Ciclo de refrigeração e seus componentes 43 Ciclo de refrigeração com válvula de expansão termostática (TXV) 44 Ciclo de refrigeração com tubo de orifício (capilar) 45 Componentes do sistema de ar-condicionado veicular 47 5. Componentes eletroeletrônicos 71 Bateria 72 Fusíveis 79 Relé 80 Interruptor térmico do radiador 82 Sensor de temperatura de arrefecimento 83 Sistema de ventilação interna com resistor ou com módulo de resistência eletrônico 84 Ventilador do sistema de arrefecimento 85 Termostato 86 Pressostato 88 Transdutor de pressão 92 Termistor 95 Sensores de temperatura 96 Fotossensor de incidência da irradiação solar 98 Atuadores 99 Exemplos de circuitos elétricos de sistema de ar-condicionado veicular 103 6. Manutenção básica do sistema de ar-condicionado veicular 105 Limpeza do circuito frigorífico 105 Teste de estanqueidade e verificação de vazamentos de fluido refrigerante 107 Equipamentos básicos utilizados na manutenção de sistemas de ar-condicionado 110 Reoperação e carga de fluido refrigerante 113 Teste de rendimento 116 7. Propriedades dos fluidos refrigerantes 121 Aplicações dos fluidos refrigerantes 122 Características do R134a 124 Novo fluido 1234yf 124 Camada de ozônio 125 8. Diagnóstico de falhas do ar-condicionado por manifold analógico 128 Referências 137 1. História do ar-condicionado veicular O sistema de ar-condicionado automotivo tem como principal função tornar ou manter o mais confortável possível o ambiente do habitáculo do veículo, seja aquecendo-o ou resfriando-o. No início da história do transporte, a locomoção se dava em carroças e carrua- gens movimentadas por tração animal. Com a invenção do automóvel, elas se tornaram obsoletas. Os primeiros automóveis eram dotados de cabines abertas, que ficavam diretamente expostas ao ambiente externo, sujeitas à chuva, sol, ven- to, poeira etc. Assim, os passageiros eram obrigados a adaptar suas vestimentas às respectivas condições climáticas. Com o avanço e aperfeiçoamento dos automóveis, as cabines fechadas foram introduzidas e, então, surgiu um novo problema para seus ocupantes: como tornar a viagem confortável, já que, no verão, o veículo estava sujeito à carga solar durante um dia quente, ou ao embaçamento interno dos vidros pelo vapor condensado em dias de chuva, ou, ainda, ao vento e ao frio no inverno? Daí a necessidade de desenvolver sistemas que proporcionassem a minimização desses problemas e o conforto térmico desejado aos passageiros, além de aumentar a visibilidade do motorista. No Brasil, em virtude da grande variação climática entre as regiões, o sistema de climatização é muito exigido. Caso o veículo trafegue nas regiões Norte e Nordeste, a principal função será a refrigeração da cabine, promovendo confor- to térmico – nesse caso, baixando a temperatura interna em relação à externa. O inverso ocorrerá se o veículo estiver nas regiões Sul e Sudeste, pois a predo- minância é de clima temperado a frio, daí a necessidade de aquecer a cabine para promover o conforto térmico. Em países com inverno rigoroso, o sistema de ar-condicionado tem a função de aquecer o interior da cabine não apenas para o conforto térmico do usuário, mas também por questões de segurança. 10 HISTÓRIA DO AR-CONDICIONADO VEICULAR Segundo a norma da Ashrae (American Society of Heating, Refrigeranting and Air-Conditioning Engineers), 55-2004, a definição de conforto térmico é “that condition of mind which expresses satisfaction with the thermal environment”, ou seja: “o estado de espírito que manifesta satisfação com o ambiente térmico”. Em outras palavras, é o grau de satisfação do indivíduo em relação à sensação térmica promovida pela temperatura do ambiente. No início dos anos 1930, nos Estados Unidos, sistemas de refrigeração para veículos começaram a ser desenvolvidos. A princípio, foi feita uma adaptação em um veículo modelo Cadillac pela C&C Kelvinator Co., no estado do Texas. Esse sistema tinha capacidade de refrigeração de 0,37 kW e era alimentado por um motor a gasolina de 1,1 kW. A unidade compacta era montada na traseira do veículo, e o ar frio produzido era impulsionado por um ventilador para o interior da cabine através de duas aberturas logoacima do assento traseiro, que faziam com que o ar frio circulasse por toda a cabine e melhoravam o conforto dos passageiros e do motorista (BHATTI, 1999). Um exemplo dessa montagem pode ser observado na Figura 1. Figura 1 – Primeiro veículo equipado com uma unidade de ar-condicionado independente, fabricado pela C&C Kelvinator Co. Fonte: BHATTI, 1999. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 11 Em 1933, a divisão Cadillac da General Motors demonstrou interesse na pro- posta para o desenvolvimento de um sistema de ar-condicionado embutido no veículo e montado na fábrica. No verão do mesmo ano, foi dado início ao projeto de construção de um protótipo com capacidade estimada em 200 BTU/minuto (do inglês, British Thermal Unit, Unidade Térmica Britânica). Essa estimativa estava abaixo da capacidade real, porém foi assim determinada por duas razões: a primeira é que os testes para definir a capacidade térmica do sistema foram conduzidos em recirculação e no modo de ventilação. A segunda é que, durante os testes, não se conseguia reduzir a temperatura no interior da cabine do auto- móvel além de 5,6°C em relação à temperatura exterior ao veículo. As pessoas que ocupavam a cabine durante os testes, ao saírem para o meio externo, eram surpreendidas pela diferença de temperatura em relação ao lado de fora. Tal nível de temperatura era um grande avanço para a época e, durante o restante da década de 1930, os trabalhos realizados pelos laboratórios da General Motors culminaram com o desenvolvimento de um protótipo self-contained, ou seja, embutido no próprio veículo, instalado na traseira de um Cadillac 1939, como pode ser visto na Figura 2. Figura 2 – Protótipo self-contained de sistema de ar-condicionado montado na traseira de um Cadillac, em 1939. Aproveitando o protótipo self-contained, a General Motors desenvolveu um sistema completo de ar-condicionado tanto para verão como para inverno. Fonte: BHATTI, 1999. 12 HISTÓRIA DO AR-CONDICIONADO VEICULAR Na década de 1940, entre os anos de 1940 e 1942, a Packard equipou 1.500 veí- culos com sistema de ar-condicionado e, antes da Segunda Guerra Mundial, um montante de 3 mil veículos estava equipado com sistema de ar-condicionado. O primeiro sistema HVAC (Heat, Ventilation and Air Conditioning) original de fábrica completo foi lançado e implementado em um veículo pela empresa Packard Motor Car, em 1939. Apenas em 1941, a General Motors fez o mesmo em seus veículos, instalando um sistema HVAC no Cadillac (BHATTI, 1999). Com o passar do tempo, várias alterações foram feitas e algumas melhorias introduzidas, como ventilação frontal, compressor com embreagem eletromag- nética e controle automático de temperatura por meio de sistemas eletrônicos ou computadorizados. Essas mudanças deram maior complexidade ao sistema HVAC e o tornaram mais confiável e seguro. O desenvolvimento do ar-condicionado automotivo foi iniciado seriadamente pela General Motors Research Laboratories, que estava convencida pela ideia de utilizar o sistema de compressão do ciclo de vapor do fluido refrigerante R12 (diclorofluormetano). A partir de 1947, fabricantes independentes começaram a instalar sistemas de ar-condicionado em veículos de diversas marcas, criando um grande mercado para acessórios. O polo de concentração dessas empresas fabricantes era o es- tado americano do Texas, mas, no decorrer dos anos, elas se transferiram para o estado de Michigan. Na década de 1950, a General Motors, a Chrysler e a Packard apresentaram sistemas de ar-condicionado práticos que eram vendidos por US$ 600 cada (BHATTI, 1999). Em 1953, a empresa Airtemp, uma divisão da Chrysler, apresentou um modelo de sistema de ar-condicionado que possuía dois condensadores e utilizava o fluido refrigerante R12. No mesmo ano, a empresa Harrison Radiator, uma divisão da General Motors, lançou um sistema de ar-condicionado com os componentes dispostos todos no compartimento do motor, na dianteira do veículo, o que melhorou o arranjo físico do sistema e facilitou a recirculação e distribuição do ar no interior do veículo. Observa-se na Figura 3 o arranjo descrito. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 13 Válvula de expansão termostática Evaporador Indicador de líquido Ventilador Recirculação Condensador Válvula de ar Válvula de temperatura de ar Bulbo do capilar Distribuidor de ar Regulador de pressão do evaporador Filtro desidratador Eliminador de vibração Compressor Válvula de expansão Figura 3 – Sistema de ar-condicionado Harrison Radiator. Fonte: BHATTI, 1999. Na década de 1960, o número de veículos americanos com sistema de ar- -condicionado triplicou. E não se restringia apenas aos carros de passeio, pois ônibus e caminhões também adotaram o sistema. Posteriormente, em 1990, iniciou-se a substituição do fluido refrigerante R12 pelo R134a. Porém essa substituição gerou incompatibilidade nos sistemas de lubrificação e de vedação, ocasionando vazamentos. Para resolver o problema, passou-se a usar óleo lubrificante e vedações compatíveis com o R134a. Finalmente, em 1992, o R12 foi substituído pelo R134a totalmente inerte e não tóxico, sendo o R12 definitivamente banido pelos fabricantes de automóveis nos Estados Unidos (BHATTI, 1999). Atualmente, na manutenção de veículos que ainda possuem o fluido refrigerante R12, deve-se utilizar o fluido alternativo R413A (MO49). Assim, não se faz necessária a substituição de componentes. 2. Noções básicas de termodinâmica Transferência de calor Unidades de medida de calor Tipos de calor Temperatura Umidade relativa Umidade absoluta Pressão Quando dois corpos com temperaturas diferentes são postos em contato, a temperatura do corpo mais quente diminui, enquanto a do corpo mais frio se eleva. Se os corpos permanecerem em contato, em determinado momento eles atingirão uma temperatura de equilíbrio. Assim como existem diversas formas de energia, como a luminosa ou a elétrica, o calor também é uma forma de energia. Porém é uma forma de energia térmica em trânsito, ou seja, uma energia que se transfere de um corpo para outro, desde que haja uma diferença de temperatura entre eles. A intensidade dessa energia nos transmite as sensações de quente ou frio em relação à temperatura do corpo humano. O fluxo de calor é a quantidade de energia térmica transferida de um corpo a outro, ou de uma determinada substância a outra. O fluxo de calor ocorre sem- pre em sentido unidirecional, do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 15 Transferência de calor A transferência de calor é defi nida como a transferência de energia através da fronteira de um sistema, provocada exclusivamente pela diferença de temperatura. A termodinâmica reconhece majoritariamente três modos distintos de transmis- são de calor: condução, convecção e radiação (Figura 1). Figura 1 – Formas de transmissão de calor. Fonte: Senai-SP. Condução É o processo de transmissão de calor pelo qual a energia passa de molécula para molécula sem que elas sejam deslocadas. Um exemplo desse processo ocorre ao se aquecer a extremidade de uma barra metálica, pois as moléculas passam a vibrar com maior intensidade, transmitindo essa energia adicional às moléculas mais próximas, que também passam a vibrar mais intensamente, e assim por diante, até alcançar a outra extremidade. Convecção No caso dos meios materiais fl uidos (líquidos e gases), existe a transmissão de calor por convecção. O aquecimento (ou resfriamento) de qualquer parte do fl uido causa uma dimi- nuição (ou aumento) localizada de sua densidade. Em razão da mobilidade das moléculas nesses meios, essa variação de densidade faz com que elas se movi- mentem dentro do sistema. Caso seja aquecida, a molécula fi cará “mais leve” e subirá; o inverso ocorre no caso de ser resfriada. Se uma parte do fl uido sobe, Correntes de convecção RadiaçãoCondução 16 NOÇÕES BÁSICAS DE TERMODINÂMICA outra parte terá de descer, o que provoca correntesque “misturam” o fluido, aumentando a transferência e a distribuição da temperatura. Essas correntes são chamadas de correntes de convecção. Radiação A radiação térmica, também conhecida como irradiação, é um modo de trans- ferência de calor que ocorre por meio de ondas eletromagnéticas. Como essas ondas podem se propagar no vácuo, não é necessário que haja contato entre os corpos para acontecer transferência de calor. Todos os corpos emitem radiações térmicas, que são proporcionais à temperatura deles. Quanto maior a tempera- tura do corpo, maior a quantidade de calor que ele irradia. Um exemplo desse processo é o que acontece com a Terra, que, mesmo sem estar em contato com o Sol, é aquecida por ele. Unidades de medida de calor A unidade de medida de calor é dada pela quantidade de calor transmitida ou cedida por um corpo para que ele eleve ou diminua sua temperatura em 1°C. Assim, a unidade de calor mais conhecida é a caloria, que por definição é a quantidade de calor necessária para elevar 1°C da temperatura da água (de 14,5°C para 15,5°C). Porém, há também outras possibilidades de unidade de medidas de calor, as quais estão descritas no Quadro 1. Quadro 1 – Unidades de calor Sistema Métrico Sistema Britânico Sistema Internacional caloria (cal) unidade térmica britânica (British Thermal Unit, BTU) joule (J) Os fatores de conversão mais utilizados são: 1 cal = 4,1868 J = 3,968 × 10–3 BTU 1 BTU = 1055 J = 0,252 kcal = 252 cal 1 J = 0,2389 cal = 9,478 × 104 BTU CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 17 Tipos de calor Calor sensível Quando um corpo recebe ou cede calor e isso resulta somente em uma variação de temperatura, tem-se o chamado calor sensível. Isto é, todo o calor absorvido ou cedido pelo corpo foi utilizado exclusivamente para alterar sua temperatura. Calor latente Todos os materiais puros podem ter seu estado físico alterado sem alterar a composição química. Assim, quando uma substância absorve ou rejeita calor suficiente para chegar ao seu ponto de saturação, essa substância tem o estado físico alterado sem modificar sua temperatura, ou seja, todo o calor absorvido ou rejeitado por ela será utilizado unicamente para o processo de mudança de estado. Esse calor absorvido ou cedido pela substância no processo de mudança de estado físico é chamado de calor latente. Na Figura 2, pode-se observar a relação entre calor sensível e calor latente da água. Figura 2 – Calor sensível e latente da água. Fonte: Senai-SP. 200ºC 150ºC 100ºC 50ºC 0ºC -50ºC -100ºC 100°C 1 kg de vapor 200°C 1 kg de vapor 100°C 1 kg de vapor 0°C 1 kg de água 0°C 1 kg de gelo 1 kg de gelo 50 Kcal 130 Kcal 230 Kcal 770 Kcal 815 Kcal Calor latente Nível do mar pressão 1 atm Calor a b c d e f y x latente 18 NOÇÕES BÁSICAS DE TERMODINÂMICA Temperatura A temperatura é a grandeza que mede o grau de agitação das moléculas que constituem um corpo. Porém, como a agitação térmica não pode ser medida diretamente, essa medição é feita indiretamente, com base nas propriedades do corpo que variam de acordo com ela. A variação de temperatura entre dois corpos pode ser percebida ao se usar o tato, sentindo qual é o mais quente e qual é o mais frio. Isto é, pode-se verificar qual dos dois tem temperatura mais elevada. Ainda em outras palavras, a tem- peratura de um corpo é uma propriedade que está relacionada com o fato de o corpo humano estar “mais quente” ou “mais frio”. As medidas de temperatura, então, são obtidas por meio de comparação, utilizando certas propriedades dos materiais sensíveis a esse tipo de mudança, por exemplo: volume de um líquido, comprimento de uma barra, resistência elétrica de um fio, cor de uma determi- nada substância. Medindo os valores assumidos por uma dessas grandezas, é possível avaliar o estado térmico de um corpo. A avaliação da temperatura é feita por meio de um termômetro, o qual se vale do conceito de equilíbrio térmico. Muitos termômetros trazem na escala medidas em graus Celsius (°C), que é a unidade utilizada no Sistema Internacional, mas existem termômetros que possuem escalas de temperatura em Fahrenheit (°F) e, para medidas de diferenciais de temperatura, utiliza-se a escala Kelvin (K), também conhecida como escala do zero absoluto. A Figura 3 apresenta duas escalas de medidas distintas: Celsius (°C) e Fahrenheit (°F). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 19 Figura 3 – Escala de temperatura. Fonte: Adaptado de Climatizador: conceitos básicos. Volkswagen. Para converter graus Celsius em graus Fahrenheit, basta aplicar a seguinte fórmula: °F = (1,8 × °C) + 32 Para converter graus Fahrenheit em graus Celsius, aplica-se a seguinte fórmula: °C = (°F –32) 1,8 Umidade relativa A umidade relativa pode ser definida como a razão entre a quantidade de umi- dade no ar e a quantidade máxima dela em uma mesma temperatura. Temperatura de ebulição da água Temperatura de solidificação da água 100oC 0oC 212oF 32oF 100 divisões 1oC 180 divisões 1oF 20 NOÇÕES BÁSICAS DE TERMODINÂMICA Umidade absoluta Pode ser definida como a razão entre as massas de vapor de água e de ar seco presentes na mistura vapor de água/ar seco. Pressão É a relação entre uma determinada força e sua área de distribuição (Figura 4), obtida a partir da fórmula: P = F AOnde: P = pressão; P = F A = força total em qualquer unidade de força; A = área total em qualquer unidade de área. 1 kgf Figura 4 – Pressão. Fonte: Adaptado de Climatizador: conceitos básicos. Volkswagen. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 21 Unidades de pressão Quando há necessidade de medir pressões elevadas (gases comprimidos, vapores em uma caldeira etc.), utiliza-se a unidade denominada 1 atmosfera (1 atm). O valor de 1 atm é igual à pressão que é exercida por uma coluna de mercúrio (Hg) de 76 cm de altura sobre determinada base. Portanto: 1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg = 1,033 kgf/cm² = 14,7 PSI = 1,01325 bar = 101,325 kPa Para desenvolver o estudo sobre pressão é indispensável conhecer seus tipos, que são: • Pressão atmosférica: resultado do peso da coluna de ar sobre um determina- do ponto. Ao nível do mar, ela representa 1,033 kgf/cm2 ou 14,7 PSI. • Pressão manométrica: pressão interna dos sistemas de refrigeração, medida por meio da leitura com um manômetro do tipo Bourdon (a escala do ma- nômetro se inicia sempre em 0). • Pressão absoluta: obtida por meio da somatória entre a pressão atmosférica e a pressão manométrica. • Pressão negativa ou vácuo: representada quando a pressão é menor do que a atmosférica. O vácuo também pode ser classificado como a ausência de matéria. Instrumentos para medir pressão Para verificar as condições de funcionamento dos aparelhos de refrigeração, além do termômetro, que serve para medir temperatura, existem os instrumentos de medição de pressão, como o barômetro, o manômetro e o vacuômetro. Barômetro É um instrumento que serve para medir a pressão atmosférica, inventado pelo fí- sico Evangelista Torricelli, que foi o primeiro a conseguir fazer essa medição. Para isso, Torricelli tomou um tubo de vidro fechado em uma extremidade com cerca de 100 cm de comprimento, encheu-o completamente de mercúrio e, tapando com o po- legar a outra extremidade, mergulhou-o num recipiente também cheio de mercúrio. 22 NOÇÕES BÁSICAS DE TERMODINÂMICA Mercúrio 10 0 cm 76 c m Figura 5 – Experiência de Torricelli. Fonte: Senai-SP. Torricelli verificou que a coluna líquida desceu no tubo, parando à altura de 76 cm acima do nível do mercúrio do recipiente (Figura 5). Dessa experiência, o físi- co italiano então concluiu que o peso da coluna de mercúrio equilibrava a pressão atmosférica exercida sobre a superfície livre do mercúrio contido no recipiente. Manômetro tipo Bourdon É o tipo de manômetro mais comum. É constituído de um tubo metálico de formato achatado e curvado em um arco flexível (Figura 6). Esse tubo tende a esticar quando a pressão aumenta e retrair quando a pressão diminui. Qualquer alteração na curvaturado tubo é registrada na escala por um ponteiro. É empre- gado para medir pressões acima da pressão atmosférica ou pressão manométrica negativa (depressão). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 23 Figura 6 – Manômetro de Bourdon. Fonte: Senai-SP. Esse tipo de manômetro é utilizado na área de refrigeração e ar-condicionado para determinar a pressão manométrica do circuito frigorífico. 3. Sistema de ar-condicionado veicular Sistema de ventilação Ventilador da caixa de ar Sistema de ar-condicionado Distribuição de ar Boa visibilidade Filtros de cabine O condicionamento do ar veicular é o processo que regula artificialmente a temperatura, o fluxo de ar e a umidade no interior do veículo, proporcionando um ambiente agradável aos passageiros, mesmo que as condições do ambiente externo sejam desagradáveis. Para oferecer conforto e bem-estar aos usuários, o sistema de ar-condicionado veicular tem como funções: • transferir o calor existente no interior da cabine para o meio externo, man- tendo a temperatura confortável no interior do veículo; • remover a umidade relativa (UR) do ar; • controlar a circulação do ar interno por meio do interruptor de velocidades do ventilador; • purificar o ar recirculado do habitáculo do veículo e o ar renovado provenien- te da entrada de ar externo. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 25 A Figura 1, a seguir, apresenta os resultados do condicionamento de ar. ANTES Calor Umidade Aquecimento Partículas e pólen Temperatura de conforto Ar puri�cado Desumidi�cado Aquecido ou mesclado Controle circulação de ar DEPOIS Figura 1 – Resultados do condicionamento de ar. Sistema de ventilação O ventilador do compartimento de passageiros é responsável pela movimentação do ar através do filtro de cabine, do evaporador e do aquecedor. Com o auxílio de dutos nas saídas da caixa, distribui-se o ar até os difusores, saídas para os pés, saída para o para-brisa e região traseira do veículo. A Figura 2 apresenta a turbina e o motoventilador. Figura 2 – Turbina e motoventilador. Fonte: SENAI-SC / Unidade São José. 26 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Ventilador da caixa de ar Os veículos equipados com sistema de ar-condicionado possuem um núcleo de resfriamento denominado evaporador e um núcleo de aquecimento denomina- do trocador de calor de ar quente. Portanto, esses componentes são responsáveis tanto pelo resfriamento como pelo aquecimento do ar no interior do veículo. As diversas velocidades do ventilador são ajustadas por um interruptor de velo- cidades, e o controle de refrigeração é acionado pela tecla simbolizada com um cristal de gelo ou a tecla “A/C”, que deve ser acompanhada do acionamento da tecla de recirculação/renovação. Esses componentes estão situados no painel de comando do ar-condicionado. A combinação da mudança de posição dos defletores de direcionamento de ar, situa- dos no interior da caixa de ar, estabelecem o funcionamento do sistema de ventilação e ar-condicionado, proporcionando uma condição mais adequada de conforto no interior do veículo, tanto no inverno como no verão, com o ar totalmente frio, morno ou aquecido, conforme desejado pelo usuário. A Figura 3 apresenta o funcionamento do sistema, a distribuição de ar e o controle de temperatura no interior da caixa de ar de um automóvel. Trocador de calor do ar quente Motor da portinhola do ar quente Portinhola da ventilação forçada Portinhola de recirculação Servomotor de recirculação/renovação Ventilador Evaporador Motor da portinhola central Motor da portinhola desembaçador/pés Figura 3 – Fluxo de distribuição de ar. Fonte: Sistema CLIMAtronic. Volkswagen. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 27 O mercado automobilístico dispõe atualmente de dois sistemas de ar-condicio- nado: • sistema de ar-condicionado com painel de comando por controle manual; • sistema de ar-condicionado com painel de comando por controle eletrônico ou digital. Sistema de ar-condicionado Painel de comando por controle manual Esse tipo de sistema de ar-condicionado é composto de painel de comando com controle manual, caixa de ar, placa de resistores para modulação das velocidades do ventilador e componentes eletromecânicos. A Figura 4 apresenta um exemplo de caixa de ar e um painel de comando com alguns desses elementos que o compõem. Tecla A/C Tecla modo recirculação/renovação Servomotor Portinhola de ar fresco/ recirculação de ar Figura 4 – Sistema com painel de comando por controle manual. Fonte: Sistema CLIMAtronic. Volkswagen. 28 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Painel de comando com controle eletrônico ou digital Esse sistema é composto de painel de comando com controle eletrônico (ECC), caixa de ar, placa de resistores para modulação das velocidades do ventilador, sensores de temperatura e servomotores ou motores de passo para atuação das portinholas da caixa de ar (Figura 5). Portinhola de ar fresco Portinhola central Evaporador de degelo Motor de regulagem para portinhola de degelo Motor de regulagem para portinhola de temperatura Trocador de calor Botão giratório para LIGA/DESLIGA e velocidade do ventilador interno Botão giratório para regulagem de temperatura interna Portinhola de temperatura Tampa de �ltro antipólen Portinhola para o vão dos pés Filtro antipólen Motor de regulagem para portinhola central Portinhola de ar recirculante Ventilador interno de ar fresco Motor regulador para portinhola depressão de retenção Evaporador Figura 5 – Sistema com painel de comando eletrônico. Fonte: Volkswagen. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 29 Distribuição de ar Parte dianteira do veículo A distribuição do ar na parte dianteira do veículo é realizada por meio de difu- sores de insuflação centrais, laterais, na região dos pés e no para-brisa, conforme Figura 6, a seguir. A difusores centrais e laterais B saída de ar para os vidros laterais C saída de ar para o para-brisa D saída de ar para a região dos pés Figura 6 – Distribuição de ar na parte dianteira do veículo. Fonte: Senai-SP. Parte traseira do veículo Alguns modelos de veículos foram projetados com dutos no interior do console, a fim de que o ar seja insuflado para a região traseira do veículo. Isso proporciona mais conforto para os passageiros, em virtude da melhor distribuição do ar, e também ajuda a atingir a temperatura ajustada mais rapidamente. Conforme a posição do interruptor de controle de temperatura, será insuflado ar fresco ou quente para o interior veículo, através de dutos até os difusores. O fluxo de ar pode ser direcionado conforme desejado ao inclinar e girar os defletores dos 30 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR difusores. Na Figura 7, pode-se visualizar o sistema de distribuição de ar através dos difusores para a região do banco traseiro, que em alguns veículos pode ser realizado através de dutos ou de uma caixa de ar independente. A difusores centrais B difusores laterais C difusor central traseiro D difusor lateral traseiro E saída de ar para os vidros laterais e para-brisa Figura 7 – Distribuição de ar para o duto traseiro do veículo. Fonte: Senai-SP. Componentes do sistema de distribuição de ar Para que o ar seja insuflado pelos dutos para os difusores do painel de instrumen- tos e permita uma distribuição de ar uniforme e direcionada conforme desejado, é necessária a instalação de um sistema de acionamento para os defletores, que podem ser a vácuo, por cabos, servomotores ou por motor de passo. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 31 Sistema a vácuo Acionamento por meio do vácuo gerado pelo motor e armazenado em um re- servatório, que é interligado por mangueiras até os defl etores da caixa de ar. Na Figura 8 pode-se visualizar a interligação dos componentes neste sistema que atua conforme solicitação do usuário, mediante o vácuo gerado no coletor de admissão do motor. Conjunto de solenoides Pés 1 Desembaçador Rosto 2 Rosto 1 Admissão Alimentação de vácuo Válvula comutadora de vácuo da válvula de água Válvula deretenção Reservatório de vácuo Válvula de água Admissão Pés Desembaçador Rosto 2 Rosto 1 Rosto/recirculação Bi-level Bi-level Assoalho Mistura de ar Mistura de ar Desembaçador Assoalho Desembaçador Mistura de ar Recirculação de ar Rosto Desembaçador Recirculação de ar Recirculação Ar fresco Rosto/assoalho Bi-level 2 3 4 5 Figura 8 – Acionamento a vácuo. Fonte: Senai-SP. 32 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Cabo (tipo Bowden) Acionamento por cabos de aço que interligam o painel de comando com o con- trole manual e o acionador dos defletores da caixa de ar (Figura 9). Figura 9 – Acionamento por cabo (tipo Bowden). Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. Servomotor Atuador elétrico (on/off) que tem como função alternar o defletor de ar externo entre os modos renovação e recirculação (Figura 10). Portinhola de ar fresco/ recirculação de ar Servomotor Figura 10 – Servomotor. Fonte: Sistema CLIMAtronic. Volkswagen. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 33 Motor de passo (eletrônico) Atuador eletrônico instalado em cada defletor da caixa de ar com a função de controlar o fluxo de ar para região do para-brisa, difusores centrais, laterais e região dos pés, quando solicitado pelo condutor (Figura 11). Conexão ao eixo da portinhola de entrada do ar Placa acionadora Pino guia Controle da entrada de �uxo de ventilação forçada Figura 11 – Motor de passo. Fonte: Adaptado de Sistema CLIMAtronic. Volkswagen. Boa visibilidade No outono, no inverno ou mesmo em dias de chuva, são frequentes as situações de condução do veículo “às cegas” no trânsito: os vidros ficam embaçados na parte interna, o que causa grande desconforto, além de tornar a direção insegura por causa da redução da visibilidade (Figura 12). 34 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR A razão desse efeito reside nas baixas temperaturas exteriores, com elevada umidade atmosférica, associadas ao ar inalado pelos ocupantes. Com isso, o ar quente e úmido da cabine precipita-se sobre o vidro frio do veículo ou se con- densa, provocando o embaçamento. Figura 12 – Visibilidade prejudicada pela condensação de água na superfície interna do para-brisa. Esse problema pode ser solucionado com o acionamento do sistema de ar-con- dicionado, que regulará o teor de umidade no interior do veículo, mantendo-o entre 25% e 35%, sem condensação sobre o para-brisa (Figura 13). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 35 Figura 13 – Boa visibilidade em razão do acionamento do ar-condicionado. Mesmo em condições de veículo lotado e com passageiros molhados pela chuva, os vidros serão desembaçados em pouco tempo. Dessa forma, assegura-se uma perfeita visibilidade ao redor do veículo. Filtros de cabine Pó, fuligem, pólen, germes, bactérias, ácaros e fungos fazem parte do ar que respiramos diariamente, porém, podem ser filtrados com eficácia pelos filtros de cabine. Feitos de microfibra, eles permitem a melhoria da qualidade do ar respirado dentro do veículo (Figura 14). 36 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Figura 14 – Filtro de cabine. Fonte: Thinkstock. A crescente poluição do ar traz como consequência o aumento de casos de doen- ças respiratórias, reações alérgicas e queda na qualidade de vida nas grandes cidades. Para proteger o ser humano dessas agressões, a cada ano cresce o nú- mero de aplicação de filtros de cabine como componente de série nos veículos. Em hipótese alguma deve-se deixar o sistema sem o filtro de cabine, pois os poluentes do ar são sugados para o interior do veículo, e, com isso, a poluição dentro da cabine fica mais alta, podendo chegar a um nível até seis vezes maior que a do ambiente externo. Além disso, ainda ocorrerá um acúmulo de resíduos no interior da caixa de ar, obstruindo a passagem do ar e provocando queda no rendimento do sistema de ar-condicionado. A Figura 15 ilustra o trajeto do deslocamento de ar. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 37 1 2 3 1 filtro de cabine 2 evaporador 3 ar interior frio e limpo Figura 15 – Trajeto do deslocamento de ar (flechas de ar). Fonte: Senai-SP. Filtros de cabine com carvão ativado Os filtros de cabine com carvão ativado foram projetados com o objetivo de oferecer proteção ainda maior, pois filtram os gases tóxicos reduzindo: dores de cabeça causadas por inalação de poluição, falta de concentração, reações alérgicas e problemas respiratórios provocados em situações de tráfego intenso. A estrutu- ra dele é similar à dos filtros comuns de microfibra, porém possui uma camada adicional de carvão ativado (Figura 16). Essa camada absorve o mau cheiro e os gases nocivos à saúde, como ozônio, benzeno, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e hidrocarbonetos. 38 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Carvão ativado Micro�bra Figura 16 – Filtro de cabine com carvão ativado. Intervalo de substituição do filtro de cabine A substituição do filtro de cabine deve ser realizada obedecendo à orientação do fabricante do veículo. Via de regra, recomenda-se a substituição do filtro de cabine a cada 6 meses ou a cada 15.000 km rodados. No caso dos filtros de cabi- ne com carvão ativado, a substituição deve ser feita também a cada 6 meses ou a cada 10.000 km rodados, pois a capacidade de filtragem dele é mais eficiente. Deve-se levar em conta o tempo de uso do veículo e do ar-condicionado em vias de tráfego intenso, pois o período de substituição pode ser reduzido quando o veículo trafegar em regiões onde a poeira no ar é mais intensa. Alguns problemas podem ser observados quanto à necessidade de substituição do filtro de cabine: • odor desagradável (filtro e sistema de ventilação sujos); • redução da entrada de ar para a cabine (filtro saturado); • perda de eficiência do ar-condicionado. Posicionamento do filtro de cabine nos veículos (linha leve) Os filtros de cabine nos veículos linha leve (veículos de passeio) estão posiciona- dos no compartimento existente logo abaixo do para-brisa dianteiro. A Figura 17 ilustra as variações de posição do alojamento do filtro na linha leve. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 39 A localizado à esquerda de quem abre o capô do veículo B centralizado com o capô do carro C localizado à direita de quem abre o capô do veículo D alojado no compartimento atrás do porta-luvas, com três possíveis localizações, porém, em todos os casos, é necessária a retirada do porta-luvas para substituição do elemento filtrante E localizado abaixo do porta-luvas, e não é necessário retirar o porta-luvas para substituição F localizado do lado do passageiro, à esquerda, abaixo do porta-luvas G localizado do lado do motorista, à direita, no compartimento acima do pedal do acelerador Figura 17 – Posicionamento do filtro de cabine em veículo linha leve. Fonte: Adaptado do catálogo de filtros Filtros Mil. 40 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Para substituição do filtro de cabine pelo compartimento do motor, dependendo do veículo, pode ser executada a seguinte sequência (Figura 18): 1. Retirar a borracha de vedação sob o capô. 2. Levantar cuidadosamente a proteção plástica situada ao centro do veículo sob o capô. 3. Puxar as travas indicadas e remover o filtro de cabine antigo. 4. Colocar o novo filtro de cabine e pressionar as travas indicadas. Figura 18 – Sequência de substituição do filtro de cabine pelo compartimento do motor. Fonte: Autopeças Schuck. 1 2 3 4 1 2 3 4 CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 41 Para instalação do novo filtro de cabine, o procedimento a ser executado é o inverso do apresentado. A sequência de substituição de filtro de cabine pela cabine do veículo pode ser (Figura 19): 1. Remover o acabamento do porta-luvas (o filtro de cabine está localizado atrás do porta-luvas). 2. Pressionar as laterais do porta-luvas para deslocá-lo. 3. Remover a tampa indicada, então remover o filtro de cabine. 4. Substituir o filtro de cabine. Figura 19 – Sequência de substituição do filtro de cabine pela cabine do veículo. Fonte: Autopeças Schuck. 1 2 3 4 1 2 3 442 SISTEMA DE AR-CONDICIONADO VEICULAR Da mesma forma, para instalação do novo filtro de cabine pela cabine, o procedi- mento a ser executado é o inverso do apresentado. 4. Ciclo de refrigeração e seus componentes Ciclo de refrigeração com válvula de expansão termostática (TXV) Ciclo de refrigeração com tubo de orifício (capilar) Componentes do sistema de ar-condicionado veicular O ciclo de refrigeração utilizado no sistema de ar-condicionado veicular é fun- damental para a produção de ar frio. Ele se completa graças a um conjunto de componentes, entre eles: compressor, condensador, filtro secador, dispositivo de expansão e evaporador (Figura 1). Figura 1 – Ciclo básico de refrigeração. Fonte: Climatizador: conceitos básicos. Volkswagen. O compressor realiza sucção do fluido refrigerante do evaporador no estado ga- soso (vapor superaquecido) e descarrega-o em alta pressão no condensador. Ao Descarga Sucção Compressor Dispositivo de expansão Condensação Filtro secador Evaporação Ar frio Ar quente 44 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES entrar no condensador, o fluido refrigerante passa do estado gasoso para o estado líquido, em virtude do fluxo de ar frontal dos ventiladores, que auxilia na dissipa- ção do calor absorvido pelo fluido refrigerante. O fluido líquido (sub-resfriado) sai pelo condensador em alta pressão, passando pelo filtro secador, onde serão absorvidas impurezas e umidade provenientes do desgaste de componentes. Ao sair do filtro secador, ele passa pelo dispositivo de expansão, onde será “pul- verizado” em estado líquido e em baixa pressão no evaporador. Por meio do fluxo de ar insuflado no evaporador, pelo ventilador da caixa de ar, o fluido refrigerante absorve o calor da cabine do veículo, mudando do estado líquido para o gasoso, e seguindo para a linha de sucção do compressor, iniciando novamente o ciclo. O mercado de ar-condicionado veicular dispõe de dois tipos de ciclo de refri- geração: • com válvula de expansão termostática; • com tubo de orifício fixo. A diferença entre os dois tipos de ciclo ocorre apenas no modelo do dispositivo de expansão e no tipo e posição do dispositivo de filtragem. Ciclo de refrigeração com válvula de expansão termostática (TXV) Esse tipo de ciclo de refrigeração é constituído por um dispositivo de expan- são tipo válvula de expansão termostática (do inglês, Thermal Expansion Valve, TXV), evaporador, compressor, condensador e filtro secador (Figura 2). Nesse ciclo de refrigeração, a TXV tem como função pulverizar o fluido refrigerante (líquido sub-resfriado) e controlar a vazão de acordo com a carga térmica cir- culante no evaporador. No ciclo de refrigeração com TXV, o filtro secador é instalado na linha de alta pressão do sistema, logo após a saída do condensador. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 45 7 1 6 2 3 Vapor, alta presão Líquido, alta presão Líquido, baixa presão Vapor, baixa presão 4 5 8 1 válvula de expansão TXV 2 evaporador 3 ventilador 4 válvula de serviço (baixa pressão) 5 válvula de serviço (alta pressão) 6 compressor 7 condensador 8 filtro secador Figura 2 – Ciclo de refrigeração com válvula de expansão termostática (TXV). Fonte: Senai-SP. Ciclo de refrigeração com tubo de orifício (capilar) Esse ciclo de refrigeração é formado por dispositivo de expansão tipo tubo de orifício fixo, evaporador, compressor, condensador e filtro acumulador secador (Figura 3). O ciclo de refrigeração com tubo de orifício fixo ou capilar pulveriza o fluido refri- gerante sempre na mesma quantidade. Como não há variação da vazão de fluido 46 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES refrigerante no evaporador, é necessário mudar a posição do filtro para a linha de sucção, modificando também sua estrutura, que passa a ter maior capacidade, a fim de acumular o fluido refrigerante, evitando que ele possa chegar em estado líquido à linha de sucção, proveniente da baixa temperatura do evaporador, e assim evitar danos ao compressor. No ciclo de refrigeração com tubo de orifício fixo, o filtro acumulador secador é instalado na linha de baixa pressão, logo após a saída do evaporador. 6 1 2 3 4 5 1 compressor 2 filtro acumulador secador 3 orifício de expansão 4 evaporador 5 ventilador do evaporador 6 condensador Figura 3 – Ciclo de refrigeração com tubo de orifício fixo (capilar). Fonte: Senai-SP. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 47 Componentes do sistema de ar-condicionado veicular A Figura 4 mostra a disposição dos componentes do sistema de ar-condicionado veicular desde a cabine até o compartimento do motor. CondensadorRadiador Ventilador de arrefecimentoFiltro acumulador secador Mangueira de água quente EvaporadorCaixa de distribuição de ar Difusores de ar Painel de controle Aquecedor Tubo de orifício ou Válvula de expansão Dutos de distribuição de ar Mangueiras Compressor Filtro secador Figura 4 – Componentes do sistema de ar-condicionado. Fonte: Senai-SP. A seguir serão apresentados os principais componentes do sistema de ar-condi- cionado do automóvel. Condensador O condensador é responsável por dissipar para o ambiente externo o calor absor- vido pelo fl uido refrigerante no evaporador, transformando-o do estado gasoso para o estado líquido. Constitui-se de uma serpentina, geralmente de alumínio, com uma série de aletas para arrefecimento do fl uido refrigerante. Localiza-se na parte frontal do veículo, entre a grade e o radiador do sistema de arrefecimento. Cuidados com o condensador O condensador poderá apresentar problemas em seu funcionamento em razão de: • vazamentos; • excesso do fl uido refrigerante; • restrição (entupimento) ao fl uxo de ar através da colmeia; 48 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES • impacto e vibração poderão causar trincas e rachaduras nas tubulações do condensador. O excesso de fluido refrigerante pode causar alta pressão de condensação e alta temperatura de descarga. Uma restrição parcial (aleta amassada) na tubulação poderá causar a formação de gelo, sendo que isso acontece por causa da expansão do fluido refrigerante logo que ele passa pela restrição. Para o perfeito funciona- mento do ar-condicionado e do sistema de arrefecimento, é importante que as aletas do condensador estejam limpas e alinhadas, permitindo assim um perfeito fluxo de ar e uma adequada dissipação de calor (Figura 5). Fluxo do refrigerante paralelo duplo Conexão tubo/aleta do tipo expansão mecânica Fluxo do refrigerante normal de cima para baixo Tubos circulares Saída Condensador convencional do tipo tubo e aleta Figura 5 – Condensador convencional do tipo tubo e aleta. Fonte: Senai-SP. Com a substituição do fluido refrigerante R12 pelo R134a, houve a necessidade de melhoria no condensador do sistema de ar-condicionado. Assim, a indústria automobilística lançou um novo conceito de condensador, menor, tipo serpen- tina de alumínio com microcanal, que aumenta a área de troca de calor e a efi- ciência em média 30% (Figura 6). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 49 Tubo Fluido refrigerante gasoso Fluido refrigerante líquido Figura 6 – Detalhe do condensador microcanal. Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. Dispositivo de filtragem Esse componente é instalado na linha de alta pressão com a denominação de filtro secador e na linha de baixa pressão com a denominação de filtro acumu- lador secador, desempenhando uma função muito importante no sistema de ar-condicionado, que é reter partículas, umidade e acidez por meio de agentes dessecativos à base de sílica-gel, XH-7, ou à base de mineral zeólito, XH-9, para adsorção de água do sistema – ambos específicos para aplicação em fluido re- frigerante R134a. Filtro secador É um dispositivo de filtragem (Figura 7) que assume três funções no ciclo de refrigeração: • reter impurezas sólidas decorrentes do desgaste dos componentes mecânicos do ciclo de refrigeração; • reter a umidade do fluido refrigerante por meio de cristais higroscópicos (sílica-gelou zeólito), evitando o congelamento do orifício da válvula de ex- pansão termostática com a diminuição da pressão, que bloquearia o fluxo do fluido refrigerante; 50 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES • garantir o acúmulo de fluido refrigerante (100%) líquido na entrada da válvula de expansão, possibilitando um fluxo contínuo mesmo com as variações de rotação do motor. Entrada Saída Dessecante Figura 7 – Filtro secador. Fonte: Climatizador R 134a. Volkswagen. Em alguns veículos modernos, o filtro secador está incorporado ao condensador, o que torna necessário substituir o refil do elemento filtrante no processo de manutenção (Figura 8). Local para instalação do re�l Figura 8 – Filtro secador com refil. Fonte: Luizinho ar-condicionados. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 51 Filtro acumulador secador O filtro acumulador secador está localizado na linha de baixa pressão, na saída do evaporador, e tem como função reter a umidade que possa conter no sistema. Ele também atua como separador de líquido, de vapor e de óleo. Dessa forma, esse filtro protege o compressor contra um possível retorno de líquido. Tubo de sucção de vapor Saída do evaporador Líquido Agente dessecante Para o compressor Figura 9 – Filtro acumulador secador. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. No interior do filtro acumulador secador, há um elemento dessecante e um sifão com um orifício de sangria que permite que o óleo retorne para o compressor, o que garante sua lubrificação (Figura 9). Dispositivos de expansão No ciclo de refrigeração de ar-condicionado automotivo, existem dois tipos de dispositivos de expansão: • com válvula de expansão termostática (TXV); • com tubo de orifício fixo calibrado (capilar). 52 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES Válvula de expansão termostática com sensor interno (TXV) A função da válvula TXV consiste em restringir a passagem do fluido refrigerante e diminuir a pressão e temperatura na entrada do evaporador. Conforme a varia- ção da carga térmica no interior do veículo, a válvula de expansão atua fazendo o controle de vazão de fluido refrigerante na entrada do evaporador, ou seja, se a temperatura da saída do evaporador aumenta, a pressão no bulbo sensor interno também aumenta, exercendo uma força contra a mola, deslocando a agulha e aumentando a vazão e a troca de calor. Quando a temperatura na saída do eva- porador diminui, a pressão no bulbo sensor interno também diminui, fazendo com que a mola exerça uma força contrária, deslocando a agulha e reduzindo a vazão e, consequentemente, a troca de calor. A válvula TXV está instalada na entrada do evaporador, geralmente com acesso pelo compartimento do motor (Figura 10). Saída do evaporador Entrada do evaporador Para o compressor Do �ltro secador Figura 10 – Válvula de expansão termostática (TXV). Fonte: Adaptado de Climatizador R 134a. Volkswagen. Esse tipo de válvula de expansão tem as seguintes vantagens: • resposta rápida, pois o bulbo sensor térmico está no interior da válvula; • não sofre interferências de fatores externos; • facilidade de manutenção em virtude da posição de montagem (externa à caixa de ar). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 53 Tubo de orifício fixo calibrado (capilar) Como a válvula de expansão, o tubo de orifício fixo tem a finalidade de restringir a passagem do fluido refrigerante e diminuir a pressão e a temperatura na entrada do evaporador. Em razão da variação de carga térmica existente nos veículos, fez-se necessária a produção de tubos de orifício com vários diâmetros de expansão, sendo identificados por cores correspondentes à aplicação em cada veículo (Figura 11). Figura 11 – Tubos de orifício fixo. Com a utilização deste tipo de dispositivo de expansão não ocorre variação na vazão de fluido refrigerante, uma vez que o orifício de expansão é fixo, então sempre será injetada a mesma quantidade de fluido refrigerante no evaporador, o que pode ocasionar risco de retorno de fluido em estado líquido para o com- pressor. Com o intuito de evitar tal problema, o ciclo de refrigeração com tubo de orifício fixo requer a instalação de um filtro acumulador secador na linha de baixa pressão, atuando como um acumulador e garantindo assim a segurança do compressor contra um eventual “calço hidráulico”. Evaporador É um trocador de calor de alumínio que tem como função resfriar e controlar a umidade do ar insuflado no interior do veículo (Figura 12). Isto é, quando o ar renovado ou recirculado é forçado a passar pela colmeia do evaporador, ele cede o seu calor paro o fluido refrigerante que circula internamente, fazendo-o evaporar. 54 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES O evaporador utilizado no sistema de ar-condicionado veicular atualmente é do tipo brasado e encontra-se instalado no interior da caixa de ar. Evaporador Fluxo de refrigerante normal no evaporador de baixo para cima Figura 12 – Evaporador. Fonte: Senai-SP. Por se tratar de uma aplicação típica para sistema de ar-condicionado, a tempe- ratura de trabalho do evaporador não deve ser inferior a 0°C, pois isso congelaria a sua superfície e obstruiria a passagem do ar pela colmeia. Isso ocorre porque o ar contém umidade e, se o evaporador estiver à temperatura inferior a 0°C, essa umidade tenderia a se cristalizar, formando gelo. Compressor O compressor é responsável por comprimir o fluido refrigerante que passa pelo circuito de refrigeração, succionando vapor a baixa pressão (e baixa temperatu- ra) do evaporador e descarregando vapor a alta pressão (e alta temperatura) no condensador. Existem atualmente na linha automotiva três tipos de compressor: • alternativo de cilindrada fixa ou variável, conhecido como Swash Plate; • rotativo com duas palhetas ou palheta móvel conhecido como Rotary Ventium; • rotativo Scroll. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 55 Compressor alternativo de cilindrada fixa Nesse tipo de compressor, o movimento rotativo é transformado em um movi- mento retilíneo alternado dos pistões, por meio do disco inclinado que é fixado ao eixo do compressor. Ele é composto de três ou cinco pistões duplos, conforme a Figura 13. O compressor de três pistões é denominado 6P e o compressor de cinco pistões é denominado de 10P. Rolamentos Válvula de serviço Placa de válvulas Eixo Tampa traseira Disco inclinadoCilindro Tampa dianteira Selo mecânico Embreagem eletromagnética Pistão Esfera de aço Sapata Figura 13 – Compressor alternativo de cilindrada fixa. Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. Esse compressor também é dotado de embreagem eletromagnética, dispositivo que acopla o compressor ao sistema rotativo do motor do veículo, que será es- tudado mais adiante. Mecanismo de compressão A rotação do motor é transmitida ao eixo do compressor pela embreagem ele- tromagnética. Essa rotação no eixo faz girar o disco inclinado, que, por sua vez, desloca os pistões no sentido longitudinal. Ao mesmo tempo que o pistão, de um lado, está admitindo o fluido refrigerante no estado gasoso, do outro lado, 56 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES está comprimindo o fl uido refrigerante, ainda no estado gasoso, e aumentando a sua pressão (Figura 14). Cilindro Eixo Rolamento agulha Disco inclinado Pistão Esfera e calço Figura 14 – Eixo e disco inclinado do compressor. Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. Existem dois tipos de válvula instalados na placa. Um é o de sucção, instalado na parte interna; outro é o de descarga, instalado na parte externa, onde se encontra o batente da válvula de descarga, que limita o seu curso (Figura 15). BatenteVálvula de descarga (D) Válvula de sucção (S) Placa de válvulas Figura 15 – Placa de válvula. Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 57 Enquanto o pistão se desloca para baixo e aumenta o volume no interior do ci- lindro, a válvula de descarga permanece fechada e, ao mesmo tempo, aválvula de sucção se abre por causa da ação do pistão, permitindo a entrada do fluido refrigerante no estado gasoso (Figura 16). Sucção Figura 16 – Válvula de sucção. Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. Enquanto o pistão sobe e diminui o volume no interior do cilindro, o fluido refrigerante no estado gasoso é descarregado através da válvula de descarga, sob alta pressão e temperatura (Figura 17). Descarga Figura 17 – Válvula de descarga. Fonte: Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. 58 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES Embreagem eletromagnética O compressor é acionado pela ligação do eixo com a embreagem eletromagné- tica. Logo que é acionada a partida no motor, a polia múltipla em “V” gira livre- mente no eixo do compressor. Quando se aciona o ar-condicionado, a corrente elétrica passa pela bobina indutora (estator) magnetizando-a, atraindo o prato de acionamento fixado ao eixo do compressor para a polia. Assim, a embreagem acopla, ou seja, permite que a rotação do eixo do motor seja transmitida ao eixo do compressor, que entra em funcionamento e assume a velocidade conforme o número de rotações do motor. A Figura 18 ilustra uma embreagem magnética. Atração CuboPoliaEstator Figura 18 – Embreagem eletromagnética. Fonte: Senai-SP. Quando o ar-condicionado é desligado, a corrente elétrica deixa de passar pela bobina indutora e o prato se afasta da polia múltipla. Esse afastamento é também auxiliado por molas de retorno. Compressor alternativo de cilindrada variável Esse tipo de compressor está disponível nos veículos com cinco, seis ou sete pis- tões que atuam com deslocamento de volume variável e se adequam à demanda de carga térmica do sistema, sem apresentar ciclagem do compressor, controlando a temperatura de sucção e o curso de seus pistões (Figura 19). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 59 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112 13 14 15 1 conjunto de cabeçote 2 anel de vedação 3 conjunto de placa 4 terminais da bobina eletromagnética 5 acionador da embreagem 6 vedador 7 anel 8 bobina eletromagnética 9 anel de vedação 10 esfera-guia 11 pino-guia 12 junta 13 anel de retenção 14 válvula de controle 15 placa de válvula Figura 19 – Compressor alternativo de cilindrada variável. Fonte: Senai-SP. O controle do deslocamento da placa que aciona os pistões é efetuado por uma válvula de controle (torre) que, no seu interior, possui um diafragma com a função de monitorar constantemente a pressão de sucção. A diferença entre as 60 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES pressões de sucção e da carcaça do compressor determina o ângulo do disco, controlando assim o curso dos pistões e, consequentemente, o deslocamento volumétrico do compressor. Atuação da válvula de controle torre (Figura 20) Quando a demanda de carga térmica do sistema diminui, a pressão de sucção fica acima do ponto da válvula de controle. Então o diafragma (3) se dilata, fechando a passagem (2) entre a linha de sucção e o interior da carcaça, movendo a vál- vula esférica (1). Com isso, o fluido refrigerante passa da linha de alta pressão, através do orifício liberado pela válvula esférica, para o interior da carcaça do compressor, diminuindo o curso dos pistões e, consequentemente, a capacidade volumétrica do compressor. 1 2 3 Da descarga do compressor Para sucção do compressor Alta pressão Baixa pressão Pressão no interior da carcaça Figura 20 – Válvula de controle torre. Fonte: Senai-SP. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 61 Quando a demanda de carga térmica do sistema aumenta, a pressão de sucção atinge o ponto da válvula de controle (Figura 21). Nesta condição, o diafragma (3) contrai-se, fechando a válvula esférica (1), liberando a passagem (2) entre o interior da carcaça e a linha de sucção. Com isso, o fluido refrigerante passa do interior da carcaça, através da passagem liberada, para a linha de baixa pressão, aumentando o curso dos pistões e, consequentemente, a capacidade volumétrica compressor. 1 2 3 Alta pressão Baixa pressão Pressão no interior da carcaça Da descarga do compressor Para sucção do compressor Figura 21 – Válvula reguladora. Fonte: Senai-SP. 62 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES Compressor rotativo (Rotary Ventium) Os compressores rotativos (Rotary Ventium) utilizados em alguns veículos pos- suem em seu interior um rotor com palhetas montadas em um alojamento cilín- drico, que gira em volta de uma carcaça excêntrica, com a função de succionar e comprimir o fl uido refrigerante. Os compressores rotativos desempenham funções semelhantes à dos compressores alternativos (Figuras 22 e 23). Selo Eixo dianteiro Eixo traseiro Rolamento Palheta Carcaça traseiraRolamento Carcaça dianteira Figura 22 – Compressor rotativo. Fonte: Senai-SP. Palheta b Passagem para sucção Fluido refrigerante Início de sucção Início da compressãoSucção completa Descarga completa Compressão completaInício da descarga Passagem para descarga Válvula de descarga Palheta Palheta b a Palheta Palhetaa b Palheta a Palheta a Palheta a b Palheta b Palheta b Palheta a Passagem para descarga Palheta Figura 23 – Ciclo de compressão do compressor rotativo. Fonte: Senai-SP. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 63 Compressor rotativo Scroll O compressor rotativo Scroll é concebido na forma de dois caracóis, um dentro do outro, sendo que um desses caracóis trabalha por rotações, enquanto o outro trabalha fixo (Figura 24). Dessa forma, em virtude da rotação do caracol móvel, o fluido refrigerante no estado gasoso é succionado do evaporador e compri- mido das extremidades para o centro do caracol, até que seja descarregado no estado gasoso em alta pressão e temperatura para o condensador. Área de pressão de sucção Estator Embreagem Polia Caracol móvel Caracol �xoÁrea de descarga de alta pressão Válvula de descarga Figura 24 – Compressor Scroll. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. Esse compressor é simples, pois possui poucas partes: caracóis fixo e móvel, que formam a câmara de compressão. Lubrificação do compressor Os compressores aplicados em sistemas de ar-condicionado veicular não pos- suem cárter de óleo. Portanto, uma parte do óleo fica no compressor e o restante circula com o próprio fluido refrigerante no sistema. Quanto ao óleo, são aplicados dois tipos: 64 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES • para sistemas com fluido refrigerante R12: óleo mineral; • para sistemas com fluido refrigerante R134a: óleo PAG (polialquilenoglicol). A quantidade e a qualidade do óleo são de extrema importância, pois, no mo- mento em que houver necessidade de reparos no sistema de refrigeração, deve ser adicionada a quantidade de óleo correta, caso contrário, pode haver danos e comprometimento da vida útil do compressor. No caso de uma manutenção corretiva em que haja necessidade de substituição do compressor, deve-se efetuar a limpeza do evaporador, condensador e de toda a tubulação com fluido refrigerante R141b; em seguida, deve-se instalar o novo compressor, com a quantidade requerida pelo sistema de ar-condicionado. Observação Se este procedimento for desprezado poderá ocasionar a quebra do novo compressor. Dispositivo de alívio de pressão Esse dispositivo atua com o objetivo de segurança no sistema de ar-condicionado. Caso a pressão interna do sistema frigorífico atinja níveis acima de 500 PSI, o dispositivo liberará o fluido refrigerante para a atmosfera, evitando acidentes e danos aos componentes. Nos sistemas que operam ainda com fluido refrigerante R12, esse dispositivo recebe a denominação plugue fusível, geralmente está localizado no filtro seca- dor e se rompe no caso de sobrepressão, liberando totalmente a carga de fluido refrigerante para a atmosfera (Figura 25). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 65 Plugue fusível Figura 25 – Plugue fusível. Fonte: Adaptado de Climatizador: Santana Quantum 92 família BX. Volkswagen. No caso do sistema frigoríficoque opera com fluido refrigerante R134a, é utiliza- da uma válvula de alívio no lugar do plugue fusível (Figura 26). O objetivo dessa válvula é proporcionar, além de segurança e maior economia, mais proteção ao meio ambiente: quando a pressão está excessivamente alta, ela abre e libera parte do fluido refrigerante até que a pressão atinja os valores normais de trabalho, fechando logo em seguida. Válvula de alívio Figura 26 – Válvula de alívio. Fonte: Adaptado de Climatizador R 134a. Volkswagen. Com essa válvula, não ocorre a descarga total do R134a. 66 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES (L/min) 113 0 Q ua nt id ad e de c al or 400 500 600 Pressão (PSI) Figura 27 – Características de operação da válvula de alívio. Fonte: Adaptado de Climatizador R 134a. Volkswagen. Por meio do gráfico, pode-se verificar que a válvula opera conforme os seguintes limites (Figura 27): • pressão de abertura: 500 a 600 PSI; • pressão de fechamento: < 400 PSI. Localiza-se junto ao compressor, mas também é possível encontrá-la nas man- gueiras de alta pressão. Observação Existe uma fita adesiva colada no orifício da válvula de alívio, que é usada como indicador para informar que o sistema apresentou descar- gas. O rompimento desse selo indica que o sistema apresentou perda de fluido refrigerante. Mangueiras e tubulações Os componentes do ciclo frigorífico são interligados por tubos de alumínio e mangueiras de borracha. As partes fixas, que não requerem liberdade de movi- mento, são totalmente de alumínio, porém, quando estão sujeitas a movimenta- ção e vibrações, como bloco motores suspensos em coxins, são requeridas man- gueiras de borracha. Na Figura 28, pode ser visto o arranjo do ciclo frigorífico com mangueiras e tubos de alumínio. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 67 Mangueira Tubulação de alumínio Figura 28 – Ciclo frigorífico com mangueiras de alumínio. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. Mangueiras de borracha Em virtude de a molécula do fluido R134a ser muito reduzida e ter pressões ele- vadas, a mangueira é revestida em seu interior com nylon, para evitar a fuga de refrigerante através da porosidade da mangueira de borracha. A Figura 29 ilustra a estrutura da mangueira utilizada atualmente com fluido R134a. Figura 29 – Mangueira de borracha. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. Borracha Borracha nitrílica Nylon Reforço 68 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES Válvulas de serviço Para evitar a mistura acidental de fluidos refrigerantes a SAE (Society of Automo- tive Engineers) desenvolveu válvulas de serviço específicas para aplicação com fluidos refrigerantes R12 e R134a. Na Figura 30, pode-se visualizar a válvula de serviço que foi utilizada nos veículos R12 até 1994. Na Figura 31, pode-se visualizar a válvula de serviço utilizada nos veículos R134a a partir de 1995. Essas válvulas de serviço encontram-se instaladas nas linhas de alta e baixa pressão ou no compressor. Válvula shrader Capa protetora 1/4” ou 3/16” Figura 30 – Válvula de serviço. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. 1. R12 conector lado alto 3/16”. 2. R12 conector lado baixo 1/4”. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 69 Válvula shrader Capa com anel de borracha Figura 31 – Válvula Shrader. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. 1. R134a conector lado alta pressão 16 mm engate rápido. 2. R134a conector lado baix pressão 13 mm engate rápido. Para ter acesso à leitura de pressões dos sistemas que operam com fluido refrigerante R134a, são utilizados conectores do tipo engate rápido. Antes que seja conectado ou desconectado o engate rápido nas válvulas de baixa pressão (azul) e alta pressão (vermelho), deve-se assegurar que ele esteja fechado, evitando a perda de fluido refrigerante no momento da instalação. Na Figura 32, pode-se visualizar os conectores utilizados nos veículos R134a. Engate rápido de baixa pressão Engate rápido de alta pressão Figura 32 – Engates nas válvulas. 70 CICLO DE REFRIGERAÇÃO E SEUS COMPONENTES Anéis O´rings As tubulações do sistema de ar-condicionado são interligadas por conexões de alumínio e vedadas por meio de anéis O'rings de borracha nitrílica hidrogenada butadieno (HNBR) e identificada pela cor verde para o fluido R134a (Figura 33). Certifique-se quando for proceder à montagem das tubulações de tomar a pre- caução de lubrificar os anéis com o óleo lubrificante utilizado no sistema ar-con- dicionado, para prevenir contra o seu ressecamento. HFC-134a CFC-12 Figura 33 – Anéis O’ring. Fonte: Ariazone Automotive Air Conditioning Training Manual. 5. Componentes eletroeletrônicos Bateria Fusíveis Relé Interruptor térmico do radiador Sensor de temperatura de arrefecimento Sistema de ventilação interna com resistor ou com módulo de resistência eletrônico Ventilador do sistema de arrefecimento Termostato Pressostato Transdutor de pressão Termistor Sensores de temperatura Fotossensor de incidência da irradiação solar Atuadores Exemplos de circuitos elétricos de sistema de ar-condicionado veicular Este capítulo mostrará os principais componentes elétricos e eletrônicos utiliza- dos no sistema de ar-condicionado automotivo, e definirá suas principais funções e aplicação no sistema. 72 COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS Bateria A bateria é um dispositivo de armazenamento de energia química que tem capa- cidade de se transformar em energia elétrica quando solicitada. Logo, ao contrário do que comumente se acredita, as baterias não são depósitos de energia elétrica, mas sim de energia química, até que um circuito seja conectado aos polos dela, dando origem a uma reação química em seu interior, convertendo a energia química em elétrica, que é então fornecida ao circuito. As principais funções da bateria são: • fornecer energia para fazer funcionar o motor de partida; • suprir de energia as lâmpadas das lanternas de estacionamento e outros equi- pamentos que poderão ser usados enquanto o motor não estiver operando; • agir como estabilizador de tensão para o sistema de carga e outros circuitos elétricos; • disponibilizar tensão e corrente elétrica quando a demanda de energia do automóvel exceder a capacidade do sistema de carga (alternador/dínamo). A bateria veicular, também denominada “acumulador chumbo-ácido”, é consti- tuída basicamente pelos componentes indicados na Figura 1. Polo Bloco de placas completo Conjunto de placas negativas Placa de chumbo negativa Malha de chumbo negativa Placa de chumbo positiva Malha de chumbo positiva Lingueta Placa de chumbo positiva com separador Conjunto de placas positivas União de interconexão entre placas Respiro Alça imbatível integrada Figura 1 – Componentes da bateria. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 73 Na maioria dos veículos, a bateria é instalada o mais próximo possível do motor de partida, que é o seu maior consumidor de energia. Essa medida visa garantir um melhor fornecimento de energia ao motor de partida e diminuir as perdas ao longo dos condutores. As partes da bateria são: caixa, elemento ou célula, placas, separadores, polos ou terminais e eletrólito. Caixa É feita com um material leve, o propileno, excepcionalmente resistente e durável. A caixa resiste facilmente às vibrações que ocorrem durante o funcionamento da bateria, em diversos tipos de terreno. Elemento ou célula É um conjunto de placas e separadores agrupados, ligados em paralelo. Os ele- mentos de bateria estão apoiados sobre pontes e não tocam o fundo da caixa. Esse espaço existe para receber a sedimentação de resíduos que se fragmentam das placas, evitando um curto-circuito entre elas. Placas As placas positivas e negativas são chapas semelhantes a uma peneira grossa, mas na verdade são grades (compostas de uma liga de chumbo-antimônio), co- bertas de material ativo. O material ativo usado nas placas positivas é o peróxido de chumbo (PbO2), quelhes dá uma coloração marrom-escura; já nas placas negativas, o material ativo usado é o chumbo esponjoso (Pb), que lhes dá uma coloração cinza. Atualmente, alguns fabricantes de bateria utilizam uma liga de elementos de chumbo e cálcio para fazer as grades. A Figura 2 apresenta o elemento ou célula de bateria. 74 COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS Conjunto de placas positivas Conjunto de placas negativasSeparador Figura 2 – Elemento ou célula da bateria. Separadores Para a montagem do elemento, entrelaçam-se as placas positivas e negativas, e se introduz entre elas separadores isolantes. Eles impedem que ocorra curto-cir- cuito entre as placas. Por ser microporoso, o separador possibilita a passagem de íons, que são transferidos das placas para o eletrólito durante as reações internas da bateria. Polos ou terminais São pontos de conexão entre a bateria e os circuitos consumidores externos. As baterias são equipadas com um polo positivo e outro negativo, ambos de chum- bo. O polo positivo é gravado com o sinal mais (+) e é, de maneira geral, de cor mais escura e de maior diâmetro do que o polo negativo, que é gravado com o sinal menos (–) (Figura 3). CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 75 Polo negativo Polo positivo Figura 3 – Polos ou terminais da bateria. Fonte: Senai-SP. Eletrólito Cada conjunto de placas (elementos) de cada célula é imerso em solução de ácido sulfúrico e água destilada ou em um gel (eletrólito), que vai provocar a reação entre os metais ativos das placas. O ácido sulfúrico tem densidade maior que a da água. Por isso, quando a bateria está descarregada, o eletrólito “pesa” pouco; quando a bateria está carregada, “pesa” mais. Quando a bateria está totalmente carregada, a solução fica com uma concentração de aproximadamente 36% de ácido e 64% de água (por solução), e é dito que sua densidade é de 1,260 g/L à temperatura de 26,5°C (Figura 4). Água + = 64% H2O 36% H2SO4 Ácido Eletrólito Figura 4 – Eletrólito. Fonte: Senai-SP. 76 COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS Há outras formas de definir densidade, entretanto, para este estudo, define-se que densidade é o quanto pesa um determinado volume. A densidade da água é 1. Isso significa que 1 litro de água pesa 1 quilo. O ácido sulfúrico puro tem a densidade de 1,84, ou seja, ele pesa 1,84 vezes mais que a água. Nível do eletrólito Uma pequena diminuição no nível do eletrólito da bateria, temporariamente pode ser considerada normal, em virtude da evaporação da água. Isso ocorre no processo de carga da bateria, que libera átomos de hidrogênio e de oxigênio que escapam pelos furos de respiros das tampas. O nível de eletrólito da bateria deve ser verificado periodicamente e, se ne- cessário, ser corrigido. Para isso, deve-se adicionar somente água destilada até completar 1,5 cm acima das placas; não confundir com a altura dos separadores. Muitas baterias trazem na tampa uma marca do nível correto do eletrólito. No caso da bateria, o eletrólito tem uma densidade de 1,260 g/L, isto é 1,26 g/L mais pesado que a água. Quando a bateria se descarrega totalmente, surge mais água no eletrólito e ele fica mais diluído, e a densidade dele cai para 1,16 g/L (Figura 5). DENSIDADE DE 25º ESTADO DE CARGA 1.260 - 1.280 g/L 1.230 - 1.250 g/L 1.200 - 1.220 g/L 1.170 - 1.190 g/L 1.140 - 1.160 g/L 1.110 - 1.130 g/L 100% 75% 50% 25% baixa capacidade descarregada H2SO4 Figura 5 – Medição da densidade. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 77 Teste de bateria Cuidados especiais devem ser observados ao efetuar um teste em um sistema elétrico que apresenta funcionamento deficiente. Alguns defeitos atribuídos à bateria podem ser ocasionados por outros com- ponentes do sistema. Assim, possíveis falhas da bateria devem ser pesquisadas cuidadosamente, não só para evitar a indevida substituição de baterias em condi- ções normais de funcionamento, como para evitar trabalhos desnecessários para a eliminação de falhas cuja origem se localiza em outras áreas e que poderiam vir a inutilizar a bateria. Existem dois processos para carregar a bateria: o de carga lenta e o de carga rápida. Eles funcionam conforme se explica a seguir. Carga lenta A maioria das baterias pode ser carregada totalmente num período de 12 a 14 horas. Uma bateria está completamente carregada quando os vasos deixam de formar gases (bolhas de gases) e a densidade deixa de subir em três leituras su- cessivas, tomadas a intervalos de 1 hora. Em uma bateria de 15 placas em cada vaso, sete são positivas e oito são negativas. O regime recomendado de carga lenta é de 1/10 da capacidade da bateria. Exemplo Bateria de 36A/h : corrente para recarga = 3,6A. Carga rápida A carga rápida não recupera totalmente uma bateria, porém deve ser suficiente para que forneça energia ao veículo em um caso de emergência. Nunca se deve aplicar a carga rápida numa bateria com densidade acima de 1,250 g/L. O regime da carga rápida é de no máximo 1/3 da capacidade nominal da bateria. 78 COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS Exemplo Bateria de 36A/h: corrente para recarga = 12A. A temperatura sobe durante a carga rápida. Se fi car superior a 49°C, é conve- niente diminuir a intensidade da corrente de carga para evitar danos à bateria. Recarga Antes de submeter a bateria à recarga, deve-se: 1. Verifi car o nível do eletrólito, completando-o, se necessário, até aproximadamente 1,5 cm acima das placas. 2. Ligar os terminais do carregador aos da bateria, observando a po- laridade correta para não causar danos. As ligações dos equipamentos de teste do sistema elétrico e baterias devem ser feitas de acordo com as instruções do fabricante do aparelho (Figura 6). 3. Selecionar o tipo de carga no carregador. Nesse instante, a tensão elétrica sobre os terminais da bateria não poderá ultrapassar 14,5 V. Valores superiores a 14,5 V indicam defeito interno na bateria. Cabo negativo (preto) Cabo positivo (vermelho) Figura 6 – Carregador de bateria. Fonte: Senai-SP. CLIMATIZAÇÃO AUTOMOTIVA 79 Fusíveis São componentes que têm por função proteger a instalação elétrica e, dessa forma, impedir a ocorrência de acidentes. Fundem-se quando a corrente circulante atinge um limite acima do valor da corrente nominal em ampères, interrompendo o circui- to. Ao dimensionar um fusível, deve-se conhecer a corrente que circulará no circuito e instalar um fusível com capacidade em torno de 25% maior que a corrente nominal. A Figura 7 apresenta um modelo de fusível. Figura 7 – Fusíveis. Fonte: Thinkstock. Quando ocorre um curto-circuito em algum componente ou instalação, o fusível abre (queima) e interrompe a passagem da corrente elétrica (Figura 8). Após essa ocorrência, o usuário deve verificar o problema e corrigi-lo. Para restabelecer o funcionamento do circuito, o usuário deverá substituir o fusível. Figura 8 – Fusível queimado. 80 COMPONENTES ELETROELETRÔNICOS A Tabela 1 apresenta a relação entre a corrente nominal e a cor do fusível. Tabela 1 – Relação corrente nominal × cor do fusível Tipo lâmina (normal e mini) Maxifusíveis 3A violeta 20A amarelo 5A laranja 30A verde 7,5A marrom 40A laranja 10A vermelho 50A vermelho 15A azul 60A azul-claro 20A amarelo 70A marrom 25A incolor/branco/cinza 80A lilás 30A verde Fonte: Volkswagen. Relé Relé é um dispositivo que abre ou fecha circuitos elétricos, em resposta a um sinal de tensão. Os relés são classificados como eletromagnéticos ou eletrônicos, conforme o princípio de funcionamento. Relé eletromagnético Ao acionar o interruptor de comando, a corrente elétrica flui através da bobina e gera linhas de força magnética que, por sua vez, acionam o contato da linha de trabalho, energizando o consumidor. Um relé eletromagnético simples possui normalmente quatro pontos de ligação, sendo dois para a corrente da linha de comando, identificados por 85 e 86, e dois para a corrente da linha de trabalho, identificados por 30 e 87 (Figuras 9 e 10). Figura 9 – Relé eletromagnético simples de quatro
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