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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPORTES AQUÁTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5 
2 ATIVIDADES AQUÁTICAS: HISTÓRIA, PRINCÍPIOS FÍSICOS E APLICAÇÃO .... 6 
2.1 Atividades aquáticas: passado e presente .......................................................... 7 
2.2 Propriedades físicas da água.............................................................................. 8 
2.2.1 Princípios mecânicos .......................................................................................... 8 
2.2.2 Princípios térmicos ............................................................................................ 10 
2.3 Efeitos da imersão à água ................................................................................ 11 
2.4 Ajustes fisiológicos à imersão com o exercício físico ........................................ 13 
2.5 Possibilidades na prescrição dos exercícios ..................................................... 15 
3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO EXERCÍCIO NA ÁGUA .......................... 17 
3.1 Exercícios na água: indicações e contraindicações .......................................... 17 
3.2 Efeitos das atividades aquáticas: evidências científicas ................................... 20 
3.3 Biomecânica aplicada aos exercícios físicos .................................................... 22 
4 MODALIDADES ESPORTIVAS AQUÁTICAS....................................................... 25 
4.1 Habilidades motoras e de aptidão física das atividades aquáticas ................... 25 
4.1.1 Natação.......... ................................................................................................... 26 
4.1.2 Polo aquático .................................................................................................... 27 
5 FUNDAMENTOS DAS MODALIDADES AQUÁTICAS: CARACTERÍSTICAS 
BÁSICAS ................................................................................................................... 29 
5.1 Natação ............................................................................................................ 29 
5.1.1 A técnica dos nados .......................................................................................... 29 
5.2 Nado sincronizado ............................................................................................ 35 
5.3 Polo aquático .................................................................................................... 36 
5.4 Regulamento da natação, nado sincronizado e do polo aquático: aspectos 
gerais..........................................................................................................................37 
5.4.1 Natação............................................................................................................. 37 
5.4.2 Nado sincronizado ............................................................................................ 38 
5.4.3 Polo aquático .................................................................................................... 39 
6 PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA ........................................................... 40 
6.1 Modalidades...................................................................................................... 42 
6.1.1 Bodyboard......................................................................................................... 42 
 
3 
 
6.1.2 Surf................ .................................................................................................. 43 
6.1.3 Stand up paddle ................................................................................................ 45 
6.1.4 Wakeboard....... ................................................................................................. 46 
6.1.5 Kitesurf.......... .................................................................................................... 47 
6.1.6 Windsurf........ .................................................................................................... 49 
6.1.7 Canoagem.... .................................................................................................... 50 
6.1.8 Rafting............................................................................................................... 50 
6.1.9 Mergulho...... ..................................................................................................... 52 
6.2 Benefícios da prática das modalidades esportivas de aventura aquáticas ....... 53 
7 HIDROGINÁSTICA: ORIGEM HISTÓRICA E PECULIARIDADES ....................... 55 
7.1 Estruturação da prática ..................................................................................... 56 
7.2 Hidroginástica para grupos especiais ............................................................... 59 
7.2.1 Idosos........... .................................................................................................... 59 
7.2.2 Gestantes.......................................................................................................... 60 
7.2.3 Obesidade......................................................................................................... 61 
7.2.4 Outros grupos especiais ................................................................................... 61 
7.3 Programa de hidroginástica para todos os grupos ............................................ 64 
8 INFLUÊNCIA DA ÁGUA NO DESEMPENHO ESPORTIVO ................................. 66 
8.1 Os princípios hidrostáticos e hidrodinâmicos .................................................... 67 
8.2 Forças estáticas no meio líquido ....................................................................... 68 
9 EXERCÍCIO FÍSICO PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA.. 69 
9.1 Atividade física e qualidade de vida .................................................................. 69 
9.2 Exercício físico e doenças crônicas .................................................................. 71 
9.2.1 Doenças arteriais .............................................................................................. 72 
9.2.2 Depressão......................................................................................................... 72 
9.2.3 Diabetes....... ..................................................................................................... 72 
9.2.4 Osteoporose. .................................................................................................... 73 
9.2.5 Obesidade......................................................................................................... 73 
9.2.6 Câncer.......... .................................................................................................... 73 
9.2.7 Asma.............. ................................................................................................... 74 
9.3 Programas de exercícios para populações especiais ....................................... 74 
10 RESPOSTAS E EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO .. 76 
10.1 Sistema cardiovascular ..................................................................................... 76 
 
4 
 
10.2 Sistema respiratório .......................................................................................... 77 
10.3 Sistemas renal e hormonal ............................................................................... 77 
10.4 Sistema musculoesquelético............................................................................. 78 
10.5 Sistema nervoso ............................................................................................... 78 
11 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DOS EXERCÍCIOS AQUÁTICOS ........ 78 
REFERÊNCIAS .........................................................................................................82 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2 ATIVIDADES AQUÁTICAS: HISTÓRIA, PRINCÍPIOS FÍSICOS E APLICAÇÃO 
 
Desde a Pré-história, há indícios das atividades aquáticas como recurso de 
sobrevivência, fins terapêuticos e culto à beleza. Hoje, todas essas características 
persistem, mas pautadas em conhecimento científico. As propriedades físicas da água 
trazem muitos benefícios aos seus praticantes, tanto fisiológicos quanto psicológicos. 
Nesta disciplina, você vai perceber que a história das atividades aquáticas 
acompanha a evolução do homem. Profissionais de diversas áreas têm 
reconhecido seus efeitos positivos na melhoria da saúde e qualidade de vida, e o 
fitness aquático tem sido amplamente difundido no mundo. Vale lembrar que as 
atividades na água não têm restrição: sua prática atende do bebê ao idoso e inclui 
desde os exercícios mais simples e funcionais até os esportes mais 
convencionais e radicas. O entendimento sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos 
da imersão na água influencia decisivamente na escolha do exercício por parte do 
profissional de Educação Física e está pautado em leis e princípios que regem todo 
tipo de movimento. 
De acordo com as necessidades dos alunos, contemplamos diferentes 
possibilidades para a prescrição dos exercícios. Todo esse aporte teórico tem origem 
no princípio da humanidade em que o poder de regeneração da água se fazia 
presente. Isso tudo contribuiu para que as pesquisas sobre os efeitos terapêuticos das 
atividades aquáticas crescessem substancialmente nos últimos anos, porém muitos 
indivíduos têm buscado as atividades aquáticas não somente para fins terapêuticos, 
mas também para melhorar a qualidade de vida ou simplesmente para o lazer. É o 
chamado fitness aquático, muito presente nos dias atuais. (SANTOS, 2018). 
 
 
Fonte: https://nautilus.ind.br/ 
 
7 
 
2.1 Atividades aquáticas: passado e presente 
 
De todos os elementos que existem, nenhum possui uma abrangência 
simbólica tão grande quanto a água. Em todas as culturas ela teve sua importância. 
Historicamente falando, entre os vedas ela é a fonte da vida; na China, liga-se ao YIN, 
que, assim como o tempo, esvai-se, nada a detém; na Bíblia, expressa tanto o 
contentamento de Deus com os homens como também a ira divina — dilúvio. A 
representação social da água e o seu simbolismo a colocam na condição de mito em 
diversas crenças, pois simboliza a purificação e a regeneração (PUGLIESE, 2017). 
Por trás de todo esse simbolismo, a relação entre o homem e a água está 
atrelada à questão da sobrevivência, imergindo na água para a busca de alimentos 
(peixe) e nadando para fuga. Os cientistas evolucionistas acreditam que a evolução 
da humanidade ocorreu no mar. Podemos constatar, assim, que a atividade aquática 
é uma das atividades físicas mais antigas da humanidade: 9.000 a.C. já havia, nas 
cavernas do deserto da Líbia, indícios de ilustrações conhecidas da arte de nadar. Na 
Índia, há 500 anos, já existiam piscinas quentes. 
Na Grécia Antiga, os balneários públicos eram utilizados para lazer. Também 
existia, naquela época, a ideia que os exercícios natatórios eram responsáveis por 
deixar os músculos mais protuberantes, um culto à beleza. Já para os filósofos da 
época, como Platão, um homem educado era equiparado à sua capacidade de nadar. 
O primeiro a estudar os benefícios das atividades aquáticas foi Heródoto (446 a.C.), 
que escreveu um tratado sobre relação entre água quente e saúde (CATTEAU; 
GAROFF, 1990). De acordo com Pinheiro e Leão (1989), a água era bastante utilizada 
pelos romanos, e no século V a.C. a medicina grega considerava a água um agente 
de cura. 
Estudos sobre os efeitos terapêuticos das atividades aquáticas têm crescido 
nos últimos anos, e um dos motivos da água ser tão eficaz no tratamento de diversas 
doenças é o impacto direto que causa nas respostas fisiológica, psicológica e 
emocional. 
Apesar de muitas atividades aquáticas remeterem aos esportes competitivos, 
como natação, polo aquático ou surf, muitas outras oferecem um meio principal de 
socialização, como no caso da hidroginástica, que tem a terceira idade como o público 
mais adepto. De maneira geral, as atividades aquáticas contemplam um conjunto de 
 
8 
 
modalidades que vai desde os esportes tradicionais (natação, nado sincronizado), os 
esportes de aventura (surf, kite surf, wind surf), até às atividades voltadas ao fitness 
(hidrobike, hidroginástica) e as de fins terapêuticos (hidroterapia, hidropilates). 
As atividades aquáticas são prescritas por muitos profissionais da área por 
serem exercícios bem completos, em nível de aptidão física e motora, e pela 
possibilidade de atender todas as fases do desenvolvimento humano, ou seja, 
dependendo da modalidade, ela pode ser praticada tanto por bebês de 3 meses de 
idade como por idosos com mais de 100 anos. 
Como as pesquisas continuam a ser conduzidas no ambiente aquático, 
atualmente têm-se um vasto conhecimento sobre as condições ótimas para o 
exercício aquático, seguro e eficiente (ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). 
 
2.2 Propriedades físicas da água 
 
Uma das principais razões para a água ser utilizada como tratamento é a 
redução da gravidade. Essa característica propicia um ambiente ideal para a 
reabilitação de indivíduos que não podem sofrer impacto articular, bem como para os 
que possuem dificuldade de realizar exercícios em solo, já que a movimentação é 
facilitada no meio líquido. Para melhor compreensão, podemos dividir os princípios 
em mecânicos e térmicos. 
 
2.2.1 Princípios mecânicos 
 
Cada princípio apresenta a sua utilização prática, veja no Quadro a seguir: 
 
Aspectos hidrostáticos Aspectos hidrodinâmicos 
Densidade: relação entre massa e volume. 
 A densidade da água pura é de 1.000 kg/ m3 
(gravidade específica é 1, por isso, toda 
substância de menor valor deverá flutuar; se a 
densidade for maior que 1, a tendência é afundar. 
 A densidade do corpo humano é ligeiramente 
menor que a da água (0,974 adultos e 0,860 
crianças). 
Viscosidade: atrito interno gerado pela atração 
molecular. 
 Quando o corpo tenta se movimentar na 
água, essa atração cria uma resistência ao 
movimento (atrito). 
 Quanto maior a viscosidade, maior a 
dificuldade do corpo em se locomover. 
 
 
9 
 
 Quanto mais gordura corporal, maior a 
tendência à flutuação; quando mais massa 
magra, menos flutuação, já que sua densidade 
será maior que a da água. 
Pressão hidrostática: força exercida 
igualmente em todas as direções, numa 
determinada área. 
 Diretamente relacionada à profundidade e à 
densidade do líquido. Quanto maior a 
profundidade, maior a força exercida sobre uma 
superfície, e quanto maior a densidade, maior o 
valor de pressão. 
 Sua ação influênciano aspecto circulatório do 
corpo em imersão. 
Fluxo laminar: movimentação da água de forma 
lenta e suave. 
 Quando o movimento da água fica acelerado, 
as moléculas se deslocam em diferentes 
direções, em fluxo turbulento ou turbulência 
Flutuação: força exercida em um corpo para 
cima, de magnitude igual ao peso da água 
deslocada por esse corpo. 
 Devido a essa propriedade, todo corpo 
imerso tende a apresentar peso menor do que 
fora d’água. 
 Quando o corpo está imerso até a altura da 
cintura, 50% do peso do indivíduo é anulado; na 
altura do peito, 70%; e na altura dos ombros, 
90% (menos de 10% do seu peso real). 
Turbulência: situação que impõe maior 
resistência ao movimento. 
 Depende da posição e da velocidade do 
corpo durante o movimento. Quanto mais lento e 
controlado o movimento, menor será a 
turbulência. 
 
Centro de gravidade: ponto ao redor do qual a 
massa corporal é distribuída, localizado na 
região pélvica, próximo do nível da segunda 
vértebra sacral. 
 Já o centro de flutuação (ponto ao redor do 
qual a força de flutuação do corpo está 
igualmente distribuída) geralmente está 
localizado no meio do tórax. 
 O corpo mantém-se em equilíbrio quando os 
dois centros estão alinhados, caso contrário, 
tende a girar. 
 O centro de flutuação e de gravidade se altera 
à medida que o corpo se movimenta (por 
exemplo, posicionar os braços acima da cabeça). 
Arrasto: resistência específica imposta pela 
água para o movimento de um corpo. 
 Diretamente proporcional à viscosidade do 
líquido e à turbulência gerada pelo corpo em 
movimento. 
Fonte: Adaptado de Greguol (2010, p. 7–12). 
 
 
10 
 
2.2.2 Princípios térmicos 
 
A água esfria o corpo mais rápido do que o ar. Quando se está se exercitando 
na piscina, os efeitos negativos do calor são anulados. De acordo com a Acquatic 
Exercise Association (2014), o calor é eliminado pelo corpo por meio da radiação, 
evaporação, condução ou convecção. 
 
Dissipação do calor 
 Radiação: perda de calor através da vasodilatação dos vasos superficiais (radiação). 
 Evaporação: perda de suor pela pele, esfriando o corpo. 
 Condução: perda de calor na água, através da transferência de calor para a substância ou o 
objeto em contato com o corpo. 
 Convecção: transferência de calor pelo movimento de um líquido ou gás entre as áreas de 
diferentes temperaturas. 
Fonte: Adaptado de Acquatic Exercise Association (2014). 
 
Vale ressaltar também o extremo oposto: o resfriamento, já que sentir frio pode 
ser um problema para alguns alunos. A temperatura estável do corpo humano é de 
cerca de 37ºC. Quando entra em contato com água abaixo dessa temperatura, o corpo 
perde calor para a água, e se o aluno não gerar calor suficiente para se manter 
aquecido, ocorre o resfriamento (ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). 
Entende-se que a habilidade do corpo em conduzir calor para a água acelera o 
processo de resfriamento. Dentro desse contexto, vale ressaltar a existência da Lei 
do Resfriamento, de Newton, que considera que a velocidade de resfriamento de um 
corpo em um dado tempo é proporcional à diferença em temperatura entre o corpo e 
sua vizinhança, o que significa dizer que quanto maior a diferença em temperatura, 
maior será a velocidade do resfriamento (PUGLIESE, 2017). 
Variações no controle da temperatura corporal ocorrem em razão de diferenças 
antropométricas. Homens e mulheres apresentam mudanças similares no 
resfriamento corporal e na produção de calor durante 90 minutos de imersão em água 
fria (18°C), segundo estudos. Na água abaixo de 26°C, as respostas fisiológicas do 
corpo estão alteradas. Com uma temperatura de água mais fria, os ritmos metabólico 
e cardíaco tornam-se mais lentos, bem como as funções circulatórias. Vale ressaltar 
que, se há redução da circulação nas extremidades, há também maior risco de lesão 
(ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). No entanto, a natação e algumas 
 
11 
 
outras formas de exercícios sem impacto podem ser realizadas em temperaturas mais 
baixas. Temperaturas de 22 a 25°, valor considerado um limite aceitável para natação, 
são geralmente muito baixas para a maioria dos programas de exercícios verticais, e 
talvez levem à lesão. 
 
2.3 Efeitos da imersão à água 
 
Um corpo imerso na água desfruta de muitos benefícios. A imersão aquática 
gera respostas fisiológicas, que são afetadas pela: temperatura e profundidade da 
água, composição corporal, intensidade do exercício (repouso, exercício submáximo 
ou máximo), imersão temporária da cabeça e da face, além de fatores individuais do 
aluno (idade, sexo, gênero, doença, etc.) (ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 
2014). 
Dentro desse contexto, podemos compreender que ocorrem ajustes fisiológicos 
ocasionados através dessa imersão, podendo esta ser passiva, ou seja, quando o 
corpo fica em repouso, ou ativa, quando associada à prática de exercícios aquáticos. 
Os ajustes fisiológicos na imersão passiva, de acordo com Belli (2010), são: 
 
 Cardiovasculares — decorrentes de retorno venoso e volume plasmático 
aumentado, com: 
■ aumento do volume de ejeção (VE); 
■ aumento do débito cardíaco (DC); 
■ aumento da pressão artéria (PA); 
■ diminuição da frequência cardíaca (FC); 
■ diminuição da resistência vascular periférica. 
 
 Renais — decorrentes do aumento de volume de sangue intravascular e 
central. 
■ Diurese: 
– Redução na liberação do hormônio antidiurético (ADH); 
– Aumento de liberação de prostaglandinas endógenas; 
– Diminuição da atividade nervosa simpática. 
■ Natriurese: 
– Aumento do peptídeo natriurético atrial (PNA); 
 
12 
 
– Diminuição do sistema renina-angiotensina-aldosterona e da atividade 
nervosa simpática. 
 
 Pulmonares — atribuídos à pressão hidrostática da água, influencia os 
músculos inspiratórios, e a elevação do diafragma em posição de expiração total, 
ocasionando: 
■ aumento de volume de sangue central; 
■ aumento da resistência ao fluxo pulmonar; 
■ diminuição da capacidade vital e do volume residual; 
■ diminuição do volume de reserva expiratório e da capacidade residual 
funcional. 
Vale ressaltar que, durante a imersão, a água exerce pressão sobre o corpo. 
Na prática, isso favorece o aumento no sistema de retorno venoso e há o aumento do 
fluxo sanguíneo no pulmão, favorecendo uma maior troca gasosa. O consumo 
energético é aumentado, pelo aumento da força de contração do coração, que, 
consequentemente, aumenta do débito cardíaco, em resposta ao aumento de volume 
do sangue. Variações na temperatura da água parecem estar associadas ao aumento 
do débito cardíaco. Quando a imersão ocorre na altura do tórax, o ritmo respiratório é 
afetado e ocasiona aumento do trabalho respiratório (CARREGARO; TOLEDO, 2008). 
Os efeitos combinados no sistema renal e cardiovascular parecem diminuir a pressão 
em longas imersões, ocasionando diminuições da pressão sanguínea que duram até 
horas, pós-imersão. A imersão também pode ser benéfica nos casos de edema, por 
auxiliar o retorno de líquido para a circulação linfática. 
Além disso, os efeitos do sistema musculoesquelético são bem documentados 
na literatura: a imersão passiva, com o auxílio da flutuação, favorece a diminuição da 
sobrecarga articular, favorecendo uma ação equilibrada dos músculos. Há também 
uma maior facilidade de realização dos movimentos e a potencialização de exercícios 
que não seriam possíveis de serem realizados em solo (CARREGARO; TOLEDO, 
2008). Esses aspectos são apontados como uma das principais vantagens das 
atividades aquáticas. 
Por fim, os autores citam também o sistema neurológico, já que os efeitos da 
água parecem influenciar os níveis de dor, por um mecanismo de redução de 
sensibilidade das terminações nervosas livres. Há também um efeito de relaxamento 
 
13 
 
do tônus muscular, que pode ser devido à vasodilatação e à diminuição da sobrecargacorporal. Esse aspecto se torna muito benéfico nos casos de espasticidade ou tensão 
muscular exacerbada. 
Até o momento, identificamos as propriedades físicas da água, tanto em seus 
aspectos mecânicos quanto térmicos. Dentro desse contexto, pudemos compreender 
que existem efeitos fisiológicos em nosso corpo que resultam da imersão à água e 
que trarão benefícios mesmo com o corpo em repouso (imersão passiva). No entanto, 
tais respostas fisiológicas poderão ser potencializadas quando for realizada a imersão 
ativa, ou seja, quando há prática de exercícios físicos dentro d’água. Dessa forma, 
muitos benefícios poderão ser desfrutados, tais como: a viscosidade servirá como 
incremento para exercícios de resistência muscular localizada, a flutuação 
possibilitará aos indivíduos com problemas articulares se movimentarem de maneira 
segura, a pressão hidrostática contribuirá para o aprimoramento da circulação 
linfática, etc. 
 
 
Fonte: https://br.freepik.com/ 
 
2.4 Ajustes fisiológicos à imersão com o exercício físico 
 
O desempenho de exercícios físicos na água sofrerá influência da temperatura 
e profundidade da água, da intensidade do exercício, da composição corporal do 
indivíduo, da imersão temporária da cabeça e da face, bem como de fatores 
individuais, como idade, sexo e estado de saúde (ACQUATIC EXERCISE 
ASSOCIATION, 2014). 
 
14 
 
Nos estudos reportados por Belli (2010), pode-se verificar que a resposta 
cardiovascular em imersão até o pescoço com duração de 20 minutos é mais 
pronunciada na condição de exercício físico, quando comparado com as respostas 
em condição passiva. Na condição de exercício físico pode ocorrer aumento adicional 
no débito cardíaco em função do aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial 
sistólica e manutenção da diastólica. O volume de ejeção é maior em exercícios físicos 
realizados na água, quando comparado com os exercícios em solo, sendo que esse 
aumento é promovido pela imersão, já que não há aumento adicional do volume de 
ejeção em função do exercício na água. 
Os estudos de imersão baseiam-se em duas categorias gerais: 
 Exercícios com imersão da face (como natação ou exercício horizontal); 
 Exercícios sem imersão da face (como em exercício vertical na água). 
 
Dentro dessa classificação, a Acquatic Exercise Association (2014) destaca 
que, de modo geral, muitas das respostas fisiológicas à imersão na água aceitas nas 
pesquisas são: 
 Alterações circulatórias, no volume sanguíneo e no coração; 
 Redução da frequência cardíaca em repouso e em exercício; 
 Alterações na regulação térmica e modificações na temperatura central do 
corpo, com dissipação de calor por condução e convecção; 
 Impacto sobre a resposta renal, em função da diurese e aumento do fluxo 
sanguíneo; 
 Influência da pressão hidrostática na superfície e nos órgãos internos do 
corpo; 
 Respostas do sistema endócrino; 
 Diminuição do peso hidrostático com redução de sobrecarga articular; 
 Descompressão da coluna em piscina com grande profundidade; 
 Redução de inchaço nas exterminadas corporais, principalmente dos 
membros inferiores; 
 Benefícios fisiológicos e anatômicos em gestantes; 
 Efeito sobre o consumo e transporte de oxigênio; 
 
15 
 
 Ajustes musculoesqueléticos na realização de movimentos em um ambiente 
mais viscoso, com aumento no esforço muscular, no tipo de contração muscular e na 
quantificação do esforço recebido; 
 Modificações biomecânicas em padrões de movimento; 
 Modificações na função pulmonar, distribuição sanguínea pulmonar e carga 
gerada aos músculos respiratórios; 
 Facilidade na recuperação do exercício executado na água quando 
comparado ao executado em solo. 
 
2.5 Possibilidades na prescrição dos exercícios 
 
A influência dos exercícios físicos à imersão pode também ser apontada de 
maneira específica, quando consideramos, isoladamente, as propriedades físicas da 
água durante as atividades aquáticas. A viscosidade, por exemplo, é a principal 
propriedade responsável por oferecer resistência ao se fazer exercícios na água. São 
as propriedades viscosas da água que fazem com que as leis de Newton sobre o 
movimento, como inércia, ação e reação e a aceleração sejam mais prevalentes na 
elaboração de programas de exercício aquático, quando comparado com o programa 
de exercício em solo (ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). 
A Acquatic Exercise Association (2014) nos lembra ainda que as propriedades 
de flutuação, pressão hidrostática e tensão superficial não afetam drasticamente a 
intensidade do exercício, mas é importante compreendê-las para a elaboração de 
exercícios físicos na água. O que pode alterar, de fato, a intensidade do exercício é a 
mudança da resistência frontal em deslocamento, a mudança de comprimento de um 
membro ou, ainda, o ajuste das posições da mão durante os movimentos dos braços. 
Desse modo, a utilização do sprint e velocidade para o aumento ou diminuição da 
intensidade do exercício parece não ser tão eficaz quanto o uso das leis de 
movimento, por exemplo. 
O arrasto é a força principal contra a qual trabalhamos na água. Ele contribui 
para as sobrecargas muito diferentes para os músculos durante o exercício na água, 
quando comparado ao exercício em solo, já que, em terra, quando se atinge uma 
velocidade constante, a sobrecarga muscular diminui. Na água, por sua vez, é 
possível ter uma sobrecarga muscular constante proporcionada pela água ao longo 
 
16 
 
de toda a amplitude de movimento (ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). A 
compreensão de como usar o arrasto efetivamente aumenta as habilidades do 
profissional de Educação Física. 
Dentro dessa perspectiva, vale ressaltar que a aplicação dos princípios e leis 
poderá aumentar a intensidade dos exercícios de maneira segura. Quando a 
velocidade do movimento é aumentada, por exemplo, a amplitude e posição corporal 
podem ser comprometidas. Considera-se mais eficiente treinar um músculo através 
da amplitude total de movimento, cabendo ao professor oferecer alternativas para que 
esta ocorra. 
As evidências aqui apresentadas podem ser consideradas como fidedignas 
para se propor práticas de exercícios físicos de qualidade na água. No que concerne 
à evolução das atividades aquáticas, podemos afirmar que as pesquisas relacionadas 
ao fitness aquático continuam em expansão e que o conhecimento adequado do 
ambiente aquático é essencial para o profissional de Educação Física. O 
entendimento sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos da imersão na água, assim 
como das recomendações e diretrizes da aplicação baseada em evidências, influencia 
positivamente a qualidade das intervenções de exercícios físicos aquáticos que serão 
ofertados aos alunos. (SANTOS, 2018). 
 
 
 
17 
 
3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO EXERCÍCIO NA ÁGUA 
 
As evidências científicas têm reafirmado os fundamentos das atividades 
aquáticas quanto ao menor estresse nas articulações, músculos e ossos; à tonicidade 
e resistência muscular; e ao aumento da carga de trabalho, isso sem contar a 
combinação entre diversão, treinamento e conforto. (BAUN, 2010) 
A atuação das propriedades físicas da água faz com que os exercícios sejam 
muito diferentes dos realizados em terra. Desse modo, é importante que todo 
profissional conheça os aspectos biomecânicos que estão envolvidos no movimento 
realizado nesse meio, na tentativa de propor atividades que potencializem seus 
efeitos, que vão desde a melhora na qualidade de vida de pessoas com necessidades 
especiais até a melhoria na performance esportiva de atletas profissionais. 
 
3.1 Exercícios na água: indicações e contraindicações 
 
Para quem busca exercícios para reabilitação, manutenção da saúde ou, ainda, 
para melhorar o desempenho esportivo, os exercícios aquáticos têm se tornado uma 
excelente alternativa. 
Podemos elencar as vantagens das atividades aquáticas emtodas as faixas 
etárias do processo de desenvolvimento humano, como descrito a seguir. 
 Bebês: as atividades na água auxiliam o desenvolvimento motor e cognitivo 
dos bebês, fazendo com que os marcos referenciais do desenvolvimento, como 
sentar, engatinhar e andar, ocorram dentro do tempo esperado. As atividades auxiliam 
na manutenção do vínculo afetivo do bebê com os pais, além de favorecer o sistema 
respiratório, melhorar o sono e o apetite. 
 Crianças: o aprimoramento das habilidades motoras fundamentais pode ser 
conquistado através das atividades aquáticas. A prática da natação, por exemplo, está 
vinculada a melhorias na percepção do corpo, espaço e tempo, e essas habilidades 
constituem componentes de domínio básico tanto para a aprendizagem motora quanto 
para as atividades de formação escolar. As atividades aquáticas trazem benefícios 
cognitivos, afetivos e sociais na infância. 
 Adolescentes: além das modalidades clássicas como a natação e o polo 
aquático, esportes radicais como o surf se tornam uma excelente opção aos 
 
18 
 
adolescentes que comumente não se sentem motivados a praticar exercícios físicos 
com regularidade. O apoio social da família e dos amigos é fundamental para a adesão 
de um programa de exercícios aquáticos. 
 Adultos: com a rotina de trabalho e os afazeres domésticos e obrigações 
familiares, o estresse, comportamento sedentário e a falta de atividade física se fazem 
presentes. Por esse motivo, algumas doenças começam a surgir, e os exercícios 
físicos se tornam de grande valia para manutenção dos marcadores de saúde e 
melhora na qualidade de vida em geral. 
 Idosos: com o deteriorar das habilidades motoras, os idosos acabam 
buscando exercícios que facilitem a locomoção independente e que sejam mais 
prazerosos para realizar. Como muitos idosos apresentam problemas 
osteomusculares, as atividades aquáticas se tornam a opção mais viável para esse 
público; além disso, a hidroginástica, por exemplo, promove a socialização, que é 
fundamental para a saúde mental nessa fase da vida. 
Dentro desse contexto, os exercícios aquáticos têm se mostrado ideais e 
seguros para praticamente qualquer pessoa. Eles podem melhorar a qualidade de 
vida de pessoas com deficiência bem como aprimorar a performance de atletas 
profissionais de elite. 
Há ainda muitas outras razões adicionais para tornar os exercícios aquáticos 
um hábito (BAUN, 2010), tais como: 
 diminui a compressão da coluna vertebral, comparado à corrida em terra, o 
que é benéfico para indivíduos que sofrem de lombalgia; 
 melhora a aptidão física relacionada à saúde; 
 melhora na saúde mental; 
 durante a gestação, melhora o desfecho da gravidez, proporcionando parto 
de bebês mais saudáveis e redução de doenças em mães e bebês; 
 aumenta o suprimento sanguíneo para os músculos, queima calorias e 
produz mais energia para os movimentos; 
 aumenta o uso de oxigênio pelo corpo e reduz a pressão arterial; 
 reduz o estresse sobre os músculos, ossos, tendões e ligamentos; 
 torna a prática possível em condições que podem interferir nos exercícios: 
artrite, dor lombar, doença cardíaca, fibromialgia, obesidade, esclerose múltipla ou 
gestante; 
 
19 
 
 refresca mesmo durante os exercícios mais intensos; 
 combina diversão, treinamento eficiente e conforto. 
 
As contraindicações para a realização de exercícios na água dependerão muito 
do estado de saúde do aluno. No caso de alguma patologia, por exemplo, o médico 
pode recomendar que as atividades aquáticas não sejam praticadas por um 
determinado período, até o total restabelecimento do paciente. No caso de alguma 
infecção na pele, epilepsia, convulsões descontroladas, insuficiência renal grave, 
insuficiência cardíaca grave e angina instável, patologia neoplásica em fase avançada 
e otite media purulenta com perfuração do tímpano, a prática de exercícios aquáticos 
não é aconselhada. 
Abrahin et al. (2016) citam que os efeitos da natação como adjuvante na 
prevenção e no tratamento da osteoporose é um aspecto que tem sido analisado em 
diversos estudos. Exercícios físicos têm sido recomendados, como abordagem não 
farmacológica, para a prevenção e o tratamento da osteoporose, e os benefícios dos 
exercícios físicos sobre a densidade mineral óssea (DMO) se devem em parte à 
intensidade e ao tipo de exercício e controle dos princípios biológicos do treinamento. 
Estudos prévios evidenciaram que diferentes tipos de atividades físicas, como 
natação, ciclismo, bem como a intensidade (endurance e sprint), podem afetar 
negativamente a DMO. Como a natação é um exercício sem impacto, as evidências 
não demonstraram efeitos positivos da atividade sobre a massa óssea (FERRY et al., 
2013; KEMPER et al., 2009; MAGKOS et al., 2007; MUDD et al., 2007; VELEZ et al., 
2008 apud ABRAHIN et al., 2016). 
Por outro lado, há também evidências sobre os efeitos positivos da 
hidroginástica sobre a saúde óssea, uma vez que quando há o contato do pé com o 
chão, mesmo na água, o impacto não é nulo, e sim um pouco menor. Dentro desse 
contexto, podemos pressupor que para a prevenção da osteoporose, é recomendado 
exercícios de alto impacto, mas quando o indivíduo já apresenta o problema, é preciso 
haver uma cautela maior quanto aos exercícios de impacto para que não haja o risco 
de fraturas. Desse modo, no tratamento, exercícios aquáticos têm sido uma das 
medidas recomendadas (AQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). 
 
 
 
20 
 
3.2 Efeitos das atividades aquáticas: evidências científicas 
 
Os programas de exercícios aquáticos oferecem muitas oportunidades para a 
realização de séries de exercícios que aprimoram as habilidades motoras e os 
componentes de aptidão física tanto relacionada à saúde quanto ao desempenho 
esportivo. 
O trabalho corporal no meio líquido consiste em diversos componentes 
importantes que dizem respeito à força e à tonificação corporal, à resistência e à 
mobilidade. Para potencializar o trabalho aquático, devemos levar em consideração 
alguns fundamentos referentes aos efeitos da imersão do corpo humano no meio 
líquido, os quais são apresentados no Quadro a seguir. 
Estudos na área têm buscado averiguar os efeitos das atividades aquáticas em 
diferentes amostras, com um crescente número de publicações que contemplam 
grupos especiais. 
Em uma meta-análise de estudos randomizados sobre os efeitos da 
hidroginástica, concluiu-se que a prática de hidroginástica é importante na melhora da 
capacidade funcional de idosos, uma vez que promove o incremento da força 
resistente, da flexibilidade e do equilíbrio dinâmico. Isso acarreta em melhoria na 
capacidade de realizar as atividades de vida diária, promovendo, assim, uma maior 
independência funcional ao idoso (REICHERT et al., 2015). 
 
Principais fundamentos da imersão ao meio líquido 
Fundamentos Efeitos da imersão 
Menor impacto articular Impacto mínimo, com flutuador praticamente nulo. A 
flutuabilidade da água retira a pressão da cápsula articular, que, 
em combinação com a temperatura agradável do meio, 
aumenta a mobilidade e a flexibilidade. O risco de dor articular 
é reduzido, e se existe dor, ela pode ser aliviada enquanto se 
exercita. 
Menos lesões Minimiza a possibilidade de lesões musculares, ósseas e 
articulares. Na água, por esta ser mais densa que o ar, o corpo 
encontra resistência em ambas as direções e viscosidade em 
todas elas. Isso desenvolve a força equilibrada nos músculos 
(prevenindo lesões), trabalhando-os em ambos os lados das 
articulações durante cada repetição do exercício. 
 
21 
 
Tonificação Ao usar o potente efeito de resistência, é possível potencializar 
o condicionamento e melhorar os resultados de tonificação. 
Diferente da terra, é possível trabalhar dois grupos musculares 
opostos simultaneamente, desenvolvendo o tônus muscular 
com mais eficiência e aumentando o músculo com mais 
rapidez.Aumento da carga de trabalho É preciso mais energia muscular para empurrar o corpo pela 
água do que pelo ar, por isso, andar com água até as coxas ou 
com flutuadores pode proporcionar o dobro da carga e do 
trabalho em relação ao andar em terra. O sistema de utilização 
de energia trabalha mais. 
Queima de calorias É possível queimar até 525 calorias por hora andando na água, 
em comparação a 240 calorias em terra. Recomenda-se a 
variação de exercícios (andar de lado, de trás, por exemplo) 
para aumentar a carga de trabalho e, consequentemente, 
promover maior queima de calorias. 
Prevenção de superaquecimento Menor desconforto, não provoca suor. O corpo transmite o calor 
do exercício à água com mais facilidade para mantê-lo fresco e 
confortável. 
Diversão e treinamento Exercícios mais agradáveis, mais confortáveis e muito mais 
divertidos geram maior satisfação dos participantes. 
Fonte: Adaptado de Baun (2010). 
 
Em uma revisão sistemática sobre os efeitos dos exercícios aeróbicos 
aquáticos sobre a pressão arterial em adultos hipertensos, verificou-se que, dos cinco 
estudos com intervenção aguda, 80% demonstraram redução da pressão arterial 
sistêmica após a sessão de exercícios. Após o período de intervenção crônica, 80% 
dos estudos incluídos também demonstraram redução da pressão arterial. A 
intensidade do protocolo variou de moderada à alta. Participaram 377 sujeitos, que 
realizavam as atividades numa frequência de duas vezes semanais há 12 meses. Os 
resultados permitiram concluir que os exercícios aquáticos, sobretudo a 
hidroginástica, atuam positivamente na redução da pressão arterial, sendo uma 
alternativa eficiente para o auxílio no tratamento de adultos hipertensos (SANTOS; 
COSTA; KRUEL, 2014). 
No estudo de Lima, Malheiros e Santos (2018), que teve como objetivo 
comparar os níveis de flexibilidade e força muscular em mulheres praticantes e não 
praticantes de hidroginástica, foi constatado que as praticantes de hidroginástica 
 
22 
 
apresentaram resultados significativamente mais positivos das que não praticavam, 
ajudando a melhorar a capacidade funcional dos músculos e aumentando a amplitude 
articular. Concluiu-se que a prática de hidroginástica é vista como um dos exercícios 
físicos mais indicados para pessoas no processo de envelhecimento, tornando-as 
mais aptas e saudáveis. 
Já no estudo de Leite et al. (2010), cujo objetivo foi verificar os efeitos de 
exercícios aquáticos e da orientação nutricional de crianças e adolescentes obesos, 
verificou-se que um programa de caminhada aquática em suspensão, aliado à um 
programa nutricional, pode resultar em importantes modificações na composição 
corporal desses indivíduos, pela característica cíclica da atividade em relação ao 
grupo de aprendizagem da natação. Por fim, no estudo de Pereira et al. (2011), cujo 
objetivo foi verificar a influência das atividades aquáticas no desenvolvimento motor 
de bebês, quando comparado a um grupo de bebês não participantes, verificou-se 
melhor desempenho no grupo que participava, com semelhança entre os sexos e 
influência do tempo de prática. 
 
3.3 Biomecânica aplicada aos exercícios físicos 
 
Os movimentos corporais realizados no ambiente aquático estão sujeitos às 
propriedades físicas da água, por isso a realização de movimentos em água se difere 
dos movimentos realizados em terra (Figura abaixo). Isso se deve às modificações 
biomecânicas e fisiológicas que ocorrem, e também explica as diferentes sensações 
vivenciadas pelos indivíduos: parecer estar “mais leve” e ter dificuldade em realizar 
movimentos rápidos são algumas delas (CORRÊA; MASSETTO, 2010). 
 
 
Fonte: Wallenrock; MinDof/Shutterstock.com. 
 
23 
 
Para Corrêa e Massetto (2010), a sensação de diminuição do peso corporal 
(parecer estar “mais leve”) acontece em razão da força de empuxo (força exercida 
sobre um corpo, para cima, igual ao peso do volume de água deslocado por ele). 
Quanto mais submerso está um corpo, maior será o seu empuxo (LOSS; CASTRO, 
2010). Essa força também é responsável pela diminuição da força de reação do solo 
quando andamos ou saltamos dentro d’água. Essa característica da água justifica a 
redução do impacto sofrido pelas articulações quando se realiza exercícios em 
imersão. 
Por outro lado, a dificuldade em realizar movimentos muito rápidos dentro 
d’água ocorre em virtude das resistências sofridas pelo corpo quando em movimento. 
Essas resistências podem ser chamadas de resistência ao avanço, que são 
resultantes da somatória das resistências de forma, de superfície e de onda 
(CORRÊA; MASSETTO, 2010). 
A resistência de forma é a que mais contribui para a resistência total; desse 
modo, quando um corpo se desloca na água, forma atrás de si uma área de baixa 
pressão que “suga” o corpo no sentido contrário ao movimento, dificultando sua 
realização. Por sua vez, a resistência oferecida pelo meio dependerá da forma do 
objeto; por isso, quanto mais hidrodinâmico for o corpo em movimento, menor será a 
resistência (CORRÊA; MASSETTO, 2010). Um bom exemplo está na natação, a 
impulsão da borda, após a virada. Quando o atleta adota uma posição “mais 
afunilada”, em que há o alongamento dos braços, com a cabeça bem alinhada ao 
resto do corpo, essa resistência de forma será perceptivelmente menor do que se a 
cabeça fosse “elevada” para acima do nível dos ombros (LOSS; CASTRO, 2010). Os 
autores chamam essa resistência de força de arrasto, e no caso, arrasto de forma 
(LOSS; CASTRO, 2010). 
Loss e Castro (2010) salientam que atletas de natação reconhecem que a 
posição descrita anteriormente é a de menor resistência ao avanço. No caso de um 
aprendiz, ela servirá como referência e pode-se sugerir a posição de “deslize” com 
variação da profundidade em que o corpo deslizará (na superfície ou logo abaixo, com 
o corpo completamente imerso durante o “deslize”, sem cortar a superfície da água, 
por exemplo). 
Outro fator importante para o aumento da resistência é a viscosidade do líquido: 
quando maior a viscosidade, maior a resistência ao avanço (CORRÊA; MASSETTO, 
 
24 
 
2010). Para os autores, esse tipo de fluxo também interfere na resistência da água, e 
o arrasto será maior em um fluxo turbulento quando comparado a um fluxo laminar. A 
velocidade de execução do movimento também influencia na intensidade da 
resistência, uma vez que quanto mais rápido o movimento, maior será a resistência 
ao avanço. 
As forças de resistência ao avanço têm diferentes magnitudes de acordo com 
as partes do corpo envolvidas durante o movimento. Desse modo, quanto maior a 
distância em relação ao eixo (articulação), maior será a velocidade e, 
consequentemente, a resistência (CORRÊA; MASSETTO, 2010). 
Nos exercícios realizados em piscina profunda, sem o contato dos pés com o 
solo, ocorre o trabalho em suspensão, o princípio de Bernoulli. Apesar do que o nome 
sugere, essa força não “sustenta” o corpo; ela não age “de baixo para cima”, mas sim 
pode agir em qualquer direção, sendo sempre perpendicular à direção de propagação 
(LOSS; CASTRO, 2010), à trajetória do fluxo, à resistência ao avanço e dependendo 
do ângulo de ataque do pé ou da mão com a direção do fluxo (CORRÊA; MASSETTO, 
2010). 
Os autores ressaltam que esse conceito está relacionado à terceira lei de 
Newton, pois para toda ação existe uma reação igual e contrária (que depende do 
ângulo formado pela inclinação do pé/mão com a direção do fluxo). Para eles, de 
acordo com o ângulo, haverá um maior componente de resistência ao avanço ou de 
sustentação, o que terá efeitos sobre a propulsão. O princípio de Bernoulli, por sua 
vez, explica que, conforme a velocidade de um fluído aumenta, a pressão exercida 
pelo fluído diminui. Na prática, quando um pé se desloca na água, um gradiente de 
pressão é criado em ambos os lados do pé. Quando o fluxo da água é mais rápido na 
parte de cima, uma área de baixa pressãoé criada nesse local. Há um sistema de 
baixa pressão na parte de cima do pé e um de alta pressão na parte de baixo, o que 
fará com o que o pé seja empurrado para cima, ou seja, para a área de menor pressão 
(CORRÊA; MASSETTO, 2010). 
Nesse contexto, podemos ponderar que, na prática, durante um gesto técnico, 
quando o braço de um nadador cruza a água, por exemplo, esse “corpo” está sujeito 
às forças mencionadas. Tem-se o empuxo atuando de baixo para cima, que será muito 
próximo ao peso do próprio braço, e também as forças de arrasto e de sustentação. 
Os pontos do braço que apresentarem maior velocidade estarão sujeitos a forças 
 
25 
 
maiores, sendo que a parte mais distal, no caso a mão, é a porção que recebe os 
maiores esforços. Nesse sentido, sua forma, direcionamento e posicionamento são 
fundamentais para uma boa performance (lê-se bom aproveitamento das forças que 
derivam do movimento relativo com a água) (LOSS; CASTRO, 2010). 
A leve curvatura dos dedos e da palma da mão como um todo (formato de 
concha), aumentará a assimetria do corpo, contribuindo para uma maior força de 
sustentação. Basicamente, um ângulo de pronossupinação, associado às angulações 
do cotovelo e do ombro, irá fazer com que a força resultante entre a sustentação e o 
arrasto seja em uma direção favorável ao deslocamento do nadador, influenciando 
diretamente na sua performance (LOSS; CASTRO, 2010). 
Trabalhar na água é muito diferente de se trabalhar fora dela. Para que um 
programa de exercícios aquáticos seja bem-sucedido, esses conceitos são 
importantes para aumentar a força aplicada na realização do movimento. Uma 
compreensão básica sobre a análise do movimento é necessária para um programa 
seguro e eficiente. Um claro entendimento sobre o que cada exercício alcança e por 
que alguns movimentos são necessários em uma aula potencializa os resultados 
(AQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014). 
 
4 MODALIDADES ESPORTIVAS AQUÁTICAS 
 
As práticas corporais de aventura são compostas por diferentes modalidades 
esportivas, variando em risco, modos e ambientes. Quanto às diferenças de ambiente, 
o meio líquido tem potencial para a prática de modalidades esportivas em que se usa 
a água para o deslocamento. 
Nesta seção, você vai compreender o conceito de modalidades esportivas 
aquáticas, além de identificar suas características, formas e equipamentos, 
conhecendo seus benefícios na esfera biopsicossocial daqueles que as praticam. 
 
4.1 Habilidades motoras e de aptidão física das atividades aquáticas 
 
De acordo com o modelo bidimensional para classificação dos movimentos, 
proposto por Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), os movimentos podem ser 
definidos, de acordo com a função intencional de cada tarefa, em: estabilização 
 
26 
 
(ênfase no equilíbrio corporal em situações de movimentos tanto estáticos quanto 
dinâmicos); locomoção (ênfase no transporte corporal de um ponto para o outro) e 
manipulação (ênfase em colocar ou receber força de um objeto) (GALLAHUE; 
OZMUN; GOODWAY, 2013). Desse modo, podemos pressupor que as habilidades de 
locomoção (saídas e viradas, giros, remadas) e estabilização (flutuação, postura das 
figuras) estão presentes nas três modalidades aquáticas, porém é somente no polo 
aquático que há os movimentos de manipulação (lançar e receber a bola). 
 
4.1.1 Natação 
 
As habilidades motoras específicas da natação são as saídas, as viradas, os 
nados submersos e de superfície e as varreduras (FREUDENHEIM; MADUREIRA, 
2010). Segundo os autores, para uma locomoção eficaz, as viradas, seguidas das 
saídas, são apontadas por alguns estudos como um componente importante da prova. 
Esse fato se justifica porque nenhum nadador consegue se deslocar mais rápido 
nadando quando comparado com a velocidade que ele mesmo atinge ao sair do bloco 
de partida ou impulsionar a parede após a virada. 
O nado submerso promove maior deslocamento ao corpo, uma vez que a 
superfície da água é turbulenta, principalmente quando se tem oito nadadores em 
deslocamento. Por esse motivo, a habilidade de nadar submerso (no mínimo a 0,6 m 
de profundidade) diminui a maior parte da resistência, gerando um fluxo laminar e 
maximizando o deslocamento subaquático. Ainda durante o nado submerso, quando 
o nadador mantém sua mão em posição sobreposta, braços estendidos em 
alongamento, cabeça alinhada com o corpo e braços comprimindo as orelhas, isso 
gera uma maior eficiência hidrodinâmica, maximizando o seu deslocamento 
(FREUDENHEIM; MADUREIRA, 2010). 
Já no nado de superfície, habilidade ainda pouco explorada, ao iniciar o 
deslocamento na superfície, o atleta deve fazê-lo com uma maior frequência de 
braçadas e pernadas em máxima velocidade e logo ajustar as frequências destas para 
o ritmo com o qual se dará o seu deslocamento no restante do percurso 
(FREUDENHEIM; MADUREIRA, 2010). Para os mesmos autores, os quatros nados 
culturalmente conhecidos (crawl, costas, peito e borboleta) são considerados nados 
de superfície, e cada atleta tende a adaptar o seu nado a diferentes demandas 
(distância a ser percorrida, contexto, características do ambiente), ao contrário do que 
 
27 
 
se achava anteriormente, que o atleta devia manter o mesmo padrão de nado ao longo 
de todo o percurso. 
Em relação a varreduras, a biomecânica aquática tem revelado que os ângulos 
da mão (próximo a 45°) diminuem a turbulência atrás dela e aumentam a força de 
sustentação do nadador, e que na natação, a força de propulsão pode ser um melhor 
preditor de performance em nadadores quando comparado à potência aeróbia, por 
exemplo (FREUDENHEIM; MADUREIRA, 2010). Dentro desse contexto, vale 
ressaltar que as valências de aptidão física, como força, flexibilidade, resistência 
muscular localizada, resistência aeróbia, velocidade e agilidade são exigidas nas 
diferentes habilidades motoras específicas supracitadas. 
 
 
 
4.1.2 Polo aquático 
 
O polo aquático é um esporte coletivo e de invasão, praticado em piscinas 
fundas; por esse motivo, faz-se necessárias habilidades de sustentação 
(estabilização) e deslocamento (locomoção) que juntas são conhecidas como 
eggbeater (SILVA; CASTRO, 2016). De acordo com os autores, “[...] é utilizado para 
elevar a parte superior do corpo para fora da água, gerando força vertical para cima, 
juntamente com o empuxo, a fim de equilibrar e ou superar o peso corporal [...]” 
(SILVA; CASTRO, 2016, p. 242). O movimento é descrito por uma ação cíclica e 
alternada das pernas (enquanto a perna esquerda move-se no sentido horário, a 
perna direita move-se no sentido anti-horário, com as pernas e pés desenhando um 
círculo) para elevar a parte superior do corpo (SILVA; CASTRO, 2016). Vale ressaltar 
que essa técnica favorece também a execução dos saltos verticais. Ela pode, ainda, 
ser executada com o auxílio de um ou dos dois braços na água, ou ainda com os 
braços fora dela (CORRÊA, TEIXEIRA, GUIMARÃES JR., 2010). 
 
28 
 
Quanto à aptidão física, a força e resistência muscular localizada são exigidas 
para que haja a sustentação do corpo, bem como potência para o salto vertical na 
água. Além disso, forças externas como a de arrasto e de sustentação fazem-se 
presentes. Segundo Corrêa, Teixeira e Guimarães Jr. (2010, p. 14), a realização do 
eggbeater: 
 
[...] depende, entre outros fatores, de velocidade e potência dos flexores e 
extensores de quadril e joelho, flexibilidade, força e potência dos abdutores e 
adutores do quadril, flexibilidade, força e potência dos rotadores internos e 
externos do quadril e do joelho e flexibilidade dos tornozelos na inversão e 
eversão [...]. 
 
Por fim, no polo aquático, há também a habilidade de manipulação, no ato de 
lançar e receber a bola. Como vimos anteriormente, tanto no polo aquático quanto no 
nado sincronizado é de suma importância a execução eficiente de pedaladas para 
sustentação e deslocamento, as famosas pedaladas de polo aquáticoou eggbeater. 
Já na natação essa habilidade é menos explorada que o palmateio (movimento em 
“forma de oito” considerado básico para a sustentação e a locomoção) (FUGITA, 
2010). 
Vale destacar que, pelo fato de serem esportes aquáticos, e, por isso, de baixo 
impacto, os atletas não estão isentos de sofrer lesões. Como em qualquer esporte de 
alto nível, em virtude do treinamento rigoroso e de um volume elevado de repetições, 
o risco de lesões existe e cabe ao profissional minimizá-lo; por isso, os conhecimentos 
dos fundamentos técnicos servirão como pressuposto básico para a prática de 
qualquer uma dessas modalidades. 
 
 
Fonte: https://www.socialbauru.com.br/ 
 
 
29 
 
5 FUNDAMENTOS DAS MODALIDADES AQUÁTICAS: CARACTERÍSTICAS 
BÁSICAS 
 
5.1 Natação 
 
Para a realização de todos os estilos de nado — crawl, costas, borboleta, 
peito e medley (combinação dos nados) —, bem como para as saídas e viradas, é 
necessário compreender os cinco fundamentos descritos a seguir: 
 
Imersão Adaptação. Realizar a imersão: com controle de apneia e expiração. 
Respiração Controlar a respiração: nos deslocamentos, com ritmo respiratório no 
mergulho em profundidade e, em maiores distâncias, submerso. 
Flutuação Posição hidrodinâmica. Flutuar com diferenciação de controle em 
relação à submersão, em diferentes posições, modificando o decúbito 
nos dois eixos do corpo. 
Propulsão Membros superiores e inferiores. Propulsionar-se de acordo com 
cada estilo e realizar as respectivas saídas e viradas, atendendo aos 
critérios técnicos. 
Coordenação Respiração + flutuação + propulsão. Combinações e sincronizações 
de braços, pernas e respiração 
Fonte: Adaptado de Freudenhein, Gama e Carracedo (2003). 
 
5.1.1 A técnica dos nados 
 
 
De acordo com Freudenheim e Madureira (2009), as habilidades específicas 
da natação envolvem: viradas, saídas, nado submersos e de superfície (crawl, costas, 
peito e borboleta). 
Para a aprendizagem de qualquer habilidade, é necessário dominar a técnica. 
De acordo com Evans (2009), a técnica de nado é a base da natação rápida e 
eficiente, e aprimorá-la durante os treinos é essencial não somente para nadadores 
iniciantes, mas também para os mais experientes e de elite. Para a autora, alguns 
fundamentos gerais são iguais para todas as modalidades do nado, tais como: 
 expirar embaixo da água e inspirar fora dela; 
 
30 
 
 manter os músculos axiais do corpo sempre contraídos durante todas as 
partes da braçada; 
 buscar uma posição hidrodinâmica para se deslocar de forma eficiente pela 
piscina; 
 balanço individual de contagem, comprimento e frequência de braçadas. 
A seguir, serão descritas, de maneira completa e concisa, as técnicas 
específicas de cada um dos estilos de nado, bem como as técnicas de virada e saída 
(Evans, 2009). 
 
Nado crawl – 
 
Posicionamento do corpo e da cabeça Corpo estendido em decúbito ventral, em uma postura 
plana e horizontal na superfície da água. Cabeça, 
ombro, tronco e pernas situam-se o mais próximo 
possível da superfície, o que evita aumento nas forças 
de resistência 
Movimentação da parte superior do 
corpo 
Braçadas alternadas com circundação anteroposterior. 
 Fase 1: Recuperação (fase aérea, que compreende o 
momento entre a saída e a entrada dos membros 
superiores na água). No início da recuperação, o 
cotovelo é a primeira parte do corpo a romper a 
superfície da água. Nessa sequência, os dedos são os 
primeiros a tocar a superfície aquática, seguidos pela 
mão, antebraço, braço e ombro. 
 Fase 2: Propulsão (fase subaquática, responsável 
pela progressão do nadador). Parte 1: tração, que 
objetiva puxar a massa líquida, e o empurre ou impulso, 
realizado pela extensão progressiva do membro 
superior, que, em conjunto, responde pelo 
deslocamento do nadador à frente. 
Pernada Movimentos alternados ascendentes e descendentes, 
no plano vertical. Destina-se essencialmente à 
estabilização e manutenção do equilíbrio, e não à 
manifestação de força propulsiva. Seus movimentos 
concentram-se na articulação do quadril. 
 
31 
 
Respiração A respiração ocorre de forma lateral, devido à posição 
ventral, com imersão da cabeça e ação alternada dos 
membros superiores 
Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). 
Nado costas – 
 
Posicionamento do corpo e da cabeça Corpo estendido em decúbito dorsal, em uma postura 
plana e horizontal à superfície da água. A cabeça é 
mantida em sua posição natural, ou levemente 
inclinada, com o queixo em direção ao peito, evitando, 
assim, que o rosto seja coberto de água. 
Movimentação da parte superior do 
corpo 
Braçadas alternadas, com circundação posteroanterior. 
Fase de propulsão e recuperação: inicia-se a saída do 
membro superior da água, estendido desde a altura da 
coxa, o qual é elevado pela trajetória semicircular. A 
tração é feita com um dos membros superiores em 
imersão, ligeira flexão do cotovelo e profundidade 
moderada. É caracterizada pela submersão do braço e 
mão, esta flexionada “puxando” e, em seguida, 
empurrando a água em direção aos pés do nadador. 
Esse trajeto se segue até o final da fase subaquática, 
quando o braço e as mãos se estendem até, 
aproximadamente, a linha dos quadris 
Pernada Movimentos ascendentes e descendentes, no plano 
vertical. Responde pela manutenção da estabilidade do 
corpo na água, pois equilibra as oscilações e os desvios 
decorrentes de incorreções da braçada, participando, 
ainda, da propulsão do nado 
Respiração Realiza-se com o rosto voltado para fora da água. O 
ritmo de uma inspiração a cada ciclo de braçada é o 
mais utilizado, ou seja, inspira-se na recuperação de 
um dos membros superiores e expira-se na mesma 
fase do outro. 
Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). 
 
Nado peito – 
 
 
32 
 
Posicionamento do corpo e da cabeça Nado simétrico e simultâneo, ou seja, os movimentos 
realizados pelo lado direito do corpo são 
simultaneamente acompanhados por movimentos 
idênticos do lado esquerdo. Cabeça posicionada entre 
os membros superiores. Parte-se da posição de 
decúbito ventral e estendida, com a cabeça entre os 
membros superiores 
Movimentação da parte superior do 
corpo 
Os membros superiores passam a orientar-se para trás 
e para fora, pela flexão do cotovelo, buscando apoio 
para que o tórax e a cabeça possam emergir e, então, 
possibilitar a inspiração. Nesse momento, a flexão 
continua até que as mãos passem por baixo da linha 
dos ombros e se encontrem sob o peito, quando os 
braços se fecham em direção ao tronco e são 
estendidos acima da cabeça. 
Pernada Os membros inferiores também partem de posição 
estendida, sendo, posteriormente, flexionados, e os pés 
são submetidos à flexão plantar e à rotação externa. 
Em seguida, as pernas são estendidas e unidas de 
maneira vigorosa, e os pés seguem a mesma 
movimentação, empurrando a massa líquida e 
permitindo o deslocamento. 
Respiração Respiração frontal. Ocorre com o auxílio do tronco que, 
ao se elevar, em razão do apoio proveniente do 
movimento de puxada dos braços, faz a cabeça sair da 
água. 
Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). 
 
Nado borboleta – 
 
Posicionamento do corpo e da cabeça Nado simétrico e simultâneo entre os membros, 
realizado em decúbito ventral. Inicialmente, o corpo 
situa-se estendido com os membros superiores à 
frente, alinhados ao restante do corpo, na superfície da 
água. A cabeça permanece em seu posicionamento 
natural, de forma que o topo da cabeça do nadador 
possa ser visualizado 
Movimentação da parte superior do 
corpo 
À circundação simultânea anteroposterior dos 
membros superiores é atribuída grande parte da 
 
33 
 
responsabilidade propulsiva do nado. Assim como nos 
outros estilos, a forma e a trajetória dessa 
movimentação permitem que sua ação seja descrita em 
duas fases: recuperação (aérea) e propulsão 
(subaquática), também diferenciadaem duas outras 
etapas. A recuperação inicia-se com a saída dos 
membros superiores da água em posição estendida e 
as mãos posicionam-se na altura da coxa. O cotovelo é 
o primeiro a romper essa superfície, seguindo 
levemente flexionado e arrastando consigo o antebraço 
e as mãos, que se mantêm relaxados. À medida que os 
membros são lançados à frente, o cotovelo e o ombro 
são estendidos. Uma vez submersos, os membros 
superiores iniciarão a tração. O movimento é 
direcionado para fora e para baixo até alcançar a linha 
dos ombros, quando a trajetória muda e passa a 
manifestar-se em direção ao centro do corpo. Quando 
os membros superiores se aproximam do eixo sagital 
do corpo do nadador, inicia-se extensão progressiva, 
que caracteriza o empurre da fase subaquática 
Pernada As pernadas são simultâneas e ocorrem no plano 
vertical, atuando de forma relevante para a propulsão 
do nado, diferente dos demais estilos. O batimento das 
pernas é semelhante ao movimento da cauda do 
golfinho. A última fase tem mais potência, sendo 
acompanhada pela elevação dos quadris, enquanto a 
ascendente é menos vigorosa. Essa variação de força 
que acompanha o movimento das pernas é responsável 
pelo efeito de ondulação que o corpo realiza durante a 
ação do nado. Duas pernadas são realizadas para cada 
ciclo de braços; a primeira é realizada logo que a fase 
de propulsão dos braços está sendo finalizada e a 
segunda ocorre após a nova entrada dos braços na 
água. 
Respiração A inspiração deve ser feita durante o final da tração dos 
braços, pelo movimento de elevação da cabeça (é 
muito rápida, efetuada pela boca, indicando-se que 
pode ocorrer na frequência de uma ou duas braçadas, 
sendo esta possibilidade correspondente ao nível de 
desenvolvimento do nadador). A expiração se 
 
34 
 
manifesta ao longo de toda a fase do nado em que a 
cabeça fica imersa. 
Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). 
 
Dentro desse contexto, vale ressaltar que a aprendizagem das habilidades 
específicas deve respeitar o desenvolvimento do aprendiz, ocorrer somente mediante 
domínio prévio do corpo no meio líquido e posterior combinação de movimentos do 
corpo na água. Além dos nados submersos, as técnicas de saída e virada são de 
suma importância para a natação eficaz. 
 
Saída – 
 
Ao entrar na água, o corpo deve passar pelo mesmo local que a mão; realiza-
se um voo carpado (ação realizada pelo nadador que, ao sair do bloco de partida, 
projeta o quadril para o alto a fim de projetá-lo para baixo) ao entrar na água, 
maximizando a velocidade de entrada. O corpo deve estar firme, com as mãos 
sobrepostas, os braços estendidos e a cabeça entre os braços. 
 
Virada – 
 
Basicamente, há apenas duas viradas na natação para os quatro nados. No 
nado peito e no borboleta, não há diferença na virada. Já a virada no nado crawl e 
costas é praticamente a mesma; a única diferença é quando o nadador gira da posição 
dorsal para a frontal (EVANS, 2009). 
 
Nado crawl e nado costas – 
 
A meia cambalhota realizada na água é o elemento essencial da virada, e essa 
técnica é chamada de virada de cambalhota. No nado crawl, quando o nadador 
executa a cambalhota de 180º, significa que ele realizará a impulsão contra a parede 
em posição dorsal e deverá fazer uma rotação para voltar à posição ventral. No nado 
costas, os nadadores viram até a posição ventral antes da cambalhota e ficam 
posicionados para recomeçar o nado costas após o impulso contra a parede (EVANS, 
2009). A virada do nado crawl começa quando uma mão está na altura do quadril e a 
 
35 
 
outra se prepara para entrar na água. O queixo é aproximado dos ombros, o joelho é 
elevado até o peito e a mão que está prestes a entrar na água vai até a altura dos 
quadris, a fim de que o corpo fique em uma posição compacta e encaixada. O 
rolamento frontal é realizado até que as costas fiquem direcionadas para o fundo da 
piscina (EVANS, 2009). A partir dessa posição, os pés realizam o impulso contra a 
parede, com a maior força possível. A virada pode ser feita em sentido horário ou anti-
horário, dependendo da preferência de cada nadador, até alcançar a posição 
hidrodinâmica. No nado costas, a virada é praticamente a mesma, a única diferença 
é que ela começa com o nadador girando da posição dorsal até a posição ventral do 
nado crawl para, então, iniciar a cambalhota. 
 
Nado peito e nado borboleta – 
 
A virada começa com o toque simultâneo das mãos na parede, separadas uma 
da outra pela largura dos ombros com os braços estendidos e o corpo na posição 
hidrodinâmica. O nadador usa o impulso da parede para aproximar os joelhos no tórax. 
Após isso, os braços se deslocam rapidamente para iniciar o movimento reverso 
conduzido pelo cotovelo (que dará sequência ao movimento em direção ao lado 
oposto da piscina). Os joelhos continuam a se flexionar em direção ao tórax para que 
ambos os pés fiquem posicionados na parede. Antes dos pés chegarem, a cabeça é 
elevada para inspiração e para o início do movimento de 180º para trás com os braços 
em sentido horário e anti-horário abaixo da superfície da piscina (EVANS, 2009). 
Ainda segundo Evans (2009), quando os pés estiverem posicionados, a outra mão 
executa o movimento semelhante a um golpe de caratê próximo da orelha, do mesmo 
lado do corpo, e a impulsão é iniciada. Nesse momento, durante a impulsão, o nadador 
realiza um giro até ficar com a barriga para baixo. As pernas deixam a parede 
conforme a mão que estava perto da orelha se desloca em direção ao braço, que está 
na frente da cabeça, e o corpo assume a posição hidrodinâmica. 
 
5.2 Nado sincronizado 
 
 
36 
 
No nado sincronizado, as figuras dos movimentos (imagem a seguir) podem 
ser consideradas seus fundamentos, pois sua execução se dá tanto isoladamente 
quanto como parte da rotina (FUGITA, 2010). 
 
 
 
Figuras básicas dos movimentos de nado sincronizado 
 
 
Fonte: Adaptado de FINA (2018b). 
 
 
5.3 Polo aquático 
 
 
37 
 
Assim como no handebol ou no futebol, o objetivo do polo aquático é o mesmo: 
cada equipe realiza a troca de passes para enviar a bola a um jogador desmarcado 
que possa atirar ao gol. Nessa ação, bem como em outras ações da partida, os 
fundamentos a seguir se fazem presentes (Quadro - Principais fundamentos técnicos 
do polo aquático). 
 
 
Principais fundamentos técnicos do polo aquático 
Manejo e controle da bola Pegar a bola, passe (para a água ou seco; trajetória e 
distância), recepção (na água ou na mão: frontal, esquerda 
e direita, lateral); remate — com ou sem simulação (frontal, 
sueco, bozi, pulso; tapinha, francês, costas e deitado). 
Propulsão e técnicas específicas Peito vertical, crawl polo e drible, arranque e travagem; 
rotações; retropedalagem (posição básica: vertical, 
horizontal, oblíqua, frontal, lateral e de costas) saltos e 
giros, mudanças de direção e sentido de nado (inversão: 
simples ou com rotação). 
Tática Posição básica defensiva e ofensiva; passe, recepção e 
remada; princípio do jogo; meios táticos ofensivos e 
defensivos; métodos de jogo ofensivo e defensivo; guarda-
redes. 
Fonte: Adaptado de Canossa et al. (2007). 
 
 
5.4 Regulamento da natação, nado sincronizado e do polo aquático: aspectos 
gerais 
 
A natação é considerada um dos esportes mais tradicionais dos Jogos 
Olímpicos, sendo disputada desde a primeira edição realizada na era moderna, na 
Grécia, em 1896. O polo aquático foi disputado já na segunda edição dos Jogos, em 
Paris, 1900. O nado sincronizado foi aceito oficialmente somente em 1984, em Los 
Angeles. Todas as três modalidades são regulamentadas pela FINA e apresentam 
características próprias que a diferem entre si. (FUGITA, 2010). 
 
5.4.1 Natação 
 
 
38 
 
A natação é uma das modalidades esportivas mais antigas. Em competições 
oficiais, ela é praticada numa piscina de 50 metros de comprimento, dividida por 10 
raiascom 2,5 metros de largura cada. A temperatura da água não pode exceder 21ºC, 
e a profundidade mínima da piscina é de 1,35 metro. 
Suas regras variam conforme o estilo praticado, que pode ser: crawl (nado 
livre), peito, costas, borboleta e medley (os quatro estilos na mesma prova). Cada uma 
das modalidades apresenta especificações técnicas quanto ao posicionamento dos 
seguimentos corporais. As provas são iniciadas em cima do bloco de partida, exceto 
a do nado de costas, cuja ação se inicia já dentro d’água, virados para a borda, 
segurando as alças, e impulsionando o corpo com os pés. Vale ressaltar que falsas 
largadas eliminam os atletas. As competições de natação têm como objetivo a 
realização, no menor tempo possível, de um percurso que pode ser de 50, 100, 200, 
400, 800 ou de 1500 metros (FINA, 2018a). As provas de nado livre e medley podem 
ser realizadas na forma de revezamento. No nado livre, o crawl é utilizado por ser o 
que proporciona maior agilidade. Na ação, há a combinação de rotações dos braços 
com as batidas dos pés. Ao finalizar a prova, na chegada, o atleta deve tocar a borda 
da piscina com uma das mãos, pois lá há uma placa de toque que cronometra o tempo. 
Nas provas individuais, o nadador realiza os quatro estilos na seguinte ordem: 
borboleta, costas, peito e crawl. Já no revezamento, a ordem é diferente: costas, 
peito, borboleta e crawl. 
 
 
Fonte: http://patrocinados.estadao.com.br/ 
 
5.4.2 Nado sincronizado 
 
 
39 
 
As competições de nado sincronizado podem conter provas de figuras, rotina 
técnica, livre e combinada. Eventos que visam a formação de atletas de alto nível 
incluem as provas de figuras, já nos de excelência, como os Jogos Olímpicos, as 
rotinas fazem-se presentes (FUGITA, 2010). 
As rotinas (ou coreografias) são divididas em quatro modalidades: solo (1 
atleta), dueto (2 atletas e 1 reserva), equipe (8 atletas e 2 reservas) e combinada (10 
atletas) (FUGITA; PONSIANO, 2013). Sendo assim, em cada prova os atletas 
competem nas etapas de rotina técnica (sequência de elementos previamente 
estipulados que devem ser cumpridos na ordem determinada) e rotina livre (sem a 
obrigatoriedade de elementos, os atletas, juntamente com o técnico, elaboram a rotina 
de modo a transmitir o tema, valorizar o potencial da equipe e convencer os juízes 
sobre a sua excelência). 
De acordo com as regras oficiais do nado artístico, no geral, as rotinas são 
compostas por uma grande variação de movimentos suaves e expressivos a rápidos 
e vigorosos. Estrategicamente, em todas as provas, há aumento em dificuldade, 
principalmente na parte final da coreografia, aumentando-se a velocidade de 
movimento, para enfatizar o preparo físico e o nível técnico dos atletas, a fim de obter 
a nota máxima (FINA, 2018b). 
Figuras são sequências de posições, codificadas pela FINA (2018b), divididas 
segundo categorias de idade (entre 8 a 10 figuras). Em cada competição, sempre há 
duas figuras obrigatórias que já são conhecidas pelos árbitros e duas são sorteadas 
na véspera da competição (FUGITA, 2010). Essa prova exige alinhamentos e ângulos 
precisos, máxima altura em relação à superfície, estabilidade e ritmo contínuo nas 
transições, além da “ausência de esforço aparente”, segundo Fugita (2010). 
Os árbitros avaliam o desempenho nessa modalidade considerando o valor 
artístico das coreografias, que combinam elementos técnicos e estéticos de forma 
sincronizada (GUERREIRO et al., 2013). No julgamento de figuras, o competidor pode 
obter uma pontuação de 0 a 10, utilizando 1/10 de ponto (FINA, 2018b). 
 
5.4.3 Polo aquático 
 
O polo aquático é um esporte coletivo, de invasão, derivado do futebol, 
praticado em piscina funda. Cada equipe é composta de 7 atletas, sendo 1 goleiro e 
6 atletas de linha. O objetivo do jogo é marcar o gol na trave do adversário, semelhante 
 
40 
 
ao futebol e handebol (FREITAS FILHO et al., 2018). Apesar de ser um esporte de 
contato, as regras não preveem qualquer tipo de violência, seja por cima da água ou 
sob ela, tendo, assim, os mesmos princípios desses outros esportes coletivos 
(TELLES et al., 2016). 
As regras básicas oficiais incluem, ainda, que a bola não pode ser agarrada 
com as duas mãos juntas por qualquer jogador, exceto o goleiro (FREITAS FILHO et 
al., 2018). Além disso, “[...] a bola não pode ser afundada por qualquer jogador, 
quando este estiver em disputa de bola com o adversário e nenhum jogador pode 
colocar o pé no fundo da piscina [...]” (FREITAS FILHO et al., 2018, p. 331). Os 
mesmos autores destacam que o movimento do arremesso/hute é um dos principais 
fundamentos da modalidade, sendo decisivo no resultado das partidas, já que o gol 
sempre sairá de um movimento assim. 
Na partida de polo aquático é preciso muita agilidade, já que o tempo de posse 
bola não pode ultrapassar 30 segundos e não há muito espaço para contato físico 
intenso na maioria das posições, o que proporciona uma partida mais dinâmica e mais 
fluída aos olhos dos espectadores (TELLES et al., 2016). 
No Brasil, apesar dos vários títulos conquistados, como os sul-americanos, um 
pan-americano, participação em sete edições dos Jogos Olímpicos e diversas 
competições regionais, nacionais e internacionais realizadas, o polo aquático não se 
tornou um esporte de massa e nem ganhou uma significativa adesão de participantes 
ou de espectadores (TELLES et al., 2016). 
 
6 PRÁTICAS CORPORAIS DE AVENTURA 
 
As práticas corporais de aventura são compostas por diferentes modalidades 
esportivas, variando em risco, modos e ambientes. Quanto às diferenças de ambiente, 
o meio líquido tem potencial para a prática de modalidades esportivas em que se usa 
a água para o deslocamento. 
As práticas corporais de aventura (PCAs) são manifestações culturais, tanto 
contemporâneas quanto ancestrais, que, ao longo do tempo, foram adquirindo ares 
esportivos, quando deixaram de ser exclusivamente praticadas no tempo livre ou de 
lazer, ganhando um contexto competitivo e até mesmo profissional, o que cria uma 
 
41 
 
ideia de aventura e resgate histórico e da natureza dentro da sociedade (SOUZA; 
ARAÚJO, 2016). 
Nas PCAs, podemos identificar diferentes meios em que essas atividades 
acontecem — aéreos, terrestres ou aquáticos, sendo o último o objeto de estudo deste 
capítulo. As modalidades esportivas aquáticas consistem naquelas que acontecem 
em contato com o meio líquido (i. e., a água), em mares, rios, lagos, piscinas e 
corredeiras. 
Sabendo que cerca de 70% da superfície do planeta Terra é composta por 
água, não é difícil entender os motivos que levaram o homem a desbravar esse novo 
território. 
É inegável que o contato do homem com o meio aquático não data dos dias 
atuais, mas desde a sua origem, já que se tornou responsável por fornecer 
alimentação e condições de vida, além de permitir o deslocamento por longas 
distâncias (TAHARA; SANTIAGO; TAHARA, 2006). Desde seu desenvolvimento na 
barriga da mãe, a criança demonstra maior prazer nas atividades aquáticas, o que 
resulta em reflexos e respostas motoras ao meio líquido característicos em cada fase 
do desenvolvimento, ou seja, as respectivas capacidades neuromotoras de 
movimento na água. Um dos fatores primordiais para que o indivíduo sinta prazer de 
estar na água é descobrir as sensações que ela pode lhe proporcionar (SILVA et al., 
2016). 
 
 
 
Essas novas sensações possibilitam que o corpo daqueles que praticam 
atividades aquáticas se adapte a outros ambientes, desenvolvendo novas habilidades 
e coordenando força e velocidade de maneira diferenciada (MONTEIRO, 2006), o que 
favorece vivências novas e variadas nas atividades cotidianas (LEONARD; 
HIRSCHFELD; FORSSBERG, 1991). 
 
42 
 
Nos estudos de Teixeira-Arroyo e de Oliveira (2007), observou-se que o quadro 
geral de crianças com paralisia cerebral é muito beneficiado pela estimulação no meio 
líquido, a partirde melhoras em habilidades como coordenação, equilíbrio, 
lateralidade, esquema corporal, orientação espacial e temporal, além de favorecer a 
relação do indivíduo com o próprio corpo e o ambiente. 
Outro grupo beneficiado sobremaneira pelas atividades aquáticas, 
principalmente a natação, é formado pelos asmáticos, considerado um tratamento 
auxiliar para a asma, já que interfere positivamente na sua qualidade de vida pela 
resistência que a água proporciona ao movimento da respiração da natação, além de 
compreender uma atividade aeróbia (FREITAS et al., 2019). 
A partir de agora, conheceremos mais profundamente algumas das 
modalidades esportivas que se enquadram nas características das modalidades 
esportivas de aventura aquáticas. 
 
6.1 Modalidades 
 
Entre as muitas modalidades esportivas de aventura aquática existentes, neste 
capítulo abordaremos as características históricas, as definições e os equipamentos 
presentes nas modalidades de bodyboard, surf, stand-up paddle (SUP), wakeboard, 
kitesurf, windsurf, canoagem, rafting e mergulho. 
 
6.1.1 Bodyboard 
 
Derivado do inglês, o termo bodyboard significa “deslizar pelas ondas deitado 
em cima de uma prancha”, uma espécie de “surf deitado”. Esporte recente, apareceu 
pela primeira vez em 1970, difundindo-se por vários países, principalmente por ser 
mais seguro e apresentar uma dificuldade menor graças à característica de ficar 
deitado na prancha, mais curta e larga (AMADO, 2011). 
Apesar de ser um desporto de deslize na onda deitado sobre uma prancha, o 
bodyboard tem como características a velocidade e a realização de manobras e saltos 
em diferentes rotações nos eixos corporais (SOUSA, 2016). Pode ser praticado por 
pessoas de diferentes idades como lazer ou competitivamente, quando acontece em 
mar aberto e o atleta realiza diversas manobras, somando pontos. 
 
43 
 
Para praticar bodyboard, são necessários alguns equipamentos, como os 
listados a seguir. 
 Nadadeira ou pé de pato: auxiliam na propulsão para pegar as ondas, além 
de facilitar a saída do atleta de correntes marítimas. 
 Prancha: é pequena e com um formato arredondado na frente e quadrado 
na traseira, feita de material leve. Seu tamanho deve ser proporcional ao peso e ao 
tamanho do praticante. À prancha, também é acoplado o lash, preso ao pulso do 
atleta, impedindo-o que perca a prancha. 
 Roupa especializada: o fato de o corpo estar em contato direto com a 
prancha pode causar lesões no tronco, o que leva à necessidade de usar camisetas 
de lycra ou de neoprene específicas para atividades aquáticas. 
 
 
Fonte: O bodyboard... (2019, documento on-line). 
 
6.1.2 Surf 
 
Há muitos séculos atrás, os moradores das ilhas do Pacífico Sul, conhecidas 
hoje como Polinésia, se aventuravam pelas ondas em cima de pranchas de madeira. 
Mas apenas em 1778, quando o capitão James Cook em uma expedição marítima 
observou a prática dos nativos e levou a modalidade para outros locais do mundo, 
essa modalidade passou a ser praticada no mundo inteiro, tendo sua estreia marcada 
nas Olimpíadas de Tóquio em 2020 (STUBBS, 2012; OLIVEIRA, 2007). 
 
44 
 
Além de ser uma modalidade esportiva e olímpica, o surf é carregado de 
filosofias e culturas que perpassam a prática esportiva, impactando na criação de um 
estilo de vida de seus praticantes — o conhecido “espírito Aloha”, que preza pela 
simplicidade e pelo respeito a natureza, criando uma tribo identificável pela fala, pelas 
vestimentas e até mesmo pelos estilos musicais (COSTA E SILVA, 2000). 
De origem inglesa, a palavra surf significa “deslizar pelas ondas com uma 
prancha”, ou seja, o surfista (atleta de surf) fica em pé em cima de uma prancha 
deslizando sobre as ondas, realizando manobras ou não, até o momento em que 
perde a velocidade. A modalidade é tradicionalmente praticada em mar aberto, 
embora, atualmente, existam competições esportivas realizadas em piscinas com 
ondas específicas para essa prática. 
O surf pode ser praticado de maneira recreativa ou como lazer e competitiva; 
no último caso, há duas modalidades diferentes: a primeira consiste na realização de 
manobras em uma onda em que se somam pontos; e a outra é conhecida como tow-
in, ou surf em ondas gigantes, considerada um esporte extremo pelo alto risco que 
envolve, no qual o surfista é levado de lancha ou jet-ski até um pico de ondas com 
mais de 20 m de altura e, em pé na prancha, é puxado por um jet-ski até alcançar a 
velocidade necessária para surfar na onda. A maior onda já surfada, na Califórnia, nos 
Estados Unidos, tem 23,4 metros de altura. 
Para a prática de surf, podemos utilizar uma prancha longa (longboard), mais 
pesada e com pouca mobilidade, utilizada para permanecer mais tempo na onda sem 
realizar manobras, ou uma mais curta, que permite realizar manobras em maior 
velocidade, feita em madeira ou fibra de vidro e revestida com um material 
impermeabilizado. Todo o processo de construção da prancha é artesanal e 
personalizável. Para que o atleta consiga manter os pés na prancha com maior 
facilidade, é utilizada a parafina, que dificulta que o surfista escorregue e possa, assim, 
realizar manobras. Outra parte importante da prancha compreende as quilhas, que 
funcionam como lemes e ficam localizadas na parte inferior traseira da prancha; ainda, 
o lash fica preso ao tornozelo do atleta que fica na parte posterior da prancha, ligando-
o a ela e impedindo que se separe da prancha, impedindo-o de perdê-la (STUBBS, 
2012). 
 
 
45 
 
 
Fonte: Cheng (2018, documento on-line). 
6.1.3 Stand up paddle 
 
O stand up paddle (SUP) constitui um híbrido entre o surf e a canoagem, uma 
vez que, para a sua prática, utilizamos uma prancha pesada e alongada para ficar em 
pé e um remo para fazer os deslocamentos. Trata-se de uma atividade que consiste 
em remar uma prancha pela água, em locais calmos e sem ondas, como rios e lagos, 
e, também, para surfar em ondas (ZAGARE; PEREIRA, 2015). 
Hoje, o SUP é praticado de diferentes formas, como as listadas a seguir. 
 Lazer: praticada amplamente nas praias ao redor do mundo de maneira 
recreativa por pessoas de todas as idades. 
 Race: corridas realizadas em percursos demarcados cujo objetivo é 
completá-los no menor tempo possível. 
 Rafting: consiste em descer corredeiras utilizando-se a prancha de SUP. 
 Wave: similar ao surf, nessa modalidade o atleta utiliza o SUP para deslizar 
nas ondas, ou seja, surfar. 
 Challenge: travessias de longa distância. 
As pranchas de SUP são bastante similares às de surf, inclusive quanto à sua 
fabricação, com as mesmas partes e materiais — a maior diferença entre elas reside 
no fato de que as pranchas para a realização do SUP devem ser mais largas e 
grossas, facilitando a flutuação e a estabilidade e favorecendo a prática. 
 
 
46 
 
 
Fonte: Beginner... (2019, documento on-line). 
 
6.1.4 Wakeboard 
 
Modalidade que faz parte do esqui aquático, o wakeboard foi uma invenção de 
Ralph Samuelson, que data de 1922, período em que Samuelson utilizava dois 
pedaços de madeira finos e alongados para deslizar sobre a água, o que, 
posteriormente, evolui para o esporte tal como o conhecemos hoje. A modalidade é 
regulada pela Federação Internacional de Esqui (IWSF), que organiza campeonatos 
mundiais a cada 2 anos, mas não é um esporte olímpico. As principais potências do 
wakeboard são a Nova Zelândia, a Austrália, o Canadá, a Irlanda e a França 
(STUBBS, 2012). 
Por definição, o wakeboard compreende um esporte radical em que os atletas 
podem alcançar uma velocidade de 37 km/h, sendo puxados por uma lancha enquanto 
realizam manobras e saltos em alta velocidade. E, pelo fato de o esporte se utilizar de 
um meio de transporte aquático, tanto a lancha quanto o piloto devem seguir as 
orientações da Marinha do Brasil. 
Em razão de o wakeboard proporcionar grandes riscos, principalmente pelas 
manobras e pela velocidadealcançada, a Associação Brasileira de Wakeboard (ABW) 
sugere algumas condutas e equipamentos durante a prática da modalidade: utilizar 
sempre equipamento de proteção, como capacete e colete salva-vidas; evitar a prática 
por pessoas com epilepsia; verificar sempre se todos os equipamentos estão bem 
 
47 
 
presos e em bom estado de conservação; e nunca ficar próximo ao banco quando 
este estiver ligado (WAKEBOARD..., 2019, documento on-line). 
 
 
Fonte: https://www.arraialferias.com.br/ 
 
As partes dos equipamentos do wakeboard se dividem em: 
 Manete (handle): ligada ao cabo, é onde o atleta segura com as mãos para 
acompanhar a lancha; 
 Colete salva-vidas: deve ser utilizado por todos os praticantes e permite uma 
rápida volta à superfície em caso de quedas ou acidentes; 
 Cabo: liga o atleta à lancha que o transporta; 
 Prancha e botas: as botas são unidas à prancha, o que permite que o atleta 
realize manobras sem perder o contato com a prancha, que é mais curta e larga com 
pequenos lemes nas partes inferior traseira e dianteira; 
 Lancha: instrumento usado para carregar o atleta, que deve seguir as 
normas da Marinha do Brasil. 
 
6.1.5 Kitesurf 
 
O kitesurf é considerado um esporte contemporâneo, embora haja relatos 
históricos do século XII de pescadores da Indonésia, da Polinésia e da China que 
utilizavam pipas para movimentar embarcações, sendo utilizado como recreação a 
partir da década de 1970. A primeira tentativa de prática da modalidade com esquis 
 
48 
 
de neve e uma vela inflável para deslizar pelo mar se deu apenas no ano de 1984, até 
alcançar os moldes atuais. 
Modalidade esportiva que mistura surf, windsurf e wakeboard, a realização do 
kitesurf depende de combinações específicas de condições climáticas e ambientais 
— no Brasil, por exemplo, o número de praticantes tem crescido principalmente no 
verão, quando as intensidades dos ventos e o calor favorecem a prática. O estado do 
Rio Grande do Sul tem condições ideais para a prática do kitesurf, como ventos fortes 
e constantes, em função da formação de planície litorânea bastante extensa 
localizada ao sul do estado, com pouca influência de barreiras naturais (BERNEIRA 
et al., 2011). 
A palavra kitesurf é composta por duas palavras da língua inglesa, kite, que 
significa “pipa”, e surf, “deslizar pelas ondas com uma prancha”, ou seja, trata-se do 
ato de “deslizar pelas ondas com uma prancha utilizando uma pipa”, uma espécie de 
paraquedas alongado que mede ente 5 e 20 m2. A pipa tem quatro cabos finos com, 
em média, 20 m de comprimentos ligados à barra, que permite ao atleta controlar a 
pipa. A barra fica ligada ao atleta por um cabo preso ao trapézio, um cinto específico 
da modalidade que representa um aspecto de segurança caso o atleta perca o 
controle da barra (RODRIGUES, 2009) 
Além de o kitesurf ser uma prática bastante difundida para o lazer, existem 
modalidades competitivas (RODRIGUES, 2009), como as listadas a seguir. 
 Estilo livre: quando os atletas realizam manobras e giros, sendo pontuados 
por isso. 
 Regata: os atletas perpassam um percurso determinado, tendo como 
objetivo percorrê-lo no menor tempo possível. 
 Hang time: uma competição de saltos em que o objetivo consiste em ficar o 
maior tempo possível no ar. 
 Velocidade: o objetivo é surfar o mais rápido possível; em alguns casos, 
pode-se alcançar até 90 km/h. 
 Nas ondas: parecido com o surf, os atletas realizam manobras em ondas. 
 
 
49 
 
 
Fonte: Kite surfing... (2015, documento on-line). 
 
 
6.1.6 Windsurf 
 
Com o nome resultado de duas palavras provenientes de língua inglesa — 
wind, que significa “vento” e surf, “deslizar pelas ondas com uma prancha” —, o 
windsurf se caracteriza pelo deslizamento pelas ondas com uma prancha movida pela 
força do vento. Na década de 1940, já havia registros de pranchas adaptadas que 
utilizavam velas para a navegação na Austrália, contudo, a primeira prancha à vela 
construída e patenteada tem a alcunha de dois norte-americanos, Jim Drake e Hoyle 
Schwitzer, em 1970, tendo sido considerados os pais do windsurf, um esporte aquático 
veloz e acrobático. A modalidade teve sua primeira competição em nível mundial em 
1983, tornando-se um esporte olímpico apenas em 1984. Além da modalidade 
praticada nos mares, há uma modalidade indoor, que começou a ser praticada de 
maneira competitiva em 1991 (STUBBS, 2012). 
Além de compreender uma modalidade esportiva utilizada para o lazer, o 
windsurf tem um caráter competitivo, com diferentes divisões ou modalidades que 
visam a elementos diferentes da mesma modalidade, como velocidade, habilidade 
técnica, manobras e estilo (STUBBS, 2012). 
 
 
50 
 
 
Fonte: Reid (2015, documento on-line). 
 
6.1.7 Canoagem 
 
 
O homem usa canoas para sua locomoção pelas águas há mais de 6 mil anos, 
tendo alguns registros históricos apontando que, no século XVI, eram utilizadas, pelos 
índios americanos, canoas feitas de madeira, em que o canoísta ficava ajoelhado e 
utilizava remos para impulsionar a canoa para a frente (MARCHI; MEZZADRI, 2003). 
A canoagem pode ser realizada tanto individualmente quanto em duplas, 
representada pelas modalidades em águas paradas e de slalon. 
 Águas paradas: realizada em lagos e outros locais em que haja águas 
calmas e sem correnteza, os competidores devem percorrer um percurso determinado 
sinalizado dentro de raias, que pode variar de 200 a 1.000 m, sendo vencido por 
aquele que completar o percurso no menor período. 
 Slalon: praticada em águas correntes ou em piscinas que imitam essa 
condição, o canoísta deve desviar de obstáculos presentes no percurso até chegar à 
marca final. 
 
6.1.8 Rafting 
 
O rafting é uma modalidade realizada nas corredeiras de rios por meio de botes 
infláveis e remos com capacidade para 5 ou 10 pessoas, bastante procurada para o 
 
51 
 
lazer, principalmente por sua característica de cooperatividade, além do aspecto 
lúdico e aventureiro, uma vez que é necessário entrar no rio e conquistá-lo, 
desbravando-o de maneira consciente e saudável (SCHWARTZ; CARNICELLI FILHO, 
2006). Para a prática, sempre há a necessidade de um instrutor ou guia registrado e 
experiente em técnicas de canoagem (MARCHI; MEZZADRI, 2003). 
Seu primeiro registro histórico data de 1869, durante uma expedição pelo rio 
Colorado, nos Estados Unidos, com barcos a remo descendo corredeiras, mas foi em 
1885, com algumas alterações como virar o acento do bote para a frente para melhor 
enxergar o percurso, que se transformou na modalidade tal como conhecemos hoje 
(MARCHI; MEZZADRI, 2003). 
 
 
Fonte: Rafting ([201-?], documento on-line). 
 
Além da conhecida prática de lazer, existem outras três modalidades 
competitivas de rafting (MARCHI; MEZZADRI, 2003): 
 descida: a equipe deve fazer um percurso de 2,5 a 6 km do rio, conforme a 
categoria, no menor tempo possível; 
 resgate: a equipe precisa cumprir um percurso de 300 a 600 m, realizando 
tarefas como a virada do bote e resgate de um dos integrantes que está na água; 
 slalom: percurso de 300 a 600 m delimitado por barreiras que devem ser 
cruzadas pelos botes. 
De modo geral, para praticar o rafting, é necessário dispor de um bote inflável 
adequado à prática, remos (um para cada atleta), colete salva-vidas e capacete. 
 
52 
 
 
6.1.9 Mergulho 
 
O mergulho é umas das principais atividades relacionadas ao turismo em áreas 
marinhas protegidas (AMP), tendo apresentado maior crescimento na última década. 
Em associação ao aumento da popularidade do turismo em áreas naturais, o 
desenvolvimento de equipamentos de mergulho mais confiáveis e de custo menos 
elevado, além de câmeras fotográficas e filmadoras subaquáticas digitais com maior 
facilidade de utilizar e editam, tem contribuído substancialmente para a difusão do 
mergulho e da fotografia e do vídeo subaquáticos (AUGUSTOWSKI, 2007). 
Essa modalidadecomeçou a ser praticada a partir do desejo humano de 
explorar o mundo submarino, para buscar alimentos, realizar salvamentos, para 
deslocamentos militares, para colher pérolas e realizar práticas de lazer ou esportivas 
(DANCINI, 2005). Dessas necessidades iniciais, o mergulho evoluiu muito ao longo 
dos anos, permitindo que, hoje, seja amplamente praticado em praias como forma de 
lazer. Existem duas formas de realizar o mergulho: o mergulho de cilindro e a apneia. 
A apneia consiste em mergulhar em piscinas ou no mar sem nenhum 
equipamento, mantendo o ar nos pulmões, quando há uma suspensão voluntária da 
respiração para manter o fôlego durante o mergulho. O grande desafio do 
mergulhador de apneia consiste em manter o corpo sem a entrada de oxigênio, para 
atingir a maior profundidade, percorrer a maior distância ou estabelecer o maior tempo 
possível submerso. Para a conquista desses objetivos, no entanto, é preciso treinar o 
corpo para alcançar um condicionamento físico e um autocontrole corporal que 
possibilitem perceber os limites individuais. Além da falta de ar, outra dificuldade nessa 
prática refere-se ao aumento da pressão, já que, quanto mais fundo o atleta desce no 
oceano, maior a pressão, pois o peso da água faz pressão para baixo, causando 
diversos tipos de alterações fisiológicas, o que exige um grande esforço para controlar 
as sensações de desconforto. Trata-se de um esporte de risco, que requer do 
mergulhador determinação, concentração, autocontrole corporal, domínio e controle 
dos movimentos respiratórios, bem como um treinamento constante — na verdade, 
essencialmente, seus praticantes precisam reaprender a respirar para que consigam 
ficar sem respirar (DANCINI, 2005). 
Na modalidade de mergulho de cilindro, são utilizados equipamentos 
específicos para manter-se em segurança por longos períodos submerso: 
 
53 
 
 máscara de mergulho: oferece uma visão nítida do fundo do mar, além de 
cobrir o nariz para permitir a respiração correta (no mergulho, ela acontece pela boca); 
 nadadeiras: no mergulho, os movimentos das pernas são os responsáveis 
pelo deslocamento do mergulhador. Assim como as utilizadas no bodyboard, esse 
equipamento auxilia no deslocamento, apresentando vários modelos, conforme a 
necessidade do mergulho e do mergulhador; 
 lastro: equipamento utilizado para compensar a flutuabilidade causada 
principalmente pela roupa isolante, nada mais é que um cinto com blocos de chumbo 
que variam conforme o tamanho e o peso do mergulhador para este permaneça mais 
perto do fundo; 
 colete flutuador: mantém a flutuação do mergulhador e, como o próprio nome 
sugere, dispõe de bolsas de ar que podem ser acionadas conforme a necessidade; 
 cilindro de ar comprimido: equipamento que permite se manter por longos 
períodos embaixo da água. Os cilindros pesam em média 12 kg, contendo 
aproximadamente 2.400 L de ar comprimido; 
 regulador: equipamento que permite que o ar comprimido saia do cilindro, 
entrando em contato com o mergulhador, controlando a pressão para que seja 
adequada para o organismo. Constitui-se por uma membrana que permite a 
passagem do ar quando o mergulhador inspira e expira, sendo colocado na boca do 
mergulhador; 
 roupa: busca manter a temperatura corporal. 
 
6.2 Benefícios da prática das modalidades esportivas de aventura aquáticas 
 
As atividades aquáticas de aventura têm especificidades, podem ser praticadas 
de maneira coletiva ou individual e, em sua maioria, apresentam baixo risco, embora 
todas devam ser realizadas com equipamentos de segurança, como o colete salva-
vidas (LIMA, 2017). 
Essas práticas também são de extrema importância para a aquisição e a 
manutenção de hábitos mais saudáveis, por sua conexão com a água, que existe no 
ser humano desde antes de seu nascimento, e envolvem fatores de proteção para a 
saúde, como o contato com a natureza e o sol, e o aumento da capacidade muscular 
e aeróbia (LIMA, 2017). 
 
54 
 
É inegável que as atividades aquáticas evoluíram sobremaneira, em técnica ou 
em equipamentos, o que possibilitou que os esportes ficassem cada vez mais seguros, 
chegando a ser praticados em escolas, principalmente o SUP, que apresenta 
inúmeras possibilidades pedagógicas, sobretudo por poder ser realizado em piscinas, 
desenvolvendo o equilíbrio e outras habilidades motoras dos estudantes (ZAGARE; 
PEREIRA, 2015). 
Tahara e Santiago (2006) afirmam que os benefícios das atividades realizadas 
no meio líquidos podem se dar em diferentes aspectos — físico, psicológico e social. 
 Aspecto físico: podemos citar a possibilidade de realizar atividades físicas 
que promovam com pouco impacto nas articulações, estimulando a musculatura e a 
manutenção do tônus muscular e efeitos positivamente significativos no sistema 
cardiorrespiratório. 
 Aspecto psicológico: refere-se às questões de saúde mental, autoestima 
e diminuição do estresse. 
 Aspecto social: como muitas modalidades esportivas aquáticas necessitam 
de trabalho em equipe, elas favorecem as relações interpessoais, aumentando ou 
estreitando os círculos de amizade com pessoas com interesses e práticas de lazer 
em comum. 
É possível ainda afirmar que as modalidades esportivas aquáticas recrutam 
grandes grupos musculares, tanto em isometria quanto em contrações concêntricas e 
excêntricas para garantir posturas adequadas, equilíbrio e os movimentos necessários 
durante as práticas. O SUP, o surf, wakeboard e o wind surf, por exemplo, favorecem 
o equilíbrio e fortificam os membros superiores, principalmente no caso do SUP, e 
também da canoagem, que exigem os músculos da região dos ombros fortes para a 
remada correta (ZAGARE; PEREIRA, 2015). 
Assim, analisando tudo o que foi apresentado, é possível perceber que as 
modalidades esportivas aquáticas são responsáveis por uma movimentação da 
economia dentro do cenário de turismo de aventura, tornando-se uma ferramenta 
amplamente utilizada para conscientização quanto à questão ambiental de 
preservação dos recursos hídricos, além dos benefícios sociais, físicos e psicológicos, 
com potencial para serem praticadas nas mais diferentes faixas etárias, com cenários 
e objetivos distintos. 
 
 
55 
 
7 HIDROGINÁSTICA: ORIGEM HISTÓRICA E PECULIARIDADES 
 
A origem das atividades aquáticas está atrelada à sua utilização com fins 
recreativos e curativos. Esses mesmos movimentos que anteriormente eram 
realizados de maneira informal, hoje estão relacionados a uma modalidade aquática, 
não competitiva, chamada hidroginástica. A prática esportiva, que também é 
conhecida como ginástica aquática ou aquaeróbica, pode ser entendida como uma 
prática corporal que utiliza o meio líquido para melhorar a aptidão física 
(FERNANDES, 2011). 
A origem da hidroginástica esteve atrelada à civilização romana no período 
compreendido entre 460 e 375 a.C., quando os povos viam os banhos como algo 
sagrado e com finalidades terapêuticas, como forma de “hidroterapia” (FERNANDES, 
2011). 
Nos países europeus, nos séculos XVIII e XIX, os banhos mornos foram 
utilizados como hidroterapia para a recuperação e alívio de espasmos musculares, e, 
posteriormente, as temperaturas foram variadas, aprofundando o estudo sobre as 
propriedades físicas da água. Desse modo, pode-se afirmar que a hidroginástica 
derivou da hidroterapia, que surgiu na Alemanha para atender pessoas que 
precisavam realizar exercícios físicos de forma segura, sem risco de causar lesões. 
Naquela época, as aulas eram muito semelhantes à ginástica aeróbica, que foi 
introduzida no Brasil no final dos anos 1980 e teve como primeiros participantes os 
idosos, atraídos pelo baixo risco de lesão (FERNANDES, 2011). 
A diferença da hidroterapia e da hidroginástica é que a primeira trata-se de uma 
reabilitação individual para tratamento de lesões osteomusculares, por exemplo. Ela 
não possui características de “aula”, como a hidroginástica,que, além dos fins 
terapêuticos herdados da hidroterapia, possui um caráter descontraído, pois envolve 
música, diversão e prevenção de doenças. 
Uma das suas principais particularidades que difere a hidroginástica das 
atividades físicas realizadas em terra está no fato de ela proporcionar ao indivíduo a 
influência direta das propriedades da água, favoráveis aos objetivos pretendidos com 
a prática (GALDI et al., 2004). Os mesmos autores também afirmam que, dentro da 
água, a ação muscular é concêntrica, e, portanto, é raro ocorrer dor muscular pós-
exercício. Além disso, há a redução do impacto, que pode ser considerado um dos 
 
56 
 
aspectos mais vantajosos da sua prática, uma vez que possibilita a exploração de 
exercícios com saltos sem que haja um estresse articular como ocorre no solo. 
Para Cerri e Simões (2007), a hidroginástica proporciona o aprimoramento da 
aptidão física, como força, flexibilidade, resistência muscular localizada e 
coordenação, além de promover a sociabilização, fator que pode ser considerado uma 
das principais motivações que levam as pessoas, particularmente os idosos, a 
realizarem esse tipo de atividade. Souto et al. (2016) acrescentam que a hidroginástica 
tem sido procurada por idosos e apresenta benefícios como redução da frequência 
cardíaca, aumento do VO² máximo, da massa muscular, da amplitude articular, do 
bem-estar físico e psíquico e melhora da função cognitiva. 
 
 
Fonte: https://gardensc.com.br/ 
 
De modo geral, podemos considerar que a hidroginástica hoje faz parte de uma 
modalidade fundamentada no conceito de fitness, que tem como finalidade melhorias 
na saúde sob um aspecto fisiológico e funcional, e sob uma perspectiva da saúde 
mental, do bem-estar em geral e da socialização de seus praticantes. 
 
7.1 Estruturação da prática 
 
A prática de hidroginástica é constituída de movimentos aquáticos específicos 
realizados em pé e que se baseiam no aproveitamento da resistência da água como 
sobrecarga. Sendo assim, os diferentes movimentos influenciarão na intensidade de 
 
57 
 
esforço, em que o grupo muscular envolvido é proporcional à intensidade imposta 
(OLKOSKI et al., 2013). 
Apesar de a hidroginástica ser favorável a todos os tipos de pessoas, o perfil 
dos praticantes e as metas a serem alcançadas são especificidades que devem ser 
levadas em consideração no planejamento das aulas. Nesta, vale destacar a estrutura 
pedagógica da aula, que geralmente é comporta por: aquecimento (preparação do 
corpo para a realização dos movimentos), parte principal (realização de atividades 
específicas) e final (relaxamento de toda a musculatura) (GALDI et al., 2004). De 
acordo com a Acquatic Exercise Association (2014), o objetivo da estrutura da aula é 
facilitar o ingresso do corpo em um estado de exercício que, então, retorna 
gradualmente ao estado pré-exercício, sendo que cada componente serve a um 
objetivo fisiológico específico para minimizar o risco e melhorar o processo de 
treinamento. 
No Quadro abaixo, está a importância de cada uma dessas etapas: 
 
Estrutura da sessão Características gerais 
Aquecimento Etapa essencial, com duração de 5 a 10 minutos. Prepara o corpo para a 
sobrecarga dos exercícios, mediante a adaptação do sistema 
cardiovascular, ajustes na temperatura corporal e pressão periférica. 
Parte principal Fase em que são propostos os exercícios dirigidos e determinados de 
acordo com a programação, com duração de 40 a 45 minutos. A ênfase 
está na melhoria da resistência aeróbia, força, resistência muscular 
localizada e flexibilidade 
Parte Final Volta à calma, desaquecimento gradual, com 5 a 10 minutos de duração. 
Objetiva a diminuição da frequência cardíaca e da temperatura corporal. 
Fonte: Adaptado de Galdi et al. (2004). 
Segundo Galdi et al. (2004), essa estruturação possui características 
específicas, e, por isso, são também aspectos que devem ser levados em 
consideração, como apresentado a seguir. 
 O aquecimento é iniciado como movimentos que envolvem todos os grupos 
musculares com exercícios simples e multidirecionais, para, em seguida, situar-se nas 
estruturas que irão compor a parte principal. Podem ser usados alongamentos 
estáticos (que preparam as articulações para a realização das atividades, 
ocasionando a produção do líquido sinovial e prevenindo possíveis lesões articulares) 
ou alongamentos dinâmicos (úteis para elevar a temperatura corporal e aumentar o 
 
58 
 
aporte sanguíneo nos diferentes grupos musculares, e para provocar o aumento da 
ventilação pulmonar, como, por exemplo, quando se caminha de uma borda à outra 
da piscina movimentando os braços). Ainda no aquecimento, este pode ser concluído 
com a aplicação de algum jogo, para auxiliar na sociabilização da turma e trazer mais 
motivação à prática. 
 A parte principal é composta por exercícios dinâmicos, que exigem 
movimentação contínua do praticante, para que ocorra um aumento da frequência 
cardíaca (FC) em torno de 70% da FCmáx, justificando melhorias da aptidão física. 
As corridas de borda em borda, ou no lugar, podem ser utilizadas variando a 
movimentação dos braços, pernas (chutes) e tronco (giros), com elevação de joelhos 
ou o toque alternado de calcanhares no glúteo. Quando a resistência muscular 
localizada é priorizada, devem ser executados movimentos específicos para cada 
grupo muscular, intensificando o trabalho com o uso de acessórios como halteres, 
macarrão e bola. 
 Na parte final, o alongamento estático é recomendado sobretudo quando 
tenha ocorrido o trabalho de resistência muscular localizada, visando à diminuição da 
tensão e a prevenção de lesões. Nessa parte da aula também podem ser utilizados 
jogos recreativos, massagens terapêuticas e relaxamentos. 
Faverão (2018) salienta a importância da música e do lúdico numa proposta 
metodológica e nos faz refletir sobre a importância de o profissional ter novas 
possibilidades de trabalho e suprir, porventura, as delimitações de treinamento para 
hidroginástica, como estrutura total da aula, duração e intensidade de cada exercício, 
tempo e forma de recuperação. 
Acredita-se que a estruturação de metodologias direcionadas para as 
atividades aquáticas, assim como os benefícios em vários aspectos, têm colaborado 
para a sua grande aceitação social (FERNANDES, 2011). O autor também cita os 
diferentes programas de hidroginástica existentes no mercado, como acquagym, 
ginástica aquática, hidroatividade, aquaeróbica, além das hidrovariações, como o 
deep water (hidro sem tocar o pé no fundo da piscina); deep runner (corrida dentro da 
piscina, sem tocar no fundo), hidroioga, hidrodança, hidrocapoeira, hidro power; hidro 
local entre outras. 
No planejamento de uma aula de hidroginástica, é importante levar em 
consideração o processo de aprendizagem do movimento. Desse modo, para a ação 
 
59 
 
efetiva dos movimentos, a demonstração dos exercícios propostos, juntamente com a 
instrução verbal, parecem ser componentes básicos para a aprendizagem motora. 
Muitas vezes, o professor deverá “testar” se aqueles exercícios que propõe fora da 
piscina tem o mesmo resultado dentro dela, com a resistência da água atuando. 
 
7.2 Hidroginástica para grupos especiais 
 
Atualmente, a hidroginástica é procurada por diferentes grupos — idosos, 
gestantes, adultos —, e em diferentes contextos — clubes, academias e associações 
— com diferentes objetivos e expectativas (FERNANDES, 2011). Ao ministrar aulas 
de hidroginástica para grupos especiais, é importante que o professor de educação 
física compreenda as propriedades físicas da água e sua aplicabilidade, para que seus 
benefícios sejam potencializados naquelas pessoas. 
 
7.2.1 Idosos 
 
De acordo com Alves et al. (2004), em idosos, a hidroginástica apresenta 
muitas vantagens, pois o as propriedades físicas da água possibilitam um melhor 
rendimento dos exercícios e oferecem riscos menoresà saúde. Em sua pesquisa, os 
autores verificaram que programas de hidroginástica corroboram com melhorias da 
aptidão física de idosos, como medida profilática importante no sentido de preservar 
e retardar ao máximo os efeitos do envelhecimento sobre a aptidão física, contribuindo 
também para a redução das taxas de mobimortalidade em idosos. No estudo de 
Teixeira et al. (2018) com 60 idosos praticantes de hidroginástica, foi verificado que a 
atividade contribui para melhorar a qualidade de vida dos praticantes, havendo uma 
grande motivação pelo fato de ser realizada em grupo, auxiliando na socialização e 
na formação de amizade entre os idosos. 
De acordo com Baun (2010), adultos que já passaram da meia-idade precisam 
de mais tempo para se aquecer e devem resfriar o corpo de forma mais gradual. É 
aconselhável se movimentar em um ritmo que permita manter a estabilidade 
musculoesquelética, com respiração plena e profunda. O treinamento de força é 
também importante para os idosos, sendo interessante incluir de 8 a 10 exercícios de 
fortalecimento e tonificação com 10 a 15 repetições de cada exercício, 2 ou 3 vezes 
por semana. Exercícios de equilíbrio são primordiais na sessão de treinamento para 
 
60 
 
a prevenção de quedas em idosos, que é hoje um problema de saúde pública. É 
aconselhável aquecer lentamente e depois aumentar a intensidade aos poucos, 
monitorando o trabalho rumo a uma intensidade moderada. Quando necessário, deve-
se reduzir a intensidade, de modo que a resistência seja reduzida aos poucos, 
movendo lentamente e minimizando sacolejos e pulos. Esse tipo de ação é necessária 
para resfriar o corpo no término da parte principal, já que uma cessação abrupta de 
exercícios vigorosos pode causar acúmulo de sangue nos membros, o que coloca 
tensão desnecessária no coração, enquanto o corpo se esforça para levar o sangue 
das extremidades ao tronco. Além disso, resfriar o corpo gradualmente é indicado para 
a prevenção de dor muscular pós-exercícios. 
 
7.2.2 Gestantes 
 
Durante a gestação, a atividade física é uma prática segura e agradável. 
Estudos comprovam que a variação da frequência cardíaca no terceiro trimestre 
gestacional pode diminuir com a prática da hidroginástica, aumentando a atividade 
vagal e evitando possíveis intercorrências gestacionais como a pré-eclâmpsia 
(TAREVNIC et al., 2015). Além disso, na gestação, a hidroginástica possibilita o alívio 
de desconfortos comuns durante a gravidez, principalmente o inchaço nos pés e 
pernas em função da melhoria no retorno venoso. Pesquisas recentes têm 
demostrado que a imersão na água associada à prática de exercícios diminui 
significantemente o edema, a dor lombar, a fadiga e queixas gerais de desconfortos 
normalmente vivenciadas pelas gestantes (BENEVIDES et al., 2012). 
De acordo com Baun (2010), durante a gravidez, a mulher obtém um aumento 
de peso gradual (entre 9 e 11 kg) e sustenta seu inevitável estresse sobre a região 
lombar. Desse modo, durante a gestação, faz-se necessário exercícios de 
fortalecimento muscular para que o aumento do peso corporal seja melhor sustentado 
e, após o parto, para ajudá-las a carregar o bebê. A autora cita um estudo no qual 
foram examinados os efeitos dos exercícios realizados em terra e na água, em 
mulheres grávidas. Foi concluído que exercitar-se na água reduz o estresse térmico, 
mantendo a temperatura da futura mãe dentro de níveis mais seguros para o feto, com 
redução da frequência cardíaca e pressão sanguínea. A flutuabilidade da água é 
responsável pelo alívio do peso da gravidez, tornando-se uma opção mais confortável, 
além de eliminar o perigo de pulos ou trepidações. 
 
61 
 
 
 
Fonte: https://ciaathleticasjc.com.br/ 
 
7.2.3 Obesidade 
 
Na obesidade, a hidroginástica se torna fundamental, uma vez que, através da 
sua prática, há o incremento do metabolismo basal, que se torna de extrema 
relevância no combate à obesidade, já que controla o percentual de massa gorda, 
melhora a eliminação de lipídios no sangue e diminui a tensão arterial. Os mesmos 
autores citam estudos que consideram que 1 hora de caminhada na água gera um 
gasto energético de até 525 calorias, ao passo que a mesma caminhada em terra 
queima até 240 calorias. Além disso, a caminhada na água apresenta a vantagem de 
diminuir o risco de lesão e as sensações de calor e suor. 
De acordo com Baun (2010), para pessoas que precisam emagrecer a fim de 
recuperar a mobilidade e a boa saúde, a hidroginástica é a atividade mais indicada, 
uma vez que exercitar-se na água queima mais calorias em menos tempo do que 
executar exercícios similares em terra. Uma sessão de 30 minutos na água equivale 
a uma sessão de 45 minutos em terra, o que faz da hidroginástica uma excelente 
forma de obter trabalho cardiorrespiratório com queima de calorias em uma base 
regular. 
 
7.2.4 Outros grupos especiais 
 
De acordo com Vieira, Porcu e Buzzo (2009), a hidroginástica mostrou-se um 
auxiliar terapêutico benéfico no tratamento do transtorno de ansiedade, com redução 
 
62 
 
do nível de ansiedade no grupo de participantes, mostrando-se, portanto, um 
tratamento complementar eficaz. A prática influenciou também no estado de humor, 
evidenciando que o grupo praticante apresentou melhor perfil de saúde mental 
positiva. 
Estudos também mostram que a hidroginástica é considerada a melhor terapia 
para quem sofre com dores articulares, osteoartrite ou artrite reumatoide. Exercícios 
regulares ajudam a manter as articulações em movimento, restaurando e preservando 
a flexibilidade e a força, ajudando a melhorar a coordenação e a resistência. A água 
proporciona um ambiente confortável para pacientes com artrite se exercitarem com 
suavidade e sem dor. A flutuabilidade auxilia na sustentação do corpo, reduzindo o 
estresse sobre as articulações e proporcionando maior amplitude de movimento 
(BAUN, 2010). Se a água morna alivia a artrite, significa que esse é o exercício mais 
apropriado, e a temperatura deve estar entre 28 e 31ºC antes de entrar na piscina. 
Já para pessoas com fibromialgia, os estudos têm demonstrado que a 
hidroginástica realmente pode ajudar na redução dos sintomas de dor e melhorar a 
qualidade de vida, a flexibilidade muscular e a força, reduzindo o desconforto causado 
pela doença (BAUN, 2010). Em pessoas com fascite plantar (dor aguda e intermitente 
ou intensa queimação no calcanhar ou na sola do pé), a hidroginástica também tem 
sido bastante recomendada, assim como para pessoas com esclerose múltipla, 
diabetes, etc. (BAUN, 2010). 
Baun (2010) cita algumas das rotinas específicas de exercícios aquáticos que 
podem ser desenvolvidas para alguns dos grupos especiais elencados acima, que 
necessitam de algumas precauções. 
 
Grupo 
especial 
Aquecimento térmico 
(5’) + Alongamento (5’) 
Parte principal: 
Exercícios aeróbicos e de 
fortalecimento muscular 
Alongamentos finais 
para resfriamento (10 
a 15 minutos) 
Gestantes Começar lentamente, 
aumentando a 
intensidade de forma 
gradual. Exemplo: 
caminhada na água, 
corrida ou marcha com 
elevação do joelho, 
Aquecer de forma gradual, 
manter um ritmo moderado 
e resfriar lentamente (p. ex., 
passada lateral ampla). 
Exercícios de flutuação (p. 
ex., com espaguete, esqui 
aquático). No fortalecimento 
muscular, comece devagar, 
Alongamentos, 
mantendo-se na posição 
por 20 a 30 segundos. 
 
63 
 
alongamento região 
lombar, etc. 
aumentando gradualmente 
(p. ex., Flexão e extensão 
do braço). 
Idosos Escolher a intensidade 
de exercícios apropriada 
ao nível de aptidão física 
do idoso. Alinhamento 
corporal correto, corrida 
e pedaladas leves. No 
alongamento, evitar ir 
além da amplitude 
normal. 
Começar lentamente, 
elevar a intensidade de 
forma gradual até a 
intensidade moderada. Nos 
últimos 10 minutos, reduzir 
gradualmente a 
intensidade. No 
fortalecimento, executar deforma constante e 
controlada, iniciando com 8 
repetições e aumentando 
para 16 ou mais. 
Completar todos os 
alongamentos finais e de 
resfriamento, mantendo 
um alinhamento corporal 
correto. Alongar por 10 a 
30 segundos. Não 
executar movimentos 
que causem desconforto 
extremo. 
Artrite Aquecimento breve, 
como caminhada na 
água, corrida ou marcha 
com elevação dos 
joelhos. Realizar 
alongamentos que 
considerar confortáveis, 
nunca dolorosos, 
mantendo alongado 
levemente por 10 
segundos. 
Exercícios aeróbicos com 
flutuação é opcional. 
Exercícios para ampliar 
movimentos e de 
fortalecimento se fazem 
necessários (p. ex., 
tesouras laterais 
flutuantes). 
Alongamentos estáticos, 
mantendo as posições 
de alongamento por 20 
segundos. 
Fascite plantar Aquecimento térmico de 
5 minutos, alongamento 
mantendo a posição por 
10 segundos. Atenção 
especial aos 
alongamentos com 
ênfase nos membros 
inferiores. 
Evitar movimentos com 
pulos até não sentir mais 
crises de dor, até 
recuperação total e até os 
sintomas não serem mais 
agravados por saltos. 
Indicado exercícios em 
flutuação. Incluir 
movimentos de 
fortalecimento e tonificação 
quando não houver mais 
sintomas, concentrando-se 
na flexão dos dedos do pé, 
extensão dos tornozelos, 
Alongamento mantendo-
se em cada posição por 
20 segundos. 
Alongamentos que 
apresentam maior 
desafio para os 
músculos que controlam 
a solo do pé são 
indicados na última 
sequência, a fim de 
garantir que eles 
estejam alongados e 
preparados para o seu 
 
64 
 
elevação dos dedos do pé, 
etc. 
papel de estabilização 
da postura ereta. 
Fonte: Adaptado de Baun (2010). 
 
Em idosos, têm-se a opção de começar com 5 a 10 minutos de exercícios 
aeróbicos e adicionar gradualmente 1 minuto a cada semana. Em pessoas com 
obesidade, não foram elencadas medidas preventivas; no entanto, acredita-se que 
quanto maior a intensidade do exercício aquático, maior o gasto calórico, o que 
favorece o emagrecimento. Porém, deve-se estar atento a outras comorbidades que 
podem estar associadas à obesidade, como hipertensão e diabetes. 
 
7.3 Programa de hidroginástica para todos os grupos 
 
De acordo com a Acquatic Exercise Association (2014), para a elaboração de 
programas de liderança em hidroginástica, faz-se necessário, além da atenção 
especial aos elementos de composição da aula (aquecimento, parte principal e parte 
final), um entendimento sobre a variação no formato do programa e a que grupo eles 
serão destinados. 
 
Treinamento em circuito: Chamado de treinamento por estação, sendo que as 
estações podem ser cardiorrespiratórias, de condicionamento muscular, de 
flexibilidade ou de qualquer combinação. Deve ser guiado pelo instrutor, havendo um 
tempo de permanência em cada estação. (AEA, 2014). 
 
Treinamento intervalado: Composto por uma série de ciclos de trabalho que incluem 
segmentos de alta e de baixa intensidade. (AEA, 2014). 
 
Exercício de dança aquática: Sequência de coreografia mais altamente 
desenvolvida e que pode incorporar movimentos orientados para a dança. São 
ensinados segmentos de combinação durante o aquecimento para preparar os alunos 
para o que está à frente. (AEA, 2014). 
 
 
65 
 
Condicionamento físico em piscina funda: Opção de exercício sem impacto, que 
permite a amplitude total de movimentos sem restrições, podendo ser realizado por 
alunos de todas as alturas. (AEA, 2014). 
 
Step aquático: Trata-se de um programa de condicionamento físico que incorpora 
degraus para subir e descer durante uma parte da aula. (AEA, 2014). 
 
Hidroginástica Caminhadas vigorosas com passos largos: Pode ser utilizada 
como aquecimento, relaxamento ou formato inteiro da aula, com a elaboração de 
padrões de caminhada. (AEA, 2014). 
 
Condicionamento muscular: Foca na força e resistência muscular, com atividades 
de alongamento e flexibilidade. Geralmente, utiliza equipamentos a fim de promover 
resistência adicional para sobrecarga contínua no músculo. (AEA, 2014). 
 
Kickboxing aquático: Treino intervalado que usa mudanças de velocidade e 
resistência para criar ciclos de treinamentos eficientes. Há chutes, socos e bloqueios. 
(AEA, 2014). 
 
Ciclismo aquático: Com bicicletas estacionárias, tem se tornado uma opção para o 
treinamento em grupo, personalizado ou reabilitação, indicado para todos os níveis de 
habilidade. (AEA, 2014). 
Pré e pós-natal: Para mulheres na gestação, de maneira segura e confortável. (AEA, 
2014). 
 
Programas para artrite: O foco está em readquirir e manter a amplitude de 
movimento e as habilidades funcionais sem comprometimento da segurança. (AEA, 
2014). 
 
Ai chi: Combinação de respiração profunda e movimentos lentos. (AEA, 2014). 
 
 
66 
 
Pilates, tai chi e ioga aquáticos: Exercícios adaptados dessas modalidades, com 
foco nas técnicas de respiração, força de core, ativação muscular, alinhamento 
corporal e flexibilidade. (AEA, 2014). 
 
Diante do contexto, podemos pressupor que “[...] diretrizes gerais são 
recomendadas para a formatação de aulas com concessões para considerações 
ambientais, variações de programas e objetivos e habilidades dos alunos [...]” 
(ACQUATIC EXERCISE ASSOCIATION, 2014, p. 175). 
Além disso, vale ressaltar que a água pode realmente oferecer algo a todos, 
desde alunos sem condicionamento até atletas de elite à grupos especiais. Os 
benefícios possíveis incluem ganhos de força, flexibilidade e benefícios 
cardiovasculares. Para tanto, o planejamento da aula se torna de suma importância, 
devendo incentivar a criatividade e, ao mesmo tempo, efetividade e diversão. 
 
 
Fonte: https://revistapilates.com.br/ 
 
 
8 INFLUÊNCIA DA ÁGUA NO DESEMPENHO ESPORTIVO 
 
A biomecânica é a ciência que estuda as forças internas e externas que atuam 
no corpo humano e os efeitos produzidos por elas. O ambiente aquático é repleto de 
particularidades, dentre elas, estão os princípios hidrodinâmicos norteados pelas 
propriedades físicas que explicam as especificidades do movimento no meio líquido. 
 
67 
 
Especialmente no que diz respeito aos movimentos na água, seu entendimento 
é importante para a avaliação desse desempenho e para compreender os 
fundamentos de esportes como a natação e demais atividades aquáticas. 
 
8.1 Os princípios hidrostáticos e hidrodinâmicos 
 
Desde há muito tempo os seres humanos desenvolvem fortes relações com o 
meio aquático, utilizando-se da água para diversas necessidades, como os povos 
mais primitivos que usavam a água fugir de um incêndio na floresta, para escapar de 
algum inimigo ou animal feroz ou para procurar comida, e de civilizações mais 
avançadas, como marinheiros que marchavam de forma irresistível para o mar em 
busca de novas descobertas e negociações nos períodos das grandes navegações 
(THOMAS, 1999). 
Ainda, nos dias atuais, onde através de grandes tecnologias se consegue 
vasculhar os oceanos em busca de novos combustíveis, como o pré-sal, ou, ainda, 
construir enormes pontes que atravessam rios e até mesmo oceanos, como o 
Eurotunel, que liga a França à Inglaterra pelo Canal da Mancha. Indiferente do motivo, 
a história do ser humano com a água é fascinante, sendo utilizada para as mais 
diversas tarefas ou, simplesmente, para se refrescar e se divertir nos dias mais 
quentes (LOSS; CASTRO, 2010). 
Apesar dessa longa relação histórica entre os humanos e a água, isto não quer 
dizer que a movimentação no ambiente aquático é completamente natural para os 
humanos, muito pelo contrário, o processo de adaptação ao meio aquático é 
fundamental para que seja possível o desenvolvimento de habilidades e funções 
motoras básicas que possibilitem, posteriormente, o aprendizado das técnicas dos 
esportes aquáticos. Esse processo de adaptação ao meio aquático é desenvolvido 
com diferentes estratégias e objetivos, mas todos fundamentam-se nas premissas deque o ser humano não é naturalmente um ser aquático e de que as características 
físicas da água, que são distintas das características físicas do meio terrestre, levam 
a novos comportamentos motores frente às novas e misteriosas forças que surgem 
da relação do corpo do indivíduo com a água (THOMAS, 1999; HALL, 2017). 
Para compreender completamente o processo de adaptação ao meio aquático, 
precisamos visualizar que as restrições ao movimento são impostas pelo ambiente, 
pelo organismo e pela tarefa, isto é, o meio aquático é um ambiente novo, regido por 
 
68 
 
uma série de forças que pouco se assemelham às do meio terrestre; o organismo, isto 
é, o sujeito, também está experenciando novos estímulos, que promovem percepções 
e sensações diferentes para seus sentidos, isto é, estar e se movimentar dentro da 
água, é algo completamente novo e pouco habitual (LOSS; CASTRO, 2010). 
Em outro lado, podemos observar através de diferentes modalidades esportivas 
que, após muito período de treino, o ser humano é capaz de romper a barreira de 
adaptação ao ambiente aquático e demonstrar total controle de seu organismo e suas 
tarefas, conseguindo alcançar altas velocidades nas provas de natação rápida, 
sustentar a velocidade por bastante tempo nas provas longas de natação (de fundo), 
performar diversas expressões corporais e físicas, como nas provas de nado 
sincronizado, e até mesmo combinar tais movimentos, associados ainda à flutuação 
constante, como ocorre com os jogadores de polo aquático. No entanto, é importante 
destacar que, mesmo os atletas do mais alto nível, como César Cielo, Ian Torp e 
Michael Phepls, em algum momento estiveram frente à estranha situação de tentar 
compreender todo aquele novo cenário que é o movimento no ambiente aquático e 
suas misteriosas forças (THOMAS, 1999). 
 
 
Fonte: https://www.natacaomormaii.com.br/ 
 
8.2 Forças estáticas no meio líquido 
 
O movimento no meio líquido é desafiador pois a compreensão sobre como o 
corpo humano se adapta às leis da física na água e como esses princípios 
hidrostáticos e hidrodinâmicos agem no desenvolvimento de práticas esportivas, de 
lazer, aprendizagem ou reabilitação motora, tornam-se relevantes. O ambiente 
 
69 
 
aquático é o meio que apresenta características específicas, dentre as quais, os 
princípios mais importantes a serem considerados, segundo Corrêa e Massaud 
(1999), envolvem a compreensão de princípios e forças hidrostáticas e 
hidrodinâmicas; a hidrostática analisa as forças que atuam em fluidos em estado de 
repouso, isto é, simplesmente do corpo estar na água, já sofre suas ações, enquanto 
as forças hidrodinâmicas referem-se às forças que irão atuar frente a perturbações 
criadas pelo movimento. (CASTRO; CORREIA; WIZER, 2016). 
 
9 EXERCÍCIO FÍSICO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA 
 
A inatividade física está intrinsecamente relacionada à severidade de certas 
doenças crônicas, e, com isso, a prática regular de exercícios físicos passa a 
representar uma ferramenta fundamental para a promoção da saúde. Dentre as 
doenças crônicas existentes, abordaremos nesta seção aquelas que abrangem 
grandes populações e que mais apresentam benefícios diretos advindos de atividades 
físicas regulares: doenças arteriais, depressão, diabetes, osteoporose, obesidade, 
câncer e asma. Porém, para que esses benefícios à saúde sejam conquistados e 
conduzam à melhoria de diferentes quadros clínicos crônicos, é preciso analisar com 
cuidado as especificidades de programas de treinamento para cada uma dessas 
populações especiais, conduzindo a uma intervenção prática eficiente e adequada às 
necessidades de cada indivíduo. 
 
9.1 Atividade física e qualidade de vida 
 
Adultos cujo estilo de vida inclui a prática frequente de atividades físicas obtêm 
uma redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas, e até mesmo 
redução da mortalidade envolvendo acidente cardiovascular e cerebral. Tratando-se 
de crianças e adolescentes, atividades físicas regulares podem contribuir para 
melhoria do perfil lipídico, melhoria do desempenho metabólico e redução da 
prevalência de obesidade, um dos maiores problemas do século XXI. Além disso, 
números indicam que crianças e adolescentes ativos tendem a se tornar adultos 
também ativos, criando-se uma cultura prática que traz resultados para a vida toda 
(LAZZOLI et al., 1998). 
 
70 
 
Por consequência, e do ponto de vista da saúde pública, é fácil compreender 
que a promoção da atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer 
uma base sólida capaz de reduzir a possibilidade de sedentarismo na idade adulta, 
contribuindo para uma melhor qualidade de vida (LAZZOLI et al., 1998). 
Nesse sentido, é possível compreender que a prática frequente de atividades 
físicas causa mudanças internas e externas no corpo humano, que ultrapassam as 
fronteiras da estética e atingem diretamente a qualidade de vida. Por si só, a atividade 
física não pode ser responsável por um êxito completo nessa esfera, pois uma 
alimentação balanceada também é um fator determinante para a manutenção dos 
benefícios propiciados pela atividade física. De todo modo, os benefícios da atividade 
física ao nosso corpo são inúmeros, e os 10 principais são listados no Quadro a seguir: 
 
Área de atuação Benefício 
Obesidade A atividade física regular é uma das maiores responsáveis pela 
manutenção do peso em condições que não ultrapassem a faixa do 
sobrepeso ou da obesidade. 
Pressão alta e cardiopatias A atividade física controlada e orientada por um profissional é uma das 
formas de tratamento para indivíduos com hipertensão e pessoas que 
sofrem com algum tipo de cardiopatia. 
Colesterol O controle dos níveis de colesterol no organismo é um dos benefícios 
que a atividade regular pode trazer ao praticante. 
Resistência e plasticidade 
muscular e articular 
O exercício físico regular é responsável pelo desenvolvimento de uma 
maior resistência muscular e articular, bem como pelo aumento de sua 
elasticidade, o que reduz a propensão a lesões 
Depressão A atividade física está comprovadamente atrelada a alterações 
neurais e hormonais, e, por isso, é uma alternativa para o auxílio do 
tratamento de transtornos e algumas doenças psicológicas. 
Insônia A regularização do sono é uma das maiores buscas do século XXI, e 
a prática física traz claros benefícios neste quesito. 
Serotonina Conhecida como hormônio do bem-estar, a serotonina é produzida a 
partir da prática regular de atividades 
Estresse e ansiedade Reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como os 
maus do século, o estresse e a ansiedade afligem a maior parte da 
população mundial; a prática regular de exercícios físicos diminui suas 
taxas de prevalência no organismo. 
Libido Responsável pelo desejo sexual, a libido é aumentada por meio da 
prática regular de atividades físicas. 
 
71 
 
Sistema imunológico A prática de atividades físicas frequentes é responsável pelo 
fortalecimento do sistema imunológico e, consequentemente, pela 
diminuição da propensão do corpo a doenças. 
Fonte: Adaptado de LAZZOLI et al., 1998. 
 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (LAZZOLI et al., 
1998), os princípios gerais que regem as reações do nosso corpo aos exercícios 
físicos e ao treinamento são os mesmos para qualquer faixa etária, ou seja, os 
benefícios recém-citados estão ao alcance de qualquer ser humano. 
Agora que você já sabe quais são os principais benefícios da prática regular de 
atividades físicas, examinemos como o exercício físico pode ser um fator de proteção 
para a redução de doenças crônicas e diminuição do risco de vida. 
 
9.2 Exercício físico e doenças crônicas 
 
Para Gualano e Tinucci (2011), a inatividade física pode ser relacionada, de 
forma intrínseca, à severidade de doenças crônicas, e, sendo assim, o exercício físico 
passa a ser uma dasmais importantes ferramentas para a promoção da saúde. Dentre 
todas as doenças crônicas existentes, abordaremos as que estão mais vinculadas aos 
estudos epidemiológicos realizados por Goodpaster et al. (2006), que indicam uma 
relação direta entre a falta de exercícios físicos regulares e o aumento da incidência 
de tais patologias. 
Já Katzmarzyk e Janssen (2004) especificam a elevação percentual de 
incidência de doenças crônicas relacionadas à falta de exercícios físicos: 
 45% na propensão de doenças arteriais; 
 60% em casos de infartos agudos do miocárdio; 
 41% em casos de câncer de cólon; 
 50% em diabetes do tipo 2; 
 59% em casos de osteoporose. 
Todos esses dados são indicadores da necessidade de se estabelecer uma 
rotina com bons hábitos e prática frequente de atividades físicas. Entretanto, mais do 
que conhecer os percentuais e as doenças, precisamos entender as relações 
fisiológicas do corpo frente à atividade física e como a prática de exercícios auxilia no 
combate às principais patologias. 
 
72 
 
 
9.2.1 Doenças arteriais 
 
Não muito tempo atrás, o exercício físico ainda era um tabu para pessoas com 
algum tipo de doença arterial, pois a ciência enxergava a prática como algo nocivo à 
saúde do paciente. Contudo, novos estudos destituíram o mito e revelaram inúmeros 
benefícios para os pacientes com doenças arteriais (WILLMORE; COSTILL; KENNEY, 
2010). O Instituto do Coração garante que o exercício físico monitorado é capaz de 
auxiliar na dilatação dos vasos sanguíneos mais periféricos, além de levar a uma 
diminuição da frequência cardíaca de repouso, ou basal, que é um dos fatores 
principais da hipertensão. 
 
9.2.2 Depressão 
 
A depressão é considerada uma das doenças que mais afligem a população 
mundial nos tempos atuais. Para Lane e Lovejoy (2001), o exercício físico tem 
resultados diretos sobre indivíduos com quadro de depressão, e, de fato, seus estudos 
conseguiram encontrar uma relação direta na melhora de humor em pacientes que 
praticavam exercícios físicos. 
Nesse contexto, atividades como ioga e exercícios aeróbicos são os mais 
indicados para esses casos, pois os aspectos relacionados ao controle respiratório 
são muito significativos para as fases de inspiração e expiração. 
 
9.2.3 Diabetes 
 
A prática de exercícios físicos como recurso para melhoria do quadro de 
diabetes está diretamente vinculada ao efeito potencializador das atividades físicas 
no movimento orgânico de quebra das moléculas de glicose, gerando energia e, 
assim, simulando a função do hormônio da insulina (WILLMORE; COSTILL; KENNEY, 
2010). 
Além disso, pesquisas apontam para a redução do teor de gordura visceral em 
órgãos como coração e rins, o que também ajuda a reduzir o risco de infarto agudo 
do miocárdio, que, mesmo não sendo uma doença crônica, apresenta uma relação 
intrínseca com indivíduos que têm diabetes. 
 
 
73 
 
9.2.4 Osteoporose 
 
Ao contrário do que muitos pensam, a osteoporose não é uma doença que 
atinge apenas a população de mais idade. As mulheres, por exemplo, já a partir da 
menarca param de produzir tecido ósseo. Ademais, a OMS (2014) relata que quase 
metade das mulheres do mundo sofrerá uma fratura vertebral até os 80 anos de idade. 
Dentre os princípios do tratamento que auxiliam na neutralização dos impactos da 
perda de tecido ósseo, o exercício físico surge como um grande aliado, pelo fato de 
conseguir contemplar grande parte das necessidades do tratamento. 
A atividade física de impacto ajuda o corpo a gerar massa óssea, apresentando, 
assim, forte potencial osteogênico. Todavia, é de grande importância ter os devidos 
cuidados no que diz respeito a frequência, carga e intensidade de treinamento, pois 
cada caso deve ser tratado mediante sua especificidade (BUTTROS et al., 2011). 
 
9.2.5 Obesidade 
 
Para Prado et al. (2009), a obesidade é uma doença inflamatória sistêmica, ou 
seja, uma doença crônica relacionada à grande concentração de adipocinas no 
organismo, capazes de alterar o estado de saúde geral dos indivíduos. Embora 
poucos entendam a obesidade como doença, este é o primeiro passo para seu 
tratamento. 
O exercício físico surge para a obesidade como um modulador direto dos 
processos corpóreos, causando uma eficiente resposta às inflamações contidas nas 
adipocinas. Indivíduos que se exercitam elevam seu consumo calórico, o que, aliado 
a uma ingestão calórica inferior ao despendido, gera uma curva nutricional e 
metabólica descendente, que inverte a balança energética e propicia a melhoria 
clínica do sujeito com obesidade. 
 
9.2.6 Câncer 
 
Em termos dos benefícios oriundos das atividades físicas, o Instituto Nacional 
do Câncer (2018) afirma que atividades físicas regulares com duração de 30 minutos 
já são suficientes para auxiliar na prevenção de três tipos de câncer: de mama, de 
endométrio e de cólon. 
 
74 
 
Além de um grande aporte em termos de prevenção, a atividade física regular 
também representa uma das ferramentas de tratamento para diferentes tipos de 
câncer, sendo um forte aliado na busca pela neutralização dos sintomas oriundos da 
doença e dos efeitos advindos de tratamento por quimioradioterapia. 
 
9.2.7 Asma 
 
Mesmo com uma grande necessidade de adequações e controle de ritmo e 
intensidade de treinamento, pessoas que sofrem de asma podem ser muito 
beneficiadas pela prática de atividades físicas frequentes, isso porque tais atividades 
ajudam a aumentar sua capacidade respiratória, propiciando trocas gasosas 
benéficas capazes de suavizar os sintomas da doença. 
No entanto, para Freitas, Silva e Carvalho (2015) é importante ter cuidado, pois 
em períodos de crise, a atividade física não é benéfica para indivíduos asmáticos. Os 
exercícios aeróbios são os mais recomendados, além das atividades em meio 
aquático, já que dentro da água ocorre uma resistência no momento da expiração, 
fazendo com que os músculos respiratórios sejam fortalecidos. 
Agora que você está a par das devidas informações referentes aos benefícios 
dos exercícios físicos regulares e da sua relação com a melhoria de diferentes quadros 
clínicos crônicos, vamos analisar melhor as especificidades de programas de 
treinamento de populações especiais, com o objetivo de adquirir dados relevantes 
para uma intervenção prática eficiente e adequada às necessidades de cada 
indivíduo. 
 
9.3 Programas de exercícios para populações especiais 
 
Dentro das áreas da saúde e do esporte, é muito raro encontrarmos definições 
técnicas para populações especiais ou grupos especiais (ANDRELLA; NERY, 2012). 
Muitos, inclusive, confundem grupos especiais com pessoas com deficiência. 
Portanto, é imprescindível, antes de mais nada, definir grupos especiais: 
 
[...] todo indivíduo que apresenta algum problema de saúde ou condição de 
caráter irreversível ou não, que interfira diretamente na prática esportiva ou 
que apresente cuidados específicos para participar de um programa de 
exercício físico, se encaixa em alguma população de grupos especiais. 
 
75 
 
Pensando dessa forma, podemos exemplificar algumas populações 
especiais, como: diabéticos, hipertensos, ateroscleróticos, crianças, obesos, 
tabagistas, cardiopatas, grávidas, deficientes físicos, deficientes cognitivos, 
pessoas com síndromes metabólicas ou síndromes genéticas, lesados 
medulares e cerebrais, etc. (IESPE, 2017, documento on-line). 
 
Diante da explicação, é possível identificar muitas das doenças crônicas citadas 
neste capítulo e, a partir disso, entender que as populações especiais são muito mais 
comuns do que se pode imaginar. Por isso, é de extrema importância que tenhamos 
os devidos conhecimentos para melhor auxiliar e atender as necessidades de cada 
indivíduo (ANDRELLA; NERY, 2012). 
Para elaborarmos um programa de treinamento ou atividade física para um 
indivíduo que apresenta alguma limitação ou dificuldade oriunda de uma doençacrônica, não podemos esquecer que cada tipo de população e/ou doença demanda 
uma determinada abordagem, e, quando não adequada à realidade, tal abordagem 
terá impactos extremamente negativos na vida e no quadro clínico do indivíduo em 
questão. Assim, na preparação de programações de treinamento para populações 
especiais, as adaptações ou supressões técnicas aos programas estão muito 
atreladas às necessidades caso a caso. 
 
 
 
Mesmo diante de todas especificidades e demandas, é de suma importância 
compreender que não existe uma fórmula única e pronta para elaboração de 
programas de treinamento, mas sim balizadores conceituais capazes de nortear a 
proposta do profissional. Sendo assim, é dele a responsabilidade de buscar um 
 
76 
 
entendimento maior do quadro e do histórico de cada indivíduo atendido, bem como 
de pesquisar um arcabouço teórico que sustente suas práticas perante a necessidade 
de adaptação ou não das atividades. Assim, fica claro que a presença do professor 
de educação física, aliado aos demais membros da área da saúde, é de primordial 
importância para que se possa atingir com maior êxito as demandas de cada indivíduo 
e sua doença crônica. 
 
10 RESPOSTAS E EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO 
 
Alterações hemodinâmicas, neuromusculares, metabólicas e teciduais são 
efeitos fisiológicos causados pelo resfriamento ou aquecimento de qualquer 
substância que altera a temperatura corporal. Porém, os efeitos fisiológicos causados 
pela água são decorrentes das propriedades físicas da água, mas dependem de 
outros fatores como temperatura da água, profundidade da piscina, tipo e intensidade 
das atividades realizadas, duração da hidrofisioterapia, postura dos pacientes e suas 
condições clínicas. 
Além das respostas fisiológicas que precisam ser estudadas separadamente, a 
imersão também traz importantes benefícios psicológicos, como aumento da 
autoestima, aumento do senso de independência, diminuição da ansiedade e 
aprendizado de novas habilidades. (FORNAZARI, 2015). 
 
10.1 Sistema cardiovascular 
 
Os efeitos cardiovasculares são dados principalmente pela pressão 
hidrostática, além da temperatura da água. Quando um indivíduo entra na piscina, 
ocorre uma vasoconstrição momentânea, que resulta em um aumento da resistência 
vascular periférica e da pressão arterial. Entretanto, durante a imersão em água 
aquecida ocorre aumento da circulação sanguínea e redistribuição do sangue, que 
favorece o fluxo sanguíneo devido à vasodilatação periférica, aumentando o 
suprimento sanguíneo na musculatura e ajudando o retorno venoso. (FORNAZARI, 
2015). 
Em resumo, em imersão até o pescoço, pelo aumento da pressão hidrostática 
que promove compressão linfática e venosa, o volume sanguíneo central aumenta, 
 
77 
 
provocando elevação da pressão atrial com aumento do volume cardíaco. Esse 
mecanismo resulta em um aumento de aproximadamente 35% no volume sistólico e 
de 30% no débito cardíaco, sendo que a variabilidade na alteração da frequência 
cardíaca para menos está relacionada à temperatura da água. (FORNAZARI, 2015). 
 
10.2 Sistema respiratório 
 
As alterações fisiológicas ocorridas no sistema circulatório estão relacionadas, 
em parte, aos efeitos sobre o sistema respiratório. 
Por consequência do deslocamento do sangue venoso periférico para a 
cavidade torácica, somada ao efeito da pressão hidrostática exercendo maior pressão 
na expansibilidade do tórax, o trabalho respiratório sofre um aumento importante 
quando em imersão até o pescoço. Em consequência, o volume de reserva expiratória 
(VRE) diminui pela metade e a capacidade vital (CV) em torno de seis a 12%, sendo 
que a combinação desses dois fatores leva ao aumento de aproximadamente 60% no 
trabalho da respiração. (FORNAZARI, 2015). 
Sendo assim, essa maior carga de trabalho ventilatório pode auxiliar na 
eficiência e força do sistema respiratório. Entretanto, indivíduos com redução da vital 
(abaixo de 1.500 ml) podem apresentar dificuldades na respiração e não devem 
permanecer em imersão com nível de água acima do processo xifoide, pois a pressão 
hidrostática oferece maior resistência à expansão dos pulmões. (FORNAZARI, 2015). 
 
10.3 Sistemas renal e hormonal 
 
O sistema regulador renal também sofre alterações fisiológicas pelos efeitos 
físicos da água. Com a imersão até o pescoço, ocorre um aumento na produção de 
urina e excreção de água (diurese), bem como na excreção de sódio (natriurese) e de 
potássio (potassiurese). Esses fatores podem ser resultado da inibição da produção 
de aldosterona e do hormônio antidiurético (ADH), também chamado de 
vassopressina, além do aumento do fluxo sanguíneo nos rins. Contudo, o aumento 
central do volume sanguíneo, do débito cardíaco e do retorno venoso são 
proporcionados pela presença do hormônio peptídeo natriurético atrial (PNA). 
(FORNAZARI, 2015). 
 
 
78 
 
10.4 Sistema musculoesquelético 
 
As alterações que ocorrem no sistema musculoesquelético são devidas aos 
efeitos da pressão hidrostática e pela regulação reflexa do tônus dos vasos 
sanguíneos. Parte do fluxo sanguíneo (pelo débito cardíaco aumentado durante a 
imersão) é destinada à pele e músculos, o que provoca uma diminuição do espasmo 
muscular e uma maior distribuição do oxigênio com aumento da remoção catabólitos, 
o que proporciona melhor nutrição tecidual. Como os fluidos dos tecidos movimentam-
se mais livremente nas estruturas lesionadas e removem com mais rapidez os 
produtos tóxicos do metabolismo muscular, a cicatrização tecidual acontece com 
maior velocidade. (FORNAZARI, 2015). 
 
10.5 Sistema nervoso 
 
Os efeitos da imersão sobre o sistema nervoso são bastante variados, mas 
relevantes para a fisioterapia aquática. Durante a imersão, a liberação de 
neurotransmissores é alternada com a liberação de catecolaminas, que são 
intimamente ligadas ao sistema de regulação da frequência cardíaca e da resistência 
dos vasos sanguíneos. Com isso, ocorre uma diminuição dos níveis de epinefrina e 
norepinefrina, provocando um aumento do limiar da dor (o paciente sente menor 
sensação dolorosa). (FORNAZARI, 2015). 
Esse fator pode ser explicado pelo bloqueio, por meio da ação de água 
aquecida, de terminações nervosas, considerando-se que a transmissão de impulsos 
nervosos é mais rápida nas fibras do calor e tato do que nas fibras da dor. 
(FORNAZARI, 2015). 
Durante a atividade aquática, o sistema vestibular é bastante requisitado pela 
instabilidade provocada pela água, o que possibilita o tratamento de pacientes 
portadores de distúrbios do equilíbrio. Contudo, o apoio fornecido pelo meio líquido 
estimula a consciência da movimentação dos segmentos corporais, além de promover 
aumento do equilíbrio e da coordenação motora. 
 
11 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DOS EXERCÍCIOS AQUÁTICOS 
 
 
79 
 
Os exercícios aquáticos, com seus mais variados tipos, são amplamente 
utilizados em problemas neurológicos, para reabilitação cardíaca, tratamentos 
ortopédicos e reumatológicos, controle da dor crônica, entre outros. (FORNAZARI, 
2015). 
A fisioterapia aquática oferece benefícios principalmente em situações em que 
o suporte de peso precisa ser reduzido ou eliminado completamente, como em 
processos inflamatórios, dores, contrações e espasmos musculares, amplitude de 
movimento reduzida e recuperação funcional rápida. (FORNAZARI, 2015). 
Em função de a flutuabilidade permitir maior independência, a reabilitação em 
meio líquido torna-se mais rápida em relação à fisioterapia de solo, sendo uma das 
melhores opções para pacientes incapacitados devido a cirurgia recente, lesões 
agudas (neurológicas ou ortopédicas), patologias reumatológicas, ou pós-
mastectomia. Isto porque o meio líquido é um ambiente controlável no qual a 
reeducação motora e a aquisição de novas habilidades (ou restauração daquelas 
perdidas) são facilitadas. Durante as sessões, o indivíduoexperimenta uma sensação 
agradável, com redução da dor e de espasmos musculares, ao mesmo tempo em que 
lhe é proporcionada uma maior amplitude de movimento e aumento da força muscular. 
Como a água tem forte preservação de calor e capacidade de condução, ela 
pode expandir os vasos sanguíneos, aumentar a circulação sanguínea, reduzir a 
rigidez das articulações, melhorar a amplitude de movimento e as habilidades 
funcionais e pode exercer a eficácia da fisioterapia aquática. 
A descarga de peso em articulações debilitadas ou membros enfraquecidos é 
reduzida pela flutuação, podendo o paciente realizar exercícios de fortalecimento 
muscular, condicionamento físico e coordenação motora, que seriam mais difíceis em 
solo. O trabalho de fortalecimento é proporcionado pela resistência da água durante 
o movimento, enquanto que a pressão hidrostática auxilia no retorno venoso e, com a 
melhora da circulação sanguínea, o condicionamento cardiovascular e pulmonar é 
facilitado. 
Com a diminuição da espasticidade e da dor em meio líquido aquecido, o 
movimento é restaurado mais rapidamente após uma lesão, cirurgia ou imobilização. 
Portanto, com a movimentação precoce, a funcionalidade é recuperada em tempo 
menor em relação às condições de solo. Isto também pode ser afirmado em casos de 
atrofia muscular e formação de tecido cicatricial, nos quais, pelo aumento da 
 
80 
 
circulação sanguínea, ocorre uma melhor nutrição dos tecidos lesados e, portanto, o 
trofismo é aumentado e a fibrose intramuscular e a artrofibrose são diminuídas. 
As contraindicações podem ser divididas em relativas, absolutas e relacionadas 
com o estado clínico do paciente. (FORNAZARI, 2015). 
As relativas dizem respeito a cuidados especiais em relação a: período 
menstrual, tímpano perfurado, uso de bolsa de colostomia, epilepsia, disfagia e medo 
de água. (FORNAZARI, 2015). 
As contraindicações absolutas são aquelas que o paciente não pode ser 
submetido à fisioterapia aquática, como fístulas cutâneas, feridas abertas, úlceras de 
decúbito, infecções de olhos (conjuntivite) ou de ouvidos (otite), infecções urinárias e 
micoses. Além dessas, a insuficiência respiratória grave, úlceras varicosas, 
insuficiência cardíaca sem acompanhamento médico e crises de angina também 
constituem condições de abstinência para os exercícios em piscina. (FORNAZARI, 
2015). 
As contraindicações relacionadas com o estado clínico do paciente são as 
miopatias progressivas, estados febris, lesões de pele, tuberculose, debilidade grave, 
queimaduras, sarna e piolhos. (FORNAZARI, 2015). 
É correto afirmar que o exercício físico é um hábito que traz muitos benefícios 
à saúde física. Praticar exercícios na água (como natação e hidroginástica) além de 
ajudar a reduzir a gordura corporal, também ajuda no desenvolvimento muscular e 
ósseo dos praticantes de exercícios. 
Cada exercício realizado na piscina, seja ele físico ou relaxamento, fará com 
que seu coração bombeie mais sangue para o corpo, aumentando assim a circulação 
sanguínea. A prática de esportes aquáticos também ajuda a fortalecer os pulmões e 
a melhorar o sistema respiratório. O esforço de empurrar os braços e as pernas é 
essencial para bons esportes aquáticos e também ajuda a ganhar massa muscular 
magra. 
Portanto, dentre os inúmeros benefícios dos esportes aquáticos, podemos 
destacar: 
 Melhoria na qualidade de vida: Natação, hidroginástica ou mergulho são 
atividades que auxiliam o nosso corpo. Dessa forma, o cérebro libera endorfinas em 
nosso sangue. As endorfinas são chamadas de hormônios de relaxamento, que nos 
fazem sentir saudáveis e relaxados. As endorfinas melhoram nosso humor e também 
 
81 
 
ajudam nosso metabolismo, melhoram a qualidade do sono e aumentam a aptidão 
física. 
 Melhoria no condicionamento físico: É normal que o corpo humano gaste 
mais energia debaixo d'água, o que resulta em mais calorias queimadas em atividades 
aquáticas do que em outras atividades. A água pode não apenas reduzir o impacto no 
coração e nas articulações, mas também reduzir muito o trabalho, para que você 
possa se exercitar facilmente. Todas essas atividades contribuem para a prática de 
exercícios físicos, importante para quem pratica mergulho, por exemplo. Ajuda a 
queimar até 900 calorias e ajuda a tonificar os músculos das pernas e costas. 
 Trabalhar a respiração: Praticar atividades na água, auxilia na respiração. 
Além disso, a natação também ajuda no desenvolvimento dos pulmões em bebês e 
crianças. Podemos exemplificar com o mergulho, atividade essencial para melhorar a 
forma como inalamos. Por isso, é necessário respirar lenta e profundamente. De forma 
que com esse ritmo de respiração equilibrado e controlado, o corpo seja levado a um 
estado de calma e tranquilidade. 
As atividades físicas aquáticas trazem benefícios para pessoas de todas as 
idades, reduzindo também os níveis de depressão, além de proporcionar um estilo de 
vida mais saudável, a prática dessas atividades melhoram a capacidade funcional do 
corpo e contribui para a maior qualidade de vida. (FORNAZARI, 2015). 
 
 
Fonte: https://atitudesaude.uai.com.br/ 
 
 
 
 
82 
 
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